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TRADIÇÕES RELIGIOSAS-AULA 5

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Tradições Religiosas
Aula 5: A História das religiões indianas: Hinduísmo e Budismo
Apresentação
Na Ásia, mais especificamente na Índia, existe uma das formas religiosas mais antigas do mundo — o Hinduísmo, que é uma forma de religião complexa, com correntes de pensamentos religiosos que nasceram milhares de anos antes de Cristo. O Hinduísmo é a terceira maior religião do mundo, com aproximadamente um bilhão de seguidores.
Você sabia que foi na Índia que o Budismo nasceu? No Budismo não existe a figura de um deus, mesmo assim o Budismo é visto como uma religião, a quinta maior do mundo.
Nesta aula, descobriremos o que significa o nobre Caminho do Óctuplo no Budismo, bem como estudaremos as tradições religiosas dessas duas religiões de origem indiana e como elas influenciam diretamente no comportamento social dos
indivíduos que as praticam.
Bons estudos!
Objetivos
Reconhecer a experiência e a religiosidade indiana, a partir das tradições religiosas que a estruturam;
Analisar as tradições religiosas do Hinduísmo como sendo a base de ordenamento social;
Esclarecer a filosofia religiosa budista.
Primeiras palavras
A Ásia sempre encantou e despertou o desejo do Ocidente pelas suas riquezas. Alguns deuses greco-romanos foram
importados de lá, como Dionísio (ou Baco). As mercadorias mais valorizadas pelos ocidentais também vinham de lá. Como você sabe, até nossos índios são chamados de índios porque os portugueses erraram o caminho para das Índias e chegaram aqui.
Além da riqueza material, a Ásia também possui uma riqueza religiosa capaz de fascinar qualquer estudioso das tradições religiosas — e a Índia é o principal centro irradiador dessas tradições.
 (
Estatueta
 
de
 
Ganesha
 
|
 
Fonte:
 
Content_creator
 
/
 
Shutterstock
)
O Hinduísmo, a principal religião da Índia, é vista no Ocidente como uma religião homogênea, mas não é. O Hinduísmo possui diversas tradições, e é tão complexo, que não é possível defini-lo como uma única religião.
Você sabe como foi criada a palavra Hinduísmo?
A palavra Hinduísmo não foi criada pelos indianos, quem a criou foram os ingleses em uma tentativa de descrever as
expressões religiosas e a religiosidade das comunidades que foram dominadas por eles no século XIX. Os ingleses usavam a palavra hindu como sinônimo de indiano em clara demonstração de etnocentrismo. Na Índia existem cristãos, islâmicos,
budistas e muitas outras religiões.
O que se convencionou chamar de Hinduísmo é um conjunto de tradições religiosas que possuem uma origem comum ou parecidas, mas não são iguais. Isso acontece porque o conjunto de tradições que compõem o Hinduísmo nasceram de
ensinamentos escritos. Existem várias escrituras compiladas de ensinamentos anteriormente transmitidos de forma oral, que são interpretadas, com variações diferentes, pelas escolas de pensamento hindu.
Hinduísmo	 Budismo
Apesar de ter origem nas escrituras sânscritas como o Hinduísmo, o Budismo se diferencia do Hinduísmo e das outras religiões por não crer na existência de um deus supremo ou deuses.
Como existe uma religião sem Deus ou deuses?
O budista acredita que se seguir um conjunto de regras específicas chegará à iluminação. Quem consegue chegar à iluminação travou uma luta contra os desejos e instintos humanos e venceu, deixou o plano físico e passou ao plano espiritual, vivendo a plenitude da serenidade.
 Estátua de Buda | Fonte: Mai111 / Shutterstock
Vamos agora discutir essas duas religiões e suas tradições religiosas.
Hinduísmo
O Hinduísmo é uma das culturas religiosas mais importantes do mundo. Não só pela pluralidade de seus ritos, deuses e gênios.
Isso a distingue das outras, mas o mais importante é o papel que o Hinduísmo desempenha na estruturação da sociedade indiana.
O Hinduísmo é formado por um conjunto de tradições e costumes que servem de guia para os crentes. Apesar de haver
inúmeras tradições internas que diferenciam as expressões religiosas hindu, a estruturação social é pautada em um princípio chamado Dharma. É esse princípio que organiza a vida social e o comportamento social do hindu.
O que é o Dharma?
O Dharma possui várias regras que devem ser obedecidas — e vividas pelo crente — que torna seu entendimento difícil para quem não foi criado dentro da cultura hindu. Essa complexidade é um dos motivos para o preconceito ocidental.
A tradução de Dharma, ao pé da letra, significa ordem, mas também é chamado de Caminho Eterno. Ele define qual o comportamento correto e
quais rituais devem ser praticados pelo indivíduo quando se relaciona com os deuses ou divindades, com sua família e com a casta da qual faz parte. O Dharma normatiza como o indivíduo deve se comportar em sociedade e
como deve cultuar as divindades. Ele pode ser definido como a verdade
religiosa.
O hindu acredita que todas as coisas têm seu Dharma, sua ordem dentro do Cosmo. Nada é aleatório. Todas as coisas são regidas por uma lei, por um dever eterno. É essa certeza que manteve durante milênios — e ainda mantém — a religiosidade do hindu.
Isso é bom? Não sendo etnocêntrico, apenas analisando os fatos à luz da racionalidade ocidental, essa organização social, constituída a partir de princípios religiosos, ajuda a perpetuar situações de exploração ou exclusão social. As tradições religiosas hindus têm na sociedade de casta um de seus pilares de sustentação.
Você sabe o que são castas?
Leia o texto “A sociedade de castas” para entender o que são castas.
 A sociedade de castas
 Clique no botão acima.
A sociedade de castas
Elas são uma forma de divisão social que nasceu na Índia, segundo alguns estudos, em 1500 a.C. Na origem, o sistema não era hereditário. A casta do indivíduo era determinada pela sua aptidão em vida. Uma pessoa justa, possuidora de grandes virtudes morais e espirituais, faria parte da casta sacerdotal, os Brâmanes. Pessoas que
demonstrassem aptidão para governar ou para a guerra eram indicadas para a casta Xátria. Quem possuía tino para os negócios pertencia à casta Vaishyas. Todos os outros pertenciam à casta Shudra, que incluía os fazendeiros e artesãos etc.
Entretanto, depois da criação de um código de conduta chamado Manusriti, por volta do século IV d.C, os sistema foi institucionalizado. Quem o escreveu retirou da religiosidade indiana seu argumento legitimador e tornou o sistema de casta hereditário.
A divisão da sociedade indiana em castas surgiu da crença de que a alma do universo, também chamada de Purusha, foi morta pelos deuses para criar o mundo. De sua cabeça teriam nascido os Brâmanes, de seus braços teriam
nascidos os Xátrias, de suas coxas haviam nascido os Vaishyas e dos seus pés teriam nascido os Shudra.
Há uma ordem hierárquica na sociedade de castas. Brâmanes (cabeça), Xátrias (braços), Vaishyas (coxas) e Shudra (pés). Quem não pertence a nenhuma dessas castas é chamado de Dálit (pessoas consideradas sem direitos e
impuras).
Desse modo, a alma do universo foi usada como argumento para legitimar a discriminação e exclusão social nascida da sociedade de casta. A religiosidade dos hindus legitima a estratificação social e a exclusão das pessoas que “não descendem da alma do universo”.
Os deuses e avatares
Se você for estudar os Vedas verá que existem 33 divindades principais que habitam o céu, o ar e a terra. Esses deuses são descritos como seres ou forças da natureza e podem se apresentar de diversas formas, mas os mais importantes são Brahma, Shiva e Vishnu, a trindade hindu. Eles são responsáveis, respectivamente, pela criação, manutenção e destruição do mundo.
Vamos conhecê-los.
 (
Brahma
É
 
considerado
 
a
 
força
 
criadora
 
do
 
universo.
 
Ele
 
criou
 
tudo
 
e
 
está
presente
 
em
 
tudo
 
que
 
existe.
) (
Vishnu
É
 
o
 
deus
 
responsável
 
pela
 
manutenção,
 
proteção
 
e
sustentação
 
do
 
universo
 
e
 
sua
 
imagem
 
também
 
possui
 
todo
 
um
 
simbolismo.
) (
Shiva
Apesar
 
de
 
ser
 
chamado
 
de
 
destruidor,
 
é
 
tambémo
 
deus
 
associado
 
à
 
renovação
 
e
transformação
 
—
 
na
 
mitologia
 
hindu
 
ele destrói para reconstruir.
)
Leia o texto “A trindade hindu” para conhecer um pouco mais sobre esses deuses.
 A trindade hindu
Clique no botão acima.
A trindade hindu
Brahma
Sua imagem carrega todo um simbolismo:
Os quatro rostos recitam os quatro Vedas; A barba significa sabedoria;
As quatro mãos significam autoconfiança, o ego, a meditação, e o intelecto; A flor de lótus representa a natureza e a essência de todos seres vivos;
O livro significa conhecimento.
Vishnu
A imagem de Vishnu possui alguns simbolismos:
A concha possui os cinco elementos que criaram o universo: ar, fogo, água, terra e o éter, a quinta-essência; O disco representa o controle dos sentimentos e é uma arma usada contra demônios;
A flor de lótus representa a verdade e a pureza que não podem ser escondidas por ilusões ou mentiras; O cajado simboliza a força que dá origem a todas as outras forças que existem.
Na tradição hindu, é o deus Vishnu que reencarna em animais e homens todas as vezes que o mundo fica em perigo. Ele é o responsável por manter a harmonia e a paz criada por Brahma.
Shiva
Os hindus associam sua imagem ao fogo que destrói para renovar, à fertilidade, à ioga, à passagem do tempo natural, à água e sua importância para a vida.
Os livros sagrados
É difícil entender o Hinduísmo se você não nascer dentro da cultura hindu, porque são muitos deuses e muitas tradições.
Existem alguns livros sagrados que orientam as tradições religiosas hinduístas. Eles não foram escritos por pessoas santas
nem ditados por um deus, mas explicam o surgimento do mundo, dos deuses, dos rituais sagrados e dos sacrifícios que devem ser feitos pelo crente.
Esses livros dividem-se em duas categorias:
 (
Os
 
que
 
tratam
 
da
 
verdade
 
revelada
Livro
 
dos
 
vedas
) (
Os
 
que
 
tratam
 
da
 
tradição
Upanixades
)
Mas, existem outros livros:
 (
1
) (
2
)
Smritis
Tratam da moral e doutrina.
Ramayana
Transmite a forma correta de agir e do dever do indivíduo.
 (
3
)	 (
4
)
Mahabharata
Contém o Bhagavadguitá, ou a mensagem filosófica de Krishna.
18 Puranas
Discutem mitologia, normas legais, formas de rituais, encarnação e a trindade hinduísta: Brahma, Vishnu e Shiva.
Também há os Dharma Sastras, Agamas, Tantra, os Vedangas. Os livros sagrados formam a base da religião, dos ritos e da filosofia hindu, pois lhes dão forma.
Leia o texto “Livro dos Vedas e Upanixades” para conhecer as categorias de livros.
 Livro dos Vedas e Upanixades
 Clique no botão acima.
Livro dos Vedas e Upanixades
Vedas
Como mencionamos, são os livros que tratam da revelação, do divino. São um conjunto de quatro livros que se subdividem em vários outros.
1. O Rig-Veda, o primeiro livro dos Vedas, é formado por dez livros que descrevem o mundo e suas três esferas: a terra, o céu e ar — cada uma habitada por vários deuses;
2. O segundo livro, Sama-Veda, ensina e explica como cada canção deve ser recitada para homenagear os deuses;
3. O terceiro livro, Yajur-Veda, é uma coletânea de cânticos e fórmulas mágicas que devem ser realizadas nos rituais de sacrifícios;
4. O quarto livro, o Atharva-Veda, é uma compilação de cantos e fórmulas mágicas criadas por sacerdotes.
Cada livro dos Vedas é dividido em duas partes:
A Samhita, em que são lidos os cantos ou mantras;
Os Brahmanas, que são os comentários das partes lidas ou cantadas.
Dica
A parte mais antiga dos Vedas, escrita milênios antes de Cristo, trata de uma religião específica, usualmente chamada de Bramanismo. Os outros livros foram unidos aos antigos entre os séculos VII e III a.C. Só depois da incorporação é que o Hinduísmo como conhecemos passou a ser caracterizado.
Upanixades
Como falamos, são os livros que tratam da tradição. São 108 textos que pregam a reflexão e a busca pelo seu princípio divino, Brahman, que é a eterna unidade do Universo. Ele não é um deus; é a alma do Universo e a essência da vida.
Dica
Não confunda Brahman com o deus Brahma. Os nomes são parecidos, mas não significam a mesma coisa. Brahma é o deus que criou o universo, Brahman é o princípio divino, a essência das coisas.
O Brahman existe em todas as coisas, e os textos dos Upanixades pregam a busca pela unidade do homem com o
universo. Paramatman (alma do mundo) e Jivatman (alma humana) devem se tornar uma só, devem se fundir. Para se chegar a esse estado pleno, o indivíduo deve viver em contemplação e evoluir para um estado de repouso absoluto.
Caso consiga chegar a esse estágio, o espírito se desliga do mundo terreno e evolui para o nirvana.
A tradição hindu diz que o objetivo final do indivíduo é ser absorvido pelo absoluto, é voltar para a origem de tudo. Mas, para que isso aconteça, a pessoa tem que evoluir, deve se desapegar de tudo o que é material, pois a matéria é a origem de toda dor e sofrimento.
A tradição diz que todos os indivíduos vivem em um ciclo eterno de morte e renascimento (Samsara) porque não conseguem perceber que o mundo temporal é uma ilusão, que quanto mais se vive nele, mais distante se fica do Brahman. A evolução acontece quando a pessoa começa a compreender isso.
A contemplação e a meditação levam à sabedoria, que leva à libertação, que leva à evolução, que põe fim ao ciclo de nascimento e morte, que torna o indivíduo uno ao Cosmo, que o leva ao nirvana.
Na tradição religiosa hindu a busca pela evolução do espírito rumo ao absoluto é uma realidade que deve ser vivida
pelo crente. Para alcançar esse objetivo, o crente deve tentar, durante toda a sua vida, alcançar quatro objetivos.
 (
Ele
 
deve
 
buscar
 
sempre
 
a
 
retidão
 
no
 
comportamento
 
e
 
assim
 
diminuir
 
a
 
quantidade
 
de
 
reencarnações
 
que
 
ele
 
viverá,
 
até
 
que
 
elas
 
acabem.
 
Quando
 
ele
 
conseguir
 
alcançar
 
essa
 
retidão
 
no
 
comportamento,
 
o
 
ciclo
 
de
 
reencarnações
acabará
 
e
 
ele
 
vai
 
se
 
unirá
 
ao
 
ser
 
absoluto.
Essa
 
busca
 
pelo
 
infinito
 
é
 
a
 
base
 
da
 
ética
 
hindu.
 
Já
 
estudamos
 
que
 
Dharma
 
é
 
o
 
Caminho
 
Eterno,
 
o
 
guia
 
que
 
ordena
 
a
 
sociedade
 
hindu.
 
Para
 
que
 
o
 
hindu
 
se
 
una
 
ao
 
Absoluto
 
(chegue
 
ao
 
Nirvana),
 
ele
 
deve
 
parar
 
de
 
reencarnar
 
(sair
 
do
 
ciclo
 
de
 
Samsara).
 
Para
 
que
 
isso
 
aconteça,
 
ele
 
deve
 
buscar
 
uma
 
vida
 
onde
 
os
 
apelos
 
da
 
vida
 
terrena
 
devem
 
ser
 
renegados
 
(acabar
 
com
 
os
 
Karmas).
 
No
 
dia
 
em
 
que
 
conseguir
 
fazer
 
isso
 
ele
 
se
 
libertará
 
do
 
ciclo
 
de
 
reencarnações
 
(Moksa)
 
e
 
se
harmonizará
 
com
 
o
 
universo,
 
com
 
o
 
absoluto,
 
com
 
o
 
Brahman.
)
Os rituais
A religião tem nos rituais sua expressão maior. Os deuses devem receber sacrifícios para poderem exercer seus poderes.
Os sacrifícios podem ser feitos de várias formas: banquetes, em que são oferecidos bolos, arroz, leite e até animais mortos em homenagem ao deus. Também é necessário que haja danças e música para animar os deuses.
Exemplo
Os rituais são uma forma de expressar a devoção e a fé do crente, e ainda há na Índia rituais e sacrifícios que chocam o Ocidente. A maioria é proibida hoje em dia, mas são praticados pelos crentes como forma de devoção e fé.
O Sati é um deles. Neste ritual, a esposa viúva, para provar sua devoção ao marido, joga-se na pira em que o marido está sendo queimado.
Outro ritual proibido ainda praticado é o sacrifício de pessoas em nome da deusa Kali.
Nos rituais, os hindus pedem proteção contra doenças, demônios e inimigos; pedem boa colheita, riqueza, honra, filhos, vida longa, expiação de culpas. É nos rituais que a experiência com o sagrado se realiza e o praticante chega ao êxtase religioso.
A meditação é uma outra maneira dos hindus vivenciarem a experiência com o sagrado. Eles acreditam que o ato de meditar ao seu dharma dá conhecimento, e o faz viver o êxtase religioso, por meio da redenção espiritual.
Tanto nos rituais como na meditação há a entoação de mantras para se chegar ao êxtasereligioso e para que a experiência religiosa seja vivida de forma plena.
O que é um mantra?
Um mantra é um som, a repetição de sílabas que carregam em si um poder cósmico (shakti). É um pensamento manifestado em uma sequência de sons. Ele não precisa ter um significado verbal, o que importa é o som.
Atividade
1 - O Hinduísmo, como nós conhecemos, nasceu no século XIX, em uma tentativa do Ocidente de entender as diversas formas religiosas que existiam na Índia. Dito isso, explique o que é o Hinduísmo moderno.
2 - Os rituais sempre foram parte importante da experiência religiosa e da religiosidade hindu. No passado, e ainda hoje, a dança e o ato de fazer oferendas ainda fazem parte dos rituais. Atualmente, as oferendas se restringem à oferta de comida,
perfumes e outras coisas comezinhas, no entanto, até o século XIX, o sacrifício de animais e a imolação de pessoas em rituais ainda eram praticadas. Sabendo disso, faça uma pesquisa sobre as práticas ritualísticas hindus, mais especificamente, sobre os rituais em que havia o sacrifício de animais e/ou pessoas, explicando qual a finalidade do sacrifício.
Budismo
O Budismo é uma religião, ou filosofia religiosa, que nasceu mais ou menos no século V a.C., na Índia. O Budismo possui a mesma origem do Hinduísmo, o livro dos Vedas, entretanto, nasceu como uma religião que se opôs aos sacerdotes Brâmanes e suas visões sobre a religião Brâmane.
Ao contrário do Hinduísmo, o Budismo tem um fundador, Sidarta Gautama, um príncipe que abandonou a realeza para viver de forma ascética, mendigando e passando por diversos sofrimentos físicos, na busca pela compreensão das
causas do sofrimento e da dor.
 Estátua de buda | Fonte: Vectorx2263 / Shutterstock
A base da filosofia budista é a certeza de que a salvação e o fim do ciclo de Samsara (reencarnações sucessivas) só ocorrem por meio da iluminação. Essa forma de entender a religião hindu pregada por Sidarta foi de encontro a diversos ensinamentos existentes no livro dos Vedas e defendidos pelos sacerdotes brâmanes.
Leia o texto “Pontos divergentes entre o Hinduísmo e o Budismo” para conhecer as diferenças entre essas religiões.
 Pontos divergentes entre o Hinduísmo e o Budismo
Clique no botão acima.
Pontos divergentes entre o Hinduísmo e o Budismo
Observe outros pontos divergentes entre o Hinduísmo e o Budismo:
Rejeição da autoridade dos Vedas
Os budistas rejeitaram o que os Vedas definiam como revelação e criaram sua própria tradição (Upanixades). Essa
nova tradição, ou forma de interpretação da religião hindu, criticava o sacrifício como base para os rituais e também o culto a divindades específicas.
Negação da sociedade de castas
O primeiro Buda era da casta dos xátrias, não dos brâmanes. Esse fato, e a aceitação dele como algo natural, colocava em cheque a afirmação brâmane de que o valor espiritual da pessoa estava diretamente ligada à sua casta.
Iluminação independe do Cosmo
Você se lembra de que a tradição é uma das bases da religião hindu? Os budistas criaram sua própria tradição e ela se chocou com o que era ensinado nos primeiros livros Upanixades. Neles é dito que a libertação da alma, a iluminação do ser acontece quando a essência do indivíduo se une com o absoluto, com o Cosmo. Os budistas discordavam em parte, pois afirmavam que a libertação, a iluminação ocorre quando o indivíduo entende que não é possível existir essa união perene e eternamente feliz com o Cosmo.
Poder restrito das divindades
Os budistas não negam a existência de divindades hinduístas; eles afirmam que elas são seres poderosos, mas ainda estão presos ao ciclo de Samsara. Elas fazem parte da crença budista, mas possuem posição inferior no credo. Na
percepção budista, elas podem ajudar o crente a resolver problemas do dia a dia, como matar a fome, mas não podem ajudá-lo a trilhar o caminho para a libertação.
A mensagem do Buda ou as quatro nobres verdades
A tradição budista diz que Buda deixou uma mensagem para seus seguidores. Ele teria dito que todos que buscam o Caminho da Libertação devem praticar “o nobre caminho do óctuplo” para acabar com a dor e chegar à iluminação.
O primeiro Buda chegou à iluminação ao abdicar de sua posição social, viver mendigando e passar por sofrimentos físicos. Essa experiência o fez definir o caminho que o crente deveria seguir para chegar à libertação.
De acordo com os ensinamentos budistas, os quatro passos desse caminho são:
Identificar o sofrimento
Ele deve perceber que o nascimento, a velhice, a doença, a morte, os desejos e os apegos são fontes de sofrimento.
Encontrar a origem do sofrimento
Como: querer viver, ter prazer e alegrias. Buscar isso prende o indivíduo no ciclo de reencarnações.
Renunciar aos prazeres mundanos para escapar do sofrimento
Caso ele consiga fazer isso, o sofrimento e a dor são neutralizados.
Deve viver buscando a santidade por meio da prática de ações que elevem e libertem a alma
Depois da neutralização da dor e do sofrimento, o crente deve viver de forma a evitar qualquer fonte de sofrimento
O Óctuplo Caminho
O budista deve seguir um restrito código moral e buscar a transformação espiritual por meio do controle da mente, da meditação e da busca por sabedoria. O budista deve trilhar o nobre Óctuplo Caminho.
O que é trilhar o Óctuplo Caminho?
Ter uma visão; intenção ou vontade; fala; ação; vida; esforço; consciência; e concentração ou meditação corretas.
Leia o texto “Óctuplo Caminho” e conheça as características de cada etapa desse caminho.
 Óctuplo Caminho
 Clique no botão acima.
Óctuplo Caminho
Ter uma visão correta é conseguir perceber as quatro verdades e entender que o Óctuplo Caminho é o único meio de acabar com a dor e o sofrimento;
A intenção ou vontade correta ligam-se ao próprio caminho a ser trilhado, pois é uma constante indagação sobre o porquê do crente se dedicar. Submeter-se a trilhar o nobre Óctuplo Caminho;
Ter uma fala correta é saber se expressar de modo a demonstrar sabedoria e renegar a mentira, a malícia, a ofensa e a criação de boatos;
A ação correta significa se abster de práticas negativas: matar, roubar, ter conduta sexual imprópria e “dar vazão ao prazer de forma imoderada”.
Ter uma vida correta é buscar sempre realizar e otimizar as práticas que levam a essência do Budismo: a busca pela iluminação.
O esforço, a meditação e a consciência são complementares, pois a combinação dos três otimiza a condição do despertar.
Saiba mais
Na Tradição budista, o Óctuplo Caminho é apresentado de forma separada, para facilitar o entendimento, mas deve ser vivido e praticado de forma una, pois só assim é possível acabar com o sofrimento e a dor e sair do ciclo de reencarnação e chegar à iluminação.
Atividade
3 - O Budismo é uma religião com base filosófica montada no desapego das coisas mundanas e na perspectiva de libertação da alma do ciclo de reencarnações. Para que isso aconteça, o budista deve compreender quais as coisas que o prendem ao mundo material e como deve agir para se desprender. Feita essa afirmativa, construa um texto analisando as quatro nobres verdades.
Referências
NoCOtaSTsA, FLORÊNCIA. Os Indianos. São Paulo: Contexto, 2012.
FLOOD, Gavin. Uma Introdução ao Hinduísmo. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2014, 426p.
FERREIRA NETO, Edgard Leite. Da civilização do Indo ao Império Maurya: novas abordagens no estudo da Índia Antiga. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999.
GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas e Sinais. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.
OLIVEIRA, Arilson. Max Weber e a Índia. O vaishnavismo e seu yoga social em formação. São Paulo: Blucher, 2009.
OLIVEIRA, Arilson. O vaishnavismo e seu Yoga social em formação: da ortodoxia brahmânica na Índia antiga à ética vaishnava de Caitanya sob o olhar weberiano. Dissertação de mestrado. São Paulo: USP.
ZIMMER, Heinrich. Filosofias da Índia. São Paulo: Palas Athena, 1997.
Próxima aula
Religião judaica, origem, ritos, crenças e tabus;
Islã — Uma culturapautada em ensinamentos religiosos que define seus seguidores como mulçumanos, independentemente de sua etnia;
Islamismo e suas tradições religiosas.
Explore mais
Leia o livro
Conhecendo o Hinduísmo, de Vasudha Narayanan. O livro faz uma análise dos livros sagrados do Hinduísmo e dos rituais e cerimônias hinduístas.
Assista ao filme
PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, Inverno e… Primavera. Dir.: Ki-duk Kim. Coreia do Sul e Alemanha, 2003. 103 min.
O filme narra a história de dois monges: um mestre ancião e um jovem aprendiz. O enredo trata do processo de
amadurecimento do jovem monge. Desde a infância ele é ensinado a praticar “o nobre caminho do óctuplo” para acabar com a dor, nascidas das necessidades mundanas e chegar a iluminação.

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