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Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ Área de Ciências Humanas e Jurídicas Extensão de São Lourenço do Oeste Curso: 1010 – Direito – Chapecó Matriz: 393 – Direito – Noturno Disciplina: Direito Processual Penal III Período: 9º Período Ano/ Semestre: 2015/1 Professor (a): Fabricio Antonio da Silva Graduandos: Odinei Maciel e Salvador Machado Data: 23/06/2015 São Lourenço do Oeste – SC, junho. 2015. “FICHAMENTO – RECURSOS EM ESPÉCIES E AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO” Leitura: LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal: Processo Penal – BRASIL I, Título II, 11ª ed. Ed. SARAIVA Capítulo XXI: DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL: ESPÉCIES. Páginas 892 a 960, Capítulo XXII: AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO: REVISÃO CRIMINAL: HABEAS CORPUS. MANDADO DE SEGURANÇA. Páginas 969 a 1008. São Paulo: 2014. Resumo geral do texto: Recurso: É o direito que possui a parte, na relação processual, de protestar contra decisões judiciais, solicitando a sua revisão, total ou parcial, em instância superior. O “recurso tem sua base na reserva humana, na falibilidade da cultura, da perspicácia, da razão e do conhecimento do homem, por mais culto, perspicaz e experiente que seja”. Destina-se, pois, a elucidar “os defeitos graves ou substanciais da decisão”, “a injustiça da decisão”, “o mau julgamento da prova”, “a errônea interpretação e aplicação da Lei, ou da norma jurídica”, “a errônea interpretação das presunções das partes” e “a errônea análise dos fatos e das suas circunstâncias”. Assim, recurso é o poder de provocar o reexame de uma decisão judicial visando a obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão recorrida. (p-892 a 900) Do Recurso em Sentido Estrito compreende do artigo 581 a 592 do CPP, e cabível para impugnar determinadas decisões interlocutórias do magistrado pronunciadas ao longo do processo, e este expressamente está previsto em lei. Quanto ao seu processamento pode-se dar por instrumento conforme artigo. 587 CPP, ou pode formar-se nos próprios autos do processo principal vide artigo 583 do CPP. Os seus requisitos objetivos estão atrelados à exigência de que não exista uma decisão imutável e irrevogável, portando que ainda não se tenha operado a coisa julgada formal. Ou seja, uma decisão é recorrível porque ainda não está preclusa, para isto tem que estar profundamente pautada com a sua adequação, Veja, além da adequação deve ser cabível. Quanto às exceções elas estão presumidas no artigo 95 e seguintes do CPP (litispendência, coisa julgada e legitimidade das partes). Os efeitos do recurso em sentido estrito, quanto ao efeito devolutivo esse recurso se distingue por ser misto, pois, há o efeito duplo, permitindo que o juiz a quo possa reexaminar a sua própria decisão e, caso isso não ocorra o recurso será remetido para o tribunal ad quem. Tem o condão de recurso regressivo num primeiro momento haja vista que o magistrado pode rever a sua decisão, mas, se isto não ocorre então passa a ter o efeito devolutivo, desta forma subindo o recurso para o tribunal ad quem. Com referencia ao efeito suspensivo precisa-se observar o regramento legal previsto no artigo 584 do CPP. Em relação à tempestividade e o preparo deve-se obedecer quanto ao requisito temporal observando os seguintes prazos, 5 (cinco) dias para interposição, artigo 586 do CPP. A essa regra deve-se atentar para duas exceções; 20 (vinte) dias para recorrer da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral, artigo 581, XIV, do CPP, e 15 (quinze) dias para interposição e 2 (dois) dias para o caso de que a impugnação é feita pelo assistente da acusação que não esteja habilitado , artigo 584, § 1º, c/c 598, parágrafo único, do CPP, e 2 (dois) dias da apresentação da razões, artigo 588 do CPP. (904 a 924) Do Recurso de Apelação, É um recurso ordinário por excelência, um meio de impugnação total ou parcial, contra decisões definitivas, que julga extinto o processo, apreciando ou não o mérito, devolvendo ao Tribunal Superior amplo conhecimento da matéria. De fundamentação livre, vertical e voluntário, que se destina a impugnar uma decisão de primeiro grau, devolvendo ao Tribunal ad quem o poder de revisar integralmente o julgamento, em sentido amplo, e não apenas de decisão, feito pelo juiz a quo. Portanto autoriza um órgão jurisdicional de grau superior a revisar. Porém o Código de Processo Penal tem optado a ponderar apelação como o recurso contra sentenças definitivas, de condenação ou absolvição, e também contra as decisões definitivas ou com força definitivas não abrangidas pelo recurso em sentido estrito. Com isso pode-se classificar como um recurso de aplicação ambígua, isso porque conforme se adapte ao caso, da margem a conflito com o recurso em sentido estrito, pois, permitindo a interposição de apelação até mesmo contra decisões interlocutórias. Este tipo de recurso tem cabimento e adequação, tendo sua previsão legal embasado no artigo 593 do CPP. Para que seja possível a aplicação do referido recurso é exigência de que não exista uma decisão imutável e irrevogável. De maneira que não se tenha operado a coisa julgada formal. Ou seja, uma decisão só pode permitir o recurso de apelação desde que não se esteja preclusa. Quanto a sua adequação, a apelação é vista como o meio de impugnação eleita pela parte interessada, sendo que também compreende a regularidade formal da interposição do recurso. Assim a interposição de apelação pode se dar de duas formas; a) termos nos autos b) ou por petição. Conforme artigo 593 do CPP caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias. Esse prazo de 5 (cinco) dias trata-se da interposição e é com base nesse prazo que se afirma ou não a sua tempestividade do aludido recurso. Porém esse prazo poderá ser estendido para 15 (quinze) dias quando o recorrente se tratar de assistente da acusação não habilitado. Contudo quanto à absolvição sumária do artigo 397 do CPP faz jus a uma apreciação em apartado, tendo em vista como a regra é atacável pelo recurso de apelação no artigo 593, I, do CPP. Assim precisa-se fazer uma significante ressalva, pois, a decisão que “absolve sumariamente” por se encontrar extinta a punibilidade é impugnável pelo caminho do recurso em sentido estrito, conforme artigo 581, VIII, do CPP. Nas decisões do Tribunal do júri, conforme previsto no artigo 393, III, “a” do CPP, não sendo aplicáveis as decisões proferidas por juiz singular, trata-se de uma fundamentação exclusiva do apelo contra decisões do Tribunal do Júri. Desde logo, deve-se atentar que o inciso III, e suas alíneas, dirigem-se, exclusivamente, às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, não sendo aplicável às decisões proferidas por juiz singular. É uma fundamentação exclusiva da apelação contra a decisão do Tribunal do Júri. Isso significa que a apelação interposta às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri fica “vinculada”, significa dizer que é necessário que a parte recorrente indique já na petição de interposição o fundamento legal do recurso, qual alínea ou alíneas se fundamenta o recurso. Tal critério é que irá definir o efeito devolutivo da apelação, o “tantum devolutum, quantum appelatum”. Para isso é importante atentar para o disposto na Súmula n. 713do STF: Isso significa dizer que o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri fica adstrito aos fundamentos da sua interposição. Assim intende-se que a apelação interposta indicando o artigo 593, III, “a”, ainda que na fundamentação possa ser alegado que a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos alínea “d”, o tribunal deverá limitar- se a prover ou não o pedido de nulidade. A tempestividade o prazo para interposição da apelação é de 5 dias, sem esquecer a Lei n. 7.871/89, que concede prazo em dobro para os membros da Defensoria Pública dos Estados. Quanto à legitimidade podem interpor o recurso de apelação: o MP ou querelante (na ação penal de iniciativa privada), também o réu ou o seu defensorconforme art. 577 do CPP e o assistente da acusação este consagrado no artigo 598 do CP. Outra questão de capital importância é o preparo, pois além de tempestiva a apelação nos crimes de ação penal de iniciativa privada ela tem que ser previamente preparada, significa que o recorrente tenha que recolher ás custas judiciais previstas para que a impugnação seja conhecida, sob pena de deserção. Lembrando ainda de outro detalhe importante as apelações podem ser interposta no todo ou em parte dela autorizado pelo artigo 599 do CPP. (p-923 a 930) Nos Embargos infringentes e nos Embargos de nulidades, em relação a esses dois tipos de recursos tanto no processo de julgamento dos Recursos em sentido Estrito como nas Apelações, os Tribunais de Apelação definem claramente que as regras dizem respeito ao julgamento, apenas destas duas espécies de impugnações, com previsão no artigo 609 do CPP. Tais recursos de apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, obedecendo à competência estabelecida nas leis de organização judiciária. Quanto aos Tribunais brasileiros os mesmos nunca tiveram problemas maiores dificuldade no tratamento desses dois recursos, para os devidos fins sempre foram equiparados numa espécie de fungibilidade institucionalizada e autorizada. Em detrimento disso os defensores empregam aos Embargos Infringentes para todos os fins, concomitante a isso os Tribunais não cobram qualquer distinção. Em nome disso, os defensores empregam os “embargos infringentes” para todos os fins, e os tribunais não cobram qualquer rigidez conceitual. Na doutrina, não é diferente em partilhar dessa consideração sustentando que essa dualidade de recursos é meramente aparente, e que na verdade o recurso é um só. Os requisitos objetivos e subjetivos; trata-se de recursos que somente tem cabimento para impugnar uma decisão que não foi unânime proferida pelo Tribunal no julgamento da apelação. Também se trata de recurso exclusivo da defesa, pois, requer que tenha sido uma decisão não unânime e desfavorável ao réu. Deste modo havendo um voto divergente a favor da tese defensiva, no tocante ou em parte. Tempestividade o prazo para a interposição dos embargos Infringentes e também dos Embargos de Nulidade é de 10 (dez) dias. Já o preparo é exigível nos processos iniciados por ação penal de iniciativa privada, o não pagamento das custas recursais gera deserção, más, em se tratando de Embargos Infringentes e de Nulidades vale-se do entendimento de que não se faz necessário o preparo, aproveitando aquele feito para a Apelação. Efeitos Devolutivo e Suspensivo no tocante à extensão é um recurso limitado ao ponto da divergência, nem mais, nem menos. Sua fundamentação está vinculada à divergência, assim o efeito é devolutivo, pois, está incumbindo ao órgão jurisdicional superior o julgamento da impugnação, impossibilitando o reexame pelo mesmo colegiado. (p-930 a 934) Embargos Declaratórios; A garantia da jurisdição e, sobretudo da motivação das decisões judiciais que não se contenta com “qualquer” decisão ou com a presença de “qualquer” juiz. Portanto, a ação decisória deve revestir-se de qualidades mínimas para ser legítimo. Entre elas, está, obviamente, a clareza, a coerência, a lógica e a exaustividade da decisão, sob pena de inépcia e rejeição liminar, a decisão deve revestir-se desses mesmos atributos (infelizmente para o direito processual não existem sentenças ineptas). A exaustividade da decisão significa que é dever do juiz analisar e decidir acerca de todas as teses acusatórias e defensivas, acolhendo-as ou não, mas sempre enfrentando e fundamentando cada uma, sob pena de omissão e, dependendo da gravidade, gerar um ato defeituoso insanável (nulo, portanto). Assim os Embargos Declaratórios tem cabimento para impugnar o ato decisório que não satisfez esses requisitos mínimos, e com isso permitindo que o juiz esclareça e até mesmo supra eventuais omissões. Para impugnar as decisões proferidas por juiz singular (primeiro grau, portanto), estabelece o artigo. 382 do CPP: Em se tratando de acórdãos proferidos por tribunais, os embargos declaratórios estão previstos nos artigos. 619 e 620 do CPP: E tendo cabimento, os embargos de declaração que servirão para impugnar: a) um ato decisório judicial seja ele sentença, decisão interlocutória, ou acórdão, mesmo que irrecorrível; b) que tal ato decisório contenha uma obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. Todo ato judicial que tenha um caráter decisório, ainda que mínimo, é passível de embargos declaratórios, mesmo que seja considerado “irrecorrível”, como sucede com as decisões interlocutórias simples. Os embargos de declaração devem ser opostos por escrito, com as razões inclusas, em que a parte demonstre o ponto a ser aclarado. A exceção a essa regra fica por conta dos Juizados Especiais Criminais, em que o art. 83 da Lei n. 9.099/95 possibilita a interposição dos embargos declaratórios oralmente ou por escrito e também amplia o prazo, que será de 5 (cinco) dias. Pois como regra o prazo para interpor Embargos de Declaração é de 2 (dois) dias. E estão legitimados a embargar o Ministério Público, assistente da acusação, o querelante e o réu (ou querelado). Quanto ao preparo em regra não existe preparo para os embargos declaratórios, mesmo sendo a ação penal de iniciativa privada, mas é sempre aconselhável consultar-se o Regimento Interno do respectivo tribunal e o Código de Organização Judiciária, já que o Código de Processo Penal é omisso nesta matéria. No tocante ao efeito dos Embargos Declaratórios têm como efeito interativo ou regressivo, pois atribuem ao próprio juiz ou tribunal, que ditou a decisão, o poder de reexaminá-la, ou seja, regressa para o mesmo órgão decisório. Portanto incumbe ao juiz que proferiu a sentença (ou câmara/turma criminal em caso de acórdão) decidir novamente, esclarecendo a contradição, ambiguidade, obscuridade ou omissão. Como regra, não há uma modificação na decisão, mas apenas a declaração de seu conteúdo incompreensível. Em tese, nada impede que existam embargos declaratórios sucessivos, ou seja, interpostos mais de uma vez em relação à mesma decisão. Excepcionalmente, em casos complexos, pode ser que a nova decisão ainda não esclareça completamente os pontos omissos, obscuros, ambíguos ou contraditórios, cabendo, portanto, a renovação dos embargos declaratórios. Porém essa é uma situação excepcional. No tocante ao efeito suspensivo, na verdade os embargos declaratórios interrompem o prazo para interposição de qualquer outro recurso, desde que a decisão seja recorrível, é claro. Não se trata de suspender, mas sim de interromper o prazo dos demais recursos, na medida em que deverá fluir por inteiro. Esclarecimento quanto ao prazo (tempestividade) se intimada da sentença a parte apresentar os embargos de declaração no segundo dia, esse tempo 2 (dois) dias será computado na contagem do prazo do recurso de apelação, a ser interposto após o julgamento dos embargos. Logo, considerando que o prazo para interpor a apelação é de 10 (dez) dias (artigo. 82, § 1º, da Lei n. 9.099/95), restarão apenas 8 (oito) dias para recorrer. Nos demais casos, fora da competência do JECrim, a interrupção faz com que o prazo comece por inteiro após o julgamento dos embargos declaratórios (ou seja, no exemplo anterior, a parte teria os 5 (cinco) dias previstos no artigo. 593 do CPP para apelar). A interrupção do prazo recursal operada com a interposição dos embargos declaratórios a todas as partes aproveita, e não apenas ao que embargou. (p-934 a 939) Do Agravo em Execução Penal, não há um rol taxativo de decisões impugnáveis pela via do agravo em execução, importando a existência de uma decisão interlocutória que gere um gravame para o réu ou da qual discorde o Ministério Público. Em linhas gerais, os incidentes da execução criminal devem ser objeto de uma decisão jurisdicional, e esta decisão poderá serimpugnada pela via do agravo. Esse recurso poderá ser interposto por petição ou por termo nos autos (art. 578 do CPP), No que diz respeito à tempestividade, o agravo é regido pelos seguintes prazos: 5 (cinco) dias para interposição, art. 586 do CPP; 2 (dois) dias para apresentação das razões, art. 588 do CPP. Não há que se falar em preparo no agravo em execução, não apenas porque inexiste previsão legal sobre às custas deste recurso, mas também porque já se esgotou o processo de conhecimento, nos requisitos recursais subjetivos, cumpre esclarecer que a legitimação para agravar é do Ministério Público, defensor ou apenado, até porque, na execução, atribui-se ao preso a capacidade de postular em juízo (o que constitui um absurdo, na medida em que o correto é ter-se um serviço de defensoria pública suficientemente forte e bem estruturado. O agravo em execução subirá por instrumento, devendo a parte recorrente indicar as peças do Processo de Execução Criminal (PEC) que pretenda traslado, ou seja, quais petições e decisões entende necessário fotocopiar para formar os autos que subirão ao tribunal com o recurso. Existem peças que a parte indica e outras que são necessárias, como determina o artigo. 587, parágrafo único, do CPP. São peças obrigatórias: Os autos serão conclusos ao juiz que proferiu a decisão (efeito regressivo), para que a mantenha ou reforme. Nesse sentido é o que estabelece o art. 589 do CPP. O Código de Processo Penal não define, mas é lógico dar-se o mesmo tratamento dispensado ao recurso, ou seja, 5 (cinco) dias. Essa simples petição deve ser apresentada em até 5 (cinco) dias da data em que a parte prejudicada for intimada da retratação do juiz. O agravo em execução criminal tem efeito misto, ou seja, regressivo no primeiro momento (devolução ao juiz a quo), e devolutivo propriamente dito no segundo momento, quando o juiz não exerce o juízo de retratação e o agravo é remetido ao tribunal ad quem. O fato de o agravo não ter efeito suspensivo faz com que, muitas vezes, seja interposto habeas corpus, para evitar ou sanar a grave coação ilegal que o apenado sofre ou pode vir a sofrer. Importante que se diga que alguns tribunais, muitas vezes alheios à realidade medieval do sistema carcerário brasileiro, adotando uma postura formalista e burocrática, não conhecem do habeas corpus diante da existência de recurso específico (agravo). (p-939 a 941) Carta Testemunhável, é um instrumento processual pouco utilizável que na prática se revela muito antiquado, fora da realidade do processo Penal e da administração da justiça contemporânea, mas, que por incrível que pareça ainda está em pleno vigor, disciplinado nos artigos 639 a 646 do CPP; Vejamos o seu cabimento pelo artigo 639 do CPP: I - da decisão que denegar o recurso; II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. Então a carta testemunhável tem cabimento, servindo, basicamente, para permitir que o recurso seja finalmente enviado ao tribunal ad quem, seguindo a sua tramitação. Em relação à legitimidade, está vinculada àquela necessária para a interposição do recurso originário, para o qual foi denegado o prosseguimento, logo, Ministério Público, assistente da acusação ou o defensor do imputado. Quanto ao preparo para a carta testemunhável, não há o que se falar até porque é um recurso destinado a levar ao órgão ad quem o conhecimento de uma decisão que denegou um outro recurso. Em relação ao seu procedimento segue nos termos do art. 641: Vejamos o que diz o art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega da carta, devidamente conferida e concertada. Assim, feita a petição e indicadas as peças, deverá o escrivão ou secretário do tribunal, no prazo de 5 (cinco) dias, entregar o instrumento ao recorrente. Em último caso, estabelece o artigo. 644 do CPP, que o tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis. Com isso, o tribunal ad quem poderá desde logo decidir o mérito do recurso que teve seu prosseguimento denegado. Por fim, a carta testemunhável tem efeito devolutivo misto (regressivo no primeiro momento e devolutivo propriamente dito no segundo) e não terá efeito suspensivo por expressa vedação do art. 646 do CPP. (p-941 a 960) Dos Recursos Especial e Extraordinário, esses recursos são meios de impugnação de natureza extraordinária, na medida em que respectivamente o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) não reexaminam todo o julgamento, senão que se limitam ao aspecto jurídico da decisão impugnada, ou seja, à discussão das questões de direito expressamente previstas em lei. São, por isso, recursos de fundamentação vinculada, posto que a matéria discutida fica limitada àqueles expressamente previstos na Constituição. Mas no tocante a SÚMULA N. 07 do STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. E a SÚMULA N. 279 do STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Veja, essa limitação deve ser bem compreendida, pois o que se veda é a rediscussão da axiologia da prova em relação ao caso penal, mas não o regime legal das provas. Portanto, a violação de regras processuais atinentes à prova, dos princípios das provas, a utilização de prova ilícita, a prova ilícita por derivação, a atribuição de carga probatória ao réu, enfim, as questões legais acerca da prova, são passíveis de recurso especial. Então a distinção entre questões de fato e questões de direito é tão cartesiana; na realidade é uma distinção tênue e complexa. Notem que as Súmulas vedam é o “simples” reexame da prova, o que não impede, portanto, a discussão sobre a qualificação jurídica dos fatos, ou seja, o juízo de tipicidade realizado pelo tribunal a quo no caso concreto. A discussão situa-se na incidência ou não da norma penal no caso em julgamento, a interpretação dada e os limites semânticos do tipo. Outra questão de cabal importância é de em ambos os recursos destinam-se a impugnar as decisões proferidas em única (nos casos de competência originária dos tribunais) ou última instância, constituindo-se em ultima ratio do sistema recursal que sempre pressupõem o exaurimento das vias recursais ordinárias. Neste viés exige a Súmula n. 281 do STF: Veja o que diz a SÚMULA N. 281 do STF: É inadmissível o recurso extraordinário quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada. Assim tal exigência serve para ambos os recursos, pois também o especial não tem cabimento quando a matéria não tiver esgotado os recursos ordinários. O recurso especial tem seus casos de cabimento expressamente previstos no art. 105, III, da Constituição, a saber: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida. Decisão em última instância pressupõe o esgotamento de todos os recursos no respectivo Tribunal (Estadual ou Regional Federal), pois só então se abre a possibilidade do recurso especial. O recurso especial será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, por fim, o disposto na Súmula n. 203 do STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Já para o recurso extraordinário, em que a Súmula n. 640 do STF dispõe que é cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal. a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; Destarte, é o recurso especial um instrumento de tutela e controleda aplicação da legislação infraconstitucional, ao passo que a tutela da Constituição corresponde ao Supremo Tribunal Federal. O recurso extraordinário tem seus casos de cabimento expressamente previstos no art. 102, III, da Constituição, a saber: III; julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida. Portanto o recurso extraordinário será julgado pelo Supremo Tribunal Federal após uma decisão em única ou última instância pelos tribunais de justiça dos Estados, do Distrito Federal e Territórios ou dos tribunais regionais federais, e ainda após o julgamento do recurso especial por parte do STJ (se cabível). Em ambos os recursos, especial e extraordinário, devem ser interpostos, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, já devidamente instruídos com as razões, nos termos do art. 26 da Lei n. 8.038/90: Interposto o recurso, com observância do disposto nos incisos I, II e III, será aberto o prazo de 15 (quinze) dias para contrarrazões. Sendo interpostos simultaneamente os recursos especial e extraordinário, e admitidos, serão enviados ao STJ e, após o julgamento do recurso especial, se não tiver esvaziado o objeto do recurso extraordinário, será então enviado ao STF. Nesta matéria, é importante analisar o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 27 da Lei n. 8.038: A Súmula n. 187 do STJ: É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos. Importante destacar que o preparo somente é exigível nos crimes de ação penal de iniciativa privada, não havendo pagamento de custas recursais nos casos de ação penal de iniciativa pública ou na ação penal privada subsidiária da pública. Ainda há o pressuposto da exigência do prequestionamento de um requisito recursal específico dos meios de impugnação ora analisado é o prequestionamento, sem o qual eles sequer são conhecidos. Considerando que os recursos especial e extraordinário não se destinam ao “exame” originário de questões, senão ao reexame das questões jurídicas já arguidas pelas partes, é imprescindível que o recorrente já as tenha previamente ventilado. Pois, é um equívoco bastante comum nesta temática é afirmar-se que basta a “parte” interessada prequestionar a matéria. Na realidade, o recorrente ventila, suscita a problemática, mas o prequestionamento é feito pelo Tribunal no acórdão. Com isso fica bem claro que não é suficiente que a parte ventile, portanto, a violação da norma constitucional ou federal: a questão deve ter sido decidida pelo tribunal a quo, e, caso isso não seja feito, deve a parte interpor os embargos declaratórios para forçar a manifestação sobre a violação alegada. Quanto a Demonstração da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário. Reprodução em Múltiplos Feitos tem-se que por força da Emenda Constitucional 45, foi alterado o art. 102, § 3º, da Constituição, que passou a exigir que no recurso extraordinário o recorrente deva demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-la pela manifestação de dois terços de seus membros. Estamos ainda construindo o instituto da repercussão geral. A competência cautelar é sempre do tribunal de origem. O artigo. 543-A do CPC define que, para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, cabendo ao recorrente à demonstração desses fatores em preliminar formal. Importante sublinhar que sempre haverá repercussão geral quando o recurso impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante no Supremo Tribunal Federal. Portanto, antes da discussão sobre o efeito recursal, o recurso extraordinário (igual tratamento é dado ao recurso especial) deve ter sido admitido no tribunal a quo, sem o que não há que se falar ainda em jurisdição do STF e tampouco em efeito suspensivo. Mas, além disso, deve estar evidenciada a tempestividade, o prequestionamento explícito e a demonstração da ofensa direta e imediata ao texto Constitucional. A tudo isso, acrescente-se a novel necessidade de demonstração da repercussão geral, analisada no item anterior. Cumpridos esses requisitos, ainda se exige a verossimilhança (fumus boni iuris) do alegado pela parte, ou seja, do mérito recursal. Somente se superados esses obstáculos, discute se o periculum in mora. Se todos esses pressupostos são adequados para o processo civil, no processo penal a situação deve ser diferente, ou, ao menos, relativizado o rigor destas exigências. São meramente indicativos, mas é claro que, antes de se falar em efeito suspensivo, deve o recurso extraordinário ter sido admitido, ser tempestivo, demonstrar, ainda que em grau de probabilidade, o prequestionamento, a ofensa direta à Constituição e a repercussão geral. Após, abre-se a discussão sobre o “efeito suspensivo”. Para a decisão que não admite (denega a subida) os recursos, feita pelo tribunal de origem, caberá Agravo de Instrumento, sendo denominado recurso extraordinário com agravo ou do agravo em recurso especial conforme a espécie de recurso que teve sua subida denegada. É o agravo de instrumento um recurso que se destina a permitir o processamento, a subida do recurso especial ou extraordinário barrado no juízo de pré-admissibilidade feito no tribunal de origem, que não poderá negar seguimento ao agravo. (p-969 a 979) Revisão Criminal é uma ação de impugnação, de competência originária dos tribunais, não é recurso trata-se de um meio extraordinário de impugnação, não submetida a prazos, que se destina a rescindir uma sentença transitada em julgado, exercendo por vezes papel similar ao de uma ação de anulação, ou constitutiva negativa. Então revisão criminal, define-se como uma ação independente que dá lugar a um processo cuja finalidade é rescindir sentenças condenatórias transitadas em julgado e injustas. A revisão criminal situa-se numa linha de tensão entre a “segurança jurídica” instituída pela imutabilidade da coisa julgada e a necessidade de desconstituí-la em nome do valor justiça. Se de um lado estão os fundamentos jurídicos, políticos e sociais da coisa julgada, de outro está a necessidade de relativização deste mito em nome das exigências da liberdade individual. E tem caimento com previsão no artigo. 621 do CPP, esclarecendo que a revisão criminal pode ser proposta para desconstituir sentenças de juízes singulares ou do Tribunal do Júri, bem como acórdãos proferidos pelos tribunais. Durante muito tempo se discutiu o cabimento da revisão criminal em relação às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, diante da soberania desta decisão, mas atualmente a questão corretamente se pacificou no sentido da plena possibilidade da revisão criminal. A revisão pode ter como objeto uma sentença condenatória (ou absolutória imprópria) ou acórdão condenatório (ou absolutório impróprio), isso porque, quando o réu é absolvido em primeiro grau e o Ministério Público apela, sendo acolhido o recurso, a decisão condenatória objeto da revisão criminal é o acórdão proferido pelo tribunal, e não a sentença (absolutória) do juiz. São dois os pressupostos da revisão criminal: Existência de uma sentença penal condenatória ou absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, do CPP); E que esta sentença tenha transitado em julgado. Prazo. Legitimidade. Procedimento no que diz respeito ao prazo para interposição da revisão criminal, determina o art. 622: A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas. Portanto, não há prazo para interposição da revisão criminal. A revisão pode ser postulada durante ocumprimento da pena ou até mesmo após o seu término, ou seja, após a extinção da pena. Contudo, há que se atentar para a impossibilidade de revisão criminal quando há extinção da punibilidade antes da sentença, pois nesse caso não existe uma sentença penal condenatória para ser revisada. Em relação à legitimidade, prevê o art. 623 que a revisão criminal poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. E seu processamento tem previsão no artigo 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas; II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos. § 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento interno. § 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno. § 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento interno. Artigo 626 do CPP. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo. Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível. A Súmula n. 453, além de ser aplicável à revisão criminal, segue em vigor, pois plenamente compatível com a nova redação dada ao art. 384 pela Reforma Processual de 2008. Nenhum óbice existe para que o tribunal possa alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo nas decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, de modo que a soberania das decisões do júri deve ceder diante do interesse maior de corrigir uma decisão injusta. De acordo com o artigo. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. O fato de a ação penal ser de iniciativa privada não exime a responsabilidade do Estado, pois o ato danoso é a decisão proferida pelo juiz, ou seja, a responsabilidade decorre não da acusação, mas pelo julgamento errôneo. (p-979 a 1001) Habeas Corpus trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção. A ação destina-se a garantir o direito fundamental à liberdade individual de ir e vir (liberdade deambulatória). Quando se destina a atacar uma ilegalidade já consumada, um constrangimento ilegal já praticado denomina-se habeas corpus liberatório (sua função é de liberar da coação ilegal). Ou seja, é uma garantia do direito à liberdade, mas também é um direito, garantido pela ampla defesa e pelo contraditório. Deve-se defini-la como uma ação, e não como um recurso, e mais especificamente como uma ação mandamental, ou um remédio processual mandamental (remedial mandatory writ). Questão bastante relevante em sede de HC é a “impossibilidade de dilação probatória”, argumento usado de forma recorrente pelos tribunais para não conhecer do writ que exija ampla discussão probatória. A sumarização da cognição impede que se pretenda produzir prova em sede de habeas corpus ou mesmo obter uma decisão que exija a mesma profundidade da cognição do processo de conhecimento (ou seja, aquela necessária para se alcançar a sentença de mérito). O artigo. 647 demonstra o alcance da medida ao determinar que será concedido habeas corpus “sempre que alguém sofra ou se encontre na iminência de sofrer violência ou coação ilegal em sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar” (militar). Cabimento – Análise dos artigos. 647 e 648 do CPP. Habeas Corpus Preventivo e Liberatório. Espécies de habeas corpus: pode ser liberatório, quando a ordem dada tem por finalidade a cessação de determinada ilegalidade já praticada, ou preventivo, quando a ordem concedida visa a assegurar que a ilegalidade ameaçada não chegue a se consumar. Em caso de prisão em flagrante, à nova redação do art. 310 do CPP consagra seu caráter precautelar, onde o flagrante “não prende por si só”, rompendo assim com uma equivocadíssima prática judicial. Agora, diante da prisão em flagrante o juiz deverá: Art. 310. (…) I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes às medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação O Habeas Corpus como Instrumento de Collateral Attack. O alcance do writ não só se limita aos casos de prisão, pois também pode ser utilizado como instrumento para o collateral attack, possibilitando que seja uma via alternativa de ataque aos atos judiciais, e inclusive contra a sentença transitada em julgado. Tanto pode ser utilizado no inquérito policial como também na instrução. A primeira decisão judicial que pode ser atacada pelo habeas corpus é a que recebe a ação penal, seja ela denúncia. O Habeas Corpus Contra Ato de Particular É possível a utilização do writ contra ato de particular, seja pessoa física ou jurídica (é evidente que eventual responsabilidade penal pela ilegalidade recairá sobre as pessoas físicas, responsáveis pela empresa). Habeas Corpus Preventivo. A utilização mais recorrente do habeas corpus é para atacar um ato ilegal já praticado ou que está em curso, sendo realizado, cujos efeitos são atuais. O habeas corpus é sempre postulado a uma autoridade judiciária superior, com poder para desconstituir o ato coator tido como ilegal. É interposto em órgão hierarquicamente superior ao responsável pelo constrangimento ilegal, havendo assim, no que tange à competência para o processamento do HC, a observância, além da territorialidade, do princípio da hierarquia. Habeas corpus deve indicar claramente: Paciente: quem sofre o ato coator ou está na iminência de sofrê-lo; Impetrante: quando quem impetra o HC é outra pessoa que não o paciente; Autoridade coatora: é a autoridade que determinou a prática do ato ilegal; Impetrado (a): é a autoridade para a qual foi distribuído o HC, seja juiz ou tribunal; Detentor: é a pessoa que detém o paciente, quando distinta da autoridade coatora, podendo ser o Diretor do Presídio ou estabelecimento prisional onde o paciente está preso. A petição deverá descrever a situação fática e apontar no que consiste a ilegalidade da coação, ou seja, os fundamentos jurídicos que amparam o habeas corpus. Quando o habeas corpus é de competência dos juízes de primeiro grau, o procedimento está previsto no art. 656. Artigo. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. Artigo. 657. Se opaciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: I – grave enfermidade do paciente; II – não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; III – se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença. Recurso Ordinário Constitucional em Habeas Corpus é um meio de impugnar as decisões denegatórias ou de não conhecimento do habeas corpus, sendo julgado: A Constituição apenas prevê o cabimento do recurso e a competência para julgá-lo. O processamento está disposto na Lei n. 8.038/90, nos artigos. 30 a 32: SÚMULA N. 319: O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em “habeas corpus” ou mandado de segurança, é de cinco dias. No que tange à legitimidade, é um recurso exclusivo da defesa, devendo ser interposto pelo paciente através de seu advogado. (p-1001 a 1008) O mandado de segurança: cuida-se de ação de impugnação, valendo-se de instrumento para coibir ilegalidade ou abuso de poder que atinja direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, desde que se trate de ato proveniente de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (art. 5.º, LXIX, CF). Trata-se de ação, e não recurso - destinado a proteger os interesses do indivíduo contra as ilegalidades praticadas pelos agentes públicos. Natureza Jurídica É uma ação mandamental, um mandamus, com status constitucional, que se encaminha a obter uma ordem judicial dirigida a outro órgão do Estado, por meio de uma sentença. Objeto e Cabimento. Direito Líquido e Certo. O objeto do mandamus são os atos (ações ou omissões) ilegais do poder público e seus agentes, que prejudiquem ou atentem contra um direito líquido e certo, que não seja sanável pelo habeas corpus ou habeas data. Direito líquido e certo significa o direito que se apresenta manifesto em sua existência, delimitado em sua extensão e apto a ser exercido no momento da interposição do mandamus. Legitimidade Ativa e Passiva. Competência a legitimação ativa será do impetrante, titular do direito violado, que pode ser uma pessoa física ou jurídica (não se pode esquecer a possibilidade de uma pessoa jurídica sofrer a prática de um ato coator, no bojo de investigação ou processo criminal por crime ambiental), e, à diferença do habeas corpus, o mandado de segurança segue a regra geral de capacidade e legitimidade das ações civis, exigindo a assistência de advogado, com procuração, para sua impetração. Legitimidade Passiva se dá quando o habeas corpus será impetrado contra o agente ou órgão com poder de decisão (liberdade de escolha) que ameaça ou coage ou viola ilegal ou abusivamente o direito de locomoção do paciente. O procedimento é de cognição sumária e não existe instrução probatória, por isso o direito deve ser certo, patente e determinado. A prova dos fatos e do direito deve ser pré-constituída e a petição deverá ser instruída com todos os documentos necessários para comprovar o direito e a ilegalidade alegados, devendo ser subscrita por advogado devidamente constituído. O exercício da ação de mandado de segurança está submetido ao prazo decadencial de 120 dias, contados da data em que o sujeito tomar conhecimento oficial do ato ilegal (art. 23 da Lei n. 12.016). O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento da constitucionalidade deste prazo através da Súmula n. 632, a saber: SÚMULA N. 632 do STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. As informações a serem prestadas no mandado de segurança são similares àquelas existentes no habeas corpus, devendo ser feitas de forma clara e objetiva, fornecendo os documentos que julgue necessários para demonstração da legalidade do ato, pois não existe posterior atividade probatória. Da sentença que concede ou denega a segurança caberá apelação, sendo que, concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição (reexame necessário da matéria). CONSIDERAÇÕES Esta obra traz em seu conteúdo uma forma de fácil assimilação para o leitor bem como ao profissional do Direito, e mais ainda para o estudante de direito que precisa se adaptar aprendendo e assimilando formas de ter um melhor proveito, mais ágil na sua interpretação. O autor apresenta comentários, considerações e exemplifica citando toda a legislação necessária para a sua fundamentação, pois este campo da justiça brasileira é muito complexa e apresenta muitos viés que podem confundir ou tomar um caminho adverso do pretendido pelo operador do Direito, dado a extensão do conteúdo e diversidade de normas atinentes. De modo que se trata de uma obra completa, e foi editada por um autor de conhecimento de notabilidade e na atualidade desfruta de um reconhecimento e conceito irretocável no meio, de forma que pode ser eleita esta obra como a mais adequada para embasar o trabalho de qualquer jurista que venha a necessitar de consulta para aplicar no cotidiano profissional.
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