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TUTORIAL PARA ELABORAÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL PARA O EXAME DA OAB NA ÁREA DO DIREITO PENAL

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TUTORIAL PARA A ELABORAÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL PARA A PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL DO EXAME DA OAB, NA ÁREA DO DIREITO PENAL
Caros Colegas Advogados, e Estudantes em geral da área Jurídica, Peço a Vossa Licença, para Tratar do Exame de Ordem Unificado - OAB, mais especificamente, da PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL - ÁREA: DIREITO PENAL.
Em Razão de muitos Bacharéis em Direito estarem prestes a Prestar o Exame em questão - 2a (Segunda) Fase - e, em particular, alguns Amigos, que, infelizmente, ainda não obtiveram à Almejada Aprovação no referido Exame, resolvi Escrever um "Tutorial" de Elementos que Devem ser Observados, pelos Candidatos, Previamente à Elaboração da Peça Processual Requerida pela Banca Examinadora da OAB/FGV, bem como, Durante a Elaboração da mesma. Então, Vejamos:
1 - O Primeiro Elemento que o Candidato deve ter Consciência, é que, a Banca Examinadora da OAB/FGV - ÁREA: DIREITO PENAL, é Extremamente Meticulosa, beirando à Paranóia. Por isso, mesmo que o Candidato Escreva todos os Elementos Necessários à Peça Processual Exigida pela Banca, se ele não Escrevê-los, dentro da Peça Processual, na sua Seção Própria (As Seções da Peça Processual, após o "Endereçamento da Peça", e do "Preâmbulo", é bom que o Candidato Assinale com Números Romanos. Ex. I; II; III; IV, e assim por diante)....
Obs.: Se o Candidato não Inserir o Argumento Próprio, na sua Seção Própria, dentro da Peça Processual, a Banca não Validará o ponto pertinente e merecido pelo Candidato (O Candidato poderá Obter tal Merecido Ponto, mas, só após Recurso - Fato que consiste em uma Incerta (Uma Loteria), e em Risco Desnecessário.... Concordam?).
- Para alguns Advogados e Professores de Direito Penal, o Elemento que Deve ser Observado, em Primeiro Lugar, está Relacionado à Precisão acerca de qual Peça Processual a Banca Avaliadora estará Requerendo dos Candidatos.... Mas, para mim, essa preocupação, de Essencial Importância, pode ser adiada em alguns instantes.... Para mim, o Bom Candidato deve se ater, primeiro, ao Endereçamento da Peça (Que, no Direito Penal, será Determinado, em primeiro instante, pelo "Local" do(s) Delito(s), e pelo(s) Sujeito(s) "Vítima(s)" dos Atos Delituosos" - Ou seja, "Local da Ocorrência do Delito", e a "Natureza da Vítima" - O "Local da Ocorrência do Delito, importa no Território onde o Delito foi Praticado. E a Natureza da Vítima, consiste nas Pessoas, Físicas ou Jurídicas, de Direito. Ex.: o "Local": São Paulo, mas, como Vítima um Ente Estatal Federal, como nos casos de Estelionato, ou, de Roubo, contra Agência(s) da "Caixa Econômica Federal".... Nesses casos, a "Vítima" é a própria Caixa Econômica Federal, Pessoa Jurídica de Direito "Federal".... Por isso, a Competência Jurisdicional deixa de ser da Justiça Estadual para ser da Justiça Federal).... Assim sendo, Observando-se a Indicação de Local/Vítima do Delito, Determina-se o Endereçamento da Peça.
Obs.: Deixei a Questão da Instância Jurisdicional para depois, propositalmente. Pois, consiste em uma Observação de segundo instante, que está intrinsecamente ligada ao Tipo de Peça Processual que está sendo Requerida pela Banca Avaliadora. Ok?
- Depois de Observado o Elemento Local/Vítima do Delito, o Candidato deve Observar, então, a Instância Jurisdicional do Endereçamento da Peça. Esse Elemento, o Candidato deve Captar no Histórico dos Fatos (Procedimentos Policias - Civis e/ou Militares, Delegado(s), Promotoria, Juiz do DIPO, Juiz da Primeira Instância (TJ), ou Desembargador(es) de Turma Julgadora de Segunda Instância, ou, Ministro(s) de Terceira Instância (STJ e STF))....
Obs.1: Lembrando que, o Advogado, na maioria dos casos Atua na Defesa do Autor do Delito. Mas, em alguns casos, ele Atuará na Defesa dos Interesses da Vítima (Nesses casos, a sua Atuação estará Vinculada e/ou Condicionada à Atuação/Supervisão do Ministério Público - Vide Crimes de Ação Penal de iniciativa Privada Personalíssima e Ação Penal de iniciativa Subsidiária da Pública). Mas, independente da Pessoa do Assistido pelo Advogado, a Estrutura Básica da Peça Processual, no que tange ao Endereçamento, observado o Local/Vítima do Delito, terá como elemento, essencial, a Instância Jurisdicional a que o Processo está Vinculado.... Quais sejam: (Delegacia: Nos caso de Investigações e Prisões em Flagrante, Casos de Inquéritos Policiais e Prisões Provisórias e Preventivas, nos casos de Atos de Policias - Civis e/ou Militares, e de Delegado(s): Naquelas Localidades que possuem DIPO (Departamento de Inquéritos Policiais), Endereça-se a Peça Processual para o Juiz de tal Departamento... Nos casos das Localidades em que não há DIPO: Endereça-se a Peça Processual à Vara Preventa; Atos da Promotoria/Procuradoria: Endereça-se a Peça Processual ao DIPO (Se for o caso), ou, ao Juiz da Vara de Primeira Instância, Desembargadores de Segunda, ou, Ministros de Terceira Instância, a qual a Promotoria/Procuradoria em questão está Vinculada; Atos de Juiz da Primeira Instância: Endereça-se a Peça Processual para o Juizado imediatamente Superior àquele que Procedeu o Ato Processual; Nos casos de Atos Praticados por Turma Julgadora de Segunda Instância, haverão Peças Processuais Endereçados para o Diretor do Cartório da Câmara Julgadora, como no Caso da Carta "Testemunhal" ou "Testemunhável", Peças Processuais Endereçadas para o Presidente do Tribunal de Justiça, como no Caso dos "Embargos de Declaração" e do "Agravo por Instrumento"; E, Peças Processuais Endereçadas para os Tribunais Superiores ou de Terceira Instância (STJ e STF), como nos Casos dos Recursos Extraordinário e Especial....
- Após o Endereçamento da Peça Processual, o Candidato deve Inserir a Qualificação do Sujeito da Ação (Autor ou Réu), e/ou de seu Representante Legal. E, de seu Patrono da Causa (Advogado). Nos Casos de Recursos, não precisa Escrever à Qualificação da Parte, e nem de seu Advogado (Mas, o Candidato não peca se o fizer. Eu sempre Escrevo à Qualificação, tanto da Parte, quanto do Patrono da causa, seja, do Advogado, independente da Peça Processual - É Melhor Transbordar de Informações, do que pecar por suprimi-las).
Obs.1: O Objetivo aqui, não é Ensinar a Escrever Qualificação. Mas, Orientar aos Candidatos que optem por Escrever, na peça Processual, a maior quantidade de Informações Necessárias à Identificação da Parte, bem como de seu Patrono (No caso do Sujeito da Peça, Expresso na Prova, tem-se que Escrever o seu nome Completo - Se, a Prova não Explicitar nome ou o Sobrenome do Patrocinado, Escreve-se: "Fulano" para nome, e "de Tal" para sobrenome - O mesmo fazendo com a Nacionalidade: Tal, Profissão: Tal, Estado Civil: Tal, Endereço: Rua Tal, número Tal, Bairro tal, Cidade Tal, Estado Tal, Documento de Identificação: Tal), por intermédio de seu Advogado.... Para o Patrono da Causa, Escreve-se: "Dr. Fulano de Tal, Brasileiro, Advogado - OAB-SP no XXX.XXX, com Escritório na Rua Tal, número Tal, Bairro tal, Cidade Tal, Estado Tal.
Obs.2: Atenção: Desde o Endereçamento da Peça Processual, passando pelo "Preâmbulo" da mesma, nada deve indicar à Peça Processual que se vai Desenvolver. Mas, após a Qualificação da Parte, e a de seu Causídico, o Candidato se utilizará de uma frase de Efeito. Vide: 
....vem, Mui Humildemente, Amparado no Princípio Matriz "Dignidade da Pessoa Humana, nos Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, com Fulcro no Art. Tal do Código Penal (No caso de Propositura de Ação Penal), Propor Ação...., ou, do Código de Processo Penal (Nos casos de Defesa de Réu(s)) Oferecer ou Apresentar Resposta à Acusação.... Apresentar os Argumentos Finais da Defesa na forma de Memoriais.... Interpor Recurso de Apelação.... Interpor Embargos de Declaração.... Interpor Recurso de Agravo por Instrumento.... Interpor RESE, Interpor Recurso Extraordinário.... Interpor Recurso Especial.... etc....
Obs.3: Essas, acima relacionadas, são as Peças Processuais mais Comuns Cobradas pela Banca Avaliador de Direito Criminal (Penal). Mas, se algum dos Colegas quiser Acrescentar mais alguma Peça Processual, PorFavor, esteja à Vontade para Indicar.... Ajudaria Muito. Ok?
- A Partir desse ponto, o Candidato que quiser obter o melhor Resultado da Peça Processual que Estará Elaborando, Deve Organizar a sua Peça em Tópicos, Marcados por Capítulos, e Identificados por Números Romanos. Na seguinte Ordem:
I - Dos Fatos
Nesse Item, o Candidato Elencará um breve Histórico dos Fatos Ocorridos, desde o dia e hora que aconteceu o Fato Jurídico que Deflagrou a Ação Penal em questão.
Obs.: Para maior Compreensão Didática, o Candidato deve Organizar os Elementos do Tópico "Dos Fatos", da seguinte Maneira:
a) - Datas: I) do fato; II) do crime narrado: 
Obs.: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
Na Data de.... Aconteceu o Seguinte....
b) - Os procedimentos:
Obs.: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
Em razão do Ocorrido, foram Tomadas as Seguintes Providências (Se foi chamada a Polícia ou não; se Aconteceu Flagrante Delito ou não; Se o Agente foi preso ou não; se foi Lavrado BO ou não; se foi Iniciado IP ou não; Se foi Arbitrada Fiança ou não; Se foi recebida a Denúncia; Se deu-se a pronúncia; Se foi Prolatada Sentença; ....
c) - Situação do cliente: I) se é autor II) se é réu III) se está preso IV) se está solto V) data de nascimento do réu, e qual a sua Idade à época dos Fatos (Essa Informação é Extremamente Importante)....
Obs.: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
O Cliente, Autor ou Réu, à data dos Fatos, contava com a idade de tanto, pois, nasceu na data tal, mês tal, ano tal.... Em Razão do acontecido, o cliente foi preso ou não, e continua preso ou não....
d) - A Ação Penal:
Obs.: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
A Ação Penal está em tal estágio (Falar detalhes sobre a Ação Penal em questão);
e) - Último Ato Processual praticado
Obs.: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
O Ente Estatal (Delegado, Promotor, Juiz, Desembargador, Ministro), Praticou tal Ato, que motivou esta Intervenção da Defesa....
Continuando....
II - Do Direito
Nesse Item/Seção/Capítulo, o Candidato Assinalará às Questões de Direito que Amparam os Direitos do Cliente, bem como, as Fundamentações Legais que Amparam à Intervenção pertinente à Peça Processual em Elaboração (Cabimento). Ou seja, Ele Arguirá Preliminares, e todas as Razões de Direito que Amparam o seu Cliente, Elencará às Razões Jurídicas da Peça Processual que está Elaborando, e Registrará às Fundamentações Legais que a Amparam.... Nesse Item Item/Seção/Capítulo, o Candidato poderá, ainda, incorporar um sub-item denominado "Tempestividade" (II.1 - Da Tempestividade): 
Obs.1: O Candidato deve Escrever esse Tópico da Seguinte Forma:
O Direito Pátrio, no Art. Tal do Código Tal, Assegura Tal Direito, ao qual o Averiguado/Indiciado/Réu/ Apelante/Recorrente objetiva Assegurar, na Forma da Lei, qual seja: Elencar os Direitos que a Peça Processual Pretende Discutir/Assegurar....
Obs.2: Será nessa Seção/Capítulo, que o Candidato deve, Obrigatoriamente, fazer uma Ponderação.... Qual seja, se o Cliente era, à época do Delito, Maior de 18 (Dezoito) Anos, Imputável, e Menor de 21 (Vinte e um) anos, ou, maior de 70 anos. Por que? Porque no Art. 109 do CP, está Previsto o Seguinte:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do Art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).,
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
Obs.3: Mas, o Art. 115 do CP, prevê que, se o réu tiver menos de 21 anos na data do crime e mais de 70 anos na data da sentença, o prazo prescricional deve ser reduzido pela metade. Assim sendo, o Candidato Deve Observar, Atentamente, na Redação do Caso in Procedendo da Peça Objetivada pela Banca Examinadora, se o Agente era Maior Imputável, que possuía idade menor que 21 anos, à data do Delito, ou, Possuía(rá) mais de 70 anos na data da Sentença.... Pois, nesses casos Específicos, os Réus têm a seu favor, duas Razões de Atenuantes.... Uma, relacionada à Prescrição do Delito (Que corre pela Metade do Prazo Prescricional). Vide:
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentença, maior de setenta anos.
	Súm. no 74 do STJ.
E, a outra, relacionada à Pena a ser Imposta no caso de Condenação do Réu (Que, pelo Art. 65 do CP, Assegura ao Maior Imputável, Menor de 21 anos à data do Delito, ou, Possuía(rá) mais de 70 anos na data da Sentença, a Redução da Pena. Vide:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
	Art. 72 do CPM.
Súm. no 231 do STJ.
I - ser o agente menor de vinte e um, na data do fato, ou maior de setenta anos, na data da sentença;
	Arts. 77, § 2o, e 115 deste Código.
Súm. no 74 do STJ.
Obs.4: É nesse Item/Seção/Capítulo II, que Apresenta as sua Tese de Defesa. Ou seja, é nessa parte da Peça Processual que o Candidato irá Argumentar, Defender, Alegar, etc.... De acordo com o ponto de vista Doutrinário, ou, Interpretação Legal, com Vistas no Direito a ser Defendido. Ele Deve Observar, e Assinalar, quando for o caso, às seguintes Questões de Direito: a) Falta de Justa Causa; b) Extinção de Punibilidade; c) Nulidade Processual; d) Abuso de Autoridade: e, e) Demonstração do preenchimento de determinado Direito. Vide:
4.1 - Falta de Justa Causa: A Tese consistente na Falta de Justa Causa tem a ver com o próprio Mérito da questão/problema apresentado. Em outras palavras, a Falta de Justa Causa é a Tese em que o Candidato deverá demonstrar que, à luz do Ordenamento Jurídico Penal, não há razões para a persecução Penal, isto é, não há uma causa justa e legítima que justifique a atuação do Estado no sentido de instaurar o Processo crime ou punir o réu. Assim, com a Tese "Falta de Justa Causa" o Candidato tece Argumentos consistentes para demonstrar a inexistência do crime, da ilicitude, da culpabilidade ou da participação do seu cliente no fato narrado pela Acusação. Dessa forma deverá extrair do problema os dados que irão indicar em que consiste a Falta de Justa Causa. Várias hipóteses podem configurar a Tese de Falta de Justa Causa.... São elas:
4.1.1 - Inexistência do crime: aqui o Candidato deverá demonstrar que o crime não ocorreu. É bom lembrar que a banca examinadora da OAB é implacável em quesitar este tópico, de forma que deverá o Candidato demonstra o seguinte:
4.1.1.1 - Ausência de Fato Típico: é sabido que o Fato Típico é composto de quatro elementos, quais sejam, conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. E, faltando um desses elementos, não há que se falar em crime, uma vez que não haverá Fato Típico, logo, não se pode falar em Justa Causa. Ex. Tício, dirigindo em velocidade superior à legalmente permitida, acaba envolvendo-se em acidente, do qual não houve danos à integridade física da vítima, mas causou sérios danos materiais a outro veículo; pergunta-se: Tício poderá ser condenado pelo crime de dano (Art. 163 - CP)? Evidentemente que não, uma vez que faltou um elemento do Fato Típico, qual seja, conduta dolosa, e não há ressalva no dispositivo de que a forma culposa também será punida . Em resumo, a Tese consistente em Falta de Justa Causa, por ausência de Fato Típico, dar-ser-á quando faltar conduta (dolosa ou culposa), resultado ou o nexo entre a conduta e o resultado, bem como quando o fato não constituir crime (Ausência de Tipicidade)....
4.1.1.2 - Excludente de ilicitude: para que um fato constitua crime,além de típico, deverá ser antijurídico. Assim, se o agente praticou a conduta mediante algumas das hipóteses previstas no Art. 23 - CP, configura Falta de Justa Causa para a persecução Penal. Igualmente, configura Falta de Justa Causa as descriminantes putativas, isto é, quando o agente, mediante falsa interpretação da realidade, acha estar agindo sob o manto de uma das hipóteses de excludente de ilicitude. Finalmente, também afasta a ilicitude o consentimento da vítima (Causa supra legal de excludente de ilicitude)....
4.1.2 - Ausência de culpabilidade. Para que a atuação do Estado repressor seja legítima, não basta que o fato constitua crime, isto é, que seja típico e antijurídico. Exige-se, além desses dois elementos, que o agente tenha capacidade de entender o caráter ilícito do seu ato, seja em relação a capacidade psicológica (imputabilidade), seja em relação a capacidade intelectual (potencial conhecimento da ilicitude), seja pela possibilidade de agir conforme o Direito (exigibilidade de conduta diversa) . É certo que o agente só poderá receber uma pena se presentes os seguintes elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Assim, as causas que excluem a culpabilidade, denominadas dirimentes, são: a) Ausência de imputabilidade: menoridade, doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; embriaguez completa acidental; b) ausência de potencial conhecimento da ilicitude: erro de proibição escusável ou inevitável; c) ausência de exigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível e obediência hierárquica. Ocorrendo uma dessas dirimentes, há Falta de Justa Causa para a condenação....
4.1.3 - Escusas absolutórias: existem hipóteses em que, não obstante o fato ser típico, antijurídico e o agente ser culpável, a pena poderá deixar de ser aplicada em razão de circunstâncias pessoais definidas em Lei. Caso o agente se encaixe em uma dessas circunstâncias, não há Justa Causa para a condenação, uma vez que a Lei o isenta de pena. São as causas absolutórias. No Código Penal, as escusas absolutórias estão previstas no Art. 181, o qual isenta de pena quem pratica, sem violência ou grave ameaça, algum crime contra o patrimônio contra cônjuge, durante a sociedade conjugal, ascendente ou descendente. Outra hipótese está prevista no crime de favorecimento pessoal (Art. 348, § 2º - CP), quando quem presta auxílio ao autor do delito é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão daquele.
Obs.: Quando estiver patrocinando interesse da vítima (Assistente da Acusação), a Argumentação do Candidato será diferente de quando estiver patrocinando o réu. Naquela hipótese, todo empenho é para demonstrar a Justa Causa para a Persecução Penal, porquanto o objetivo é uma sentença condenatória.
4.2 - Extinção de Punibilidade: A Extinção de Punibilidade é a perda do Direito do Estado de Punir. Encontra-se prevista no Art. 107, do Código Penal. Lembre-se que esse rol não é taxativo, podendo ser encontrado outras hipóteses de Extinção de Punibilidade. Ex. pagamento do tributo em crime contra a ordem tributária (§ 2º do Art. 9º da Lei 10.684/03). Importante Observar que, quando no problema aparecem duas Teses, isto é, Falta de Justa Causa e Extinção de Punibilidade, no momento de elaborar o tópico "DO PEDIDO", Pede-se, em primeiro lugar, esta última, ou seja, para o juiz declarar a Extinção da Punibilidade. Em seguida, como o Pedido é Alternativo, Pede-se o Reconhecimento da Falta de Justa Causa a fim de julgar o Mérito da Ação em benefício do autor do fato. A justificativa de Pedir primeiro a Extinção da Punibilidade, consiste no fato de o Estado ter perdido o Direito de punir, sendo que a perda de tal Direito retira do Estado a possibilidade de analisar o Mérito da Ação, seja para absolver ou para condenar. Igualmente, é o que se observa do Art. 249, § 2º, do Código de Processo Civil.
4.3 - Nulidades: Os Atos Processuais devem ser praticados dentro das formalidades previstas na Lei Processual. Se algum ato for praticado sem a observação de uma formalidade prevista no Código, a Tese de defesa será NULIDADE. As Nulidades estão previstas no Art. 564, do CPP. São classificadas como Nulidades Absolutas e Nulidades Relativas. As Absolutas, atingem o interesse público ou violam Princípios Constitucionais ou Infraconstitucionais ligados ao interesse público. As Nulidades Relativas, por sua vez, não atingem interesse público, mas, sim, interesse das partes, apenas, bem como violam Dispositivos Legais, não ligados ao interesse público. As Nulidades Absolutas podem ser Arguidas a qualquer tempo, já que não precluem, bem como podem ser declaradas de ofício pelo magistrado e não depende da Comprovação de prejuízo, porquanto este é presumido. Por outro lado, as Nulidades Relativas devem ser Arguidas nos momentos indicados no Art. 571 - CPP. Também deverá ser demonstrado o prejuízo. Cuidado, apenas, com as Normas de Competência relativa (Exemplo: Competência Territorial), que, quando não observadas, dão causa a uma Nulidade Relativa, mas, podem ser conhecidas de ofício pelo juiz (em Processo Penal, tanto a Incompetência absoluta quanto a relativa podem ser conhecidas ex ofício pelo juiz)....
4.4 - Abuso de Autoridade: A Tese consistente em Abuso de Autoridade, é aquela em que o juiz, promotor, delegado, ou qualquer outra autoridade, age de maneira a infringir um Direito Subjetivo, uma Garantia Legal ou Constitucional do investigado, do réu ou do reeducando. Também haverá Abuso de Autoridade, quando o ato da autoridade subsumir-se em uma das hipóteses previstas na Lei que define o crime de Abuso de Autoridade - Lei nº 4898/65.
4.5 - Demonstração do Preenchimento de Certo Direito
Importante: Há casos em que a Tese não poderá ser nenhuma dessas apontadas acima. Isso ocorre quando o problema apenas indica que o cliente apresenta todos os requisitos Legais para determinado benefício. Ex. preenchimento dos requisitos Legais para obtenção de fiança; etc....
Em suma, isso significa dizer que, se o Candidato não se Atentar para esses pequenos detalhes (Que Fazem Muita diferença, no que se refere à Peça Processual a ser Desenvolvida na sua Prova, que, sem dúvida, consequentemente, repercutirá na Nota da sua Peça Processual), ele poderá perder pontos, Valiosíssimos, para a sua Aprovação no Exame de Ordem da OAB... Por isso, logo abaixo, anexarei duas Prova da OAB, em que foram Cobrados dos Candidatos, Conhecimentos Acerca dessas Peculiaridades Processuais. Ok?
Obs.: No caso da Peça Processual for "Resposta à Acusação", após o Item/Seção/Capítulo "Do Direito", Abre-se um Item/Seção/Capítulo Denominado "Das Testemunhas", onde o Candidato às Qualifica.
Continuando....
IV - Dos Pedidos:
Nesse Item/Seção/Capítulo, o Candidato Elencará os Pedidos Principais, Subsidiários ou Alternativos, que Devem ser Outorgados/Deferidos ao Cliente, a fim de Fazer Valer os seus Direitos Legais do mesmo, Finalizando à Peça Processual.... Ou seja, é Nesse Item/Seção/Capítulo, que o candidato Deverá fazer uma correlação com os pontos das teses Arguidas no Item/Seção/Capítulo II - Do Direito....
Em regra, todo o Pedido deverá apresentar um Fundamento Jurídico, isto é, o Pedido tem que fazer relação com algum ponto defendido na Tese. Assim, se foi sustentada a Tese de Nulidade, deverá pedir para que o Processo seja anulado a partir da fase Processual em que ocorreu a nulidade (ou ab initio). Se a Tese proposta foi uma prescrição, o Pedido deverá ser para que o juiz ou o tribunal declare a extinção da punibilidade. (Observando que, a CESPE ou a FGV, vem colocando, ultimamente, vários pontos ou várias Teses para serem Desenvolvidas pelos Candidatos. Dessa forma, o candidato deverá redobrar a atenção para que, no Pedido, sejam contempladas todas as Teses. Ex. se em um problema, cuja peça seja MEMORIAIS, o enunciado aborda uma hipótese de Extinção de Punibilidade e uma Tese de Falta de Justa Causa para a condenação, o candidato deverá pedir para que o juiz reconheça a Extinção de Punibilidade(Em Razão do Elemento de Extinção da Punibilidade), ou, em não sendo esse o Entender do juiz, que seja o réu Absolvido da Imputação Constante na Denúncia (Em Razão do Elemento da Falta de Justa Causa).... 
Finalizando....
Como Elemento Cobrado pela Banca Examinadora da OAB/FGV, a DATA, se faz imprescindível na Peça Processual Elaborada pelo Candidato. Para isso, o problema sempre vai informar a data e o dia da semana em que o réu foi citado ou intimado.
Outro Elemento que deve ser Lembrado, é o Nome do Advogado (Não há problema do Candidato Escrever o seu próprio nome na Peça Processual, como se já fora um Advogado de Fato). Mas, acaso, o Candidato tenha medo, ou se sinta Constrangido em Escrever o seu próprio nome na Peça Processual, como se já fora um Advogado de Fato, ele pode Escrever "Fulano de Tal" - Advogado.... Mas, como o Candidato ainda não possui Número Ativo de Advogado na OAB, o espaço reservado para se Escrever o Número de OAB do Advogado na Peça Processual, pode ser Escrito Assim: OAB/Sigla da UF do Candidato, mais os XXX.XXX, que representam o Número da OAB do Advogado.
Obs.: Para Maiores Informações, de como um Candidato pode Desenvolver uma Peça Processual de Qualidade, com todos os Requisitos de uma Peça bem Pontuada pela Banca Avaliadora, poderá Acessar ao "ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PEÇAS E QUESTÕES", Muito Bem Escrito por Marciano Xavier, e Disponibilizado por ele no Endereço Eletrônico:
http://marcianoxavier.com.br/areaaluno/ROTPRAELABPECASEQUESTOABECONCURSO.pdf" http://marcianoxavier.com.br/areaaluno/ROTPRAELABPECASEQUESTOABECONCURSO.pdf
Agora, como Prometido, as duas Peças Processuais, cuja Banca Examinadora da OAB/FGV Cobrou dos candidatos, em Exames passados, que Exigiam Fundamentação Relacionada a Réu Menor de 21 anos, e a Réu maior de 70 anos:
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL - Aplicada em 22/01/2017 - ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta, podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.” Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”
PADRÃO DE RESPOSTA - PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em comunidade carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem ter familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de acesso público, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela.
No dia 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um grande supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu os dois produtos escondidos.
Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da acusada.
O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para ser citada.
No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica em melhores condições. Em razão disso, procura um advogado, esclarecendo que nada sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda, que Maria, hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação.
Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público.
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
GABARITO COMENTADO
Considerando a situação narrada, o(a) examinando(a) deve apresentar Resposta à Acusação, com fundamento no Art. 396-A E/OU Art. 396, ambos do Código de Processo Penal, em busca de evitar o prosseguimento do processo em desfavor de Gabriela.
A peça deveria ser encaminhada para uma das Varas Criminais da Comarca de Fortaleza, Ceará, local onde foi praticado o último ato de execução.
Diante das informações constantes do enunciado, caberia ao advogado da denunciada pleitear a absolvição sumária de sua cliente, tendo em vista que o fato evidentemente não constitui infração penal, que há causa manifesta de exclusão da ilicitude e causa de extinção da punibilidade.
Em um primeiro momento, é possível perceber a existência de causa de extinção da punibilidade, qual seja, a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva estatal. Isso porque os fatos ocorreram em 24 de dezembro de 2010, ocasião em que Gabriela tinha apenas 20 anos, já que nascida em 28 de abril de 1990. Nos termos do Art. 115 do Código Penal, o prazo prescricional do menor de 21 anos na data dos fatos deverá ser computado pela metade, sendo tal disposição aplicável ao caso concreto.
Foi imputada a Gabriela a prática do crime de furto simples em sua modalidade tentada. A pena máxima em abstrato prevista para o delito imputado é de 04 anos (com a causa de diminuição, seria de 02 anos e 08 meses de reclusão); logo, o prazo prescricional de 08 anos, previsto no Art. 109, inciso IV, do Código Penal, cairá para 04 anos na hipótese. Desde a data do último marco interruptivo do prazo prescricional, qual seja, o recebimento da denúncia em 18 de janeiro de 2011, já se passaram mais de 04 anos, de modo que se impõe o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal, com a consequente extinção da punibilidade, com fulcro no Art. 107, inciso IV, do Código Penal. Menciona-se que o Código de Processo Penal trata a causa de extinção da punibilidade como hipótese de absolvição sumária, nos termos do Art. 397, inciso IV, do CPP.
Ademais, deveria o(a) advogado(a) alegar que o fato narrado evidentemente não constitui crime, porque adequado ao caso oreconhecimento da atipicidade material da conduta pela aplicação do princípio da insignificância.
A jurisprudência e a doutrina pátrias, de maneira absolutamente majoritárias, reconhecem que a tipicidade é formada por um caráter formal e por um caráter material. A tipicidade formal é adequadação da conduta praticada àquela prevista no tipo. No caso, Gabriela subtraiu coisa alheia móvel; logo, sua conduta é formalmente típica. Já a tipicidade material seria a significativa lesão ao bem jurídico protegido pela norma. Nesse contexto, as lesões ínfimas, insignificantes, não seriam suficientes para atingir o bem jurídico protegido e, com base no princípio da lesividade, tais condutas sequer seriam materialmente típicas. Como conclusão, a aplicação do princípio da bagatela leva ao reconhecimento da atipicidade da conduta.
Gabriela subtraiu dois pacotes de macarrão que totalizavam R$ 18,00 (dezoito reais). O valor subtraído por Gabriela permite a aplicação do princípio da bagatela, afastando a tipicidade material da conduta e justificando sua absolvição sumária com base no Art. 397, inciso III, do CPP. Cabe mencionar as circunstâncias do caso: poderia Gabriela subtrair mais bens; o valor era ínfimo para um grande supermercado da cidade; e a autora nunca praticara tais fatos anteriormente.
Se isso não fosse suficiente, ainda deveria o advogado destacar a existência de manifesta causa de exclusão de ilicitude, qual seja, o estado de necessidade. Prevê o Art. 24 do Código Penal que atua em estado de necessidade aquele que pratica fato descrito como crime para salvar de perigo atual, que não causou por sua conduta, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir naquelas circunstâncias. Claramente, Gabriela estava com seu direito e de seu filho em situação de risco atual e concreto, em especial porque a criança estava ficando doente em razão da ausência de alimentação. Ademais, a situação de perigo não fora por ela criada, já que expulsa do imóvel por seu ex-companheiro que lhe agredia, além de não conseguir emprego ou ajuda financeira de outras pessoas. Por fim, não era razoável exigir que Gabriela sacrificasse a integridade física de seu filho em detrimento de lesão de ínfimo valor para grande supermercado da região.
Assim, diante do estado de necessidade, deve ser formulado pedido de absolvição sumária com fundamento no Art. 397, inciso I, do CPP. Após os pedidos, deve o(a) examinando(a) apresentar rol de testemunhas, indicando Maria para o caso de não acolhimento do requerimento de absolvição sumária.
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. 396 do CPP, é de 10 dias, sendo que a citação/intimação da ré e de seu advogado ocorreu em 16 de março de 2015, iniciando-se o prazo em 17 de março de 2015 e terminando em 26 de março de 2015.
A petição deverá ter indicação de local, data, assinatura e número de inscrição na OAB.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM
PONTUAÇÃO
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
1. Endereçamento: Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, Ceará (0,10)
0,00/0,10
2. Fundamento legal: Art. 396-A OU Art. 396, ambos do Código de Processo Penal (0,10)
0,00/0,10
Teses jurídicas de direito processual e material:
3. Reconhecimento da causa de extinção da punibilidade (0,25), em razão da ocorrência de prescrição da pretensão punitiva estatal (0,30). Citação do art. 107, IV, do CP (0,10)		
0,00/0,25/0,30/ 0,35/0,40/0,55/ 0,65
3.1. Prescrição em razão de entre a data do recebimento da denúncia e a manifestação do advogado ter sido ultrapassado o prazo prescricional de 04 anos (0,20), já que Gabriela era menor de 21 anos na data dos fatos, devendo o prazo ser computado pela metade (0,15). Citação do art. 109, IV E do art. 115 do CP (0,10)
0,00/0,15/0,20/ 0,25/ 0,30/ 0,35/0,45
4. Arguição de que a conduta narrada evidentemente não constituir crime em razão da atipicidade (0,40), diante da aplicação do princípio da bagatela/insignificância (0,80)
0,00/0,40/0,80/ 1,20
5. Arguição da existência de manifesta causa de exclusão da ilicitude (0,40), pois Gabriela agiu em estado de necessidade diante da situação de fome e risco para a saúde de seu filho (0,70), nos termos do Art. 24 do Código Penal (0,10).
0,00/0,40/0,50/ 0,70/ 0,80/1,10/1,20
Pedidos:
6. Absolvição Sumária (0,50), com fundamento no Art. 397, inciso I, (0,10), no Art. 397, inciso III, (0,10) e no Art. 397, inciso IV, todos do CPP (0,10).						
0,00/0,50/0,60/ 0,70/0,80
7. Rol de testemunhas (0,30)
0,00/0,30
Fechamento
8. Prazo: 26 de março de 2015 (0,10)
9. Local, data, advogado(a) e OAB (0,10)
0,00/0,10
0,00/0,10
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 18/09/2016 - ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta, podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.” Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”
PADRÃO DE RESPOSTA - PEÇA PROFISSIONAL
Enunciado:
Astolfo, nascido em 15 de março de 1940, sem qualquer envolvimento pretérito com o aparato judicial, no dia 22 de março de 2014, estava em sua casa, um barraco na comunidade conhecida como Favela da Zebra, localizada em Goiânia/GO, quando foi visitado pelo chefe do tráfico da comunidade, conhecido pelo vulgo de Russo. Russo, que estava armado, exigiu que Astolfo transportasse 50 g de cocaína para outro traficante, que o aguardaria em um Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo ser expulso de sua residência e não mais poder morar na Favela da Zebra. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação, mas quando estava em seu automóvel, na direção do Posto de Gasolina, foi abordado por policiais militares, sendo a droga encontrada e apreendida. Astolfo foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime previsto no Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Em que pese tenha sido preso em flagrante, foi concedida liberdade provisória ao agente, respondendo ele ao processo em liberdade.
Durante a audiência de instrução e julgamento, após serem observadas todas as formalidades legais, os policiais militares responsáveis pela prisão em flagrante do réu confirmaram os fatos narrados na denúncia, além de destacarem que, de fato, o acusado apresentou a versão de que transportava as drogas por exigência de Russo. Asseguraram que não conheciam o acusado antes da data dos fatos. Astolfo, em seu interrogatório, realizado como último ato da instrução por requerimento expresso da defesa do réu, também confirmou que fazia o transporte da droga, mas alegou que somente agiu dessa forma porque foi obrigado pelo chefe do tráfico local a adotar tal conduta, ainda destacando que residia há mais de 50 anos na comunidade da Favela da Zebra e que, se fosse de lá expulso, não teria outro lugar para morar, pois sequer possuía familiares e amigos fora do local. Disse que nunca respondeu a nenhum outro processo, apesar já ter sido indiciado nos autos de um inquérito policial pela suposta prática de um crime de falsificação de documento particular.
Após a juntada da Folha de Antecedentes Criminais do réu, apenas mencionando aquele inquérito, e do laudo de exame de material, confirmando que, de fato, a substância encontrada no veículo do denunciado era “cloridrato de cocaína”, os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela condenação do acusado nos exatos termos da denúncia.
Em seguida, você, advogado (a) de Astolfo, foi intimado (a) em 06 de março de 2015, uma sexta-feira. 
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e dispositivos legais cabíveis. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. Obs.: O examinando deve indicar todos os fundamentos e dispositivos legais cabíveis. Amera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito Comentado O candidato deveria redigir Alegações Finais por memoriais, com fundamento no Art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, sendo a peça endereçada a uma das Varas Criminais da Comarca de Goiânia/GO.
No mérito, deveria o candidato pleitear, em um momento inicial, a absolvição do acusado por inexigibilidade de conduta diversa. Para que determinada conduta seja considerada crime, deve ela ser típica, ilícita e culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa, sendo, portanto, a inexigibilidade de conduta diversa uma causa de exclusão da culpabilidade.
Deveria o examinando alegar que Russo, estando armado, ao exigir o transporte das substâncias entorpecentes por parte de Astolfo, um senhor de 74 anos de idade, sob pena de expulsá-lo de sua casa e da comunidade da Favela da Zebra, sem ele ter outro local para residir, praticou uma coação moral irresistível. Diante das circunstâncias e das particularidades do caso concreto, em especial considerando a idade de Astolfo e o fato de não ter familiares para lhe dar abrigo, não seria possível exigir outra conduta do acusado. Conforme previsão do Art. 22 do Código Penal, no caso de coação irresistível, somente deve responder pela infração o autor da coação. Assim, na forma do Art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, deveria o réu ser absolvido.
Caso se entenda que o fato foi típico, ilícito e culpável e que a coação foi resistível, o examinando, com base no princípio da eventualidade, deveria passar a enfrentar eventual sanção penal a ser aplicada. 
Inicialmente deveria solicitar a aplicação da pena base em seu mínimo legal, pois, na forma do enunciado 444 da Súmula de jurisprudência do STJ, existência de inquéritos policiais ou ações penais em curso não são suficientes para fundamentar circunstâncias judiciais do Art. 59 do Códig. Penal como desfavoráveis.
Na fixação da pena intermediária, deveria o examinando requerer o reconhecimento da atenuante do Art. 65, inciso I, do Código Penal, já que o réu era maior de 70 anos na data da sentença, e a atenuante da confissão, prevista no Art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal, cabendo destacar que a chamada confissão qualificada, ou seja, quando, apesar de confessar o fato, o acusado alega a existência de causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, vem sendo reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça como suficiente para justificar o seu reconhecimento como atenuante. Deveria, ainda, ser alegada a atenuante da coação resistível, já que o crime somente foi praticado por exigência de Russo (Art. 65, inciso III, c, do CP).
Considerando que o acusado é primário, de bons antecedentes, e que não consta em seu desfavor qualquer indício de envolvimento com organização criminosa ou dedicação às atividades criminosas, cabível a aplicação do redutor de pena previsto no Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343. As circunstâncias da infração tornam até mesmo possível a aplicação da causa de diminuição em seu patamar máximo.
Em sendo reconhecida a existência do tráfico privilegiado do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, cabível o requerimento de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, pois não mais subsiste a vedação trazida pelo dispositivo. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade dessa vedação em abstrato, além da Resolução nº 05 do Senado, publicada em 15/02/2012, suspendendo a execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direito” do parágrafo acima citado.
Da mesma forma, o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparados trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 por violação do princípio da individualização da pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda penal.
Diante do exposto, deveriam ser formulados os seguintes pedidos:
a) absolvição do crime de tráfico, na forma do Art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal;
b) subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo legal;
c) reconhecimento das atenuantes do Art. 65, incisos I e III, alíneas “c” e “d”, do Código Penal;
d) aplicação da causa de diminuição do Art. 33, § 4º da Lei nº 11.343;
e) aplicação do regime inicial aberto de cumprimento da pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A peça deveria ser assinada, além de constar como data 13 de março de 2015, pois o prazo só se iniciou na segunda-feira seguinte à intimação.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM
PONTUAÇÃO
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
1). Endereçamento: Vara Criminal da Comarca de Goiânia/GO (0,10)
0,00/0,10
2). Fundamento legal: Art. 403, §3º, do CPP OU Art. 404, parágrafo único, do CPP OU Art. 57 da Lei 11.343/06 c/c 403, §3º do CPP c/c 394, §5º do CPP (0,10)
0,00/0,10
3). No mérito: Absolvição do crime imputado de tráfico de drogas (0,40), com fundamento na existência de coação moral irresistível (0,90), prevista no Art. 22 do Código Penal (0,10)
0,00/0,40/0,50/
0,90/1,00/1,30/
1,40
3.1). Ausência de culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa (0,40) 
0,00/0,40
4). Subsidiariamente, em caso de condenação: fixação da pena base no mínimo legal, pois a existência de inquérito policial não pode configurar circunstância judicial desfavorável (0,25), em atenção ao Princípio da presunção de inocência (0,10).
0,00/0,10/0,25/ 0,35
5). Reconhecimento de atenuante pelo fato de o réu ser maior de 70 anos na data da sentença (0,15), nos termos do Art. 65, inciso I, do CP (0,10)
0,00/0,15/0,25
6). Reconhecimento da atenuante da confissão (0,15), nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d, do CP (0,10)
0,00/0,15/0,25
7). Reconhecimento da atenuante da coação resistível (0,15), na forma do Art. 65, inciso III, alínea c, do CP (0,10). 
0,00/0,15/0,25
8). Aplicação da causa de diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343 OU reconhecimento do tráfico privilegiado (0,30), pois o réu era primário, de bons antecedentes, não se dedicando a atividade criminosa nem integrando organização criminosa (0,10)
0,00/0,10/0,30/ 0,40
9). Substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos (0,20), pois o STF reconheceu a inconstitucionalidade da vedação trazida pelo Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 OU porque a Resolução 05 do Senado Federal suspendeu a eficácia dessa vedação (0,15).
0,00/0,15/0,20/
0,35
10). Aplicação do regime inicial aberto para cumprimento de pena (0,15), pois a fixação do regime inicial fechado obrigatório para crimes hediondos e equiparados trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 foi considerada inconstitucional pelo STF por violação do princípio da individualização da pena (0,10).
0,00/0,10/0,15/
0,25
11). Pedidos: Absolvição (0,10), na forma do Art. 386, inciso VI, do CPP (0,10)		
0,00/0,10/0,20
11.1). Subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo (0,10)
0,00/0,10
11.2). Reconhecimento das atenuantes do Art. 65, incisos I e III, alíneas “c” e “d” do CP (0,10);
0,00/0,10
11.3). Aplicação da causa de diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343 (0,10); substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,10); aplicação de regime inicial aberto (0,10).
0,00/0,10/0,20/ 0,30
12). Prazo: 13 de março de 2015 (0,10).
0,00/0,10
13). Estrutura – Local, data, assinatura, OAB (0,10).
0,00/0,10

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