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Inclusão e Escola A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem Responsável pelo Conteúdo: Profa. Tathiane Cecília. E. Arruda Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 Un id ad e A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem • compreender as mudanças ocorridas nos processos de ensino e aprendizagem na escola de ontem e na escola de hoje; • saber diferenciar ensino e aprendizagem como sendo elementos distintos, porém complementares e ambos sofreram modificações com o decorrer do tempo. Nesta unidade, trabalharemos com a escola de ontem e a escola de hoje no que se refere, somente, aos processos de ensino e aprendizagem. Como objetivo, pretende-se compreender as mudanças ocorridas nos processos de ensino e aprendizagem nestas realidades: a de ontem e a de hoje. Não se esqueça de realizar as atividades propostas desta unidade. Elas são importantes para o desenvolvimento da sua aprendizagem. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • A Escola de ontem e a escola de hoje: processos de Ensino e Construção do Conhecimento. Fonte: T hinkstock/G etty Im ages 6 Unidade: A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem. Para iniciarmos esta unidade, convido-o(a) para refletir comigo sobre a escola de ontem e a escola de hoje a fim de compreender as mudanças ocorridas nos processos de ensino e aprendizagem nesses dois contextos. A imagem abaixo demonstra o que iremos estudar... Fonte: Emmanuel Chaunu/Chaunu.fr Contextualização 7 A Escola de ontem e a escola de hoje: processos de Ensino e Con- strução do Conhecimento. A ESCOLA: Conceito e função Ao buscar o conceito de escola, recorre-se em primeira instância ao dicionário. Não seria diferente neste contexto, ou seja, ao procurar por escola, o Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa (1992), a define como sendo “um estabelecimento ou casa onde se ensina”; uma instituição encarregada de ensino coletivo ou geral às crianças em idade escolar e pré-escolar – cabe explicitar que esse termo é anterior à LDB 9394/96 ao tratar sobre a Educação Infantil e que a escola, portanto, seria o local que proporciona instrução, experiência, vivência e aprendizagens numa maneira mais moderna de exemplificar o conceito dado pelo dicionário. Já para Oliveira, 2000 apud Dessen e Polonia, 2007, a escola é uma instituição social que possui propostas, objetivos e metas, empregando, reelaborando e reconstruindo todos os conhecimentos socialmente produzidos, em busca da efetiva aprendizagem do indivíduo, desenvolvendo neste suas funções psicológicas superiores como memória seletiva, criatividade, associação de ideias, organização e sequência de conhecimentos para que, de fato, possa aprender por meio de experiências e associações de ideias. Na procura de compreender a instituição escola, é necessário, antes de qualquer coisa, entender o conceito de ensino, assim descrito na LDB nº 5692/71 em seu Artigo 1°: “O ensino de 1° e 2° graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania”. Percebe-se pela própria definição da Lei que a escola tinha a função de “instrumentalizar” o aluno para a vida do trabalho. Osório (1996) afirmava que a escola alcança, desde a década de 70, um papel de facilitadora do processo de diferenciação e individualização da criança, à qual proporciona uma espécie de introdução à vida social fora do âmbito familiar, além de favorecer a todos os indivíduos o acesso ao conhecimento produzido pela humanidade num espaço coletivo e adequado para tal ensino. Diferentemente de Osório, Rigo (2006) diz que a escola pode ser considerada como um espaço, uma instituição social que se caracteriza como “um local de trabalho coletivo associado à formação dos jovens, e que essa instituição é responsável pela educação escolar e é um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, ao entendimento de regras, à formação de valores éticos, morais e afetivos, ao exercício da cidadania”. Cabe fazer, aqui, um crivo de que, atualmente, a escola busca formar cidadãos participativos, críticos, reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres, como sendo capazes de compreender a realidade em que vivem, além de prepará-los para participar da vida econômica, social e política do país como sujeito ativos dos movimentos e processos políticos que se formam. 8 Unidade: A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem Segundo a atual lei de diretrizes e Bases LDB 9394/96, de 20/12/1996, temos que: TÍTULO II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O grande desafio da escola é fazer do ambiente escolar um meio que favoreça a aprendizagem, a qual não seja apenas um ponto de encontro coletivo, formal regrador, mas que se configure, também, como um encontro com os saberes, com as descobertas de forma prazerosa, funcional, de acordo com a realidade e que o aluno seja atuante nessa realidade. Em acordo com essa perspectiva, Libâneo aponta que: “Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos”. (Libâneo, 2006, p.117) À escola cabe, ainda, entre seus objetivos explícitos, trazer além da informação e a formação, desenvolver, também, as potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, e isso por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores), presentes principalmente nos estudos de César Coll e nos documentos oficiais: RCNEI e PCNs (Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e Parâmetros Curriculares Nacionais), os quais fará com que os alunos se tornem aptos a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, uma vez que tenham domínio dos saberes para tal construção. Além disso, compete à escola a ênfase nas formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar, temas também presentes nos documentos oficiais. Pensando dessa maneira, a escola, no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos, precisa ser também um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do conhecimento produzido, considerando que esse conhecimento não é oferecido de imediato. Trata-se de um conhecimento vivo e que se caracteriza como processo em construção do sujeito e de cada contexto em que vive esse sujeito para construir esse significado para sua aprendizagem, pois as pessoas são diferentes interna e externamente. Dessen & Polonia (2007), concordam com Libâneo (2005) ao afirmarem que a escola é uma instituição em que se priorizam as atividades educativas, sendo identificada como um espaço de desenvolvimento e aprendizagem. Assim, ao pensarmos em escola, é preciso consideramos outra questão: o currículo, que deve ser muito mais do que as disciplinas em questão. Nesse sentido, é preciso que o currículo envolva todas as experiências realizadas nesse contexto. 9 Isto significa considerar, em cada indivíduo, os aspectos históricos, culturais, sociais, afetivos e cognitivos. Desta forma, é muito importante levar em consideração todas as aprendizagens e as vivências familiares, podendo ser empregadas como elementos mediadores para a construção dos conhecimentos científicos trabalhados na escola.A Escola: Estrutura De acordo com estudos de Aries (1981), o final do século XVII, culmina o processo de algumas mudanças consideráveis, no que se refere às crianças, às famílias e aos costumes. Começou a se reconhecer a necessidade de discernir a participação das crianças no mundo adulto. Então, reconhecida a fragilidade das crianças, a escola tornou-se um meio de isolar as crianças da vida adulta, preocupando-se com a formação moral, cristã e intelectual, visto que até a Idade Média as diferentes idades eram misturadas sem a devida preocupação em um mesmo ambiente de aprendizagem. A criação do ensino público proporcionou a separação de classes, sendo que nessas escolas estudavam apenas alunos pobres, separados das camadas burguesas e aristocráticas. Figura 1 – “A escola da aldeia” (Albert Anker, em 1848) Fonte: wikiart.org No período medieval, o processo de “ruralização” da sociedade europeia estabeleceu um novo quadro para as escolas. O ensino se mostrou restrito a uma população mínima, geralmente, ligada ao recrutamento dos líderes religiosos da ascendente Igreja Cristã. Sendo o processo de conversão uma árdua tarefa, os membros da igreja passavam por uma ordenada rotina de estudos para que, então, pudessem dominar eficazmente a compreensão do texto bíblico. Enquanto isso, as comunidades nos feudos, raramente, tinham oportunidade de se instruir. 10 Unidade: A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem Figura 2 – “Meninas da escola” (Jan Josef Horemans the Younger, século XVIII) Fonte: Wikimedia Commons Ainda nos tempos medievais, percebe-se que essa situação muda de figura com o renascimento dos centros urbanos e com a rearticulação das atividades comerciais. A necessidade de controle e de organização dos negócios e a administração das cidades exigiam a formação de pessoas capacitadas para tais postos. Sendo assim, as instituições de ensino passaram a se abrir para o público leigo, mas com forte presença de membros da Igreja que lecionavam em tais instituições. Ainda nesse momento, o saber continuava restrito a uma parcela pequena da população. Mesmo em algumas sociedades primitivas, quando o “trabalho que produz os bens e quando o poder que reproduz a ordem” é dividido e começa a gerar hierarquias sociais, também o saber comum da tribo se divide, começa a se distribuir desigualmente e pode passar a servir ao uso político de reforçar a diferença, no lugar de um saber anterior, que afirmava a comunidade. Então, é o começo de quando a sociedade separa e aos poucos opõe: o que faz, o que se sabe com o que se faz e o que se faz com o que se sabe. Desse modo, é quando, entre outras categorias de especialidades sociais, aparecem as de saber e de ensinar a saber. Esse é o começo do momento em que a educação vira o ensino, que inventa a pedagogia, reduz a aldeia à escola e transforma “todos” no educador. 11 Figura 3 – “Escola primária” (Machado, 1953) Por fim, os gregos ensinam o que hoje esquecemos. A educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes e o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisórios, onde isso pode acontecer. Portanto, é a comunidade quem responde pelo trabalho de fazer com que tudo o que pode ser vivido e aprendido da cultura seja ensinado com a vida - e também com a aula - ao educando. Cabe à escola, o respeito à pluralidade e diversidade que o mundo pós-moderno hoje nos coloca. A escola continua sendo o “espaço”, no qual o conhecimento produzido pela humanidade pode ser difundido, porém, sabe-se que não é o único espaço, onde as aprendizagens podem ocorrer e nem todos os alunos aprendem da melhor e da mesma maneira. Aprendem, sim, de maneiras diferentes e compete à escola procurar descobrir a melhor maneira de ensinar a todas as pessoas, pois como já dizia José Pacheco, o que temos hoje é: “ a escola do séc. XIX, os professores do séc. XX e os alunos do séc. XXI”, ou seja, a escola precisa se preparar e desenvolver seus professores e corpo administrativo a lidar com as questões tão diversas que cada vez mais irão acometer esse espaço de formação. Fonte: Secretaria da Educação - Paraná 12 Unidade: A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem Material Complementar Assista aos vídeos e filmes que ilustram um pouco do que queremos dizer sobre a escola de ontem e a escola de hoje. Vídeos: · http://youtu.be/MJ384eYV70k Assista: · Nenhum a menos; · Vem dançar comigo; · Sociedade dos Poetas Mortos. Leia: · http://www.emdialogo.uff.br/content/relacao-professor-aluno-e-o-processo- de-ensino-aprendizagem-um-desafio-para-acao-docente http://youtu.be/MJ384eYV70k http://www.emdialogo.uff.br/content/relacao-professor-aluno-e-o-processo-de-ensino-aprendizagem-um-desafio-para-acao-docente http://www.emdialogo.uff.br/content/relacao-professor-aluno-e-o-processo-de-ensino-aprendizagem-um-desafio-para-acao-docente 13 Referências ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 28° ed., 1993. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069/90, de 13 de Julho de 1990. Brasília: Senado Federal, 1990. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONI, Ana da Costa. A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/ v17n36a03.pdf>. Acesso em 10 out 2011. LIBÂNEO, J.C. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006. RIGO, R. M.S. Escola E Família: Uma Relação De Ajuda Na Formação Do Ser Humano, disponível em http://www.webartigos.com/artigos/escola-e-familia-uma-relacao-de-ajuda-na- formacao-do-ser humano/3655/#ixzz3NLd7n8UF OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. Cortez Editora, São Paulo: 2002. 14 Unidade: A escola de ontem e a escola de hoje: processos de ensino e aprendizagem Anotações
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