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NOÇÕES DE BACTERIOLOGIA - Diferenciar as principais áreas de estudo da Microbiologia; Os micróbios podem ser divididos em 4 grupos gerais: os vírus, as bactérias, os fungos e os parasitas, cada um apresentando o seu próprio grau de complexidade. VÍRUS São as menores partículas infecciosas, variando em diâmetro de 18 a 600 nanômetros. Os vírus contém o DNA ou RNA, mas nunca os 2. Os vírus são parasitas verdadeiros pois requerem a célula hospedeira para a replicação. As células que eles infectam e a resposta do hospedeiro à infecção ditam a natureza das manifestações clínicas. De cerca de 2.000 espécies de vírus, aproximadamente 650 infectam os seres humanos e os animais. BACTÉRIAS As bactérias são organismos procariotos - organismos simples, unicelulares que não apresentam membrana nuclear, mitocôndria, complexo de Golgi, ou retículo endoplasmático - que se reproduzem por divisão assexuada. Existe dois tipos de paredes celulares bacterianas: uma delas é uma parede com camada espessa de peptidoglicano e está presente nas bactérias Gram positivas e a outra é uma parede com camada fina de peptidoglicano e uma membrana externa sobreposta presente nas bactérias Gram negativas. Algumas bactérias não possuem parede celular, portanto, sobrevivem somente no interior da célula hospedeira ou em um ambiente hipertônico. As bactérias estão presentes no ambiente que nos cerca, incluindo o ar que respiramos, a água e a comida que comemos; sendo muitas delas não virulentas, mas outras são capazes de produzir doenças que ameaçam a vida. FUNGOS Os fungos são organismos eucariontes que contém um núcleo bem definido, mitocôndria, complexo de Golgi e retículo endoplasmático. Eles podem existir de forma unicelular que se replica assexuadamente ou em uma forma filamentosa que podem se replicar sexuada e assexuadamente. Existem fungos que são chamados de dimórficos, pois assumem duas morfologias: leveduras e bolores. PARASITAS Todos os parasitas são classificados como eucariotos, entretanto, alguns são unicelulares e outros multicelulares - Diferenciar organismos procariotos e eucariotos; As células de animais, plantas e fungos são eucariontes, enquanto que bactérias e algas cianofíceas correspondem a procariontes. Procariotos e eucariotos contém ácidos nucléicos, proteínas, lipídeos e carboidratos. Utilizam os mesmos tipos de reações químicas para metabolizar o alimento, formar proteínas e armazenar energia. As principais características diferenciais dos procariotos são as seguintes: - Além de diferir na ausência de núcleo e em outras organelas, o cromossomo bacteriano difere do cromossomo humano em várias características. O cromossomo de uma bactéria típica como a Escherichia coli é uma única molécula circular de DNA, dupla-fita com cerca de 5 milhões de pares de base e comprimento aproximado de 1,3mm, não envolto por membrana. Os seres humanos apresentam duas cópias de 23 cromossomos com 2,9 x 10 elevado a 9 pares de bases e comprimento de 990mm. As bactérias possuem ribossomos menores e podem, em alguns casos, crescer em ambientes os quais a pressão osmótica externa à célula é tão baixa que poderia lisar a maioria das células eucarióticas, em temperaturas muito altas, ambientes secos e com fontes de energia escassas; - Seu DNA não está associado com histonas; - Em geral, não possuem organelas. Os procariotos não apresentam outras organelas revestidas por membrana, como núcleo, mitocôndria e cloroplastos. - Normalmente se dividem por fissão binária, o DNA sendo copiado e a célula se dividindo em duas. Os eucariotos se caracterizam por: - DNA encontrado no núcleo das células, separado do citoplasma por uma membrana nuclear; - DNA associado a proteínas cromossômicas, chamadas de histonas; - Possuírem diversas organelas revestidas por membranas: mitocôndrias, complexo de Golgi, lisossomos, etc; - Dividirem-se normalmente por mitose, na qual os cromossomos são replicados e um conjunto idêntico é distribuído em cada um dos dois núcleos. As organelas e o citoplasma seguem a mesma divisão celular, gerando no processo duas células idênticas. - Caracterizar as bactérias quanto às suas formas e modos de agrupamento; As inúmeras espécies de bactérias são diferenciadas por fatores como a morfologia, composição química, necessidade nutricionais, atividades bioquímicas e fontes de energia. As bactérias variam de diâmetro e podem ter formato de esfera (cocos), de bastão (bacilos) e de espiral. COCOS São geralmente redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Ao se dividirem, os cocos podem permanecer ligados umas às outras e são classificados em: - Diplococos: são cocos que permanecem em pares após a divisão; - Estreptococos: são cocos que permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia; - Tétrades: são cocos que se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro; - Sarcinas: são cocos que se dividem em três planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de oito, em forma de cubo; - Estafilococos: são cocos que se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cacho de uva ou lâminas amplas. BACILOS Se dividem somente ao longo de seu eixo curto e se classificam em: - Bacilo único: representa a grande maioria e são denominados bastonetes simples; - Diplobacilos: se apresentam em pares após a divisão; - Estreptobacilos: aparecem em cadeias; - Cocobacilos: são ovais e muito parecidos com os cocos. Alguns bacilos possuem a aparência de “canudinhos”. Outros possuem extremidades cônicas, como charutos. O nome “bacilo” possui dois significados em microbiologia: pode se referir a uma forma bacteriana e quando escrito em latim, em letra maiúscula e em itálico, refere-se a um gênero específico (por exemplo: bactéria Bacillus anthracis é o agente do antraz). ESPIRAL As bactérias espirais têm uma ou mais curvaturas, elas nunca são retas. São classificadas em: - Vibriões: se assemelham a bastões curvos; - Espirilos: possuem forma helicoidal, como um saca rolha e corpo rígido; Possuem um apêndice externo para se mover, semelhante a uma hélice e chamado de flagelo. - Espiroquetas: possuem forma helicoidal e flexível. Movem-se através de filamentos axiais, os quais lembram um flagelo, mas estão contidos dentro de uma bainha externa flexível. Existem também procariotos em forma de estrela e retangulares. A forma de uma bactéria é determinada pela hereditariedade. Geneticamente, a maioria das bactérias mantém uma forma única, chamada de monomórfica. Entretanto, várias condições ambientais podem alterar a sua forma tornando sua identificação difícil. Existem algumas bactérias que podem apresentar muitas formas e são chamadas de pleomórficas. - Explicar a citologia bacteriana Discutiremos seus componentes de acordo com a seguinte organização: estruturas externas à parede celular, a parede celular em si e as estruturas internas a ela. ESTRUTURAS EXTERNAS À PAREDE CELULAR Entre as estruturas externas da parede extracelular dos procariotos estão o glicocálice, os flagelos, os filamentos axiais, as fímbrias e os pili. Glicocálice Termo geral utilizado para as substâncias que envolvem as células. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente à parede celular e é composto por polissacarídeo, polipeptídeo ou ambos. Sua composição varia entre as espécies. Em grande parte, ele é produzido dentro da célula e secretado para a superfície celular. Se a substância é organizada e está firmemente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como cápsula. Se a substância não é organizada e está fracamente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como camada limosa. Em certas espécies, as cápsulas são importantes para a contribuição da virulência bacteriana. As cápsulas frequentemente protegem as bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas células do hospedeiro. O glicocálice é um componente muito importante dos biofilmes. Um glicocálice que auxilia as células em um biofilme a se fixarem ao seu ambiente-alvoe umas às outras é denominado substância polimérica extracelular (SPE). A SPE protege as células dentro do glicocálice, facilita a comunicação entre as células e permite a sobrevivência celular pela fixação de várias superfícies em seu ambiente natural. Flagelos São longos apêndices filamentosos que impulsionam as bactérias. As bactérias que não possuem flagelos são denominadas atríqueas (sem projeções). Os flagelos são classificados em: - Peritríqueos: distribuídos ao longo de toda a célula; - Polares: distribuídos em um ou ambos os pólos da célula; Se polar, o flagelo pode ser: ● Monotríqueo: um único flagelo em um polo; ● Lofotríqueo: um tufo de flagelo na extremidade da célula; ● Anfitríqueo: flagelos em ambas as extremidades celulares. Um flagelo tem três partes básicas: - Filamento: é uma longo região mais externa, tem diâmetro constante e contém a proteína globular flagelina, distribuída em várias cadeias que se entrelaçam e formam uma hélice em torno de um centro oco. - Gancho: o filamento se adere a essa estrutura e é ligeiramente mais largo, consistindo de uma proteína diferente. - Corpo basal: ancora o flagelo à parede celular e à membrana plasmática. Composto de uma pequena haste central inserida em uma série de anéis. GRAM-NEGATIVA GRAM-POSITIVA Contém dois pares de anéis: o par externo está ancora várias porções da parede celular, e o par interno está ancorado à membrana plasmática. Somente o par interno está presente Cada flagelo procariótico é uma estrutura helicoidal semirrígida que move a célula pela rotação (horária ou anti-horária) do corpo basal. As bactérias são capazes de vários padrões de mobilidade, pois conseguem alterar sua velocidade e direção de rotação movendo-se por si próprias. Quando uma bactéria se move em uma direção por um período de tempo, o movimento é denominado “corrida” ou “nado”. As corridas são interrompidas por “desvios”, que são alterações periódicas, abruptas e aleatórias na direção. Então, a corrida recomeça. Os “desvios” são causados por uma inversão da rotação flagelar. O movimento de uma bactéria para perto ou para longe de um estímulo particular é denominado taxia. Tais estímulos incluem os químicos (quimiotaxia) e a luz (fototaxia). As bactérias móveis contém receptores em várias localizações, dentro ou logo abaixo da parede celular. Esses receptores captam os estímulos químicos e em resposta a eles, a informação é passada para os flagelos. Se um sinal quimiotático é positivo, denominado atraente, as bactérias se movem em direção ao estímulo com muitas corridas e poucos desvios. Se um sinal quimiotático é negativo, denominado repelente, a frequência de desvios aumenta à medida que a bactéria se move para longe do estímulo. Filamentos axiais Filamentos axiais ou endoflagelos são feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células, sob uma bainha externa, e fazem uma espiral em torno da célula. Exemplo: as espiroquetas movem-se através de filamentos axiais. A rotação dos filamentos produz um movimento da bainha externa que impulsiona as espiroquetas em um movimento espiral. Fímbrias e pili Muitas bactérias gram-negativas contém apêndices semelhantes a pelos que são mais curtos, retos e finos que os flagelos e que são usados mais para fixação e transferência de DNA. Essas estruturas, que consistem em uma proteína denominada pilina, são divididas em dois tipos, fímbrias e pili, possuindo funções muito diferentes. As FÍMBRIAS podem ocorrer nos pólos da célula bacteriana, ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula e variam em número. As fímbrias têm uma tendência a se aderir umas às outras e às superfícies. Como resultado, elas estão envolvidas na formação de biofilmes e outros agregados na superfície de líquidos, vidros e pedras. Os PILI são mais longos que as fímbrias, e há apenas um ou dois por célula. Estão envolvidos na mobilidade celular e na transferência de DNA. Em um tipo de mobilidade da superfície bacteriana, denominada translocação bacteriana, o pilus é estendido pela adição de unidades de pilina, faz contato com a superfície ou com outras células e então se retrai à medida que as unidades de pilina vão sendo desmontadas. Esse modelo é denominado modelo do gancho atracado da mobilidade de translocação e resulta em movimentos curtos, abruptos e intermitentes. Outro tipo de movimento associado aos pili é a mobilidade por deslizamento que fornece uma maneira para os micróbios viajarem nos ambientes com baixo conteúdo de água, como os biofilmes e o solo. Alguns pili são utilizados para agregar as bactérias e facilitar a transferência de DNA entre elas, um processo chamado de conjugação. Estes pili são denominados pili de conjugação (sexuais). Nesse processo, o pilus de conjugação de uma bactéria chamada de célula F + conecta-se ao receptor na superfície de outra bactéria de sua própria espécie ou de espécies diferentes. As duas células fazem contato físico, e o DNA da célula F + é transferido para a outra célula. O DNA compartilhado pode adicionar uma nova função à célula receptora, como a resistência a um antibiótico ou a habilidade de degradar o seu meio com mais eficiência. PAREDE CELULAR É uma estrutura complexa, semirrígida, responsável pela forma da célula. A parede celular protege a frágil membrana plasmática circundando-a e protege, também, o interior da célula das alterações adversas no ambiente externo. Quase todos os procariotos possuem paredes celulares. A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ela também ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de ancoragem para os flagelos. À medida que o volume de uma célula bacteriana aumenta, sua membrana plasmática e parede celular se estendem conforme necessário. Clinicamente, a parede celular é importante, pois contribui para a capacidade de algumas espécies causarem doenças e também por ser o local de ação de alguns antibióticos. Além disso, a composição química da parede celular é usada para diferenciar os principais tipos de bactérias. Composição e características A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular denominada peptideoglicana (também conhecida como mureína), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. Paredes celulares de gram-positivas Paredes celulares de gram-negativas - A parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicana, formando uma estrutura espessa e rígida; - Contém ácidos teicoicos, que consistem principalmente de - As paredes celulares consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicana e uma membrana externa; álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. - A peptideoglicana está ligada a lipoproteína membrana externa e está no periplasma. - Não contém ácidos teicoicos; - São mais suscetíveis ao rompimento mecâni - A membrana externa da célula gram-negativ consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida a proteínas na membrana, denominadas porinas, que formam canais. As porinas permitem a passagem de moléculas como nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B12 e ferro. O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e carboidratos e que consiste em três componentes: (1) lipídeo A: é a porção lipídica do LPS e está embebido na parede superior da membrana externa. Quando bactérias gram-negativas morrem, elas liberam lipídeo A, que funciona como uma endotoxina. O lipídeo A é responsável pelos sintomas associados a bactérias gram- -negativas, como febre, dilatação de vasos venosos, choque e formação de coágulos sanguíneos; (2) um cerne polissacarídico: é ligado ao lipídeo A e contém açúcares incomuns. Seu papel é estrutural – fornecer estabilidade. (3) um polissacarídeo O: se estende para fora do cerne polissacarídico e é composto por moléculas de açúcar. O polissacarídeoO funciona como um antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas. ESTRUTURAS INTERNAS À PAREDE CELULAR Membrana plasmática É uma estrutura fina situada no interior da parede celular, revestindo o citoplasma da célula. A membrana plasmática dos procariotos consiste principalmente de fosfolipídeos, que são as substâncias químicas mais abundantes na membrana, e proteínas. São menos rígidas que as membranas das eucarióticas. As moléculas protéicas na membrana podem estar arranjadas em uma variedade de formas. Algumas, denominadas proteínas periféricas, são facilmente removidas da membrana por tratamentos leves e ficam situadas na superfície interna ou externa da membrana. Elas podem funcionar como enzimas que catalisam reações químicas. Outras proteínas, denominadas proteínas integrais, podem ser removidas da membrana somente após romper a bicamada lipídica. A maioria das proteínas integrais penetra a membrana completamente, sendo chamadas de proteínas transmembrana. Algumas proteínas integrais são canais que possuem um poro ou um buraco pelo qual as substâncias entram e saem da célula. Muitas das proteínas e alguns dos lipídeos na superfície externa da membrana plasmática possuem carboidratos ligados a eles. As proteínas ligadas aos carboidratos são denominadas glicoproteínas; os lipídeos ligados aos carboidratos são denominados glicolipídeos. A função mais importante da membrana plasmática é servir como uma barreira seletiva através da qual os materiais entram e saem da célula. Nessa função, as membranas plasmáticas possuem permeabilidade seletiva. Quando examinadas ao microscópio eletrônico, as membranas plasmáticas bacterianas frequentemente parecem conter uma ou mais invaginações grandes e irregulares denominadas mesossomos. Citoplasma Cerca de 80% do citoplasma são compostos de água, contendo principalmente proteínas (enzimas), carboidratos, lipídeos, íons inorgânicos e compostos de peso molecular muito baixo. Os íons inorgânicos estão presentes em concentrações muito maiores no citoplasma que na maioria dos meios. O citoplasma é espesso, aquoso, semi transparente e elástico. As principais estruturas do citoplasma dos procariotos são: uma área nuclear (contendo DNA), as partículas denominadas ribossomos e os depósitos de reserva denominados inclusões. Nucleoide O nucleoide de uma célula bacteriana contém uma única molécula longa e contínua de DNA de fita dupla, com frequência arranjada de forma circular, denominada cromossomo bacteriano. Essa é a informação genética da célula, que carrega todos os dados necessários para as estruturas e as funções celulares. Além do cromossomo bacteriano, as bactérias frequentemente contêm pequenas moléculas de DNA de fita dupla, circulares, denominadas plasmídeos. Essas moléculas são elementos genéticos extracromossômicos; isto é, elas não estão conectadas ao cromossomo bacteriano principal e se replicam independentemente do DNA cromossômico. Ribossomos O citoplasma de uma célula procariótica contém dezenas de milhares destas estruturas muito pequenas, que dão ao citoplasma um aspecto granular. Os ribossomos são compostos de duas subunidades, cada qual consistindo de proteína e de um tipo de RNA denominado RNA ribossômico (rRNA). Os ribossomos procarióticos diferem dos ribossomos eucarióticos no número de proteínas e de moléculas de rRNA que eles contêm; eles também são um pouco menores e menos densos que os ribossomos das células eucarióticas. Inclusões Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de reserva, conhecidos como inclusões. As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente. Endosporos Quando os nutrientes essenciais se esgotam, certas bactérias gram-positivas como as dos gêneros Clostridium e Bacillus formam células especializadas de “repouso”, denominadas endosporos. O processo de formação do endosporo dentro de uma célula vegetativa leva várias horas e é conhecido como esporulação ou esporogênese. Células vegetativas de bactérias que formam endosporos iniciam a esporulação quando um nutriente-chave, como uma fonte de carbono ou nitrogênio, torna-se escassa ou indisponível. - Correlacionar a coloração de Gram com a citologia bacteriana; O corante púrpura e o iodo se combinam no citoplasma de cada bactéria, corando-a de violeta escuro ou púrpura. As bactérias que retêm essa cor após a tentativa de descolori-las com álcool são classificadas como gram-positivas; as bactérias que perdem a cor violeta escuro ou púrpura após a descoloração são classificadas como gram-negativas. O mecanismo de coloração Gram tem como base as diferenças nas estruturas da parede celular das bactérias gram-positivas e gram-negativas e como cada uma dessas estruturas reage aos vários reagentes. A coloração Gram é um teste rápido à base de corante (cristal violeta e safranina) que permite a diferenciação das duas principais classes de bactérias. As bactérias Gram-positivas possuem uma camada espessa de peptidoglicano que contém ácidos teicoico e lipoteicóico e se tornam roxas ao serem coradas, pois o cristal violeta fica preso em seu emaranhado. Enquanto que as Gram-negativas possuem uma camada fina de peptidoglicano e uma membrana externa (mantém a estrutura, funciona como uma barreira de permeabilidade a moléculas grandes e hidrofóbicas e protege contra condições ambientais adversas) que contém lipopolissacarídeos (LPS/endotoxina, estimulador da resposta imune inata), fosfolipídeos e proteínas, e não retém o cristal violeta, sendo coradas de vermelho pela safranina. As micobactérias não podem ser classificadas pela coloração Gram, pois possuem um revestimento externo lipídico (são álcool-acidorresistentes), nem as bactérias em privação ou tratadas com antibióticos, por causa da degradação de peptidoglicano. Esse revestimento ceroso das micobactérias só consegue ser corado pela coloração ácidorresistente de Ziehl-Neelsen (uma mistura do corante vermelho básico fucsina com fenol). O corante é introduzido por aquecimento lento, e o fenol aumenta a penetração da fucsina nos lipídeos. Os ácidorresistentes coram-se em vermelho, enquanto que os que não são coram-se em azul, por causa da contracoloração com azul de metileno. - Explicar as etapas de reprodução bacteriana O crescimento bacteriano se refere ao aumento do número de bactérias e elas, normalmente, se reproduzem por fissão binária. Algumas espécies bacterianas se reproduzem por brotamento; elas formam uma pequena região inicial de crescimento (o broto), que vai se alargando até atingir um tamanho similar ao da célula parental, e então se separam dela. Algumas bactérias filamentosas se reproduzem pela produção de cadeias de conidiósporos carreados externamente na ponta dos filamentos. Algumas espécies simplesmente se fragmentam, e os fragmentos iniciam o crescimento de novas células. Quando algumas bactérias são inoculadas em um meio líquido de crescimento e a população é contada em intervalos regulares, é possível representar graficamente a curva de crescimento bacteriano, que mostra o crescimento das células em função do tempo. Há quatro fases básicas de crescimento: a fase lag, a fase log, a fase estacionária e a fase de morte celular. - Fase lag: período de pouca ou nenhuma divisão, podendo durar de uma hora a vários dias. A população microbiana passa por um período de intensa atividade metabólica, envolvendo principalmente a síntese de enzimas e várias moléculas. - Fase log: também chamada de fase exponencial de crescimento, as células começam a se dividir e entram em um período de crescimento ou aumento logarítmico. A reprodução celular é mais ativa durante esse período, e o tempo de geração atinge um valor constante. Essa fase é o momento de maior atividade metabólica, sendo o preferido para fins industriais, pois o produto precisa ser produzido de maneira eficiente. - Fase estacionária: período de equilíbrio entre o número de mortes microbianas e o número de célulasnovas, a população se estabiliza. - Fase de morte celular: o número de mortes finalmente ultrapassa o número de células novas formadas, e a população entra na fase de morte ou declínio logarítmico. Essa fase continua até que a população tenha diminuído para uma pequena fração da população da fase anterior ou morre totalmente. - Citar áreas onde as bactérias desempenham papel importante; Reciclagem de elementos vitais: Os micro-organismos, principalmente as bactérias e os fungos, têm um papel essencial no retorno do dióxido de carbono para a atmosfera quando decompõem resíduos orgânicos, plantas e animais mortos. O nitrogênio é abundante na atmosfera, mas em uma forma que não é utilizável por plantas e animais. Somente as bactérias podem converter naturalmente o nitrogênio atmosférico em formas disponíveis para plantas e animais. Tratamento de esgotos: utilizando os micróbios para reciclar a água: As estações de tratamento de esgoto removem os materiais indesejáveis e os micro-organismos nocivos. Os tratamentos combinam vários processos físicos com a ação de micróbios benéficos. Os sólidos maiores, como papel, madeira, vidro, cascalho e plástico, são removidos do esgoto; o restante é composto de líquidos e materiais orgânicos que as bactérias convertem em produtos secundários, como dióxido de carbono, nitratos, fosfatos, sulfatos, amônia, sulfito de hidrogênio e metano. Biorremediação: utilizando micróbios para limpar poluentes: Algumas bactérias podem, na verdade, utilizar poluentes como fontes de energia; outras podem produzir enzimas que quebram as toxinas em substâncias menos nocivas. Ao utilizar as bactérias dessa maneira – um processo conhecido como biorremediação – toxinas podem ser removidas de poços subterrâneos, derramamentos químicos, locais com esgoto tóxico e derramamentos de óleos. Controle de pragas de insetos por micro-organismos: A bactéria Bacillus thuringiensis é utilizada para controlar pestes como a lagarta da alfafa, a broca do milho, as lagartas do milho, os vermes do repolho, as pragas do tabaco e as lagartas comedoras de folhas de plantas frutíferas. A bactéria é pulverizada sobre as plantações atacadas por esses insetos. Ela produz cristais proteicos que são tóxicos para o sistema digestório dos insetos. O gene da toxina tem sido inserido em algumas plantas para torná-las resistentes aos insetos. Biotecnologia moderna e tecnologia do DNA recombinante: Há alguns anos, a biotecnologia passou por uma revolução com o advento da tecnologia do DNA recombinante, expandindo o potencial de bactérias, vírus, células de leveduras e outros fungos para serem utilizados como fábricas bioquímicas em miniatura. Culturas de células animais e vegetais, assim como animais e plantas intactos, são utilizados como organismos e células recombinantes. As aplicações da engenharia genética estão aumentando a cada ano. As técnicas de DNA recombinante têm sido utilizadas para produzir um grande número de proteínas naturais, vacinas e enzimas. REFERÊNCIAS: MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Microbiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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