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URGÊNCIAS NEUROLÓGICAS Faculdade de Minas 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 1 - Conceito de consciência ............................................................................. 4 2 - Causas do RNC .......................................................................................... 6 3 - Posturas patológicas ................................................................................ 19 4 - Avaliação pupilar – reflexo à luz (reflexo fotomotor) ................................. 20 5 - Avaliação primária – SAV ......................................................................... 22 6 - Sinais de gravidade no RNC .................................................................... 23 7 - Abordagem intra-hospitalar ...................................................................... 24 8 - Sinais neurológicos em coma com herniação transtentorial ..................... 28 Referências bibliográficas .............................................................................. 32 Faculdade de Minas 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas 4 1 - Conceito de consciência “Todos sabem o que é consciência até tentar defini -la.” William James, 1842-1910 A consciência é o estado de conhecimento contínuo de si mesmo e do ambiente. O conhecimento de si mesmo inclui: • sentimentos; • atitudes; • emoções; • pulsões; • aspectos ativos da conduta. Conceito de consciência e inconsciência Consciência: estado de ciência de si mesmo e do ambiente e responsividade a estímulos externos e necessidades internas. Inconsciência: suspensão das atividades mentais que deixam o indivíduo ciente de si mesmo e do ambiente, associada a uma responsividade diminuída a estímulos externos. Níveis e conteúdos da consciência Nível de consciência: capacidade de despertar, nível de alerta. Conteúdo da consciência: qualidade e coerência do pensamento e comportamento (linguagem, raciocínio, orientação espacial). Desordens da consciência Há diferença nos níveis de RNC, que pode apresentar desde uma forma mais leve até uma forma mais intensa. A sonolência é o rebaixamento mais leve e se caracter iza por um despertar com um estímulo leve. Muitas vezes, a pessoa fica confusa porque, devido à sonolência, a ativação cortical fica prejudicada, e o conteúdo que o cérebro manifesta – como fala, memória e raciocínio – fica comprometido. Faculdade de Minas 5 É comum observar confusão mental em pacientes sonolentos decorrente da inatenção aos estímulos, redução da concentração, incoerência do pensamento e desorientação espacial e temporal. Uma situação mais intensa é o torpor, no qual existe o despertar, porém são necessários estímulos mais intensos. Em uma intensidade ainda maior há o estupor, que é uma cond ição em que o paciente só desperta com estímulos dolorosos. Por fim, há o coma, no qual existe a ausência do despertar. De uma maneira mais simples, podemos caracterizar o coma como a ausência da abertura ocular, independentemente da intensidade do estímulo que se faz. A sonolência, o torpor e o estupor, embora não sejam tão intensos como o coma, geralmente têm a mesma causa dele. Neurofisiologia da consciência Faculdade de Minas 6 Sistema ativador reticular ascendente (SARA) • Neurônios do tronco cerebral • Ativação das áreas cerebrais • Integração com outras vias nervosas • Manutenção do nível de consciência IMPORTANTE: Podemos, então, definir o nível de consciência como sendo o estado de alerta (vigília) relacionado com a ativação subcortical pelo SARA. 2 - Causas do RNC • Intoxicações (metanol, monóxido de carbono) • Uso de drogas (álcool, sedativos, barbitúricos, anfetaminas) • Distúrbios metabólicos (hipóxia, alterações da glicemia e temperatura etc.) • Infecções (meningite, encefalite) Faculdade de Minas 7 Outras causas • Convulsões • Traumas • Tumores cerebrais • Acidente vascular cerebral 2.1- Mecanismos do RNC Faculdade de Minas 8 2.2 - Herniação Cerebral O coma pode ocorrer também em paciente que apresenta herniação cerebral, ou seja, desvio de tecido cerebral de um compartimento do cérebro para outro. Confira a seguir, quais são os tipos de herniação cerebral possíveis: Herniação subfalcina Quando o hemisfério cerebral se desloca de um lado para o outro passando por baixo da foice do cérebro. Herniação uncal Corresponde à passagem do giro parahipocampal, ou de sua extremidade anterior, o uncus, para a fossa posterior através do orifício da tenda do cerebelo, onde se localiza o mesencéfalo. A hérnia de uncus é geralmente unilateral e consequente ao aumento de volume de um hemisfério cerebral por um hematoma, infarto, tumor, abscesso ou traumatismo. O edema em torno da lesão potencia grandemente a expansão do hemisfério e ajuda a pressionar o uncus para baixo, entre a margem livre da tenda do cerebelo e o mesencéfalo. Herniação central Faculdade de Minas 9 Decorrente de edema cerebral difuso, comprimindo homogeneamente na direção craniocaudal as estruturas diencefálicas pela fenda tentorial. O paciente se apresenta em coma profundo com pupilas médio-fixas, sinal de Babinski bilateral, postura de descerebração e hiperventilação central (alcalose respiratória). Herniação transforaminal A amígdala do cerebelo hérnia pelo foramemagno, comprimindo o centro respiratório bulbar e levando à bradipneia ou apneia súbita. Esse é um mecanismo de óbito das lesões expansivas cerebelares. Desvio da linha média Uma lesão expansiva aguda (como um hematoma hemisférico) produz aumento da pressão intracraniana unilateral, deslocando as estruturas centrais do cérebro e diencéfalo para o lado oposto. É um importante mecanismo do coma nas lesões expansivas hemisféricas. O desvio da l inha média pode ser observado e medido por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM). Um hematoma cerebral leva à sonolência patológica (letargia) quando desvia a linha média em 3-5 mm; ao torpor (estupor) com um desvio de 6-8 mm; e ao coma com um desvio > 9 mm. Abordagem intra-hospitalar Faculdade de Minas 10 2.3 - Hemisférios cerebrais Observe as causas de RNC em paciente com lesões em hemisférios cerebrais bilaterais. Na primeira imagem, observam-se sinais de sangramento em espaço subaracnóide com sinais de dilatação ventricular e, na segunda imagem, aparece um paciente com quadro de edema cerebral difuso. Confira, agora, outras imagenstomográficas de pacientes em coma por lesão em hemisférios cerebrais. Em ambas as tomografias, observa-se a presença de hematoma extradural com efeito compressivo, empurrando o hemisfério cerebral esquerdo para o lado contralateral. Na segunda imagem, notamos a extensão do sangramento pelo lobo temporal e cerebelo com compressão do tronco cerebral. Faculdade de Minas 11 2.4 - Distúrbios metabólicos: disfunção cortical bilateral ou da SARA • Hipóxia • Isquemia global • Intoxicação • Distúrbios hidroeletrolíticos • Distúrbios ácido-básicos • Redução do metabolismo cerebral 2.5 - Avaliação primária • Nível de consciência: avaliar a responsividade da vítima. Faculdade de Minas 12 • Vias aéreas: conferir se as vias aéreas estão livres. • Respiração: observar se a respiração está normal. • Circulação: certificar-se de que há pulso arterial. • Gravidade neurológica: avaliar pup ilas e aplicar a escala de coma de Glasgow. Manobra de permeabilidade de vias aéreas Nos casos em que a vítima não respira adequadamente, mas está com a circulação mantida, existem duas manobras simples que podem reestabelecer a permeabilidade das vias aéreas (vítimas com e sem suspeita de trauma). Manobra em vítimas sem suspeita de trauma Faculdade de Minas 13 Extensão da cabeça e elevação do mento (head tilt - chin lift) Manobra em vítimas com suspeita de trauma ou história desconhecida (jaw thrust) Faculdade de Minas 14 2.6 - Avaliação primária no RNC – SAV e intra-hospitalar Circulação Considerar a administração de solução salina por acesso venoso periférico. Realizar monitorização eletrocardiográfica. Considerar coleta de sangue e urina para análises laboratoriais (especialmente se houver possibilidade de intoxicação exógena). 2.7 - Avaliação primária – Escala de coma de Glasgow A escala de coma de Glasgow foi desenvolvida para avaliar alterações do nível de consciência em pacientes com traumatismos de crânio. Posteriormente, essa escala passou a ser utilizada para avaliar o nível de consciência de uma maneira geral, inclusive em situações não traumáticas. Avalie três itens: Abertura ocular (1-4 pontos); Melhor resposta verbal (1-5 pontos); Melhor resposta motora (1-6 pontos). A pontuação é dada pela somatória dos itens. O primeiro item, “abertura ocular”, pode ser dividido em quatro condições: espontânea, aos chamados, aos estímulos dolorosos e ausência de abertura. Se o paciente recebe estímulos sonoros, táteis e, por fim, dolorosos, e nenhum desses estímulos faz com que ele abra os olhos, atribui-se a pontuação “1 – Não abre”. 2.8 - Abertura ocular • 4 – Espontânea; • 3 – Aos chamados; • 2 – Aos estímulos dolorosos; Faculdade de Minas 15 • 1 – Não abre. 4 – Espontânea 3 – Aos chamados 2 – Aos estímulos dolorosos 1 – Não abre Se for preciso realizar estímulo doloroso na aplicação desde item da escala, é primordial que seja realizado um estímulo padronizado. Se não houver padronização, um examinador pode fazer de uma maneira menos intensa, e pode parecer que o paciente responde pouco, e outro examinador pode fazer de forma muito intensa, dando a sensação errônea de que o paciente apresenta uma resposta melhor. A não padronização pode prejudicar avaliações comparativas e evolutivas do paciente. Portanto, existem algumas formas padronizadas de estímulo doloroso. Faculdade de Minas 16 É importante ressaltar que o estímulo doloroso só pode ser realizado após já terem sido realizados todos os tipos de estímulos mais leves: estímulos sonoros normais, estímulos sonoros com sons mais altos, estimulo tátil, por exemplo, nos ombros, e, caso não haja abertura ocular, passa-se então à realização do estímulo doloroso. Lembrando que os estímulos táte is devem ser feitos com cuidado em pacientes com histórico de trauma, para que o estímulo não modifique o posicionamento do paciente. Existem dois tipos de estímulos dolorosos padronizados. O primeiro é a compressão do leito ungueal, feita com a interposição de algum objeto sobre o leito ungueal, geralmente uma caneta ou um lápis. Outro estímulo é a compressão supraorbitária, feita com a compressão da parte superior da região da órbita, que leva a uma estimulação do ramo oftálmico do nervo trigêmeo, que passa na região. Muitas vezes, são realizados os dois estímulos porque, especialmente em situações de trauma, pode haver alguma alteração da coluna cervical que leve a uma lesão medular – o que pode impedir que a compressão do leito ungueal seja percebida pelo cérebro. Assim, aquele indivíduo não despertaria. Portanto, em certas situações, particularmente em trauma, pode ser útil a realização dos dois estímulos, avaliando se há diferenças nas respostas. Faculdade de Minas 17 Melhor resposta verbal O segundo item, “melhor resposta verbal”, é aval iado após o examinador realizar uma pergunta ao paciente, como: “Em que ano estamos?”. Este item pode ser dividido em cinco condições: Faculdade de Minas 18 Melhor resposta motora O terceiro item, “melhor resposta motora”, avalia a melhor resposta motora do paciente, e é composto por seis itens: 6 – obedece a ordens; 5 – localiza estímulos; Faculdade de Minas 19 4 – flexão inespecífica; 3 – flexão patológica (decorticação); 2 – extensão patológica (descerebração); 1 – sem resposta motora. Com relação à resposta motora, novamente enfatizamos: a escala de Glasgow não é uma escala para avaliação de déficits neurológicos, e, sim, para avaliação do nível de consciência. Portanto, se um indivíduo está paralisado de um lado, mas do outro lado responde normalmente aos comandos verbais, devemos valorizar esta melhor resposta. O indivíduo que obedece aos comandos verbais, realizando os movimentos normalmente, recebe 6 pontos. Se o indivíduo não obedece aos comandos verbais, mas localiza os estímulos dolorosos, ou seja, ao se fazer um estímulo doloroso ele levanta a outra mão ou a própria mão do lado em que se está realizando o estímulo, e tenta retirá- la, entendemos então que ele tem essa capacidade de retirada ao estímulo doloroso e, portanto, damos 5 pontos. O paciente que não consegue localizar o estímulo doloroso, mas movimenta o membro, e não de uma maneira patológica, como veremos a seguir, faz uma flexão inespecífica, ou seja, ele não obedece a comandos de uma maneira perfeita e não consegue retirar estímulos, mas também não realiza posturas patológicas. Nesse caso, damos 4 pontos. Se o indivíduo realiza flexão patológica, damos 3 pontos. Se o indivíduo realiza extensão patológica, damos 2 pontos. Se o indivíduo não realiza nenhum movimento, damos 1 ponto. 3 - Posturas patológicas Flexão patológica Decorticação Faculdade de Minas 20 Extensão patológica Descerebração A flexão patológica também recebe o nome de decorticação. Ela se caracteriza por uma flexão estereotipada do membro superior e uma extensão do membro inferior. Já a extensão patológica, chamada de descerebração, caracteriza-se por uma extensão estereotipada do membro superior e do membro inferior. Ambas as posturas patológicas podem acontecer de um lado só ou dos dois lados, dependendo da lesão neurológica que o indivíduo apresenta. É importante ressaltar que esses padrões, decorticação ou flexão patológica, e extensão patológica ou descerebração, não acontecem, muitas vezes, de uma maneira espontânea, e, sim, quando o indivíduo é estimulado. 4 - Avaliação pupilar – reflexo à luz (reflexo fotomotor) Reflexofotomotor presente Reflexo fotomotor ausente Assimetria do diâmetro: Anisocoria Faculdade de Minas 21 Estado neurológioco 1. Normais - isocoria (pupilas iguais) 2. Dilatadas - midríase 3. Contraídas - miose 4. Assimétricas – anisocoria Pupilas e topografia da lesão Faculdade de Minas 22 5 - Avaliação primária – SAV Se o indivíduo mantém todas as funções da avaliação primária preservadas, ele deve ser colocado em posição de recuperação, que favorece uma respiração adequada, podendo, então, seguir com a avaliação secundária. Importante: a posição de recuperação é contraindicada em suspeita de trauma ou história desconhecida. Posição de recuperação: • Fase 1 • Fase 2 • Fase 3 Faculdade de Minas 23 Importante: a posição de recuperação é contraindicada em suspeita de trauma ou história desconhecida. 6 - Sinais de gravidade no RNC • Escala de coma de Glasgow < 8 • Alteração pupilar • Déficits localizados • Posturas patológicas (decorticação, descerebração) • Irregularidade ou ausência de respiração • Parada cardiorrespiratória Avaliação secundária 1. Realizar a entrevista SAMPLA (com o paciente, familiares ou terceiros): • S: verificação dos sinais vitais – respiração (frequência, ritmo e amplitude), pulso (frequência, ritmo e amplitude), pressão arterial e pele (temperatura, cor, turgor e umidade); • A: história de alergias; • M: medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso; • P: passado médico – problemas de saúde ou doença prévia: hipertensão, diabetes, AVC, epilepsia?; • L: horário da última ingestão de líquidos ou alimentos; • A: ambiente do evento. 2. Realizar avaliação complementar: • Oximetria de pulso; • Glicemia capilar. Se < 70 mg/dL: • Adultos: dar 25 g de solução glicosada 50% (0,5 g/mL) por acesso venoso periférico. • Crianças: se glicemia capilar < 60 mg/dL, dar 2,4 mL/kg de solução glicosada a 25%. • Dar 100 mg de tiamina (vitamina B1) por acesso venoso periférico (ou IM antes da solução glicosada se houver suspeita de desnutrição ou alcoolismo. • Reavaliar a glicemia capilar após 20 minutos e, se ainda for < 70, repetir a infusão. Faculdade de Minas 24 Avaliação secundária – SAV e intra-hospitalar Medidas terapêuticas adicionais Se o RNC for por hipoglicemia e houver dificuldade de acesso venoso após três tentativas: • Glucagon na dose 0,5-1,0 mg intramuscular; • se criança < 10 anos ou pesar até 25 kg, a dose de glucagon é de 0,03 mg/kg IM. Repetir glicemia capilar após 20 minutos: • se glicemia capilar entre 50 mg/dL e 70 mg/dL, infundir soro glicosado a 50% na dose de 12,5 g (25 mL); • se glicemia capilar < 50 mg/dL, infundir soro glicosado a 50%, na dose de 25 g (50 mL); • se criança < 10 anos ou 25 kg, infundir solução glicosada a 25%(2 mL/ kg) endovenoso. Avaliação secundária – SAV • Se houver suspeita de intoxicação por opioides, administrar naloxona na dose de 0,5 a 2,0 mg por via endovenosa (começar com doses de 0,5 mg por via endovenosa a cada 2-3 minutos, até melhora parcial do nível de consciência, ou até dose máxima de 2,0 mg). • Se apresentar hipotermia (temperatura entre 33 -35 ºC), iniciar protocolo de aquecimento não invasivo. • Transporte do paciente com monitorização não invasiva. 7 - Abordagem intra-hospitalar Exame neurológico do paciente em coma • Responsividade a estímulos • Irritação meníngea Faculdade de Minas 25 • Reação pupilar • Movimentação ocular extrínseca • Reflexo corneano • Padrão respiratório • Resposta motora Pesquisa de irritação meníngea Observar o paciente sem intervenções • O paciente apresenta movimentos atípicos? • O paciente movimenta os quatro membros espontaneamente? • O paciente apresenta movimentos intermitentes de um membro? Rigidez de decorticação Faculdade de Minas 26 • Movimento estereotipado de braços e pernas. • Podem ser espontâneos ou aos estímulos. • Flexão dos cotovelos e punhos. • Supinação dos braços. • Lesão bilateral acima do mesencéfalo. Rigidez de descerebração • Movimento estereotipado de braços e pernas. • Podem ser espontâneos ou aos estímulos. • Flexão dos cotovelos e punhos. • Pronação dos braços. • Lesão bilateral do mesencéfalo caudal. Abordagem intra-hospitalar – Sinais pupilares Utilizar fonte de luz forte e difusa • Pupilas reativas e redondas e de tamanho médio (2,5-5 mm): sugerem lesão de mesencéfalo. • Pupilas aumentadas e lentamente reativas: sugerem compressão do nervo óculo-motor. • Pupilas dilatadas e não reativas bilateralmente: lesão grave de mesencéfalo. • Pupilas reativas e pequenas bilateralmente (mas não puntiformes): sugerem encefalopatia metabólica. • Pupilas pouco reativas e puntiformes: sugerem overdose, hemorragia pontina. Abordagem intra-hospitalar – Movimentos oculares Realizar elevação das pálpebras: observar posição dos olhos em repouso e presença de movimentos espontâneos. Desvio conjugado do olhar horizontal: lesão em ponte contralateral ou lobo frontal ipisilateral. Desvio dos olhos para baixo e para dentro: lesões no tálamo e mesencéfalo. Desvio dos olhos para baixo e para dentro: lesões no tálamo e mesencéfalo. Movimentos oculares rápidos para baixo e lentos para cima associados a perda de movimentos horizontais: lesão pontina bilateral. Faculdade de Minas 27 Movimentos arrítmicos e mais lentos para baixo seguidos por movimentos mais rápidos para cima. Movimentos horizontais e reflexo normal: lesão cortical difusa. Abordagem intra-hospitalar – Reflexo oculocefálico São desencadeados pelo movimento da cabeça de um lado para o outro verticalmente. Dependem da integridade de núcleos motores oculares e suas vias nervosas, que se estendem do mesencéfalo, passando pela ponte até o bulbo. Estimulação calórica – resposta oculovestibular: irriga-se o canal auditivo externo com água fria – desvio tônico dos dois olhos para o lado da irrigação com água fria e nistagmo na direção oposta –normal. A perda dos movimentos indica lesão do tronco encefálico. Abordagem intra-hospitalar – Córneo-palpebral • Toca-se a córnea com um filete de algodão ou algumas gotas de soro fisiológico. • Piscamento breve da pálpebra estimulada – normal. • Envolve as vias pontinas entre o quinto e o sétimo nervo. Faculdade de Minas 28 8 - Sinais neurológicos em coma com herniação transtentorial OXIGENAÇÃO: oferta de oxigênio com o objetivo de manter a saturação de oxigênio (SatO2) > 95%. INTUBAÇÃO: caso o paciente não apresente condições de proteger as vias aéreas. INTUBAÇÃO IMEDIATA: caso o paciente esteja comatoso e com padrão ventilatório irregular e ineficiente. HIPOTENSÃO: colocar o paciente em posição de Trendelenburg e infusão de soro fisiológico a 0,9%. Se não houver resposta, iniciar infusão de drogas vasoativas. HIPERTENSÃO: iniciar tratamento dos casos de emergência hipertensiva [pressão arterial sistólica (PAS) > 250 mmHg ou pressão arterial média (PAM) > 130] com nitroprussiato de sódio endovenoso em bomba de infusão. Faculdade de Minas 29 Abordagem intra-hospitalar • Na suspeita de infecção do sistema nervoso central, realizar a coleta de liquor após a realização da tomografia. • Iniciar os seguintes esquemas terapêuticos até a definição do diagnóstico: ceftriaxona 2 g endovenoso a cada 12 horas associado a decadron 4 mg endovenoso a cada 6 horas. Manter por pelo menos 4 dias. • Na suspeita de encefalite por herpes vírus, iniciar aciclovir na dose de 10 mg/kg a cada 8 horas. Se for necessária sedação do paciente para intubação orotraqueal, utilizar as seguintes drogas: • Midazolam: 0,03-0,3 mg/kg, via endovenosa,em bolus, com manutenção posterior em administração contínua de 0,01-0,6 mg/kg/h. • Fentanil: 0,7-2 mcg/kg, via endovenosa, em bolus, ou 50 a 500 mcg/h endovenoso contínuo. Se for necessário, utilizar bloqueador neuromuscular: Faculdade de Minas 30 • Succinilcolina (Quelicin): 50 mg/mL: diluir em 10 mL de água destilada e injetar de 0,2 a 0,4 mL da solução lentamente. Principais ações para estabilização de sinais vitais e correção de alterações laboratoriais: OXIGENAÇÃO: oferta de oxigênio com o objetivo de manter SatO2 > 95%. INTUBAÇÃO: caso o paciente não apresente condições de proteger as vias aéreas. INTUBAÇÃO IMEDIATA: caso o paciente esteja comatoso e com padrão ventilatório irregular e ineficiente. INTUBAÇÃO IMEDIATA: caso o paciente tenha traumatismo facial (considerar traqueostomia de emergência). HIPOTENSÃO: colocar o paciente em posição de Trendelenburg e infusão de soro fisiológico a 0,9%. Se não houver resposta, iniciar infusão de drogas vasoativas. HIPERTENSÃO: iniciar tratamento dos casos de emergência hipertensiva (PAS > 250 mmHg ou PAM > 130) com nitroprussiato de sódio endovenoso em bomba de infusão. Principais ações para manutenção e estabilização de sinais vitais e correção de alterações laboratoriais após chegada ao hospital: HIPOTERMIA: aquecer o paciente caso apresente hipotermia (temperatura axilar: 33-34 ºC). HIPERTERMIA: iniciar antitérmicos como dipirona. SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO POR OPIOIDES: o paciente deverá receber naloxona na dose de 0,4-2 mg endovenoso a cada três minutos. SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO POR BENZODIAZEPÍNICOS: o paciente deverá receber flumazenil na dose de 0,2 mg endovenoso, lentamente, até a dose máxima de 5 mg. Essa medicação é contraindicada em paciente com diagnóstico de epilepsia ou que utiliza antidepressivos tricíclicos. HIPONATREMIA: iniciar infusão de solução salina a 3% através de cateter venoso central. Faculdade de Minas 31 HIPERCALCEMIA: hidratar o paciente com soro fisiológico e administrar furosemida 10-20 mg. Aspectos essenciais • Identificação do RNC. • Avaliação primária e secundária do RNC. • A aplicação da escala de coma de Glasgow deve ser feita de forma padronizada. • Reconhecimento dos sinais de gravidade do RNC. • Ações de abordagem intra-hospitalar. Faculdade de Minas 32 Referências bibliográficas Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da Saúde; 2014. Calil AM, Paranhos WY. O Enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu; 2007. Ferreira AVS, Garcia E. Suporte básico de vida. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. 2001;2:214-25. Martins HS, Brandão Neto RA, Scalabrini Neto A, Velasco IT. Emergências clínicas: abordagem prática. 5.ed. Barueri: Manole; 2010. Martins HS, Damasceno MCT, Awada SB. Pronto Socorro: condutas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2.ed. Barueri: Manole; 2008.
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