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livro Farmácia Hospitalar e Clínica

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FARMÁCIA HOSPITALAR
E CLÍNICA
FARMÁCIA
HOSPITALAR E CLÍNICA
ORGANIZADOR STEPHANIE BERZIN GRAPIGLIA
ORGANIZADOR STEPHANIE BERZIN GRAPIGLIA
Farm
ácia hospitalar e clínica
GRUPO SER EDUCACIONAL
Destinado aos estudantes da área farmacêutica, este livro se dedica a 
explicar a administração hospitalar, a farmacotécnica hospitalar, sobre o 
uso racional de medicamentos e produtos médicos e, por �m, abordará a 
farmácia clínica, demonstrando que cada vez mais o setor e o pro�ssional 
farmacêutico estão conquistando espaço como cuidador do paciente e 
integrante imprescindível da equipe multidisciplinar farmácia clínica.
Neste livro, ilustrado por �guras e complementado por tabelas, o conteúdo 
é apresentado de forma didática e de fácil compreensão. 
Conheça aqui os principais conceitos e aspectos da farmácia hospitalar e 
clínica.
gente criando futuro
C
M
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FARMÁCIA 
HOSPITALAR E 
CLÍNICA
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos, Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Grapiglia,Stephanie Berzin.
 Farmácia hospitalar e clínica / Stephanie Berzin Grapiglia. – São Paulo: Cengage, 2020.
 
 Bibliografia.
 ISBN 9786555580273
 
 1. Farmacêutica. 2. Gestão hospitalar. 3. Farmácia.
Grupo Ser Educacional
 Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: (81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Autoria
Stephanie Tonn Goulart Moura
Mestre em Administração pela Universidade Regional de Blumenau - FURB, Especialista em Recursos 
Humanos pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER, Graduada em Administração pelo Centro 
Universitário de Maringá e Processos Gerenciais pelo Senac Blumenau.
SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Administração hospitalar ..........................................................................................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1. Introdução à farmácia hospitalar ...................................................................................................... 11
2. Estrutura organizacional da farmácia hospitalar ............................................................................... 14
3. Central de Abastecimento Farmacêutico .......................................................................................... 17
4. Logística de suprimentos: seleção, padronização e aquisição ..........................................................20
5. Farmacoeconomia............................................................................................................................. 22
6. Indicadores de qualidade .................................................................................................................. 26
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................31
UNIDADE 2 -Farmacotécnica hospitalar .........................................................................................33
Introdução.............................................................................................................................................34
1. Sistemas de distribuição na farmácia hospitalar ............................................................................... 35
2. Sistema unitário e o fracionamento dos medicamentos ..................................................................38
3. Alimentação parenteral .................................................................................................................... 42
4. Quimioterapia antineoplásica ........................................................................................................... 45
5. Erros de medicação ........................................................................................................................... 48
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................53
UNIDADE 3 - Uso racional de medicamentos e produtos médicos ...................................................55
Introdução.............................................................................................................................................56
1. Farmacovigilância .............................................................................................................................. 57
2. Tecnovigilância .................................................................................................................................. 61
3. Uso racional de medicamentos ......................................................................................................... 65
4 Uso racional de medicamentos e antimicrobianos no ambiente hospitalar ......................................68
5 Controle de infecção hospitalar ......................................................................................................... 70
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................75
UNIDADE 4 - Farmácia clínica ........................................................................................................77
Introdução.............................................................................................................................................78
1. Bases da farmácia clínica ..................................................................................................................79
2. Pré-requisitos ................................................................................................................................... 82
3. Centro de informações de medicamentos ........................................................................................ 85
4. Elaboração do perfil farmacoterapêutico ......................................................................................... 89
5. Identificação de problemas da farmacoterapia e estratégias de intervenção ..................................91
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................95
Este livro é destinado a capacitar farmacêuticos e os estudantes dessa área 
na atuação do segmento hospitalar, explicando sobre a administração hospitalar, 
farmacotécnica hospitalar, uso racional de medicamentos e produtos médicos, e 
farmácia clínica.
 Na primeira unidade, abordaremos a gestão hospitalar. Apresentaremos a origem 
dessa prática. Trataremos ainda das funções e da importância da farmácia e do 
farmacêutico dentro do ambiente hospitalar e você descobrirá como ela se relaciona 
com a atuação da equipe multidisciplinar. As atividades gerenciais e administrativas do 
farmacêutico vão muito além do espaço físico da farmácia, atingindo também a saúde 
financeira do estabelecimento onde o profissional está inserido, seja no âmbito público 
ou privado, e essa questão será amplamente discutida aqui.
 Na sequência, conheceremos os principais sistemas de distribuição de 
medicamentos utilizados na farmácia hospitalar, suas respectivas vantagens e 
desvantagens e quais os critérios devem ser considerados na escolha do sistema a 
ser utilizado a fim de preservar a segurança do paciente e incrementar a agilidade 
no processo. Nesse contexto, apresentaremos algumas técnicas empregadas na 
manipulação, no preparo e na administração de itens que necessitam de cuidados 
bastante particulares: a alimentação parenteral e medicamentos oncológicos, bem 
como a importância da atuação do farmacêutico nesses processos.
 O uso racional de medicamentos e produtos médicos é o assunto da terceira 
unidade, mostrando as estratégias e coordenadas empregadas pelo hospital e pela 
farmácia hospitalar a fim de racionalizar os insumos médicos e medicamentos. 
Ensinaremos tudo o que envolve uma racionalização do uso e como o hospital pode 
aproveitar as tecnologias disponíveis para tornar o tratamento mais eficiente. 
 Por fim, na unidade farmácia clínica, você conhecerá muito além de seu conceito, 
demonstrando que cada vez mais o setor e o profissional farmacêutico estão 
conquistando como cuidador do paciente e integrante imprescindível da equipe 
multidisciplinar. Conheceremos aqui as terminologias e bases usadas para conceituar 
essa atividade que, pode-se dizer, ressignificou a atuação do farmacêutico no contexto 
hospitalar, tirando-o dos bastidores da cadeia de suprimento de medicamentos e 
insumos hospitalares e estabelecendo seu papel na assistência ao cuidado.
PREFÁCIO
UNIDADE 1
Administração hospitalar
Você está na unidade de Administração Hospitalar. Conheça aqui o caminho percorrido 
desde o surgimento dessa prática até o que, hoje, conhecemos com farmácia hospitalar. 
Aprenda sobre as funções e sobre a importância da farmácia e do farmacêutico dentro 
do ambiente hospitalar e descubra como ela se relaciona com a atuação da equipe 
multidisciplinar.
Compreenda ainda que as atividades gerenciais e administrativas do farmacêutico 
vão muito além do espaço físico da farmácia atinge também a saúde financeira do 
estabelecimento onde o profissional está inserido, seja no âmbito público ou privado. 
Bons estudos!
Introdução
11
1. INTRODUÇÃO À FARMÁCIA HOSPITALAR
Apesar da farmácia hospitalar estar inserida em um ambiente hospitalar de níveis de 
complexidade secundário e terciário, muitos fundamentos têm alcance em outros ambientes 
clínico-assistenciais onde o farmacêutico está inserido, inclusive na atenção primária.
Vamos entender um pouco mais como isso começou e todas as atividades que são inerentes 
a esse conceito.
1.1 Como tudo começou
Atualmente, não há dúvidas de qual é a área de atuação de cada um dos profissionais 
da saúde: o que faz o farmacêutico, o médico, o dentista e todos os outros. Tudo está bem 
delimitado, mas nem sempre foi assim. O farmacêutico, por exemplo, embora sempre tenha sido 
associado ao medicamento, até pouco tempo atrás (no início do século XX) ainda não tinha os 
limites da sua atuação tão bem estabelecidos assim. Muitas vezes, ele entrava em campos de 
outros profissionais e que não lhe diziam respeito. Porém, não se sabia disso ainda.
• Com o passar dos anos, alguns acontecimentos ajudaram a mudar esta realidade:
• O amadurecimento das indústrias farmacêuticas.
• O incentivo à pesquisa de novos medicamentos.
• A criação das Santas Casas de Misericórdia.
• A criação dos Conselhos Federais (que passaram a regulamentar e fiscalizar os exercícios 
das profissões).
Tudo isso foi reconfigurando a atuação de cada profissional da área da saúde e também 
levando o médico a ter uma atuação predominantemente na clínica e no diagnóstico. O 
farmacêutico, por sua vez, passou a ser a autoridade nos conhecimentos inerentes ao fármaco, 
desde seu desenvolvimento até a sua dispensação.
Porém, a atuação dele no âmbito hospitalar ainda continuava pouco definida e restrita somente 
ao gerenciamento da farmácia hospitalar. Foi em 1973 que José Sylvio Cimino, farmacêutico no 
Hospital das Clínicas de São Paulo, publicou a obra “Iniciação à Farmácia Hospitalar” e colocou 
o tema em discussão pela primeira vez. A partir daí, iniciou-se um movimento em torno do 
amadurecimento dessa atuação, com alguns marcos importantes. Os principais são:
1960
O Conselho Federal de Farmácia é criado, por meio da Lei 3.820/1960, para atender à 
12
necessidade de centralizar as atividades da profissão farmacêutica e fiscalizar o seu exercício.
1975
A Universidade Federal de Minas Gerais é a primeira a introduzir a disciplina de Farmácia 
Hospitalar em sua grade curricular.
1980
A Universidade Federal do Rio de Janeiro cria o curso de Pós-Graduação em Farmácia 
Hospitalar. 
1985
O Ministério da Saúde passa a incentivar e promover cursos de especialização em Farmácia 
Hospitalar como estratégia para reduzir infecções hospitalares.
1995
A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) é criada, passando a contribuir com 
o reconhecimento da área e com o seu desenvolvimento técnico-científico
1.2 Conceitos e funções
Todo esse caminho percorrido acarretou no reconhecimento da farmácia hospitalar como 
importante área de atuação do farmacêutico. E para entender o conceito mais correto do termo, 
é preciso analisar a definição dada pelas três instituições que tiveram o papel mais preponderante 
para a regulamentação dessa atividade.
O Ministério da Saúde, órgão do governo federal e a mais alta instituição de saúde do país, 
defende que a farmácia hospital é
a unidade clínico-assistencial, técnica e administrativa, onde se processam as atividades 
relacionadas à assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo 
a estrutura organizacional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades 
administrativas e de assistência ao paciente (BRASIL, 2010).
Já para a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), a atividade representa uma
unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente 
à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de 
assistência ao paciente (SBRAFH, 2017). 
Por fim, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define farmácia hospital como a
13
responsável pela seleção de medicamentos, a aquisição e o controledos medicamentos 
selecionados e o estabelecimento de um sistema racional de distribuição que assegure que o 
medicamento prescrito chegue ao paciente na dose correta (OPAS, 1997).
De certa forma, é possível perceber que as três instituições apresentam conceitos muito 
parecidos e complementares umas com as outras. Basicamente, todas falam sobre as funções do 
farmacêutico hospitalar, que podem ser resumidas da seguinte forma:
Figura 1 - Integração entre as funções farmacêuticas 
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
#ParaCegoVer: A imagem apresenta três círculos interconectados com a intenção de mostrar 
a integração das atividades executadas pelo farmacêutico nas suas diversas áreas de competência 
(clínico-assistencial, administrativa e econômica).
Na prática, porém, os três papéis são extremamente integrados. A equipe responsável por 
fazer a lista dos medicamentos e insumos a serem comprados, por exemplo, precisam consultar 
outras equipes multidisciplinares para levar em consideração o custo-benefício centrado no bem-
estar do paciente. Aqueles que organizam os processos de trabalho de toda a equipe do hospital, 
devem levar em consideração a aplicabilidade financeira da instituição a, ao mesmo tempo, 
pautar suas escolhas na segurança do paciente.
Poderíamos pensar em vários cenários onde todas estas atividades são aplicadas ao mesmo 
tempo, mas o que nos cabe nesse momento é refletir o quanto esse profissional é dotado de 
competências e possui uma atuação integrada com todas as atividades e setores do ambiente 
hospitalar, seja direta ou indiretamente.
14
2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA FARMÁCIA 
HOSPITALAR
Ao conhecer a abrangência e a atuação da farmácia hospitalar, é importante entender também 
de que maneira o espaço físico e os recursos humanos disponíveis devem estar integrados para 
otimizar o funcionamento do setor.
2.1 Estrutura física 
A estrutura física da farmácia hospital não pode ser analisada sem que sejam consideradas 
três questões: a localização estratégia, o tamanho físico e a disposição interna.
A localização estratégica do setor dentro do ambiente hospital deve ser levada em conta 
especialmente porque devido às diversas peculiaridades que envolvem o seu operacional.
É preponderante, por exemplo, que o local deva:
• possuir fácil acesso para a entrada de recebimentos de insumos e materiais, já que, em 
geral, tratam-se de grandes volumes que precisam chegar em segurança até a Central de 
Abastecimento de Medicamentos, independente se ela estiver localizada junto ou em 
local diverso da farmácia.
• ter fácil acesso para que a equipe hospitalar possa se dirigir até o setor em momentos 
consultivos e também para facilitar o trabalho de vigilância em saúde que muitas vezes 
fica concentrado na farmácia.
• contar com algum grau de isolamento acústico (já que alguns equipamentos utilizados 
no fracionamento podem gerar ruídos que ultrapassam o nível de aceitável no ambiente 
hospitalar, de acordo com a NBR 10.152/87), isolamento de poluição e resíduos (para 
que seja prezada a manutenção do ambiente limpo).
• permitir acesso fácil ao local onde são processados os medicamentos que serão dispen-
sados com fluxos de abastecimento bem definidos, caso a Central de Abastecimento 
esteja em local separado.
Por outro lado, não existe um tamanho físico ideal pré-definido por lei ou orientado pela 
doutrina. Além disso, algumas publicações estabeleceram de forma bem genérica qual deveria 
ser o espaço ocupado pela farmácia hospitalar em relação à quantidade de leitos. Não há um 
consenso entre eles: Cimino (1973), por exemplo, defendeu o tamanho de 1,5 metros quadrados 
por leito, mas a OPAS fala em 1,2 metros quadrados para a mesma quantidade. Já a Sociedade 
Espanhola de Farmácia Hospitalar preconiza 1 metro quadrado por leito.
Embora o cálculo por leito seja mais prático e menos subjetivo, não é só esse número que 
precisa ser considerado na hora de definir o tamanho físico ideal em que a farmácia hospitalar 
15
deve funcionar. Também devem entrar na avaliação fatores como:
Tipo do hospital
É preciso considerar se o hospital é especializado, geral, policlínico ou de ensino, por 
exemplo, visto que cada nível de complexidade hospitalar demandará um espaço físico que seja 
proporcional à demanda atendida. Por outro lado, hospitais vinculados ao ensino devem contar 
também com salas multifuncionais para estudos, aulas e atendimentos.
Tipo de atendimento e mantenedora
É preciso considerar se o hospital se é filantrópico, se atende de forma particular, ou por 
convênio ou, ainda, gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), já que a demanda é 
construída dentro da complexidade de atendimento. Então, quanto maior o fluxo de atendimento, 
o elenco de medicamentos, o público-alvo (geriatria, pediatria, saúde da mulher, infectologia, por 
exemplo), cada novo serviço prestado exigirá um elenco diferente de medicamentos. E o espaço 
físico da farmácia deverá estar de acordo com tais necessidades para se adequar ao fluxo de cada 
serviço prestado no hospital.
Localização regional
É preciso avaliar o local onde o hospital está instalado e, principalmente, as regiões mais 
distantes em que há dificuldade de acesso a medicamentos.
Atividades assumidas pela farmácia
Além disso, deve se considerar também as atividades que a farmácia se propõe a fazer: se 
assumir um papel educativo e consultivo, por exemplo, o local deve dispor de uma estrutura 
para reuniões e guarda de material bibliográfico. Fora isso, é preciso reservar espaço para os 
ambientes-padrão do setor, como a área para guardar e manipular os medicamentos e a sala 
privativa para o farmacêutico desempenhar suas funções administrativas e gerenciais.
Por fim, a disposição interna do setor deve apresentar toda a infraestrutura necessária para 
o bom andamento dos processos de trabalho do setor, considerando os mobiliários e móveis 
ergonomicamente compatíveis com cada necessidade, as instalações elétricas compatíveis com 
as atividades desempenhadas e a quantidade suficiente de computadores, e respeitar também a 
quantidade de funcionários que estará trabalhando em cada turno e em cada subsetor. 
2.2 Organização de Recursos Humanos
Com base na variedade de atividades desempenhadas pelo farmacêutico no âmbito da 
farmácia hospitalar, a capacidade de gestão de pessoas, a liderança e o desenvolvimento de 
16
relações interpessoais são competências de extrema importância para a execução do trabalho. 
Por isso, além da estrutura física, a farmácia hospital também comporta uma certa quantidade 
de profissionais para exercer as funções necessárias. A Portaria 4.283, de 2010, do Ministério da 
Saúde, por exemplo, traz uma avaliação subjetiva ao se limitar à orientação de que
a farmácia em hospitais deve contar com farmacêuticos e auxiliares, necessários ao pleno 
desenvolvimento de suas atividades, considerando a complexidade do hospital, os serviços ofertados, 
o grau de informatização e mecanização, o horário de funcionamento, a segurança para o trabalhador 
e usuários (BRASIL, 2020, s./p.).
Por esse motivo, a SBRAFH preconiza que cada setor tenha disponível um farmacêutico para 
cada 50 leitos, quantidade mínima para atender todo o horário de funcionamento assistencial da 
farmácia. No caso dos auxiliares, o mínimo seria de dez profissionais por leito, caso o setor não 
conte com recursos informatizado suficiente para todos.
É importante considerar também que o farmacêutico hospitalar possui um grau hierárquico 
que o proporciona todo tipo de relações profissionais. Em certos momentos estará lidando com 
questões administrativas e gerenciais com o diretor do hospital (a quem estará em um nível 
hierárquico mais baixo); em outro, estará discutindo casos clínicos e condutas terapêuticas em 
uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde (em que todos estão no mesmo nível 
hierárquico); ou, ainda, poderá estar liderando sua equipe interna (a quem está hierarquicamente 
acima) e, claro, tambémhaverá aquelas situações assistenciais em que estará lidando diretamente 
com o paciente.
Quando se tratam dessas relações, qualquer delas, é preciso ter em mente a necessidade do 
profissional desenvolver habilidades socioemocionais para lidar com as mais diversas situações 
que o trabalho requer, seja com as equipes, com os pacientes ou até com os seus familiares.
FIQUE DE OLHO
A Portaria 4.283, de 2010, foi elaborada pelo Ministério da Saúde em conjunto com gestores 
de diversas instituições importantes para o setor, como a SBRAFH, o Conselho Nacional de 
Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Federação Nacional dos Farmacêuticos (FENAFAR), a 
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS). A 
ideia era fornecer diretrizes a serem seguidas na estrutura organizacional e na atuação do 
farmacêutico em âmbito hospitalar.
17
3. CENTRAL DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO
A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é o local onde o medicamento fica 
armazenado. Embora nem sempre ele esteja alocado junto da farmácia, a SBRAFH preconiza 
que o setor disponha de, pelo menos, um farmacêutico exclusivo para o seu atendimento e 
organização.
3.1 Atividades operacionais
Cabe ao CAF a tarefa de guardar e manter a qualidade e a estabilidade do medicamento que 
será distribuído, estabelecendo fluxos que assegurem a recepção, a estocagem e a distribuição 
dos medicamentos e insumos médicos. Além disso, todas essas etapas devem gerar os chamados 
Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) - guias que descrevem cada atividade exercida pela 
farmácia hospitalar, determinando os responsáveis, a peridiocidade, o passo a passo, e o que 
mais de informação que for necessária para padronizar o serviço.
Desta maneira, algumas questões devem ser rigorosamente observadas:
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Ordenação do estoque
Não existe uma especificação a respeito de como deve estar ordenado o estoque, mas alguns 
estabelecimentos optam em fazê-lo por classes terapêuticas, outros por demanda ou, ainda, por 
setores a serem atendidos. No entanto, a maneira mais intuitiva e fácil é, provavelmente, pela 
ordem alfabética do princípio ativo.
Rotatividade do item
A organização deve levar em conta o fácil acesso aos itens com maior e menor demanda, o que 
18
irá otimizar o trabalho tanto no momento do recebimento, quanto no momento de expedição.
Identificação dos itens
A localização de cada item nas prateleiras ou paletes deve estar devidamente identificada, de 
modo a evitar confusões no momento de saída de material e, até mesmo, que o profissional perca 
tempo procurando por ele.
Ordem de entrada e ordem de saída
A guarda do material nas prateleiras deve ser feita respeitando o prazo de validade, fazendo 
com que aqueles que estejam mais próximos do vencimento sejam os primeiros a sair. Esse 
modelo de organização é chamado Primeiro a Vencer, Primeiro a Sair (PVPS) – ou, na versão 
original, em inglês, de First expire First out (FEFO).
Mobiliário compatível ao material a ser armazenado
Os paletes devem ser usados para evitar o contato de caixas e outros materiais diretamente 
com o chão e as prateleiras não devem ser tão altas para evitar risco à segurança dos funcionários. 
Além disso, todo o mobiliário deve ser de material resistente e lavável, respeitar o volume e peso 
do material que será acondicionado e possuir dimensões apropriadas para não atrapalhar o fluxo 
e a acessibilidade.
Embora pareçam mecanizados e metódicos, seguir tais detalhes nos processos de trabalho do 
CAF pode de ser de grande contribuição para o resultado final e para o andamento do trabalho. 
Afinal, ele pode ser feito de forma muito mais rápida quando o profissional sabe exatamente 
onde buscar cada item e quando todo o processo já trabalha em favor do controle de qualidade.
No entanto, uma vez que o farmacêutico estabelece o processo, a sua função passa a ser mais no 
sentido de monitorar o que está sendo feito pelos auxiliares, do que, necessariamente, promover 
a operacionalização propriamente dita.
3.2 Atividades administrativas
A CAF gera uma quantidade muito grande de informações a respeito da rotatividade e custos 
de materiais, do perfil de consumo do hospital e dos setores e do grau de ociosidade de alguns 
itens que não são usados com frequência. Por isso, a boa gestão do estoque pode impactar 
diretamente na saúde financeira do estabelecimento. 
Para ajudar nesse processo, é preciso levar em conta:
Consumo médio
19
É a frequência do uso de determinado medicamento. Se traçar um paralelo entre o consumo 
médio do item em um determinado período de tempo, o profissional saberá quanto tempo irá 
durar o estoque disponível, quando será o momento de acionada uma nova compra, sem correr 
o risco de faltar produto caso ele demore a chegar, ou, então, se vale mais a pena o item deve ser 
devolvido por falta de demanda.
Tempo de ressuprimento
É o tempo que leva entre o hospital efetuar a compra dos produtos e o fornecedor fazer a 
entrega.
Ponto de ressuprimento
É o nível do estoque que determina uma nova compra do item. Para determinar esse ponto, 
é preciso que o profissional tenha um bom acompanhamento do processo como um todo. Um 
item com consumo médio mensal de três mil comprimidos e que o fornecedor leva 10 dias para 
entregar (tempo de ressuprimento), por exemplo, atingirá o ponto de ressuprimento quando o 
estoque estiver com mil itens. Isso dá tempo suficiente para o fornecedor fazer a entrega antes 
do estoque chegar ao fim.
Itens sazonais
São os medicamentos e insumos cujo consumo possui um perfil sazonal, por sofrer 
interferência climáticas, temporais ou, até mesmo, eventos específicos na região onde o hospital 
está estabelecido. Essa sazonalidade deve ser conhecida pelo farmacêutico para evitar faltas nos 
momentos que apresentam maiores saídas ou ociosidade em épocas sem demanda.
Um sistema informatizado de qualidade auxilia muito o profissional na hora de avaliar 
todos esses pontos e deve ser encarado, portanto, como um investimento. Afinal, deter essas 
informações de forma organizada só traz vantagens:
• garante ao farmacêutico uma gestão mais prática, segura e eficiente;
• evita intercorrências devido a faltas ocasionais de itens importantes;
• evita gastos desnecessários com vencimento de itens ou compra de material que não 
possui demanda;
• otimiza espaço físico e faz com que ele seja usado de maneira mais inteligente e
• facilita o trabalho dos funcionários envolvidos nos processos de organização e expedição.
20
4. LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS: SELEÇÃO, 
PADRONIZAÇÃO E AQUISIÇÃO
A logística de suprimentos nada mais é do que o caminho percorrido pelo medicamento, desde 
o momento em que o profissional elabora a seleção dos medicamentos que serão comprados, até 
a escolha do melhor método de dispensação.
Trata-se, portanto, de um percurso que envolve diversas etapas, com impacto econômico, 
administrativo e assistencial, e uma grande capacidade analítica por parte do farmacêutico.
O primeiro passo é a seleção e a padronização dos medicamentos. Nesta etapa, o profissional 
decide quais itens serão utilizados no hospital em um período determinado. Para Junior e 
Marques (2012, p. 300), este é
um processo dinâmico e continuo, multidisciplinar e participativo. É um processo de escolha que 
visa a elaboração de uma relação de medicamentos essências, levando em consideração a necessidade, 
a eficácia, o benefício/risco e o benefício/custo.
Assim, tanto em relação à seleção dos itens que irão compor essa listagem, quanto à 
padronização das quantidades a serem solicitadas, algumas questões devem ser consideradas, 
como, por exemplo, o perfil e especialidades atendidas do hospital, o uso racional dos 
medicamentos selecionados, os estudos a respeito de práticas e evidências clínicas dos 
medicamentos que serão disponibilizados e o custo-benefício ao hospital.Idealmente é construído dentro da Comissão de Farmácia e Terapêutica, devido à importância 
de uma integração multidisciplinar para avaliar o perfil de atendimento do hospital, por demandar 
uma constante atualização na listagem e também pelo caráter educativo que essa comissão irá 
adotar em cima do elenco definido.
Assim, uma vez feita a ficha descritiva de cada um dos itens que devem ser comprados, inicia-
se a segunda etapa do processo: a aquisição e a gestão de estoque. Esta fase, segundo Junior e 
Marques (2012), consiste num conjunto de procedimentos pelos quais se efetivam o processo 
de compras dos medicamentos, estabelecidos nas etapas anteriores. Trata-se, portanto, de uma 
etapa intimamente ligada à gestão de estoque principalmente para evitar faltas e desperdício de 
material e espaço físico e também estabelecer o melhor momento que a compra deve ser feita.
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Provavelmente, o maior desafio da etapa de aquisição é sabe identificar os momentos de 
compra, de quantidade e de margem de segurança de cada item. São critérios que devem ser 
avaliados item a item levando em consideração dados como consumo médio mensal, estoque 
atual, tempo que o fornecedor leva para entregar o item, validade do item em estoque.
Nesse sentido, algumas considerações práticas devem ser feitas para facilitar esse processo:
• manter um sistema informatizados sempre atualizado em todas as movimentações feitas;
• possuir ficha de cadastro de fornecedores atualizada especificando quais os itens estão 
aptos a fornecer;
• estabelecer a quantidade de orçamentos que deverão ser feitos antes de realizar a com-
pra visando o fornecedor
• com o melhor preço e condição de pagamento e entrega;
• já ter estabelecido o tempo de entrega dos itens e casos de comprar programadas;
FIQUE DE OLHO
No setor público a seleção dos medicamentos deve estar pautada nas chamadas Relação 
Nacional de Medicamentos (RENAME) e Relação Municipal de Medicamentos (REMUME). 
Tratam-se dos elencos de medicamentos que seriam essenciais para atender as principais 
necessidades da população – em âmbito nacional e municipal respectivamente – com base 
em dados epidemiológicos.
22
• manter sempre atualizado o custo dos produtos;
• realizar inventários periodicamente;
• elaborar e manter atualizados relatórios de consumo dos itens para de modo que seja 
possível identificar qualquer mudança no perfil de consumo que necessite reajustar os 
dados a respeito de compra e ponto de ressuprimento
Além disso, também é interessante manter uma relação amigável com os fornecedores e com 
parceiros de outros estabelecimentos, para que, em um momento de demanda emergencial, 
disponha de uma rede de contatos que esteja disposta a auxiliar.
5. FARMACOECONOMIA
A farmacoeconomia tem como função otimizar os recursos financeiros utilizados para adquirir 
insumos, medicamentos e estabelecimento de processos sem que isso prejudique a qualidade do 
serviço, a segurança do paciente e o bem-estar da equipe.
Trata-se, portanto, o campo de atuação do farmacêutico hospitalar que possui a maior 
capacidade de combinar as funções assistenciais-administrativas-econômicas. Assim, por se 
tratar de medidas que podem ser quantificadas em valores, tem o potencial de trazer grande 
visibilidade ao setor. 
5.1 Metodologia de análise na farmacoeconomia
Segundo Yuk, Kneipp e Maehler (2006), o custo com aquisição de medicamentos costuma 
variar entre 5% a 20% do orçamento do hospital e representa o maior valor financeiro dentre os 
produtos utilizados.
Por isso, é muito importante que o conceito “economia”, dentro do âmbito hospitalar, seja 
aplicado de maneira a otimizar os gastos; porém, sem afetar a qualidade do serviço oferecido. 
Para isso, é necessário que se empregue todo o conjunto de embasamento teórico, domínio dos 
processos e conhecimento dos dados disponíveis pela gestão de estoque.
Existem disponíveis algumas metodologias de análise que podem ser feitas nesse campo:
• Minimização de custos – É, possivelmente, a forma mais simples de avaliar o custo que 
determinado item ou processo representa no orçamento total. Por isso, determinar o 
quanto as alternativas terapêuticas disponíveis no mercado podem ser intercambiáveis 
entre elas costuma ser, segundo Alves (2011), o primeiro critério antes da realização da 
análise de minimização de custo. Caso elas sejam diferentes, não é possível fazer este 
tipo de estudo. Sicoli (2010) acrescenta ainda que esse é o tipo de análise mais útil para 
comparar as doses e as vias de administração diferentes, considerando que o resultado 
de duas ou mais alternativas são as mesmas em relação aos resultados clínicos.
23
Importante ressaltar que a minimização de custo só deve ser aplicada na etapa de aquisição 
como forma de selecionar o fornecedor com menor custo, sem abrir mão da eficácia e da 
efetividade estabelecidas nas etapas de seleção e padronização.
• Custo-benefício – É uma análise que avalia o impacto que determinado processo de tra-
balho irá ter no orçamento do estabelecimento. No entanto, uma análise dessa natureza 
deve levar em consideração diversos contextos que, muitas vezes, são difíceis de serem 
convertidos em custos. Estabelecer um protocolo para a prevenção de infecções hospita-
lares, por exemplo, pode representar um aumento de custos com medicamentos, mas se 
forem considerados todas as despesas que são envolvidas com infecções hospitalares, o 
gasto com o uso de tal protocolo pode ser ainda menor que os gastos por não tê-lo. 
Para o Ministério da Saúde (2008), no entanto, esta é uma análise difícil de ser feita devido ao 
valor monetário daquilo que deve ser considerado: é possível transformar em valores o trabalho 
de salvar uma vida e reduzir a probabilidade de morte? Ou, então, atribuir valores à vida de uma 
pessoa idosa em relação à de uma criança, por exemplo? 
• Custo-efetividade – É a melhora clínica do paciente provocada diante das alternativas 
terapêuticas que estão disponíveis. De acordo com Mota (2003), as unidades que podem 
ser usadas para mensurar esse impacto podem ser em anos de vida ganhos, casos detec-
tados, dias de incapacidade evitados, unidades de pressão arterial reduzidas, número de 
doenças evitadas variando de acordo com o impacto mais relevante para a análise. 
Assim, no caso de comparar três alternativas de tratamento farmacológico da hipertensão 
arterial, a efetividade poderia ser avaliada de acordo com evidências clínicas na redução da 
pressão arterial em mmHg ou número de eventos cardiovasculares evitados, por exemplo. 
É válido considerar na análise também o impacto dos efeitos colaterais e adversos. A análise 
de um anti-inflamatório que apresente efetividade superior a outros de mesmo nível mas que 
possuem efeitos gástricos, por exemplo, deve vir acompanhada de uma análise custo-benefício 
pela exposição dos pacientes ao risco de desenvolvimento de úlcera gástrica. 
• Custo-utilidade – É uma análise bem parecida com o custo-efetividade, mas com uma 
perspectiva mais voltada para o impacto na qualidade de vida do paciente. Por isso, uti-
liza uma unidade de medida denominada Anos de Vida Ajustados por Qualidade (AVAQ), 
que permite avaliar situações de confronto, como, por exemplo, “quantos anos de vida 
esse tratamento vai acrescentar ao paciente” frente a “qual a qualidade de vida que ele 
terá nesses anos que lhe serão acrescentados”? 
No entanto, trata-se de mais um valor subjetivo agregado à avaliação a ser feita. Qual é 
o maior valor para uma pessoa com câncer em estágio terminal e prognóstico de vida de seis 
meses, por exemplo? Submeter-se à uma quimioterapia agressiva que lhe acrescentará em torno 
de três anos de vida, boa parte deles focada em idas e vindas ao hospital, ou, então, adotar uma 
estratégia apenas profilática para dar conforto em seus últimos meses?
24
Como é possível observar, toda análise de custo deve ser avaliada dentro do contexto em que 
está inserida. Afinal, uma opçãoque parece oferecer o menor custo, pode, ao mesmo tempo, 
oferecer um operacional tão caro que talvez não vale a pena.
Portanto, a escolha pela análise a ser usada depende da etapa em que será realizada e o 
objetivo que ela deseja alcançar.
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5.2 Curva ABC
A grande quantidade de medicamentos e insumos que precisam ser contemplados na 
gestão de estoque impossibilita que o farmacêutico faça um acompanhamento caso a caso, 
ou medicamento a medicamento. Por isso, ele busca uma maneira de agrupar itens com 
particularidades semelhantes para conduzir essa gestão com o olhar diferenciado a cada um dos 
grupos.
No entanto, para que esse agrupamento seja eficiente na construção de estratégias de gestão 
de estoque e farmacoeconomia, seria preciso levar em consideração a demanda de consumo e 
o impacto financeiro de cada item. Assim, atendendo a essa necessidade, a chamada curva ABC 
se apresenta como a ferramenta mais adequada, assim como acontece em diversas áreas da 
economia.
25
Figura 2 - Divisão dos medicamentos conforme a Curva ABC 
Fonte: i viewfinder, Shutterstock (2020).
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma pessoa organizando o estoque de medicamentos de 
acordo com a Curva ABC, que separa os remédios por similaridade.
Segundo Lourenço (2006), a Curva ABC é baseada no teorema do economista italiano Vilfredo 
Pareto (motivo pelo qual também é chamada “Teorema de Pareto”) que em um estudo sobre a renda 
e a riqueza e observou que uma pequena parcela da população (20%) concentrava a maior parte da 
riqueza local (80%). Essa distribuição passou a ser observada em outros contextos até que foi validada 
como uma metodologia de gestão de estoque e, consequentemente, controle de gastos.
Na farmácia hospitalar, isso é demonstrado em uma curva que demonstra que uma pequena 
quantidade de itens (em torno de 20% dos itens) consome um maior percentual no orçamento 
destinado aos medicamentos, enquanto que 80% dos itens, que são os mais consumidos e com 
maior rotatividade representam uma menor parcela do orçamento destinado a aquisição de 
medicamentos (em torno de 20% dos gastos). Essa observação ofereceu uma facilidade no momento 
de agrupar os medicamentos que demandavam de estratégias diferentes de gestão de estoque.
Classe A
Esse grupo representa cerca de 20% dos itens do estoque e, portanto, é considerado o grupo 
de itens mais importantes e que demandam maior atenção na sua gestão. Isso porque se tratam 
dos itens mais caros do estoque e que representam cerca de 80% do valor total do estoque.
Classe B
Representa um grupo de itens com demanda e custos intermediários entre a classe A e C, sendo 
cerca de 15% do total de itens em estoque e que consomem em torno de 15% dos recursos. Portanto, 
não possuem um custo tão alto quanto a Classe A e nem uma rotatividade tão alta quanto a classe C.
26
Classe C
Agrupa cerca de 70% dos itens em estoque sendo os que possuem maior consumo e 
rotatividade pelo hospital. Porém, sua importância em valor é pequena, representando cerca de 
20% do valor do estoque. 
Conhecer a demanda de cada item e a frequência com que deve haver a reposição, auxilia 
no momento de orçar melhores preços e selecionar o melhor fornecedor. Também é útil para de 
estabelecer qual será o estoque de segurança que terá de cada medicamento, evitando o estoque 
muito grande de um item caro e com baixa rotatividade e que pode acarretar em vencimento do 
prazo de validade. Assim, um medicamento com alta demanda e alta rotatividade, por exemplo, 
pode ter uma programação de compra estabelecida quinzenalmente, de forma a não ter um 
estoque muito grande e que ocupe muito espaço físico. 
Como é possível verificar, o estoque de uma farmácia hospitalar possui uma quantidade 
muito grande de medicamentos e insumos a serem gerenciados. Portanto, agrupar esses itens 
utilizando a curva ABC pode ser bastante útil no momento de estabelecer processos na gestão de 
estoque e controle de gastos diferenciadas para cada classe.
6. INDICADORES DE QUALIDADE
Depois de planejar e operacionalizar as atividades da farmácia hospitalar, como saber se o 
trabalho está alcançando o objetivo estabelecido ou se precisa ser revisto?
Isso pode ser feito por meio dos chamados indicadores de qualidade de serviço, que, nada 
mais são, do que são informações obtidas de maneira padronizada que ajudam a identificar erros 
e acertos no processo, ajudando a subsidiar as decisões dos gestores. Mais do que um meio de 
fiscalizar os processos de trabalho e resultados, deve também assumir um caráter educativo e 
estimular o interesse na melhoria dos serviços.
Segundo a Organização Mundial de Saúde:
Indicadores são marcadores da situação da saúde e do desempenho dos serviços ou disponibilidade 
de recursos definidos para permitir a monitorização de objetivos, alvos e performances. Trata-se por 
indicador ainda, um parâmetro facilmente mensurável e representativo do trabalho realizado em uma 
determinada atividade (OMS, 2010). 
6.1 Importância e aplicabilidade
Na farmácia hospitalar, os indicadores podem ser classificados em dois grupos: cadeia de 
suprimentos e gestão da assistência farmacêutica. Cada qual tem a sua importância em fornecer 
dados e nortear ações em uma determinada área, tornando importante que sejam elaborados 
27
indicadores que tenham abrangência tanto na cadeia de suprimentos quanto na questão 
assistencial.
A cadeia de suprimentos é o conjunto de ações que envolve a aquisição e a distribuição 
dos medicamentos e, por isso, trabalha com os dados fornecidos durante a gestão de estoque, 
determinando o consumo médio mensal, o estoque mínimo e o ponto de ressuprimento. Na 
ausência de um sistema informatizado eficiente, a obtenção dessas informações pode ser bastante 
trabalhosa, mas que resultam em resultados palpáveis e que ajudam a tornar a programação de 
medicamentos muito mais fácil.
Segundo Santos e Limberger (2018), determinar o volume de devoluções de materiais e 
medicamentos e identificar a sua logística adequada contribuem para a racionalização dos recursos 
financeiros e garantia da disponibilidade destes produtos quando estes forem necessários.
Por outro lado, a gestão da assistência farmacêutica reúne os indicadores que avaliam os 
resultados obtidos pela atuação farmacêutica (considerando a padronização de medicamentos, 
as intervenções feitas na prescrição e os atendimentos interdisciplinares com outros profissionais) 
e os planeja de maneira que impactem no uso racional de medicamentos. Isso pode envolver 
atividades relacionadas à:
• padronização de medicamentos (que possui um impacto não apenas no uso racional de 
medicamentos, mas também financeiro);
• intervenção na prescrição (que visa a monitorização terapêutica, a análise posológica, a 
interação medicamentosa, a via de administração, a indicação terapêutica e efeitos ad-
versos e que podem demonstrar a necessidade de uma alteração na conduta terapêutica 
em conjunto com o prescritor).
No setor saúde, a aplicação de indicadores e índices que possibilitem mensurar a qualidade 
do serviço prestado, tem grande importância na padronização na qualidade do serviço. Segundo 
D’Innocenzo (2006, s./p),
os programas de qualidade têm forte tendência a enfatizar a avaliação das condições dos hospitais, 
focalizados na infraestrutura, nos processos e resultados. A garantia da qualidade pode ser representada 
pelos indicadores “capacitação de recursos humanos”, “cumprimento aos POPs”, “padronização de 
notas de sala” e “participações em comissões”. Todos estes indicadores têm por função a qualificação 
dos processos de trabalho, fundamental para o aprimoramento dos serviços. A melhoria da qualidade 
hospitalar é estabelecida por meio de padrões, resultado dos estudos de séries históricas na mesma 
organização ou de comparação com outras organizações semelhantes, em busca do defeito zero - 
situação que, embora não atingível na prática, orienta e filtra toda ação e gestão da qualidade.6.2 Elaboração de indicadores
A elaboração dos indicadores que serão monitorados busca qualificar e determinar alguns 
28
parâmetros no serviço da farmácia hospitalar. Cabe dizer que os parâmetros a serem analisados 
serão determinados pela necessidade do estabelecimento, por exemplo, um hospital que está 
apresentando uma grande quantidade de erros na administração de medicamentos poderá 
elaborar um indicador e parâmetros para avaliar qual a etapa do processo pode estar impactando 
nesses erros: seria uma dispensação incorreta¿ Interpretação errada da prescrição¿ Falta de 
treinamento dos profissionais técnicos¿
Atualmente, apesar de alguns órgãos sugerirem os indicadores mais indicados, a elaboração 
de cada um deve ser feita dentro do estabelecimento onde será aplicado e, portanto, depende da 
resposta algumas perguntas.
Por exemplo:
• Quais os processos do hospital/farmácia consomem maior tempo dos funcionários?
• Quais os processos do hospital/farmácia são mais onerosos?
• Quais os problemas mais recorrentes no hospital/farmácia?
• Quais os dados têm-se disponíveis para se trabalhar?
• O quanto o sistema informatizado pode auxiliar no recolhimento desses dados?
Dessa maneira, será possível identificar onde podem estar as dificuldades do processo e quais 
etapas podem ser mais impactadas financeiramente pela otimização. A partir daí, a elaboração de 
indicadores poderá ser feita. Além disso, eles também devem ser metodologicamente possíveis 
de serem trabalhados. E, para tanto, devem possuir:
Objetivo e meta
Define o que se deseja alcançar e qual problema será resolvido por meio do indicado.
Fonte
Aponta de onde serão extraídos os dados que serão trabalhados.
Parâmetro
Indica o dado que será usado para acompanhar o desenvolvimento e aplicação dos indicadores.
Ao responder esses questionamento será possível ter mais clareza em quais as atividades 
desempenhadas pela farmácia demandam uma maior atenção, quais as etapas do serviço estão 
mais susceptíveis a ocorrência de erros, e quais os processos mais delicados. Entendendo essas 
particularidades será possível elaborar indicadores que possibilitem avaliar a qualidade do 
29
serviço prestado bem como, ao estabelecer parâmetros e acompanhar a evolução desses dados 
no decorrer do tempo será possível observar se a qualificação do serviço está apresentando uma 
melhora ou uma piora que exija uma nova interferência.
Segue exemplos de um indicador que poderia ser usado em cada categoria discutida e como 
os pontos devem ser desenvolvidos na elaboração de um indicador:
Figura 3 - Modelo da elaboração dos indicadores de qualidade 
Fonte: SANTOS; LIMBERGER (2018, s./p.).
#ParaCegoVer: alar, em que cada indicador recebe um nome, é determinado um parâmetro 
que permita a mensuração desse indicador, a fonte da qual esses dados serão extraídos, a meta e 
o objetivo que se deseja alcançar com esse indicador.
Como pode ver, indicadores não servem para gerar números ou estatísticas. Pelo contrário. A 
ideia é que eles geram soluções e, por isso, devem ser individualizados a cada estabelecimento, 
de acordo com a problemática encontrada.
30
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• acompanhar a farmácia hospitalar constituindo-se como atividade reconhecida ao 
farmacêutico;
• conhecer a maneira como a farmácia hospitalar está organizada física e 
operacionalmente;
• compreender o impacto que a gestão de estoque tem na otimização dos serviços 
ofertados pela farmácia hospitalar;
• conhecer as práticas da rotina hospitalar que possuem impacto financeiro na 
instituição;
• estudar a importância de se estabelecer indicadores de qualidade ao serviço da 
farmácia hospitalar.
PARA RESUMIR
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva da Área de Economia da Saúde e De-
senvolvimento. Avaliação econômica em saúde: desafios para gestão no Sistema Único 
de Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/avaliacao_economica_desafios_gestao_sus.pdf> Acesso em: 21 fev. 2020.
_____. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010. Aprova as 
diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e 
serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2010/prt4283_30_12_2010.html. Acesso em: 19 fev. 2020.
DE SOUZA, C, et al. Indicadores de qualidade utilizados no gerenciamento da assistência 
de enfermagem hospitalar [Healthcare quality indicators used in hospital nursing care 
management]. Revista Enfermagem UERJ. 6 (23): 787-793, 2006.
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Prática farmacêutica no ambiente hospitalar: do planejamento à realização. São Paulo: 
Atheneu, 2005.
D’INNOCENZO M.; ADAMI N.P.; CUNHA I.C.K.O. O movimento pela qualidade nos servi-
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fev. 2006. Disponível em: doi.org/10.1590/S0034-71672006000100016. Acesso em: 20 
fev.2020.
JUNIOR, D.P.; MARQUES, T.C. As bases da dispensação racional de medicamentos para 
farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2012.
LOURENÇO, G.K.; CASTILHO, V. Classificação ABC dos materiais: uma ferramenta geren-
cial de custos em enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v.59, n.1, Brasília, jan./
fev. 2006. Disponível em: doi.org/10.1590/S0034-71672006000100010. Acesso em: 21 
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MOTA, D. M. Avaliação farmacoeconômica: instrumentos de medida dos benefícios na 
atenção farmacêutica. Fortaleza: Acta Farm Bonaerense, 2003.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Guia para el desarrollo de los servi-
cios farmaceuticos hospitalares, 1997.
SANTOS, J. A; LIMBERG, J. B. Indicadores de avaliação da assistência farmacêutica na 
acreditação hospitalar. Revista da Administração em Saúde, vol. 18, nº 70, jan./mar, 
2018. Disponível em: cqh.org.br/ojs-2.4.8/index.php/ras/article/view/71/107. Acesso 
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SECOLI, S. R.; PADILHA, K. G.; LITVOC, L.; MAEDA, S.T. Farmacoeconomia: perspec-
tiva emergente no processo de tomada de decisão. Revista Ciência & Saúde Cole-
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81232005000500029. Acesso em: 21 fev. 2020.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR (SBRAFH). Padrões mínimos para 
farmácia hospitalar. Belo Horizonte: SBRAFH, 2017. Disponível em: sbrafh.org.br/site/
public/docs/padroes.pdf. Acesso em: 21 fev. 2020.
VECINA NETO, G.; REINHARDT FILHO, W. Gestão de recursos materiais e de medicamen-
tos, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. Dispo-
nível em: docplayer.com.br/2099663-Gestao-de-recursos-materiais-e-de-medicamentos.
html. Acesso em: 22 fev. 2020. 
YUK, C. S., KNEIPP, J. M., MAEHLER, A. E. Sistemática de distribuição de medicamentos 
em organizações hospitalares. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 15., 2006, 
Pelotas. Anais... Pelotas: Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), 2006. Disponível 
em: docplayer.com.br/81454473-Sistematica-de-distribuicao-de-medicamentos-em-
-organizacoes-hospitalares-yuk-caroline-silva1-kneipp-jordana-marques1-maehler-alis-
son-eduardo2.html. Acesso em: 21 fev. 2020.
UNIDADE 2
Farmacotécnica hospitalar
Você está na Unidade Prática de Enfermagem para Tratamento e Diagnóstico de 
Alterações Cardiovasculares. Conheça aqui as alterações do sistema cardiovascular, as 
técnicas de realização do eletrocardiograma, e pressão venosa central no contexto da 
prática assistencial do(a) enfermeiro(a). 
Aprenda aspectos importantes, tais como os aspectos clínicos, epidemiológicos e 
psicossociais que fundamentam o cuidar de pessoas com alterações do sistema 
cardiovascular, assim como os fatores relacionados à hipertensão, trombose venosa 
profunda, insuficiência, cardíaca congestiva, infarto do miocárdio e arritmias cardíacas. 
Você já pensou como esses fatores podem impactara saúde de nossos pacientes? Pois 
então, essa é a resposta que iremos descobrir a seguir nesta unidade.
Bons estudos!
Introdução
35
1. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO NA FARMÁCIA 
HOSPITALAR
O ambiente hospitalar se refere sempre a uma grande demanda de pacientes frente a uma 
grande oferta de medicamentos. Em meio a esse contexto é importante entender o caminho 
trilhado desde que o medicamento é prescrito até o momento em que é administrado no paciente.
1.1 Importância e objetivos
Após passar por toda a avaliação médica, diagnóstico e preconização pelo uso racional de 
medicamento por parte do prescrito, ocorre o momento em que a conduta médica define e gera 
uma determinada prescrição e esse medicamento precisa chegar até o paciente.
No entanto, esse percurso não é tão simples quanto parece à primeira vista. A sua 
complexidade encontra-se na quantidade de profissionais, setores e processos que acabam se 
envolvendo no processo. O fluxograma a seguir mostra um exemplo disso.
Figura 1 - Da prescrição à administração: o caminho percorrido pelo medicamento: 
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
#ParaCegoVer: O fluxograma mostra os principais profissionais envolvidos na prescrição, 
dispensação e administração do medicamento e as respectivas responsabilidades no caminho 
que o medicamento percorre até o paciente.
36
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Imagine, agora, a aplicação desse fluxograma em um contexto hospitalar. De um lado, o 
prescritor possui uma grande demanda de pacientes. De outro, a farmácia possui uma grande 
quantidade de prescrições, com uma variedade imensa de medicamentos a serem atendidas. 
E a equipe de enfermagem tem a responsabilidade de administrar cada medicamento a seu 
respectivo paciente, cada um com sua posologia e horários diferentes.
Cada um desses sistemas apresenta, ainda, um grau de segurança específica a ser oferecida 
ao paciente, assim como investimento financeiro para estabelecer e manter o processo e maior 
envolvimento de determinado profissional ou do setor mais demandado.
De acordo com a organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2019), o objetivo do sistema de 
distribuição dos medicamentos deve ser:
1. Reduzir erros de medicação: os principais erros são na transcrição da prescrição, na via de 
administração, na forma farmacêutica e falha no planejamento terapêutico.
2. Racionalização da distribuição: facilitando a administração dos fármacos através de uma 
dispensação ordenada, segundo horários e pacientes, em condições adequadas para a pronta 
administração dos medicamentos pela enfermagem.
3. Aumentar o controle sobre os medicamentos: para isso o farmacêutico deve ter acesso às 
informações sobre o paciente (idade, peso, diagnóstico, medicamentos prescritos), para poder melhor 
avaliar a prescrição médica e monitorização da farmacoterapia. Estas informações podem alertar 
para possíveis reações adversas, interações medicamentosas, melhores horários de absorção de 
determinados medicamentos e, até mesmo, para o não cumprimento do plano terapêutico.
4. Reduzir os custos com medicamentos: para cumprir este objetivo, o ideal é que a dispensação 
seja diferenciada por paciente e para um período de 24 horas. Desse modo, os custos de estoque e os 
gastos com doses excedentes serão reduzidos naturalmente, além de ocorrer melhora do controle de 
estoque e faturamento.
37
5. Aumentar a segurança para os pacientes: este item depende do cumprimento dos objetivos 
anteriores: adequação da terapêutica, redução de erros, racionalização da distribuição e aumento de 
controle de medicamentos e materiais.
Em meio a esse contexto, é possível verificar o quanto o alcance desses objetivos depende 
do comprometimento de todos os profissionais envolvidos e do estabelecimento de processos e 
rotinas muito bem organizados em cada uma dessas etapas da distribuição.
1.2 Principais sistemas de distribuição
A intensa rotina da farmácia hospitalar – compras, recebimento de material, controle de 
estoque e atividades administrativas e assistenciais – exige um grau de organização muito grande 
tanto no quesito físico, quanto de horários. Nesse sentido, é importante que a farmácia estabeleça 
horários determinados para processar as prescrições, o que envolve o seu recebimento, a sua 
avaliação, a sua separação e, por fim, a sua distribuição. E claro que isso deve estar inserido no 
contexto das demais rotinas do hospital.
Uma vez recebidas e avaliadas as prescrições (normalmente cada setor tem seu horário para 
trazer todas as prescrições), o momento é de separar os medicamentos. A preferência é que isso 
ocorra de forma individualizada, mas há diversas maneiras que essa separação pode ser feita:
Sistema coletivo
A enfermagem consolida todas as prescrições de cada setor em um só pedido e também se 
responsabiliza por separar cada um dos medicamentos na farmácia. Isso faz com que o envolvimento 
do setor seja mínimo. Vantagens: exige baixo investimento financeiro e liberta a farmácia para 
atender a demanda total do setor e não prescrição por prescrição. Desvantagens: gera sobrecarga 
para a equipe de enfermagem, aumentam as probabilidades de erro de administração, aumento 
do risco de perda do medicamento por vencimento e mal acondicionamento e aumento da perda 
de rastreabilidade dos medicamentos.
Sistema individualizado
As prescrições são atendidas individualmente para o período de 24 horas, prazo em que 
a farmácia se ocupa em separar os medicamentos em embalagens para cada paciente. Nesse 
caso, a participação da farmácia torna-se mais ativa, mas a equipe de enfermagem ainda assume 
uma responsabilidade importante no momento de destinação do medicamento ao paciente. 
Vantagens: possibilita a avaliação farmacêutica, reduz os estoques mantidos nos setores, reduz 
o tempo gasto pela enfermagem na separação dos medicamentos e possibilita a devolução dos 
medicamentos à farmácia. Desvantagens: aumenta o risco de erros de administração, dificulta o 
controle do estoque de medicamentos dos setores, exige tempo da equipe de enfermagem para 
separar as doses e horários.
38
Sistema unitário
As prescrições são atendidas de maneira individualizada, com dosagens prontas e em 
embalagens separadas pelo horário de administração. Trata-se do sistema mais seguro para 
o paciente e aquele que alcança melhores resultados na prevenção de erros relacionados à 
administração dos medicamentos. Vantagens: oferece maior organização e maior participação 
da farmácia na distribuição dos medicamentos e dá a oportunidade do farmacêutico avaliar 
as prescrições antes da dispensação. Desvantagens: possui custo elevado para implantação e 
capacitação de pessoal.
Devido à sua grande importância, o sistema unitário de distribuição possui níveis altos de 
exigência e certa complexidade na sua aplicação. Por este motivo, é fundamental estuda-lo com 
mais profundidade.
2. SISTEMA UNITÁRIO E O FRACIONAMENTO DOS 
MEDICAMENTOS
Como vimos, quanto mais individualizadas as formas de distribuição de medicamentos, 
maior será o controle dos medicamentos e a segurança oferecida ao paciente. Por esse motivo é 
que tem sido preconizado o uso do sistema unitário nos hospitais. Porém, para tanto, é preciso 
conhecer todas as etapas de fracionamento de distribuição que ele enfrenta.
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2.1 Características do sistema unitário
É possível afirmar que o tratamento medicamentoso, em seu processo normal, possui dois 
personagens principais: o farmacêutico e o paciente. Porém, no ambiente hospitalar, a participação 
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aumenta e ganha a força de toda uma equipe de enfermagem, técnicos e prescritores.
Por este motivo, o sistema de dose unitária possui características que possibilita ao 
farmacêutico atua de forma mais efetiva no tratamento - mesmo que ele não esteja em contato 
direto com o paciente.
Nesse sentido, o processo costuma seguir, mais ou menos, esse caminho:
O médico faz a prescrição do medicamento;
• A farmácia recebe uma cópia dessaprescrição médica;
• O farmacêutico faz a avaliação da prescrição e, se nenhuma intervenção for necessária, 
passa para a equipe de
• farmácia realizar a separação;
• A equipe de farmácia separa os medicamentos (com base na prescrição médica) em tiras 
plásticas lacradas que
• divide os medicamentos por horários a serem administrados nas próximas 24 horas;
• O farmacêutico faz a conferência das tiras e suas respectivas prescrições;
• A equipe de enfermagem recebe o material pronto e faz a administração conforme os 
horários nas tiras.
Como pode se perceber, a responsabilidade pela separação dos medicamentos e pela 
organização dos horários é, majoritariamente, da farmácia, cabendo à equipe de enfermagem 
apenas uma última conferência e administração. Ou seja: as funções desempenhadas por todos 
os envolvidos no processo estão de acordo com a área de conhecimento de cada profissional.
O sistema unitário, por si só, já consegue oferecer maior segurança ao paciente pelo simples 
fato de reduzir a incidência de erros de administração de medicamentos e distribuir melhor os 
FIQUE DE OLHO
Mesmo nesse sistema de distribuição, sempre que medicamentos psicotrópicos estiverem 
em jogo é importante ficar atento ao cumprimento das normas da Portaria 344/1998, que 
podem exigir um tratamento diferenciado tanto na prescrição quanto na dispensação, 
especialmente em relação a uma identificação específica na própria tira ou em tira separada. 
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recursos humanos envolvidos no processo, uma vez que cada atividade passa a ser exercida por 
profissionais capacitados para tal.
A médio e longo prazo, a implantação desse sistema também continua gerando economia. 
Isso porque permite a redução dos estoques periféricos de medicamentos e das perdas por 
vencimento ou mal acondicionamento de medicamentos nos setores, proporciona a possibilidade 
de devolução dos medicamentos não utilizados e reduz gastos hospitalares por erros de 
medicação.
Com tudo isso, estima-se que o hospital consiga economizar de 25% a 40% nos gastos com 
medicamentos, conforme estudos realizados por Gomes e Reis (2000 p.347). Portanto, ainda 
que os custos para implantar tal sistema sejam aparentemente uma desvantagem, o retorno 
financeiro compensa o investimento inicial.
2.2 Critérios para execução do sistema unitário
Para que seja possível a dispensação unitária, é necessário fracionar os medicamentos 
fornecidos pela indústria em diversas apresentações. Segundo Valle (2012), eles devem ser 
separados de sua embalagem primária original e reembalados de maneira individual, de modo 
que possam ser dispensados com base na prescrição médica.
Para garantir que esse processo seja feito de forma correta, mantendo a qualidade do produto, 
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou duas legislações regulamentadoras 
para orientar os profissionais:
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 80/2006 
Dispõe das condições técnicas e operacionais para fracionamento de medicamentos visando 
a dispensação em quantidades individualizadas para atender às necessidades terapêuticas dos 
consumidores e usuários desses produtos.
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 67/2007 
Dispõe sobre boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso 
humano em farmácias.
As duas normativas complementam-se para estabelecem critérios básicos de implementação 
do sistema unitário. Para isso, abordam os seguintes pontos:
Recursos humanos
Como todas as atividades desempenhadas pela farmácia acontece sob a responsabilidade do 
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farmacêutico que irá monitorar capacitar e coordenar o trabalho dos auxiliares de farmácia que 
estarão operacionalizando o fracionamento.
Infraestrutura
A farmácia deve possuir um ambiente destinado especificamente para o fracionamento dos 
medicamentos que conforme item 4.14 da RDC 67/06, deve possuir áreas e instalações adequadas 
e suficientes ao desenvolvimento das operações, dispondo de todos os equipamentos e materiais 
de forma organizada e racional, evitando os riscos de contaminação, misturas de componentes e 
garantindo a sequência das operações (BRASIL, 2006).
Nesse sentido, a Anvisa pondera que
o fracionamento e a dispensação devem ser realizados no mesmo estabelecimento, sendo 
exclusivo para o este fim. Os medicamentos fracionáveis devem vir em embalagens desenvolvidas para 
que não permitem o contato do medicamento com o meio externo até a sua utilização pelo usuário 
final. Além disso, os dados de identificação (nome do produto, concentração do princípio ativo, nº de 
registro, lote, prazo de validade etc.) deverão constar na unidade individualizada do medicamento 
(Anvisa, 2009).
Tais normativas, portanto, estabelecem critérios de qualidade e segurança para manipular as diversas 
formas farmacêuticas (líquida, sólida, semi-sólida). No entanto, cada uma dessas formas farmacêuticas 
possui características que demandam cuidados especiais para o seu cumprimento, a ver:
Formas farmacêuticas sólidas
São os comprimidos, drágeas e cápsulas, cujo fracionamento deve ser feito por meio de 
cortes da embalagem primária com tesoura para individualizar os medicamentos e, depois, 
acondicionada em embalagem secundárias para fracionados, de forma a manter as características 
específicas e identificar por meio de rótulo referente ao medicamento fracionado.
Formas farmacêuticas semissólidas
São os cremes, pomadas, pastas e géis, cujo fracionamento deve ser feito em recipientes de 
plástico, alumínio ou vidro, como potes, tubos e seringas. É importante seguir essa recomendação 
para garantir a estabilidade do produto e evitar reações químicas do medicamento com 
embalagens de materiais diversos. Eles ainda devem garantir um bom fechamento e rotulagem 
com todos os dados referentes ao medicamento fracionado.
Formas farmacêuticas líquidas
São os xaropes e soluções que apresentam grande versatilidade e facilidade no fracionamento, 
mas, ao mesmo tempo, também possuem maior susceptibilidade para contaminação. Por isso, o 
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fracionamento deve ser feito em frascos ou seringas (sem agulha) bem lacrados e que possam ser 
administrados diretamente ao paciente. Também deve contar com rotulagem para apresentar os 
dados dos medicamentos fracionados.
Como é possível perceber, são muitas as etapas e exigências envolvidas para que o sistema 
unitário cumpra com o seu objetivo de se manter como o sistema de distribuição mais eficiente e 
seguro. Ao mesmo tempo, porém, precisa contar com o comprometimento de todos os envolvidos.
3. ALIMENTAÇÃO PARENTERAL
A alimentação parenteral é aquela feita diretamente pela corrente sanguínea com um 
preparado específico a ser aplicado em pacientes que, por alguma questão fisiopatológica, não 
conseguem se alimentar por via enteral – quando o tubo de alimentação é inserido diretamente 
no sistema digestório. É o que acontece, por exemplo, quando há:
• obstrução da via digestiva;
• complicações pós-cirúrgicas;
• preparo cirúrgico;
• problemas de mobilidade intestinal. 
Essa condição também pode aparecer em crianças, especialmente no caso de pré-maturos 
de baixo peso ou doenças congênitas no trato gastrointestinal. Nestes casos, a introdução de 
nutrientes acontece por via intravenosa em quantidades e concentrações que atendam as 
necessidades individuais de cada paciente.
A Portaria 272/1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, regulamenta 
a Terapia de Nutrição Parenteral (TNP) no Brasil e define a nutrição parenteral da seguinte maneira:
Solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas 
e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada a 
administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou 
domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas (BRASIL, 1998).
Trata-se, portanto, de uma modalidade de manipulação que exige muito mais do que um 
fracionamento de medicamentos,uma vez que o processo possui particularidades únicas e o 
paciente se encontra em situação debilitante. O fato é que o farmacêutico possui atuação 
fundamental nesse contexto, que vai da confecção da alimentação até a assistência ao paciente.
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3.1 Fatores envolvidos na alimentação parenteral
Nos casos em que os pacientes internados não possuem condições de ingerir alimentos pelas 
vias normais ou mesmo enteral, fica a critério da equipe multidisciplinar avaliar a situação. A 
alimentação parenteral pode, inclusive, ser usada como estratégia para complementar aporte 
calórico e nutricional em pessoas que apresentem déficits graves. Isso, somado ao fato da 
importância do aporte nutricional adequado no processo de reestabelecimento da saúde e 
recuperação do corpo, evidencia a necessidade desse cuidado.
A equipe multidisciplinar, quando engajada em construir um plano terapêutico que supra 
as necessidades do paciente, também possui importância disciplinar nesse processo. Assim, ela 
deve contar com a atuação de, no mínimo, um médico, um nutricionista, um enfermeiro e um 
farmacêutico.
Juntos, eles têm a responsabilidade de promover a nutrição segura do paciente. Isso pode 
ser feito por meio das bolsas de nutrição parenteral, disponíveis no mercado com formulação 
padrão, mas se o hospital possuir estrutura física adequada para manipular esse processo, a 
confecção dessa emulsão pode ser realizada lá dentro. Para isso, é preciso levar em consideração:
FIQUE DE OLHO
O monitoramento durante o uso de nutrição parenteral deve ser feito de maneira rigorosa 
e qualquer sinal de efeito adverso é indicação para a suspensão do uso até que se tenha 
certeza da segurança do paciente. Por tratar-se de uma administração direta na corrente 
sanguínea, sua reversão torna-se bastante difícil.
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• A necessidade calórica do paciente;
• A concentração de cada macronutriente (carboidrato, lipídeos e proteínas);
• A necessidade de adição de micronutrientes específicos (vitaminas e minerais); 
• A possibilidade de acrescentar algum medicamento à formulação.
• Dessa maneira, a formulação ficará adequada às necessidades individuais de cada paciente. 
3.2 Atuação do farmacêutico da nutrição parenteral
No campo da nutrição parenteral, o farmacêutico deve atuar em questões assistenciais (seja 
junto à equipe multidisciplinar ou, então, junto ao paciente) e em questões operacionais (devido 
à responsabilidade que envolve a aquisição armazenamento e produção desses itens).
As ações assistenciais dizem respeito à atuação do farmacêutico na manutenção da qualidade 
e segurança do processo e podem ser pontuados da seguinte maneira:
• avaliação da compatibilidade físico-química entre os elementos da formulação;
• avaliação de possíveis interações entre formulação e outros medicamentos utilizados 
pelo paciente; 
• avaliação da estabilidade da formulação; 
• avaliação da possibilidade de osmolaridade e velocidade de infusão;
• atuação em conjunto com os demais profissionais no monitoramento de efeitos adversos 
no período de uso da nutrição parenteral.
Por isso, é importante que o farmacêutico atue em conjunto com os demais profissionais no 
sentido de sanar todas dúvidas do paciente e de sua família e esclarecer o tratamento de forma 
a deixá-los mais seguros. Afinal, assim como todo tratamento, o sucesso depende não apenas da 
prescrição, mas também da aceitação por parte do paciente.
Outra atuação assistencial do farmacêutico é na área educativa e científica. É importante ele 
se manter constantemente atualizado a respeito das evoluções nessa área e na participação da 
educação continuada de todos os profissionais envolvidos.
Por outro lado, as ações operacionais envolvem a responsabilidade da farmácia na aquisição, 
no armazenamento, na gestão de estoque e na distribuição das bolsas industriais ou dos insumos 
para produção intra-hospitalar.
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Figura 2 - Formulação de medicamentos 
Fonte: Enriscapes, Shuttertock (2020).
#ParaCegoVer: A imagem mostra um composto líquido sendo manipulado pelas mãos de 
uma pessoa com luvas.
Assim, se o hospital optar por fazer a manipulação e a confecção das bolsas no próprio 
estabelecimento, a Resolução 292/1996, do Conselho Federal de Farmácia, atribui ao farmacêutico 
a responsabilidade pela manipulação e pelo preparo parenteral, cujas possibilidades de interações 
são muito altas devido à complexidade dos componentes que integram a formulação. Essa é a forma 
mais segura de garantir ao paciente receba um tratamento estável, estéril e livre de contaminantes
4. QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA
Os cuidados a serem tomados na manipulação de medicamentos para o tratamento oncológico 
de tumores e células cancerígenas são chamados de quimioterápico ou antineoplásicos. Tais 
compostos vêm sendo alvo de diversos estudos e passa por diversas atualizações no que diz 
respeito às condutas terapêuticas e no elenco de medicamentos disponíveis. 
4.1 Farmácia oncológica – gerenciamento e manipulação
Tal como todos os outros medicamentos e insumos médicos, a farmácia exerce papel 
fundamental em toda a cadeia de distribuição dos componentes quimioterápicos, começando já 
pela seleção, aquisição, gestão de estoque, armazenamento, manipulação e distribuição.
Porém, neste caso em particular, duas dessas etapas possuem particularidades que exigem 
especial atenção: a seleção e a manipulação.
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A seleção é a etapa que mais tem recebido atenção da ciência entre todas as classes 
farmacológicas, o que resulta num fluxo de constante novidades medicamentosas e revisões de 
protocolos. Além disso, os tratamentos costumam ser bastante individualizados às particularidades 
genéticas, hormonais e imunológicas do paciente e do tipo de câncer a ser tratado. Por esses 
motivos, a seleção dos medicamentos que irão compor o elenco de medicamentos disponíveis 
no estabelecimento deve ser constantemente revisada pela equipe multidisciplinar de modo a 
acompanhar as evoluções científicas da área.
A manipulação, por sua vez, envolve, em grande parte, medicamentos em forma líquida, 
fazendo com que o farmacêutico se torne responsável pelo processo de reconstituição - quando 
disponíveis na forma de pós liofilizados, e diluição em soluções compatíveis, segundo pondera 
Emídio (2019). Isso pode ser feito por meio de técnicas assépticas e em ambiente controlado, 
por exemplo. Para o autor, apesar do mercado oferecer diversos quimioterápicos capazes de 
possibilitar a comodidade da administração oral, a manipulação pode resultar da não adesão 
correta ao tratamento.
Quando a manipulação envolve agentes antioneoplásicos, algumas legislações trazem 
orientações importantes para o processo:
• Decreto 85.878/1981, da Anvisa
Determina que a manipulação de drogas antineoplásicas deve ser feita por farmacêutico;
• Resolução 288/1998, do Conselho Federal de Farmácia
Dispõe sobre a competência legal para o exercício da manipulação de drogas antineoplásicas 
deve ser feita pelo farmacêutico;
• RDC 50/2002, RDC 220/2004 e RDC 67/2007, da Anvisa
Descrevem a estrutura mínima para uma central de manipulação de antineoplásicos.
Tais normativas são necessárias porque tratam especificamente de medicamentos 
antineoplásicos, de forma a buscar a segurança do paciente (com medidas que garantam assepsia, 
estabilidade, ausência de incompatibilidade) e evitar risco ocupacional aos manipuladores, uma 
vez que eles se expõem a formações de aerossóis com potencial tóxico durante a manipulação e 
também durante a administração.
4.2 Farmácia clínica
Na prática da farmácia clínica junto ao cuidado oncológico, o farmacêutico pode atuar em 
conjunto com outros profissionais, com os pacientes e também com a rotina da área científica de 
pesquisa. Veja as particularidades de cada um deles:
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Junto aos profissionais, o farmacêutico atua junto à uma equipe multidisciplinar que pode 
ser composta de médicos de diversas especialidades, psicólogo, nutricionista, enfermeiro,

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