Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.esab.edu.br Administração de Custos CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Administração de Custos Vila Velha (ES) 2014 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Diretora Acadêmica Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Conteudista Rubia Carla Erthal Coordenação de Projeto Andreza Regina Lopes da Silva Liderança Técnica Design Educacional Renata Oltramari Liderança Técnica Design Gráfico Fernando Andrade Liderança Técnica Revisão Gramatical Tiago Costa Pereira Design Educacional Adriana Novelli João Paulo Mannrich Revisão Gramatical Laís Gonçalves Natalino Paula Ribeiro Design Gráfico Laura Rodrigues Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Cassiana Mendonça Pottmaier Dilsonir José Martins Junior Karina Silveira Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Seja-bem vindo à disciplina de Administração de Custos. A partir de agora, você irá conhecer um pouco melhor o conceito e a aplicação de uma gestão eficaz de custos. Entenda que a evolução dos conceitos e práticas associados à Administração de Custos está intimamente relacionada à intensificação da competitividade. O contexto configurado com a Revolução Industrial trouxe, como consequência, um fator denominado “economia de escala”. Ou seja, organizou-se o processo produtivo de maneira que se passou a alcançar a máxima utilização dos fatores produtivos envolvidos no procedimento, visando a baixar os custos de produção e o incremento de bens e serviços – assim, passou-se a produzir cada vez mais através de linhas de produção. Esse foi o marco que fez com que os controles de custos se tornassem mais eficazes e necessários. Até os dias atuais, utiliza-se diversos meios ou sistemas para controlar os custos em uma empresa. A eficácia dessa gestão tem ligação direta com o grau de controle de informações que a empresa possui. Segundo Bornia (2010), os sistemas produtivos das empresas têm sofrido profundas transformações devido ao aumento da concorrência. Pode-se observar essas modificações analisando-se o modelo produtivo de uma organização moderna e o de uma tradicional. Quando falamos em empresas modernas, podemos entender como sendo aquelas com processos mecanizados e produção em série, nas quais uma mesma máquina pode desenvolver diversos produtos diferentes, como uma prensa que dobra chapas para liquidificadores industriais e também dobra peças de uma batedeira industrial. No sistema tradicional, antes da Revolução Industrial, a fabricação era artesanal. Geralmente não se constituíam empresas que fabricassem os produtos, somente comércios que os revendiam, após adquirirem itens de artesãos (pessoas físicas). Todavia, quando acontece a expansão da capacidade de produção de uma empresa ou indústria, consequentemente ocorre um aumento na quantidade total produzida. Se essa elevação se der sem que haja o crescimento proporcional no custo de produção, pode-se dizer que a empresa está trabalhando com eficácia em sua gestão de custos, pois analisa as melhores alternativas para que tal aspecto se mantenha estável. Perez Jr, Oliveira e Costa (2012), a partir das abordagens que serviram de base para os estudos de custos, procuraram enfatizar que, para o perfeito gerenciamento dos ganhos, é necessário que se evolua em conhecimento prático e científico nas áreas relacionadas com marketing, técnicas mercadológicas, políticas e técnicas empresariais de aquisição de negócios, incorporação de empresas, entre outras. Porém, na outra extremidade, os autores buscaram destacar o controle e o gerenciamento dos custos e das despesas e alertar sobre a importância de as empresas estarem sempre à procura de novas metodologias para apuração, análise e gestão dessa área crítica. Iremos estudar, em um primeiro momento, todos os conceitos e terminologias relacionados a custos, para, posteriormente, discutirmos sobre as formas de cálculos, ou seja, a parte técnica de resolver e calcular custos. Na sequência, conheceremos questões estratégicas e formas de alavancar a lucratividade das organizações através de controles gerenciais de custos. Todas essas etapas serão acompanhadas de exercícios resolvidos que facilitarão o seu entendimento. Este material foi desenvolvido com base nos autores Perez Jr, Oliveira e Costa (2012), Leone (2012), Bornia (2010) e Barney e Hesterly (2007). Você irá perceber, no decorrer da disciplina, que deve-se buscar sempre um menor custo médio por produto com o aumento da produtividade. Gerenciando de maneira correta os recursos os quais a empresa tem disponíveis, ela pode controlar e aumentar a sua lucratividade. Procure conciliar a leitura deste material com a pesquisa de exemplos reais em empresas de sua cidade ou região que possam facilitar a assimilação de conceitos. Para tanto, lembre-se de registrar, durante a leitura, suas análises, avaliações e considerações. Bons estudos! Objetivo O nosso objetivo é proporcionar aos alunos uma visão ampla sobre a área de Custos, o conhecimento dos diferentes métodos de custeio e a compreensão da necessidade de uma boa administração de custos. Habilidades e competências • Analisar e interpretar informações de custos. • Compreender as formas de cálculo de custos. • Entender a estrutura de custos e a sua aplicação. • Conhecer a terminologia e a linguagem contábil de custos. • Conhecer e aplicar técnicas de formação de preços e criação de valor para a empresa. • Conhecer técnicas que possibilitem o desenvolvimento, a análise e a implantação de sistemas de controle gerencial. Ementa Temáticas introdutórias a custos industriais, teoricamente e com a aplicação de estudos de caso e pesquisas, segundo a visão generalista. Classificação de custos. Cálculo do custo do produto com base nos conceitos e métodos de apuração dos custos do material direto, da mão de obra direta e dos custos diretos e indiretos de fabricação. Análise da margem de contribuição e do custo-volume-lucro. Ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro. Sumário 1. Conceitos introdutórios ...................................................................................................8 2. Definição de custos .......................................................................................................15 3. Terminologia básica de custos .......................................................................................21 4. Entendendo o que são despesas ....................................................................................27 5. Custos fixos e despesas fixas .........................................................................................32 6. A necessidade do controle de custos .............................................................................38 7. Evolução dos controles de custos ...................................................................................46 8. Custos variáveis e despesas variáveis .............................................................................52 9. Custos diretos ................................................................................................................59 10. Custos indiretos .............................................................................................................66 11. Exercícios resolvidos ......................................................................................................7212. Objetivos da apuração do custo da produção ................................................................78 13. Custos rateados .............................................................................................................84 14. Custo de fabricação .......................................................................................................90 15. Custo dos produtos em processo de fabricação ..............................................................95 16. Custo dos produtos vendidos .......................................................................................100 17. Departamentalização dos custos .................................................................................106 18. Sistemas de custos ......................................................................................................111 19. Sistema de custeio por absorção total .........................................................................118 20. Sistema de custeio variável ou direto ..........................................................................124 21. Diferenças fundamentais entre custeamento por absorção e custeamento direto .......131 22. Exercícios resolvidos ....................................................................................................137 23. Custeio da produção conjunta, dos subprodutos, das sucatas e das perdas de materiais ..............................................................................................145 24. Formação de preço de venda .......................................................................................151 25. Margem de contribuição .............................................................................................159 26. Custos para análise da margem de contribuição .........................................................165 27. Caso prático: margem de contribuição ........................................................................170 28. Ponto de equilíbrio contábil ........................................................................................176 29. Ponto de equilíbrio econômico ....................................................................................183 30. Ponto de equilíbrio financeiro .....................................................................................189 31. Custo-padrão ..............................................................................................................196 32. Análise das variações entre custo real e custo-padrão .................................................202 33. Caso prático: determinação de custo-padrão ..............................................................208 34. Centros de custos ........................................................................................................214 35. Custeio Baseado em Atividades (ABC) .........................................................................220 36. Caso prático: aplicação da metodologia do custeio por atividades ..............................226 37. Exercícios resolvidos ....................................................................................................233 38. Métodos de valorização de estoques ...........................................................................239 39. O método do rateio simples ........................................................................................245 40. Liderança em custos como estratégia de negócios ......................................................251 41. Gestão estratégica de custos .......................................................................................257 42. Processo de implantação de custos .............................................................................263 43. Exercícios resolvidos ....................................................................................................270 44. Custos nas empresas prestadoras de serviços ..............................................................276 45. Aspectos intangíveis, contábeis e gerenciais das empresas prestadoras de serviços ....282 46. Caso prático: apuração de custos .................................................................................288 47. Custos para melhoria de processos e eliminação de desperdícios ................................294 48. Exercícios resolvidos ....................................................................................................300 Glossário ............................................................................................................................307 Referências ........................................................................................................................316 www.esab.edu.br 8 1 Conceitos introdutórios Objetivo Apresentar os conceitos introdutórios de custos. Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à primeira unidade de nossa disciplina. É com muita alegria que vamos começar nossos estudos sobre o universo da Administração de Custos. Nesta unidade você verá os principais conceitos relacionados aos custos e entenderá porque todas as empresas deveriam se preocupar com essa área. Para embasar teoricamente esta unidade, serão utilizados conceitos apresentados pelos autores Perez Jr., Oliveira e Costa (2012). Vamos em frente! 1.1 Conceito de empresa industrial Você sabe o que é indústria? Uma resposta rápida seria algo como ‘é a atividade que tem como objetivo transformar um insumo em um produto final’. Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 5) recorrem ao Dicionário Aurélio para definir indústria. “Indústria é a conjugação do trabalho e do capital para transformar a matéria-prima em bens de produção e consumo”. Na verdade, o conceito de indústria é bem mais amplo e a sua compreensão envolve o conhecimento de alguns termos relacionados ao processo produtivo. Acompanhe a figura a seguir. www.esab.edu.br 9 Produtos Serviços Transformação Recursos naturais Trabalho Capital Figura 1 – Principais termos relacionados ao processo industrial. Fonte: Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 6). Vamos ao detalhamento dos conceitos presentes na Figura 1 com base em Perez Jr., Oliveira e Costa (2012). • Recursos naturais: são quaisquer insumos que as empresas necessitem para a sua manutenção. Algo é recurso quando a sua exploração é economicamente viável. Em outras palavras, recursos naturais para as empresas são as matérias-primas. Exemplo: o algodão é um recurso natural utilizado para a fabricação de fios que, posteriormente, transformam-se em tecidos para a confecção de roupas. • Trabalho: representa o fator humano no processo produtivo, a mão de obra. Em muitas situações ele pode representar o diferencial competitivo da empresa. Exemplo: salário da costureira que confecciona as roupas. • Capital: recurso financeiro necessário para a transformação dos recursos naturais. Ou seja, o recurso financeiro irá financiar a compra de matéria-prima e pagar a mão de obra do processo. Exemplo: dinheiro para pagar o tecido e a costureira. • Transformação: é a mudança de forma dos recursos naturais para produtos. Exemplo: o algodão se transforma em fios, posteriormente em tecidos, e posteriormente em calças, vestidos, camisetas, toalhas, uniformes. • Produtos: algo de valor ofertado ao cliente. Para o cliente o produto deve valer mais do que o dispêndio financeiro que ele fará para adquiri-lo. Exemplo: toalha de banho (produto) de boa qualidade (valor agregado). www.esab.edu.br 10 • Serviços: os serviços podem ser oferecidos separadamente pelas indústrias, na forma de terceirização (por exemplo, serviços de tingimento, talhação etc.) ou para agregar valor ao produto que está sendo ofertado. Nesse caso, podemos citar o serviço de pós-venda, entendido como um serviço prestado e que valoriza o produto pela garantia da assistência. Esses conceitos fazem parte da composição de uma indústria, em um ciclo que tem início na entradado insumo, passa pelo seu processamento com agregação de mão de obra e chega ao estágio no qual se transforma em produto final, pronto para o consumidor. Esse processo de transformação deve agregar valor ao produto, para que o cliente se sinta atraído a comprá-lo. Assim, podemos apresentar o conceito de empresa industrial. A empresa industrial é aquela que adquire determinadas matérias-primas, e, com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra especializada, transforma tais matérias-primas em produtos acabados. (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012, p. 4) No quadro a seguir, você poderá observar alguns exemplos práticos de matéria-prima e no que ela pode se transformar, ou seja, qual o produto acabado resultante. Matéria-prima Produto Acabado Matéria-prima Produto Acabado Couro Sapatos, bolsas, cintos, carteiras, bolas, móveis Fumo e tabaco em folhas Cigarro, charuto, cigarrilha, fumo para cachimbo Cevada, malte, lúpulo Cerveja Algodão, fios de nylon, fibras sintéticas Calças, vestido, camisetas, toalhas, uniformes Calcário Cimento Papel e tintas Livros, revistas, jornais, agendas Minério de ferro Aço Pinus e eucalipitos Papel e celulose Níquel Aço inoxidável Uva Vinho, champagne, licor, destilado Argila Louças, pratos, azulejos, pisos, telhas, blocos Leite “in natura” Leite tipos A, B, C, queijos, margarina, mateiga, requeijão, doces, coalhada Plásticos Embalagens, filmes Trigo Farinha Quadro 1 – Matéria-prima e produto. Fonte: Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 5). www.esab.edu.br 11 De acordo com os conceitos que estudamos até então, o Quadro 1 mostra os recursos naturais (matérias-primas) transformados pela utilização da mão de obra (trabalho) com os recursos financeiros (capital). Essa transformação gera novos produtos acabados. Para sua reflexão Quantas definições e quantos conceitos, não é? Para uma empresa industrial funcionar, ela deve estar atenta a todos esses fatores e, principalmente, deve dar atenção especial ao bom uso dos recursos. Você consegue associar os exemplos práticos de matéria-prima citados anteriormente a empresas de sua região? Você já deve ter percebido que, quando falamos de indústria, nos referimos de um modo geral a todas as atividades. Porém, podemos destacar alguns ramos industriais específicos, como as indústrias petrolífera, química, de plásticos e derivados, de alimentos e bebidas, de móveis etc. A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados e tais setores podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. O setor primário está relacionado à produção através da exploração de recursos da natureza. Exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. O setor secundário é o setor da economia que transforma as matérias- primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas etc.) A empresa industrial, que estamos estudando, encontra-se nesse setor. www.esab.edu.br 12 Já o setor terciário é o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não materiais que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Exemplos de atividades econômicas desse setor: educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros transporte etc. Em termos de competitividade, podemos afirmar que um bom produto e um bom preço são atingidos por meio da otimização dos recursos os quais a empresa tem disponível. Tais recursos, por sua vez, estão relacionados à estrutura física da organização, à sua mão de obra e ao seu capital (recursos financeiros). A união de vários fatores torna a empresa competitiva. A boa notícia é que, sobre os fatores internos (estrutura, pessoal e capital), a organização possui maior influência e controle; já quando falamos em fatores externos, esse domínio diminui. Fatores externos são aqueles relacionados à economia do país, clima, política, concorrência, enfim, o que se encontra no ambiente externo à empresa. 1.2 Custo da produção de bens ou da prestação de serviços Podemos entender que custo é todo gasto que a empresa tem para produzir um determinado produto. Porém, existem determinados tipos de organizações que não vendem unicamente produtos (bens tangíveis), mas também bens intangíveis, ou seja, aqueles que não têm existência física. As empresas que produzem os bens intangíveis são as chamadas prestadoras de serviços. Como exemplo, podemos mencionar um escritório de advocacia ou de contabilidade. Devemos estar conscientes de que também há custos nas empresas prestadoras de serviço, mas de maneira diferente das empresas industriais. Vamos entender melhor essa diferença? Nas indústrias os custos são mais complexos, pois envolvem todo o processo produtivo, desde a entrada do insumo (recurso natural/matéria-prima), seu processamento, transformação, embalagem etc., ou seja, até o produto ficar pronto para o cliente. O produto irá receber todos os custos desse processo: o custo de matéria-prima, de mão de obra, assim como custos de energia elétrica, aluguel, depreciação, materiais de manutenção, óleos e lubrificantes www.esab.edu.br 13 das máquinas, entre outros. Já quando se trata de empresas prestadoras de serviços, os valores que compõem os custos são, principalmente, os salários das pessoas que desenvolvem os serviços. Claro que também devemos considerar gastos com energia elétrica, locomoção (se houver) e materiais necessários. Porém, no caso de prestação de serviços, o que tem mais peso é o valor da mão de obra. Em ambos os casos, de empresas industriais e de prestadoras de serviços, existem diversos gastos incorridos durante a execução das atividades. O departamento de Controladoria, especificamente nos setores de Contabilidade Geral e de Custos de cada empresa, é responsável por fazer a separação desses gastos. Conforme Perez Jr., Oliveira e Costa (2012), os gastos são divididos basicamente em custos e despesas. Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2012), os custos de produção são os gastos necessários para a produção de bens e serviços, enquanto as despesas são os gastos necessários para a geração de receitas. Em outras palavras, podemos afirmar que todos os gastos relacionados à produção de bens e serviços são custos e o que estiver relacionado às vendas e à parte administrativa do negócio são despesas. Além dessa separação, ainda existe outro grande grupo, os investimentos. Nessa categoria, serão classificados os gastos que a empresa tiver com bens e serviços que darão a ela um retorno no futuro. Tenha em mente que os conceitos de custos e despesas variam dependendo do tipo de empresa que estivermos analisando. Se falarmos de indústria, custos serão a mão de obra direta empregada na produção, a matéria-prima, a energia elétrica do parque fabril, enfim, tudo o que estiver relacionado à produção. Os salários dos vendedores, nesse caso, são considerados despesas, pois estão relacionados à venda do produto. Já se considerarmos um estabelecimento comercial, por exemplo, as mercadorias adquiridas para revenda (compras) representam seu custo. www.esab.edu.br 14 Essa classificação dos gastos é necessária para que possamos apurar corretamente o custo de produção. O lucro bruto e o resultado do exercício da empresa – ou seja, o lucro ou prejuízo da organização – também são encontrados após essa separação, pois as despesas serão deduzidas das receitas ou do faturamento da empresa na Demonstração de Resultado do Exercício, que é um demonstrativo obrigatório apresentado pela contabilidade. Na unidade 7, trataremos detalhadamente sobre o demonstrativo, mas, para melhor entendimento, adianta-se que aDemonstração do Resultado do Exercício irá evidenciar quanto a empresa vendeu, qual o valor dos seus custos e despesas e quanto sobrou de lucro. No caso de a organização ter mais gastos do que receitas, o demonstrativo irá evidenciar de quanto foi o seu prejuízo. Dica Lembre-se de que é preciso entender qual é o negócio da empresa para compreender quais são os custos que efetivamente ela terá. Como vimos, uma empresa de serviços é diferente de uma empresa industrial; portanto, os seus custos também serão diferenciados. Sem essa separação seria impossível chegar ao resultado econômico da empresa (lucro ou prejuízo). Portanto, você já deve estar começando a perceber a importância dos controles de custos. Mas isso é só o começo! Na unidade 2, daremos sequência ao nosso assunto tratando das definições básicas de custos e você irá entender, com mais detalhes, o que são os custos de produção. Até lá! www.esab.edu.br 15 2 Definição de custos Objetivo Compreender o que são custos. Agora que já vimos o que é empresa industrial e empresa prestadora de serviços e que em cada situação temos custos e despesas, podemos expandir os conceitos de custos. Nesta unidade, serão utilizados Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) e Bornia (2010) para apresentar o que são custos, os principais custos de produção e as definições básicas que envolvem a administração de custos. 2.1 Definições básicas O objetivo de toda empresa é gerar lucro e, para alcançar esse tão almejado resultado, a instituição precisa se organizar e manter o controle exato de informações que possam fornecer aos sócios e diretores dados para a tomada de decisões acertada. Nesse âmbito, os controles relacionados a custos podem auxiliar de forma eficiente. Mas, afinal, calcula-se o custo de quê? Somente dos produtos que a empresa vende? Leone (2012) destaca alguns objetos de custeio, conforme seguem. • Produtos: são os produtos fabricados ou vendidos pela empresa. Exemplos: sapato, televisão, perfume etc. • Serviços: são os serviços faturáveis, ou não, realizados pela empresa. Entre os serviços faturáveis encontram-se os serviços de transporte de uma empresa de ônibus, os serviços realizados por um cartório, os serviços desenvolvidos por uma empresa de consultoria. Já os serviços não faturáveis compreendem os serviços de manutenção preventiva dentro da empresa, os serviços médicos e de alimentação e os serviços de segurança, entre muitos outros. www.esab.edu.br 16 • Estoques: a Contabilidade de Custos determina o custo dos estoques visando à determinação dos resultados e à avaliação do patrimônio. Os valores dos estoques (em qualquer nível) entram na composição da fórmula de determinação dos custos dos produtos vendidos, que estudaremos na unidade 16. Existem diversas maneiras de se apurar os custos dos estoques. Estudaremos com detalhes as principais formas na unidade 38. • Componentes Organizacionais: são os setores da organização com referência a serviços, produtos ou processos particulares. Trata-se de apurar o custo das atividades da empresa. É importante porque pode auxiliar na tomada de decisões e na redução de custos internos. Leone (2012) traz o exemplo de que o gerente poderá ter interesse em saber quanto está custando a Divisão de Contabilidade de sua empresa, ou poderá desejar estar informado sobre a tendência dos custos da administração de pessoal ou do serviço de materiais. • Planos Operacionais: existe a necessidade de tomada de decisão sempre que precisamos optar entre dois ou mais caminhos. Esses “caminhos” a serem escolhidos são denominados planos operacionais. Diante dessa situação, é dever da gestão de custos quantificar esses planos, ou seja, planejar e saber quanto vai custar determinada decisão, bem como estar ciente do custo/benefício da escolha. • Atividades Especiais: são quaisquer atividades que estão fora da normalidade da empresa. Um exemplo seria a atividade de inventário; para tal ação, a empresa necessita parar as suas atividades normais e movimentar diversos recursos para a execução da tarefa. É interessante para o administrador saber quanto vão custar atividades desse tipo ou, se já efetuadas, quanto custaram. • Programas: são atividades preestabelecidas com a finalidade de alcançar algum objetivo. Exemplos: programa periódico de redução de custos, programa de conscientização e educação de operários etc. É importante apurar os custos dos programas previamente, para que, ao final de sua execução, sejam comparados os custos previstos com os realizados. www.esab.edu.br 17 • Segmento de Distribuição: os segmentos de distribuição se destinam a fazer chegar o produto e/ou serviço ao seu consumidor final – saber quanto custa a atividade de “obter um pedido” ou mesmo de “atender aos pedidos”. Essa classificação é citada por Leone (2012) como indicação de autores norte-americanos. Os custos de distribuição estão ligados a atividades e segmentos da função comercial. Os objetos ou objetivos do custeio são representados pelos itens a serem custeados, sendo que custear é apurar custos. Portanto, é necessário todo um trabalho de planejamento e coleta de dados até a apuração das informações úteis. Lembra-se de que, para fins gerenciais, o gestor poderá apurar custos do que lhe for conveniente. 2.2 Custos de produção Os custos de produção são elementos determinantes para o sucesso de qualquer empresa e, portanto, é necessário que seja dada a devida valorização aos controles e à gestão eficaz desses recursos. Para que possamos gerir com responsabilidade, precisamos saber exatamente como estes custos estão classificados. Antes, porém, vamos ter clareza sobre o conceito de custo de produção. De acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 6), Todos os gastos incorridos no processo produtivo de uma empresa industrial ou no processo da execução de determinado serviço são classificados pela Contabilidade como custos de produção. Os autores classificam os custos de produção em três grupos: materiais, mão de obra e outros custos de produção. O primeiro grupo de contas sugerido para a correta classificação dos custos de produção é o grupo de Materiais. Neste se encontram as matérias-primas consumidas, materiais de embalagens, materiais auxiliares etc. Note que, quando se cita matérias-primas, não estamos nos referindo ao montante comprado, que é considerado custo, mas sim ao total consumido. Ou seja, a matéria-prima é comprada, estocada e só se torna custo no momento e na quantidade que for efetivamente consumida pela produção. www.esab.edu.br 18 Em seguida, os autores classificam custos de produção de acordo com o segundo grupo de contas: Mão de obra. Nessa categoria, encontra-se a mão de obra produtiva dos trabalhadores dos departamentos diretamente ligados à produção, dos departamentos não produtivos, dos trabalhadores dos setores auxiliares da produção, da gerência e supervisão da fábrica, os salários e benefícios da Diretoria Industrial etc. Os encargos sociais, tais como a contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Férias, 13º Salário, descanso remunerado, entre outros, também fazem parte do custo de mão de obra. Por último, temos o grupo de contas chamado “outros custos de produção”, no qual se encontram custos gerais de fabricação, como depreciação do prédio da fábrica, depreciação das máquinas e equipamentos, energia elétrica, água etc. Também integram esse grupo os serviços de apoio à produção, como manutenção e limpeza das máquinas, almoxarifado, refeitório, ambulatório médico, equipamentos e sistemas de informática para controle e gerenciamento da produção etc. Ainda fazem parte desse grupo os seguros contra incêndios da fábrica, contra acidentes pessoais e demais riscos envolvendo o pessoal da fábrica, entre outros (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012). Perceba que os grupos de Materiais e Mão de Obra são facilmente atribuíveisaos produtos, ou seja, é fácil sabermos quanto será consumido na produção de cada item. Geralmente uma ficha técnica é relacionada ao produto e nela constará o tipo de matéria-prima e a quantidade a ser utilizada para a fabricação. No caso da mão de obra que opera através de medições cronometradas, apura-se o tempo necessário para a fabricação de um determinado produto e, posteriormente, o valor correspondente da mão de obra proporcional a esse tempo. Por esse motivo, pela fácil atribuição aos produtos, os materiais e a mão de obra direta são conhecidos como custos primários de produção. Os materiais diretos (matéria-prima, embalagens etc.) e a mão de obra direta são de fácil atribuição principalmente porque não necessitam de cálculos de rateio, ou seja, de formas de apropriação proporcional dos custos. Por exemplo, o custo de aluguel é um valor único e todos os produtos deverão receber uma parcela desse custo. Para fazer a www.esab.edu.br 19 apropriação utilizamos critérios de rateio, que são percentuais a alocar para cada produto. Estudaremos esse assunto com mais detalhes na unidade 13. Da mesma forma, quando falamos em depreciação ou seguros, não sabemos exatamente quanto apropriar para cada produto. Em tal situação teremos que utilizar algum critério de rateio. Custos de produção são, portanto, gastos consumidos para a obtenção de um produto, que poderá gerar renda ou não. A partir do momento no qual o empresário decide produzir, ainda não sabe se o produto irá, efetivamente, ser vendido, ou seja, se ele terá aceitação no mercado. Talvez ele incorra em custo, com gastos de produção e não saia da prateleira do estoque da empresa. Como evitar essa situação? É necessário investir previamente em pesquisas de mercado, analisar a economia e programar a produção de maneira economicamente viável. É importante frisar que existem custos diferentes para necessidades diferentes. Alguns são conhecidos pela repetição das atividades da empresa, outros são esporádicos e vão surgir dependendo da situação. O principal é termos a clareza de que, no desenvolvimento de novos produtos, é importantíssimo apurar os custos que esses itens acarretarão, para que se possa fazer uma projeção dos resultados. Para sua reflexão Quais seriam as diferenças entre empresas que controlam com eficácia os custos de produção e empresas que não se preocupam com isso? www.esab.edu.br 20 Por fim, o fluxo de informações dentro de uma empresa deve ser organizado a fim de que se obtenha agilidade no processo de identificação de falhas. Entretanto, ele deve ser revisto e reavaliado constantemente, em virtude das mutações da própria organização e do layout produtivo. As mudanças sugeridas pelo eficiente controle de custos trazem economia para a empresa e, consequentemente, o aumento da lucratividade. Na unidade 3, trataremos da terminologia básica de custos e estudaremos as definições de gasto, desembolso, perda, desperdício e investimento. Fique tranquilo! Apesar da quantidade de conceitos, iremos apresentar exemplos para facilitar o seu entendimento. Bons estudos! www.esab.edu.br 21 3 Terminologia básica de custos Objetivo Estudar as definições que são utilizadas pela maioria dos autores na área de custos. Dando continuidade ao que vimos na unidade 2 sobre a classificação dos custos, estudaremos agora a terminologia, ou seja, algumas definições básicas que diferem os gastos entre si. Utilizaremos como embasamento teórico nesta unidade os autores Bornia (2010) e Perez Jr., Oliveira e Costa (2012). 3.1 Gasto e desembolso Incialmente, devemos entender que o gasto e o desembolso devem ser tomados como duas fases de um mesmo processo. É importante não confundir os dois conceitos: o gasto ocorre sempre que a empresa faz alguma aquisição, independentemente do pagamento. Se a empresa comprou matéria-prima para, posteriormente, ser consumida na produção, ela teve um gasto. O mesmo vale caso ela adquira materiais auxiliares, material de expediente para o setor administrativo, contrate um frete para o processo de entrega de mercadorias etc. Gasto é todo o dispêndio que compreende o valor dos bens e/ou serviços adquiridos pela empresa em um determinado período. De acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 7), gasto é o “[...] consumo genérico de bens e serviços. Os gastos ocorrem a todo momento e em qualquer setor de uma empresa.” Já o desembolso é o momento do dispêndio financeiro, é “colocar a mão no bolso”, o pagamento, efetivamente. Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 7) conceituam desembolso como www.esab.edu.br 22 [...] saídas de dinheiro do caixa ou banco. Os desembolsos ocorrem devido ao pagamento de uma compra efetuada à vista ou de uma obrigação assumida anteriormente. Exemplos: • compra de matéria-prima à vista; • pagamento de salário aos funcionários; • pagamento de empréstimo bancário; • pagamento de despesas provisionadas no período anterior. Pode acontecer de a empresa fazer uma compra de matéria-prima para pagamento em 60 dias. No momento da compra, dizemos que ela teve o gasto; depois de dois meses é que ocorreu o desembolso. O desembolso é o pagamento, a saída de numerário do caixa ou da conta corrente, a fim de pagar os compromissos vindos da aquisição de bens ou serviços. Dica A área de Custos possui terminologia própria que, muitas vezes, é utilizada de forma equivocada. É importante que você conheça a definição dos termos básicos a fim de evitar qualquer erro na interpretação dos conceitos apresentados no decorrer da disciplina. 3.2 Perda e desperdício As perdas para Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 9) são: [...] gastos anormais ou involuntários que não geram um novo bem ou serviço e tampouco receitas e são apropriados diretamente no resultado do período em que ocorrem. Esses gastos não mantêm nenhuma relação com a operação da empresa e geralmente ocorrem de fatos não previstos. Na visão de Bornia (2010), as perdas são gastos anormais e são classificadas separadamente dos custos, pois não incorporam o valor dos estoques. Por exemplo, suponha que uma empresa, em determinado período, tenha um consumo anormal de matéria-prima: isso é caracterizado como perda. www.esab.edu.br 23 Vamos a outros exemplos de perdas? Vazamento de materiais líquidos ou gasosos; material com prazo de validade vencido; gastos incorridos em períodos de paralisação de produção devido à falta de insumos; problemas com equipamentos; greves; enchentes; inundações; sinistros etc. Em resumo, a perda é um gasto que a empresa tem e que geralmente ocorre sem que a organização tenha controle sobre ele, ou seja, acontece por um motivo de força maior. Porém, isso não é uma regra! Em outras palavras, podemos dizer também que perda é o valor dos bens e serviços consumidos de maneira irregular. Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 9) definem desperdícios como [...] gastos incorridos no processo produtivo ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade dos bens, serviços ou receitas geradas. Atualmente, o desperdício está sendo classificado como custo ou despesa e sua identificação e eliminação é fator determinante do sucesso ou fracasso de um negócio. As empresas classificam os desperdícios como custo ou despesa, sem saber exatamente onde eles estão. Eles podem estar inclusos em valores pagos em mão de obra, em atividades que não agregam valor ao produto (no tempo de máquina parada para troca de ferramentas, por exemplo) etc. Enfim, gastos que não são recuperados no preço de venda do produto acabam por representar os desperdícios. Dessa forma, o problema está em identificar os desperdícios dentro de uma empresa; muitas vezes, ele está camuflado no processo produtivo. Suponha que uma organização trabalha com um índice de 1% de peças defeituosas. Porém, em um determinado período, 5% dos itens produzidos foram defeituosos. Nesse caso, 4% são considerados perda anormal,porém, os desperdícios somam 5%. Os conceitos de desperdício normal e anormal são abordados por Bornia (2010) e o autor afirma que tal separação é bastante relevante, isso porque o desperdício anormal pode ser eliminado no curto prazo. É possível afirmar que, no processo produtivo regular, não deveria ocorrer desperdícios; no entanto, o desperdício normal somente pode ser suprimido no longo prazo, por meio da melhoria contínua do sistema produtivo. Assim, é necessário conhecer bem o processo de produção a fim de minimizar os desperdícios. www.esab.edu.br 24 Bornia (2010) assemelha o desperdício normal à perda: quando os recursos são utilizados de maneira ineficiente temos o desperdício e, quando são utilizados de forma eficiente, temos o custo ideal. De acordo com o autor, o desperdício normal já é conhecido pela empresa (como o índice de peças defeituosas de 1% do exemplo citado anteriormente). Isso é o mesmo que afirmarmos que essa é a perda; assim, a empresa só conseguirá eliminar essa perda melhorando a qualidade de seus serviços no longo prazo, através de aperfeiçoamento contínuo. Já no caso do desperdício anormal, este é configurado quando ocorre algo inesperado e algum recurso não foi bem aproveitado. Podemos citar o mau uso do recurso humano, que pode ter trabalhado de maneira irregular ou equivocadamente. Outro exemplo seria a qualidade dos recursos materiais (matéria-prima) ou mesmo uma greve de funcionários que possa paralisar a produção e causar uma perda produtiva. O desperdício anormal é um gasto incorrido que não pode ser acrescido ao valor do produto. 3.3 Investimento Você já deve ter escutado a palavra investimento e, talvez, ficado com dúvidas em relação aos diferentes tipos de investimentos existentes. No momento no qual uma organização se prepara para melhorias através do aprimoramento em suas instalações, de maquinários novos e de tecnologia avançada com novos computadores, entre outras ações, ela define meios de investimento. Assim, investimentos são todos os gastos que a empresa incorre com o objetivo de obter algum retorno no futuro. A organização compra uma máquina com a capacidade de produção maior com a intenção de produzir mais, vender mais e, logo, ter um lucro maior. Nesse sentido, os investimentos são classificados separadamente dos custos. Na verdade, os custos decorrentes dos investimentos (máquinas, instalações, móveis etc.) são apropriados posteriormente, por meio da depreciação. Esta, por sua vez, é o meio que a contabilidade possui para repassar aos produtos o desgaste que o seu imobilizado sofre no decorrer do tempo. Tal desgaste é expresso em termos financeiros e é mensalmente www.esab.edu.br 25 apropriado aos custos da empresa e, consequentemente, aos produtos. Segundo Bornia (2010, p. 18, grifo nosso), “Investimento é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, os quais poderão ser empregados em períodos futuros.” As participações em outras empresas também são consideradas investimento, isso porque a organização gasta no presente, comprando a participação, para posteriormente receber dividendos. É importante – e também é uma tarefa que compreende o setor de custos – a análise de viabilidade de novos investimentos. Tomemos como exemplo a aquisição de uma nova máquina para a produção: é necessário verificar se esse investimento trará o resultado esperado para a empresa, quais os custos de manutenção etc., ou seja, colocar tudo “na ponta do lápis”. Seguem alguns exemplos de investimentos: • terrenos; • prédios da administração, da fábrica, das lojas e dos almoxarifados de matérias-primas, produtos acabados e demais materiais; • móveis e instalações da administração, da fábrica, das lojas e dos almoxarifados; • máquinas industriais; • fornos industriais, caldeiras etc.; • computadores; • robôs; • empilhadeiras, carrinhos e veículos industriais, esteiras mecânicas etc.; e • ferramentas de grande porte etc. Quando se faz um investimento com compra de imobilizado, todos os gastos incorridos até que esse bem esteja em funcionamento e operação na empresa devem ser agregados ao investimento. Por exemplo, se for necessário algum serviço de instalação, frete de aquisição etc., esses valores deverão compor o valor do imobilizado em questão. Tal assunto já engloba a parte contábil da classificação, que é a base de informações para custos. Se estas forem contabilizadas erroneamente, o gestor terá informações distorcidas, o que prejudicará sua tomada de decisão. www.esab.edu.br 26 Chegamos ao fim de mais uma unidade. Nosso próximo assunto será despesas e entenderemos porque é tão importante separar custos de despesas. Um abraço! www.esab.edu.br 27 4 Entendendo o que são despesas Objetivo Entender o que são as despesas e frisar a perfeita separação entre custos e despesas. Agora que já estudamos detalhadamente o que são custos, iremos aprofundar nossos conhecimentos sobre a análise de gastos e também sobre a identificação do que são os custos e o que são as despesas de uma empresa. Esse assunto é de fundamental importância para melhorar a gestão financeira de uma organização e deve ocupar um lugar de destaque dentre as preocupações de administradores que buscam bons resultados. Para estudarmos esse conteúdo, nos embasaremos em Bornia (2010), Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) e Leone (2012). 4.1 Despesa Os gastos que a empresa têm e que não se encontram diretamente ligados à produção serão classificados como despesas. Despesa é o valor dos insumos consumidos para o funcionamento da empresa e não identificados com a fabricação. Refere-se às atividades fora do âmbito da fabricação, geralmente sendo separada em Administrativa, Comercial e Financeira. Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos de fabricação pelo fato de estarem relacionadas com a administração geral da empresa e a comercialização do produto. (BORNIA, 2010, p. 16) Como despesas administrativas citamos materiais de expediente do escritório (área administrativa), salário do gerente administrativo etc. Na área comercial temos as despesas com comissão de vendedores, fretes, salários dos vendedores, entre outros. Nas despesas financeiras temos, principalmente, os juros pagos de empréstimos, os Impostos sobre Operações Financeiras (IOF) etc. www.esab.edu.br 28 A despesa é um componente negativo de uma receita. Essa afirmativa se justifica, pois as despesas serão descontadas do faturamento da empresa, sendo este último o resultado das vendas. Segundo Martins (apud LEONE, 2012), despesas são bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas, ou seja, a despesa se caracteriza pelo fator apoio. A empresa necessita de suporte para suas atividades; não é suficiente ter um parque fabril, é necessário ter um setor administrativo que cuide das contas da organização, atenda aos clientes quando ligarem etc. É preciso também que exista um departamento de vendas que faça o produto girar e coloque-o no mercado, assim como um departamento financeiro, que será responsável pelos recebimentos das vendas e dos pagamentos a fornecedores. Despesas são gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. Todas as despesas estão diretamente ou indiretamente associadas à realização de receitas. As empresas têm despesas para gerar receitas e não para produzir seus bens e serviços. (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012, p. 8) Teoricamente, separar custos de despesas é uma tarefa fácil; porém, na prática, não é exatamente assim, principalmente em empresas menores, nas quais um sócio pode ser, por exemplo, gerente industrial e de vendas ao mesmo tempo. Como classificar o pró-labore dele? Custo ou despesa? Gerente industrial seria custo, gerente de vendas seria despesa. Mas ele é uma pessoa só! É apenas um pró-labore. Nessas situações, geralmente as organizações utilizam métodos derateio para a classificação. Poderia ser tomado como base de rateio a quantidade de dias que ele trabalha por mês em uma e em outra função e fazer a apropriação proporcionalmente ao tempo destinado a cada área. Acompanhe um exemplo: levando em consideração que um mês tenha 30 dias, apurou-se que esse sócio trabalha, em média, 12 dias na parte de vendas e 18 dias na parte industrial. Diante dessas informações, sabe- se que 40% desse tempo é utilizado para vendas e 60% para produção. Sendo assim, supondo que o pró-labore do mês seja de R$ 10.000,00, teríamos R$ 4.000,00 de despesas e R$ 6.000,00 de custos. www.esab.edu.br 29 As despesas comerciais ou com vendas são facilmente identificáveis por meio dos produtos vendidos. Por esse motivo, são chamadas de despesas diretas, como é o caso das comissões sobre vendas, dos impostos incidentes sobre o faturamento e dos fretes e seguros de transporte. São denominadas despesas indiretas aquelas administrativas e financeiras, porque não podem ser identificadas com precisão com as receitas geradas. São geralmente são consideradas como despesas do período e não são distribuídas por tipo de receita. Saiba mais Para saber mais sobre a gestão financeira de uma empresa e a sua importância, assista ao vídeo da TV Sebrae que apresenta uma conversa com o dono de uma confeitaria, clicando aqui. A parte 2 do vídeo encontra-se disponibilizada clicando aqui. Você pode encontrar outros vídeos interessantes sobre o assunto na mesma página. 4.2 Por que a separação dos gastos é importante Um bom administrador precisa entender um pouco de todas as áreas da empresa; por isso, não poderia deixar de dominar, mesmo que basicamente, a contabilidade. É preciso que você compreenda como funciona a metodologia de apropriação dos custos de sua organização para poder entender a importância da separação dos gastos em custos e despesas. As receitas, as despesas e os custos dos bens e serviços são fatos que constituem objetos da atividade da pessoa jurídica. As receitas e despesas modificam o patrimônio líquido de uma empresa no momento em que são registradas na contabilidade e o patrimônio líquido representa o grau de riqueza da organização. Assim, uma receita deixará a empresa um pouco mais rica, enquanto que uma despesa ou custo a deixará mais pobre. Na linguagem técnica, as receitas aumentarão o lucro da organização, enquanto que as despesas e os custos diminuirão o lucro ou poderão causar prejuízo. http://tv.sebrae.com.br/category/0/media/756/?s=Gerenciamento%20financeiro%20%28parte%201%29 http://tv.sebrae.com.br/category/0/media/757/?s=Gerenciamento%20financeiro%20%28parte%202%29 www.esab.edu.br 30 Quando os gastos são classificados como despesas, eles vão automaticamente para o resultado do período, ou seja, diminuem o lucro daquele mês. Por outro lado, se determinados gastos são classificados como custos, primeiramente eles serão apropriados aos estoques. No momento no qual a mercadoria for vendida, serão computados esses custos e diminuídos do resultado. Para você entender melhor, em uma empresa industrial, a contabilização das vendas das mercadorias é o momento para registrar também a baixa dos produtos fabricados e vendidos no período. É nessa ocasião que o custo é lançado no resultado da empresa. Dessa maneira, pode-se concluir que a perfeita separação de custos e despesas é importante para a correta apuração do lucro ou do prejuízo da empresa. Para fins fiscais, é essencial que tal distinção esteja livre de erros, pois é a partir do lucro da organização que é calculado o imposto de renda e a contribuição social. Se os fiscais da Receita Federal identificarem alguma falha nessa classificação que prejudique o cálculo dos impostos, a empresa estará sujeita a multa. A diretoria faz a sua distribuição de dividendos também a partir do lucro apurado e é igualmente importante que a lucratividade esteja correta para fins de análise de demonstrações contábeis junto a instituições bancárias ou caso a empresa queira participar de algum processo de concorrência. É a partir da apuração pela contabilidade do resultado – lucro ou prejuízo – de determinado período que são calculados: • a participação da diretoria e dos demais executivos nos resultados da empresa; • a remuneração dos acionistas, em forma de dividendos; • a distribuição de lucros para os sócios; • o Imposto de Renda e a Contribuição social sobre o Lucro Líquido; os índices de lucratividade para fins de análise das demonstrações contábeis, visando à participação da empresa em processos de concorrência ou captação de recursos na rede bancária. (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2012, p. 4) www.esab.edu.br 31 O mundo dos negócios oferece uma quantidade gigantesca de informações. No entanto, estas precisam ser bem trabalhadas para surtirem um efeito eficaz. Perceba que para que o resultado econômico da empresa (lucro ou prejuízo) esteja correto, é preciso um trabalho de base e que envolva todos os seus setores. Pode soar simples entender que os custos se relacionam com a produção e as despesas com o administrativo, as vendas e o financeiro; porém, em alguns casos pode ser difícil realizar essa separação, principalmente dependendo do ramo de atividade da empresa. Outro detalhe importante: o custo das mercadorias (matérias-primas, materiais auxiliares etc.) utilizadas no processo industrial deve incluir todos os gastos necessários para que tais itens cheguem à fábrica. Portanto, se a empresa pagar frete para comprar determinada mercadoria, por exemplo, esse valor deve ser incorporado ao custo da matéria-prima ou material em questão. Com isso, você começa a perceber até onde vão os detalhes da complexa área de Custos. Administrá-la de forma eficiente certamente é um diferencial competitivo. A credibilidade das informações é fator determinante para o sucesso da empresa e depende da fonte que a está gerando. É preciso conhecimento e aperfeiçoamento contínuos para entender as mudanças que ocorrem ininterruptamente no ambiente empresarial e saber apropriar corretamente os custos aos produtos. Alguns fatores, tais como comportamento da concorrência, legislação, economia e, até mesmo, a linha de produção interna, com inserção de novos produtos, sofrem alterações que necessitam de atenção. Ocasionalmente saímos de uma reunião que foi aparentemente proveitosa; no entanto, se as informações ali apresentadas não tiverem sido fidedignas, não irão gerar resultados satisfatórios, ou seja, não servirão de base na tomada de decisões seguras. Poderão, até mesmo, gerar deliberações prejudiciais à empresa. Nesta unidade você estudou o que são as despesas e por que é importante separá-las dos custos. Na unidade 5 entenderemos o que são custos fixos e despesas fixas. www.esab.edu.br 32 5 Custos fixos e despesas fixas Objetivo Entender o que são custos fixos e despesas fixas. As decorrências da criação de uma infinidade de classificações relacionadas a Custos estão na base das mudanças e evoluções sofridas nessa área desde a Revolução Industrial. Depois de conhecidas as noções de custos e de despesas, é necessário um aprofundamento em relação a desses elementos . Assim, nesta unidade veremos os conceitos de custos fixos e despesas fixas, lembrando que estaremos sempre expondo situações que possam ser assimiladas à realidade para uma melhor compreensão. Para isso, utilizaremos os autores Bornia (2010), Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) e Leone (2012) como referências desta unidade. 5.1 Custos fixos Um profissional de Custos ou de outra área que queira se aprimorar no campo de custos deve ficar atento a alguns detalhes que poderão auxiliá- lo nessa tarefa. Em primeiro lugar, esse profissional deve dominar as linguagens e técnicas utilizadas no meio empresarial, principalmente na gestão de custos. Assim, apresentaremos agora a classificação dos custos pela variabilidade. Nessa situação os custos e as despesas podem ser fixos ou variáveis.Estudaremos, primeiramente, os custos fixos. Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 12), custos fixos São os custos que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do volume de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção para mais ou para menos não altera o valor total do custo. www.esab.edu.br 33 Podemos visualizar melhor essa afirmação através do gráfico apresentado na sequência. Figura 2 – Comportamentos dos custos em função do volume de produção. Fonte: Bornia (2010, p. 19). Salários da chefia, aluguéis e seguros, entre outros, são considerados custos fixos. Imagine uma empresa com uma produção, no mês de janeiro, de 500 toneladas. O valor do aluguel pago por ela será igual no mês de fevereiro mesmo que ela produza 400 ou 200 toneladas. Os custos fixos se mantêm estáveis, independentemente da produção. Quando falamos em custo total, afirmamos que o custo fixo se mantém estável; porém, quando tratamos de custo unitário, quanto maior for a produção, menor será o custo unitário, visto que o valor total se dilui na produção. Você poderá acompanhar esse raciocínio na tabela a seguir: Tabela 1 – Variação do custo unitário fixo Custos fixos de um período Volume de produção Custos fixos por unidade R$ 12.000 5.000 unidades R$ 2,40 R$ 12.000 6.000 unidades R$ 2,00 R$ 12.000 4.000 unidades R$ 3,00 Fonte: Adaptado de Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 12). www.esab.edu.br 34 O custo unitário é obtido através da divisão do custo fixo do período pelo volume produzido. Esse decréscimo no custo fixo unitário é chamado economia de escala. Muitas multinacionais utilizam esse fator como vantagem competitiva pela alta produtividade que possuem. No entanto, quando falamos de custos fixos, na maioria das vezes dependemos de critérios de rateios para alocá-los aos departamentos e centros de custos e consequentemente, aos produtos, pois não sabemos exatamente quanto de custo fixo se refere a cada produto. Os custos fixos são de difícil identificação em relação ao produto. Saiba que os custos fixos não se mantêm inalteráveis por tempo infinito. Existem situações nas quais há alteração como, por exemplo, quando acontece a desvalorização da moeda, os reajustes ou o aumento significativo da produção. Suponha o custo fixo “Aluguel”; pode ocorrer um reajuste contratual do valor a ser pago. Nessa situação o custo fixo mudou, porém, se manterá estável nos próximos períodos. Caso a empresa necessite fazer uma análise de suspensão temporária de serviços ou descontinuação de uma linha de produtos, ela poderá se valer de uma classificação que separa os custos fixos em elimináveis e não elimináveis. De acordo com Bornia (2010, p. 22, grifo nosso): Custos fixos elimináveis, ou evitáveis, são aqueles que podem ser eliminados em curto prazo caso a empresa encerre temporariamente suas atividades. Como exemplo podem-se citar salários, aluguéis e energia elétrica. Os custos fixos não elimináveis, ao contrário, não são passíveis de eliminação a curto prazo. Entre estes se incluem as depreciações de instalações, impostos sobre a propriedade, parte da segurança e outros. Leone (2012) traz a noção de que os custos são fixos ou variáveis de acordo com um parâmetro previamente estabelecido. Ou seja, dependendo da atividade a que se está comparando, classifica-se pela variabilidade. Explicando melhor, nos exemplos anteriores fizemos a comparação dos custos fixos com o volume de produção (Tabela 1). Independente de a produção ser maior ou menor, o custo fixo se mantém. Pois bem, www.esab.edu.br 35 Leone (2012) cita o exemplo do custo de depreciação. De acordo com a legislação do Imposto de Renda, as empresas devem calcular a depreciação com base em uma tabela pré-estabelecida, que traz os percentuais a depreciar, identificando o tipo de bem e o percentual correspondente. Esse método chama-se método linear ou de taxa fixa. Quando a empresa apropria o custo de depreciação com essa metodologia, ela classifica o custo de depreciação como custo fixo. No entanto, se a empresa adotar uma forma de calcular a depreciação que esteja vinculada às horas- máquinas (parâmetro escolhido), poderá classificar esse custo como variável, pois se a organização trabalhar mais, terá maior custo agregado e, se não trabalhar, não alocará nenhum custo de depreciação. Esse conceito é pouco explorado na prática (e só poderá ser utilizado para fins gerenciais), mas serve para mostrar que a classificação está ligada ao parâmetro que se está utilizando. A maioria dos autores usa o fator produção para a classificação quanto à variabilidade. No caso específico da depreciação, o desgaste pela ação da natureza e por obsolescência geralmente tem a sua parcela classificada como fixa, enquanto que a parcela de desgaste pelo uso é classificada como variável, conforme já explicado. Nesse caso, classifica-se o gasto como semifixo ou semivariável, que é quando o gasto tem, em sua natureza, uma parte fixa e uma parte variável. No entanto, no Brasil geralmente a depreciação é classificada como custo fixo e é calculada pelo método linear em função do tempo de vida útil. Outro exemplo é exposto por Perez Jr., Oliveira e Costa (2012), conforme a tabela a seguir. Tabela 2 – Classificação do custo de depreciação Vida útil estimada de veículos Custo do veículo Classificação do gasto Depreciação por Valor da depreciação 5 anos R$ 18.000,00 Fixo Tempo de vida útil Independentemente do tempo de utilização = 20% ao ano R$ 3.600,00 por ano ou R$ 300,00 por mês 200.000 km R$ 18.000,00 Variável Km efetivamente rodado R$ 0,09 por km rodado no período Fonte: Adaptado de Perez Jr., Oliveira e Costa (2012, p. 14). www.esab.edu.br 36 Conforme podemos verificar, se o custo de depreciação do veículo for apropriado de acordo com o que diz a legislação, ou seja, pelo método linear, ele terá uma apropriação mensal de R$ 300,00. Para se chegar a esse valor, basta dividir o valor do veículo R$ 18.000,00 pelo tempo de vida útil estimada, ou seja, 5 anos, e encontra-se o valor anual: R$ 3.600,00. Em seguida, é só dividir por 12 meses (equivalente a um ano) e chegamos ao valor de R$ 300,00. Porém, se calcularmos o custo da depreciação pelo parâmetro “km rodado”, teremos um custo variável, ou seja, quanto mais o veículo rodar, mais custo será agregado. Na Tabela 2, podemos verificar que, se dividirmos o custo do veículo (R$ 18.000,00) pelo total de km que é estimado de vida útil (200.000 km) chegaremos a R$ 0,09 por km rodado no período. Acompanhe o cálculo: Custo do veículo Total km rodados $18.000,00 0,09 reais/km rodado 200.000km R = = Então é só multiplicar, em cada período, R$ 0,09 pela quantidade de km que foram rodados nesse mesmo período; este será o custo variável da empresa nesse período. Por exemplo, vamos supor que em 1 mês o veículo rodou 20.000 km. Para sabermos o custo variável em relação à rodagem do carro neste período (mês) basta realizarmos o cálculo indicado. Acompanhe: Custo variável no período de 1 mês =R$0,09 x número de km rodado no mês Custo variável no período de 1 mês =R$0,09 x 20.000 km = R$1.800,00 Neste caso, o custo variável relacionado à rodagem do carro no referido mês foi de R$ 1.800,00. Em resumo, os custos podem ser classificados em fixos e variáveis em relação a outras bases que não a produção. A classificação dos custos de acordo com a variabilidade está intimamente ligada ao fundamento que se denomina custos para a tomada de decisões. Separando-os em fixos e variáveis podemos analisar, em determinada situação, quais são os custos relevantes e não relevantes. Lembrando que um custo poderá ser relevante em um determinado cenário, porém, não relevante em outro. Por exemplo, em uma análise de uma negociação para terceirização da produção de www.esab.edu.br 37 um item levanta-se os custos variáveis e fixos e se analisa a situação. Para determinado produto os custos fixospodem ser relevantes e para outro não, uma situação poderá ser viável, outra não, e assim por diante. 5.2 Despesas fixas O conceito de classificação das despesas fixas é o mesmo adotado para os custos fixos, porém, devemos compará-los proporcionalmente ao volume de vendas ou receitas (exemplos: salários administrativos, despesas financeiras, despesas com aluguéis e seguros etc.). Assim, as despesas serão fixas quando não houver alteração em seu valor em função desse volume de receitas. No subitem anterior, verificamos que aluguéis e seguros também foram citados como exemplos de custos fixos. Mas o que diferencia esses gastos para serem classificados como custos ou como despesas? Não se trata da natureza do gasto, mas de sua finalidade. Se o aluguel ou o seguro forem do prédio no qual funciona a estrutura administrativa (escritório), será uma despesa fixa; caso estes gastos digam respeito ao prédio no qual funciona a produção, serão classificados como custos fixos. Basicamente o conceito está relacionado à separação de custos e despesas. Logo, se o gasto se mantém estável em diversos períodos, não sofrendo influência pelo volume de receitas, será uma despesa fixa. Estudo complementar Para ampliar o que vimos neste tópico, assista ao vídeo clicando aqui. Nele você poderá entender quais custos compõem a fabricação de livros e inclusive ter uma ideia dos custos fixos e das despesas fixas para o negócio de uma editora. Dessa forma, abordamos os principais conceitos de custos e despesas fixas. É inevitável falar em custos variáveis quando tratamos desse assunto para que as diferenças sejam esclarecidas; no entanto, tal tópico será abordado com mais detalhes na unidade 8. http://globotv.globo.com/fundacao-roberto-marinho/telecurso-tec/v/administracao-modulo-2-a-formacao-de-precos-programa-8/1248205/ www.esab.edu.br 38 6 A necessidade do controle de custos Objetivo Apresentar a importância de um controle eficaz de custos, identificando as necessidades das empresas em termos de competitividade, eliminação de desperdícios e melhoria contínua. Caro aluno, já estudamos nas unidades anteriores a importância da classificação dos custos e entendemos o que são custos fixos e despesas fixas; agora, vamos apresentar a relevância de um controle eficaz de custos. Esta unidade vai proporcionar uma visão mais importante de todo universo da disciplina de administração de custos. Nos referenciamos, principalmente, em Bornia (2010). Vamos em frente! 6.1 O novo ambiente competitivo Não é novidade falarmos em alta competitividade e concorrência entre as empresas atualmente. Porém, vale a pena ressaltarmos os motivos que levaram a essa situação. A facilidade de entrada de mercadorias no país com a participação no Mercosul é um desses fatores. Além disso, o setor industrial se desenvolveu bastante com a criação de reservas de mercado, uma política governamental que impede legalmente o acesso e a importação de uma determinada classe de produtos e bens de consumo com vistas à proteção e ao desenvolvimento da indústria nacional e incremento da pesquisa científica interna. Esses e outros aspectos vêm tornando a concorrência cada vez mais forte. Em empresas tradicionais tínhamos a produção artesanal, composta por poucos produtos, mas que eram gerados em grandes quantidades. Já em empresas modernas esse conceito é totalmente oposto: há a necessidade de se fabricar diversos modelos e com maior agilidade. O capitalismo traz, como consequência, produtos com vidas úteis cada vez menores, como é o caso de itens eletrônicos, que se tornam obsoletos rapidamente. www.esab.edu.br 39 Por isso, as empresas bucam trabalhar com lotes pequenos de produção e se diferenciam umas das outras na busca e no desenvolvimento de produtos com alta qualidade. De acordo com Bornia (2010), havia menos concorrência nas empresas tradicionais, os consumidores absorviam as suas ineficiências e assumiam altos preços. Dessa forma, tais organizações não necessitavam de aprimoramento contínuo, como acontece hoje. Atualmente, ouvimos falar repetidamente em melhoria constante de processos e em redução de custos, ou seja, as empresas vêm buscando ininterruptamente o progresso da eficiência e da produtividade – a ineficiência e os trabalhos improdutivos devem ser eliminados. Portanto, tudo que causa desperdício à organização precisa ser reduzido sistemática e continuamente, pois trata-se de uma questão de sobrevivência empresarial. As empresas emergentes, logo nas primeiras décadas da Revolução Industrial, assumiram uma posição privilegiada e extremamente confortável, isso devido ao grande aumento de produtividade por meio da produção mecanizada, que veio substituir o modelo artesanal. Nessa época, o mercado encontrava-se praticamente inexplorado. Houve enormes melhorias na produtividade industrial a partir da segunda década do século XX, quando se especializou o trabalho e houve a padronização dos produtos e das peças. Como a demanda do mercado era maior do que a produção, os itens padronizados e similares foram bem recebidos pelos consumidores. Porém, à medida que a oferta foi se tornado maior do que a procura com a entrada de novos concorrentes, o caminho oposto começou a acontecer. Cada vez mais a produção deixou de ser rígida em relação à padronização e abriu-se espaço para a entrada de produtos diferenciados e frequentes alterações nos modelos existentes. Essa competição também desencadeou uma oferta de preços baixos, o que obrigou as empresas a reduzirem qualquer tipo de perda e desperdício de forma sistemática. www.esab.edu.br 40 Por causa dessa evolução, hoje temos um mercado competitivo, com diversos tipos de produtos, preços cada vez menores e frequentes modificações. Nessa situação, a empresa precisa trabalhar com excelência, responsabilidade e eficácia em seus processos para obter êxito. O que isso quer dizer? Se a empresa atual não tiver o domínio de suas operações e não souber controlar custos e desperdícios, certamente estará em desvantagem frente a seus concorrentes. Em resumo, o mercado apresenta-se intensamente exigente, o que faz com que as empresas possuam muitos modelos de itens a preços competitivos. Tais produtos possuem vidas úteis mais reduzidas e seu prazo de entrega precisa ser curtíssimo. Assim, para atender às peculiaridades que o mercado atual demanda (diferenciações de produtos, entregas rápidas e preços menores), as empresas modernas se diferenciam das empresas tradicionais, pois precisam ter uma busca maior e mais efetiva pelo processo de melhoria contínua e combate aos desperdícios. E, para dar conta dessas exigências, é essencial o conhecimento dos custos que incorrem em suas atividades. 6.2 Melhoria contínua e eliminação de desperdícios A empresa que não se atualizar, não estiver em constante melhoria e não procurar a eliminação de desperdícios, será eliminada por organizações concorrentes mais competentes. Conforme citado anteriormente, essa é uma das principais diferenças entre empresas tradicionais – antigas – e modernas (BORNIA, 2010). Em organizações tradicionais (artesãos) poderia sim haver a busca por eliminação de despercícios e melhoria de processos, porém, a necessidade dessa procura era menor em função da concorrência reduzida e da menor produtividade. Portanto, é preciso agir de acordo com nosso tempo; a situação corrente exige esse posicionamento. Relembrando o que vimos na unidade 3, desperdício é todo insumo consumido de forma não eficaz, desde materiais e produtos defeituosos até atividades desnecessárias. Uma empresa é composta por trabalhos e desperdícios; existem trabalhos que agregam valor ao produto e trabalhos que não agregam, mas são necessários. A ideia é reduzir ao máximo estes últimos. www.esab.edu.br 41 Os desperdícios referem-se a itens defeituosos, movimentação desnecessária, inspeção de qualidade e capacidade ociosa, sendo a sua eliminação fundamental para a melhoriacontínua da empresa. Existem algumas atividades que são indispensáveis para a fabricação do produto, mas que não agregam valor a ele (como exemplo, a preparação de máquinas e a movimentação de materiais). Como não se pode eliminar totalmente essas etapas, deve-se trabalhar para otimizá-las, fazendo com que tomem menos tempo no processo produtivo ou obtenha-se outras reduções em custos. A característica de empresas tradicionais é a acomodação no que diz respeito à situação na qual a instituição se encontra, ao contrário das empresas modernas que se preocupam constantemente com processos de eliminação de desperdícios e melhorias. É evidente que todas as organizações gostariam de reduzir desperdícios; no entanto, as empresas tradicionais (antes da Revolução Industrial) tinham esse traço de acomodação, pois o cenário no qual se encontravam não exigia outra postura. Conviviam com o ambiente de trabalho sem a necessidade de melhorias, pois conseguiam recuperar as perdas agregando-as ao preço do produto. Como a procura era maior do que a oferta, os consumidores aceitavam pagar mais caro por determinados itens. O objetivo principal da empresa é que os produtos saiam com maior valor agregado do que quando entraram no processo. Se ocorrer o inverso, estamos incorrendo em algum tipo de desperdício que precisa ser identificado e eliminado. As empresas modernas constumam trabalhar com lotes pequenos de produção. Tradicionalmente tinha-se o conceito de que lotes maiores, também chamados de lotes econômicos, eram mais vantajosos para a organização. Porém, em algumas situações, isso pode não ser verdadeiro, principalmente porque os lotes econômicos causam acomodamento no processo produtivo. A redução do tamanho do lote tende a aumentar a produtividade e isso acontece porque o produtor passa a aprimorar o seu processo. A variável de tempo de preparação de uma máquina é utilizada para calcular o lote “ótimo”. No entanto, quando se pretende diminuir esse lote, tende-se a executar melhorias nessa variável. Se não puder ser feita essa melhoria, não poderá ser reduzido o lote; mas, muitas vezes, www.esab.edu.br 42 a redução é indispensável sob o risco de se ficar com estoques parados. Nessa situação, o produtor se obriga a buscar alternativas que melhorem seu processo. Com a fabricação de lotes menores, consequentemente teremos estoques menores que, por sua vez, significam custos menores. Alguns gerentes tradicionais não concordam com essa afirmação, pois entendem que estoques elevados ajudam a resolver problemas que possam surgir inesperadamente. Acreditam que, se tiverem bastante estoque, poderão resolver questões antes de faltarem artigos para venda. Esse raciocínio é incorreto, visto as vantangens de se manter um estoque reduzido. Se a empresa necessitar alterar algum produto ou inativá-lo, poderá fazê-lo de forma mais rápida tendo menos estoque. Além disso, não é necessário tanto espaço físico para armazenamento, o que potencializa maior integração dos processos. Há também uma maior rentabilidade sobre o investimento, isso porque o capital de giro também é reduzido. Essa redução é possível porque tendo menos estoques não é necessária a busca por meios que financiem esse estoque – lembrando que produto parado não é pago pelo cliente, mas alguém precisa pagar. É preciso aproximar-se de um fluxo contínuo de materiais, chegando assim a uma produção contínua, através de lotes pequenos e pequenas quantidades de estoques. É possível verificar que a fabricação torna-se, dessa forma, mas rápida e eficiente. “Os estoques provocam desperdícios, visto que não acrescentam valor ao produto e demandam dispêndios.” (BORNIA, 2010, p. 4). Todos esses controles fazem parte da atividade de custos integrada ao processo produtivo e esse universo faz parte da gestão de custos. Na próxima unidade estudaremos a evolução dos controles de custos e entenderemos como surgiu a contabilidade de custos, que faz todos esses controles com os quais estamos lidando. Entederemos também como está estruturada a demonstração de resultados do exercício. www.esab.edu.br 43 Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 44 Resumo O tema “tomada de decisão” vem sendo muito discutido por estudiosos da área e dirigentes das organizações em face das incertezas gerenciais e operacionais. Por isso, quando se tem a tarefa de administrar custos em uma organização, deve-se ter em mente a necessidade de se encontrar as alternativas mais benéficas à situação econômica da empresa. A partir do estudo dos conceitos e das classificações de custos, é possível extrair informações que ajudem os sócios a conhecer a realidade e a lucratividade de seu negócio; por isso, na unidade 1, tivemos como foco as principais definições sobre custos. Vimos também que indústrias são compostas por recursos naturais, trabalho, capital, transformação, produtos e serviços. Em seguida, na unidade 2, conhecemos as diferenças entre os conceitos de produtos, serviços, estoques, componentes organizacionais, planos operacionais, atividades especiais, programas e segmentos de distribuição, que são todos objetos de custeio. Vimos também que é de suma importância conhecer os gastos relativos a materiais, mão de obra e outros custos de produção. Todas essas informações irão compor relatórios de custos para avaliar a capacidade da empresa de pagar dividendos ou de realizar investimentos. Na unidade, 3 pudemos conhecer mais sobre a terminologia básica de custos, quando estudamos as diferenças entre gasto e desembolso, perda e desperdício e entendemos o que é investimento. Compreender qual é o negócio da empresa ajuda na classificação do que são custos e o que são despesas e por isso você estudou, na unidade 4, a definição de despesas. Cabe ao gestor entender que a análise conjunta de todos esses fatores e dados classificados separadamente trazem subsídios para um processo de tomada de decisões com um menor grau de risco e, consequentemente, maior taxa de sucesso. www.esab.edu.br 45 Na unidade 5 estudamos os conceitos de custos fixos e despesas fixas, assim como identificamos alguns exemplos de cada um deles. Para a verificação de novos projetos de investimentos, recorre-se a práticas de engenharia econômica, destacando-se as técnicas de redução de estoques e eliminação de desperdícios, que identificam um retorno maior do investimento. Por isso, na unidade 6 estudamos tais técnicas e também o novo cenário no qual as empresas estão inseridas. Fizemos também um comparativo de evolução das empresas, desde o sistema tradicional (antes da Revolução Industrial) até os dias atuais. www.esab.edu.br 46 7 Evolução dos controles de custos Objetivo Entender como surgiram os primeiros controles de custos, a sua evolução e como são compostos. Ao final da unidade anterior, você pôde compreender a importância de um eficaz controle de custos, isso porque as empresas estão inseridas em um cenário competitivo que requer habilidade dos gestores. Nesse contexto, daremos sequência ao nosso estudo aprendendo como surgiu a Contabilidade de Custos no decorrer desse processo, a sua evolução e os seus componentes. Embasaremos teoricamente esta unidade com conceitos e ideias de Bornia (2010), Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) e Leone (2012). 7.1 O surgimento da Contabilidade de Custos De acordo com Bornia (2010), com a Revolução Industrial surgiram as empresas industriais, a consequente mecanização dos processos e a complexidade de apuração de custos. Antes disso a fabricação era artesanal e os artesãos praticamente não constituíam pessoas jurídicas, ou seja, as empresas existentes eram empresas comerciais. Sendo assim, estas já sabiam exatamente qual
Compartilhar