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Assistência e atenção farmacêutica Conceitos fundamentais Quando a categoria de assistência farmacêutica surgiu no Brasil, esse conceito estava se referindo a algo correlato à assistência médica. Porém a ideia de assistência farmacêutica estava centrada na ideia de um conjunto de atividades/prestações de serviços que estavam cobertos por um determinado sistema de saúde. Esse conceito de assistência farmacêutica era relevante no contexto anterior à reforma sanitária no Brasil, anterior ao SUS, quando tínhamos um sistema de saúde dividido em: 1. Saúde pública: caráter preventivo ligado ao controle de doenças infecciosas e campanhas de saúde pública. 2. Saúde previdenciária: assistência aos trabalhadores inseridos no mercado formal de trabalho e seus dependentes. A própria ideia de assistência médica dizia respeito ao conjunto de ações e serviços em que aquele usuário/contribuinte tinha direito. A assistência farmacêutica era o conjunto de prestações de serviços farmacêuticos incluindo a cobertura daquele sujeito. Esse conceito mudou ao longo do tempo no Brasil, o que é parecido com isso é o conceito que hoje em dia, por erros de tradução, é conhecido como benefícios farmacêuticos, que estão relacionados aos sistemas de seguro. A Assistência farmacêutica é um conjunto de atividades que tem por objetivo abastecer os sistemas, programas ou serviços de saúde com medicamentos de qualidade e entregá-los para pacientes. Esse conceito de serviços farmacêuticos valoriza mais uma dimensão administrativa e gerencial. O que é necessário fazer dentro de um sistema de saúde, dentro de um programa de saúde ou dentro de um serviço de saúde para garantir o abastecimento de medicamentos de uma maneira adequada? Nesse sentido se compreende como uma parte essencial dos programas e serviços de saúde. É necessário ter em mente que é um processo dinâmico, não é um único serviço ou uma única tarefa, mas sim, um conjunto de atividades, procedimentos, medidas e eferências que são necessárias para realizar a provisão de medicamentos de maneira adequada em todas as suas etapas. No debate a respeito da assistência farmacêutica, entende-se que a administração de insumos para saúde não é uma atividade meramente gerencial. Embora a atividade gerencial deva ser valorizada para garantir a continuidade do abastecimento de medicamentos e do acesso, à própria decisão de que medicamentos devem ser priorizados, como eles devem ser disponibilizados e quais informações são fundamentais para uma boa utilização chama a atenção de que existe um caráter clínico que subsidia esse caráter gerencial da assistência farmacêutica, sendo assim, um conjunto de atividades que possuem caráter clínico quanto gerencial, o que nos faz entender que a assistência farmacêutica não como um conceito monolítico e unidimensional, e sim como um campo de atuação, práticas, formulação de conceitos, elaboração de proposição e boas práticas, e um campo multidisciplinar. Uma primeira definição de assistência farmacêutica que ganha bastante reconhecimento e que está incluída na política nacional de medicamentos de 1988 é a que diz que a assistência farmacêutica é um grupo de atividades relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Entende-se que dentro disso temos: 1. Abastecimento de medicamentos e suas etapas de conservação e controle de qualidade 2. Garantia de segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos 3. Acompanhamento e a avaliação da utilização 4. Obtenção e difusão de informação sobre medicamentos 5. Educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade -> uso racional de medicamentos A ideia do ciclo logístico é que várias tarefas e etapas devem ser realizadas com sucesso para que tenhamos bons resultados em saúde a partir do uso de medicamento dentro de um serviço, programa ou sistema de saúde. É a ideia de um encadeamento sistemático entre essas etapas é o que garante o sucesso da assistência farmacêutica de uma maneira global. O ciclo interno (seleção -> utilização) é a primeira representação gráfica de assistência farmacêutica disponível na literatura brasileira. Embora seja uma referência antiga, é um dos melhores modelos para pensar quais são as tarefas e as naturezas do que deve ser realizado para garantir um abastecimento continuado de medicamentos seguros e adequados às necessidades em saúde da população e ao mesmo tempo promovendo condições para o bom uso. Em um segundo momento, já em uma crítica ou revisão desse conceito, entende que existem etapas prévias a este ciclo logístico que fazem parte do contexto da assistência farmacêutica, como a produção, pesquisa e desenvolvimento e o registro de produtos como medidas para a introdução de novos produtos no mercado, garantia do abastecimento e a garantia de critérios mínimos de eficácia e segurança dos produtos circulantes, e isso atrela o bom desenvolvimento da assistência farmacêutica a existência de uma boa estrutura de vigilância sanitária. A primeira etapa do ciclo logístico é a seleção. Esta é considerada a espinha dorsal dos processos da assistência farmacêutica. A seleção é o momento da tomada de decisão de quais medicamentos devem ser disponibilizados de maneira contínua aos usuários. Esse processo é baseado nos seguintes critérios: 1. Perfil dos usuários (morbidade) 2. Eficácia, segurança e efetividade 3. Formas farmacêuticas 4. Comodidade posológica 5. Custo 6. Disponibilidade no mercado A crença fundamental da seleção é que seria impossível oferecermos uma boa qualidade de atenção à saúde e de assistência farmacêutica simplesmente disponibilizando todos os produtos que existem no mercado. Embora muitos produtos alegam ter propriedades semelhantes, garantimos melhores resultados se priorizarmos aqueles com melhores evidências científicas. A etapa de programação de medicamentos responde uma segunda pergunta na assistência farmacêutica: quais são os tipos de medicamento que atendem os tipos de necessidades que a população que eu atendo apresenta? e qual a quantidade de medicamento será necessária? A programação serve para realizar a quantificação que deve ser adquirida e disponibilizada por estratégias e métodos de construção de demanda. Uma vez conhecendo quais são os produtos necessários e a quantidade, podemos entrar na etapa de aquisição. Nesta etapa será realizada a escolha de um fornecedor específico que apresente certas condições de entrega. Dentro do setor público, as tarefas da aquisição precisam respeitar uma normativa específica própria para garantir a isonomia e transparência dos processos, que são as regras de licitação pública. Porém, nos dois setores (público ou privado), o momento de aquisição é aquele que transita entre estimativas de quantidade e tipos de produtos para produtos concretos de fornecedores específicos. Então, a preocupação com a garantia da qualidade, com as especificações dos produtos, com o cronograma de entrega e com a documentação dos fornecedores são cuidados que se devem ter para que os produtos recebidos sejam produtos de qualidade e que atendam as necessidades das instituições e população que será atendida. O armazenamento são as atividades ligadas a manutenção das características de qualidade dos produtos que foram adquiridos. Em geral, são as tarefas de: 1. Receber 2. Guardar 3. Controle de estoque 4. Expedição A distribuição são as atividades destinadas a realizar o trânsito entre o armazenamento e a instituição que vai utilizar ou administrar o produto, ou quem vai realizar a entrega. O centro da ideia de distribuição é garantir a continuidade e o acesso aos produtos farmacêuticos administrados pela assistência farmacêutica. A última etapa da assistência farmacêutica no ciclo logístico é o que chamamosde utilização. O componente da utilização estão as atividades de cunho clínico como: 1. Prescrição 2. Dispensação (assegurar que o medicamento prescrito chegue ao paciente certo, em dose correta e no momento adequado) 3. Administração em unidades hospitalares 4. Seguimento 5. Adesão A utilização é o momento em que os serviços farmacêuticos encontram-se com os usuários finais e, nessa troca, tenta-se garantir o acesso ao medicamento adequado e as melhores condições de uso sem assistência. Essa primeira definição foi bastante baseada na definição de assistência farmacêutica da política nacional de medicamentos: ➔ Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informações sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos. Depois que o conceito acima começou a circular, algumas críticas apareceram dizendo que o conceito tem muito foco no medicamento como produto e para garantir um bom atendimento à população, deveria-se pensar na assistência farmacêutica como serviços destinados a algum usuário, privilegiando a promoção da saúde, a atenção integral com foco nos usuários e adequar o discurso da assistência farmacêutica ao discurso geral do SUS. Através dessa crítica iniciou-se a discussão sobre a atenção farmacêutica, que evoluiu para uma série de outros conceitos como cuidados farmacêuticos, serviços farmacêuticos clínicos, tudo isso vem no sentido de uma quinada em preocupar-se somente com a disponibilização dos produtos para aprofundar que as condições de utilização e de apoio aos usuários se manifestam melhor quando tem um serviço bem estruturado. Em 2002, o Consenso de Atenção farmacêutica definiu a AF como: ➔ Conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, e outros profissionais de saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria de qualidade de vida da população. A atenção farmacêutica no consenso é um modelo de práticas farmacêuticas, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atividades, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidade na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. O ciclo logístico e a gestão clínica são duas faces importantes para garantir o sucesso da terapia medicamentosa aplicada junto à população. Pode-se pensar na assistência farmacêutica sendo um grande guarda-chuva que envolve macroprocessos além dos processos gerenciais e clínicos, mas também processos de decisões políticas gerais. Nessa visão dos macroprocessos, imagina-se que todas essas atividades contribuem para promover o melhor nível de uso desses medicamentos para a população. Os processos estratégicos são aqueles ligados a decisões políticas gerais como de pesquisa, desenvolvimento e inovação, registro e autorização, produção e avaliação e incorporação. Já os processos de apoio são os processos de planejamento, programação, aquisição, armazenamento e distribuição. E, finalmente, os que são entendidos como processos-chave são aqueles destinados à escolha de qual medicamento/linha terapêutica é o mais adequado para cuidar daquela pessoa. A estrutura organizacional das redes terá pontos de atenção à saúde, um eixo de comunicação, sistemas de apoio, sistemas logísticos e sistemas de governança. O sistema de governança é aquilo da tomada de decisão dos fluxos de recurso e de decisão dentro de um determinado sistema para fazer a gestão daquele sistema/programa de saúde. A gestão/sistema logístico está ligada ao trânsito de informações e troca de recursos que devem circular nesta rede. Os sistemas de apoio são os sistemas que lidam com os produtos objetivamente e a assistência farmacêutica é uma delas, pois as atividades de abastecimento são necessárias para dar apoio às redes. Nos pontos de atenção básica, média e alta complexidade são os locais onde há o contato direto e as atividades da assistência farmacêutica, além de ter os sistemas de apoio, também temos as atividades de cunho clínico, o cuidado farmacêutico, a atenção direta prestada aos usuários. Atenção farmacêutica: conceitos, componentes e métodos de seguimento farmacoterapêutico A atenção farmacêutica está relacionada com os compromissos e processos de trabalhos propostos a serem desenvolvidos por profissionais da área de farmácia. Alguns elementos nos ajudam a entender como surgiu esse conceito de atenção farmacêutica no cenário brasileiro. O primeiro deles foi as mudanças no contexto da prática farmacêutica. No começo do século passado, tínhamos uma prática farmacêutica ligada à produção magistral de medicamentos/produtos farmacêuticos, e essa produção magistral era ligada a um atendimento/contato direto com os pacientes. Era nesse contato com os usuários que se definiam os produtos farmacêuticos a serem utilizados na terapêutica daquela pessoa acompanhado de toda explicação/orientação, havia um vínculo entre profissional e usuário. Com a expansão da indústria farmacêutica de base química e expansão das condições de reprodução de trabalho em grande escala, os farmacêuticos foram aos poucos se afastando dos pacientes e, com isso, o campo de atuação do farmacêutico foi expandido. Mas, recentemente, numa busca da categoria farmacêutica para se envolver novamente nos processos de cuidado, surgiu um ambiente favorável a uma série de práticas profissionais que são encaixadas em atenção farmacêutica. Nesse contexto de revalorização, surgiu a farmácia clínica, que é o único ambiente onde farmacêuticos continuavam ligados aos cuidados prestados aos usuários através do ambiente hospitalar. Dentro do ambiente hospitalar, percebia-se tantos efeitos positivos quanto alguns efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos. Então, uma proposta de grupos farmacêuticos ao redor do mundo foi de responsabilizar os profissionais de farmácia pelo alcance de resultados positivos de farmacoterapia. Não só cuidar da parte gerencial, sustentação e abastecimento de medicamentos nas unidades de saúde onde se trabalhava, mas também de realizar o avanço para responsabilização dos cuidados dessa mesma terapêutica que estava se distribuindo. Tudo isso veio ocorrendo junto com o processo de des-hospitalização. No fim dos anos 70, vários países do mundo passaram por um período de transição epidemiológica em que doenças crônicas não transmissíveis passaram a ser mais importantes no cenário epidemiológico nos países do que doenças infecciosas. Por conta disso, as doenças crônicas necessitaram de um cuidado continuado, logo, o ambiente hospitalar passou a deixar de ser um ambiente de oferta de cuidado contínuo.Ao mesmo tempo (fim dos anos 70), a OMS realizou uma proposta de criação de sistemas de saúde para universalização do direito à saúde, ou seja, que os países criassem um sistema de saúde com base na atenção básica. O foco da construção dos sistema de saúde não deviam ser a reprodução de estruturas de elevada complexidade e densidade tecnológica, mas sim a expansão de atenção primária de saúde. E, nesse contexto, também surgiu o conceito de medicamentos essenciais no escopo da OMS, propondo que medicamentos selecionados com cuidado seriam medidas bastante custo-efetivas e que poderiam ser utilizados em sistemas de saúde como um elemento de favorecimento de expansão dos cuidados à saúde nesse sistema no sentido de des-hospitalização e elevar os cuidados para o ambulatório. Isso fez com que os medicamentos virassem um dos eixos fundamentais das práticas cotidianas dos sistemas de saúde. No Brasil (anos 90), os medicamentos eram apontados como os principais causadores de intoxicação. Então todos esses elementos: mudança no contexto da prática farmacêutica, surgimento de propostas de responsabilização dos profissionais de farmácia pelos resultados clínicos, compreensão de que os sistemas de saúde deveriam focar mais na atenção ambulatorial, na desinstitucionalização dos cuidados em saúde, na expansão desses cuidados pro nível mais próximo da vida das pessoas tento o uso dos medicamentos como um dos elementos chaves para possibilitar essa transição e reconhecendo os riscos potenciais associados ao uso de medicamentos, que veio surgindo uma proposta de uma prática profissional que observe o uso de medicamentos com uma atenção especial. Além disso tudo, no Brasil, tivemos, com o SUS, um compromisso legal de fornecer, pelo sistema público brasileiro, assistência terapêutica integral como parte do direito à saúde. Isso traz implicações importantes, pois a simples oferta de produtos farmacêuticos de medicamentos não vai garantir bons resultados na saúde, mas sim a forma que esses produtos são selecionados e utilizados. Tudo isso faz parte de um contexto onde o conceito de atenção farmacêutica surge como resposta. No Brasil, com a aprovação da Política Nacional de Medicamentos (PNM), definiu-se assistência farmacêutica como grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma das suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos. O caráter de apoio citado acima foi recebido com bastante crítica por muitos profissionais dizendo que o foco dos serviços farmacêuticos não poderia ser apenas a disponibilização de produtos. Deveria haver um privilégio de oferta de serviços que garantisse a integralidade do cuidado. O foco deveria ser os usuários e não a oferta de produtos (medicamentos). Essas críticas foram se avolumando e, em 2002, foi realizada a primeira proposta de Consenso de Atenção Farmacêutica, que propõe como definição de atenção farmacêutica: Conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, e outros profissionais da saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, com como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. Ainda estamos falando de um conceito amplo, mas essa é a proposta que fez a reformulação da noção de assistência farmacêutica. As ações da assistência farmacêutica, embora que se reconheça que todo ciclo logístico que garante o adequado abastecimento seja importante, deve haver a vinculação direta com a perspectiva de obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida das pessoas. A atenção farmacêutica, nesse documento, é definida como: Modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a melhoria da qualidade de vida. Esta inte também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. As duas definições do conceito de assistência e atenção farmacêutica presente no consenso foram incorporadas, em 2004, na Política Nacional de Assistência Farmacêutica. No documento de 2002, foi definido macro-componentes para atenção farmacêutica: 1. Educação em saúde (incluindo promoção do uso racional de medicamentos); 2. Orientação farmacêutica; 3. Dispensação; 4. Atendimento farmacêutico; 5. Acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico; 6. Registo sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados. Atendimento farmacêutico: É o ato em que o farmacêutico, fundamentado em sua práxis, interage e responde às demandas dos usuários do sistema de saúde, buscando a resolução de problemas de saúde, que envolvam ou não o uso de medicamentos. Esse processo pode compreender escuta ativa, identificação de necessidades, análise da situação, tomada de decisões, definição de condutas, documentação e avaliação, entre outros. Acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico: É um componente da Atenção Farmacêutica e configura um processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), de forma sistemática, contínua e documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário. Problema Relacionado com Medicamento (PRM): É um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário. Intervenção farmacêutica: É um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico. Atenção farmacêutica e farmacovigilância: A atenção farmacêutica é uma das entradas do sistema de farmacovigilância: identificação e avaliação de problemas/riscos relacionados à segurança, efetividade e desvios da qualidade de medicamentos. A farmacovigilância retro-alimenta a atenção farmacêutica e a assistência farmacêutica através de alertas e informes técnicos, informações sobre medicamentos que consiste na seleção de medicamentos, protocolos clínicos, entre outros. Propõe-se que o segmento farmacoterapêutico seja uma prática farmacêutica clínica centrada nos pacientes com o objetivo de fazer com que eles tenham o máximo de benefícios com a terapia medicamentosa em uso. Reafirmando, mais uma vez, o processo contínuo de acompanhamento da farmacoterapia realizado por profissionais de saúde. Os métodos de seguimento farmacoterapêuticos são baseados em problemas. Os problemas da farmacoterapia são aqueles relacionados a medicamentos,um grupo de eventos que são buscados e que devem ser resolvidos ou prevenidos pelos farmacêuticos. Os principais métodos são o PW (pharmacotherapy workup) e dáder. Os dois métodos se baseiam na análise da indicação ou necessidade do medicamento, da efetividade e segurança da medicação como forma de diagnosticar problemas. O dáder vai enfatizar que problemas relacionados a medicamentos são resultados clínicos negativos, ou seja, os erros de medicação, se não provocarem resultados clínicos negativos, não são encarados como problemas relacionados a medicamentos. Uma base para esse processo de atenção farmacêutica é o que chamamos de método subjetivo, objetivo, analisar e planejar. Primeiramente, inicia-se com uma entrevista geral para entender a situação clínica do paciente, seu histórico, suas queixas e problemas, que é a parte subjetiva da entrevista. A parte objetiva consiste em uma revisão dessa narrativa construída junto ao paciente para buscar efetivamente os problemas. Isso se faz com a análise da situação do paciente, revisão da farmacoterapia, revisão de um histórico, identificando os problemas que podem ser realizados. A partir dessa identificação, analisa-se e se propõe um plano de cuidado: O que deve ser mudado? O que deve ser revisto? É preciso realizar um novo consenso junto com o profissional que prescreveu aquela terapêutica? É preciso mudar algum parâmetro? E, por fim, documenta-se esse processo e essas resoluções do plano terapêutico e, então, se agenda um retorno/seguimento. Abaixo, podemos ver uma comparação entre esses parâmetros no método dáder e no método PW: Os dois métodos tem um modo de raciocínio para problemas relacionados a medicamentos, que se baseiam na ideia de farmacoterapia ideal. Em uma farmacoterapia ideal, os problemas de saúde que podem ser resolvidos utilizando medicamentos estão presentes e nenhum medicamento desnecessário está presente na farmacoterapia. Na farmacoterapia ideal, os pacientes compreendem e são capazes de cumprir as recomendações, além de concordarem com o que foi proposto. Os resultados esperados pela farmacoterapia estão sendo alcançados? Então, estamos tentando mudar um parâmetro. O balanço com relação a efetividade é a coerência entre o tratamento que está sendo realizado e os resultados. Uma vez identificado o problema, algumas intervenções podem ser realizadas. Que podem ser: Seleção e aquisição de medicamentos Cada país, estado, município ou serviço de saúde possui a prerrogativa de determinar quais medicamentos serão selecionados para compor o seu elenco com base: 1. Na situação epidemiológica; 2. Nas melhores evidências em saúde; 3. Nas prioridades definidas pela gestão; 4. Nos recursos financeiros disponibilizados para esta finalidade; 5. Na oferta de serviços de saúde. A seleção de medicamentos é uma das etapas mais expressivas da atividade política em um processo de reorganização da assistência farmacêutica. Nela estarão aflorando, de forma mais intensa, os conflitos entre a liberdade clínica, as influências e os interesses comerciais e os interesses da racionalização do consumo de medicamentos. Ao selecionar os medicamentos, precisamos ter como base a relação nacional de medicamentos essenciais (RENAME). Segundo o Art. 27°, o estado, o distrito federal e o município poderão adotar relações específicas e complementares de medicamentos, em consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores. Legislações que embasam a seleção: 1. Portaria GM/MS n° 1/2015 - RENAME; 2. Portaria GM/MS n° 1555/2013 - CBAF; 3. Portaria GM/MS n° 1554/2013 - CEAF; 4. Deliberação 501/CIB/2013; 5. Deliberação 501/CIB/2014 - SAMU. A seleção é um processo regular, dinâmico, participativo, multiprofissional e multidisciplinar, executado por membros escolhidos com base em um perfil profissional e científico e apresenta comprovada isenção de conflitos de interesse sobre o que está sendo julgado. Comissão de Farmácia e Terapêutica - CFT: Comissão de caráter consultivo, de preferência deliberativo e de assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, e com as seguintes atribuições: 1. Seleção de medicamentos; 2. Elaboração de documentos como protocolos clínicos e terapêuticos, pareceres técnicos e científicos, formulários terapêuticos e outros; 3. Avaliação do uso dos medicamentos selecionados. A CFT pode ser municipal ou regional, vai depender da organização dos municípios. A CFT deve ser multiprofissional e multidisciplinar. Além disso, a comissão pode ter consultores esporádicos. O elenco de medicamentos padronizados poderá ser municipal, Relação Municipal de Medicamentos (REMUNE) ou regional, Relação Regional de Medicamentos (REREME). Segundo a OMS, este elenco deve ser regularmente atualizado e sua apresentação acompanhada de um lançamento oficial, de treinamento e disseminação. A REMUNE ou REREME deve ser: 1. Formalmente constituída; 2. Aprovação do gestor se necessário; 3. Aprovação em CMS, conforme a Lei 12.401/2011; 4. Divulgação para os prescritores; 5. Transparência do processo e divulgação da lista; 6. Atualização frequente. Como podemos no serviço público, adquirir adequadamente, respeitando as formalidades previstas em lei? 1. Qualificação do processo; 2. Fluxos e rotinas; 3. Atribuições e responsabilidades; 4. Legislação; O objetivo do processo de aquisição é garantir a disponibilidade de medicamentos e a qualidade dos produtos adquiridos. A portaria 1555/2013 permite a aquisição na forma de atas estaduais de registros de preço ou consórcios de saúde. Isso proporciona aos municípios menores usufruir de maior poder de compra e da infraestrutura administrativa. Câmara técnica de assistência farmacêutica - CTAF: É um órgão consultivo, de assessoramento técnico às Secretarias Municipais de Saúde nas questões que dizem respeito à assistência farmacêutica. Programação e aquisição final A programação visa garantir a disponibilidade de medicamentos. Para que isso ocorra, é necessário que tenha ocorrido uma boa seleção dos medicamentos e que tenha calculado as quantidades adequadas para atender a necessidade da população-alvo. A estimativa das necessidades possuem uma relação direta com o nível de acesso aos medicamentos e o nível de perda desses produtos. A programação de medicamentos tem como objetivo: 1. Identificar as quantidades de medicamentos necessários para atender à demanda da população; 2. Evitar as compras e perdas desnecessárias; 3. Evitar descontinuidade no suprimento; 4. Definir prioridades, ou seja, quais medicamentos devem ser adquiridos frente à disponibilidade de recursos. A organização da AF começa a definir a lista de medicamentos. Até 2011, falava-se das relações estaduais de medicamentos e das relações municipais de medicamentos. A partir do decreto n° 7508/2011, a RENAME passou a ser fonte principal para a elaboração das relações regionais de medicamentos. O ministério da saúde mantém a lista de medicamentos essenciais atualizada de modo permanente. Um ponto importante da organização da AF se dá através da sua forma de financiamento. Primeiramente temos o componente básico, que consiste no repasse de recursos ou compra centralizada de alguns medicamentos para o abastecimento da atenção básica. O componente especializado, que apresenta um financiamento tripartite ou bipartite, trata de medicamentos que seguem protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas. O componente estratégico que atende aos medicamentos para perfil endêmico e, principalmente, para que tenham impacto socioeconômico. O programa de farmácia popular que tem como objetivo ampliar o acesso aos medicamentos e possuem no seu elenco medicamentos que atendem as doençasmais comuns dentre seus cidadãos. E a média e alta complexidade é composta pelas UPAS, SAMU, CAPS, hospitais ou centros de especialidades. Os métodos de programação devem ser escolhidos tendo em vista os recursos e informações disponíveis. Tendo claro que temos necessidade em comum a partir do conhecimento da rede na qual está inserida a unidade ou serviço e a qualidade dos serviços para os quais se está programando o abastecimento de medicamentos. Perfil epidemiológico: Nos ajuda a identificar as doenças e os agravos mais recorrentes, o que permite garantir a disponibilidade dos medicamentos, evitando que se compre mais ou menos do que se necessita. A determinar a taxa de morbimortalidade para grupos específicos por idade ou gênero. A taxa de morbimortalidade apresenta o impacto das doenças e das mortes que incidem em uma sociedade. Também é importante relacionar os medicamentos segundo o protocolo, considerando a primeira e a segunda escolhas e os esquemas de tratamento. E por fim estimar a quantidade de medicamentos necessária para tratar a população-alvo prevista para adoecer por condição de saúde. Neste caso o cálculo para a programação de medicamentos de dá por: Dose/(dia x duração do tratamento x população-alvo) Oferta de serviços: Na oferta de serviços o primeiro ponto a ser observado é a avaliação dos registros de atendimento. Essa avaliação se dará através da sistematização das informações, que se dá através do cálculo: diagnósticos mais comuns e frequência de doenças/período de tempo Além disso, é necessário verificar os esquemas terapêuticos e estimar as necessidades totais que se dá pelo cálculo: número de casos de enfermidades atendidas por ano/quantidades estimadas para cada tratamento A oferta de serviços também precisa ser desenhada de forma a atender os esquemas terapêuticos preconizados. E, por fim, estimar as quantidades a adquirir e calcular o custo dessa estimativa. Consumo histórico: É importante destacar que o consumo histórico não requer dados de morbimortalidade ou de esquemas terapêuticos e seus cálculos são bem simples. Primeiro porque se pode utilizar estimativas por aproximações dos dados de fornecimento. Entretanto, isso traz um risco de subestimativa ou superestimativa. O ideal é que seja levantada uma série histórica de consumo de medicamentos representativos no tempo. Quanto maior for o tempo, maior a precisão e segurança dos dados utilizados. Neste caso, para o Consumo Médio Mensal (CMM), o cálculo deve se dar por: total consumido no período/número de meses em que esteve disponível e foi utilizado Ex: Uma determinada cidade precisa programar sua compra de medicamentos, uma vez que houve o desabastecimento do medicamento Captopril que gerou transtornos à população. Para isso, os profissionais da AF optaram por um método que preveja a necessidade mensal: o CMM. Por meio do relatório emitido pelo sistema hórus, foi possível avaliar que 2000 unidades do medicamento foram consumidas em 4 meses que o medicamento estava disponível em todo o período. Assim, o CMM do medicamento foi de 500 uni/mês. Se as mesmas 2000 unidades de Captopril foram consumidas durante um mesmo período, mas, por razão de desabastecimento, esse medicamento esteve em falta por 3 meses, então o consumo médio pode ser estimado em 500 uni/mês, mas o resultado é pouco preciso. Como podemos realizar o cálculo nessa situação? Nesse caso acima, foi apontado que o CMM de 500 uni/mês corresponde apenas a 25% do CMM real. Como foi visto, um cálculo errado pode gerar o desabastecimento de medicamentos. O CMM é fundamental para: 1. Calcular a necessidade para o período da programação; 2. Estimar as quantidades a adquirir; 3. Calcular o custo estimado. Consumo Ajustado: O consumo ajustado é empregado em situações em que não se tem disponibilidade alguma de dados, como qual foi o consumo de medicamentos, dados demográficos ou qual é o perfil epidemiológico do local. O consumo ajustado é uma estimativa grosseira da demanda, não levando em consideração quaisquer parâmetros locais utilizando dados de cobertura de serviços e da complexidade dos mesmos. Geralmente, emprega uma área padrão e extrapola as taxas de consumo e utilização para o serviço chamado alvo. Ex: O gestor de saúde do município A, cuja população é de 90 mil habitantes, gostaria de programar para 12 meses as compras de sulfato ferroso, que tem o preço unitário de 0,02 centavos. Entretanto, ele desconhece o número de atendimentos. Para realizar os cálculos, ele extrapola esses dados ao município vizinho B, que possui 100 mil habitantes e atende, em média, 35 mil pessoas/mês. No período de 15 meses, observou-se o consumo de 35,750 unidades de sulfato ferroso oral. Entretanto, foi apontado pela farmacêutica que houve um desabastecimento de 60 dias durante esses 15 meses. O primeiro passo para realizar o cálculo é descobrir a taxa de consumo real do município B: Demanda real = 35.750 unidades - 13 meses = 2750 uni/mês. Taxa de consumo real: demanda real/número de habitantes TCR = 2750 unidades/100000 hab = 0,027. A partir dessa taxa, o gestor pode estimar a quantidade de sulfato ferroso necessária para a aquisição no município A. A quantidade estimada no município A é igual a 0,0275 multiplicado pelo número de habitantes, que é 90 mil, dando um resultado de 2475 unidades por mês. Entretanto, é necessário adicionar percentuais para cobrir eventuais perdas, já que a estimativa é bastante grosseira. Assim, será necessário realizar uma conta onde o cálculo se dá pela quantidade estimada + 15% (estimativa de perda), ou seja, teremos 2.478 + 15% = 2.846 uni/mês. Em seguida, poderá ser estimado o custo unitário e total. Após o cálculo da quantidade a se adquirir, é importante estimar o prazo para aquisição, tendo como base o estoque existente. O custo estimado deve ser calculado com base nos valores médios de mercado para compras semelhantes em quantitativo e modalidade, e valores da última compra. Aquisição de medicamentos: “O medicamento é um insumo estratégico de suporte às ações de saúde, cuja falta pode significar interrupções no tratamento, o que afeta a qualidade de vida dos usuários e a credibilidade dos serviços farmacêuticos e do sistema de saúde como um todo.” A aquisição de medicamentos deve ser feita com base na agilidade, confiabilidade, preços competitivos, quantidade, qualidade e custo-efeito. Com isso, se garante o suprimento das unidades de saúde e impede a irregularidade do funcionamento do sistema. Da mesma forma, se promove com uma correta aquisição, o uso racional de medicamentos. A primeira pergunta antes da aquisição dos medicamentos foi: o que comprar?, que é a etapa de seleção. Posteriormente foi realizada a programação (Quando e quanto comprar?). Por fim, temos a terceira pergunta: Como comprar?, que é a etapa de aquisição. Para isso deverão ser adotadas as formas mais adequadas a cada situação, em conformidade com a legislação vigente e o valor estimado para o objetivo. “Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização do seu objetivo e indicação dos recursos orçamentários para o seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado a causa” (Lei nº 8.666/93) A portaria nº 1.555, de 30 de julho de 2013, trata de medicamentos e insumos da Assistência Farmacêutica Básica. Lá está previsto que o financiamento se dará através do repasse da União de R$ 5,10 para aquisição de medicamentos constantes dos anexos I e IV da RENAME vigente. Estados, Distrito federal e Municípios repassam R$ 2,36 para aquisição de medicamentos dos mesmos anexos e também para a garantia de insumos para os insulinodependentes. A licitação é um procedimento administrativo obrigatório. A administração pública, seleciona, entre várias propostas referentes a compras, obras ou serviços,a que melhor atende ao interesse público. E vai celebrar o contrato com a proposta mais vantajosa. Art. 37, inciso XXI, regulamentado pela Lei Federal nº 8.666/1993 impõem à administração pública o dever de licitar. Fica claro que a aquisição de medicamentos deve ser feita obrigatoriamente através de licitação. Modalidades de licitação: 1. Convite; 2. Tomada de preços; 3. Concorrência; 4. Pregão; 5. Dispensa de licitação. Seja qual for a modalidade, esta deverá obedecer a critérios técnicos e legais. Portanto, a modalidade de licitação pode ser definida pela forma qual se conduz o procedimento licitatório, a partir de critérios estabelecidos pela lei nº 8.666/1993. O que diferencia as modalidades de licitação é o valor estimado da licitação/compra. Para cada modalidade de licitação, há valores limites estabelecidos, exigências específicas de procedimentos, formalização do processo e prazos. Convite: Utilizado para aquisições que vão entre 8k e 80k. Deve-se ter no mínimo três concorrentes e o prazo de divulgação é de, no mínimo, 5 dias úteis. Tomada de preços: Utilizado para aquisições que vão entre 80k e 650k. Deve-se ter no mínimo três concorrentes e o prazo de divulgação é de, no mínimo, 15 dias úteis. Os meios de divulgação são o diário oficial e jornal de grande circulação. Concorrência: Utilizado para aquisições acima de 650k. Deve-se ter no mínimo três concorrentes e o prazo de divulgação é de, no mínimo, 30 dias úteis. Os meios de divulgação são o diário oficial e jornal de grande circulação. Pregão: Recomendada pelos órgãos de controle. A escolha da modalidade Pregão não é feita pelo valor estimado da contratação, mas pela natureza do bem. Ao contrário das demais modalidades, o Pregão destina-se a aquisições de qualquer valor desde que seja um bem comum. É uma modalidade de licitação instituída pela Lei nº 10.520/2002. Existem dois tipos de pregões: 1. Pregão presencial: realizado com a presença dos representantes legais das empresas; 2. Pregão eletrônico: realizados utilizando-se de meios eletrônicos. Registro de preços: Aplicados nas modalidades de concorrência ou pregão. Quando usar? a) Quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes. b) Quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços necessários à administração para o desempenho de suas atribuições. c) Quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo. d) Quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela administração. O registro de preços, que é regularizado pelo decreto federal nº 7.892, de 23/01/2013, permite licitar e registrar o preço por 12 meses e renovar pelo mesmo período, mas não obriga a compra, e também permite a adesão a atas de registro de preços. As suas vantagens são: 1. Múltiplas e simultâneas licitações para um mesmo objeto; 2. Não manutenção de grandes estoques visto que a licitação já foi realizada e as contratações podem ser até mensais; 3. Processo simplificado e rápido, pois elimina a etapa de licitação já realizada que resultou na Ata de Registro de Preços. Dispensa de Licitação: A lei nº 8666/93 prevê as situações em que a contratação não decorre de licitação. São os casos de dispensação de licitação (previstos no art. 24) e de inexigibilidade de licitação (exemplificados no art. 25). A dispensa de licitação ocorre nos casos em que há competição, mas a licitação afigura-se objetivamente inconveniente ao interesse público. E ocorre com aquisições com valores de até 8k. A inexigibilidade é um caso em que é inviável a competição e, portanto, não se aplica o dever de licitar. Em ambas as situações, a formalidade processual deve ser mantida: 1. Justificativa da necessidade de aquisição; 2. Demonstração de que os preços são compatíveis com os de mercado; 3. Recursos orçamentários; 4. Ato de dispensa ou de inexigibilidade de licitação. Para subsidiar o processo licitatório é preciso realizar uma pesquisa de preços para o mercado e em bases públicas de preços. Também é importante ressaltar que deve exigir o cumprimento por parte do licitante das normativas da câmera de medicamentos da Anvisa (CMED), com Preço Máxima de Venda ao Governo (PMVG).
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