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A hora do planeta opinião pública

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A HORA DO PLANETA – OPINIÃO PÚBLICA 
YAGUI, Mirian Midori Peres 
 
 
 
Resumo 
 
 
Este trabalho tem como intuito identificar e compreender quais as estratégias utilizadas pela 
organização não-governamental WWF para atingir a opinião pública por meio da ação global por ela 
desenvolvida, denominada Hora do Planeta. Sua elaboração tem por objetivo apresentar uma 
discussão teórica embasada nos principais autores que tratam sobre as questões diretamente 
ligadas à formação da opinião pública e aplicar esses conceitos na análise desta ação 
implementada pela WWF. 
Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se a bibliografia indicada no segundo módulo do curso de 
especialização lato sensu Gestão da Comunicação: Políticas, Educação e Cultura, além do 
conteúdo apresentado em sala de aula. A partir da análise, foi possível verificar que a Hora do 
Planeta apresenta outros interesses que vão além da mobilização da sociedade. 
 
 
Palavras-chave: Opinião Pública. WWF. Hora do Planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução .................................................................................................................................. 4 
2. Objeto de estudos: WWF .......................................................................................................... 5 
2.1 A Hora do Planeta ................................................................................................................. 6 
 
3. Referencial Teórico.................................................................................................................... 7 
4. Estratégias ................................................................................................................................ 10 
5. Considerações Finais ............................................................................................................... 14 
6. Referências ............................................................................................................................... 15 
6.1 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 15 
6.2 Referências Digitais ............................................................................................................ 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
1. Introdução 
 
 
Este trabalho tem como intuito analisar as estratégias utilizadas pela organização não-
governamental WWF para atingir a opinião pública por meio da campanha de mudança social 
denominada Hora do Planeta. 
Segundo Kotler (1989, p.06), uma campanha de mudança social é um esforço organizado, 
conduzido por um grupo (o agente de mudança), o qual pretende persuadir outros (o público-alvo) a 
aceitar, modificar, ou abandonar certas idéias, atitudes, práticas e comportamentos. 
 A Hora do Planeta constitui-se numa ação de mobilização da sociedade com o objetivo de 
envolvê-la no combate ao aquecimento global. Mas trata-se não apenas de uma mobilização social, 
mas também de uma grande estratégia publicitária para o reconhecimento do papel da WWF no 
mundo, o que numa análise mais profunda poderia gerar, conseqüentemente, uma maior adesão 
por parte dos indivíduos na filiação, nas doações e nas parcerias corporativas com esta 
organização. Ao mesmo tempo, as empresas que associam o seu nome a essa campanha, além de 
financiarem a causa da WWF, apresentam-se com empresas responsáveis social e ambientalmente, 
bem como divulgam o seu nome nacional e mundialmente. 
Para compreender todo esse contexto, este trabalho primeiramente apresentará um breve 
histórico sobre a WWF e a Hora do Planeta no Brasil e no Mundo. Posteriormente, realizará uma 
discussão teórica abordando alguns aspectos sobre opinião pública, como o seu conceito, quais 
fatores influem sua formação, o papel da tecnologia e das fontes de informação em sua constituição 
e o acesso a essas fontes de informação, discutindo sobre a inclusão digital. Este conteúdo servirá 
para o embasamento teórico da análise das estratégias utilizadas pela WWF na efetivação da Hora 
do Planeta e para atingir a opinião pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
2. Objeto de estudos: WWF 
 
 
 
Evolução do logo. (Fonte: www.wwf.org.br) 
 
O WWF é uma organização não-governamental com atuação em mais de cem países e o 
apoio de cerca de cinco milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários. 
Ela atua no Brasil desde a década de 1970, apoiando projetos de conservação da 
natureza e teve grande visibilidade no auxílio ao programa de conservação do mico-leão-dourado 
e ao projeto Tamar. 
Entre as décadas de 1980 e 1990, muitos projetos desenvolvidos por estudantes e 
pesquisadores brasileiros eram financiados por diferentes organizações sociais da rede WWF, 
como a WWF-EUA e a WWF-Reino Unido. 
Logo se tornou necessária a criação de um escritório de representação no Brasil, o que 
ocorreu em 1990. Essa unidade era mantida pelo WWF-EUA e, ao longo dos anos, foi crescendo 
continuamente, recebendo em 1994 uma autorização para criar sua estrutura própria. 
No ano de 1996, foi criada oficialmente a WWF-Brasil, sediada em Brasília e cujo 
objetivo é desenvolver atividades de apoio à pesquisa, legislação e políticas públicas, educação 
ambiental e comunicação, com a parceria de ONGs regionais, universidades e órgãos 
governamentais. Com a criação desta sede, a instituição passa a ser mantida também com o apoio 
de doadores, filiados e parcerias corporativas. 
 6 
De modo geral, e de acordo com a sua missão, a WWF visa contribuir para que “a 
sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando a atividade humana com a conservação 
da biodiversidade e com o uso racional dos recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de 
hoje e das futuras gerações” (WWF, 2010). 
Este trabalho tratará especificamente sobre a iniciativa global da WWF denominada 
Hora do Planeta (Earth Hour), que tem por intuito mobilizar pessoas, empresas e governo para 
mostrar seu apoio pelo combate ao aquecimento global. 
 
 
2.1 A Hora do Planeta 
 
 
Campanha publicitária. (Fonte: www.earthhour.org) 
 
A Hora do Planeta é um ato simbólico no qual, governos, empresas e cidadãos são 
convidados a apagar as luzes pelo período de uma hora para mostrar seu apoio ao combate ao 
aquecimento global. É uma forma de comunicação entre os próprios manifestantes e entre estes e 
seus governos. 
Segundo a WWF, em nível global, a Hora do Planeta é uma das ações que serão 
desenvolvidas para que a população se manifeste de forma a influenciar as autoridades locais e 
mundiais para a redução das emissões globais de gases de efeito estufa. 
A Hora do Planeta teve início em 2007, em Sydney, quando 2,2 milhões de pessoas e 
mais de duas mil empresas apagaram as luzes por uma hora para mostrarem seu apoio ao 
combate ao aquecimento global. 
Só um ano depois a Hora do Planeta tornou-se um movimento com mais de cinquenta 
milhões de pessoas dentre os trinta países participantes. Marcos e monumentos importantes das 
cidades apagaram suas luzes durante essa mobilização. 
 7 
Em março de 2009, centenas de milhares de pessoas participaram da terceira Hora do 
Planeta. Oficialmente foram quatro mil cidades em oitenta e oito países, o que tornou a Hora do 
Planeta 2009 a maior iniciativa no mundo relacionada às mudanças climáticas globais. 
Nesse ano, milhões de brasileiros apagaram as suas luzes e mostraram sua preocupação 
com o aquecimento global. No total cento e treze cidades brasileiras, incluindo treze capitais, 
participaram da Hora do Planeta 2009. Ícones como o Cristo Redentor, a Ponte Estaiada, o 
Congresso Nacional e o Teatro Amazonas ficaram no escuro por sessenta minutos. 
Em 2010, esse movimento ultrapassou os números de 2009, com cento e vinte e nove 
paísesparticipantes. 
Este trabalho irá analisar, com base no referencial teórico apresentado a seguir, as 
estratégias utilizadas pela WWF para atingir a opinião pública por meio da Hora do Planeta. 
 
 
3. Referencial Teórico 
 
 
A opinião pública, segundo Glynn (et al, 1999), possui cinco diferentes definições. A 
primeira compreende a opinião pública como norma social, crença da maioria, ou seja, como 
elemento construído socialmente. A segunda entende que ela é constituída pela soma das 
opiniões individuais. A terceira e a quarta abordam a opinião pública como formada pela pressão 
dos grupos de interesse e como opinião da mídia e da elite respectivamente. Estas duas últimas 
definições estão ligadas diretamente com a questão da imposição e da hegemonia. E, finalmente, 
a quinta que a define como não existente. 
A autora afirma que para assumir uma dessas definições, há a influência de alguns 
fatores, tais como: “o tipo de pesquisa que está sendo realizada; as condições históricas [que] 
freqüentemente ditam o tipo de definição utilizada; o tipo de tecnologia existente em uma 
sociedade em particular, num determinado momento”. (GLYNN et al, 1999) 
Nesse contexto, Augras (1978) expõe mais alguns fatores que não só influenciam na 
adoção de uma daquelas definições, mas também influem na formação da opinião. Dentre eles 
estão os fatores psicológicos, que abrangem o nível interpessoal, ou seja, a formação de atitudes e 
opiniões, motivações e mecanismos de defesa; os fatores sociológicos que tratam sobre o nível 
 8 
social e o espaço onde são constituídas as atitudes do grupo; e os fatores circunstanciais que 
abordam o nível histórico, como acontecimentos que levam a conscientização da opinião pública. 
É possível citar algumas características que ajudam a compreender a opinião pública de 
uma forma mais ampla e generalizada. Primeiramente, a opinião pública é dinâmica, muda de 
acordo com as situações. Essa mudança pode ocorrer por meio da consistência e repetição de uma 
determinada informação, bem como pela intensidade das ações. 
Outro ponto a ser mencionado é que uma maneira de pensar pode ganhar o coletivo, 
pois, como reflete Augras (1978, p.12), “a existência da opinião não aparece independente da de 
líderes de opinião”. 
De modo geral, segundo a autora (ibidem, p.16), “a opinião é consciente, carrega em si 
uma intenção de racionalidade, se situa no plano emocional e é um fenômeno social”. Sua 
expressão se torna mais relevante na medida em que os meios de comunicação se desenvolvem, 
mas também, a partir das estratégias de comunicação pode ocorrer a manipulação da opinião por 
meio do discurso. 
Nesse contexto, nota-se a importância do papel da imprensa na formação da opinião 
pública e na disseminação de informações e opiniões. A liberdade de imprensa, ou seja, esse livre 
fluxo de informações, permite que o regime democrático funcione, como expõe Bucci 
 
A democracia guarda, nos seus fundamentos, o princípio de que o poder 
emana do povo e em seu nome é exercido. Disso resulta que, sem o livre fluxo de 
informações e opiniões, o regime democrático não funciona, a roda não gira. A 
delegação do poder e o exercício do poder delegado dependem do compartilhamento 
dos temas de interesse público entre os cidadãos. Quanto mais inclusiva, mais a 
democracia se empenha em expandir o universo dos que têm acesso à informação e 
garante transparência na gestão da coisa pública. [...]. (BUCCI, 2008, p. 46) 
 
Nesse sentido, ainda segundo o mesmo autor, para que a imprensa cumpra o papel de 
informar, é necessário que ela fiscalize o poder, pois só a partir desta fiscalização será possível 
limitar o exercício do poder na democracia. Esse poder não se caracteriza apenas pelos governos 
e partidos políticos, mas também “a essas novas formas de poder que se armam no âmbito do 
mercado, formalmente fora do Estado” (ibidem, p.48), como os meios de comunicação. 
Outro autor que trata sobre a questão da democracia vinculada ao livre acesso às 
informações é Ferrari (2000). Segundo o autor 
 
 9 
Se democracia significa liberdade e igualdade no gozo de direitos e de 
oportunidades, parece claro que a informação livre, como acentuado no início, dela 
constitui um fundamento essencial. A palavra que nos interessa deve ser lida, antes de 
mais nada, separando-se o seu prefixo inicial: in-formação. Compreende-se assim que 
“informação” não é somente “o ato de informar” como diz o vocabulário, mas em geral 
é parte essencial do processo de formação de conhecimentos, de opiniões e, portanto, da 
própria personalidade do indivíduo: a parte que age mediante a interação do sujeito com 
o mundo externo (ibidem, p.165) 
 
A liberdade de informação muitas vezes é compreendida apenas sob o ponto de vista da 
gestão sem censura das informações. No entanto, ela vai além disso também abrangendo a 
liberdade de aceder as fontes de informação. 
Decerto, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) permitem o exercício da 
democracia, no entanto, o acesso a essas tecnologias ainda é restrito. Este fato suscita a questão 
da inclusão digital, que não se resume apenas ao acesso a computadores e conexões da internet, 
pois abrange um complexo conjunto de fatores, como “recursos e relacionamentos físicos, 
digitais, humanos e sociais. Para proporcionar acesso significativo a novas tecnologias, o 
conteúdo, a língua, o letramento, a educação e as estruturas comunitárias e institucionais devem 
todos ser levados em consideração”. (WARSCHAUER, 2006, p.21) 
Segundo o autor, as tecnologias de informação e comunicação não consistem numa 
variável externa a ser inserida, como são vistas pela concepção usual da inclusão digital, mas sim, 
se entrelaçam de maneira complexa nos sistemas e processos sociais. A partir desse ponto de 
vista, nota-se a importância de não dar apenas um enfoque ao acesso à tecnologia, mas ver a 
utilização da TIC como um processo de inclusão social. 
Portanto, é necessário criar políticas para expandir o acesso e o uso da TIC para 
promover inclusão social. Essas políticas, segundo Warschauer, podem abranger desde a 
disponibilização de recursos para as pesquisas voltadas ao desenvolvimento de computadores e 
acesso à internet de baixo custo, até o incentivo para a realização de pesquisas para compreender 
melhor o que pode acarretar o acesso restrito a TIC. 
 
De modo similar, como defensores sociais, podemos trabalhar para distribuir 
equipamento de informática, mas também como um passo na direção de um propósito 
maior de ajudar as pessoas a participar plenamente da economia da informação e da 
sociedade de rede. Essa participação, além de requerer acesso físico a computadores e à 
conectividade, também exige acesso a habilidades e ao conhecimento, ao conteúdo e à 
língua, e à comunidade a ao apoio social precisos, para ser capaz de utilizar a TIC para 
finalidades significativas. As tarefas são imensas, assim como o desafio: reduzir a 
marginalização, a pobreza e a desigualdade, e estender a inclusão social e econômica 
para todos. (WARSCHAUER, 2006, p.289) 
 10 
 
Todo esse processo para a inclusão digital e conseqüente inclusão social não será 
completo, democrático, se o acesso às informações provindas das TICs vierem de uma única 
fonte, ou seja, se houver a monopolização das fontes informativas. 
A informação unilateral “direciona a personalidade para canais preestabelecidos, 
limitando objetivamente a oportunidade de escolha e a capacidade crítica do indivíduo, 
prejudicando desta forma a sua participação nos processos democráticos” (FERRARI, 2000, 
p.165), além de contaminar o processo de formação das opiniões. 
Dentro dessa perspectiva encontra-se a questão do direito de informar e ser informado. 
O direito de informar consiste no direito de constituir e gerir fontes de informação, enquanto que 
o direito de ser informado é o direito a aceder às fontes de informação, a umapluralidade de 
fontes informativas diferenciadas entre elas. É na efetivação destes direitos que se constitui a 
democracia. Aliás, não só a constitui, mas também é funcional aos seus propósitos, como 
descreve Ferrari (2000, p.171) 
 
Quanto mais o poder é concentrado, mais se restringe a área “privada” na 
qual não se admitem interferências dos detentores do poder “público”. Quanto mais o 
poder é concentrado, mais seus detentores procuram, com específicos instrumentos 
normativos, definir como “público” seu interesse pessoal e protegê-lo como tal. Uma 
democracia é tão mais sólida quanto mais o poder seja subdividido, fragmentado em 
uma gama de centros capazes de se controlarem reciprocamente. A multiplicação das 
fontes de informação é, portanto, funcional à própria democracia. 
 
Portanto, multiplicar as fontes de informação, bem como ampliar o seu acesso é garantir 
o direito do cidadão, possibilitar que este construa conhecimentos e opiniões, e permitir que o 
regime democrático funcione. 
 
 
4. Estratégias 
 
Para atingir a opinião pública, a WWF utilizou diversas estratégias na viabilização da 
Hora do Planeta. 
Primeiramente, se aproveitaram do momento histórico em que as questões sobre o 
aquecimento global estavam em alta. Momento este em que houve o lançamento do filme An 
Inconvenient Truth produzido por Al Gore, o qual tratava sobre o aquecimento global; a 
 11 
publicação do relatório Stern sobre os efeitos da mudança climática; e a divulgação do relatório 
sobre os riscos do aumento das temperaturas elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre 
Mudança Climática (IPCC). 
Nesse contexto, pode-se fazer um paralelo com o fator circunstancial abordado por 
Augras (1978), no qual os acontecimentos históricos podem levar a conscientização da opinião 
pública. Portanto, já existia um princípio de mobilização mundial com relação às questões 
voltadas ao aquecimento global, que poderia ser alavancado por meio de uma grande campanha 
publicitária denominada Hora do Planeta. 
O início do planejamento e elaboração dessa ação de mobilização foi feito em conjunto 
com a agência de publicidade Leo Burnett em Sydney, com o intuito de envolver os australianos 
sobre a questão das alterações climáticas. Eles já tinham a intenção de desenvolver o conceito de 
grande escala “desligar”, o qual inicialmente teve o título de The Big Flick. Posteriormente, 
verificaram que o nome se restringia muito ao “apagar as luzes”, o que distanciava o projeto do 
propósito inicial de mobilização para as mudanças climáticas. A agência Leo Burnett, então, 
criou o nome Earth Hour permitindo ampliar o foco da campanha do simples apagar de luzes para 
a questão da sustentabilidade. 
O conceito do Earth Hour foi levado para a maior companhia de media da Austrália e 
Nova Zelândia, Fairfax Media, com o pedido de que apoiassem o evento, o qual foi aceito. 
Portanto, esse evento foi anunciado em jornais, revistas, rádio e websites influentes nesses dois 
países. 
Em sua obra, Kotler (1989, p.11) abordou a questão de que quanto mais a campanha de 
mudança social se assemelha a campanha comercial de um produto, mais sucesso ela obterá. É o 
que ocorre com a Hora do Planeta, que foi elaborada como uma grande campanha comercial, com 
o auxílio de publicitários, além de sua veiculação nas grandes mídias. 
O autor também aborda alguns pontos identificados por Lazarsfeld e Merton para que 
uma campanha de informação de massa orientada pela media seja bem sucedida. O primeiro 
ponto trata sobre a monopolização, ou seja, uma campanha deve constituir um monopólio na 
mídia e não possuir mensagens contrárias ao objetivo da campanha. Este ponto é evidenciado na 
campanha Hora do Planeta, por se tratar de um assunto que diz respeito e atinge a vida de todos, 
portanto, não há mensagens contrárias sendo veiculadas. Inclusive, aqueles que veicularem 
 12 
mensagens contrárias estarão sujeitos a uma rejeição grande por parte da sociedade como um 
todo. 
O segundo aborda que tais campanhas dependem de uma atitude do público favorável. E 
por fim, expõe que campanhas sociais funcionam melhor quando a comunicação de media 
orientada é suplementada pela comunicação cara-a-cara. Quando as pessoas discutem entre si o 
que ouviram de outras, elas processam melhor as informações e tornam-se mais dispostas a 
aceitar as mudanças. 
Uma das características que auxiliaram no bem sucedido resultado desta campanha é a 
facilidade para aderir a ela. A adesão para participação efetiva da Hora do Planeta é feita por 
meio de um cadastro na internet. A partir daí, o cadastrado possui a sua disposição ferramentas 
para a divulgação desta ação, enviando e-mails padronizados aos seus contatos, além dos seus e-
mails comuns possuírem um informativo sobre a Hora do Planeta na “nota de rodapé”. Os 
cadastrados também são convidados a divulgar esta ação por meio do “boca-a-boca”, como pôde 
ser visto durante alguns dias na avenida Paulista jovens conversando com os pedestres na 
tentativa de mobilizá-los para a campanha da WWF, bem como para se filiarem a esta instituição, 
enquadrando esse aspecto dentre os pontos citados por Lazarsfeld e Merton. Àqueles que não 
querem se cadastrar, basta desligar a luz de sua casa, escritório, no horário e dia agendados. 
A WWF utiliza os meios de informação e comunicação para mobilizar instituições, 
empresas, órgãos governamentais, enviando convites para que eles participem da campanha. 
Utilizam desses meios para veicular chamadas para a participação nesta ação, criar 
ambientes de discussão, divulgar as Horas do Planeta realizadas nos anos anteriores. No caso do 
Brasil, o espaço dedicado à Hora do Planeta no site da WWF justifica porque os brasileiros 
deveriam aderir a esta campanha, utilizando o discurso do Brasil como país rico em 
biodiversidade que deve ser preservada. Já no site da Hora do Planeta brasileiro, é possível 
visualizar quais instituições e empresas já aderiam a campanha, bem como as empresas que 
apóiam e patrocinam essa iniciativa. Dentre elas estão grandes empresas como a Coca-Cola 
Brasil, a Tim, o HSBC e o Walmart Brasil. 
O fato dessa campanha ter adquirido proporções mundiais deve-se a globalização e aos 
meios de comunicação, bem como a influência da atuação da WWF em vários países. Desde o 
princípio, essa campanha foi configurada como uma grande estratégia publicitária, de forma a 
consolidar o papel da WWF no mundo. A consolidação de sua imagem poderia, por um lado, 
 13 
gerar uma maior adesão por parte dos indivíduos na filiação, nas doações e nas parcerias 
corporativas com esta organização. Por outro, disseminar o seu discurso ambientalista e de 
conscientização que, na visão da autora deste trabalho, parece vazia, pois não se configura como 
uma ação educativa, onde a mobilização transcenderia as paredes da casa dos indivíduos, 
realizando desde ações pequenas como separação do lixo para reciclagem, não jogar lixo e 
entulho nas ruas, até a reivindicação junto às empresas para que reduzam a poluição, etc. 
Aparentemente, tornou-se uma forma de angariar fundos para a Ong por meio do 
patrocínio das empresas e, ao mesmo tempo trazer benefícios para as empresas associando o seu 
nome à essa campanha e à WWF, apresentando-as como responsáveis social e ambientalmente, 
bem como divulgando o seu nome nacional e mundialmente. 
Talvez caiba aqui a afirmação exposta por Ferrari, na qual os detentores do poder 
(grandes instituições e corporações) procuram definir como “público” o seu interesse pessoal e 
defendê-lo com tal. 
Decerto, pelas proporções em que hoje se configura a Hora do Planeta, e também 
devido a todas as estratégias e ferramentas utilizadas para a sua consolidação, a campanha 
conseguiu atingir a opinião pública. Uma opinião formada pela pressão dos grupos de 
interesse e também imposta pela mídia, como foi definida por Glynn (et al, 1999). Mas isso 
não querdizer que as atitudes, práticas e comportamentos foram modificados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
 
 
 
5. Considerações Finais 
 
Ao longo deste trabalho foi possível refletir um pouco sobre questões como a formação 
da opinião pública, o direito de informar e ser informado, abordando pontos referentes à inclusão 
digital e social e à democracia. Além de aplicar esses conceitos na identificação e compreensão 
das estratégias utilizadas pela WWF na ação de mobilização por ela empreendida denominada 
Hora do Planeta. 
Alguns pontos para reflexão podem ser levantados a partir da análise realizada nesse 
trabalho. Primeiramente, será que o objetivo da Hora do Planeta é ajudar a conscientizar a 
sociedade com relação ao aquecimento global ou trata-se apenas de uma forma da WWF angariar 
fundos, criar um fato político, uma grande propaganda, vinculando o nome de grandes empresas 
e marcas a este evento mundial? 
Desde sua formação, com a utilização de um assunto que estava em alta – aquecimento 
global –, bem como as estratégias criadas pela agência de publicidade durante sua criação e a 
utilização de grandes corporações de mídia para a sua divulgação, a WWF já demonstrava o seu 
objetivo de atingir a opinião pública. Opinião esta que se formou, portanto, a partir da pressão 
dos grupos de interesse e da mídia. 
Mas, como dito anteriormente, trata-se apenas da mobilização para uma causa comum, 
podendo mudar um pensamento, uma crença do indivíduo, mas não sua atitude. Uma ação mais 
voltada à publicidade do que à ação educativa. Talvez um trabalho educativo não tivesse 
tamanho impacto e não gerasse tamanho interesse como gerou esta ação. 
No entanto, o trabalho educativo se aproximaria mais do processo democrático, tanto no 
que diz respeito ao acesso às informações, quanto à inclusão social, permitindo o efetivo 
exercício do poder que emana do povo. 
 
 
 
 
 15 
 
 
 
 
6. Referências 
 
 
6.1 Referências Bibliográficas 
 
 
AUGRAS, Monique. Opinião Pública, teoria e pesquisa. Petrópolis: Editora vozes, 1978. 
 
 
BUCCI, Eugênio. A imprensa e o dever da liberdade: a responsabilidade social do jornalismo em 
nossos dias. In: CANELA, Guilherme (org). Políticas públicas sociais e os desafios para o 
jornalismo. São Paulo: ANDI/Cortez editora, 2008. 
 
 
GLYNN, Carroll et al. Public opinion. Boulder: Westview Press, 1999. 
 
 
FERRARI, Vincenzo. Democracia e informação no final do século XX. In: GUIMARÃES, César 
(org). Informação e democracia. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2000. 
 
 
KOTLER, Philip and ROBERTO, Eduardo. Social marketing, strategies for changing public 
behavior. New York: The free press, 1989. 
 
 
WARSCHAUER, Mark. Tecnologia e inclusão social: a exclusão social em debate. São Paulo: 
Editora Senac, 2006. 
 
 
 
6.2 Referências Digitais 
 
 
 
Earth Hour. Disponível em <http://www.earthhour.org/History.aspx> . Acesso em: 20 jul. 2010. 
 
 
Hora do Planeta. Disponível em <http://www.horadoplaneta.org.br/patrocinadores.php>. Acesso 
em: 20 jul. 2010. 
 
 16 
 
WWF-Brasil. Disponível em: <http://www.wwf.org.br> Acesso em: 20 jul. 2010.

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