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G2- DIREITO PROCESSUAL PENAL III, FICHAMENTO CAP. XXI, XXII - DIR. PROC. PENAL. AURY L. JR

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Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ
Área de Ciências Humanas e Jurídicas
Extensão de São Lourenço do Oeste
Curso: 1010 – Direito – Chapecó
Matriz: 393 – Direito – Noturno
Disciplina: Direito Processual Penal III
Período: 9º Período Ano/ Semestre: 2015/1
Professor (a): Fabricio Antonio da Silva
Graduandos: Odinei Maciel e Salvador Machado
Data: 23/06/2015
São Lourenço do Oeste – SC, junho. 2015.
“FICHAMENTO – RECURSOS EM ESPÉCIES E AÇÕES AUTÔNOMAS DE
IMPUGNAÇÃO”
Leitura: LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal: Processo Penal – BRASIL I, Título II,
11ª ed. Ed. SARAIVA Capítulo XXI: DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL:
ESPÉCIES. Páginas 892 a 960, Capítulo XXII: AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO: REVISÃO
CRIMINAL: HABEAS CORPUS. MANDADO DE SEGURANÇA. Páginas 969 a 1008. São
Paulo: 2014.
Resumo geral do texto: Recurso: É o direito que possui a parte, na relação processual, de
protestar contra decisões judiciais, solicitando a sua revisão, total ou parcial, em instância
superior. O “recurso tem sua base na reserva humana, na falibilidade da cultura, da
perspicácia, da razão e do conhecimento do homem, por mais culto, perspicaz e experiente
que seja”. Destina-se, pois, a elucidar “os defeitos graves ou substanciais da decisão”, “a
injustiça da decisão”, “o mau julgamento da prova”, “a errônea interpretação e aplicação da
Lei, ou da norma jurídica”, “a errônea interpretação das presunções das partes” e “a errônea
análise dos fatos e das suas circunstâncias”. Assim, recurso é o poder de provocar o reexame
de uma decisão judicial visando a obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a
integração da decisão recorrida.
(p-892 a 900) Do Recurso em Sentido Estrito compreende do artigo 581 a 592 do CPP, e
cabível para impugnar determinadas decisões interlocutórias do magistrado pronunciadas ao
longo do processo, e este expressamente está previsto em lei. Quanto ao seu processamento
pode-se dar por instrumento conforme artigo. 587 CPP, ou pode formar-se nos próprios autos
do processo principal vide artigo 583 do CPP. Os seus requisitos objetivos estão atrelados à
exigência de que não exista uma decisão imutável e irrevogável, portando que ainda não se
tenha operado a coisa julgada formal. Ou seja, uma decisão é recorrível porque ainda não está
preclusa, para isto tem que estar profundamente pautada com a sua adequação, Veja, além da
adequação deve ser cabível. Quanto às exceções elas estão presumidas no artigo 95 e
seguintes do CPP (litispendência, coisa julgada e legitimidade das partes). Os efeitos do
recurso em sentido estrito, quanto ao efeito devolutivo esse recurso se distingue por ser misto,
pois, há o efeito duplo, permitindo que o juiz a quo possa reexaminar a sua própria decisão e,
caso isso não ocorra o recurso será remetido para o tribunal ad quem. Tem o condão de
recurso regressivo num primeiro momento haja vista que o magistrado pode rever a sua
decisão, mas, se isto não ocorre então passa a ter o efeito devolutivo, desta forma subindo o
recurso para o tribunal ad quem. Com referencia ao efeito suspensivo precisa-se observar o
regramento legal previsto no artigo 584 do CPP. Em relação à tempestividade e o preparo
deve-se obedecer quanto ao requisito temporal observando os seguintes prazos, 5 (cinco) dias
para interposição, artigo 586 do CPP. A essa regra deve-se atentar para duas exceções; 20
(vinte) dias para recorrer da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral, artigo 581,
XIV, do CPP, e 15 (quinze) dias para interposição e 2 (dois) dias para o caso de que a
impugnação é feita pelo assistente da acusação que não esteja habilitado , artigo 584, § 1º, c/c
598, parágrafo único, do CPP, e 2 (dois) dias da apresentação da razões, artigo 588 do CPP.
(904 a 924) Do Recurso de Apelação, É um recurso ordinário por excelência, um meio de
impugnação total ou parcial, contra decisões definitivas, que julga extinto o processo,
apreciando ou não o mérito, devolvendo ao Tribunal Superior amplo conhecimento da
matéria. De fundamentação livre, vertical e voluntário, que se destina a impugnar uma decisão
de primeiro grau, devolvendo ao Tribunal ad quem o poder de revisar integralmente o
julgamento, em sentido amplo, e não apenas de decisão, feito pelo juiz a quo. Portanto
autoriza um órgão jurisdicional de grau superior a revisar. Porém o Código de Processo Penal
tem optado a ponderar apelação como o recurso contra sentenças definitivas, de condenação
ou absolvição, e também contra as decisões definitivas ou com força definitivas não
abrangidas pelo recurso em sentido estrito. Com isso pode-se classificar como um recurso de
aplicação ambígua, isso porque conforme se adapte ao caso, da margem a conflito com o
recurso em sentido estrito, pois, permitindo a interposição de apelação até mesmo contra
decisões interlocutórias. Este tipo de recurso tem cabimento e adequação, tendo sua previsão
legal embasado no artigo 593 do CPP. Para que seja possível a aplicação do referido recurso é
exigência de que não exista uma decisão imutável e irrevogável. De maneira que não se tenha
operado a coisa julgada formal. Ou seja, uma decisão só pode permitir o recurso de apelação
desde que não se esteja preclusa. Quanto a sua adequação, a apelação é vista como o meio de
impugnação eleita pela parte interessada, sendo que também compreende a regularidade
formal da interposição do recurso. Assim a interposição de apelação pode se dar de duas
formas; a) termos nos autos b) ou por petição. Conforme artigo 593 do CPP caberá apelação
no prazo de 5 (cinco) dias. Esse prazo de 5 (cinco) dias trata-se da interposição e é com base
nesse prazo que se afirma ou não a sua tempestividade do aludido recurso. Porém esse prazo
poderá ser estendido para 15 (quinze) dias quando o recorrente se tratar de assistente da
acusação não habilitado. Contudo quanto à absolvição sumária do artigo 397 do CPP faz jus a
uma apreciação em apartado, tendo em vista como a regra é atacável pelo recurso de apelação
no artigo 593, I, do CPP. Assim precisa-se fazer uma significante ressalva, pois, a decisão que
“absolve sumariamente” por se encontrar extinta a punibilidade é impugnável pelo caminho
do recurso em sentido estrito, conforme artigo 581, VIII, do CPP. Nas decisões do Tribunal
do júri, conforme previsto no artigo 393, III, “a” do CPP, não sendo aplicáveis as decisões
proferidas por juiz singular, trata-se de uma fundamentação exclusiva do apelo contra
decisões do Tribunal do Júri. Desde logo, deve-se atentar que o inciso III, e suas alíneas,
dirigem-se, exclusivamente, às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, não sendo aplicável
às decisões proferidas por juiz singular. É uma fundamentação exclusiva da apelação contra a
decisão do Tribunal do Júri. Isso significa que a apelação interposta às decisões proferidas
pelo Tribunal do Júri fica “vinculada”, significa dizer que é necessário que a parte recorrente
indique já na petição de interposição o fundamento legal do recurso, qual alínea ou alíneas se
fundamenta o recurso. Tal critério é que irá definir o efeito devolutivo da apelação, o “tantum
devolutum, quantum appelatum”. Para isso é importante atentar para o disposto na Súmula n.
713do STF: Isso significa dizer que o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri
fica adstrito aos fundamentos da sua interposição. Assim intende-se que a apelação interposta
indicando o artigo 593, III, “a”, ainda que na fundamentação possa ser alegado que a decisão
dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos alínea “d”, o tribunal deverá limitar-
se a prover ou não o pedido de nulidade. A tempestividade o prazo para interposição da
apelação é de 5 dias, sem esquecer a Lei n. 7.871/89, que concede prazo em dobro para os
membros da Defensoria Pública dos Estados. Quanto à legitimidade podem interpor o recurso
de apelação: o MP ou querelante (na ação penal de iniciativa privada), também o réu ou o seu
defensorconforme art. 577 do CPP e o assistente da acusação este consagrado no artigo 598
do CP. Outra questão de capital importância é o preparo, pois além de tempestiva a apelação
nos crimes de ação penal de iniciativa privada ela tem que ser previamente preparada,
significa que o recorrente tenha que recolher ás custas judiciais previstas para que a
impugnação seja conhecida, sob pena de deserção. Lembrando ainda de outro detalhe
importante as apelações podem ser interposta no todo ou em parte dela autorizado pelo artigo
599 do CPP.
(p-923 a 930) Nos Embargos infringentes e nos Embargos de nulidades, em relação a esses
dois tipos de recursos tanto no processo de julgamento dos Recursos em sentido Estrito como
nas Apelações, os Tribunais de Apelação definem claramente que as regras dizem respeito ao
julgamento, apenas destas duas espécies de impugnações, com previsão no artigo 609 do CPP.
Tais recursos de apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou
turmas criminais, obedecendo à competência estabelecida nas leis de organização judiciária.
Quanto aos Tribunais brasileiros os mesmos nunca tiveram problemas maiores dificuldade no
tratamento desses dois recursos, para os devidos fins sempre foram equiparados numa espécie
de fungibilidade institucionalizada e autorizada. Em detrimento disso os defensores
empregam aos Embargos Infringentes para todos os fins, concomitante a isso os Tribunais não
cobram qualquer distinção. Em nome disso, os defensores empregam os “embargos
infringentes” para todos os fins, e os tribunais não cobram qualquer rigidez conceitual. Na
doutrina, não é diferente em partilhar dessa consideração sustentando que essa dualidade de
recursos é meramente aparente, e que na verdade o recurso é um só. Os requisitos objetivos e
subjetivos; trata-se de recursos que somente tem cabimento para impugnar uma decisão que
não foi unânime proferida pelo Tribunal no julgamento da apelação. Também se trata de
recurso exclusivo da defesa, pois, requer que tenha sido uma decisão não unânime e
desfavorável ao réu. Deste modo havendo um voto divergente a favor da tese defensiva, no
tocante ou em parte. Tempestividade o prazo para a interposição dos embargos Infringentes e
também dos Embargos de Nulidade é de 10 (dez) dias. Já o preparo é exigível nos processos
iniciados por ação penal de iniciativa privada, o não pagamento das custas recursais gera
deserção, más, em se tratando de Embargos Infringentes e de Nulidades vale-se do
entendimento de que não se faz necessário o preparo, aproveitando aquele feito para a
Apelação. Efeitos Devolutivo e Suspensivo no tocante à extensão é um recurso limitado ao
ponto da divergência, nem mais, nem menos. Sua fundamentação está vinculada à
divergência, assim o efeito é devolutivo, pois, está incumbindo ao órgão jurisdicional superior
o julgamento da impugnação, impossibilitando o reexame pelo mesmo colegiado.
(p-930 a 934) Embargos Declaratórios; A garantia da jurisdição e, sobretudo da motivação
das decisões judiciais que não se contenta com “qualquer” decisão ou com a presença de
“qualquer” juiz. Portanto, a ação decisória deve revestir-se de qualidades mínimas para ser
legítimo. Entre elas, está, obviamente, a clareza, a coerência, a lógica e a exaustividade da
decisão, sob pena de inépcia e rejeição liminar, a decisão deve revestir-se desses mesmos
atributos (infelizmente para o direito processual não existem sentenças ineptas). A
exaustividade da decisão significa que é dever do juiz analisar e decidir acerca de todas as
teses acusatórias e defensivas, acolhendo-as ou não, mas sempre enfrentando e
fundamentando cada uma, sob pena de omissão e, dependendo da gravidade, gerar um ato
defeituoso insanável (nulo, portanto). Assim os Embargos Declaratórios tem cabimento para
impugnar o ato decisório que não satisfez esses requisitos mínimos, e com isso permitindo
que o juiz esclareça e até mesmo supra eventuais omissões. Para impugnar as decisões
proferidas por juiz singular (primeiro grau, portanto), estabelece o artigo. 382 do CPP: Em se
tratando de acórdãos proferidos por tribunais, os embargos declaratórios estão previstos nos
artigos. 619 e 620 do CPP: E tendo cabimento, os embargos de declaração que servirão para
impugnar: a) um ato decisório judicial seja ele sentença, decisão interlocutória, ou acórdão,
mesmo que irrecorrível; b) que tal ato decisório contenha uma obscuridade, ambiguidade,
contradição ou omissão. Todo ato judicial que tenha um caráter decisório, ainda que mínimo,
é passível de embargos declaratórios, mesmo que seja considerado “irrecorrível”, como
sucede com as decisões interlocutórias simples. Os embargos de declaração devem ser
opostos por escrito, com as razões inclusas, em que a parte demonstre o ponto a ser aclarado.
A exceção a essa regra fica por conta dos Juizados Especiais Criminais, em que o art. 83 da
Lei n. 9.099/95 possibilita a interposição dos embargos declaratórios oralmente ou por escrito
e também amplia o prazo, que será de 5 (cinco) dias. Pois como regra o prazo para interpor
Embargos de Declaração é de 2 (dois) dias. E estão legitimados a embargar o Ministério
Público, assistente da acusação, o querelante e o réu (ou querelado). Quanto ao preparo em
regra não existe preparo para os embargos declaratórios, mesmo sendo a ação penal de
iniciativa privada, mas é sempre aconselhável consultar-se o Regimento Interno do respectivo
tribunal e o Código de Organização Judiciária, já que o Código de Processo Penal é omisso
nesta matéria. No tocante ao efeito dos Embargos Declaratórios têm como efeito interativo ou
regressivo, pois atribuem ao próprio juiz ou tribunal, que ditou a decisão, o poder de
reexaminá-la, ou seja, regressa para o mesmo órgão decisório. Portanto incumbe ao juiz que
proferiu a sentença (ou câmara/turma criminal em caso de acórdão) decidir novamente,
esclarecendo a contradição, ambiguidade, obscuridade ou omissão. Como regra, não há uma
modificação na decisão, mas apenas a declaração de seu conteúdo incompreensível. Em tese,
nada impede que existam embargos declaratórios sucessivos, ou seja, interpostos mais de uma
vez em relação à mesma decisão. Excepcionalmente, em casos complexos, pode ser que a
nova decisão ainda não esclareça completamente os pontos omissos, obscuros, ambíguos ou
contraditórios, cabendo, portanto, a renovação dos embargos declaratórios. Porém essa é uma
situação excepcional. No tocante ao efeito suspensivo, na verdade os embargos declaratórios
interrompem o prazo para interposição de qualquer outro recurso, desde que a decisão seja
recorrível, é claro. Não se trata de suspender, mas sim de interromper o prazo dos demais
recursos, na medida em que deverá fluir por inteiro. Esclarecimento quanto ao prazo
(tempestividade) se intimada da sentença a parte apresentar os embargos de declaração no
segundo dia, esse tempo 2 (dois) dias será computado na contagem do prazo do recurso de
apelação, a ser interposto após o julgamento dos embargos. Logo, considerando que o prazo
para interpor a apelação é de 10 (dez) dias (artigo. 82, § 1º, da Lei n. 9.099/95), restarão
apenas 8 (oito) dias para recorrer. Nos demais casos, fora da competência do JECrim, a
interrupção faz com que o prazo comece por inteiro após o julgamento dos embargos
declaratórios (ou seja, no exemplo anterior, a parte teria os 5 (cinco) dias previstos no artigo.
593 do CPP para apelar). A interrupção do prazo recursal operada com a interposição dos
embargos declaratórios a todas as partes aproveita, e não apenas ao que embargou.
(p-934 a 939) Do Agravo em Execução Penal, não há um rol taxativo de decisões
impugnáveis pela via do agravo em execução, importando a existência de uma decisão
interlocutória que gere um gravame para o réu ou da qual discorde o Ministério Público. Em
linhas gerais, os incidentes da execução criminal devem ser objeto de uma decisão
jurisdicional, e esta decisão poderá serimpugnada pela via do agravo. Esse recurso poderá ser
interposto por petição ou por termo nos autos (art. 578 do CPP), No que diz respeito à
tempestividade, o agravo é regido pelos seguintes prazos: 5 (cinco) dias para interposição, art.
586 do CPP; 2 (dois) dias para apresentação das razões, art. 588 do CPP. Não há que se falar
em preparo no agravo em execução, não apenas porque inexiste previsão legal sobre às custas
deste recurso, mas também porque já se esgotou o processo de conhecimento, nos requisitos
recursais subjetivos, cumpre esclarecer que a legitimação para agravar é do Ministério
Público, defensor ou apenado, até porque, na execução, atribui-se ao preso a capacidade de
postular em juízo (o que constitui um absurdo, na medida em que o correto é ter-se um
serviço de defensoria pública suficientemente forte e bem estruturado. O agravo em execução
subirá por instrumento, devendo a parte recorrente indicar as peças do Processo de Execução
Criminal (PEC) que pretenda traslado, ou seja, quais petições e decisões entende necessário
fotocopiar para formar os autos que subirão ao tribunal com o recurso. Existem peças que a
parte indica e outras que são necessárias, como determina o artigo. 587, parágrafo único, do
CPP. São peças obrigatórias: Os autos serão conclusos ao juiz que proferiu a decisão (efeito
regressivo), para que a mantenha ou reforme. Nesse sentido é o que estabelece o art. 589 do
CPP. O Código de Processo Penal não define, mas é lógico dar-se o mesmo tratamento
dispensado ao recurso, ou seja, 5 (cinco) dias. Essa simples petição deve ser apresentada em
até 5 (cinco) dias da data em que a parte prejudicada for intimada da retratação do juiz. O
agravo em execução criminal tem efeito misto, ou seja, regressivo no primeiro momento
(devolução ao juiz a quo), e devolutivo propriamente dito no segundo momento, quando o
juiz não exerce o juízo de retratação e o agravo é remetido ao tribunal ad quem. O fato de o
agravo não ter efeito suspensivo faz com que, muitas vezes, seja interposto habeas corpus,
para evitar ou sanar a grave coação ilegal que o apenado sofre ou pode vir a sofrer. Importante
que se diga que alguns tribunais, muitas vezes alheios à realidade medieval do sistema
carcerário brasileiro, adotando uma postura formalista e burocrática, não conhecem do habeas
corpus diante da existência de recurso específico (agravo).
(p-939 a 941) Carta Testemunhável, é um instrumento processual pouco utilizável que na
prática se revela muito antiquado, fora da realidade do processo Penal e da administração da
justiça contemporânea, mas, que por incrível que pareça ainda está em pleno vigor,
disciplinado nos artigos 639 a 646 do CPP; Vejamos o seu cabimento pelo artigo 639 do CPP:
I - da decisão que denegar o recurso; II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua
expedição e seguimento para o juízo ad quem. Então a carta testemunhável tem cabimento,
servindo, basicamente, para permitir que o recurso seja finalmente enviado ao tribunal ad
quem, seguindo a sua tramitação. Em relação à legitimidade, está vinculada àquela necessária
para a interposição do recurso originário, para o qual foi denegado o prosseguimento, logo,
Ministério Público, assistente da acusação ou o defensor do imputado. Quanto ao preparo para
a carta testemunhável, não há o que se falar até porque é um recurso destinado a levar ao
órgão ad quem o conhecimento de uma decisão que denegou um outro recurso. Em relação ao
seu procedimento segue nos termos do art. 641: Vejamos o que diz o art. 641. O escrivão, ou
o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no
caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará
entrega da carta, devidamente conferida e concertada. Assim, feita a petição e indicadas as
peças, deverá o escrivão ou secretário do tribunal, no prazo de 5 (cinco) dias, entregar o
instrumento ao recorrente. Em último caso, estabelece o artigo. 644 do CPP, que o tribunal,
câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento,
mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de
meritis. Com isso, o tribunal ad quem poderá desde logo decidir o mérito do recurso que teve
seu prosseguimento denegado. Por fim, a carta testemunhável tem efeito devolutivo misto
(regressivo no primeiro momento e devolutivo propriamente dito no segundo) e não terá
efeito suspensivo por expressa vedação do art. 646 do CPP.
(p-941 a 960) Dos Recursos Especial e Extraordinário, esses recursos são meios de
impugnação de natureza extraordinária, na medida em que respectivamente o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) não reexaminam todo o
julgamento, senão que se limitam ao aspecto jurídico da decisão impugnada, ou seja, à
discussão das questões de direito expressamente previstas em lei. São, por isso, recursos de
fundamentação vinculada, posto que a matéria discutida fica limitada àqueles expressamente
previstos na Constituição. Mas no tocante a SÚMULA N. 07 do STJ: A pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial. E a SÚMULA N. 279 do STF: Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Veja, essa limitação deve ser bem
compreendida, pois o que se veda é a rediscussão da axiologia da prova em relação ao caso
penal, mas não o regime legal das provas. Portanto, a violação de regras processuais atinentes
à prova, dos princípios das provas, a utilização de prova ilícita, a prova ilícita por derivação, a
atribuição de carga probatória ao réu, enfim, as questões legais acerca da prova, são passíveis
de recurso especial. Então a distinção entre questões de fato e questões de direito é tão
cartesiana; na realidade é uma distinção tênue e complexa. Notem que as Súmulas vedam é o
“simples” reexame da prova, o que não impede, portanto, a discussão sobre a qualificação
jurídica dos fatos, ou seja, o juízo de tipicidade realizado pelo tribunal a quo no caso concreto.
A discussão situa-se na incidência ou não da norma penal no caso em julgamento, a
interpretação dada e os limites semânticos do tipo. Outra questão de cabal importância é de
em ambos os recursos destinam-se a impugnar as decisões proferidas em única (nos casos de
competência originária dos tribunais) ou última instância, constituindo-se em ultima ratio do
sistema recursal que sempre pressupõem o exaurimento das vias recursais ordinárias. Neste
viés exige a Súmula n. 281 do STF: Veja o que diz a SÚMULA N. 281 do STF: É
inadmissível o recurso extraordinário quando couber na justiça de origem, recurso ordinário
da decisão impugnada. Assim tal exigência serve para ambos os recursos, pois também o
especial não tem cabimento quando a matéria não tiver esgotado os recursos ordinários. O
recurso especial tem seus casos de cabimento expressamente previstos no art. 105, III, da
Constituição, a saber: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida. Decisão em última instância
pressupõe o esgotamento de todos os recursos no respectivo Tribunal (Estadual ou Regional
Federal), pois só então se abre a possibilidade do recurso especial. O recurso especial será
julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, por fim, o disposto na Súmula n. 203 do STJ: Não
cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados
Especiais. Já para o recurso extraordinário, em que a Súmula n. 640 do STF dispõe que é
cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de
alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal. a) contrariar tratado ou lei
federal, ou negar-lhes vigência; Destarte, é o recurso especial um instrumento de tutela e
controleda aplicação da legislação infraconstitucional, ao passo que a tutela da Constituição
corresponde ao Supremo Tribunal Federal. O recurso extraordinário tem seus casos de
cabimento expressamente previstos no art. 102, III, da Constituição, a saber: III; julgar,
mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida. Portanto o recurso extraordinário será julgado pelo Supremo Tribunal
Federal após uma decisão em única ou última instância pelos tribunais de justiça dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios ou dos tribunais regionais federais, e ainda após o julgamento
do recurso especial por parte do STJ (se cabível). Em ambos os recursos, especial e
extraordinário, devem ser interpostos, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, já
devidamente instruídos com as razões, nos termos do art. 26 da Lei n. 8.038/90: Interposto o
recurso, com observância do disposto nos incisos I, II e III, será aberto o prazo de 15 (quinze)
dias para contrarrazões. Sendo interpostos simultaneamente os recursos especial e
extraordinário, e admitidos, serão enviados ao STJ e, após o julgamento do recurso especial,
se não tiver esvaziado o objeto do recurso extraordinário, será então enviado ao STF. Nesta
matéria, é importante analisar o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 27 da Lei n. 8.038: A
Súmula n. 187 do STJ: É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça,
quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno
dos autos. Importante destacar que o preparo somente é exigível nos crimes de ação penal de
iniciativa privada, não havendo pagamento de custas recursais nos casos de ação penal de
iniciativa pública ou na ação penal privada subsidiária da pública. Ainda há o pressuposto da
exigência do prequestionamento de um requisito recursal específico dos meios de impugnação
ora analisado é o prequestionamento, sem o qual eles sequer são conhecidos. Considerando
que os recursos especial e extraordinário não se destinam ao “exame” originário de questões,
senão ao reexame das questões jurídicas já arguidas pelas partes, é imprescindível que o
recorrente já as tenha previamente ventilado. Pois, é um equívoco bastante comum nesta
temática é afirmar-se que basta a “parte” interessada prequestionar a matéria. Na realidade, o
recorrente ventila, suscita a problemática, mas o prequestionamento é feito pelo Tribunal no
acórdão. Com isso fica bem claro que não é suficiente que a parte ventile, portanto, a violação
da norma constitucional ou federal: a questão deve ter sido decidida pelo tribunal a quo, e,
caso isso não seja feito, deve a parte interpor os embargos declaratórios para forçar a
manifestação sobre a violação alegada. Quanto a Demonstração da Repercussão Geral no
Recurso Extraordinário. Reprodução em Múltiplos Feitos tem-se que por força da Emenda
Constitucional 45, foi alterado o art. 102, § 3º, da Constituição, que passou a exigir que no
recurso extraordinário o recorrente deva demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o tribunal examine a
admissão do recurso, somente podendo recusá-la pela manifestação de dois terços de seus
membros. Estamos ainda construindo o instituto da repercussão geral. A competência cautelar
é sempre do tribunal de origem. O artigo. 543-A do CPC define que, para efeito da
repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da
causa, cabendo ao recorrente à demonstração desses fatores em preliminar formal. Importante
sublinhar que sempre haverá repercussão geral quando o recurso impugnar decisão contrária à
súmula ou jurisprudência dominante no Supremo Tribunal Federal. Portanto, antes da
discussão sobre o efeito recursal, o recurso extraordinário (igual tratamento é dado ao recurso
especial) deve ter sido admitido no tribunal a quo, sem o que não há que se falar ainda em
jurisdição do STF e tampouco em efeito suspensivo. Mas, além disso, deve estar evidenciada
a tempestividade, o prequestionamento explícito e a demonstração da ofensa direta e imediata
ao texto Constitucional. A tudo isso, acrescente-se a novel necessidade de demonstração da
repercussão geral, analisada no item anterior. Cumpridos esses requisitos, ainda se exige a
verossimilhança (fumus boni iuris) do alegado pela parte, ou seja, do mérito recursal. Somente
se superados esses obstáculos, discute se o periculum in mora. Se todos esses pressupostos
são adequados para o processo civil, no processo penal a situação deve ser diferente, ou, ao
menos, relativizado o rigor destas exigências. São meramente indicativos, mas é claro que,
antes de se falar em efeito suspensivo, deve o recurso extraordinário ter sido admitido, ser
tempestivo, demonstrar, ainda que em grau de probabilidade, o prequestionamento, a ofensa
direta à Constituição e a repercussão geral. Após, abre-se a discussão sobre o “efeito
suspensivo”. Para a decisão que não admite (denega a subida) os recursos, feita pelo tribunal
de origem, caberá Agravo de Instrumento, sendo denominado recurso extraordinário com
agravo ou do agravo em recurso especial conforme a espécie de recurso que teve sua subida
denegada. É o agravo de instrumento um recurso que se destina a permitir o processamento, a
subida do recurso especial ou extraordinário barrado no juízo de pré-admissibilidade feito no
tribunal de origem, que não poderá negar seguimento ao agravo.
(p-969 a 979) Revisão Criminal é uma ação de impugnação, de competência originária dos
tribunais, não é recurso trata-se de um meio extraordinário de impugnação, não submetida a
prazos, que se destina a rescindir uma sentença transitada em julgado, exercendo por vezes
papel similar ao de uma ação de anulação, ou constitutiva negativa. Então revisão criminal,
define-se como uma ação independente que dá lugar a um processo cuja finalidade é rescindir
sentenças condenatórias transitadas em julgado e injustas. A revisão criminal situa-se numa
linha de tensão entre a “segurança jurídica” instituída pela imutabilidade da coisa julgada e a
necessidade de desconstituí-la em nome do valor justiça. Se de um lado estão os fundamentos
jurídicos, políticos e sociais da coisa julgada, de outro está a necessidade de relativização
deste mito em nome das exigências da liberdade individual. E tem caimento com previsão no
artigo. 621 do CPP, esclarecendo que a revisão criminal pode ser proposta para desconstituir
sentenças de juízes singulares ou do Tribunal do Júri, bem como acórdãos proferidos pelos
tribunais. Durante muito tempo se discutiu o cabimento da revisão criminal em relação às
decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, diante da soberania desta decisão, mas atualmente a
questão corretamente se pacificou no sentido da plena possibilidade da revisão criminal. A
revisão pode ter como objeto uma sentença condenatória (ou absolutória imprópria) ou
acórdão condenatório (ou absolutório impróprio), isso porque, quando o réu é absolvido em
primeiro grau e o Ministério Público apela, sendo acolhido o recurso, a decisão condenatória
objeto da revisão criminal é o acórdão proferido pelo tribunal, e não a sentença (absolutória)
do juiz. São dois os pressupostos da revisão criminal: Existência de uma sentença penal
condenatória ou absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, do CPP); E que esta
sentença tenha transitado em julgado. Prazo. Legitimidade. Procedimento no que diz respeito
ao prazo para interposição da revisão criminal, determina o art. 622: A revisão poderá ser
requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Parágrafo único. Não será
admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas. Portanto, não há prazo
para interposição da revisão criminal. A revisão pode ser postulada durante ocumprimento da
pena ou até mesmo após o seu término, ou seja, após a extinção da pena. Contudo, há que se
atentar para a impossibilidade de revisão criminal quando há extinção da punibilidade antes
da sentença, pois nesse caso não existe uma sentença penal condenatória para ser revisada.
Em relação à legitimidade, prevê o art. 623 que a revisão criminal poderá ser pedida pelo
próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. E seu processamento tem previsão no artigo 624.
As revisões criminais serão processadas e julgadas: I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto
às condenações por ele proferidas; II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça
ou de Alçada, nos demais casos. § 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de
Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo
regimento interno. § 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado
pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma,
e, no caso contrário, pelo tribunal pleno. § 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais
câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou
turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo
regimento interno. Artigo 626 do CPP. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá
alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão
revista. Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos em
virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível.
A Súmula n. 453, além de ser aplicável à revisão criminal, segue em vigor, pois plenamente
compatível com a nova redação dada ao art. 384 pela Reforma Processual de 2008. Nenhum
óbice existe para que o tribunal possa alterar a classificação da infração, absolver o réu,
modificar a pena ou anular o processo nas decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, de modo
que a soberania das decisões do júri deve ceder diante do interesse maior de corrigir uma
decisão injusta. De acordo com o artigo. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá
reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. O fato de a ação penal
ser de iniciativa privada não exime a responsabilidade do Estado, pois o ato danoso é a
decisão proferida pelo juiz, ou seja, a responsabilidade decorre não da acusação, mas pelo
julgamento errôneo.
(p-979 a 1001) Habeas Corpus trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir
qualquer ilegalidade ou abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção. A
ação destina-se a garantir o direito fundamental à liberdade individual de ir e vir (liberdade
deambulatória). Quando se destina a atacar uma ilegalidade já consumada, um
constrangimento ilegal já praticado denomina-se habeas corpus liberatório (sua função é de
liberar da coação ilegal). Ou seja, é uma garantia do direito à liberdade, mas também é um
direito, garantido pela ampla defesa e pelo contraditório. Deve-se defini-la como uma ação, e
não como um recurso, e mais especificamente como uma ação mandamental, ou um remédio
processual mandamental (remedial mandatory writ). Questão bastante relevante em sede de
HC é a “impossibilidade de dilação probatória”, argumento usado de forma recorrente pelos
tribunais para não conhecer do writ que exija ampla discussão probatória. A sumarização da
cognição impede que se pretenda produzir prova em sede de habeas corpus ou mesmo obter
uma decisão que exija a mesma profundidade da cognição do processo de conhecimento (ou
seja, aquela necessária para se alcançar a sentença de mérito). O artigo. 647 demonstra o
alcance da medida ao determinar que será concedido habeas corpus “sempre que alguém
sofra ou se encontre na iminência de sofrer violência ou coação ilegal em sua liberdade de ir e
vir, salvo nos casos de punição disciplinar” (militar). Cabimento – Análise dos artigos. 647 e
648 do CPP. Habeas Corpus Preventivo e Liberatório. Espécies de habeas corpus: pode ser
liberatório, quando a ordem dada tem por finalidade a cessação de determinada ilegalidade já
praticada, ou preventivo, quando a ordem concedida visa a assegurar que a ilegalidade
ameaçada não chegue a se consumar. Em caso de prisão em flagrante, à nova redação do art.
310 do CPP consagra seu caráter precautelar, onde o flagrante “não prende por si só”,
rompendo assim com uma equivocadíssima prática judicial. Agora, diante da prisão em
flagrante o juiz deverá: Art. 310. (…) I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e
se revelarem inadequadas ou insuficientes às medidas cautelares diversas da prisão; ou III -
conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo
auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos
I a III do caput do art. 23 do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal,
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação O Habeas Corpus como
Instrumento de Collateral Attack. O alcance do writ não só se limita aos casos de prisão, pois
também pode ser utilizado como instrumento para o collateral attack, possibilitando que seja
uma via alternativa de ataque aos atos judiciais, e inclusive contra a sentença transitada em
julgado. Tanto pode ser utilizado no inquérito policial como também na instrução. A primeira
decisão judicial que pode ser atacada pelo habeas corpus é a que recebe a ação penal, seja ela
denúncia. O Habeas Corpus Contra Ato de Particular É possível a utilização do writ contra
ato de particular, seja pessoa física ou jurídica (é evidente que eventual responsabilidade
penal pela ilegalidade recairá sobre as pessoas físicas, responsáveis pela empresa). Habeas
Corpus Preventivo. A utilização mais recorrente do habeas corpus é para atacar um ato ilegal
já praticado ou que está em curso, sendo realizado, cujos efeitos são atuais. O habeas corpus é
sempre postulado a uma autoridade judiciária superior, com poder para desconstituir o ato
coator tido como ilegal. É interposto em órgão hierarquicamente superior ao responsável pelo
constrangimento ilegal, havendo assim, no que tange à competência para o processamento do
HC, a observância, além da territorialidade, do princípio da hierarquia. Habeas corpus deve
indicar claramente: Paciente: quem sofre o ato coator ou está na iminência de sofrê-lo;
Impetrante: quando quem impetra o HC é outra pessoa que não o paciente; Autoridade
coatora: é a autoridade que determinou a prática do ato ilegal; Impetrado (a): é a autoridade
para a qual foi distribuído o HC, seja juiz ou tribunal; Detentor: é a pessoa que detém o
paciente, quando distinta da autoridade coatora, podendo ser o Diretor do Presídio ou
estabelecimento prisional onde o paciente está preso. A petição deverá descrever a situação
fática e apontar no que consiste a ilegalidade da coação, ou seja, os fundamentos jurídicos que
amparam o habeas corpus. Quando o habeas corpus é de competência dos juízes de primeiro
grau, o procedimento está previsto no art. 656. Artigo. 656. Recebida a petição de habeas
corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja
imediatamente apresentado em dia e hora que designar. Parágrafo único. Em caso de
desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na
forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em
juízo. Artigo. 657. Se opaciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação,
salvo: I – grave enfermidade do paciente; II – não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se
atribui a detenção; III – se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo
tribunal. Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não
puder ser apresentado por motivo de doença. Recurso Ordinário Constitucional em Habeas
Corpus é um meio de impugnar as decisões denegatórias ou de não conhecimento do habeas
corpus, sendo julgado: A Constituição apenas prevê o cabimento do recurso e a competência
para julgá-lo. O processamento está disposto na Lei n. 8.038/90, nos artigos. 30 a 32:
SÚMULA N. 319: O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em
“habeas corpus” ou mandado de segurança, é de cinco dias. No que tange à legitimidade, é um
recurso exclusivo da defesa, devendo ser interposto pelo paciente através de seu advogado.
(p-1001 a 1008) O mandado de segurança: cuida-se de ação de impugnação, valendo-se de
instrumento para coibir ilegalidade ou abuso de poder que atinja direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, desde que se trate de ato proveniente de
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
(art. 5.º, LXIX, CF). Trata-se de ação, e não recurso - destinado a proteger os interesses do
indivíduo contra as ilegalidades praticadas pelos agentes públicos. Natureza Jurídica É uma
ação mandamental, um mandamus, com status constitucional, que se encaminha a obter uma
ordem judicial dirigida a outro órgão do Estado, por meio de uma sentença. Objeto e
Cabimento. Direito Líquido e Certo. O objeto do mandamus são os atos (ações ou omissões)
ilegais do poder público e seus agentes, que prejudiquem ou atentem contra um direito líquido
e certo, que não seja sanável pelo habeas corpus ou habeas data. Direito líquido e certo
significa o direito que se apresenta manifesto em sua existência, delimitado em sua extensão e
apto a ser exercido no momento da interposição do mandamus. Legitimidade Ativa e Passiva.
Competência a legitimação ativa será do impetrante, titular do direito violado, que pode ser
uma pessoa física ou jurídica (não se pode esquecer a possibilidade de uma pessoa jurídica
sofrer a prática de um ato coator, no bojo de investigação ou processo criminal por crime
ambiental), e, à diferença do habeas corpus, o mandado de segurança segue a regra geral de
capacidade e legitimidade das ações civis, exigindo a assistência de advogado, com
procuração, para sua impetração. Legitimidade Passiva se dá quando o habeas corpus será
impetrado contra o agente ou órgão com poder de decisão (liberdade de escolha) que ameaça
ou coage ou viola ilegal ou abusivamente o direito de locomoção do paciente. O procedimento
é de cognição sumária e não existe instrução probatória, por isso o direito deve ser certo,
patente e determinado. A prova dos fatos e do direito deve ser pré-constituída e a petição
deverá ser instruída com todos os documentos necessários para comprovar o direito e a
ilegalidade alegados, devendo ser subscrita por advogado devidamente constituído. O
exercício da ação de mandado de segurança está submetido ao prazo decadencial de 120 dias,
contados da data em que o sujeito tomar conhecimento oficial do ato ilegal (art. 23 da Lei n.
12.016). O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento da constitucionalidade deste
prazo através da Súmula n. 632, a saber: SÚMULA N. 632 do STF: É constitucional lei que
fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. As informações a
serem prestadas no mandado de segurança são similares àquelas existentes no habeas corpus,
devendo ser feitas de forma clara e objetiva, fornecendo os documentos que julgue
necessários para demonstração da legalidade do ato, pois não existe posterior atividade
probatória. Da sentença que concede ou denega a segurança caberá apelação, sendo que,
concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição
(reexame necessário da matéria).
CONSIDERAÇÕES
Esta obra traz em seu conteúdo uma forma de fácil assimilação para o leitor bem como ao
profissional do Direito, e mais ainda para o estudante de direito que precisa se adaptar
aprendendo e assimilando formas de ter um melhor proveito, mais ágil na sua interpretação. O
autor apresenta comentários, considerações e exemplifica citando toda a legislação necessária
para a sua fundamentação, pois este campo da justiça brasileira é muito complexa e apresenta
muitos viés que podem confundir ou tomar um caminho adverso do pretendido pelo operador
do Direito, dado a extensão do conteúdo e diversidade de normas atinentes. De modo que se
trata de uma obra completa, e foi editada por um autor de conhecimento de notabilidade e na
atualidade desfruta de um reconhecimento e conceito irretocável no meio, de forma que pode
ser eleita esta obra como a mais adequada para embasar o trabalho de qualquer jurista que
venha a necessitar de consulta para aplicar no cotidiano profissional.

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