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>'.i a Psicoterapia Analítica Funcional
.fltm.AmoreBehaviorismo
'iborfl, JonathanW. Kante', Barbara Kohlenfcerg. William C. Fo,Iette, Glenn M. Callaghan
A-wíPco »u-cion«- (FAP) «liava entro as «ovas
a p»>coDfl<a comportamental devoro .ser incorpqrada mau
ria a P.icotogia Neste tio esperado votime. kdcr»t da FÃP
>< 'envolveu, o oftrecom om gua para sua Piplamantaçâocínica
" outros tratamento», a FAP laia »obre alguns dos assuntos
. . utom
.
 . podo impulsonar o i/abatx» dinco vrtuatucnte.
ngem at0«c"<:a 00 pfofssonai Atamente recomanda.0» *
Ui»s
. Ph O . Ufitnt/ c*'«c.3íj
. r«i cftict ê mthor oportunidade pa-a o dese«.o«.fiafito da
i' "'nante »ite,jra*»a; ai?o jamais voto nessa Ma Cite guO de
i. . eiciante» hortfontw para terapeutas da tedo» 01 referenda»
 -n portanto» do psicoterapia há décadas."
innan, PhD , Unlvoraltjr o( Winsconsin Sc«ool ot Mndclno and
i abordagem para a terapia Que enfatua de forma oetín o uso Ca
um exemplo da» roUçées Interpessoais aprendida» Usando wmj
principio» de aprendizagem com habildades de interajo clinica. a
"" .«I ajuda o» cllontos a aprender o Que fazer ou nJo fazer p*ra
i. in ou necosutam obter. Tudo rsso é ricamente íbítrado cot
i clincos tino nuxlum o terapeuta por meio de um guia daro.a
r4*gem na terapia.* 
*
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.
V
'.oidtrtrd
. Ph D. Stony Brook Unwertty
« »' -coterapa Ana. «a Funccfl tem Iracdo no*o» vgn*c»íoi
. » «eiacâa» 0*nte-terapeuta ao tocar nas *xmasde«ada*effl ç-o
. . dos clientes ocorrem na» usM» terapeutas O «odei das
"idem ajudar o» dentes em questOes varadas como o depressão.
i'"t"tado
. transtornos de personalidade, problemas do self,acuso
. de seus Sintoma» o mergulhar em tua paixão peta «ida e pelo
i . PsKotorapla AnaWica Funoon»!. »eu» criadores Mavis Tsai o
i" a outro» pratico» da FAP para apresentar um oxabout®
 tratamento» que levam os toiíom» por antro a» profunda»
ide» do» la<os tarapéutco». Este i*ro também enfatiza como
'
a
n Adlf toma máximo o uso clinico da unicidade de cada ciente - e
pios diittcnba» terapêuticas. . .
irilaa» intervenções FAP - :.
i r.,6es d» procodmentosde avaUç*o e sessões tcapfeitcás. -
i I AP «oanha ou am conoto com outra» terapia»
di FAP. desde a prmaira sessão até oCna<ca le-ap-a
1 irraoeuta.a da» questões reôcoada» a superwsio
 t melhorarem a sooedade: A pratica do 
"Grttn fW
i. lormuldr»» de hodtjack e outras ferram er.tasesaenaa-s da FAP.
i transformadora continua a expandir tua influencia. Um Gua para a
\t Knal sara uma mrnrencia vital para o desenvoVimento da pratica de
danle»de graduação . . .j
www.esetec.com.br
|Mavis Tsai, Robert J. Kohlenberg, Jonathan W. Kanter.
Barbara kohlenberg. Will,am OFollette
. Glenn M.Callaghan|
Um Guia para
a Psicoterapia Analítica
Funcional (FAP)
Consciência, Coragem, Amor
e Behaviorismo
Fétima Cristina do Souza Conte e Maria Zilah da S, Brandão]
I . . 
tV . : orjiaadorasJatrtímio
Springer
Mavis Tsai. Robert J. Kohlcnberg, Jonalhan W. Kanter, Barbara
Kohlcnberg. William C. Follette.GlennM.Callaghan
Um Guia para a
Psicoterapia Analítica
Funcional
Consciência, Coragem, Amor
e Behaviorismo
£) Springer ESETec
,
Prefácio à edição em Língua Portuguesa
Ter acesso ao que MavisTsai, Robert J. Kohlenberg, Jonalhan W. Kanler,
Barbara Kohlenberg, William C. Follette e Glenn M. Callaghan discutem, e
especialmente sobre FAP, c sempre um privilegio c uma oportunidade que
nos inspira, instrumentaliza, renova 2 nossa prática clinica e aquece nossos
corações, como provavelmente diria Mavis Tsai. Isso tem acontecido desde
que recebemos o primeiro artigo sobre a FAP, proposto por Kohlenberg e
Tsai em 1987.
Sem dúvida
, a proposta da FAP foi um marco na história da Análise Clínica
Comportamental, como tem sido enfatizado repetidas vezes, por muitos. Para
nós
, professoras e psicoterapeutas brasileiras, que nos debatíamos para
combinar o que fazíamos na prática clínica - provavelmente sob controle das
contingências ali vigentes - com o que acreditávamos e sabíamos, até então,
sobre Análise do Comportamento, a FAP representou um caminho teórico-
prático seguro, capaz de refletir, já em seus primeiros espaços, nossas angústias,
esperanças e necessidades. Demonstrava uma consciência ímpar, corajosa e
afetiva. das possibilidades que antevíamos para o uso do Behaviorismo na
prática clínica, e para entender como nossa interaçào direta com os clientes
os afetava. A FAP chegou ate nós como sc tivéssemos tido, com os seus
autores
, um processo de transmissão dc pensamento. Foi como sc Robert c
Mavis tivessem ouvido nossas perguntas c os nossos clientes. Provavelmente
estávamos, cm parte, sob controle dc estimulação semelhante proveniente,
tanto da relação que estabelecíamos com nossos clientes, como do nosso
envolvimento com o estudo do Behaviorismo Radical. Isso talvez explique a
sintonia que tivemos desde o início com a proposta da FAP.
E, então, já sob controle da FAPe também de outras propostasclínicas
comportamentais que nos foram apresentadas, nessa mesma época, por
outros profissionais como.no caso daACT, por Steven Hayes, criamos, na
Universidade Estadual de Londrina, juntamente com nossos colegas, uma
oportunidade única para mcrgulhaimos nessas novas propostas: a primeira
Especialização em Psicoterapia Analitico-Comportamental do Brasil (1990).
Ali pudemos, com alunos e colegas professores interessados, alem dc
compreender mais claramente, revelar as nossas açòes como clínicos, com
mais segurança e tranquilidade. Agradecemos hoje, aqui, aos autores da
FAP por nos proporcionarem isso.
Seguimos estudando, ajudando na tradução e na produção dc textos
em português, sobre as novas propostas que vieram a ser classificadas como
sendo representantes datcrccira geração das terapias comportamentais, de
que a FAPconfigura-se como um dos pilares. Um privilégio!
Nào menos importante para nós, está sendo agora a nossa coordenação
c participação direta na tradução dessa nova obra sobre FA P, o que realizamos
junto com uma equipe cuidadosa, corajosa e que tem participado conosco
da deliciosa c desafiadora missão de enriquecer a prática clínica por meio
da FAP. Agradecemos a Murilo N. Ramos e Simone Martin Oliani pelo
capítulo I; Camila Carmo de Menezes, íria Siena e Marina Tropia Fonseca
Carioba Arndt pelo capítulo 2; Robson Zazula, Graziellc Noro, Regina
Christina Wielenska e Fátima Cristina de Souza Conte pelo capítulo 3; Fábio
Brinholli e Vera Lúcia Menezes Silva pelo capítulo 4; Marina Tropia Carioba,
Maria Zilah Brandão e Alice Maria Delitti pelo capítulo 5; Camila C. de
Menezes
, Josy Moriyama c Paula Renata Cordeiro pelo capítulo 6; Simone
Martin Oliani e Victor Hugo Bassetto pelo capítulo 7; Mariana de Toledo
Chagas e Fátima Cristina de Souza Conte pelo capitulo 8; Natália Mendes,
Priscila Dcrdyk e Fernanda Brandão pelo capítulo 9. Agradecemos de forma
particular aos amigos e colegas Marina Tropia Carioba, Guilherme Dutra
Ponce e Victor Hugo Bassetto, colaboradores especiais na tradução, revisão
c organização do livro e que conseguiram, ao prover contingências naturais
reforçadoras positivas, manter a união do grupo de trabalho em torno de
nosso objetivo máximo: a tradução desta obra.
Estamos cientes do quanto todos os que aqui mencionamos se empenharam
para serem fieis ao conteúdo proposto pelos autores e mesmo à linguagem
por eles escolhida, que por vezes apresentava descrições e explicações difíceis
de serem traduzidas sem que se perdesse o olhar behaviorista radical. Da
mesma forma como ocorreu com o livro original que reuniu vários psicólogos
FAP
,
 uma grande equipe se organizou aqui para produzir a sua tradução,
que provavelmente, irá salientar os diferentes estilos dos membros do grupo.
Pensamos nesse grupo como uma grande família FAP, cm que cada um de
seus membros oferece alguma contribuição.
Por fim,reconhecemos que nossa prática clínica melhorou muito a partir
da FAP
,
 tomou-sc mais eficiente e afetiva, segundo o que nos revelam nossos
clientes. Ela também nos permitiu declarar nosso amor por eles, ao mesmo
tempo em que abriu caminhos para que nos tornássemos mais conscientes
da função e da força que as nossas ações poderiam ter junto a cada um
deles.
Esperamos que essa tradução facilite, ainda mais. o contato dos leitores
com a FAP, que eles possam saboreá-la, e que isso os tome mais felizes em
suas ações como terapeutas c como pessoas, integralmente.
Boa leitura a todos!
Fátima Cristina de Souza Conte
Maria Zilah Silva Brandão
Prefácio
Nosso primeiro livro. Psicoterapia Analítica Funcional: Criando
Relações terapêuticas Intensas e Curativas
, foi publicado há quase duas
décadas. Terminamos o manuscrito um dia antes do nascimento de nosso
filho c
, assim como ele cresceu e prosperou, o mesmo ocorreu com a FAP.
Concluímos o livro com a seguinte afirmação: "Se esse livro produzir ao
menos uma significante e intensa relação clicntc-terapeuta, que caso contrário
nào teria acontecido
, ele terá sido útil
"
.
 De fato
, baseado no retomo que
recebemos
, inúmeras intcraçòcs significativas têm ocorrido como resultado
da utilização dos princípios da FAP pelos terapeutas. Nosso livro foi traduzido
cuidadosamente para o português (Raquel Kerbauy, Ph.D, Fátima Conte,
Ph.D., Mali Delitti, Ph.D.
, Maria Zilah Brandão, M.A., Priscila Dredyk,
M
.
A
., Regina Christina Wielenska, Ph.D., Roberto Banaco
, Ph.D., e
Roosevelt Starling, M.A.)Japonês (Hiroto Okouchi, Ph.D. Takashi Muto,
Ph.Dom, Akio Matsumoto, M.A., Minoru Takahashi, M.A., Toshihiko
Yoshino
, Ph.D, Hiroko Sugiwaka, Ph.D, Masanobu Kuwahara. M.A.
, Yuriko
Jikko
, M.A.,eMariko Hirai, M.A.)ees/>ai/fo/(Luis Valero, Ph.D,Sebastian
Cobos, B.A., Rafael Ferro, Ph.D, e Modesto Ruiz, M.A.), e apresentamos
muitos seminários nacionais c internacionais para audiências entusiasmadas.
A relevância das regras da FAP e de sua metodologia mostra-se universal
para todos os terapeutas que desejam criar relações terapêuticas mais intensas
e curativas. Para aqueles que não estão familiarizados com os fundamentos
da FAP
, o capítulo 1 deste volume oferece uma introdução que detalha os
princípios behavioristas sob os quais a FAP foi fundada. Mesmo que a FAP
tenha um longo caminho a percorrer até que se torne um tratamento
cientificamente embasado
, os pressupostos básicos da FAP- A importância
da relação terapêutica e o uso de reforçamento natural para modeiar os
problemas dos clientes que ocorrem na relação terapêutica - são robustos.
c evidências de áreas múltiplas e variadas dc pesquisa que sustentam estes
princípios são descritas no Capítulo 2. A FAP, quando conduzida
adequadamente, requer uma avaliação e formulação de caso completa e
acurada
, tópico destinado ao Capítulo 3. O centro da metodologia da FAP c
elucidado no capitulo 4, que discute a Técnica Terapêutica e as Cinco Regras.
No Capitulo 5 discutimos, em termos behavioristas, como a experiência do
self é criada, e porque o senso de self é necessário para que o individuo
pratique o mindfulness. O desenvolvimento da intimidade c a forma pela
qual ela pressupõe que tanto o cliente quanto o terapeuta corram riscos é
tópico do Capítulo 6. No Capítulo 7, 
"
O Curso da Terapia" descrevemos um
tratamento típico da FAP do inicio ao fim. O Capítulo 8 cobrc tanto modelos
individuais quanto grupais dc supervisão, e também oferece sugestões para
o desenvolvimento pessoal dc terapeutas. Os terapeutas que acreditam que
o mundo está cm uma encruzilhada para a sobrevivênciae desejam ir além
do tratamento dos sintomas dc seus clientes, trazendo a tona o melhor self
destes e um comprometimento ati vista. vão se identificar com as ideias do
capitulo 9. 
"Valores na Terapia e a Green FAP.
"
A linguagem behaviorista c os conceitos usados ao longo deste livro
ajudam n trazer insights novos e mais precisos ao fenómeno clinico. Essa
terminologia não foi desenvolvida no ambiente psicoterápico, todavia, por
consequência, pode ser usada da mesma maneira para comunicar-se sobre
a experiência clinica. Ao escrever este livro percorremos uma linha entre a
linguagem dos behavioristas c aquela usada pela maioria dos clínicos, c
buscamos tirar proveito da riqueza dc ambas. Para aqueles que preferem a
linguagem do dia a dia. nós enfatizamos a consciência, a coragem c o amor
terapêutico, porque essas qualidades são importantes ao programar as regras
da FAP. Seja quai for sua orientação, esteja onde você estiver na sua jornada
individual como terapeuta, esperamos que as ideias c informações contidas
neste livro possam inspirá-lo a ser mais consciente, corajoso e amoroso com
seus clientes, e que eles reforcem seu comportamento de agir dessa maneira.
I malmente, gostaríamos de enfatizar que a terapia não é somente uma
questão dc seguir regras e aderir a medidas. A cada momento que você
interage com alguém, você tem a oportunidade de refletir sobre o que é
especial c precioso sobre esta pessoa, para curar uma ferida, para criar
proximidade mútua, possibilidades c mágica. Quando você cone riscos e
feia a sua verdade compassivamente, você dá aos seus clientes aquilo que
só você pode dar - seus pensamentos, sentimentos e experiências únicas.
Ao fazer assim, você cria relações que são inesquecíveis. Quando você
toca o coração de seus clientes, você cria um legado de compaixão que
pode afetar gerações que ainda nem nasceram.
Seatle, WA. USA
Mavis Tsai
Robert J. Kohlcnberg
Agradecimentos
Mavis Tsai
Bob Kohlcnberg e eu solicitamos Jonathan Kanter, Barbara Kohlcnberg,
Bill Follctc e Glcnn Callaghan a serem coautores deste volume, porque cada
um deles dedicou um tempo significativo de suas carreiras para pensar,
desenvolver
, ensinar, pesquisar, praticar c escrever sobre a FAP. Eu gostaria
de agradecer especialmente a Jonathan, cuja contribuição a este livro nos
ajudou a concluí-lo dc maneira oportuna. Quando sua tarefa era escrever ou
editar material significativo, cie estava sempre muito disposto. Também gostaria
de agradecer aos coautores pelo trabalho atento e sólido. Sou gr-Hn a Bob
,
meu parceiro devoto, que faz da vida um playground de trabalho c amor.
Indepcmlentemente daquilo que estamos traballiando juntos, ele apoia, enfrenta,
encoraja e desperta o meu melhor. Sou grata ao apoio dc meus queridos
amigos ao longo do processo da escrita deste livro. Quero agradecer a meus
colegas próximos e distantes, cuja aprovação das contribuições da FAP para
seus trabalhos cncreiza-me e sustenta-me Gostaria de valorizar nosso editor
da Springer, Sharon Panulla, por reconhecer a importância da FAP e por nos
assistir ao longo do processo dc publicação. Nossa editora dc reprodução,
Jamie Busby Grant, fez um trabalho soheitwe consciencioso ao publicar nosso
manuscrito final
. Sou grata aos meus clientes c alunos antigos e atuais que
modelaram aquilo que sou como pessoa; supervisora, professora c psicóloga
clinica - Amo vocês mais do que vocês possam imaginar.
Robeii J. Kohlcnberg
Tornei-me behaviorista radical na faculdade
, muito antes de haver algum
tratamento dito Skinneriano para pacientes clínicos adultos. Eu estava
erroneamente convencido dc que alguém logo desenvolveria tal abordagem.
Esperei, o tempo foi passando e. eventualmente, perdia as esperanças de
que uma terapia clinica embasada no behaviorismo radical poderia vir a
existir. Enquanto isso, assistia a Mavis fazer "mágica" na sala dc terapia,
parecendo transformar todos aqueles que trabalhavam com ela - desejava
poder entender e lazer o que ela fazia. Depois, cm 1 ORO, minha filha Barbara
Kohlembcrg disse: "Gostaria que fosse a um encontro da ABA (Associação
de Análise Behaviorista) comigo e a&sistúse ao seminário de meu orientador,
Stcve Haycv Você precisa ver o que ele está fazendo". Steve mostrouque
o Behaviorismo Radical poderia conceituar a terapia de pacientes atendidos
cm consultórios c iluminou o caminho para que cu seguisse cm frente. Em
seguida, com a colaboração próxima da minha preciosa c inspirada parceira,
ix
Mavis, com considerável empenho, tempo c amor, desenvolvemos um
entendimento de como descrever c reproduzir os resultados terapêuticos
poderosos que ela obtinha. Meu querido colega de trabalho e falecido amigo,
Neil Jacobson. apressou-nos para que escrevêssemos sobre o que estávamos
fazendo
,
 c a FAP nasceu oficialmente. Nessa época, minha amiga c colega
de trabalho, Marcha Linehan, ajudou-nos a colocar a FAP "no mapa
" ao
dizer a seus alunos e associados que eles precisavam entender a FAP para
que aluassem bem usando a DBT (Terapia Dialctica Comportamental).
Gostaria de agradecer aos coautores Jonathan, Barbara, Bill e Glenn, assim
como aos meus outros alunos (todos citados em autores contribuintes). Cada
um teve uma contribuição especial para sustentar e fazer a FAP crescer ao
longo dos anos. Finalmente, gostaria de agradecer a meus clientes que
nutriram pacientemente e desenvolveram minha habilidade para ser
terapeuticamentc consciente, corajoso e amoroso.
Jonathan W. Kantcr
Gostaria de reconhecer o mérito de Mavis Tsai e dos outros coautores
por criar um processo de escrita de livro coerente com os temas do livro -
um processo em que tanto CRBis quanto CRB2s ocorreram para todos
nós, sempre conduzidos amorosamente cm um espirito de produção do melhor
livro possível. Também gostaria de agradecer a Robert Kohlenberg pelos
anos cm que instruiu e modelou minha forma atual de um cientista do
comportamento e praticante da FAP. Meus alunos - Sara Landcrs, Andrew
Busch, Keri Brown, Laura Rusch, Rachel Manos, Cristal Weeks, William
Bowe, c David Baruel» - continuam a ocupar um lugar de destaque no
desenvolvimento da minha compreensão e abordagem da FAP c merecem
meu completo reconhecimento. Para finalizar, gostaria de reconhecer minha
esposa, Gwynne Kohl, por seu sólido apoio c tudo que ela faz nos bastidores
para facilitar meus esforços contínuos cm prol da construção de uma carreira
produtiva e significante.
Barbara Kohlenberg
Gostaria dc agradecer, com todo meu corado, minha mãe e meu pai, Joan
Giacomini e Bob Kohlenberg, por me prover de um amor firme e compassivo
ao longo de minha vida. Dc fato, o amor que ofereço ao mundo e,
particularmente, a maneira como o amor ocupa meu trabalho clinico, minhas
amizades c minha família, sào extensões do amor que senti a vida toda. Tambcm
gostaria de agradecer aos meus amados amigos, Liz Gifford c Debra
Hendrickson, que me lembram da importância de ser verdadeira cm todas as
minhas ações. Minha vida intelectual foi profundamente modelada por Steve
I laycs, que conduziu meus pensamentos desde a graduação até o dia de hoje.
Gostaria de agradecer a Mavis Tsai, cujo amor por meu pai e cuja coragem
como clinica
, pensadora e amiga, tem sido profundamente significativa para
mim. Meus colegas do departamento de psiquiatria, particularmente David
Antonuccio c Melissa Piasecki
, que me têm sido uma fonte inesgotável dc
apoio. Recentemente, meu colega Maik Broadhead tem dividido tanto seu
coração, quanto seu intelecto comigo, e tem me ajudado a não me sentir só
nos momentos difíceis
. Sou grata a todos os meus pacientes que ao longo dos
anos mc concederam o privilégio dc ouvir a história dc suas vidas c mc
permitiram dividir com eles suas alegrias e angústias. Meu marido, Steve Davis,
que tem me ensinado tanto sobre amor c paciência. H, por fim, às minhas
crianças, Hanna c Jack, que me fazem lembrar todos os dias que o amor é
tanto sentir como fazer
, c que me deram o presente dc ser sua mãe.
William C. Follete
Eu agradeço a todos aqueles que modelaram meu conhecimento
, cuidado
e humor. Não tenho ideia de quem são todos voccs c dc como fizeram isso
.
Eu posso agradecer a Bob Konienberg. que tem sido um mentor c amigo
nos bons momentos e em tempos difíceis. A todos os meus alunos antigos c
atuais; talvez vocês nunca saibam como eu continuo aprendendo com vocês.
Se alguém é afortunado, encontrará um amigo pelo caminho que estará lá
para quando for necessária a presença de outro para rir junto e, algumas
vezes
, dc você; aceita sua amizade e oferece a dele cm troca. Glenn
Caliaghan é desses amigos. Gostaria dc agradecer a Laura, mamãe c papai,
Dcbbic c todos aqueles que iniciaram a jornada comigo, mas não puderam
chegar ao final.
Glenn M. Caliaghan
Gostaria de agradecer a minha querida esposa, parceira c colega, Dra.
Jennifer Gregg, por seu amor, compaixão, orientação intelectual e apoio.
Sem ela
, cu não seria o terapeuta FAP ou académico que sou hoje. Mais
que isso, não seria, sem ela, a pessoa que sou. Minha relação com Jcn,
Hopc c Jack é a mais imponante que cu terei. Minha profunda apreciação
vai para Bob Kohlenberg e Mavis Tsai, pelo convite para que cu fosse parte
deste livro e pelo encorajamento c compreensão no processo dc minha*
contribuições. Gostaria de agradecer a Bill Follete por ser o melhor colega e
amigo que eu jamais imaginei encontrar nesse campo. Não seria parte deste
livro
, um terapeuta FAP ou mesmo a pessoa que sou hoje sem sua gentileza,
paciência c humor ao longo dos anos. Gostaria dc agradecer a lodos os
meus clientes FAP por s»ir.s ajudas cm modelar a maneira mais efetiva que
faço FAP, com abertura, graça c coragem que eles têm me mostrado
Sumário
I O que é Psicoterapia Analítica Funcional (FAP)?.2 I
Robert J. Kohlcnbcrg, Mavis Tsai c Jonathan W. Kanter
2 Linhas c evidências que dão suporte à FAP 43
David E. Baruch, Jonathan W. Kanter, Andrew M. Busch, Mary I).
Plummer, Mavis Tsai, Laura C. Rusch, Sara J. Liindes, & Gareth I.
Holman
3 Avaliaçfio e Formulação de Caso...61
Jonathan W. Kanter, Cristal E. Weeks, Jordan T. Bonow, Sara J. I.andes,
Glenn M. Callaghan. & William C. Follcte
4 Técnica Terapêutica: As Cinco Regras -...- 89
Mavis Tsai, Robert J. Kohlenberg, Jonathan W. Kanter, & Jcnnifer Walt/
5 Self e Mindfulness-139
Robert J. Kohlenberg. Mavis Tsai, Jonathan W. Kanter, e Chauncev R.
Parkcr
6 Intimidade ____---171
Robert J. Kohlenberg, Barbara Kohlenberg e Mavis Tsai
7 O Curso da Terapia: Fases Inicial, Intermediária e Final da FAP. 187
Mavis Tsai, Jonathan W. Kanter, Sara J. Landes, Reo W. Newring e
Robert J. Kohlenberg.
8 Supervisão e Desenvolvimento Pessoal do Terapeuta.211
Mavis Tsai, Glenn M. Callaghan, Robert J. Kohlenberg, Willian C. I ollcie,
and Sabrina M. Darrow
9 Valores na Terapia r Green FAP..-.249
Mavis Tsai, Robert J. Kohlcmbcrg. Madelon Y. BollingcChristeine Terry
Apêndices--267
índice Remissivo-267
nu
Autores Principais
Mavis Tsai
, Ph.D., uma das coordenadoras da FAP, psicóloga clínica autónoma.
E lambem Dirctora da Clínica de Especialidade FAP inserida nos serviços de
psicologia e no ccniro dc treinamenlo da Universidade de Washington, onde
alua como professora, supervisora e está envolvida cm pesquisa em
desenvolvimento de tratamentos. Suas publicações e apresentações incluem
trabalhos sobre tratamentos de transtorno de stress pós-tiaumático e trauma
interpessoal com a FAP, desordens do self, questões dc poder na terapia de
casal
, incorporação da sabedoria oriental na psicologia, racismo e grupos
minoritários, ensinar os jovens a serem ativistas da paz e fortalecimento da
mulher via reivindicação dc reconhecimento e paixão. Tsai está no Fullbright
Sénior Specialisis Roster, já conduziu sessões do "Masler Clinician" na
Associação dc Terapia Comportamental c Cognitiva c liderou numerosos
workshops nacionais e internacionais. Ela está interessada cm abordagens
multimodais de orientação comportamental que tratam e engrandecem mente
,
corpo, emoções c espirito. E-mail: mavis@u.washington.cdu
Rahcrt./. Kohlenberg, Ph.D., ABPP, é um dos coordenadores da FAP,
professordepsicologia da Universidade dc Washington, onde ocupou o cargo
de Diíetor de Treinamento Clínico de 1997 a 2004. A Associação dc Psicologia
do Estado de Washington o honrou com o Prémio "Distinguished
Psychologist" em 1999. Ele está no Fullbright Sénior Specialisis Roster
e já conduziu sessões do "Masier Clinician" e do "World Round" na
Associação de Terapia Comportamental e Cognitiva. Já apresentou
workshops sobre FAP tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente
e já publicou artigos sobre enxaqueca, transtorno obsessivo compulsivo,
depressão, intimidade da relação terapêutica e abordagem FAP da
compreensão do self. Kohlenberg obteve fundos dc pesquisa para o
desenvolvimento da FAP. Seus interesses atuais são identificar os elementos
da psicoterapia efetiva, integração das psicoterapias e o tratamento dc
comorbidades. E-mail: fap@u.washington.edu
Jonathan W. Kanter
, Ph.D., c professor assistente de psicologia, diretor
da Clínica Especializada no tratamento da depressão c coordenador da clínica
de psicologia da Universidade de Wisconsin-Mihvaukee. Suas pesquisas
são focadas na ativação comportamental, nos mecanismos de ação na FAP
e no estigma relacionado à depressão. Ele já apresentou vários workshops
sobre FAPc fcmcce supervisão clínica em FAP e Análise do Comportamento.
E-mail: jkanter@uwm.edu
Barbara Kohlenberg, Ph.D., é professora associada â Escola dc Medicina da
Universidade de Nevada, Departamento de Psiquiatria c Ciências
Comportamentais. Ela tem interessecspccia! cm combinar a I Al,com a Terapia
dc Aceitação c Compromisso. Ela tem sido a principal investigadora c co-
invcsiigadora nos FundosN IH focados rio desenvolvimento de tratamentos que
utili/am a FAP c a Terapia dc Aceitação c Compromisso, nas áreas dc ndicção,
estigmatização e Inimout. Seus interesses incluem FAI>, A(T e os elementos
de unta psicoterapia bem sucedida. Ela também está interessada em treinar
estudantes de medicina em técnicas de entrev isU paia que isso seja usado no
atendimento médico. E-mail: bkohlenbCTg@mcxlicine.nevada.edu
Hlllium C Folltrtte, PhJX, c professor associado dc psicologia na Universidade
de Nevada, Reno, onde é, axialmente. o diretor de treinamento clínico. Conduziu
vános uorkshops de FAP e conduz um grande grupo dc supervisionado# na
UNR. Apresentou numerosos painéis e simpósios em encontros nacionais na
Associação de Terapia Comportamental e Cognitiva ena Associação de Análise
do Comportamento. Ele obtém fundos do NIMH (Instituto Nacional dc Saúde
Mental) para estudar a FAP como uma forma dc intervenção para dependentes
dc ben/odiazepinicos. Além de seus interesses cm pesquisa dc tratamento e em
desenvolvimento c clínica da Análise do Comportamento, ele também conduz
pesquisas na aquisição de habilidades interpessoais complexas, depressão c
avaliação funcional. E-maii: foJlcitCiJ unr.edu
Glenn M. Ca/laghan, Ph.D., é professor dc psicologia na Universidade Estadual
dc San José. na Califórnia. Ele publicou uma variedade de artigos sobre FAP
abordando desde conceitos comportamentais até pesquisa metodológica essencial
dc desenvolvimento da FAPpara promoção de estudos em assuntos específicos.
Ele e co-autor da Escala de Medida da FAP (FAPRS), um eterna dc cudigus
usado para identificar os mecanismos c mudança através da I AP. Callaghan
desenvolveu c assinou o Modelo dc Avaliação Ideográfica Funcional (FIAI) c o
Modelo dc Avaliação Funcional dc Habilidades dos Terapeutas Interpessoais
(FASIF) Seus interesses em f AP estão envolvidos no uso de terapias baseadas.
principalmente, nas abordagens comportamentais interpessoais que focam
repertórios problemáticos estabelecidos como aqueles observados na depressão
nxofTcnte, qi-c são a distimia e os transtornos dc personalidade. Glcnn Callaglian
está envolvido com a psicoterapia, a superv isão dc terapeutas FAP. a condução
de worhhops que apresentam a FAP para novos terapeutas além dc treinar
habilidades FAP para terapeutas intermediários c avançados. F-mail:
Glenn.Callaghan@sjsu.edu
Autores Colaboradores
David E. Haruch Estudante dc Graduação, Cardinal Stritch Univcrsity
.
Milvvuukee
, Wl, USA, debaruch@gmail.com
Madclon Y. Bolling, Ph.D. Prática Independente; Instrutor Clinico
.
Univcrsityof Washington, WA. USA, mbolling@u. washington.edu
Jordan T. Ronow Estudante dc Graduação, University of Nevada
, Reno,
NV, USA
.jtbonow@yahoo.com
Andrew M. Ruth
, >15. Estudante de Graduação, University of Wisconsin-
Milvvaukce
, Milwaukcc, Wl, USA, ambush@uwm.edu
Sabrina M. Darrow
, M.A Estudante de Graduação, University of Nevada
,
Reno, NV
, USA. darrow@unr.nevada.edu
Carelli I. liolman Estudante dc Graduação, University of Washington,
WA
. USA, gholman@u.wu»hington.edu
Sara J. Eandes
, Ph.D. Pós-Doutorado, llarborview Medicai Ccnicr
,
University of Washington. WA, USA, sjlandes@ u.vvashington.edu
Reo W
. Newrlng, Ph.D. Pós-Doutorado cm Psicologia, Bchavioral
Pediatrics a«d Family Scrv ices Clinic, Boys Town, Great Plains, NE. USA,
rwcxncFgu.washington.edu
Chauncey R. Parker, Ph.D. Psicóloga Clinica independente, Reno, NV,
USA. chaunceyparker@gmail.com
Mary D. Plummer, Ph.D. Psicóloga Clínica Independente; FAP Clinic
Supervisor. University of Washington, WA. USA. marydp u. Washington edu
I
-aura C. Rusch. MS. Estudante de Graduação. University of Wisconan-
Milwaukee
, Milwaukee, Wl, USA. IrusclKíi uwm.edu
Christine Tcrry Estudante dc Graduação, University of Washington, WA
,
USA. cmt3@u.washington.cdu
Jennlfer Waltz
, Ph.D. Professor Associado dc Psicologia. Univeruly of
Montana
, Missoula, MT, USA, jennifer.wallz( mso.umt.edu
Cristal E. Wccks, \1.S. Estudante dc Graduaçfio, Universily of Wisconsin-
Milwaukce, Milwaukee, WI, USA, ccweeks@uwm.edu
Sobre os Tradutores
Alice Maria C. Delilti, Doutora em Psicologia, Professora e supervisora
- PUCSP c USP
, Analista do Comportamento, malydel@uol.com.br
Camila C. dc Menezes
, Mestre em Análise do Comportamento pela
Universidade Estadual de Londrina
, camenezespsi@gmail.com
Fátima Cristina de Souza Conte, Doutora em Psicologia Clinica pela
Universidade dc Sào Paulo. Mestre cm Psicologia Clinica pela Pontifícia
Universidade Católica dc Campinas. Especialista em Ensino Superior dc
Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos - SP.
fcontc@sercom tel .com .br
Fernanda S. Hrandão Gonçalves, Mestre cm psicologia clinica pela
Universidade dc São Paulo, fernandasilvabi-andao@gmail.com
Fábio B. da Silva
, Graduando da Universidade Pitágoras - Londrina,
fabiobri nhol I i @hotmail.com
Grazicllc Noro, Especialista cm Ncurociència pela Pontifícia Universidade
Católica - PR c mestranda em Análise do Comportamento pela Universidade
Estadual dc Londrina, gra.noro@liotmail.com
Guilherme I). Ponce, Graduando da Universidade Estadual de Londrina
,
guiponcc@hotmail.com
Josy de S. Moriyama, Doutora em Psicologia Profissão e Ciência pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Docente vinculada à
Universidade Estadual de Londrina
, josyama@hotmail.com
Maria Zilah da S. Brandão
, Mestre em Psicologia pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, zilah@sercomtcl.com.br.
Mariana de T. Chagas, Mestranda em Análise do Comportamento pela
Universidade Estadual de Londrina
, mtchagas@yahoo.com.br
Marina T. F. C. Arndt
, Pós-graduanda em Análise do Comportamento
Aplicada pela Unifil,m2ritropia@hotmail.com
Murilo N. Ramos
, Mestrando cm Análise do Comportamento pela
Universidade Estadual de Londrina
, muramos@hotmail.com
Natalin M. F. da Rosa, Especialista, Meslranda em Análise do
Comportamento pela Universidade Estadual dc Londrina,
nai
_
mendesf@yahoo.com.br
Paula Cordeiro, Graduanda da Universidade Esladual dc Londrina, cordeiro-
paula hoimail.com
Priscila Derdyk, Mestre em Psicologia pela Westcm Michegan Univcrsity,
prisdcrdyk@uol.coin.br
Regina Chrisfina Wlclenska, Doutoraem Psicologia Experimental pela
USP-SP, wielensk® uol.com.br
Rohson /-azula, Especialista em Gestão de Pessoas, Mestre cm Análise
do Comportamento pela Universidade Estadual de Londrina,
robson/a/ula@gmai l.com
Simone M. Oliani, Especialista em Psicoterapia na Análise do
Comportamento - UEL, Mestranda cm Análise do Comporlamcnio pela
Universidade Estadual de Londrina. Docente na I acuidade Pitágoras -
Londrina, oliani@scrcomtcl.com.br
Vem Lúcia Menezes S., Mestre em Psicologia Clinica.
mene/cs@sercomtcl.com.br
Victor II. Bassetto, Graduando na Universidade Pitágoras Londrina,
victor
_
bsl ã.hotimi l.com
iria S. Siena, Graduanda em Psicologia na Universidade Esladual de
Londrina.iasiena@gmail.com
Capítulo 1
O que é Psicoterapia Analítica Funcional (FAP)?
Robcil J. Kohlcnbcrg, Mavis Tsai c Jonathan W. kanter
Imaginamos que você, que neste momento está cometendo a ler eslc livro
,
esteja intdectualmenle curioso e também ansioso pua expandir suas lubilniadcs
terapêuticas. Provavelmente vocc já teve experiências usando a I AP c quer
investigar mais sobre o assunto
, ou talvez, este seja seu primeiro contato. Sc
vocc nào sa!>e exatamente o que é a FAP, provavelmente está esperando
uma definição dc dicionário
, que tenha passado pelo crivo behaviorista
, ou
procurando uma resposta que esteja mais dc acordo com a sua intuição.
Contudo.de acordo com a abordagem behaviorista que adoiamos neste livro,
acreditamos que não existe "o melhor" cm termos absolutos c independentes
do contexto
, no que se refere unto às definições, como às intervenções
terapêuticas ou teorias subjacentes. Ao invés disso
, consideramos que "o
melhor
"
 sempre depende do que se está tentando realizar
. A FAP c uma
terapia ideográfica c que é experimentada de forma diferente por cada um
que têm aprendido, praticado, procurado, recebido
, pesquisado, ensinado ou
esento sobre ela. Assim
, começaremos com uma ampla variedade dessas
cxpcricncias. Esperamos que ao menos uma delas irá loca-k)
.
I) Uma cliente
Uma clienle vem sofrendo com sintomas dc TEPT" após experiências
negativas envolvendo profissionais da saúde nos quais confiava. Dc acordo
com a literatura de TEPT
. ela leria uma predisposição, uma vulnerabilidade
que seria responsável pela intensidade e a gra\ idade incomuns dos seus
sintomas. Sua história incluía abandono precoce
, falta dc cuidados por parte
dc pessoas cm quem confiava e morte de familiares próximos. A seguir,
pequeno resumo de um e-mail onde ela descreve suas reaçòcs á scssào dc
terapia realizada com RJK. alguns dias antes.
Vooí tonpre »«r. me pcpinuòo tobcc associação li»rc. c nctu msohl cu acortkt i»
6 30. cantada ditso. Eotio. aqui vai Eu fico mc perfumando
. Por q«c você wm uòo
K I KOil.nl.., «0111101 IMIWIIMIII nf Iqtoomy, tinon-r d WAMIW-HH. UNA. < hi«I
r>i>fiu ...iiiitfiiii «u
M li»..l Al . A O-b 1 Aio-hmwJ KM 10 O
u«i« 11r 1IK«
. ! ... é. I- ; i ittTTl*. »«. f 11TOO
21
22 R J.Kohlrnbrtg el al.
lio persistente nesse caminho "perverso
" dc especular, no qual, você uma hora
encoraja ostensivamente minha lijaçlo com você. ao mesmo Icmpo que voei fica
falando sobre o fim da terapia, c sobre outros fins lambem? Em que tipo de trégua
desconfortável Freud c o» BchavonHa» sc sentariam i mesma mesa c tomaram chi?
Bem, me ocorreu que voei esti usando ligação IcrapimicatraasíeríiKia para
dc*.scn*ibili<»ção/c.\po*içjo leraptulica Voei fica me pedindo, de novo, de novo,
pnrn ficor no limite da minha zona de conforto, na qual se está 
"conscicnUmcnlc
"
ligado emocionalmente, confiundo cm wí, realmente podendo <lc cena forniu nnicnl/ur
o final c ate saboreá-lo. Terapia dc cxposiçSo baseada na transferência, nio 67
2) Um Estudante de Pós-Graduaçào
A FAP me impulsionou a crcsccr c . ser consistente, tanto do ponto dc vista teórico
como com rclaçio aos valores, cm todos os aspectos da minha vida A FAP me desafia
. ver a terapia pelos olhos do ctienlc. a mc engajar na introspecção c a analisar mais
a perada menir, a mim mesmo, c as minhas ir.tcraíòcs.
3) Um Terapeuta Cognitivo Comportamental.
Aprender como "estar
" na relação terapêutica foi unia das idíias mais valiosas que a
I AP mc deu. Agora percebo que. cm boa parte do tempo cm que trabalho com o cliente.
fico alento cm corno estou e mc concentro, na ir.tençào dc estar inteiramente presente
- isto lera sido um processo poderoso, mesmo quando e desconfortável. Eu fiquei
impactado dc modo muito profundo, t.into profissionalmente como pessoalmente.
Estou muito mais ciente do meu padrio dc esquiva. Tenho estado mais cm conialo com
meu desejo de ligar meu self pessoal c meu self profissional.de um modo mais real, mais
humano e mais presente. Aprender a FAP leni sido uma força dc cura c expUisAo, c tom
enriquecido muito a minha vida. Tem sido uma experiência dc mudança dc vida
4) Um Terapeuta Dialêtico Comportamental (DBT).
A FAP tem a ver com viver integralmente, experimentando as ctnoçdes. arriscando
lanlo quanto nossos pacicnlcs, querendo mudar o mundo, desejando aliviar o
sofrimento, movendo-se em dircçJo ao amor e à capacidade dc amar Eu simplesmente
amei a mistura dc criatividade, superar barreiras, dc intensidade, encontros existenciais
e a potente técnica terapêutica.
5) Co-autor do livro
A PAP6 unia psicoterapia dc orientação interpessoal desenvolvida para ajudiir n aliviar
problemas de dientes que lenham n ver. fundamentalmente, com relacionamentos
humanos. O sofrimento do clienle pode ocorrer na presença ou na ausência de pessoal.
Contudo, a dor emocional que os cl icmes sentem icm a ver com a sua falia dc vínculos
significativos. O que a FAP lem dc único í o uso de concepções comportamentais
básicas sobre modelagem e a aplicação dc rtfbrçamceio contingente, durante a tcssSo
terapêutica. Na essência da FAPcstt seu mecanismo hipotético de mudança clinica. que
ae <tt auaves do responder do terapeuta, contingente aos problemas que o cliente vive.
na própria sessi.». nu momento cm que os problemas ocorror
6) Co-autor do livro
A FAP usa princípios comportamentais pnra criar um espaço sagrado dc consciência.
coragem c amor, ond<' a rclnçAo terapêutica ê o principal veiculo para melhor u c
I O que é Psicoterapia Analítica Funcional?
transformação do cliente. A FAP modela habilidades interpessoaisefetivasno cliente
,
promovendo suas habilidades dc (alar e agir com compauio sobre suas verdades e
dou. bem como de se engajar otimamente e dar e receber amor in gralmentc
Originalmente, nós desenvolvemos a I AP (Kohlenberg & Tsai, 1991) para
explicar porque alguns dc nossos clienlcs
, recebendo a Terapia Cognitivo
Comportamental padrão, exibiam mudanças imprevistas c marcanics cm suas
vidas
, que iam muito além das expectativas usuais do tratamento. Cada um
desses casos notáveis envolvia uma relação tcrapcuta-cliente que ocorria
naturalmente e era particularmente intensa, comprometida e emocional.
Procuramos explicar essa relação lerapcula-clienlc usando uma análise
behaviorista radical (Skinner
. 19*45,1953,1957,1974) do processo de psicoterapia,
enfatizando a história individual e única de cada um
.
Certamente a noçSo de que a relação terapeuta-clienle desempenha um
papd central na produçio de mudança, encontra-se presente em toda a literatura
sobre psicoterapia e tem suporte empírico considerável (ver Capítulo 2). Nossa
intenção, ao usar o Behaviorismo Radical para entender este fenómeno
, foi
fornecer uma nova perspectiva sobre a maneira pela qual a relação terapeuta-
cliente contribui para ganhos terapêuticos. Usamos uma abordagem "dc cima
para baixo", começando porobservações clinicas das intervenções terapêuticas
e seus efeitos
, utilizando cntào conceitos comportamentais para explicar tais
efeitos. Usamos também uma abordagem "dc baixo para cima", aplicando
conccilos comportamentais, aspectos teóricos associados c descobertas de
laboratório para dar forma, modelar c refinar as intervenções terapêuticas A
FAP, como é hoje praticada
, refletc mais de duas décadas deste processo de
interaçlo.
Uma vantagem fúndamereal da abordagem comportamental contida na I AP
é que ela aponta para mecanismos hipotéticos dc mudança que, por sua vez, se
prestam a orientações dc tratamento que sâo especificas e passíveis dc serem
ensinadas
. Conceitos c definições comportamentais permitem aos terapeutas
implementar uma ampla gama de mecanismos terapêuticos potencialmente
signi ficari vos, tais como "coragem", "amor lerapéutko". "criação de um espaço
sagrado" (ver capítulo 4), que não sào comumente tilxjrdados numa terapia
cognilivo-comportnmental. Trazer tal coragem eamor para dentro dessas relações
com os clientes é um processo difícil, que leva os terapeutas ao limiie da sua
zona de conforto - frequentemente evocando esquiva emocional. Nós também
buscamos o behaviorismo para facilitar que os riscos assumidos peio terapeuta,
dc maneira ctica c responsável, resulicm em benefícios para o cliente.
Conceitos Básicos Subjacentes à FAP
O Behaviorismo
, que está no núcleo da FAP.é facilmente mal compreendido.
Por essa ra/ào é apropriado rever alguns conceitos comportamentais básicos e
como eles se aplicam à FAP. Encaminhamos os leitores que queiram uma
2t KJ.Kohlenbeig ei at.
descrição mais detalhada dc conceitos comportamcniais básicos para o nosso
primeiro volume (Kohlcnbcrg & Tsai, 1991) Nesta sessão iremos abordar trás
conceitos chave: comportamento como ação, a diferença entre análise funcional
e análise topográfica, c reforçamento. Lembre-sc que o Behaviorismo é uma
teoria contextual que questiona a existência dc urna realidade lixa e passível dc
compreensão, ndotando, ao invés disso, o pragmatismo como critério de verdade
(Hayes,Hayes& Reese, 1988; Roche, 1999) A realidade c a noção de realidade,
nesta abordagem contextualista que visa compreender as pessoas, é função
das histórias expcricnciais únicas daqueles, para os quais unu realidade particular
é relevante. Em outras palavras, a percepção que uma pessoa tem da realidade
é um produto do contexto na qual esta percepção ocorre. Como o contexto
desempenha um papel central nesta teoria, a questão mais importante não é se
a leona está certa, cm um sentido objetivo. mas sim se a leoru é útil do pomo dc
vista pragmático: ela leva ao desenvolvimento de intervenções terapêuticas úteis,
diminuindo o sofrimento humano e facilitando aos indivíduos terem vidas plenas
dc signi ficado, produtivas e satisfatórias?
Comportamento como Ação
O que é comportamento? A maneira tipica com que se responde a esta
questão, demonstra uma má compreensão muito comum accrca do
Behaviorismo Radical. O comportamento é definido, muitas vezes, dc uma
maneira muito restrita, limitando-sc a eventos abertos, publicamente
observáveis e não incluindo pensamentos ou sentimentos. Os
comportamentos (também conhecidos como atos), contudo, referem-sc, na
verdade, a qualquer coisa que uma pessoa faça. O com|>onamenio realmente
abrange eventos observáveis como andar, fumar, gntar, falar e chorar e
inclui também atos privados (só observáveis pela própria pessoa) como ter
um sonho, ver um filme, calcular um troco, sentir-se triste, desejar um dia
ensolarado, pensar, ver, ouvir, experimentar e conhecer. Também são incluídos
como comportamentos, atividades orgânicas do corpo, como os batimentos
do coração. Assim, cada aspecto da existência humana é contemplado nessa
definição dc comportamento, na medida cm que os atos sejam expressos
através dc verbos - ao invés dc ter memória, a pessoa se lembra; ao invés
dc ter um valor, a pessoa valori/a; ao invés dc ter coragem, a pessoa age
corajosamente.
O behav iorismo é uma teoria dc mudança de comportamento, portanto, se
entidades mentais interessantes puderem ser cspccificad-is como verbos, açócs
ou processos, as metas do tratamento ficam muito mais claras. l,or exemplo,
em vez de ter baixa auto-estima. as pessoas pensam, crcem. estabelecem
atribuições, sentem e agem dc manara que outros caracterizam como indicaçio
dc baixa auto-estima. Ao invés dc ter problemas com o self. as pessoas
apresentam dificuldade cm cxpcricnciar um estado consciência plena, ou se
I O que r INuilaqú Aiuliuu» 25
tornam temerosos de relações íntimas
. O psicanalista Schafer (1976) chamou
atenção para a necessidade dc realizar uma transição similar das estruturas
psicanalíticas para processos (verbos), e mostrou a viabilidade dessa proposta
.
Transcrever, assim
, substantivos cm verbos favorece a criação de uma
linguagem comum entre diferentes sistemas terapêuticos c auxilia na integração
di psicoterapia (Kohlcnbcrg & Tsai, 1994). A seguir estão mais exemplos dc
comportamentos como ações.
Unhando
, cantando, bebendo.
A miando
, falando, desejando, velejando.
Esperando, dançando, tomando notas c voando.
Pensamentos c devaneios
, branqueamento e ponderando.
Pensando em um velho amigo, misturando uma fina mistura
,
Falando suas verdades
, bebendo um vermouth francês.
Correndo
, arremessando, suspirando, deixando
,
Arrotando
, atirando, assoprando, costurando.
Apanhando gravetos, saindo dc uma fria,
Soltando gás, pensando sobre o copo.
£ comportamento se você o fizer
Não imporá que ninguém saiba.
Tendo mostrado a importância dos verbos
, precisamos ressaltar uma
advertência
, ou seja, quando vocc vir neste livro um substantivo que sc parece
com instâncias mentais
, ainda assim estaremos falando dc processos. Contudo
,
usamos um jeito rápido c prático de transmitir ideias
, uma vez que usar apenas
a linguagem dos v erbos pode ser complicado e tomar o texto pesado.
Análise funcional versus análise topográfica
Para ilustrar o que significa análise funcional acompanhe o seguinte estudo
dc caso (Haughton A Ayllon. 1965). um dos primeiros relatos na literatura
de terapia comportamental. A paciente mostrada na Fig 1.1 passou um longo
período de tempo na enfermaria de um hospital psiquiátrico, e onde as opções
de tratamentos, medicamentos ou dc suporte comunitário/social eram
limitadas. Até este momento
, na história da terapia comportamental, os
modelos médicos c psicanalíticos dominaram quase todos os métodos do
tratamento
.
 Neste contexto
, os Drs Houghtor. e Ayllon tentavam demonstrar
,
desesperadamente, que as contingências de reforço podenam influenciar
no comportamento que era considerado, quase universalmente, como
"
patológico
"
. Os pesquisadores procuravam descobri rsc os comportamentos
' .Vv-.u tc.Ju. «Ill «Klí.U iiii |H*na cMirniunri»! hur-ln ?*r*ririevr nu |I0«1
26 RJ.Kohlcnbecg cl al.
dc segurar uma vassoura c varrer o chão poderiam sei modelados no
repertório dessa paciente, usando o cigarro como estimulo reforçador. Após
algumas semanas dc "reforçamento
" deste comportamento, a paciente
gastava sua maior parte do dia segurando uma vassoura. Dois terapeutas
dc orientação psicanalítica, que nào estavam cientes do processo de
modelagem, foram questionados acerca dos motivos pelos quais a paciente
agia daquela forma. Dr A. deu a seguinte explicação:
Fig. 1.1 Esboço ds paciente na posição reforçada
A vassoura representa para esta paciente, algum elemento dc percepção essencial no
seu campo dc consciência. Como isto veio a ocorrer e algo incerto; na perspectiva
freudiana, podcr-sc-ia interpretar simbolicamente, ao passo que na perspectiva
comportamental, isto poderia talvez ser interpretado como um hábito que se tomoufundamental para sua trunquil idade. De qualquer mune ira, estu é certamente umu
forma de comportamento estereotipado, que e comumente visto em pacientes
esquizofrénico* bastante regredidos, sendo bastante semelhante ao modo pelo qual
crianças pequenas ou bcb6l se recusam i sepaiar-sc dc um brinquedo favorito, um
pedaço dc pana etc
Dr. B*s relata o seguinte:
O constante c compulsivo perambular dela, enquanto segura a vassoura, pode ser
visto como um procedimento ntualístico ou uma uçào mágica. Quando a regressão
conquista o processo associativo, formas arcaicas e primitivas dc pensamento
controlam o comportamento O simbolismo i um modo predominante dc expressão
dos desejos profundos insatisfeitos e impulso» instintivos Como mágica, ela controla
o» outros, os poderes cósmicos estio ao seu dispor e objetos inanimados sc
transformam em criaturas vivas. Sua vassoura pode ser cniào: (I) uma criança que lhe
dá amor, que e retribuído com devoção, (2) um simbolo fálico. (3) um cetro dc uma
I O qu? é Psicoterapia Analítica Funcional? 27
rainha onípotente. Seu caminhar rítmico c pre-arranjado cm um espaço determinado
,
nio se assemelha às compulsões de um neurótico
, atí porque e um comporta mento
muito mais irracional c controlado
. Sob o ponto dc vista dc uni pensamento primitivo.
este t um procedimento mágico no quai a paciente realiza seu» desejos, expressos
através de uma forma que está muito alem da nossa maneira sólida
, racional c
convencional dc pensar c agir.
O que há de errado com tis explicações dadas pelo Drs. A c B? Poderíamos
argumentar que eles não se basearam na análise funcional
. Finaram em sua
inferência de causalidade simplesmente olhando a topografia (aparência forma!)
do comportamento. Como behavioristas, procuramos evitar inferências e ao
mesmo tempo tentamos descobrir os fatores causais relevantes para explicar
o comportamento. Nào e verdade que as explicações dadas pelos Dr A c Dr.
B nunca pudessem ser correias. São numerosas as possíveis causas do
comportamento da paciente. Sem uma análise funcional
, é impossível saber
qual explicação c apropriada para aquele "sintoma"
, daquela paciente em
particular, naquele momento específico. Behavioristas acreditam que o
comportamento não tem significado quando separado do contexto. Causas
.
de acordo com os behavioristas
, são estímulos ambientais que influenciam o
comportamento, em contextos específicos. A análise funciona! e uma tentativa
de identificar esses estímulos c também como eles
, historicamente, adquiriram
tal influencia sobre o comportamento.
Existem basicamente três tipos de estímulos de interesse para a análise
funcional.
I) Estímulos Reforçadores são estímulos que seguem o comportamento e o
torne mais ou menos provável dc ocorrer no futuro
. Estímulos reforçadores
sào essencialmente
, consequências que afetam a probabilidade futura ou
a força dc um comportamento particular. Por exemplo, um copo d,água
poderia reforçar o comportamento de pedir um copo d,água por uma pessoa
sedenta. Na FAP
, o reforçamento c o que há de mais importante para sc
entender e a chave especial para a FAP c a compreensão dc como o
terapeuta pode reforçar, naturalmente, o comportamento de um cliente.
2) Estímulos Discriminativos são estímulos que precedem, dc forma
consistente, o comportamento c predi/em que provavelmente o
reforçamento poderá ocorcer. Estímulos discriminativos podem ser
complexos. No exemplo anterior, um copo d
,água (ou a presença de um
copo de água disponível nas proximidades) c uma pessoa que possa ouvir
o pedido, seriam estímulos discriminativos para o comportamento de pedir
um copo d água. Em outras palavras, estímulos discriminativos são as
circunstâncias sob as quais certos comportamentos são reforçados e,
portanto, são mais prováveis de ocorrer. Um comportamento que ocorre
devido a presença de um estimulo discriminativo e cuja força c afetada
pelas consequências, ou seja, pelo reforço, é comumente conhecido como
RJ.Kohlrotmg cl »l
cornporlamcnlo voluntário c tecnicamente nomeado como "operante
"
, se
utilizarmos terminologia técnica. O comportamento opcianleen volve taiito
estímulos discriminativos, como estimulo* reforçadorcs. Uma pessoa não
pediria um copo d
,água se. com base em sua experiência anterior, não
houvesse chnncc de obté-lo (estímulos reforçadorcs) e se ninguém pudesse
ouvir o pedido (estímulos discriminativos).
3) Estimulas Eliciadores, como o* estímulos discriminativos, também precedem
o comportamento. Estes causam, contudo, um tipo diferente de
comportamento, c o reforçamento não é ncccssário. Estímulos eliciadores
eliciam comportamento involuntário ou reflexo, tecnicamente chamado de
comportamento 
"
respondente
"
. Comportamento respondente é o tipo de
comportamento que está relacionado com o paradigma do condicionamento
Pavloviano, tal como a salivação, cm resposta à comida na língua. Muitas
reações 
"viscerais" podem ser consideradas comportamento respondente.
A análise funcional responde a questão 
"Qual i a função de um
comportamento?
" através da identificação de estímulos reforçadores,
discriminativos c eliciadores dos quais o comportamento é função. A FAP
está principalmente (mas nio exclusivamente) interessada no reforçamento,
entào ele será discutido posteriormente, em detalhes. Por agora, o ponto crucial
é que o reforçamento é um processo histórico. Alguém pede água, nio porque
o reforçamento irá ocorrer e a água será djda naquele caso, mas porque o
pedido foi consistentemente reforçado com água no passado.
A análise funcional requer a compreensão da história única de cada cliente
c essa compreensão nos permite identificar funções diferentes em
comportamentos topograficamente similares. Por exemplo, considere o
comportamento de consumir excessivamente bebidas alcoólicas em uma festa.
Para um indivíduo, isto pode representar uni reforço negativo, se no passado
o álcool diminuiu a sua ansiedade social, c o deixou menos tenso. Para outra
pessoa isto pode representar um reforço positivo, se o consumo de álcool o
levou a ter algumas horas divertidas. Claro que frequentemente há múltiplas
funções envolvidas, especialmente no comportamento complexo. O importante
agora é a compreensão de que como behavioristas, definimos o comportamento
de acordo com sua funçào. Dizer que uma pessoa tem problemas com bebidas
alcoólicas não é suficiente. Isto é a simples descrição da topografia do
comportamento - como ele se parece. Nós preferimos descrições como. por
exemplo, que o comportamcnto-problema tem a funçào de aliviar a ansiedade,
ou de propiciar ganhos pela diminuição da inibição social, ou se o problema
tem múltiplas funções. Lembre-se do que foi discutido, o behaviorismo é um
sistema contextual. Deste modo, a análise funcional é preferida não por estar
"
certa
" ou ser "melhor" em termos absolutos ou objeti vos, mas somente porque
que ela é pragmática e conduz a intervenções terapêuticas úteis.
I Oqtic c ISmíibjh Amltnoi I inocHaf"
29
Uma analise funcional pode ser feita de varias maneiras. O método ideal
envolve realizar um experimento que cuidadosamente controle c manipule
diferentes variáveis isto é
, criar uma história real no laboratório-ao mesmo
tempo cm que se tar. mensuração da frequência do comportamento em
questão, para identificar claramente quais são as variáveis que funcionam
como reforçadorcs. Com raras cxceções (e.g. Kanter et al., 2006.), tais
análises funcionais cxperimenlais.sào difíceis de serem realizadasdurunlea
psicoterapia com pacientes ambulatoriais. Realmente
, como as funções são
determinadas pela história
, raramente o terapeuta tem acesso dircto a ela
.
Entào
, ao invés disso, o terapeuta apenas faz perguntas para discernir, tào
acuradamente quanto possível,as funções potenciais de um comportamento
.
(ver capítulo 3 paru uma discussío detalhada sobre a avaliação)
.
 Já o
terapeuta FAP também observa atentamente como o cliente responde á ele.
o que é uma fonte importante de infonnação para auxiliai a análise funcional.
Reforçamento
Na teoria do behaviorismo radical
, o reforçamento é visto com um
processo onipresente em nossas vidas diárias. O termo "reforçamento" é
usado aqui tanto no seu sentido preciso e como genérico, referindo-se a
iodas as consequências ou contingências que afetam (aumentando ou
diminuindo) a força de um comportamento, incluindo o reforço positivo,
negativo e a punição. O fortalecimento ou o enfraquecimento de um
comportamento geralmente ocorre em um nível inconsciente, de modo que
a consciência ou os sentimentos não são necessários no processo. Ainda
que os indivíduos frequentemente relatem prazer quando são reforçados
positivamente, ou dcspra/cr quando sào reforçados negativamente ou punidos
,
tal consciência não é uma parte necessária do processo de reforçamento, c
não deve ser confundida com ele
.
O reforçamento é a causa ultima e fundamental de uma açào. Uma
explicação completa, do ponto de vista behaviorista radical
, necessariamente
envolve a identificação da historia de reforçamento. Por exemplo, um cliente
pode di/.er ter gritado com sua esposa porque estava com raiva. Como
explicação para o comportamento, isso é incompleto c exige informações
sobre as contingências passadas que dêem conta de ambas as ações: ficar
furioso e gntar. Isto é. nem todo mando fica furioso sob tais circunstâncias e
mesmo que fique, nem todos gritam. Uma explicação completa levaria em
conta essas questões, além dos estados internos do indivíduo c da situação
corrente
.
Ainda que as explicações completas
, sempre façam referencia a história.
e sejam elas preferidas, às vezes pode ser suficiente ou útil ver os problemas
do cliente como resultantes dos estímulos discriminativos (influências) mais
próximos e no ambiente atual, incluindo as suas emoções e pensamentos
30
R
.
J
.Kohlenbcrg cl sl.
Ires aspectos do icforçamento são de relevância particular para a
psicoterapia - reforços naturais versus os reforços arbitrários, as contingências
intra-sessão e a modelagem.
Rc/orco NaturaI versus reforço arbitrário. Infelizmente, simplesmente
dizer "muito bem" ou oferecer uma recompensa tangível para o
comportamento do cliente, que está de acordo com os desejos do terapeuta,
é a imagem que vem à mente quando o teimo 
"reforçamenlo
" é mencionado.
Esta imagem não apenas está tecnicamente errada, como também
exemplifica o "reforço arbitrário
"
. A distinção entre o reforço natural c o
reforço arbitrário é de especial importância no processo do mudança. (Fcstcr.
1967; Skinner, 1982). O reforçamenlo quase sempre ocorre de maneira
natural e raramente c resultado de alguém tentando reforçar o
comportamento de outra pessoa. Os reforçadores naturais são tipicos e
confiáveis cm nossa vida diária, ao contrário dos reforçadores arbitrários.
Por exemplo, dar doce a uma criança por essa colocar o casaco seria um
arbitrário, no entanto, colocar um casaco por estar sentindo frio e sentir-se
aquecido c um reforçador natural. Similarmente, privar um cliente de dinheiro
por não manter contato visual e arbitrário, enquanto a atenção espontânea
do terapeuta quando um cliente está olhando para ele é natural.
Reforçadores arbitrários podem ser muito efetivos no tratamento de
clientes que estão restritos em seu movimento e/ou vivem em ambientes
controlados como escolas, hospitais e prisões. Nesses cenários, reforçadores
arbitrários podem ser usados consistentemente e não apenas no contexto de
uma breve interaçâo terapêutica. No entanto, reforçadores arbitrários podem
deixar a desejar quando se espera que o comportamento modificado se
generalize para a vida diária. Considere por exemplo um cliente que tem
problema em expressar raiva, e acabe expressando raiva durante uma sessão
de terapia, diante da inflexibilidade do terapeuta no que se refere às datas
de pagamento. Sc o terapeuta responde sorrindo e di/: 
"cu estou feliz por
você ter expressado sua raiva em relação a mim" isto provavelmente e um
reforçamento arbitrário, já que tal consequência c improvável de acontecer
cm um ambiente natural. Clientes que aprenderam a expressar raiva porque
isto foi seguido por sorrisos podem não estar preparados para expressar
raiva durante sua vida diária. Um reforçador natural provavelmente teria
consistido em levar o cliente a sério, discutindo e talvez alterando a politica
de pagamentos. Qualquer mudança produzida por tais consequências teria
mais probabilidade de generalizar-se para a vida diária.
Infelizmente, o uso deliberado de reforçadores pode favorecer para que
se torne arbitrário ou "falso", perdendo sua efetividadc. (Ferster, 1972).
Esse problema foi comentado por Wachtel (1977), que observou que
terapeutas comportamentais que estavam frequentemente exagerando no
uso de elogios, tinham sua eficácia diminuída. Além disso, o uso deliberado
de consequências pode ser, considerado pelo cliente aversivo ou manipulativo
I O qiic c Psicoterapia Analítica Funcional? 31
e induzi-lo a realizar esforços para reduzir ou alterar a mudança terapêutica
- o que Skinner < 1953) chamaria de "contra-controle".
O uso de reforço de psicoterapia, portanto, representa assim um grande
dilema. Por um lado
. reforçamento natural contingente ao comportamento
alvo é o primeiro agente de mudança disponível cm uma situação terapêutica.
Por outro lado
, se o terapeuta tenta fazer "uso" deliberado desses reforçadores
"naturais"
, eles podem perder sua efetividadc, induzir o contra-controle e
produzir um tratamento manipulativo. Este dilema c evitado, contudo
, quar.do
a terapia se estrutura de modo que as reações genuínas do terapeuta ao
comportamento do cliente, naturalmente rcforçem os avanços, quando eles
aparecem. Mais especificamente, dado que a interaçâo é o aspecto
dominante na psicoterapia, o reforçamento natural imediato dos avanços do
cliente, torna-sc mais provável quando a relação cliente-terapeuta
naturalmenle evoca os problemas apresentados pelo cliente. A seguir, tem-
sc. um exemplo de tal relacionamento.
Um cliente masculino acabou de demonstrar melhora no decorrer dc
uma sessão - após ter evitado por alguns meses falar sobre seu luto diante
da morte da mãe, ele quebrou o silêncio c começou a chorar a morte dela.
Até este momento
, o casamento do cliente estava rompido, cm parte porque
sua esquiva cm relação à expressão do luto também foi possível em função
de seu distanciamento emocionai cm relação à esposa. Neste cxaio momento
o terapeuta da FAP poderia ter se questionado sobre vários aspectos como,
"
como eu estou me sentindo cm relação ao cliente, especificamente nesse
exato momento?"
, 
"estou me sentindo intimo
, perto do cliente, disposto a
apoiá-lo, ou estou me sentindo distante, aborrecido, longe do cliente?"
"Expressar minhas rcaçòcs perante o cliente, nesse momento, melhoraria
nossa relação e nos deixaria mais próximos, ou poderia isto assustá-lo ou
puni-lo por mostrar esses sentimentos?""É provável que minha reaçào neste
momento possa ser parecida com a da sua esposa? Ela sentiria o mesmo
que cu?" Dando respostas apropriadas a essas questões, o terapeuta da
FAP poderia ampliar seus sentimentos dizendo: "Mc sinto conectado a você
de uma maneira muito profunda, por estar me mostrando esses sentimentos.
Estou me sentindo mais próximo de você como nunca estive". Isto se constitui
em um reforço natural. O terapeuta pode encorajar, posteriormente, o cliente
a deixar sua esposa ver também esses sentimentos.
Na essência a FAP fornece um conjunto simples dc dirctrizes (as cinco
regras discutidas no capitulo 4) especificando quando e como aplicar
reforçamento natural na relação terapêutica.
Contineênciasdentro do sessão. Uma característica bem conhecida do
reforçamento é que quanto mais próxima, no tempo e no espaço, uma
consequência ocorre cm relação ao comportamento, maior c o seu efeito.
Scguc-se então que o tratamento será mais efetivo se os componamentos-
problema e os avanços do cliente ocorrerem durante a sessão, quando estão
R J.Kohlcnbcrp c( il
mais próximos, 110 tempo c no espaço, do reforço disponível. Por exemplo, sc
uma clicnlc tem problemas para confiar cm outras pessoas, a terapia será
mais efetiva se ela manifestar tal desconfiança na própna relação terapêutica,
onde o terapeuta poderia reagir imediatamente, ao invés de falar sobre os
incidentes ocorridos entre as sessões. Uma mudança terapêutica significativa
decorre das contingências que ocorrem na relação clientc-terapcuta.
AliMlelayrnt. O conceito de modelagem pressupõe a presença de uma
ampla classe de respostas para o terapeuta reforçar. Isto é. do ponto de vista
comportamental, equivalente a dizer "os clientes irão fazer seu melhor para
melhorar e o terapeuta apenas precisa reconhecer quando isso acontece 
" A
modelagem é contextual, porque considera a história de aprendizagem do
cliente e os comportamentos presentes c ausentes no repertório do cliente.
Assim o mesmo comporiamento pode ser considerado um problema para um
cliente e um avanço para outro. Por exemplo, considere o caso do clicnlc, que
bate no encosto da cadeira c grita para o terapeuta: 
"Você não me entender.
Sc este comportamento é apresentado por um cliente que entrou na terapia
incapaz de expressar sentimentos, poderia ser considerado um progresso e a
abertura do terapeuta para essa 
"explosão
" seria importante. É evidente que,
sc explosões como essa forem tipicas, o terapeuta deveria lhe sugerir uma
maneira alternativa para expressar sentimentos de desconforto, que não
envolvesse demonstrações físicas agressivas.
Unia Visão Comportamental da Psicoterapia
O que ocorre durante sessões de psicoterapia? Essencialmente, um cliente
e um terapeuta estão sentados cm um consultório e falam um com outro. O
cliente esta lá cm função de problemas que tem cm sua vida diária. Procurou
voluntariamente um atendimento regular e paga o terapeuta pelo tempo. O
terapeuta não observa o cliente além da sessão semanal de 50 minutos, nem
tampouco, controla os eventos ambientais do seu dia-a-dia Contudo, o objetivo
da terapia e ajudar o cliente a ohter progressos em sua vida diána, fora do
consultório.
Em função do que foi visto, uma questão teórica interessante que se
impõe à todos os psicoterapeuta» é: 
"o que faz um terapeuta dentro da
sessão que ajuda o cliente cm seus problemas fora da sessão?" A visão de
mundo do terapeuta e as ciências do comportamento têm implicações
relevantes para a escolha dos métodos e das práticas terapêuticas utilizadas.
De acordo com a perspectiva behaviorista, argumentamos que a resposta
sc encontra na análise funcional. Tudo o que um terapeuta pode fazer para
ajudar seus clientes envolve a apresentação dos três tipos de estímulos
discutidos anteriormente (reforçadores, discriminativos e cliciadores). Cada
um deles definido pelas funções ou efeitos que têm sobre os comportamentos
dos clientes.
I Oqucé lsi..«aioí Autaa Flndmd? 33
Toda e qualquer açào do terapeuta pode assumir uma ou mais funções
ao mesmo tempo. Considere uma pergunta do terapeuta, "o que você esta
sentido agora.'" Est3 pergunta pode ter a função de estimulo discriminativo.
indicando que "agora é adequado que você descreva seus sentimentos"
.
 A
resposta do cliente que decorre disso corresponde a um operante. Contudo,
também é possível que essa questão seja uma estimulação aversiva para o
cliente c assim poderia punir o comportamento que imediatamente a precedeu.
Por exemplo, imagine que o cliente estivesse chorando imediatamente antes
de o terapeuta, que fizesse aquela pergunta sem que cic, o clicnlc. soubesse
exatamente o motivo de estar chorando c que deteste não ter respostas.
Nesse caso
, a questão do terapeuta pode ter punido a expressão emocional
que sc deu através do choro, fazendo com que sua ocorrência seja menos
provável no futuro. Este enfraquecimento anterior do comportamento do
clicnlc rcsulla de uma função (punição, neste caso, resultado de
contingências). Essa pergunta também poderia ler função clkuidora
, la/endo
com que o cliente ficasse vermelho, apresentasse sudorese, ficasse ansioso
,
ou induzindo ainda outros estados corporais privados. O motivo especifico
pelo qual o cliente reage dessa maneira poder ser encontrado cm sua história
.
A aplicação da análise funcional na psicoterapia ambulatonal pode parecer
uma ideia estranha. Contudo
, tem ficado muito claro
, que a análise funcional
é extremamente benéfica em outras áreas da psicologia. Na verdade, a
aplicação da análise funcional e dos princípios básicos para obter mudanças
de comportamento cm ambientes instilucionais controlados
, tais como salas
de aula ou unidades de internamento permitiu que os profissionais analistas
do comportamento tivesse impacto imenso na área. Tais analistas criaram
uma variedade de tratamentos bem succdidos para muitas populações, com
perturbações comportamentais severos e deficiências físicas e cognitivas
graves.
Por muitos anos
. apesar de continuo sucesso em contextos corno os
mencionados acima
, analistas funcionais (com exceção notável de Hayes.
1987) não atentaram para a aplicação do princípio fundamental de
reforçamenlo com adultos, em contexto psicotcrapéutico ambulatonal. Os
fatores que atrasaram o nascimento da FAP foram descritos cm detalhes
cm outras publicações (Kohlenberg. Tsai c Doughcr, 1993; Kohlenberg.
Bolling. Kanter e Parkcr. 2002; Kohlenberg. Tsai c Kohlenberg. 1996). Aqui,
apenas ressaltamos que das razões para a relutância em aplicar princípios
de reforço cm terapia pode ter sido o desconforto gerado pelo reforçamenlo
arbitrário ou artificial
, que muitos náo-behavioristas, erroneamente, supõe
ser a única forma de reforçamento. Por exemplo, é difícil para os terapeutas
enxergarem a relevância dos reforçadores frequentemente utilizados na
pesquisa básica (c.g, pelotas de comida ou água), ou daqueles usados cm
trabalhos apl içados cm ambientes controlados (e.g.. direitos ao lazer ou tiõnus
para adquirir cigarros) seu irabalho com clientes adultos cm regime de
RJ.KoUcnbcft c« «I
ambulatório. Acreditamos que a FAP resolve este problema de maneira
(
->lesante c utiliza o poder do reforço para criar experiências terapêuticas
genuínas c que podem transformara vida.
O Foco Terapêutico da FAP no 
Uaqui c agora
"
A FAP está baseada nas suposições de que (I) o único modo pelo qual
um terapeuta pode ajudar seu cliente é através das funções reforçadoras,
discriminativas e eliciadoras de suas ações (2) essas funções terão seus
efeitos mais intensos sobre os comportamentos do cliente se ocorrer durante
a sessão. Então, a característica mais importante que toma um problema
adequado a FAP é que ele possa ocorrer durante a icssào. As melhoras do
cliente também devem ocorrer durante a sessão e devem ser naturalmente
reforçadas pelas ações c reações do terapeuta. Implementara abordagem
"aqui c agora" c a essência da FAP.
Comportamento Clinicamente Relevante
Para implementação do "aqui c agora
" da FAP ê de importância central
o conceito de comportamento clinicamente relevante (CRB-"Clinically
Relevant Behavior"). O terapeuta I AP deve fazer a distinção entre os três
tipos de comportamentos clinicamente relevantes do cliente que podem
ocorrer durante a sessão; esses CRBs sào de importância fundamental para
o processo terapêutico.
CRBs I: Problemas do cliente que ocorrem durante a sessão. CRBs
I sào ocorrências, durante a sessão, de repertórios do cliente que foram
especificados como problemas de acordo com as meus do cliente para a
terapia c a conccitujçàodo caso. Deve haver corropondência entre os
CRBs I específicos c os problemas particulares da vida diária. Entender os
CRBs I requer uma avaliação do comportamento cm termos de amplas
classes dc resposta que incluem diferentes topografias comportamentais;
algumas ocorrem durante a sessão, relacionada ao processo de terapia c ao
terapeuta, ao passo que outras ocorrem fora da sessão, estando relacionadas
ao trabalho, amigos, lamilia. a outras pessoas significativas c assim por diante.
Em uma FAPbcm succdida,CRBs 1 devem diminuir dc frequência ao longo
da terapia. Geralmente, CRBs 1 estào sob controle dc estimules aversivos e
consistem dc esquiva (inclusive esquiva emocional),porém,é claro, existem
CRBsl que não sào restritos ao problema da esquiva. Seguem alguns
comportamentos que são exemplos de problemas clínicos reais.
 Uma mulher que não tem amigos c 
"não sabe como fazer amigos
" evita
o contato visual, responde as perguntas falando de modo desconcentrado
c tangencial, tem uma 
"crise" atrás dc outra, exige cuidados e fica irritada
com o terapeuta por ele não ter todas as respostas e frequentemente
I o <j«r t Pa>«ejjú Anafei ImnoT
IS
acusa o mundo pelas "porcarias" sobre cia
, queixando-sc dc ser tratada
dc maneira muito injusta.
 Um homem que evita entrar cm relações amorosas
, sempre decide
previamente o que vai falar em sesvlo dc terapia, olha frequentemente
para o relógio para poder finalizar a sessão no tempo preciso, sempre
fala que só poderá ir A terapia a cada duas semanas porque está apertado
financeiramente (ganha 70.000 dólares por ano) e
, ainda, cancela as
sessões seguintes depois de fa/er uma importante auto-rcvclação.
 Um homem que se autodcscrcvc como "eremita** e gostaria dc
desenvolver uma relação intima
, está na terapia há 3 anos e
periodicamente diz que seu terapeuta "só faz isso por dinheiro" c que,
no fundo
, ele o despreza.
. Uma mulher que tem o padrão dc entrar cm relacionamentos com homens
impossíveis se apaixona pelo terapeuta.
 Uma mulher que tem um histórico dc ser abandonada por pessoas que
dizetn que "estão cansados" dela introduz assuntos novos c complicados
perto do final da sessão, frequentemente ameaça se matar e aparece
bêbada na casa do terapeuta no meio da noite
.
* Um homem que sofre de ansiedade cm situações nas quais tem que
falar cm público, "congela" e não tem habilidade pura falar com seu
terapeuta durante uma sessão.
 Um homem deprimido que se sente controlado por sua esposa, mostra
sessão após sessão, um comportamento que cm nada contribui com a
terapia e aceita passivamente, todas as sugestões do terapeuta.
 Um homem que tem que ser a atraçfio das festas, passa a maior parle
do tempo de cada sessão contando suas histórias dc diversão ao
terapeuta, sentindo-sc inicialmente satisfeito após cada sessão
, mas
considera que sua terapia não está progredindo.
 Uma mulher que erroneamente, acredita que seu marido a está traindo
,
sente que existem outros clientes de quem seu terapeuta gosta mais.
CRBs 2: Progressos do cliente ocorridos cm sessão. CRBs 2 são as
melhoras do cliente ocorridas em sessão relacionadas aos CRBs 1 c que
devem aumentar de frequência ao longo dc uma FA P bem sucedida. Durante
os primeiros estágios do processo, os CRBs 2 sào raros ou têm pouca força
quando comparados com instâncias dc problema clínico, CRBs. Por exemplo,
um cliente cujo problema é sc retrair
, tendo sentimentos de baixa auto-estima
quando "as pessoas não prestam atenção nele" durante uma conversa ou
outras situações sociais Esse cliente pode mostrar comportamentos dc
retraimento semelhantes quando o terapeuta não presta atenção ao que ele
está falando ou o interrompe. Possíveis CRBs 2 para essa situação incluiriam
»6 RJ Kohlcnbcrg cl *1
repertórios de comportamento assertivo que poderiam dirigir o terapeuta de
volta ao que o cliente estava dizendo, ou a habilidade em discriminar a
diminuição do interesse do terapeuta, antes que este interrompesse sua fala.
Outro caso a considerar codc que uma cliente que foi abusada
sexualmente quando criança por seu pai c que tem problemas de ansiedade
crónica e insónia. Alem disso, ela também evita relações íntimas c não sc
mostra aberta cm confiar ou manifestar vulnerabilidade. Os objetivos
terapêuticos poderiam ser a redução da cvitaçào (fuga) generalizada e
aumentar CRBs 2 de: (I) entrar cm contato com seus sentimentos como
dor. raiva c irislcza; (2) aprender a pedir o que ela quer (i.c., que suas
necessidades são importantes c merecem atenção), (3) aprender a aceitar o
cuidado do seu terapeuta, sentindo leveza cm seu coração e em sua
respiração, bem como respirar mais profundamente.
CRBs 3: Interpretação do cliente do seu comportamento. Até agora
enfatizamos que a análise funcional, isto c, o processo de tentar entender o
comportamento cm termos das histórias de reforçamento e das funções dos
estímulos é fundamental para FAP. Tal análise é o componente principal da
I AI,, uma vez que tal descrição funcional ajudará o terapeuta a descrever.
mais efetivamente, o comportamento de forma a levá-lo a intervenções FAP
mais úteis. Identificar a natureza dos reforçadorcs que historicamente
modelaram c mantiveram um componamcnto deve permitir ao terapeuta
identificar c cnpajar-se cm respostas reforçadoras especificas que visam
afetar tal comportamento.
Outro componente vital da FAP é o processo através do qual os clientes
aprendem a ver o mundo através das lentes funcionais. Nesse sentido.
qualquer tentativa do cliente de descrever as causas do seu comportamento,
durante a terapia. é uma oportunidade para que o terapeuta FAP modele
uma fala mais funcional e, esperamos, mais útil. Para enfatizar a importância
dessa questão, a lala dos clientes sobre seu próprio comportamento e das
suas causas é rotulada como CRU 3. Os CRBs 3 incluem "dar razões
" e
"interpretações
"
.
A maior parte da fala do cliente na terapia nào é essencialmente funcional.
Embora os melhores CRBs 3 envolvam a observação c descrição do seu
próprio comportamento c dos estímulos reforçadorcs, discriminativos c
cliciadores a ele relacionados, qualquer fala "causal" pode ser vista como
CRBs 3. porque representa uma oportunidade para modelar, na terapia, algo
importante para a FAP. Por exemplo, um cliente pode di/cr 
"eu gritei com
meu filho porque sou uma pessoa terrível". Esta declaração certamente
identifica uma causa para um comportamento, mas nflo uma causa
particularmente útil. Contudo, tal fala pode ser considerada uma oportunidade
para que se modele uma fala mais funcional. O terapeuta poderia ajudar o
cliente a identificar os estímulos discriminativos que ocasionaram o
comportamento (c.g., a criança nào o obedecia e eles estavam atrasados
I 0«|uc è Nanenvia Amlima FukmbT 3 7
para a creche), c as condições de reforçamento que fortaleceram tal
comportamento ao longo do tempo, (c.g., gritar com a criança, pelo menos
cm curlo prazo, a fc/ ficar quieta.). Terapeuta e cliente também podem
discutir outros fatorcs históricos relevantes para a situação
, tais como o fato
de o cliente nunca ter tido oportunidade para aprender respostas alternativas.
Observe que melhorar uma fala funcional não apenas ajuda o cliente a se
sentir melhor consigo mesmo, mus também pode conduzir a intervenções
úteis
, tanto cm relação aos estímulos discriminativos (c.g. sair mais cedo
para a creche) como aos reforçadorcs (c.g., elogiar a criança quando cia se
comporta corrctamcntc).
CRBs 3 sào especialmente importantes para a FAP quando se relacionam
aos CRBs I e CRBs 2
, porque devem auxiliar nas generalizações dos CRBs
2 para a vida diária. Consideremos uma cliente que após uma intensa intemçilo
terapêutica diz, 
"
uau
, fiquei pensando que posso ficar muito chateada aqui e
que vocc tolera isso. O meu pai já estaria aos berros". Apesar da cliente
nào ar os termos punição ou reforço
,ela claramente contrastou a resposta
re. ,iS4dora vinda do terapeuta (em rcação à sua exposição emocional)
com a resposta punitiva de seu pai. O terapeuta poderia perguntar, "Mas c
o seu marido? Será que ele também não toleraria isso?" A cliente podia
então perceber que seu marido também toleraria
. Esse lipo de experiência
terapêutica, na qual o reforçamento c experimentado na sala de terapia c
entãoé identificado via CRB 3
. para o mundo lá fora deveria levar a cliente
a experimentar os CRBs 2 mais rapidamente.
Em um outro exemplo, de uma mulher de aproximadamente quarenta
anos que nào tivera relacionamento sexual intimo com ninguém durante 15
anos. Após 3 anos dc FAP, ela sc envolveu amorosamente com um homem
que conheceu em sua igreja. Seu CRB 3 foi "A razão pela qual cu estou
nessa situação íntima é porque você (terapeuta) ests\e presente comigo. E
uma mudança fenomenal. Se nào fosse por você cu nào estaria nessa
situação. Aqui com você foi o primeiro lugar seguro onde pude falar sobre o
que sinto, c encontrai motivos pelos quais seria agradável cslar aberta para
sexualidade. Houve um período de tempo em que cu estive claramente atraída
por vocc e vocc aceitou meus sentimentos. Aprendi aqui que era melhor me
sentir completa e \ ivcr minha sexualidade ao invés dc mc sentir protegida c
vazia
. Fui praticando e aprendendo como ser dircta com você". Esse tipo de
afirmação pode ajudar a aumentar a transferência dos çanhos que a cliente
tem da terapia para a sua vida diária. Neste caso. o comportamento
generalizado ajudou a estabelecer uma relação dc intimidade e a aumentar
os reforços positivos na sua vida.
Um aspecto final sobre CRBs 3 sc relaciona ao fato dc que muitas sistemas
terapêuticos assumem que o comportamento importante cm terapia é o falar
(afinal de contas, psicoterapia geralmente c chamada de terapia da fala! I. Na
FAP, o rótulo CRB 3 reconhece o falo de que uma enorme quantidade dc fala
R J.Kohlfnheig cl al.
acontece na terapia e, portanto, deseja que ela seja o tipo de tala mais útil
possível. O objetivo final da FAP. contudo, não 6 modelar repertórios de CRB 3,
mas modelar CRBs 2 e os CRHs 3 são úteis, portanto, somente na medida em
que facilitam esse objetivo. Icrapeutas. às ve/es. confundem CRB 3 com os
comportamentos aos quais des se referem. Uma cliente dizendo que ela recua
cada vez que se toma dependente em um relacionamento (CRB 3) i muito
di fercntc de recuar dc fato, durante a sessào, porque está se tomando dependente
do terapeuta (CRB 1). Infelizmente, alguns terapeutas se concentram no
repertório verbal de descrever um comportamento problema que ocoitc na vida
diária c deixam dc observar os comportamentos problema (CRBs 1) ou os
progressos (CRBs 2) quando eles ocorrem. Na I Al,, quando ocorrem os CRBs
2, a melhor resposta do terapeuta seria inclinar-se paru frente, manter o contato
visual e se permitir expressar o que lhe ocorrer naturalmente. Pode-se falar
sobre essa interação logo após o momento cm que ocorre.
Uma Cosmologia do Comportamento
FAPexige que o terapeuta aprenda a filosofia comportamental e seja capaz
de falar como um behaviorista Pode-se julgar que esta é uma abordagem fria
c distante, mas isso não c verdade. De fato. fundamentalmente, essa filosofia
cria uma conexão emocional profunda de empatia e amor.
Terminamos este capitulo com uma cosmologia comportamental - uma
metáfora na qual se estende o behaviorismo para explicar a intcrconexào de
toda a vida e que pode levar de uma experiência atenta c consciente, de cada
um. para o 
"aqui e agora
"
.
 Na FAP c fundamental a atenção à experiência do
cliente "aaui c agora
" e uma das melhores formas de fazer isto e "cxpenenciar
"
(verbo). E desnecessário dizer que a "cxpericnciaçào
" dos clientes é
freqQentcmente o foco mais produtivo da terapia, e que, se ela for ignorada,
poderá ser contraterapêutico. Para atentar melhor à experiência do cliente, os
terapeutas devem, em primeiro lugar, estar em contato com suas próprias
experiências. Começamos este capítulo com relatos pessoais sobre as
experiências com a FAP. antes dc descrever como o behaviorismo tenta dar
conta dc tudo O que as pessoas fazem, levando para o 
"aqui e agora
" a ênfase
da psicoterapia. Concluímos considerando como o behaviorismo propicia uma
experiência "aqui c agora
" para o terapeuta, que pode facilitar as conexões
emocionais c empáticas essenciais para a FAP.
Uma explicação comportamental de quem somos nós e de como
pensamos, sentimos e percebemos, ê uma descrição v erbal da nossa história.
cm particular, das contingências dc reforçamento que são responsáveis pela
emergência de nossos repertórios comportamentais. Contingências de reforço
fortalecem e enfraquecem difcrcncialmcntc repertórios específicos dc
comportamento operante. Além disso, outro tipo dc contingência também
modelou aspectos importantes dc quem somos. São as contingências dc
I Oqie é AibHdqi ttniontf 39
sobrevivência passadas, que determinaram se nossos ancestrais
sobreviveriam ou morreriam
. O material genético dc nossos ancestrais
, sua
estrutura física e suas tendências comportamentais foram modelados por
essas contingências dc sobrevivência O comportamento operante i uma
tendência modelada dc forma semelhante
. As contingências dc reforçamento
,
nessa perspectiva, agem no sentido de produzir comportamento operante,
porque nossos antepassados, cujos padróes comportamentais adaptativos
foram fortalecidos por certas consequências de sobrevivência
, que permitiam
a sustentação da sua vida, sobreviveram. Por exemplo, nossos ancestrais
aprenderam a refazer o caminho até poços dc água porque foram reforçados,
por encontrarem água. Eles passaram para nós a tendência de ler o
comportamento fortalecido por contingências de reforçamento.
Uma técnica através da qual podemos identificar e estabelecer conexão
com nosso momento expericncial atual, é tentar tornar-nos conscientes (veja
o capítulo 5 para os significados comportamentais dc "estar consciente")
das contingências dc reforçamento que modelaram quem somos. Segue um
relato da experiência do momento presente, feita por um dos autores (RJK)
,
na forma de uma metáfora
.
"Eo estou aqui. na frtote do racu computador
. Quando paro. poiso experimentar a
mim mesmo coroo alguém que esti na linha dc frente dc ura fluxo corrente dc
exp jicias. que se estende ali o passado A imagem que tenho é a dc estar diante dr
u* . vagaroso que me trouxe atê este instante
. À medida que olho para Irá», posso
me ver acordando nesta enanhi
. interagindo com Mavis
. com meu companheiro dc
jogo dc ténis, com meus estudantes, com meu filho c meu cachorro
, e essas inleraçòes
preencheram a passagem do (empo, cnc les ando até este ponto
. Para dar conta dessas
açòcs e iniciações que me trouxeram até este pomo, eu posso olhar ainda mau para
trás no fluxo
, antes dc acordar, e ver que cu aprendi a acoutar cedo o bastante pina
chegar a tempo cm meu liubalho, paro preparar unta aula ou uma sessão dc terapia,
porque quando, assim o H/, tive ccria* consequências. Assim como agora sou reforçado
pela» palavras que aparecem no monitor à medida que digito e progrido neste
manuscrito
, que marca um ponto importante na minha vida. Minhas íateraçòcs hoje
sio uma diminuía fraçlo das múltiplas experiências que tive - com Mavis, meus
filho»
, meus amigos, meus parentes, meus estudantes, meu» clienies, meus pais e
meus avós. Ao contrário dos sentimentos que experimento agora (e.g, atcnçlo.
contemplação, envolvimento, excitação), á medida que olho pan trás no (luxe
. percebo
que geralmente não estava conicirate dessas comuigêocias ou comcqucsciesdcnuahei
açòes passadas Essas contingências. iodepe«dentcmcmeda minha ccosoêocia a
respeito dela;, mudaram as sinapses no meu cérebro e são responsáveis peio que
faço. timo. percebo, penio e pela» tcnuçAct que experimento note momento O
fluxo de tempo e iodas as contingências as quais cu tenho sido exposto, incluem o
cvcolo que é o maior responsável por meu comportamento corrente (trabalhar neste
manuscrito), que foi uma conferência inspiradora a que assisti. Especificamente, as
interaçàes ai contingências que ocorreram com meus colegas, estudantes c com minha
filha
, na conferencia, slo os estímulos para cu estar escrevendo Contudo
,
 cada uma
dessas pessoas naquele momento passado linhu seus própiio» fluxos dc experiência
por trás desi, o que, por mi" parle, influenciava o que eles fa/.iam durante a conferência
.
40
R 1 KoHI«*etg e. *1
Num certo sentido. havia um* confluência dc fluxo* durante aquela reunilo. c cu
inequivocamente era afcttdo por muiut das expeníncús de «cu» fhnos, que entraram
cm mus inicraçôes É evidente que cada ura dc «cus fluxos era influenciado por
confluência* com outros fluxo», que haviam ocorrido ames, no longo de seu* dias.
meses, enfim, dc suas vidas."
Exercício Expcrienciai
Vamos condu/ir um exercício breve, semelhante ao descrito acima. Escolha
um momento que seja conveniente para você. Primeiramente, feche seus
olhos c concentre sua atenção na sua respiração. Respire naturalmente,
conccntrando-sc nas sensações dc inalar c exalar. £ normal ficar distraído
nesic ntomento c se isso acontecer com vocc. simplesmente retome dc maneira
sua ve à tarefa de observar sua respiração. l>cpois de cerca de dez inspirações
e expirações, tente usar a imaginação para conceituali/ar sua experiência.
Uma imagem útil é a de um fiuxo. lai como descrito no exemplo acima. Imagine
que você está diante de um fluxo dc experiências passadas. Se você olhar um
pouco para Irás. neste lluxo. vocc poderá ver a si mesmo em algum ponto.
algumas horas atrás (levantando-se, almoçando, dirigindo seu carro, etc...|.
Olhe mais atrás ainda no fluxo, através dos últimos dias. semanas e meses c
veja a si mesmo passando por uma intcraçào especialmente agradável. íntima
e envolvente com uma pessoa específica. Tente recordar os detalhes como
ele »ui ela estava, o que vocês disseram um ao outro, como você se sentia
estando com essa pessoa. Agora, imagine que tal pessoa também tem um
fluxo de experiências que se estende por trás dc s> e a uiteração de vocês
envolve uma confluência de ambos os fiuxos. Naquele momento, pequenos
córregos de cada um, dc seus fluxos, se fundem e depois se separam. Perceba
como aquilo que aconteceu entre vocês foi influenciado nio apenas pela sua
história, mas também pela história da outra pessoa. Depois de cxpericnciar
esta imagem, pare c leia o próximo passo.
Olhe ainda mais para trás. no tempo, a partir daquela intcração significativa.
bem para trás ao longo dc seu fluxo. A medida que você volta para trás.
veja-se como um jovem, um adolescente, uma criança, um bebe dando seus
primeiros passos. Passe um momento reconhecendo algumas das pessoas e
cv entos mais importantes que contribuíram para dar forma a quem você é
hoje. Concentrc-sc então cm uma imagem específica, ou apenas na noção
de que você foi um bebé, com um lluxo de experiências prév ias que deram
forma a vocc (independentemente da consciência que você tivesse de lais
experiências). Tente olhar ainda mais para trás. vendo-se como um feto no
ventre da mãe, e volte ainda mais até o ponto em que o óvuio formou um
embrião. O espermatozóide c o óvulo tinham seus próprios fluxos dc
experiências passadas, que são responsáveis pek» material genético dc cada
um deles. Finalmente, perceba uma sensaçáo de inicrconcxão com os outros
e com a pulsação do universo à medida que você abrir seus olhos.
I Oqufí Awliúa RnawuP
4 I
O exercício acima chegou até a união entre espermatozóide c o óvulo.
Contudo
, dc acordo com Skinncr. a metáfora completa poderia incluir voltar
atrás ao longo dc toda a cadeia evolutiva
, chegando até o lodo que se formou
às margens da sopa primordial (origem da vida)
, c, cm seguida, aos eventos
geofísicos que levaram à formação dos aminoácidos e assim por diante
.
 A
partir dessa metáfora comportamentalmcntc estruturada
, sobre nossas
histórias de contingências dc reforçamento e de sobrevivência
, observa-se
que hà uma unidade cósmica c uma interconexão entre todos nós
, em comum,
com as origens do mundo material.
A experiência acima c descrita dc forma eloquente nesta citação de
um discurso de 1854
, atribuída ao Chicf Seattle:
"
Cada folhinha dc pinheiro, brilhante c poamguda. cada praia artoou. cada neblina
nai floresas escuras
, cada inseto ransbindo 
. Judo c «agrada para a memória e para
a evpciiíncia da minha genlc Nós sentimos a energia que corre pelas árvotes do
mesmo moio que sentimos o sangue que corrc por nossas veias Somos parle «ta
Terra e ela c parte dc nós... Os cumes rochosos
, o orvalho na campina, o corpo do
cavalinho mono
, c nós. os homem, lodos pertencemos A mesma família
. A água
criiiaiina que cone pelos tio* e córrego» nio t só água. éo *mguc dc nossos ancesUaiv..
Cada reflexo brilhante nas águas límpidas dos lagos nos fala dc eventos c memorias da
vida dr meu povo O muJTEÚno da igua t a voz do pai dc meu pai O vento que deu
ao m*so avó seu primeiro sopro também recebeu seu úllimo suspiro... Toda» as
coisu» «tão ligadas como o sangue que non une u todos. O homem nSo teceu a rate da
vid*. ele t apenas um fio nessa rede. 0 que ele fizera rede. ele faz a si mesmo..."
De uma perspectiva comportamental
, tal contato profundo com o momento
presente é crucial, na medida em que levaria a um aumento da consciência
e do contato com as contingências imediatas, bem como n um aumento na
habilidade de reforçar, mais naturalmente, aos seus clientes e às outras
pc' jas que estabclcccm contato com você c com o seu fluxo dc
e\r-euências.
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Capítulo 2
Linhas e evidencias que dão suporte à FAP
David li. Baruch, Jonathan W. Kanter, Andrew M. Busch, Mary D.
Plummcr
, Mavis Tsai. Laura C. Rusch, Sara J. Landes, e Garelh 1.
Holman
Quais evidências empíricas dão suporte à FAP? l,or um lado, a FAP c
baseada cm um conjunto de princípios básicos behavioristas que são, teórica
e empiricamente, derivados de décadas dc experimentações cm laboratório.
Por outro lado
, a FAP ainda tem de ser testada em um experimento de controle
randômico. Nossa crença c dc que as doutrinas básicas da FAP - isto é, a
importância da relação terapêutica c o uso do reforçamento natural para
modelar problemas do cliente quando eles ocorrem naturalmente na relação
terapêutica -são vigorosas, c linhas dc evidências que apoiam esses princípios
convergem de múltiplas c diversas áreas dc pesquisa. Neste capítulo, vamos
revisar essas linhas de evidências. No entanto, deve ficar claro desde o início
que esta revisão não visa justificar a escassez dc evidências empíricas que
deem suporte à FAP. Antes, acreditamos que os achados dessa revisão
fortemente sugerem que pesquisas empíricas adicionais, que investiguem
especificamente a eficácia da FAP são necessárias, assim como foi
desenvolvida dc uma fundamentação sólida dc princípios c evidências c
representa a convergência de alguns dos mais robustos achados na pesquisa
psicológica.
Enquanto a FAP é uma terapia baseada em princípios analitico-
comportamentais, e:r. seu âmago e uma terapia interpessoal. A FAP é pautada
no ressuposto de que tanto as causas quanto os tratamentos das
p "patologias estão intimamente ligados a relacionamentos interpessoais.
Esse pressuposto tem suporte substancial na literatura que diz respeito às
desordens depressivas. Es;á bem estabelecido que problemas interpessoais,
relacionamentos conturbados c falta de suporte social predizem o surgimento
(Stice, Ragan & Randall, 2004). ocutso(Lara, Leader, & Klein, 1997; Millcr
er a/., 1992), a duração (Brown & Moran, i994) c a recaída da depressão
(Hooley & Teasdale, 1989). Enquanto, inversamente, a presença de suporle
social tem efeitos protetores(Peirce. Frone, Russell, Cooper & Mudar, 2000)
D I Dir«b («miiiol EsudMK GnhMi*>. («Jiuil &iiKh l. lívrrtiiy. Milmubf*. Wl. USA «m» iV«mM$-cou>I coin
M Tkii d «I- « CMAr <" (o.iAlKiiM.vili"! JVttvbfuiv. DOI 10.1 W"9>* 0.JIW»T-«»_2.O Sp:m(n Scicwc-B.ílmn
IIC ÍOJV
.H R.JKcchleiticrj! c« *1
c prediz recuperação da depressão (Lara et ai, 1997; Sherboumc, Hays &
Wclls
,
 1995). Ao incarno tempo cm que muitas terapias alternativas focam na
relação terapêutica e processos associados, a FAP utiliza princípios básicos
dc aprendizagem para atrelar ou fortalecera relação terapcuta-cliente, focando
no estabelecimento dc repertórios interpessoais mais efetivos, a fim dc gerar
generalização dessas novas habilidades para relacionamentos da vida do clicnie.
Estudos de caso envolvendo a FAP como único tratamento têm incluído
ciúme (Lópcz. 2003). transtornos de ansiedade com agorafobia (Bermudez,
Ferro, & Calvillo, 2002), dor crónica (Vandenberghc, Ferro& FurtadodaCruz,
2003). stress pós-traumático (Kohlcnbcrg & Tsai. 1998), padrões provocador-
agressivos em crianças (Gosch & Vandenberghe, 2004). transtorno obsessivo-
compulsivo (Kohlcnbergh & Vandenberghe, 2007: Vandenberghe, 2007) e
depressão (Ferro. Valero & Vives. 2006). Muitos estudos de caso dc outras
intervenções que incorporaram ;< FAP tamisem foram publicados. Isto inclui
estudos de caso utilizando FA P c Terapia dc Aceitação c Compromisso (ACT;
llayes, Strosahl & Wilson, 1999) nas áreas dc fibromialgia (Queiroz e
Vandenberghe, 2006). anorgasmia (Oliveira-Nasscr & Vandenberghc, 2005)
e exibicionismo (Paul. Marx & Orsi Ho, 1999). Uma combinação da Terapia
Comportamental Dialctica (DBT) com a FAP também foi utilizada no caso dc
um individuo diagnosticado com transtorno de personalidade sem outra
especificação (Wagner, 2005). Estes relatos fornecem evidências curiosas,
orientações clinicas e sugerem espaço para apresentar problemas para os
quais a FAP e seus aprimoramentos podem ser apropriados. Esta abundância
de casos na literatura instiga a questão: qual é a base empírica da FAP?
Nosso objetivo nesse capitulo é realçar a convergência de linhas de
evidências dc múltiplas disciplinas que embasam os princípios-chave da FAP.
Ao mesmo tempo, nós observ amos o modo como a teoria da FAPcontribuiu
para cada uma dessas literaturas c. ao fazer isso, informa terapeutas sobre
a promoção da mudança do cliente utilizando uma única e poderosa
metodologia. Para este fim. procuraremos abordar não somente as áreas de
convergência, mas também realçar onde a FAP diverge cm cada
interpretação dos achados e suas implicações para a terapia.
A Aliança Terapêutica
A FAP é baseada na noção dc que a relação terapêutica é um fator
importante na psicoterapia -dificilmente uma noção controversa. Ainda assim,
a FAP argumenta que para atrelar completamente a relação como mecanismo
dc mudança, c preciso conceituar isso de uma maneira que torne específicos
os chamados latores dc relacionamento 'não-especlficos,. Isto é, quais são
os elementos es|>ecíficos que tornam a interação tcrapeuta-cliente curativa?
Antes dc esclarecer essa posição, primeiramente revisaremos as comprovações
da relevância do relacionamento para a psicoterapia.
Linhiu e cwlênô* qite iliio «ipoitc à FAP .| j
O conceito dc aliança terapêutica pode ser encontrado nos primeiros escritos
de Freud (1912/1958), quem primeiro versou sobre importância de
sentimentos amigáveis ou afetivos entre o paciente e o terapeuta como base
de qualquer ganho terapêutico futuro. O conceito dc aliança também se inspira
fortemente nas asserções de Rogers (1957) sobre a empatia terapêutica, afeio
incondicional positivo c naturalidade, os quais constituem condições necessárias
e suficientes para o sucesso da psicoterapia. Nos últimos 25 anos. o interesse
na aliança terapêutica como um elemento cssenciai no processo terapêutico
tem surgido de tal forma que pesquisadores de psicoterapias contemporâneas
a definem amplamente como o elo colaboraiivo e afetivo entre terapeuta e
cliente e suas habilidades para concordai nas metas c tarefas do tratamento
(Maitin. GarsKe & l>avis, 2000).
Evidências sobre a importância da aliança terapêutica emergem de duas
Fontes primárias. Primeiro, apesirde pesquisadores de diferentes orientações
teóricas terem abordado a aliança terapêutica de diferentes formas
, utilizando
uma variedade dc medidas
, eles concordam consistentemente que a força
dessa al iança é umindicativo de mudança (Barber, Connolly, Crits-Christoph,
Gladis
, & Siqucland. 2000: Horvath. 2001: Martin ei al.. 2000). Segundo,
pesquisadores impossibilitados de encontrar uma diferença consistente na
efetiv idade das psicoterapias dc várias orientações (e.g.. Lambert & Bergin,
1994) conceituaram a aliança terapêutica como um fator comum entre
diferentes terapias. De fato, alguns pesquisadores começaram a argumentar
que a qualidade da aliança c mais importante que o tipo dc tratamento na
previsão de resultados terapêuticos positivos (e.g., Safran & Muran. 1995),
tanto que a aliança terapêutica tem sido referida como sendo a "variável
qumiessenciai integrativa
*
 da terapia (Wolfe & Goidfried, I98S).
Apesar de estar claro na literatura sobre aliança terapêutica que a força
da aliança cslá relacionada com resultados do tratamento, existem evidências
de que muitos terapeutas deixam de se concentrar nesta relação durante a
sessão. Categorizando todas as falas do terapeuta durante a sessão. Goidfried
- colaboradores (Cantonguay, Haycs, Goidfried & DeRubcis, 1995; Goidfried.
Castonguay, Haycs. Drozd, & Shapiro. 1997; Goidfried, Raue & Casionguay.
1998) revciaram que terapeutas da TCC (Terapia Cognitivo Comportamental)
não cam frequentemente a relação terapêutica na sessão, porém um
aur ,o nesse foco foi encontrado durante sessões significantes e de alto
impacto quando terapeutas mestres conduziam a terapia Similarmente,
Kanter. Shildcrout e Kohlenberg (2005) mostraram que cm muitos estudos
sobre depressão, terapeutas dz TCC raramente focavam na relação
terapêutica per um longo periede de tempo na sessão.
Talvez o foco limitado na relação terapêutica possa ser explicado pela
falta de consenso sobre o que o terapeuta deve fazer para assegurar uma
relação forte, quanto c que tipo de atenção deve direcionar dirctainente para
a relação terapêutica, o mecanismo subjacente à terapia ou seu efeito curativo.
Uma análise da FAP lança luz sobre essas questões. (I) especificando
46
RJ.Kohlcnberg cl al.
comportamentalmcnte os "ingredientes ativos" da relação terapêutica que
facilitarão a mudança do cliente, (2) avaliando funcionalmente os
comportamentos do cliente c sua relevância clinica n3 construção da aliança,
cm vez de olhar somente para a forma ou topografia do comportamento. Em
outras palavras, o uso do termo 
"aliança terapêutica
" tende a focar
primeiramente no que o comportamento parece, e nào em sua funcionalidade.
Em contraste, a conceitua çào da FAP do comportamento intrassessâo deve
focarem como um comportamento particular é funcional para o cliente, e nào
se ele se pareça com um comportamento de aliança.
Para melhor analisar o ponto acima, imagine um comportamento que parece
estar topograficamente associado com a aliança construída na sessão, mas
funcionalmente pode ser complacência. Considere, por exemplo, um cliente, um
homem inassertivo, que cumpre suas tarefas lealmente, mas sente que 
"nào
ganha nada com isso
"
. O que pode parecer um comportamento de aliança
nesse caso c na verdade um CRB1, um exemplo intrassessâo de um
comportamento problemático seria o clicnie não expressar um sentimento
relevante que ele esteja experimentando. Se este cliente declarar suas dúvidas
sobre a validade das tarefas, topograficamente pode parecer um comportamento
l>erturbadorda al iança, mas funcionalmente pode ser um avanço, uma melhora,
c implicará no fortalecimento da aliança terapêutica se a preocupação do cliente
for levada a sério pelo terapeuta. Poroutro lado, se o comportamcntocomplncenu-
é avaliado como um CRB2 (e.g.. no caso dc um cliente cuja dificuldade cm
corresponder às expectativas dos outros interfira em seus relacionamento s).
entào este comportamento seria interpretado pelo terapeuta da FAP como um
comportamento de aliança. Assim a perspectiva da FAP permite a explicação c
previsão de significado do porquê a aliança pode ser realçada e até aproveitada
como resultado de uma contingência geral dc reforça mento do CRB2 do cliente
pelo terapeuta (Follette, Naugle, & Caliaghan, 1996).
Em suma, cm vez de fazer declarações gerais sobre a relação prcdiliva
entre a aliança terapêutica e o resultado da terapia, a FAP especifica o que o
terapeuta precisa para constmir a aliança e para utilizar isto como um contexto
dc mudança (Kohler.berg, Ycaier, & Kehlenbcrg, 1998). Especificamente, a
FAP cria três pressupostos, a saber: (1) CRBs do cliente são evocados pelo
contexto terapêutico; (2) CRBs podem ser modelados através da aplicação
de contingências na relação terapêutica; c (3) estas contingências envolvem
reforçamento natural. As próximas três seçòcs vão revisar os resultados dc
pesquisas que corroboram estes pressupostos.
Princípios da FAP
CRBs são Evocados pelo Contexto Terapêutico
A FAP novamente adoia uma posição incontroversa alegando que o padrão
da problemática interpessoal dos clientes (CRBsI) vai emergir no contexto
2 Linhm c evidências que dio suporte à FAP 47
terapêutico. Talvez milhões dc páginas de teoria psicotcrápica tenham sido
escritas sobre este tópico, com a literatura teórica e empírica abordando a
teoria da transferência
, provavelmente como penúltimo exemplo. Apesar de o
termo transferência vir dc uma diferente perspectiva teórica, pesquisas sobre
isso são
. mesmo assim, relevantes à FAP
, uma vez que forncccm apoio para a
alegação dc que o CRB1 possa ser evocado pelo contexto terapêutico.
Até recentemente
, a transferencia permaneceu em grande parte como
constmto teórico e sofreu pouca verificação empírica (Connolly et a!., 1996).
Dc fato, a proporção dc artigos teóricos cm relação a empíricos sobre
transferência tem sido relatada como sendo dc aproximadamente 500 para 1
(Ogrodniczuk, Piper, Joyce & McCallum, 1999). Contudo, observa-se a
transferência ocorrendo cm diversos cenários dos relacionamentos sociais
diários (Andersen & Baum. 1994; Andersen & Cole
. 1990; Andersen,
Glassman
, Chen & Cole, 1995) c no contexto da relação terapêutica (Connolly
et a!.
, 1996; Crits-Cristoph, Demorest, & Connolly, 1990; Luborsky. McLcllan,
VVoody, O,Brian & Auerbach, 1985). Deste modo, há amplas evidências que
apoiam a alegação de que reações dc transferência ocorram na terapia.
Embora esta pesquisa seja relevante para a FAP na corroboração da ocorrência
dc CRBs
, a FAP e a teoria psicodinàmica divergem no que diz respeito à
resposta mais eficaz para reações dc transferência e CRBs (veja contingências
de reforço c interpretações de transferência nas seções abaixo).
CRBs Podem ser Modelados Através da Aplicação de
Contingências nu Relação Terapêutica
È importante reforçar de maneira contingente um comportamento
ao vivo
. durante u sessão? Uma premissa fundamental da FAP c que
quanto mais perto no tempo c lugar o comportamento do cliente e a
intervenção do terapeuta estão (i.c., reforçamento contingente), mais forte
é o efeito da intervenção. Em outras palavras, espera-se que um *atraso, ou
distanciamento na resposta do terapeuta seja menos benéfico que o
reforçamento do comportamento no momento em que cie ocorre. Por
exemplo, alguns terapeutas podem argumentar que eles reforçam melhorias
quando provém elogies (e.g., dizendo 1bom trabalho, cm resposta ao cliente
que con» . ter sido assertivo nas interações com sua chefe durante a semana
passad * FAP conclui que essa utilização dc reforçamento seria mais
efetiva se ocorresse ao mesmo tempo c no mesmo lugar onde o
comportamento pretende ser reforçado (o cliente sendo asscrlivo com sua
chefe no ambiente de trabalho). Esta crença pressupõe o foco nas classes
similares dc comportamento (CRB2) que emergem no contexto da terapia e
que pode ser imediatamente reforçado.
Que pesquisas apoiam essas máximas bem aceitas? Por um lado. milhares
de estudos
, literalmente, têm usado reforçamento imediato para estabelecer48 RJ.Kohlcnlierg cl al
c manlcr componamcnlo. Entretanto, nada menos que uma revisão da história
da pesquisa sobre teoria da aprendizagem, desde os gatos nas caixas-
problema de Thomdike. ratos em labirintos cm cruz» pombos na caixa de
Skinncr, até humanos cm câmaras de atenuação sonora, é necessária para
descrever todas »s evidências (e.g., Catania, 1998). lissencialmcntc, n
literatura sobre o comportamento de animais apoia fortemente a noção de
que reforçamento atrasado prejudica o aprendizado subsequente, embora a
relação entre atraso c aprendizado seja complexa c mediada por muitos
fatores (Renncr, 1964, Tarpy & Sawabini, 1974). hm geral, estudos
envolvendo participantes humanos têm obtido resultados semelhantes
(Greenspoon & Foreman, 1956; Salt/man, 1951; Bilodcau & Ryan, 1960).
O efeito atrasado o reforçamento se torna menos efetivo à medida que o
atraso entre a resposta e o reforçamento aumenta - c mais claramente
demonstrado cm humanos com tarefas complexas (Hockman & Lipsitt, 1961)
e quando a intervenção no comportamento ocorre entre a resposta c o
reforçamento (Atkinson. 1969).
A literatura sobre "atraso
" cm humanos, enquanto suporta a alegação
acima, é difícil ser generalizada para a situação psicotcrápica. Isto se dá
principalmente porque as extensões do atraso estudados nos delineamentos
dc pesquisa (ate 12 segundos) são muito pequenas para serem relevantes
na questão se o responder imediato ao comportamento na sessão é preferível
ao feedback sobre o comportamento que ocorreu fora <lu sessão, talvez há
uma semana. Ainda assim, o responder imediato e contingente mostrou-sc
útil para o tratamento de clientes com tncotilomama (Rapp, Miltenbcrg A
Long, 1998; Strickcr, Miltenbcrg. Garlinghousc, Deavcr & Anderson. 2001;
Strickcr. Miltenbcrg & Gariinghoujc. 2003).
O reforçamento contingente contraria a consideração positiva
'incondicional? Contingências de reforço c sua proximidade imediata
podem ser importantes cm certas situações experimentais ou no tratamento
de problemas discretos assim como tricotilomania. mas são questões
relevantes para adultos, populações clinicas lidando com problemas abstratos
dc intimidade, solidão, raiva, coração partido e assim por diante? Talvez
essas preocupações requeiram algo mais sofisticado do que simples
contingências dc reforço. Como explicaremos a seguir, a tcona da FAP
sugere o contrário, e pesquisas Rogéria nas, terapia não-dirctiva mostra como
reforço contingente é relevante na psicoterapia.
A ênfase da FAP sobre relacionamento terapêutico e responder natural
pode levar a algum engano se for tida como uma variante da terapia centrada
no cliente, de Carl Rogcrs. um tipo dc terapia humanista (veja Rogcrs, 1957).
r
.nquanto as duas abordigcns acreditam no poder da relação terapêutica para
produ/ir mudança, a ! Al* diverge significantemente com respeito á alegação
da teoria Rogcriana. dc que a mudança deve ocorrer somente através dc um
comportamento não-diretivo ou nào-contingente do terapeuta. Poderíamos
2 Linhos c evidências que dão uipoitc ã FAP 49
levantar a questão se uma consideração positiva não-diretiva ou incondicional
é realmente nào contingente. Pessoas podem ser reforçadas facilmente sem
que estejam conscientes disso (Frank, 1961; Krasner. 1958)
, e deste modo um
cliente pode sentir a consideração positiva incondicional sem notar um processo
contingente. Dois estudos falam diretamente deste fenómeno do
condicionamento. No primeiro experimento (Greenspoon, 1955) era pedido
aos participantes para listarem tantos substantivos quanto pudessem. Enquanto
eles o faziam, um experimentador respondia com sons sutis de aprovação
(
'mmm-hm') ou desaprovação ("huh-uh") para cada ternw. Eles encontraram
que a despeito dc estarem inconscientes da contingência, os participantes
aumentaram a frequência dos substantivos quando eles eram seguidos de
*mmm-hm, e diminuíram quando seguidos dc ,huh-uh,. lai pesquisa levou
Frank (1961) a concluir. "Até agora, pelo menos, parece seguramente
estabelecido: Uma pessoa pode influenciaras verbaliziiçòes de outra através
de sutis pistas, tis quais podem ser tão leves que nunca chegam ao centro da
consciência" (p. 108).
O ponto crucia! que emerge das discussões acima é que o terapeuta pode
reforçar contingentemente o comportamento do cliente sem estar consciente
disso. Sc este é o caso
, então respostas do terapeuta conto "mmm-hm"
, que
sinalizam aochcnte para que continue falando, podem reforçar continfcntcrocmc
uma classe de comportamentos favoráveis (i.e.. melhorias) inadvertidamente
.
Consequentemente, terapias que podem "parecer, como consideração positiva
incondicional ou não-diretiva podem, na verdade, ser contingentes
. Investigando
esta possibilidade. Tnax (1966) condu/iu um processo de análise de uma terapia
conduzida por Carl Rogcrs (e.g., terapia não-diretiva compreendida dc
entendimento empático, aceitação c consideração positiva incondicional).
Compatível com a FAP, os resultados revelaram que. a despeito dc tentativa.s
conscientes para responder dc forma náo-contingente, melhoras na terapia
estavam associadas
, embora inadvertidamente, a reforça mento diferencial das
melhoras do cliente
. Tais resultados sugerem que. enquanto muitos terapeutas
podem nào perceber isso, eles estão constantemente modelando os
comportamentos de seus clientes atrav és de contingências de reforço verbais c
não verbais, punição c extinção.
A teoria Rogcriana afirma que consideração positiva incondicional c
empatia são necessárias c suficientes para recuperação total. A FAP
concorda que tal abordagem c necessária fc.g.. foco no reforçamento
natural): no entanto, unta abordagem rào-dirctiva é vista nào apenas como
rara, mas também insuficiente. Reconhecendo o inevitável impacto do
comportam? . do terapeuta sobre o cliente, a FAP encoraja terapeutas a
aproveitar a relação terapêutica para modelar de forma natural e contingente
um maior número dc comportamentos interpessoais mais ciemos.
Como interpretações transferenciais diferem do responder
contingente? À luz dos achados que a mudança dc transferencia parece
R
.
J
.KohlcBbtig ct ai
mediar os resultados do tratamento (0*Connor, Edelstein, Bcny & Weiss,
1994), muitos pesquisadores tem examinado a interpretação da transferencia
como um mecanismo de mudança no tratamento focado no relacionamento
(Leichsenring & Leibing, 2007). A interpretação da transferencia ocorre
quando o terapeuta explica a transferência do cliente de modo a promover
insigth sobre os conllitos inconscientes subjacentes a padrões problemáticos
de comportamento. Em suma, os achados sugerem que altos níveis de
interpretação da transferência são realmente associados a resultados mais
pobres cm clientes com baixo nivel de funcionamento interpessoal,
particularmente quando a interpretação gira cm torno da relação terapêutica
(Connoly et a!., 1999; Ogrodniczuk et ai, 1999).
A FAP prediz que qualquer resposta a comportamentos interpessoais
problemáticos na sessão que falhe em considerar o contexto ou a função
em questio pode perder a oportunidade de reforçar CRHs2 ou,
inadvertidamente, reforçar CRBsl. Isto pode ser uma explicação para
resultados pobres do tratamento seguido por um grande número de
interpretações da transferência. Por exemplo, em muitos casos o terapeuta
psicodinàmico pode ignorar um comportamento opositor por parte do cliente.
Para um cliente com história de passividade, que tem problemas com questões
de assertividade, no entanto, a oposição pode, na verdade, funcionar como
um CRB2. Então, enquanto na prática pode haver consideráveis
sobreposições entre o tratamento de abordagem psicodinimica e a FAP.
diferenças teóricas levam a implicações clínicas importantes ein termos de
respostas comportamentos interpessoais problemáticos evocados pela
relaçáo terapêutica.
A Importância do Reforçamenio Natural
O responder contingente pode minar amotivação intrínseca? Na
FAP, n ênfase primordial c colocada na noção de que o CRH2 deve ser
reforçado naturalmente, de modo típico, por meio de trocas verbais
interpessoais. Uma critica ainda frequentemente apontada ao behaviorismo
c que, quando o comportamento de uma pessoa é reforçado, a pessoa começa
a emitir o comportamento especificamente para obter recompctuas externas
(motivação externa) o que prejudica o desenvolvimento do autodetemunismo
(Deci, Koestncr & Ryan, 1999; Kohn, 1993). Aplicando esta critica â FAP,
leva a sugerir que, talvez, o reforçamento extrínseco de comportamentos
interpessoais pelo terapeuta da FAP relaciona a motivação destes novos
comportamentos ao terapeuta, limitando então a generalização dos ganhos
a outros relacionamentos e de fato reduzindo a motivação intrínseca para
aprender novos comportamentos interpessoais. Esta critica se sustenta?
Motivação intrínseca geralmente é definida como um comportamento
motivado pela atividade em si, cm oposição a comportamentos
i FAP
cxtrinsecamente motivados por recompensas externas como prémios,
recompensas, ou aprovações (Carneron, Banko, & Pierce, 2001). Resultados
recentes sugerem, entretanto, que é uma super simplificação apontar todas
as formas dc motivação externa como inerentemente prejudiciais.
Pesquisadores tem começado a identificar cenários e condições nos quais
motivação externa pode realmente promover benefícios importantes
(Dickinson, 1989; < "ameron et aí., 2001). Todavia, a distinção entre motivação
extrínseca c intrínseca é aproximadamente parecida à distinção promovida
pela FAP entre reforçamento artificial e natural respectivamente
.
 Por
exemplo, enquanto a meta análise conduzida por Camcron et al (2001)
revelou que reforçamento verbal pode dar suporte â motivação intrínseca, o
foco da FAP é se o reforçamento foi produzido de forma arbitrána ou natural
.
Tome como exemplo um cliente cujo CRB2 seja a dificuldade dc sustentar
uma opinião diante do terapeuta. Uma resposta, como ,Bom trabalho por
compartilhar sua opinião comigo,, será mais parecida com um reforçador
arbitrário (e.g., aprovação por parle do terapeuta). A terapia da FAP sugere
que uma resposta naturalmente reformadora, como levar sul opinião a serio,
não apenas reforçaria o CRB2, mas o faria de forma a fecilitar a generalização
para outros relacionamentos. Deste modo. a FAP utiliza contingências de
reforçamento de modo a modelar melhores relações interpessoais c dar
suporte á motivação intrínseca.
Como se pode reforçar contingentemente e utilizar efeitos de
expectativas interpessoais? Os efeitos do reforçamento natural
contingentes na terapia podem frequentemente ser confundidos com fatorcs
comuns não específicos. Pesquisas que examinaram o efeito da expectativa
interpessoal aju.lam a elucidar esta questão. Em geral, efeitos d. - .dativa
interpessoal sào resultados das expectativas dc uma pessoa sobre o
comportamento dc outra pessoa. Numa revisão metaanalítica dc pesquisas
que investigaram efeitos de expectativa interpessoal, Harries e Rosental
(1985) forneceram uma lista dc comportamentos de professores embasada
empiricamente que mostraram resultar cm respostas de confirmação da
expectativa dos estudantes. Essa lista incluía:
" Criar uma atmosfera menos negativa (e.g., não se comportar de maneira
fria);
" Aproximar distâncias fisicas;
" Promover maior produtividade pela introdução de mais material ou
material mais difícil;
 Criar uma atmosfera mais calorosa;
. Exibir menos comportamentos não relacionados ã tarefa;
. Ter interações mau longas e frequentes;
. Fazer mais questões;
. Encorajar mais; 1
K J.Kakleabrrg « ."
. fvngajar-se cm mais conlalo visual;
 Sorrir mais;
. Elogiar mais;
" Aceitaras ideias dos estudantes modificando, reconhecendo, resumindo
ou aplicando o que ele ou ela disse;
 Promover mais feedback corretivo;
. Acenar mais;
" Esperar mais por respostas.
Essa lista \ugcre que os comportamentos c pistas envolvidos podem ser
muito sutis e operar fora da consciência tanto do professor quanto dos
participantes.
Da perspectiva da FAP, a lista acima é um exemplo perfeito dc
reforçadoras naturais cm ação, o tipo de rcaçào natural que as pess
oas
mostram nas intcrações do dia-a-dia que modelam c mantêm tais interaçôcs.
Também é notável que os itens na lista representem alguns dos mais
onipresentes faiores não específicos dos terapeutas através de um largo
espectro dc modalidades terapêuticas. Como foi discutido anteriormente,
estas sào, sem dúvida, os tipos dc respostas que Carl Rogers contingenciava
inconscientemente, quando tentava ser incondicional. Além disso, essas dicas
sutis influenciam o comportamento do cliente cm todas as modalidades dc
terapia, a FAP c a única que explica essas interações sutis c desafia os
terapeutas a modelar melhores relações interpessoais de forma deliberada
e estratégica.
O reforçamento natural contingente pode promover generalização?
A FAP mantém a posição de que comportamentos interpessoais naturalmente
modelados na sessão serão mais benéficos para os clientes do que
simplesmente promover regras de como ser mais efetivo. Fspccificamente,
a FAP se distingue de outras abordagens psicotcrapêuticas cm termos por
focar no comportamento modelado por contingências mais do que cm
comportamento governado por regras. Compurudo com o comportamento
modelado por contingências, que é o comportamento aprendido através do
contato dircto com o reforçamento. (i.e.. aprender 2 resolver um quebra-
cabcça através dc tentativa c erro), o comportamento go\emado por regras
c o comportamento controlado por descrições verbais de reforçamento (i.e.,
seguir instruções sobre como resolver um qucbra-cabcça) (Hayes, Zcttlc,
& Rovenfarb. 1989; Skinncr. 1953.1957). Assim, comportamento governado
por regras remete 2 uma mudança comportamental que ocorre sem
modelagem direta. De uma perspectiva comportamental, a maioria das
abordagens pacotcrapéuticas pode ser vista como provedora dc regras dc
como o cliente pode se comportar mais efetivãmente
Os clientes normalmente esperam que seus terapeutas lhes digam mais,
novas ou melhores regras que levarão à redução do sintoma. A terapia baseada
2 Linhu r evrfque dia iuponc t FAP
53
na especificação da regra, no entanto, pode obstruir o progresso do cliente
em contextos dinâmicos c evocativos (e.g., relacionamentos interpessoais),
cm que o mesmo comportamento pode ser punido por uma pessoa e reforçado
por outra. Nesta situação, sensibilidade delicada a contingências, mais do
que comportamento governado por regras, é necessária. Pesquisas
comportamentais dão suporte a essa afirmativa Por exemplo, um grande
número de e\ idéneias sugere que quando o comportamento dc uma pessoa
é modelado pelas contingências, o indivíduo está mais prcpaiado para se
adaptar a mudanças dc contingências do que quando o comportamento é
governado por regras (c.g. Catania. Mathcws & Shimofí
. 1982; Roscnfarb
.Bunker
, Morris & Cush, 1993; Shimoff
, Catania & Mathcws
, 1981).
O foco da FAP no reforçamento natural ajuda os terapeutas a evitarem
a promoção de comportamento governado por regras nos clientes. Por essa
razão, os terapeutas da FAP não sào equipados com instruções formais
sobre como responder a um CRB. Mas, ao invés disso
, sào instruídos a
responder "naturalmente". O responder natural implica a noção dc que existe
um número infinito de respostas que funcionam para reduzir CRU I e aumentar
CRB2. Para completar, os terapeutas da FAP devem utili/ar suas reações
privadas (pensamentos, emoções, respostas fisiológicas) cm relação aos
clientes c responder naturalmente dc acordo com cada CRB. Desta forma
,
quando clientes se engajam em comportamentos meihores (CRB2) -
particularmente comportamentos que quebram as regras, às quais eles
tipicamente seguem - a FAP enfatiza o efeito interpessoal do comportamento
do terapeuta c reações reveladoraspara os clientes no momento. Desse
modo
, respostas naturais e contingentes do terapeuta podem não apenas
modelar relações melhores no cliente
, mas fazei isso dc uma maneira que
promova generalização e adaptação do cliente.
Pesquisas existentes sobre prineípios da FAP
Uma linha final de evidência que dá suporte à FA P e aos seus mecanismos
dc açào vem dc pesquisas sobre a própria FAP. A eficácia da FAP como
tratamento autossustcntavcl tem sido apoiado por estudos dc caso único
(Callaghan. Summers & Weidman. 2003; descrito abaixo). A melhoria da
efetividade pela adição da FAP na TCC tem sido demonstrada tanto via
sujeito único (Gaynor & Lavvrence, 2002; Kanter et ai, 20(16) quanto cm
estudos de gropo (Kohlcnberg, Kanter. Bolling, Parker & Tsai
, 2002).
Em uma tentativa não randomizada de uma terapia cognitiva inpkmcntada
pela FAP (chamada FECT) para a depressão
, Kollcmbergh c colaboradores
(20(12) compararam resultados dc 20 clientes tratados com terapia cognitiva
(TC) com 28 clientes tratados pelo mesmo terapeuta que recebeu treinamento
da FECT. Resultados revelaram que a FECT foi significativamente mais
eficaz quea TCC
, visto que 79% dos participantes que passaram pela FEO
5-4 RJ.KoWrnbcrg et »L
responderam melhor ao tratamento (experimentando mais de 50% de
diminuição na sintomatologia da depressão) se comparados com 60% dos
parlicipanles da TC. Além disso, participantes da FECT experimentaram
melhorias significativas cm suas relações interpessoais quando comparados
com participantes da TC. Análises subsequentes do processo (Kantcr cl
ol., 2005) ilustraram que as taxas de intervenções FAP (c.g.. aumentar o
foco nos CRBs) quase triplicaram durante a FECT c que estas intervenções
relacionavam-sc com relatos pobres do cliente sobre o progresso da terapia.
Finalmente, no único estudo controlado randomicamentc incorporando a
FAP, Gifford c colaboradores (2008) compararam uma combinação de ACT
c FAP para terapia de substituição de nicotina (e.g.. Kigott, 2003) em uma
tentativa de parar dc fumar. Não houve diferenças entre condições no pós-
tratamento; no entanto, participantes na condição ACT c FAP
experimentaram significativamente melhores resultados depois de um ano
de follow up. Desse modo, ate agora a maioria das pesquisas utilizando
FAP focaram a melhoria dc outros tratamentos por meio de adição de
intervenções da FAP. Em vista disso, uma questão vital seria se existe suporte
empírico para a proposta do mecanismo de mudança proposto pela FAP.
Investigações recentes que examinam o mecanismo da FAP tem
empreendido um modo consistente à filosofia funcional que sustenta a FAP,
através do emprego de metodologias analítico-funcionais de pesquisa. Dada
a flexibilidade da FAP e a noção global dc que (devido ao intenso foco da
FAP na função) a aplicação deste n>ecanismo pode parecer muito diferente
para diferentes terapeutas c clientes, então o primeiro objetivo desta pesquisa
foi a especificação dos mecanismos da FAP. Este processo envolve uma
especificação cm lermos funcionais, que pode permitir técnicas topográficas
variadas. O mecanismo definido para esta pesquisa foi o responder
contingente do terapeuta com reforçamento natural /tara CRBs. Assim,
tal pesquisa objelivou não promover suporte empírico para a FAP como um
pacote de tratamento via uma tentativa de controle randómico, e sim isolá-
la e identificar pretensos mecanismos de ação da FAP e demonstrar os
efeitos desses mecanismos no comportamento de clientes individualmente.
O primeiro requisito desta pesquisa foi uma n>edida confiável e válida que
permitiria uma confiável identificação dos problemas na sessão (CRB1),
melhorias (CRB2) c respostas contingentes do terapeuta. Callaghan ctal (2003)
criaram c aplicaram tal medida, a Escala de Avaliação da Psicoterapia Analítico-
Funcional (FAPRS). delineada para medir o comportamento do terapeuta e do
clienle na FAP cm tempo real. Para aplica: a FAPRS, um codificador utilizou
formulação detalhada dc casos para identificar instâncias de CRB (c.g., CRB1
ou CRB2) enquanto codificava respostas contingentes do terapeuta aos CRBs.
Mas alguns códigos foram usados para distinguir a FAPc respostas 
"tradicionais'
*
do terapeuta, discussão sobre a relaçào terapculica X responder contingente, c
assim por diante (referindo a Callaghan, Ruckstuhl. & Bush, 2005, para uma
descrição completa). Uma vantagem chave dessa metodologia cm tempo real é
2 Linhas e cvxJòkúb que dio lupuitc i FAP
que ela analisa o processo da FAP cm nível da interação terapeuta-clienie (i.c.
,
numa base momento-a-momento). Dessa forma, a pesquisa sobre mecanismos
dc mudança da FAP ocorre em um nível que pode informar dirctamente o
trabalho clínico do terapeuta da FAP.
Callaghan e colaboradores (2003) utilizaram o FAPRS para codificar
segmentos da interação tcrapcuta-clicnlc para tratamento de transtornos dc
personalidade em clientes com traços histriónicos c narcisistas. Não apenas
CRBs foram identificados (apoiando a crcnça na FAP de que problemas
interpessoais gerais podem se apresentar no contexto terapêutico), mas o
responder contingente do terapeuta aos CRBs também foi identificado. De
maneira crucial
, os achados também indicam diminuição dos CRBsl e
aumenlo dos CRB2 no decorrer da FAP
.
Kantcr e colaboradores (2006) apresentaram dados de dois sujeitos que
receberam TCC e então FAP cm um delineamento intra-sujeitos A/A*B.
Os resultados foram mistos. O sujeito 1 demonstrou um leve decréscimo
nos seus comportamentos-alvo (e.g., habilidades de comunicação) mas
desistiu do estudo antes que ele fosse completado. O sujeito 2 demonstrou
melhora imediata nos seus comportamentos-alvo (e.g., busca por atenção,
vulnerabilidade) com a introdução da FAP. Busch ecolaboradores (no prelo)
aplicaram o sistema de codificação da FAPRS ao sujeito 2, replicando os
achados prévios de que o responder tio terapeuta modelou com sucesso o
comportamento do cliente dentro da sessão. E importante ressaliai que tanto
os comportamentos do cliente fora da sessão (coletados via cartões diários
do cliente) c comportamentos na sessão (CRBs) melhoraram com a mudança
dc fase. Assim
, resultados coletados utilizando a FAPRS lém provido apoio
para o mecanismo dc mudança (responder contingente).
Conclusão
Esse capítulo revisou algumas linhas dc evidencias convergentes que
dão suporte aos princípios da FAP, incluindo a aliança terapêutica,
transferência
, interpretações de transferência, consideração positiva não-
diretiva ou incondicional
, reforçamento imediato (atraso no reforçamento),
motivação intrínseca X extrínseca, efeitos de expectativa interpessoal e
comportamento governado por regras. Cada uma dessas áreas de pesquisa
não possui controvérsias c é relativamente vigorosa. Contudo, mesmo não
provendo suporte direio à FAP ou às lécnicas da FAP. essas linhas de
evidencias juntas descrevem um retrato convincente de como um tratamento
baseado nesses pressupostos deveria parecer. Acreditamos que a FAP é
justamente este tratamento.
Pesquisas diretamenie examinando a FAP estão, de fato, em estado inicial.
Todavia existem dados para sustentar tanlo a validade dc incremento da FAP
quando combinada a outras intervenções quanio o mecanismo de mudança
56
R J.Kohlcnbcic c« «I.
proposto pela FAP - o responder contingente do terapeuta com reforçamente
natural para CRBs. Combinado com as linhas dc evidencia convergentes
revisa<las acima que apoiam os princípios da FAP. a racional da FAI, parece
forte. Ainda precisa ser demonstrado, contudo, que a FAP pode superar os
tratamentos dc easaios clínicos randomi/ados existentes. Esperamos que esse
capitulo possa inspirar pesquisadores a conduzir esses ensaios.
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Capítulo 3
Avaliação e Formulação de Caso
Jonathan W. Kanlcr, Cristal E
. Wecks
, Jordan T. Bonow, Sara J. Landes
,
Glcnn M. Callaghan, & William C. Follde(
A avaliação é si|snificaiiva apenas se afetaro que se faz na terapia (Hayes.
Nelson & Jarrct
, 1987). No caso da IAP
. a aval ia vão incide seu foco sobreos comportamentos clinicamente relevantes (CRHs) e sobre as variáveis a
eles relacionadas no curso da terapia, indicando as respostas que o terapeuta
deve dar aos comportamentos dos clientes
, no momento cm que ocorrem.
De todas as terapias que se interessam em intervir no funcionamento
interpessoal de pacientes atendidos cm consultório
, a FAP c a que mais
fortemente se relaciona com a abordagem analftico-comportamental.
Terapeutas que utilizam a FAP procuram definir funcionalmente os CRBs
,
reconhecem os principies comportamentais básico:.
, reconhecem também
as especificidades de cada caso c definem idcograficamente as melas de
tratamento para cada cliente. As formulações de caso da FAPsào dinâmicas
.
mod:ficando-se tanto a partir dos comportamentos do cliente quanto da
compreensão desses comportamentos por pane do terapeuta. As definições
dos CRBs levam em conta a história do cliente
, os problemas relatados
bem como comportamentos que ocorrem durante as sessões.
Embora a maior parte deste capítulo tenha sido escrita na linguagem da
análise funciona!
, ial linguagem não necessita ser utilizada com os clientes
.
Uma linguagem acessível ao cliente
, (incluindo frases como "abra seu
coração
"
, "diga a sua verdade
"
) é descrita em muitos exemplos deste livro,
apesar do fato dc que lai terminologia possa confundir muilos terapeutas.
Isto decorre do falo dc que terapeutas que utilizam ;i FAPunpregam termos
que são contextuais, funcionais c pragmáticos. Procuramos usar terminologias
que façam sentido para nosso cliente
, aumentem a intimidade na relação
terapêutica
, impulsionem o crescimento
, o aprofundamento c as mudanças
significativas. Um tratamento que possibilita o uso llcxivcl c funcional da
linguagem c um tratamento verdadeiramente funcional - em oposição a um
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SoioNCDuiiMM MrAn
.
 tlC 100«
62 J W. Kanlc: « al
tratamento que dogmaticamente insisto na utilização de terminologia
funcional. Este último é topograficamente funcional, mas nào
funcionalmente funcional. A linguagem flexível utilizada com os clientes na
FAP supõe uma análise funcional do comportamento do cliente. Tal análise
é o foco deste capítulo.
O Contexto da Avaliação
Assim como acontece cm muitas outras abordagens de tratamento, para
a FAP, um diagnóstico baseado no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico
dos Transtornos Mentais) nào é considerado uma estratégia de avaliação
suficiente. O diagnóstico por síndromes ou doenças sugere a aplicação de
pacotes de tratamentos específicos embasados empiricamente, mas não
informa sobre as intervenções especificas contidas no pacote isso requer
avaliação e formulação adicionais. Psicólogos proeminentes, tais como David
Barlow (Barilow, Allen & Coatc, 2004), Gerald Rosen e Gerald Davidson
(2003), recentemente chamaram atenção para a necessidade de que os
princípios empiricamente embasados se vinculem às estratégias especificas
de intervenção. A avaliação c a formulação de casos na FAP são simpáticas
a essa proposta, já que, embora a avaliação diagnostica continue sendo um
componente do processo, ela é fundamentalmente desenvolvida para indicar.
de modo direto, a formulação de caso e intervenções terapêuticas obictivas.
A FAP não prescreve um único meio de avaliação das variáveis. Clínicos
que empregam a FAP o fa/cm em uma série de contextos e com grande
variedade de clientes, e um componente intrínseco desta é o lítio de que as
estratégias de avaliação são adaptadas às necessidades próprias de cada
situação. De fato. alguns terapeutas que utilizam a FAP cm sua prática
clinica são conhecidos e procurados sobretudo por seu foco intenso no
relacionamento interpessoal íntimo. Em tais casos, nào é necessário realizar
umn grande quantidade de avaliações; ao contrário, cliente c terapeuta podem
rapidamente se voltar para a identificação dos CRBs relacionados aos
problemas interpessoais específicos do primeiro. Os terapeutas que empregam
a FAP também trabalham cm uma série de outros contextos, incluindo
residências de clientes com problemas de desenvolvimento, clinicas
comunitárias, universidades ou prisões. Nestes contextos, uma variedade
maior de problcmas-alvo pode ser encontrada c a avaliação provavelmente
será mais elaborada e extensiva, adaptada ao contexto e população
específicos. Este capitulo focará as estratégias de avaliação para indivíduos
que têm alto grau de funcionamento, como os tipicamente encontrados na
clinica privada. Os comportamenios-alvo neste contexto tende a envolver
dificuldades interpessoais c desordens relacionadas ao humor, ansiedade e
personalidade.
O processo de avaliação na FAP está indissociavelmentc relacionado ao
J Avaliação e FonmiUçio de Caso 63
tratamento c é parte do processo inicial de construção do relacionamento
entre o terapeuta e o cliente. Durante a terapia, o cliente e seu terapeuta
determinam
, cm conjunto, que comportamentos estão criando dificuldades
para o cliente em seu cotidiano. A natureza colaborativa do processo de
avaliação é uma das razões pelas quais a FAPé tid2 como uma intervenção
intensa. Em consonância com a FAP como um todo
, o processo de avaliação
permite que o terapeuta seja um ser humano genuíno, que não somente
reali/a uma avaliação visando ao seu resultado
, mas também expressa
interesse, preocupação c cuidado genuínos para com o cliente.
Unia Visão Geral da Avaliação Idiográfica Funcional
Avaliações na FAP são funcionais c ideográficas. Ao se conduzir tal
avaliação, é fundamental estabelecer uma distinção entre função e topografia.
A topografia de um estímulo ou comportamento c simplesmente aquilo que
parccc ser. Quando descrevemos o que as pessoas fazem, estamos nos
referindo geralmente á topografia ou á Ibi mn de seus comportamentos (e.g.,
descrevendo uma pessoa como "risonha" ou nomeando a repreensão ao
barulho de uma criança como "punição"). Na FAP, a análise topográfica é
menos útil clinicamente do que a descrição de sua função.
A função de um estímulo está relacionada ao seu efeito sobre o
comportamento (se o aumenta ou diminui, ou indica ocasião para a sua
emissão). Sc a criança continua a fazer barulho no futuro
, a repreensão
pode ter agido não como uma "punição", mas como uma "recompensa" (tal
atenção do pai teria funcionado como reforçador para o comportamento).
Similarmente
, a função de um comportamento é definida pelo efeito que
este lem no ambiente. Sc o comportamento for considerado no contexto de
seus antecedentes (as condições que precedem o comportamento) e
consequências (situações posteriores ao comportamento), esta formulação
sc toma mais clara. Com frequência, uma pessoa pode apresentar o mesmo
comportamento topográfico cm diferentes contextos, e este comportamento
pode possuir funções diferentes em cada um destes contextos. Por exemplo,
rir de uma piada pode ter a função de expressar alegria, ao passo que rir em
um funeral pode funcionar como esquiva de emoções negativas.
Ê importante notar que a função de um estimulo ou comportamento pode
nào corresponderá intencionada. Um individuo que expressa muita (ou pouca)
emoção na tentativa de estabclcccr contato com os outros
, pode, na realidade,
afastá-los. ou ter a sua tentativa de cumprimentá-los nào compreendida
corretamente
. Oferecer dinheiro ás pc>%oas depois que realizaram um
trabalho de caridade pode tomá-las menos dispostas a fazer trabalho voluntário
no futuro. Os comportamentos, tanto intra quanto cxtraconsultório. podem
ter funções bem diferentes das que o cliente intcnciona. Esta dissonância
64
J. W Kanicr cl »l.
cnlre a intenção c o efeilo geralmente causa confusão c angústia nos clientes
-co mesmo pode acontecer com os terapeutas! Assim, c essencial que
estes últimos reavaliem continuamente suas ações e vejam se elas estão
reforçando ou punindo o comportamento dos clientescomo esperado (ver a
Regra 4 no Capítulo 4).
O objetivo principal da avaliação comportamental é a identificação das
relações funcionais entre antecedentes, comportamentos e consequências.
liste processo, no entanto, pode ser muito difícil. Um comportamento pode
ser o estímulo antecedente de outro comportamento, o qual, por sua vez,
pode ser a consequência para o primeiro comportamento c o antecedente
para a emissão de um terceiro comportamento. É também vital reconhecer
que pensamentos e sentimentos, além dos estímulos externos, podem se
constituir em dicas para a emissão de comportamentos específicos. Existem
alguns equívocos quanto ao papel dos pensamentos c sentimentos nas terapias
de abordagem comportamental. Pensamentos c sentimentos não só têm
papel reconhecido na perspectiva behaviorista radical, como também são
considerados fatorcs importantes na avaliação do comportamento.
Pensamentos e sentimentos são vistos simplesmente como comportamentos
encobertos e, como tais, estão sujeitos às mesmas análises dos
comportamentos abertos - e, da mesma forma, podem atuar como dicas
comportamentais. Assim, quando conduzimos uma avaliação funcional, é de
vital importância analisar que função podem ter os sentimentos e
pensamentos que ocorrem imediatamente antes ou após um dado
com|K>rtamcnto.
Uma importante advertência que deve feita quanto às afirmações acima
c que o foco da FAP não csti na cxatidào de um pensamento ou sentimento
(como na Terapia Cognitiva), mas sim na função que estes podem exercer.
Consideremos um cliente que rumina enquanto exerce íúnçôes sociais, tendo
pensamentos do tipo 
"eu não tenho nada interessante para dizer, ninguém
vai querer conversar comigo...
"
. Um terapeuta cognitivo pode se reportar
aos pensamentos específicos que o cliente está desenvolvendo, c pedir a ele
para compará-los com a realidade (c.g., eu realmente não sou interessante?
será que os outros realmente não querem conversar comigo?). Por outro
lado, terapeutas que utilizam FAP podem descobrir que, enquanto o cliente
rumina, está evitando assumir quaisquer riscos interpessoais, tais como iniciar
uma conversa com outras pessoas ou conhecer alguém novo. Isto implica
que a ruminação do cliente poderia ter a função reforçadora negativa ou
de esquiva e sugere o uso de técnicas especificas de tratamento que rebatam
a função desse comportamento, independentemente do conteúdo dos
pensamentos ruminantes.
Avaliar relações funcionais entre variáveis muitas vezes requer repetidas
observações ao longo do tempo. Discussões sobre as intcraçôcs interpessoais
do cliente na sua vida diária (e.g., obtendo, assim, informação acerca dos
3 Avaliará» c iuiiimlde Cato 65
comportamentos do cliente c da situação) é um componente integral de quase
todos os tratamentos terapêuticos. Este processo permite que o terapeuta
observe o comportamento do cliente e as variáveis mais próximas que o estão
influenciando
. Durante tais diálogos, os comportamentos-probicma do cliente
rapidamente se tomam evidentes pais o terapeuta; no entanto, sua função
pode nilo ter ficado tào evidente. I' particularmente difícil identificar
, de modo
correio, as funções dos comportamentos do cliente se este fornece informações
imprecisas ou incompletas. Pode parecer óbvio que um cliente adolescente
que conta piadas cm sala dc aula o faz para obter aprovação social
, até que se
perceba que contar piadas o ajuda a se esquivar das tarefas cscolarcs
.
I cl izmente
, os terapeutas podem fazer observação d ircta dc como os clientes
interagem durante a scssào. Na FAP. presume-sc que o mesmo processo
funcional que ocorre com o cliente em seu cotkliano provavelmente também
ocorrerá na sessão
, embora possivelmente com topografia diversa. Assim, o
terapeuta é considerado uma parte indissociável dessas intcraçòcs. Uma fonte
importante de informação para a avaliação funcional emerge da observação
de ramo o cliente reage ao comportamento do terapeuta, cm uma variedade
de oca*ióes
. Com o decorrer do tempo, o terapeuta será capaz de formular
hipóteses acerca da função dc diversos comportamentos e estímulos
. Essas
hipóteses podem ser testadas ao longo da análise funcional
. Na FAP
, uma
avaliação funcional torna-se análise funcional quando o terapeuta.
sistematicamente
, manipula variáveis antecedentes c consequentes durante
as intenções com os clientes
, observa as mudanças previstas no
comportamento conforme elas ocorrem
, e compara essas mudanças com os
níveis de resposta prévios. Por exemplo, um terapeuta pode, propositadamente,
mudar seu tom de voz c a velocidade dc sua fala ao responder a uma expressão
emocional privativa dc seu cliente, como forma de descobrir o modo mais
reforçador dc responder a essas revelações.
Enquanto* |K*M|iiisa comportamental básica tem circunscrito a descrição
funcional dos comportamentos cm categorias, o principal objetivoda avaliação
funcional na FAP não é encontrar um rótulo técnico específico para o
comportamento do cliente, mas sim identificar as pistas internas ou do
ambiente externo que estão aluando para evocar e manter os comportamentos
desadaptativos desse cliente. O terapeuta busca organizar as ocorrências
do comportamento ineficaz, cm classes de respostas funcionais (e.g , evitar
intimidade) definida por eventos similares (c.g., busca do parceiro por
intimidade) que evocam e mantém (e.g., por meio dc reforço negativo)
aquelas respostas. Em essência, o terapeuta simplesmente busca identificar
os estímulos discriminativos e rcforçadorcs que definem funcionalmente os
c.xnprwu memo*-» Ivo
A chave para compreender o conceito dc classe funcional c o
reconhecimento de que há muitas formas possiveis de se atingir o mesmo
objetivo. Se diferentes comportiimentos têm o mesmo efeito
, diz-se que são
66
J. W. Kanter ci al.
dc uma mesma classe funcionáL Toma-se importante e contudo, difícil a
identificação de uma classe funcional, quando uma ampla gania dc topografias
de comportamentos com a mesma função, ocorre durante a sessão. Quando
isso acontece, pode ser bastante difícil, para o cliente e para o terapeuta,
reconhecer que uma única classe funcional pode ser responsável pelo
surgimento 011 manutenção de dificuldades interpessoais. Alguns
comportamentos aparentemente não relacionados emitidos polo cliente (e.g.,
discutir com o terapeuta, faltar às sessões, idealizar o suicídio), podem, na
verdade, ser dc uma mesma classe funcional (e.g., evitar aumento da
intimidade na relação terapêutica, quando a intimidade è aversiva para o
cliente). A identificação destes comportamentos como sendo da mesma
classe funcional provavelmente levará o terapeuta a respostas radicalmente
diferentes e mais efetivas.
O processo de identificação funcional c, fundamentalmente, condu/ido dc
modo ideográfico (e.g., de forma individualizada). Ilssa flexibilidade é um ponto
que distingue « FAP dc outras terapias padronizadas. Isto não significa, no
entanto, que o terapeuta não possa ter dois clientes com as mesmas classes
de comportamentos-alvo. Na verdade, muitos padrões de comportamento
interpessoal são frequentemente observados em clientes diferentes. Sc um
terapeuta FAP sistematicamente rcali/a a mesma formulação dc caso para
cada cliente, rccomcnda-se cauteia c consulta a fortes externas, lais
similaridades nào são pressupostas pela FAP, mas sim observadas por meio
da avaliação. A FAP não prescreve como lazer a formulação de um caso. Ou
melhor, a ênfase é colocada na realização, pelo terapeuta, de unia formulação
de caso que o conduza a escolhas de como responder quando comportamentos
clinicamente ou melhoras ocorrerem.
O processo dc avaliação funcional resulta no reconhecimento dos padrões
das classes funcionais que podem ser utilizados para organizar os CRIls dos
clientes e conduzirá formulação de caso. O processo de avaliação é um lauto
complexo,mas o produto é, na verdade, bastante simples. Uma possibilidade
para a formulação de caso por meio da FAP pode ser encontrada no Apêndice
A
.
 A formulação dc caso c um (breve) resumo da história das variáveis
relevantes, comportamentos cxtraconsultório(Os), que podem ser tanto relativos
aos problemas cosidianos (Osi) quanto ás suas metas (Os2), variáveis que
mantêm estes problemas no ambiente do cliente, os pontos fortes c habilidades,
CRBsl, CRBs2, planos dc intervenção e uma lista dos Tis (cotnporiamcntos-
problemas do terapeuta) c T2s (comporlamcntos-alvos do terapeuta), 
"
lodos
estes componentes para a formulação do caso serão descritos de forma
pormenorizada abaixo. Os T1 s e T2s serão descritos c elaborados no capitulo
8
, Supervisão c Desenvolvimento Pessoal do Terapeuta.
Informações adicionais podem ser acrescentadas à formulação de caso
quando outras modalidades estão sendo usadas cm conjunto com a FAP.
tais coino a incorporação das crenças irracionais quando sc usa a FAP para
3 Avaliaçio c Formulação dc Caso
incrementar a terapia cognitiva (Kohlembcrg, Kanter. Bolling, Parker &
Tsai, 2002; Kohlembcrg, Kanter. Tsai, no prelo) ou quando sc propõe o uso
da FAP para afetar comportamentos sociopolíticos (SPs) que são vistos
como problemas (SP I s) 011 dc avanço (SP2s), (Tcrry. Bolling, Ruiz & Brown,
no prelo).
Os terapeutas que utilizam FAP buscam mudar os comportamentos do
cliente focalizando o que ocorre durante a sessão
. Assim
, as variáveis listadas
na formulação do caso devem ser tão especificadas e operacionalizadas
quanto possível. Quanto mais claros os limites que definem o CRB1 e o
CRB2
, mais facilmente o terapeuta pode identificar c responder a estes
comportamentos. Ainda, a formulação do caso deve ser uma ferramenta
dinâmica
, cujo principal propósito é a identificação acurada das classes
funcionais
, permitindo, como resultado, a ocorrência das respostas mais
apropriadas por parle do terapeuta. Isso é possível mesmo quando um
comportamento corn a mesma topografia pertence a mais que uma classe
funcional
. Quando se descobre a função de determinados comportamentos
,
mais do que um tema poderá emergir. Isto nào significa que um tema c
errado e o outro é certo
, mas que uni comportamento pode possuir diferentes
funções em diferentes situações. Os clientes podem ter um repertório
comportamental limitado e. assim, c comum que um único comportamento
promova diferentes consequências.
A Avaliação no Decorrer tia Terapia
A avaliação é muitas vezes vista como precursora da terapia, mas em
um tratamento funcional como c a FAP
, ela ocorre continuamente durante
todo o processo c é bastante flexível. É um processo interativo e continuo
de revisão de hipóteses sobre o comportamento do cliente e sua função. O
processo dc avaliação c lormulação de caso c contínuo ao longo da Icrapia;
mudanças podem ocorrer dentro c fora das classes funcionais inicialmente
identificadas. Após o inicio do processo terapêutico, várias sessões podem
ser necessárias para determinar coo|xrrativamcnte as metas de tratamento
e apontar comportamentos-alvo ou classes dc resposta especificas. Por
exemplo, um cliente pode propor diferentes metas para o tratamento em
diferentes sessões. Após muitas semanas
, o terapeuta pode entender que a
melhor meta a ser definida é a indecisão sobre metas c podem ser necessárias
muitas semanas para que o cliente se tome consciente e concorde com a
mudança nos objetivos para o tratamento.
Após a definição dos antigos comportamentos c dos novos objetivos
comportamentais, repetidos processos de avaliação são necessários
, mas
geralmente são menos intensos. Cada vez que se alteram as metas
comportamentais, a formulação do caso também sc modifica evoluindo em
sintonia com as mudanças no repertório interpessoal do cliente e com a
68 J.
 W. Kaixer cl ai.
maneira como responde aos eventos do cotidiano, idcniifieados durante a
terapia. Os CRBs que inicialmente nào faziam parte do repertório do cliente,
terão de ser modelados no decorrer da terapia. Nessa situação, aproximações
relativamente grosseiras aoCRB2 ideal, podem ser consideradas um CRB2
e reforçadas inicialmente na terapia, mas poderão não ser consideradas um
CRR2 numa fase posterior, quando um comportamento mais adaptativo
tomar-sc parte do repertório do cliente.
Mais especificamente, a definição operacional de um CRB pode ser
modificada no curso da terapia, confonne os progressos do cliente. Por exemplo,
um cliente que não expressa suas necessidades durante o processo da terapia
pode di/cr, 
"está muito quente aqui hoje
"
. O terapeuta pode considerar esta
verbalização como uma pequena aproximação inicial da assertividadc, e
responder ofereccndo-sc para ligar o ar condicionado e discutir estratégias
alternativas para expressão de suas necessidades. Posteriormente, poderá
ocorrer dc o mesmo cliente nào ser reforçado ao apresentar uma verbalização
vaga como essa. Ao invés disso, o terapeuta pode responder dc forma a
provocar um pedido mais especifico do cliente. Procede-se da mesma forma
para novas classes de CRBsque os clientes apresentam de forma independente,
ao ampliarem seu repertório. Por exemplo, o caso dc um cliente que supera
sua di fi cu Idade de fazer revelações intimas e passa a fazer pedidos excessivos
ao seu parceiro amoroso,
Outras mudanças durante o processo de terapia também precisam ser
acompanhadas mais dc perto. A fase inicial da relação terapêutica pode evocar
uma classe diferente dos CRBs que já estarão estabelecidas no relacionamento
que ocorre na fase intermediária da terapia c, da mesma forma, a fase dc
término também evocará um CRB diferente. O medo dc abandono dc um
cliente pode evocar comportamentos inadequados em muitos outros
relacionamentos, mas este medo pode não ser eliciado até que o término da
terapia se aproxime, e por essa razão somente possa ser abordado como uma
meta terapêutica, nesse contexto. Alem disso, as metas do cliente podem se
alterar verdadeiramente no decorrer da terapia, quando há mudanças nas
situações ambientais. Os Ols/CRBlssâo sucessivamente identificados e os
02s /CRB2s tomam-sc parte do repertório do cliente. Por exemplo, após do
medo dc conversar com novas pessoas, o cliente pode começar a focar na
melhora dc relacionamento» amorosos recem-iniciados. Os objetivos podem
mudar dc lacunas no repertório verbal, para expressões pessoais que poderão
melhorara intimidade.
Táticas na Prática da Formulação de Caso
As considerações gerais descritas acima descrevem os princípios conceituais
que orientam a formulação de um determinado caso. Km termos práticos, a
FAP depende do estabelecimento rápido dc um relacionamento intenso e
importante com o cl icnte. Dessa forma, o longo período dc coleta de informações
, Avaliação « f ormulação dc Caio 69
que existe na terapia tradicional geralmente nào e necessário. A FAP reconhece
que há muitos caminhos para a realização de metas, e isto se aplica tanto a
clientes quanto a terapeutas. Alguns terapeutas são hábeis para formular hipóteses
que são facilmente mudadas a partir das novas informações
, enquanto outros
terapeutas são mais sistemáticos em suas estratégias de organização de dados.
Independentemente da abordagem, a avaliação pode ocorrer dc uma maneira
que intensifique o relacionamento terapêutico. Como dito acima
, a FAP não
impõe os meios para a formulação do caso
, mas enfatiza o desenvolvimento dc
um trabalho que deve conduzir as respostas do terapeuta aos CRBs do cliente.
Assim, a meta da avaliação é que a formulação do caso contemple a história dc
vida relevante do cliente
, comportamentos fora da sessão c CRBs. Há inúmeras
estratégias para se avaliar informalmente estas variáveis
.
História de Vida
Alguns clientes, se não a maioria
, apenas se sentirão completamente
compreendidos se puderam relatar (geralmente dc formacronológica), suas
crenças ou trajetórias dc vida ate a presente situação. Embora o relato
dessas histórias possa não ser necessário para o terapeuta atuar com sucesso,
isso pode habilitá-lo a aprender a linguagem preferida pelo cliente e
rapidamente ter informação dc como melhor indicar sua compreensão,
entendimento c abordar a mudança.
Em algumas situações, os detalhes desta narrativa podem ser utilizados
dirctamente na formulação do caso, como quando o cliente repete instâncias
dc comportamentos-problcma específicos (e.g., fazer pedidos excessivos
no relacionamento). Alguns clientes podem ser capazes de descrever as
variáveis que afetam seus próprios comportamentos (e.g., similaridades entre
situações que produzem ansiedade e levam à esquiva). Nestes casos
, o
cliente poderá ajudar o terapeuta a identificar as classes dc CRBs
.
Quando se eoletam estes dados, é importante ter em mente que as variáveis
que mantêm os comportamentos podem não ser as mesmas que modelaram o
comportamento inicialmente (e.g., comentários sarcásticos de um cliente que
originalmente tinham a função dc ganhar atenção e serem engraçadas perante
os pares, mas que posteriormente foram mantidos pelo distanciamento daquele
cliente cm relação aos demais). Além disso
, o comportamento pode ter sido
mantido por esquemas dc reforçamentoou punição, nos quais as consequências
tinham
, inicialmente, níveis elevados e hoje ocorrem em níveis mais baixos
, ou
vicc-vcrsa (e.g., um cliente que, quando criança, foi fisicamente abusado
repetidamente por seu pai), lais histórias determinam regras verbais que são
emitidas nas situações correntes e determinam comportamentos
. Essas regras
podem anular dicas presentes em um ambiente para emissão dc
comportamentos socialmente mais adequados, resultando em um fraco controle
do ambiente atual c em comportamentos inadequados. No entanto
, é bastante
70
J. W. Kanici ci a!
comum que os clicuics sejam inábeis para descrever a
dequadamente seus
comportamentos e as variáveis de controle. A interpretaç
ão incorrcta pode
ser, em si mesma, uma meta para a terapia.
Por fim, da mesma forma que a FAP é uma abordagem terapêutica que
almeja alcançar a mudança de comportamentos present
es
,
 a avaliação de
variáveis históricas (incluindo história da infância) po
de ter um importante
papel na identificação de comportamentos-alvo e suas
 funções. No entanto,
com a FAP o foco do terapeuta em eventos passa
dos se dá apenas para
entender os comportamentos e relacioname
ntos atuais do cliente, uma vez
que "insighrs" do passado não sào o objetivo final na FAP.
De forma consistente com a discussão acima, o Apêndice B inc
lui um
"Questionário Prelim
inar FAP de Informações do Cliente", que c uma
ferramenta para terapia que pode ser enviada via e-mail ou pelo corr
eio para
o cliente, antes da primeira sessão. O questionário pede um resu
mo detalhado
dos eventos de sua vida, uma descrição dos seus pontos positivos c negat
ivos,
as metas para a terapia e quaisquer outros fatores ou eventos r
elevantes que
devam ser conhecidos pelo terapeuta. A informação disponibilizada desta
maneira pode ser discutida durante as prime
iras sessões de psicoterapia.
Inúmeras questões podem ser utilizadas para levar os clientes a
disponibilizarem informações importantes sobre suas histórias 
de vida, desde
que a função de tais questões seja relevante. Perguntas que 
não tenham
propósitos terapêuticos (e.g., avaliação ou e
struturação de relacionamentos)
são. neste momento, uru desperdício de oportunidade paia pergun
tar algo
relevante. Cabe ao terapeuta dccidir se a questão provave
lmente irá atingir o
objetivo desejado. Isto pode ser dc difícil definição no
 inicio da terapia c, deste
modo, as questões ;i seguir seriam 
"questões padrões
"
, que os terapeutas que
utilizam FAPpoderiam uiilizur para avaliara h
istória de vida dos clientes:
 Qual e. em sua opinião, seu maior problema nos seus 
relacionamentos?
 Quando começou sua dificuldade em construir c manter relac
ionamentos?
 Você teve algum relacionamento importante no passa
do?
 Existiram momentos em sua vida cm qu
e suas dificuldades de
relacionamento foram maiores ou menores?
Melas e valores'
A avaliação funcional c frequentemente vista como um processo
 tedioso
e técnico. Com a FAP, não é este o caso. Um dos recursos que valida a
avaliação é iniciá-la com uma discussão com o cl
iente acerca de suas metas
e vaiorcs. A maioria dos terapeutas inicia com uma d
iscussão acerca das
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3 Avaliação e Formulação de Caso 71
metas dos clientes, descrevendo o que estes esperam do tratamento e da
vida. A FAP considera este ponto da avaliação, de grande importância, uma
vez que a meta da FAP não c a redução dos sintomas do cliente, mas ajudá-
lo a agir cm direção às suas metas para, assim, desfrutarem de uma vida
produtiva, significativa c completa. Tudo na avaliação depende da definição
destas metas dc vida.
Quando conduzidas desde o início da terapia, a identificação c o
esclarecimento dos vaiorcs descritos pelo cliente poderão ajudá-lo no processo
terapêutico dc três formas. Primeiro, promover discussão sobre esperanças e
sonhos do cliente pode dar início à construção dc um relacionamento
terapêutico, assim como permitir, ao terapeuta, reforçar-lhe as tentativas durante
o processo dc mudança. Segundo, o esclarecimento dos vaiorcs pode auxiliar
na identificação de quais estímulos têm função naturalmente reforçadora para
o cliente, e isso pode permitir, ao terapeuta, responder às mudanças de
comportamento do cliente de forma mais significativa (c.g., reforçando
funcionalmente CKB2s). Alem disso, comportamentos que estão em harmonia
com os valores do cliente possuem maior probabilidade de serem reforçados
automaticamente, tal como acontece quando um cliente se sente bem ao emitir
comportamentos que estão dc acordo com aquilo que ele próprio valoriza. Um
valor que está claro para o cliente pode funcionar como uma operação
estaoclcccdora ou motivacional fortalecendo um comportamento de seu
repertório. Quaisquer contingências de reforçamento adicional que tenham
sido arranjadas podem atuar como 
"a cereja do bolo
"
 para o fortalecimento
do comportamento no decorrer do tempo. Terceiro, c o mais importante, seria
verificar se os valores do cliente fornecerão uma direção mais consistente
para a terapia. Discussões sobre vaiorcs criam contextos para as metas do
cliente c proporcionam, ao terapeuta, informações úteis sobre quais
comportamentos-alvo deveriam receber mais atenção, serem melhor
trabalhados.
São muitos os métodos para o esclarecimento dos valores do cliente.
Um deles é realizar questões sobre sua vida, inetas e sonhos. Estas podem
incluir
° O que você vc como seu self /eu ideal?
. Se dinheiro não fosse um problema, o que você gostaria dc fazer de sua
vida?
= Se você tivesse uma varinha mágica que pudesse mudar o que quisesse,
como você gostaria que fosse sua vida?
 Quem você admira c o que admira nesta pessoa?
Outro método e fazer com que o cliente sc engaje em automonitoria. Isto
pode ser realizado informalmente, perguntando-lhe o que ele faz para se
divertir ou
,
 utilizando-se uma abordagem mais dircta, pedir aos clientes para
72
J
.
 W Kmler «.« al.
colctarcm dados sobre suas atividades diárias. Um lercciro proccsso que
pode ser utilizado para auxiliar o clienle a identificar seus valores seria levá-
lo a realizar exercícios cxperienciais, tais como o exercício do funeral, usado
pela Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT; Haycs, Strosahl, & Wilson.
1999). Neste exercício, o cliente é levado a imaginar os elogios prováveis ou
aqueles que gostariaque fossem ditos cm seu próprio funeral. Este proccsso
pode levar o cliente a perceber o que realmente importa para ele.
O "Rápido retrato da vida" (Apêndice C) c outra forma de definire explorar
os valores individuais. No "Rápido retrato da vida
"
, pcdc-sc inicialmente ao
cliente que avalie o quão importante para ele são os vários valores citados c
depois o quão satisfeito ele está com os seus comportamentos relacionados a
este valor. Essencialmente, isto pode ser visto como uma elaboração (embora
mais flexível c inclusiva do que a verbalização dos valores da FAP) do
Questionário de Valores Vitais (VLQ) utilizado pela Terapia de Aceitação e
Compromisso (Wilson & Groom, 2002). Cada uni destes questionários ê uma
forma rápida de avaliar os valores c progressos do cliente em diferentes
dimensões de vida. sendo que ambos podem ser usados no inicio do tratamento
e no decorrer da terapia.
Finalmente, a declaração de missão é uma valiosa ferramenta que pode
agir para lembrar os clientes de seus valores c levá-los ao engajamento cm
comportamentos mais adaptativos orientados para seus valores (ver Capitulo
9). Uma declaração de missão pode ter diferentes formas, simplesmente
descrevendo como c onde o cliente se vi no futuro, utilizando-se de poesia
sobre valores e metas que o cliente deseja alcançar. Estas declarações agem
como regras para os clientes, os quais podem se engajar em comportamentos
que considerem estar de acordo com as metas estabelecidas por eles mesmos.
Comportamento Fora da Sessão (Os)
Outra importante área de avaliação para a FAP são os comportamentos
do cliente em ambiente natural (Os), tanto problemáticos (Osi), quiinto
positivos (Os2). No inicio da terapia, a investigação de tais comportamentos
pode prover informações importantes para a formulação inicial do caso. No
decorrer da terapia, a avaliação dos comportamentos do cliente fora da
sessão poderá ser utilizada como indicador de generalização dos repertórios
comportamentais modelados pelo terapeuta em sessão.
Comportamentos Clinicamente Relevantes (CRBs)
A identificação de CRBs geralmente ocorre durante as sessões da terapia.
Como mencionado anteriormente, partindo-se da premissa de que o
relacionamento terapêutico poderá evocar comportamentos que o cliente
apresenta cm seu dia a dia, considera-se que as reaçôes do terapeuta podem
espelhar as reaçôes dos amigos, familiares e demais pessoas significativas
3 Avtiluçjo c Fnmiiiliivão dc Caso
73
da vida do cliente
. Se o terapeuta tiver uma reação intensa a um
comportamento do cliente, especialmente se este ocorrer mais de uma vez
,
ele pode ser um CRB. Para testar esta teoria
, o terapeuta deve fazer
perguntas que o ajudem a confirmar ou não esse comportamento como um
CRU c também avaliar a sua função naquele momento. Para tal processo, é
crucial que o terapeuta seja habilidoso na identificação precisa dc suas
próprias respostas emocionais. Ele deve estar totalmente consciente c focado
na relação terapêutica
, durante toda a sessão para ser capaz dc identificar e
localizar as interaçflcs que se constituem cm CRBs
. Ainda
, os terapeutas
precisam estar conscientes das idiossincrasias das suas histórias dc vida
que podem levá-lo às reaçôes emocionais não generalizáveis
.
 Em outras
palavras, o terapeuta precisa estar seguro de que sua resposta pessoal ao
comportamento do cliente c funcionalmente similar às que ocorrem com as
pessoas importantes que fazem parle da vida do cliente.
O terapeuta não precisa avaliar os CRBs privadamente. Ao invés disso,
muitas vezes é realmente útil perguntar diretamentc ao cliente sobre seus
comportamentos, para aferir se eles são importantes. Exemplos dc tais
questões incluem:
 Como você está se sentindo agora?
" O aconteceu agora, entre nós, que o fez sentir-sc desta maneira?
. O que você espera de seu relacionamento comigo?
 O que em mim o frustra?
" Parcce-mc que vocc está chateado (a). O que isso tem a ver com o que
aconteceu entre nós?
Paralelos dentro e fora da sessão: Os CRBs identificados por meio da
interaçio dircta com o cliente deveriam ser discutidos em sessão com o
objetivo de determinar se os mesmos apresentam a mesma função no
ambiente fora da sessão terapêutica. Pode-se compreender este proccsso
como uma avaliação "dc dentro para lora" na qual o terapeuta considera
suas próprias respostas ao cliente a cada momento e como ele se sente na
interaçio com o cliente durante a sessão
. O objetivo deste processo é
especular e identificar Os (comportamentos fora da sessão) baseando-se
na ocorrência in-vivo dc CRB. liste processo demonstra que a I Al" não
pretende induzir o cliente a comportar-se de maneira mais efetiva até mesmo
porque as técnicas da FAP deveriam ser descritas explicitamente
, e a mudança
dc comportamento deveria implicar na colaboração entre cliente e terapeuta,
com o objetivo dc alcançar as inetas do cliente
. Por exemplo, um terapeuta
pode dizer:
O que você acabou dc fazer eslá lendo um cfciio em mim
. Gostaria dc sabei *c você
já pcrccbcu te oulras pcs.voas reagem da mesma maneira Estou lentando determinar
74
J
.
 W. KiDt« et «1
SC minha reaçSo c cspectiica paru mim ou nlo; ou w seria interessante para nós
discutir sobre isio mais dc«alhad*menle.
Paralelos dc fora para dentro: A avaliação dc CRBs também pode
ocorrer como um processo 
"de fora para dentro", começando como uma
discussão da ocorrência dos Os com um cliente. Neste método. Os (baseados
nas metas do cliente) sào primeiramente identificados, e então, exemplos
desses Os (CRBs) podem ser especulados, avaliados c discutidos com o
cliente. Alguns exemplos são:
 Isto acontece ou já aconteceu aqui?
" O que acontece entre você c seu companheiro (a) já aconteceu aqui,
entrenós?
 Isto é igual ao que aconteceu quando você e cu tivemos aquele
desentendimento c você ficou realmente muito quieto (a)?
. Ru faço você sentir-sc da mesma maneira também?
. Você me vê de forma semelhante ao seu marido (esposa) dc alguma
maneira?
Paralelos "de dentro para fora
" c "de fora para dentro" que relacionam
comportamentos ocorridos em sessão com comportamentos que ocorrem fora
da sessão de maneira especifica, além de terem unia função de avaliação,
também podem auxiliar no processo dc generalização (como referido na regra
5 no Capitulo 4). Certamente os processos dc avaliação dos Os / CRBs c
descrições funcionais dos mesmos estão intrinsecamente relacionados, fazendo
(.(Mil que o terapeuta que utiliza I AP refina continuamente sua compreensão
sobre o comportamento do cliente por meio das tentativas de avs!iá-k> e
descreve-lo funcionalmente.
Avaliação dos Antecedentes, Repertório Comportamental e
Consequências
Como dito anteriormente neste capitulo, a avaliação na l-AP enfoca a
identificação de classes de respostas funcionalmente definidas, instâncias
individualizadas que podem ser tanto Os como CRBs. Realizar uma definição
funcional requer uma análise dos antecedentes e das consequências do
comportamento, além do repertório comportamental por si só.
Antecedentes: para cada classe de problemas, os terapeutas primeiro
avaliam sc aqui há um problema como. por exemplo, se o cliente tem falhas
paru identificar quando um determinado comportamento especifico deve ser
emitido. Será que ele reconhece ou discrimina as situações apropriadas
(antecedentes) nas quais, caso emitivse um comportamento de uma determinada
classe, podena chegar a um resultado previsto? Para clientes com dificuldades
dc expressar intimidades, a primeira questão dc avaliaçilo lógica é determinar
J Av»lj»tio C FormuUclo de Caso ?J
se cie reconhece as ocasiões apropriadas para fazê-lo. Independentemente
dc como alguém expressa intimidade
, a avaliação do momento C*ftmm£~) é
dc fundamental importância. Por exemplo, um relacionamento que poderia
ser promissor poderia ter seu caminho interrompido se alguém dissesse: "cugostaria que você fosse mãe dos meus filhos"
, já no primeiro encontro
.
 Antes
dc iniciar a terapia com o objetivo de estabelecer um repertório para expressarintimidade
, o terapeuta precisa avaliar sc o cliente reconhece condições
apropriadas para apresentar tais comportamentos e, sc ele não o faz
, deve
primeiramente promover o desenvolvimento dc tal discriminação.
Repertório de respostas: em seguida, a meta da avaliação é verificar a
adequação ou presença dc problemas com o repertório dc respostas, em si.
Isto pode ser difícil
, uma vez que requer, do terapeuta, a avaliação da diferença
entre função e topografia discutidas anteriormente. Em alguns casos, o
terapeuta pode decidir que o cliente não possui certo tipo dc repertório
adequado, simplesmente porque ele adota comportamentos diferentes
daqueles que o terapeuta usaria para atingir os mesmos fins. Por exemplo,
terapeutas geralmente sào rápidos ao identificar problemas dc expressividade
emocional. Isto é
, de fato, um problema clinico comum
, mas pode ser
diagnosticado inapropriadamente. Terapeutas (e alguns de seus amigos)
geralmente discutem sentimentos com muita facilidade
... Sc o cliente não o
faz usando os mesmos termos e tópicos que são familiares ao terapeuta, ele
pode dizer que há ai um problema clinico
. A questão real na avaliação
, noentanto
, é se os comportamentos que o cliente utili/a para expressar afeto
são efe ti vos com as pessoas de seu ambiente atua! ou desejado. É vital para
o terapeuta ser consciente dos efeitos do comportamento que o cliente emite
na tentativa de atingir uma determinada meta
, particularmente para aqueles
que podem ser diferentes dos que o terapeuta apresenta
, mas que sào
amplamente aceitos cm muitos grupos sociais.
Embora seja preciso o cuidado acima mencionado, repertórios dc resposta
da maioria das classes de interação social sào um problema clinico frequente.
Apesar de o último critério para se julgar a adequação de uma classe funcional
de comportamentos seja sc eles levam às metas desejadas pelo cliente,
existem maneiras comuns pelas quais esses repertórios falham cm seu
funcionamento adequado
. Um cliente pode apresentar um déficit
comportamental por não apresentar, nas condições adequadas, qualquer
comportamento ou comportamentos suficientes para atingir o nível de
reforçamento desejado. O cliente pode falhar cm pedir (ou pedir sutihncntc)
mudanças aos outros. Neste caso. presume-se que o repertório de pedir
mudanças de comportamentos dos outros nunca foi aprendido
apropriadamente, dc tal forma que as pessoas da vida do cliente não
reconhecem quando cie está solicitando mudanças.
Um cliente também pode ter dificuldades pela emissão de "excessos"
comportamentais
. Ele pode ser muito autocentrado
, demandando muita
atenção ou segurança, obediência ou dominando as conversas
. Cada um
J. W. Knntcf cl III
destes ou oulros cxccssos comportamentais pode inibir as interações sociais
correntes ou o desenvolvimento de intimidade. Dc uma forma bastante
simplista, muitos problemas clínicos podem ser formulados tanto como
excessos como quanto a dcficits comportamentais. Cada um destes padrões
pode afetar a obtenção do reforçamento social desejado pelo cliente.
Outro nível de complexidade que c familiar a muitos terapeutas ê a
formulação dc alguns problemas comportamentais pelas funções interpessoais
que têm cm comum, como por exemplo, a de 
"esquiva
" a determinadas
classes de consequências. Anteriormente neste capitulo, exemplos de
respostas dc esquiva foram dados, como de falta às sessões, raiva, lala
suicida ou elogios excessivos. Todos estes comportamentos podem ter a
função dc evitar o aumento na intimidade. Comportamentos de esquiva,
quando emitidos, previnem ou evitam determinadas consequências. Um
repertório comportamental geralmente disfuncional 6 o de respostas dc
"fuga", que fazem cessar algum estado presente. Algumas vezes, estas
respostas de fuga sào sutis, como quando o cliente di/ "Oh, eu me esqueci
de mencionar que eu tenho que sair da sessão mais cedo hoje para pegar
meu filliu!" Outras vezes, a topografia pode ser bastante diferente, como
quando o cliente se recusa a conversar ou fica irritado com o terapeuta da
mesma forma que ficou com seu cônjuge na tentativa dc se desvincular de
uma situação. Exatamentc de que consequências o cliente está fugindo ou
se esquivando não c algo sempre óbvio.
Consequências: o último fator a ser avaliado c se o repertório interpessoal
do cliente está sob controle dc consequências apropriadas. A questão de
avaliação c: quando um comportamento adequado é emitido, ele é
apropriadamente reforçado pelo ambiente dc tal forma que ha probabilidade
de que será emitido novamente, nas mesmas circunstâncias ou em
circunstancias semelhantes? Algumas vezes, pessoas significativas do
ambiente não reforçam apropriadamente um comportamento, e o cliente
pode optar por emitir este comportamento mesmo assim ou por expandir
seu círculo social, dc forma a incluir pessoas mais reforçadoras.
Estruturação da Formulação de Caso Utilizando o
Formulário dc Avaliação Idiográfica Funcional (FIAI )
Se o método dc avaliação desestruturado como ocorre geralmente, e
que foi acima descrito, não for atraente aos terapeutas que utilizam I AP. é
possível realizar um processo de avaliação semicstruturado baseado no
Instrumento dc Avaliação Funcional Idiográfica (Functional Idiographic
Asscssment Template-FIAI. Callaghan. 2006). Como tem sido enfati/ado,
a avaliação c fomiatada sob medida para cada cliente Da mesma forma.
alguns dcficits apresentados por alguns clientes são encontrados nos outros.
O FIAT, uma entrevista estruturada, sugere meios que podem ser usados
3 Avalijçko e Formuluvâo ite Caso
77
para formular um caso, baseados nas metas que são recorrentes em terapia.
O FIAT c uma tentativa dc definir áreas em que sc tem verificado problemas
dc forma recorrente c prover uma estrutura para interpretar as interações
sociais complexas que sào frequentemente metas da terapia.
Apesar do FIAI não estar firmemente estabelecido como uma abordagem
definitiva de identificação dos Os/CRBs e determinar uma formulação dc
caso
, também c uma forma de fazé-lo
. O FIAT c um sistema em continuo
desenvolvimento
. Terapeutas que procuram treino adicional com o FIAT
devem contatar o Dr
. Grccn Calaghan (no web site da FAP: http://
www.lapthci aphv.coni/) Aqui o FIAI* será brevemente resumido
, como forma
dc incorporá-lo à FAP.
Para iniciar o processo dc avaliação e entrevista do FIAT
, o terapeuta
deve responder com o cliente todo o questionário FIAI (FIAT-Q. Calaghan.
sessão. O FIAT-Q é um inventário composto por 117 questões dc autorrclato
que fornecem uma avaliação das cinco classes do FIAT (asserção dc
necessidades
, comunicação bidirecional
, conflitos, revelação e proximidade
interpessoal, experiência e expressão emocional; ver a seguir, de forma mais
detalhada a descrição dc cada classe). O preenchimento do questionário
antes do início da terapia pode ajudar a guiar a discussão sobre as metas do
cliente e as demais informações que devem ocorrer na primeira sessão.
Posteriormente
, como ilustrado no Capitulo 4. o terapeuta poderá fazer uso
terapêutico do FIAT-Q. enquanto apoio na identificação dc potenciais CRBs.
Idealmente
, o terapeuta deve revisar o FIAT-Q para definir o que focar
na entrevista do FIAT
, a qual pode ser feita na primeira ou segunda sessão.
Não há orientações, normas ou escores dc corte para o FIAT-Q. Assim, o
terapeuta pode usar a informação obtida por meio do FIAT-Q de modo
flexível. Por exemplo, por meio do FIAT-Q, um terapeuta pode observar
que uma determinada classe dc comportamentos parece não estar causando
dificuldades para o cliente. Sabendo disso, o terapeuta não precisa discutir
esta classe cm profundidade, embora obter um resumo geral dela possa ser
útil para avaliar a veracidaded3S respostas ao FIAT-Q. Desta forma, o
terapeuta pode escolher focar apenas aquelas classes identificadas pelo
FIAT-Q que parcccrcin dai uma distinção da severidade dos problemas
entre as classes
.
 De modo alternativo
, o terapeuta pode verificar as respostas
do FIAT-Q com escores mais altos c reavaliá-las com o cliente
.
O FIAI consistc em uma entrevista pré-definida c formulada para accssar
classes de comportamentos interpessoais maiores
, utili/ando-sc de questões
estruturadas de forma similar às descritas anteriormente
.
 As cinco classes
definidas pelo FIAI geralmente produzem formulações de caso úteis
.
 Cada
classe requer que o terapeuta c o cliente discutam questões que produzem a
análise dc antecedentes
, repertório dc comportamentos c consequências.
As questões pedem ao cliente que se lembre das instâncias especificas de
y w. Kioicf « «.
ocorrência do comportamcnto-problcma, em seu dia a dia ou usa as
observações do terapeuta sobre os comportamentos que ocorrem ao vivo.
As informações obtidas por meio destas questões de avaliação são definidas
para ajudarem diretamente na formulação do caso e informar qual será o
curso da terapia.
Como foi detalhado no manual do FIAT, ele contêm uma amostra das
questões que o terapeuta pode utilizar com o cliente, tanto no período dc
avaliação inicial quanto ao longo da terapia. Estas questões primordialmente
enfocam os comportamentos cxtraconsultório e as respostas do cliente a estas
questões geralmente informam quais sào os Osi s c Os2s que podcrào constituir
o foco do tratamento. O terapeuta deve responder As questões que sào
destinadas somente ele. depois de interagir com o cliente. Bstas questões
ajudam a determinar a presença de problemas dc comportamento in-vivo.
durante o período da avaliação e ao longo da terapia. Ao responder a estas
questões, o terapeuta pode identi ficar a <li mensào dos comportamentos ocorridos
cm sessão - como também suas próprias respostas ao comportamento do
cliente.
A primeira classe dc problemas definida pelo FIAT, a Classe A. é composta
por problemas relacionados à expressão de necessidades. Isto pode implicar
uma falha do cliente em especificar, requerer ou reconhecer uma necessidade
interpessoal. Questões de avaliação para esta classe podem incluir:
» Você sente que as outras pessoas podem satisfazer as suas
necessidades?
 Suas necessidades são satisfeitas tão logo vocc as tem ou
posteriormente?
" Você acha que tem habilidade para pedir aos outros que satisfaçam as
suas necessidades?
Questões dc avaliaçào para o terapeuta nesta classe incluem:
 O cliente tem problemas em fazer com que suns necessidades sejam
satisfeitas?
® Há momentos em que o cliente tem problemas cm fazer com que suas
necessidades sejam satisfeitas durante a sessão?
 O cliente é capaz de / consegue fazer pedidos ao terapeuta?
A Classe B abrange uma ampla gama de problemas relacionados com a
comunicação bidirccional. Isto inclui falhas cm observar ou descrever o seu
impacto nos dctiuis. ser insensível às consequências interpessoais, não
discriminar as necessidades dos outros, oferecer fecdbacks punitivos aos
demais, fazer uma leitura equivocada dos sinais (de comunicação), entrar
3 Avaliação e Focmulaçio áe Cato 79
em discussões intermináveis ou
, ainda, fugir ou esquivar-se dc importantes
classes dc comunicação. Dentre as questões feitas ao cliente para a avaliação
desta classe cncontram-sc:
» Vocc se sente capa/ dc perceber o impacto que você causa nos outros?
Sc sim
, como você acha que eles o percebem ou se sentem ii seu respeito
quando vocês estão interagindo?
 Como vocc descreveria este impacto?
. Você tem consciência ou percebe quando os outros estão lhe dando um
feedback sobre seu comportamento?
Questões de avaliação desta classe, para o terapeuta, abrangem:
. O cliente é capaz dc discriminar quando ele afeta o terapeuta durante a
sessão?
 O cliente valoriza o feedback dado pelo terapeuta?
. A importância que o cliente dá ao terapeuta é consistente com a natureza
ou o desenvolvimento da relação terapêutica?
A Classe C se refere a problemas com conflitos
. Novamente, há muitas
fontes de dificuldade para análise dos antecedentes
, comportamentos ou
consequências. O cliente pode discriminar o conflito quando nào for essa a
intenção, (c.g., ser.do excessivamente defensivo), ter um repertório agressivo
ou passivo, pode achar aversiva uma resolução adequada dc problemas ou
também considerar tal resolução como um indicador de um problema maior
do que considera a outra pessoa envolvida na conversa
. Questões dc
avaliação para o cliente nesta classe incluem:
 É normal ocorrer conflitos entre você e outras pessoas com as quais
você está se relacionando?
 Você snbe quando o conflito está acontecendo entre você e outra pessoa?
 Você lendc a ceder aos outros facilmente caso haja conflitos, aceitando
a posição ou ponto dc vista deste, mesmo que não concorde com isto?
Questões dc avaliação para o terapeuta:
 O cliente se envolve cm algum tipo dc interação conflituosa com o
terapeuta durante a sessão?
 O cliente está consciente de que um conflito está ocorrendo durante a
sessão?
O cliente reconhece que conflitos podem ocorrer entre ele c o seu
terapeuta?
80
J. W. Kinicr cl ai.
A Classe D inclui problemas com revelação c intimidade. Excessos ou
déficits são características de destaque nesta classe, alem de problemas em
discriminar ocasiões apropriadas para fazer revelações. Os clientes podem
sentir-se incapazes ou inseguros em nomear os sentimentos c as emoções
que querem expressar aos outros, ou podem se equivocar sobre o significado
de revelações que outras pessoas possam expressar. Nas questões de
avaliação para o cliente nestas classes inclucm-se:
 Vocc tem tido um melhor amigo ou que você poderia dizer que próximo,
intimo?
. Você possui relacionamentos próximos, pessoas de quem você é amigo,
ou com quem você conversa sobre o que está fazendo / acontecendo
com você?
 Você valoriza ou sente que os relacionamentos íntimos sào importantes
para você?
Questões de avaliação para o terapeuta, nesta classe, incluem:
 Há evidências de que o clicnte deseja ou necessita de uma relação
terapêutica próxima?
 O cliente fala sobre si mesmo ao terapeuta durante a scssào?
. O cliente reconhece que o terapeuta é alguém participante na interaçào?
A classe F. incorpora problemas com cxpencncia emocional ou sua expressão.
Dentre os problemas relevantes para esta classe, cncontram-se as dificuldades
em discriminar o ambiente, nomear adequadamente uma emoção ou até mesmo
estar consciente de que tal expressão emocional c esperada ou apropriada. A
habilidade para nomear ou verbalizar emoções apropriadamente requer uma
complicada e longa história de aprendizagem, incluindo um ambiente que auxilie
c ensine a discriminação emocional. O desenvolvimento de tratamentos recentes,
talcomoa.ACT (Haycsetal.. 1999) considera a esquiva emocional um obstáculo
significativo para iniciar ima mudança comportamental. A TAP também promove
um ambiente seguro no qual os clientes podem expcrienciar emoções complexas,
enquanto se envolvem em relacionamentos nos quais podem aprender a nomear
corretamente suas emoções. Questões de avaliação do clicnte, nesta classe,
incluem:
. Você é capaz de perceber suas reações emocionais quando elas ocorrem?
 Você 6 capaz de distinguir os diferentes tipos de experiência emocional
que possui?
 Você dá dica* para as pessoas sobre o que está sentindo ou quando está
passando por uma emoção?
3 Avalimçio r Fonnul io <Jc C*so
81
As questões dc avaliação para o terapeuta nesta classc são:
" Este clicntc tem problemas cm expressar suas emoções?
" O cliente c capaz dc identificar quando tem uma experiência emocional?
. O clicntc identifica o terapeuta como alguém com que possa compartilhar
suas emoções?
O FIAT apresenta dificuldades específicas. Atémesmo na breve
discussão acima
, fica claro que as classes podem sei complementares e
sobrepostas. Elas incluem uma ampla gama dc comportamentos do cliente,
mas não sào exaustivas e nem são as únicas abordagens para separar os
problemas climcos. O leitor deve reconhecer a importância da estratégia
utilizada para identificar o comporíamcnto-problcma na riqueza do contexto
em que ocorre. A formulação do caso não pode ser feita sem levar cm
consideração as circunstancias em que o problema ocorre ou devena ocorrer
,
a qualidade da resposta comparada a meta do clicnte (e a apropriação da
meta do clicnte) c os evento» que oconem após a resposta, que fazem com
que o comportamento se torne mais ou menos provável de ocorrer novamente
,
em circunstâncias similares futuras
. Ate o momento cm que este texto foi
escrito
, não havia nenhum dado normativo ou seguro para avaliar o FIAI.
Muitos pesquisadores estão tentando resolver este problema. Ainda assim
,
muitos terapeutas que utilizam FAP consideram o FIAT um instrumento
extremamente útil da forma como está
.
Exemplo dc caso': Identificando C/asses FIAT
Gary, dc 30 anos, procurou a terapia para ajudá-lo a estabelecer
relacionamentos melhores com outras pessoas e desenvolver habilidades
que lhe permitissem iniciar e manter relacionamentos Íntimos. Disse que
desejava estabilidade cm sua v ida
, mas não tinha habilidade para descrever
por que não conseguia manter bons relacionamentos. Gary apresentou
características dos Transtornos dc Personalidade Histriónica e Narcisista
.
Por exemplo, rebtou sentir-se desconfortável cm situações em que não
recebia unia atenção especial. Além disso, o padrão dc interaçào dc Gary
era provocativo e suas emoções mudavam rapidamente, tomando difícil.
aos demais
, saberem como ele estava se sentindo em cada momento
.
Frequentemente exagerava ou relatava inadequadamente os seus
sentimentos
, o que tornava dificil aos demais a ele responder. Também tinha
expectativas impossíveis quanto às outras pessoas e esperava que elas as
atingissem automaticamente. Gary não tinha empatia c não reconhecia os
1 ItHlM ( po -iu,, .tarife» o. cirfnrc. a»ncoi.vl* Mn r««n llttttthl
.
 ran o O,
|»>«8cr <u> tfcillilili
j. W. Kinter cl al.
sentimentos dos outros como rn/oávcis, apresentando comportamentos
arrogantes frente a cies. Era evidente que esses problemas o impediam de
obter suas melas interpessoais, mas cie não tinha compreensão da relação
entre esses comportamentos e seus problemas. Em um dado momento, Gary
disse "Estou condenado a viver a vida sozinho?
"
Por meio do FIAT, quatro classes comportamentais foram identificadas.
A classe li,dificuldades cm identificar c responder íis experiências emocionais,
foi a primeira classe dc comportamcntos-problemii identificada, o tanto cm
sessão (CRBI), como fora da sessão (Osi). Especificamente, Gary demonstrou
imprecisão tanto na identificação como na nomeação dc suas experiências
emocionais. Por exemplo, ele rdaiou ou expressou raiva quando se sentia
triste, ou riu ao descrever tópicos difíceis. Ele também tinha um repertório
limitado de expressão emocional que tendia ã apresentação de renções
extremas e amplificava seus sentimentos na tentativa dc produzir certo efeito
sobre os demais. Além disso, seu humor mudava rapidamente, tomando difícil,
ao terapeuta c aos outros, identificarem as suas emoções. Os comportamentos-
alvo que representavam melhora (CRB2s) seriam desenvolver com o cliente
as habilidades para identificar dc forma mais precisa e nomear mais
adequadamente suas experiências emocionais, dc forma a expressar tais
sentimentos com mais clareza ao terapeuta (e depois para outms pessoas
fora da sessão) c apresentar um repertório mais amplo dc expressividade
emocional com o terapeuta e com os outros.
O segundo grupo dc compoctamentos-alvo que representavam os problemas
do cliente eram da Classe A - problemas na identificação e comunicação dc
valores e necessidades. Gary tinha dificuldades cm identificar c pedir
claramente o que precisava dos outros. Ao invés dc fazer isso, muitas vezes
dizia que as decisões tomadas pelos outros eram boas c depois se engajava
cm comportamentos que levariam à mudança cm tais decisões, que reflctiam
o que, de fato. gostaria que acontecesse, porém sem falar claramente sobre
isso. Muitas vezes, as suas expressões de insatisfação eram sarcásticas, e ele
poderia negar que gostaria que as coisas acontecessem dc modo diferente.
Relatou que muitas vezes esperava que os outros soubessem quais eram os
seus desejos, sem lê-los expressado. Para Gary, melhoras com respeito a esta
classe ocorreriam quando ele identificasse adequadamente o que desejava
dos outros c então fi/essc um pedido claramente. Se ele fosse questionado
sobre desejar algo diferente do que o terapeuta ou os outros preferiam, uma
melhora consistiria no reconhecimento disto por Gary. mesmo que ele não
tivesse clareza sobre quais seriam os seus desejos.
A Classe B, relacionada a problemas na identificação c resposta a
feedback* c do seu impacto sobre os outros, foi outra importante classe de
respostas alvo de intervenção. Gary era muito insensível ao impacto que
produzia nos demais, envolvendo-se em diálogos focados em si mesmo,
frequentemente levando os ouvintes com quem estava interagindo
3 Avaliação r Fonoulafio dc Caw >3
socialmente a não se sentirem envolvidos com ele
. Gary relatou que
geralmente sabia de antemão o que os outros poderiam di/er c perdia o
interesse no que uma pessoa realmente di/ia. Ele não estava consciente do
impacto aversivo que gerava nos demais c nem tinha clareza sobre quais
seriam as formas mais efetivas de responder
. As melhoras dc Gary
consistiriam em estar consciente e tentar perceber o seu impacto sobre os
outros. O alvo não foi criar uma hipersensibilidade ao seu impacto
, mas sim
reconhecer como este impacto poderia distanciá-lo dos outros c cnvolver-
sc na apresentação dc respostas diferentes, caso fosse essa a sua escolha.
A última classe de problemas identificada foi a Classe D
, relacionada às
dificuldades de Gary de autorrcvelar-se e dc desenvolver e manter um repertório
pró-social. Este conjunto de problemas incluíam seu forte envolvimento cm
um conjunto restrito dc respostas que eram hiper praticadas com o terapeuta e
os demais. Este processo tendia a fazer o cliente parecer superficial e menos
interessado em uma interaçâo social, mesmo que isto não fosse o caso
. Gary
também relatava que sabia o que as pessoas pensavam dele, sem. no entanto
,
perguntar a cias. Melhoras nesta área envolveriam interações mais
espontâneas do cliente, questionamento às pessoas acerca do que elas pensavam
sobre ele c maior interesse nus verbalizações alheias. Gary também assumiu
que sabia o que os outros estavam pensando sobre ele
, ao invés dc perguntar
isso n eles. Melhoras nesta área incluiriam ter interações mais espontâneas,
perguntar aos outros os seus pensamentos c tornar-sc mais interessado no
que os outros tinham a dizer.
Uma descrição mais detalhada sobre o tratamento com o uso da FAP no
tratamento dc Gary e os resultados obtidos podem ser encontrados em
Callngan. Summers e Wcidman (2003).
Automonitoramento do Cliente Durante o
Tratamento
A meta principal da avaliação é determinar quais comportamentos são
problemáticos para o cliente c como poderiam ser encaminhados durante o
tratamento
. Dependendo do cliente, comportamento ou ambiente
, isso nem
sempre é possível. É altamente recomendado
, portanto, que o cliente monitore
seus comportamentos fora da sessão, para monitorar o progresso. O
monitoramento dos comportamentos fora da sessão permite que o terapeuta
observe como está sc comportando no dia a dia c se o tratamento está se
generalizando. Comportamentos podem ser monitorados por meio da
utilização dc uma simples ficha de registro diário
.
Considerando as conclusões da avaliação inicial, o terapeuta c o cliente
podem despender tempo, cooperativamente com o cliente
, para determinar as
classes dc respostas que serão registradas. Devcra-se nomear as classes dc
respostas com nomes simples, usando o vocabulário preferido do clicntc para
J W. Kmler cl dl
sc referir ao problema, c dois ou três exemplos dc cada resposta devem eslar
listados na ficha dc registro. Os exemplos nâo devem ser topograficamente
semelhantes, mas sim possuir a mesma funçào na vida do cliente. Isto pode
facilitar o registro das classes dc respostas funcionais, ao invés dc limitá-lo à
observação dos exemplos topograficamente semelhantes c, por conseguinte.
promover uma visão distorcida de seus progressos comportamentais.
A definição c o monitoramento das classes de respostas devem ser
determinados idiograficamentc, baseados na percepção, motivação c nivcl
dc funcionamento de cada cliente. O objelivo é criar uma delimitação que
permita, tanto quanto possível, a contagem da frequência do comportamento
alvo ou problema. Algumas classes de respostas podem ser mais bem
monitoradas por meio da observação dos comportamentos que devem ocorrer
mais frequentemente (e.g., compartilhar emoções, expressar as
necessidades), enquanto outras devem ser monitoradas cm lermos dc
comportamcntos-problcma que devem diminui r dc frequência (e.g., paquerar
ou discutir excessivamente).
nimbem pode ser necessário monitorar não somente as ocorrências dos
compoitamentos-alvo ou problemas, mas também as oportunidades para que
tais comportamentos ocorram. Por exemplo, paia um cliente o comportamento
a ser monitorado pode ser do repertório dc resposía de *discutir de forma insensível
com a cx-mulherSc, no entanto, o cliente cessou a comunicação com essa ex-
niulhcr, este número reduzido de oportunidades paia a ocorrência do
com|X)rtainento jxxlcrá confundir o monitoramento (e.g., podciá parecer que
houve uma diminuição das discussões). Similarmente, um cliente pode estar
trabalhando para ser mais assertivo com os outros, mas faltarem oportunidades
para que isso ocorra. Monitorar o numero de oportunidades pode ajudar na
observação das esquivas para sc engajar neste comportamento. Pode ser útil
também registrar as necessidades do cliente para se engajar cm um
comportamcnto-prublcma. ao lado das ocorrências desíe mesmo comportamento.
Necessidades c oportunidades podem, dc fato. ser similares, listas questões
idiossincráticas precisam ser resolvidas classe por classe c cliente por cliente.
Quando possível, os grupos de supervisão são cruciais nas primeiras semanas
para ajudar o terapeuta na escolha das fornias mais efetivas de promover o
monitoramento de determinadas classes de respostas, apresentadas por cada
cliente cm especial.
Parn alguns clientes, especialmente os que apresentam desordens dc
personalidade ou dificuldades interpessoais intensas, Osi c CRU Is são muito
frequentes em seus repertórios interpessoais. Por exemplo, um cliente clamado
Tom apresentava um estilo interpessoal sutil e aversivo para o terapeuta. O
terapeuta considerava difícil apontar os comportamentos que eram CRBIs.
"Com ajuda do grupo de supervisão, de formulação de caso, o CRBI
relacionado com o 
"estilo sutil" dc interaçào do cliente com os outros, foi
identificado. Para clientes com CRBIs frequentesc sutis como estes, é melhor
que o cliente monitore as ocorrências dos CRB2s ao invés dos CRBI s.
i Avaliando c FoimutavOo de Caso 8J
Avaliação do Terapeuta
Boa parte deste capítulo fez referencia aos comportamentos do cliente.
O terapeuta, no entanto, desempenha um papel crucial na FAP
. Ele traz sua
própria história ou experiência para qualquer avaliação ou sessão dc terapia,
o que dá colorido à sua interpretação do comportamento do cliente. As
experiências passadas podem influenciar o que o terapeuta percebe, como
ele interage com um novo cliente e a forma especifica dc resposta que
apresenta frente aos vários comportamentos clínicos emitidos por este.
Observadores
, inclusive terapeutas, nunca deixarão dc ler vieses na forma
com a qual interpretam o comportamento. Há um esforço continuo cm
separar as suas histórias pessoais, ao reagirem a certas características c
comportamentos do cliente, dc forma a melhor avaliar como us ouiras
pessoas poderiam reagir cm circunstâncias semelhantes". Para auxiliar neste
esforço, rccomcnda-se que, durante a FAP
, duas áreas-chave de
comportamentos dos terapeutas sejam avaliadas.
Funções de Estímulos do Terapeuta
Terapeutas que utilizam FAP devem sc tornar conscientes dc suas
propriedades como estímulos que podem afetar a apresentação clínica dos
clientes, especialmente nu que se refere às suas habilidades para evocar
CRBs. Um terapeuta muito atraente, dc qualquer género, pode produ/ir um
repertório comportamental muito diferente cm um cliente
, quando comparado
a um terapeuta com diferentes características físicas
. Algumas ve/cs cerras
características dos estímulos podem ser úteis, mas cm outras ocasiões elas
podem interferir negativamente O ponto chavc é que todo comportamento
somente pode ser compreendido no contexto em que ele ocorre I m uma
circunstância
, um comportamento pode indicar ansiedade, enquanto que cm
outra
, pode indicar atração. O processo dc avaliação requer abertura no
sentido dc compreender que comportamentos podem ter diferentes funções
em circunstâncias diferentes.
Terapeutas que utilizam FAP também reforçam CRBs. A discussão acima
enfocou a avaliação dos Os CRBs, mas igualmente importante para a FAP é
a avaliação dc como os clicntcs respondem durante as intcraçòcs do terapeuta.
Tecnicamente
, o terapeuta deve estar consciente de suas funções evocativas
,
eliciadoras c reforçadoras-punidoras para o cliente e avaliar as reaçòcs do
cliente cm cada sessão. Por exemplo, o terapeuta que faz afirmações do tipo
"
eu estou contente por você ter me dito isso" ou "cu me sinto mais próximo de
você agora que você compartilhou isso comigo", pode pressupor que estas
afirmações são reforçadoras para o cliente. No entanto
, a natureza do
. Coma 1"! t Srtw.» Il«M) h. um. m*» ór «ut ot iuIjmkmo, *. . uuu
* mm é. pn.aW.Ui o. ênorrarxi *t r*.-. <« -4.. - U«T<ir Hl»»»*.
J
.
 W. Kaitcr et a!
rcforçamcuto implica cm que a única lòrma de verificar sc uma consequência
é reforçadora cfclivamcnte, é observar se um comportamento aumenta ou
mantém sua frequência ao decorrer do tempo. No momento, o efeito não c
conhecido
,
 mas pode ser avaliado perguntando-se, mais especificamente ao
cliente, como ele sc sentiu após a interação ou até mesmo perguntando se c
provável que ele emita novamente essa resposta no futuro. O terapeuta pode
realizar um registro silencioso da frequência do comportamento ao longo «lo
tenipo e essas respostas do cliente podem guiá-lo na administração das
consequências atuais.
Utilizando as respostas do cliente a tais questões, juntamente com
informação sobre a mudança da frequência do comportamento ao longo do
tempo, o terapeuta pode hipotetizar quais tipos de interação são mais ou
menos reforçadoras para um cliente. Eles podem também avaliar qual a
melhor forma de responder mais efeti vãmente aos comportamentos do cliente
. outro aspecto da FAP que é idiográfico para cada cliente c que ajuda a
separá-la de outras propostas terapêuticas. O processo funciona no lugar
da avaliação formal de reforçadores na análise funcional tradicional, uma
vez que a avaliação forma! poderia ser muito arbitrária para os pacientes
ambulatoiiais cm psicoterapia.
Tis (Comporta/iieiitos-problenia do Terapeuta) e T2s
(Comportamcntos-alvo do Terapeuta)
A avaliação do terapeuta inclui também uma apreciação dos seus
comportamentos (conforme será melhor descrito no Capitulo 8). que podem
ser igualmente relevantes e interagir com os CRBs do cliente. Uma lista
resumida de T1 s (c.g., esquiva-se da raiva do cliente, fazerbrincadeiras quando
ansioso) e T2s (c.g., permanecer presente enquanto o cliente expressa raiva,
permanecer consciente quando ansioso), tanto gerais como específicos pode
ser incluída na formulação do caso do cliente. Muitos terapeutas que utilizam
FAP acham útil ler uma lista de seusTls c T2s pessoais, para ajudá-los a ficar
conscientes de seus próprios comportamcntos-alvo ao interagirem com os
clientes. Outro método de avaliar e destacar os Tis e T2s é o processo de
supervisão. Ter um colega que o ajude na identificação de seus pontos fortes
c pontos fracos aumentará a probabilidade de que use ou construa um repertório
pessoal para responder aos clientes com mais efetividade. Isto será discutido
em detalhes no Capítulo 8, Supervisão e Desenvolvimento Pessoal do
Terapeuta.
Possíveis barreiras para a avaliação
Como conclusão desse capitulo, é importante destacar uma série de
fatores que podem impedir o emprego efetivo das estratégias e técnicas
3 Avaliação c Formulação de Cau> 87
discutidas acima. Uma dificuldade comum é que durante toda a avaliação
(c terapia), o cliente não consiga reconhecer que o relacionamento
terapêutico possa ser similar àquele que ele desenvolve com outras pessoas
cm sua vida cotidiana
.
 Assim
, quando um terapeuta explora esta possibilidade,
ele pode negar que tais semelhanças existem ou simplesmente não ser hábil
em reconhecê-las. Isto pode ocorrer cm função da falta de percepção do
cliente sobre seu próprio comportamento. As respostas do terapeuta devem
explorar essa resposta, buscando interações similares que o cliente pode ter
tido com os outros c perguntando-llie as questões descri tas acima. Utilizando-
sc deste processo, frequentemente o terapeuta poderá descobrir que as
interaçòcs cm sessão são semelhantes às interações fora da sessão e
, desta
forma
, potencializar terapeuticamentc a interação que ocorre no momento.
Outra dificuldade acontece quando sc trabalha com um cliente que não
estipula metas interpessoais e ainda é interpessoalmcnle ineficaz, como avaliado
por meio do relato do cliente (e.g., ao descrever situações ou contar histórias)
e/ou da observação cm sessão. O mecanismo de mudança estipulado pela
FAP c a resposta do terapeuta contingente ás respostas do cliente que ocorrem
em sessão; assume-se que o comportamento que ocorre na sessão é
comportamento interpessoal. Por conseguinte, o terapeuta e seu cliente
precisam, para trabalhar juntos, determinar as metas que indicam que a FAP
é o tratamento apropriado. Um dos meios de se conduzir esta questão c revisar
com o cliente a racional da FAP(veja Capitulo 4), e discutir com ele a premissa-
chave de que os comportamentos problemáticos de sua vida cotidiana
provavelmente ocorrerão na sessão com o terapeuta. Este processo pode
permitir, ao cl ientee ao terapeuta, trabalharem essa questão na sessão. Muitos
terapeutas podem enfatizar que "c assim que a FAP c feita" e "como a terapia
poderá funcionar". Uma segunda maneira de se conduzir csia questão c ver a
indecisão do cliente (e.g., se o cliente é indeciso) como um CRI31 e lidar com
isso na terapia. Uma terceira maneira de conduzir esta questão é realizar um
acordo com o cliente para fozer uma FAP "exploratória", de modo a criar
novas metas usando muitas das técnicas de "dentro para fora", descritas acima.
Isto poderá funcionar bem se o terapeuta simultaneamente revisitar a lógica
da FAP com o cliente
. Quando as barreiras potenciais à avaliação são
conduzidas com sensibilidade
, o caminho para um tratamento efetivo com a
FAP sc fortalece.
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Capítulo 4
Técnica Terapêutica: As Cinco Regras"
Mavis Tsai
, Robcrt J. Kohlenberg. Jonathan W. Kantcr, and Jennifcr
Wahz
A psicoterapia i tf et ira e b*m tncedtda quando... existe
en voMtnento humano e lula. f. o desejo do terapeuta de colocar-
se à disposição do paciente com o propósito de orientar o srii
crescimento - disposição para asiumir ritco
. para envolver-se.
verdadeiramente, mo relacionamento
.
 em mm mi\rl e ociomal.
para de fato lutar junto com o paciente. Lm suma. o ingrediente
essencial de uma ptícorcrapia bem sucedida e ugnificativa è
amor
(Pcct. 197?. p. 173)
As cinco regra* dcscritas neste capitulo tem a intenção de prover um
salto inicial para o leitor no uso da FAP. Usadas apropriadamente
, elas |>odcm
trazer aquilo que Peck considera os ingredientes essenciais para uma
psicoterapia bem sucedida - envolvin>eiito, lula, disposição paia assumir risco
c amor. Ao invés dn rigidez, comumcnte associada ao termo "regra", as
regras propostas aqui são baseadas na concepção skinneriana do
comportamento verbal (1957, p. 339) e na elaboração feita por Zellle e
Hayes (1982). Dentro desse contexto, essas regras da I AP silo sugestões
para o terapeuta que resultam cm efeitos reforçadorcs para o seu
comportamento - mais um Mente isso, você vai gostar
*
 *o invcs de 1faça
isso*. Dessa forma
, favorece-se a integração com outras abordagens
terapêuticas c acomodam-se as diferenças individuais entre terapeutas,
Emboia as icgiasaqui sejam claramente delineadas para fins de orientação,
na prática elas se misturam e as intervenções, típicas do terapeuta, acabam
por englobar diversas regras simultaneamente. Para aqueles que preferem
U 7t« «owjoJJM* l.-v.w As-u* 1.1 r, Suik »0t, Sonlr. WAflIOi. USA < iia.1 -. «il.
. M 1«! «t Al ,4 6M/r n. AMtWMf «-al.nr CnrtiW..V1. DOI 10 1Ullt,-jri.0.1lí*)7i: « <. O Hp.isi»
r.i M«. UX XO-
__|f_
90 M. Tsai cl ol.
uma linguagem não técnica, um equivalente foi colocado entre parênteses
ao lado de cada regra. Essas regrasc os comportamentos clinicamente
relevantes (CKBs) descritos em capítulos anteriores são frequentemente.
revisitados cm todo o restante do livro.
Psicoterapia é uma interação complexa que envolve a multideterminaçào
do comportamento c, por isso, essas sugestões, para a técnica terapêutica,
não lêm a intenção de ser completas, nem de excluir o uso de procedimentos
não descritos aqui. De fato, outros métodos terapêuticos podem complementar
c ser reforçados pela aplicação das regras da FAP. A implementação das
regras da FAP pode mudar o foco do tratamento para os CRBs. Sc essa
mudança de foco é momentânea ou domina a terapia, as regras da FAP
podem facilitar terapeutas a tirarem vantagem d2s oportunidades terapêuticas
que. de outro modo, poderiam passar despercebidas.
Regra 1: Observe CRBs (Esteja Atento)
Esta regra constitui o coração da FAP e sua adoçào pode levar a um
tratamento orientado áe forma mais intensa c interpessoal. Quanto mais,
fielmente, os terapeutas detectarem c responderem, terapcuticamentc, à
CRBs, mais. provavelmente, a terapia será fascinante e profunda. Como
behavioristas, nós não acreditamos que *observar
"
 um evento privado, irá.
diretamente. intensificar e melhorar o tratamento. ,Observar' ou *Estar
atento
,
, contudo, inicia o processo e, eventualmente, poderá ter um efeito
diferencial cm como terapeutas ,veem, seus clientes, a conccituação do
caso, o foco e a natureza da intervenção.
Para ilustrar o ponto acima, considere a questão perguntada por uma
cliente dc RJK: "Você poderia iigar para minha doutora c pedir para ela
renovar mini» prescrição de Xanax?
" Nós apresentamos esse pedido a
inúmeros worlcshops e perguntamos a terapeutas experientes como eles
responderiam. Mais frequentemente, eles falam que "A cliente é muito
dependente c deveria dizer para ela mesma fazer.
" ou eles têm "a política
dc não ligar para o médico uc seus clientes com estes propósitos.
" Em
contraste, sc os terapeutas estivessem atentos aos CRBs. eles poderiam ter
se perguntado se o comportamento era um CRBí ou um CRB2. Ou seja,
para essa cliente em particular, estaria ocorrendo, aqui e agora, o mesmo
tipo de problema que ocorre cm sua vida diária (CRB!), ou isso representa
uma melhora no que eia, tipicamente, fa/ !á fora (CRB2)? A resposta c que,
com certeza, isso depende da natureza dos problemas diários da cliente. Se
a cliente
, tipicamente, não pede o que quer ou tem medo dc fazê-lo, então
esse seria um CRB2 corajoso e deveria ser reforçado Se a cliente é
dependente demais c tem dificuldades na vida porque, constantemente, ped
para outros fazerem aquilo que poderia fazer por si mesma, este seria então
um CRB I e o terapeuta deveria ajudar a cliente a fazer a ligação por si
4 Técnica Terapêutica A» Cinco Repras 91
mesma. Num nível mais profundo (isto ê, envolvendo uma classe de respostas
mais ampla), os problemas diários da cliente poderiam implicar uma falta dc
confiança nos outros cm levarem suas necessidades a sério e
, por isso, a
relutância em arriscar possíveis rejeições interpessoais pedindo favores.
Neste caso
, o pedido é um CRB2, significante, relacionado a formar e manter
relações íntimas (veja Capítulo 6).
Terapeutas podem aguçar suas habilidades para detectarem CRBs dc
inúmeras maneiras
, incluindo estarem atentos às situações terapêuticas que
frequentemente, evocam CRBs, usando suas próprias reações como um
termómetro
, focando cm possíveis CRBs baseados nas respostas do FIAT-
Q (Questionário Modelo de Avaliação Ideográfica Funcional, veja Capitulo
3) e detectando significados ocultos no comportamento verbal.
Ficando Alento às Situações Terapêuticas que Frequentemente
Evocam CRBs
Situações que frequentemente, evocam CRBs incluem a estrutura de
tempo da terapia (exemplo: 45-50 minutos), gastos, características do
terapeuta (exemplo: idade, género, raça e características físicas), silêncios
e lapsos na conversa, manifestações de afeio do cliente, o cliente indo bem
c sc sentindo bem
, feedback positivo e manifestações de apreciação c
cuidados por parte do terapeuta, sentimento dc proximidade ao terapeuta,
férias do terapeuta, ,erros, ou comportamentos do terapeuta sen» intenção,
eventos inusitados (Exemplo: o cliente vê o terapeuta com um parceiro fora
da terapia, gravide/ da terapeuta ou uma saída da cidade para alguma
emergência) e o término da terapia. Quando estas circunstâncias ocorrem,
c importante que o terapeuta esteja ainda mais atento a possíveis CRBs do
cliente c, por isso, investigue, mais profundamente, as reações do cliente
(veja Kohlenberg & Tsai, 1991, p. 69-74. para discussões detalhadas dc
situações que evocam CRBs).
Usando as Próprias Reações como um Termómetro
As reações pessoais do terapeuta ao cliente podem ser sensores valiosos
para CRBs. Questões que se podem fazer incluem: "Dc que forma o cliente
tem um impacto negativo sobre você? A sua atenção se desvia porque ele
fica faiando monotonamente? Ele evita suas perguntas? Ele frustra você
por ter accitado fazer as tarefas dc casa c ter adiado? Ele fala uma coisa c
faz outra? E!e e desagradável e sem sentido para você? Ele está atrasado
com cs pagamentos? Ele é crítico cm todas as suas intervenções? Ele sc
desliga quando você está sc aproximando do problema'i Ele se afasta quando
ambos estão tendo unta intcraçào mais próxima? Ele aparenta não ler nenhum
interesse ou curiosidade a seu respeito enquanto pessoa?"
92 M Tui a at.
Uma qucstão-chave é saber quando uma resposta do terapeuta ao cliente
c representativa de como as pessoas na vida do cliente podem responder, Em
outras palavras, as próprias reações do terapeuta são um guia preciso pata os
CRBs do cliente, na medida cm que essas respostas são similares as respostas
dc outras pessoas na vida do cliente. É importante, portanto, ao usar as próprias
reações como um guia, ter um conhecimento das outras pessoas importantes
na vida do cliente e como elas podem responder. Evidentemente, isso pode
envolver nada mais que perguntar. 
"listou tendo uma reação [xj a vocc agora
- como outra pessoa (significativa para você) reagiria?" Essa abordagem,
contudo, exige um esforço continuo ao longo do tempo para compreender,
profunda e verdadeiramente, as consequências que tem modelado c mantido
o comportamento do cliente lá fora.
Também é importante que os terapeutas se engajem, continuamente,
no trabalho pessoal necessário para resolver seus próprios déficits (Tis),
promovam seus comportamentos alvos (T2s) e se assegurem dc que
quaisquer reações negativas a seus clientes não sejam baseadas em questões
pessoais. Estando em contato consigo mesmo ajudará a reconhecer quando
alguém está se esquivando versus respondendo ao cliente. No mínimo, olhar
atentamente ao longo da consulta garante que qualquer reação negativa em
direção ao cliente seja representativa de como os outros, na vida diária do
clicntc, podem responder. Enquanto terapeuta devc-sc tirar vantagem dc
oportunidades terapêuticas para evocar e reforçar CRDs2, já que suas reações
positivas são por definição, o termómetro da melhora do cliente.
Identificação de Possíveis CRBs baseados nas Respostas do
FIAT-Q
Tabela 4.1 foi construída adaptando o FIAT-Q (Callaghan, 2006),
apresentado como um instrumento de avaliação da FAP no Capítulo 3, para
uma tabela ao vivo de CRBs. Esses CRBs são baseados nas classes dc cinco
respostas: asserção de necessidades, impacto bidirccional, conflito, revelação
c proximidade interpessoal, experiência emocional c expressão. Os itens desta
tabela alertam os terapeutas para os comportamentos específicos ao vivo que
podem indicar possíveis CRBsI. Pode ser útil mostrar este quadro para os
clientes e, colaborativamcnte, marcar os itens que podem ser uma questão
para eles na sessão e, regularmente, discutir como estão progredindo.
Tabela 4.1 Possíveis CRBsI baseados nas respostas do FIAT-Q
Classe A: Asserção de necessidades (identificaçãoe expressão)
O termo "necessidades" é usado para valores ou qualquer coisa que alguém
possa querer, inclusive a necessidade dc afirmar um estado de ser que são
4 Técnica Tcrapiutica: A% Cinco Regias 93
opiniões, ideias, convicçòcs, paixões, anseios, desejos, sonhos, pedidos dc
suporte social ou outras necessidades que sejam mais práticas.
. Dificuldade para identificar necessidades ou tipo de ajuda ou suporte
que deseja do terapeuta;
. Dificuldade para expressar necessidades;
. Dificuldade p3ra ter as suas necessidades satisfeitas com a ajuda do
terapeuta;
. Expressa necessidades muito sutil ou indiretamente;
. Afasta o terapeuta com carências;
» Muito exigente quando pede para satisfazer suas necessidades;
. Dando
, como uma forma de fazer com que o terapeuta saiba o que e
necessário em troca;
 Extremamente independente, sente-se vulnerável quando reccbc ajuda;
. Intolerante quando o terapeuta diz não a seus pedidos;
. Outro
.
Classe B: Comunicação bidirccional (impacto e feedback)
Essa classe dc comportamentos envolve o impacto dos clientes ou como
eles afetam outras pessoas, como eles dão ou respondem ao feedback.
'Feedback, refere-sc a respostas c reações a seus comportamentos ou aos
comportamentos dos outros. São as informações dos outros que fazem com
que os indivíduos saibam como eles estão indo. Pode ser verbal (expressa
em palavras) ou não verbal (exemplo: expressões faciais).
. Dificuldade cm receber feedback positivo (apreciações, elogios);
. Dificuldade em receber feedback negativo (criticas):
. Dificuldade dc fornecer feedback positivo (apreciações, elogios);
. Dificuldade de fornecer feedback negativo (críticas construtivas);
. Expectativas irracionais de si mesmo (perfeccionismo, sensação dc
fracasso);
. Expectativas irracionais do terapeuta;
® Hipersensível ou excessivamente consciente do impacto sobre o
terapeuta;
. Pouca consciência do impacto sobre o terapeuta;
. Avaliação imprecisa do impacto sobre o terapeuta;
. Di ficuldade em controlar ou acompanhar o que esiá dizendo;
- Muito superficial quando fah;
. Fala demais ou por muito tempo sem checar o impacto;
. Muito quieto;
. Muito contato visual;
. Pouco contato visual.
9*
M Tm. «i «L
. Linguagem corpora! nào corresponde ao conlcúdo verbal;
. Outro.
Classe C: Confluo
A habilidade para identificar e resolver os conflitos interpessoais vai
determinar o sucesso de longo prazo nos relacionamentos. Aqui, *conflito
,
referc-sc a ter uma discordância ou desconforto na interaçâo.
. Dificuldade puro tolerar conflito ou divergência;
. Evita conflito;
. Entra cm conflito para evitar aproximação;
. Expressa multa raiva;
. Reluta cm comprometcr-se;
. Di Acuidade para expressar sentimentos negativos;
. Ineficiente para resolver conflitos;
. Dcseulpa-sc demasiadamente;
. Assume tudo como sua culpa;
. Culpa o terapeuta pelos problemas;
. Cria conflitos desnecessários;
. Expressa raiva ir.diretamente - exemplo: sendo um agressivo pas
sivo:
. Recusa-se a perdoar o terapeuta;
. Outro.
Classe D. Revelação e proximidade interpessoal
Os sentimentos de uma pessoa sobre proximidade interpessoal e como fala
sobre si ou sobre suas experiências com outros são classes de respostas
relacionadas com a intimidade. Proximidade interpessoal, simplesmente, se
refere a estar ,conectado cm
, ou 'próximo de" outra pessoa. Relacionamentos
interpessoais próximos são aqueles que envolvem lalar paia os outros como
se sente, ser compreendido por outra pessoa c importar-sc com os ou
tros e
suas necessidades.
. Medo de proximidade ou apego;
. Di Acuidade cm expressar proximidade e cuidados;
. Dificuldade em ter proximidade e receber cuidados;
. Relutância cm assumir riscos emocionais, lista:
. Relutância em falar sobre si;
. Relutância em deixar ser. verdadeiramente visto ou ouvido;
. Dificuldade para conversar:
. Minimiza a importância do que ele/ela compartilha;
. Fala demais sobre si;
. Não ouve bem;
4 Ifemci Tcnptulicj: A* Cinco Regi» 95
. Pede suporte demais;
. Sente necessidade de nào se revelar;
. Muito invasivo ao perguntar por experiências pessoais do terapeuta;
. Nào tem consciência das necessidades do terapeuta (exemplo: ficando
além do tempo na sessão, nào deixando o terapeuta falar);
. Fala demais c muito superficialmente;
. Dificuldade em confiar;
. Confia muito fácil
, muito cedo;
. Outro
.
Classe E: Experiência c expressão emocional
O termo *experiência emocional, refere-se a todos os tipos de emoções ou
sentimentos
, nào somente sentimentos 
'negativos, tais como tristeza.
ansiedade
, solidão, mas também amor, orgulho, alegria, humor, ele.
Sentimentos podem ocorrer no momento em que eventos ou intcraçòcs sào
cxpcricnciadas, ou podem ocorrer depois, como quando uma experiência
está sendo lembrada.
. Dificuldade para identificar sentimentos;
. Desatento a sentimentos quando eles estão acontecendo;
. Sentimentos ocultos intencionalmente;
. Pouca ou expressão emocional distante;
. Aparenta assustado ou ameaçado;
. Dificuldade para chorar;
. Dificuldade para sentir e/ou expressar mágoa, tristeza, desgosto;
. Dificuldade para sentir e/ou expressar ansiedade, medo;
. Dificuldade para sentir e/ou expressar alegria, orgulho, humor (circulo
que se aplica);
. Engaja-sc cm Talas negativas sobre si quando sente emoções;
» Expressa sentimentos de uma maneira demasiadamente intensa;
. Focado demais nos sentimentos
, incapaz de controlar sua expressão,
. Fala demais sobre sentimentos;
. Sentimentos sào muito instáveis e intensos;
. Incapaz de ter perspectivas sobre os sentimentos, dominado por eles e
nào consegue separar;
. Irrita ou afasta o terapeuta pela forma como os sentimentos sào
expressos;
« Evita ou suprime certos sentimentos. Descreve sentimentos evitados c
métodos de esquiva;
. Outro
.
90 M T»»» cl b).
Detectando Significado Oculto no Comportamento Verba!
O sistema «Ic classificação do comportamento verbal da FAP baseado
na abordagem de Skinner (1957) pode ser útil para detectar CRBs. Essa
seção oferece apenas um sumário breve; recorra a Kohlcnbcrg c Tsai (1991)
para uma descrição detalhada. Esse sistema, essencialmente, foca em dois
tipos de comportamentos verbais que se diferenciam entre si em suas causas,
"tatos
, e .mandos,. Notc-se que Haycs, Barnes-Holmes e Roche (2001)
têm elaborado c refinado a teoria do comportamento verbal e os significados
desses lermos. Com o objetivo de utili/ar as noções do comportamento verbal
para ajudar na detecção de CRBs, nesta parte a terminologia de Skinner e
mantida de uma maneira mais consistente com Barnes-Holmes, Bames-
Holmes e Cullinan (2000).
Tatos. Um tato é definido como uma resposta verbal que está sob o
controle preciso de estímulo discriminativo e é reforçado por reforçadores
secundários generalizados. Por exemplo, se um cachorro preto passa
correndo cm frente de sua filha de dois anos no parque c ela responde
dizendo "cachorro preto", ela estaria emitindo um "tato, porque a forma de
sua resposta (
"cachorro preto") é controlada pelo estimulo anterior e c
reforçada por um reforçador condicionado generalizado (
"sim. aquele é um
cachorro preto
"
). A contingência ou o reforçador pode ser amplo ou geral
(exemplo: "uh-huh.
" "
ccrto
") para indicar que ela entendeu, nus o estimulo
discriminativo (Sd) anterior deve ser especifico.
O conceito de tato é similar ao do rótulo ou nome, contudo não c uma
representação simbólica dc um estimulo particular. Através de uma visão
behaviorista, as palavras "cachorro preto
" nJo representam, simbolicamente,
o animal
,
 assim como pressionar a barra do rato não representa um sinal de
luz amarela na caixa de Skinner. O problema com a palavra 
"simbolizar"ou
,
representar
" um objeto é que devemos explicar o que "simbolizar
* ou
representar
, significa a fim de entender a resposta verbal. Lm lugar de
dizer que o lato c "controlado' por um estimulo discriminativo antenor, ocomportamento pode ser explicado referindo-se a um processo, bem
entendido
, dc discriminação.
De um ponto dc vista terapêutico, o mundo pode ser dividido cm estímulos
discriminativos (Sds) localizados na sessão terapêutica, na vida diária do
cliente ou em ambas. terapia e vida diária. O foco principal da FAP sio as
respostas que são controladas por estímulos que ocorrem na sessão
terapêutica Por exemplo, este enfoque destaca a resposta mais importante
entre diversas emitidas pelo cliente, cujos problemas apresentados são
depressão e ansiedade:
I
.
 "Tenho dormido muito ultimamente c comido tranqueiras demais."
2
.
 "Tenho pagado muito tempo jogando v ideogame 
"
4 Tfenici Terapêutica Ai Cinco Regro 97
3
.
 "Tenho pensado sobre a nossa sessão da semana passada "
4
.
 "Estou ficando para irás no trabalho e sinto-me estressado sobre isso"
Essas respostas iriam ser iodas classificadas como latos
, mas apenas a
resposta três é controlada por um estimulo dentro da sessão. É, portanto, a
resposta mais clinicamente significativa, supondo que iodas as respostas
são igualmente associadas aos problemas apresentados pelo cliente.
Mandos. Mandos são discursos relacionados a demandas
, comandos,
pedidos e questões. I Ies têm as seguintes características: (1) ocorrem porque
foram seguidos de reforçadores específicos no passado; (2) sua intensidade
varia de acordo com privação relevante ou estímulo aversivo; c (3) aparecem
em uma ampla classe de estímulos discriminativos Deste modo
, sc alguém
quisesse dizer 
"
Fu gostaria dc comer algo.
"
 esse seria um mando porque seria
reforçado por um reforçador específico - alguém que lhe dê comida ou lhe
mostre onde conseguir. Não seria reforçado por um reforçador secundário
generalizado tal como. ""Obrigado por compartilhar isso comigo" ou "Eu
entendo"
. A força desse mando irá variar com a intensidade da fome desse
alguém. Finalmente, o mando de alguém por comida pode ocorcer cm qualquer
lugar onde uma pessoa está com fome e a outra que está presente pode ouvir.
Detectando CRBsI no comportamento verbal. Na cultura americana
,
ocasiões em que clientes dizem uma coisa, mas querem dizer outra, tendem a
ser CRBs I. Pegue por exemplo o tato "Estou sentindo-mc suicida." O cliente
pode estar, simplesmente, sc reportando aos seus sentimentos. Esse lato.
contudo, pode ser um mundo disfarçado, tal como "l)i/ pra mim que você sc
importa comigo." Reciprocamente, o mando "\bcê sc importa comigo?" pode
ser uma solicitação dc reafirmação, mas também pode ser um lalo disfarçado
para 
"Esiou com sentimento suicida." A Figura 4.1 abaixo
, ind>ca a maneira
em que uma declaração (exemplo: "Estou sentindo-mc suicida") pode ter
significados ou funções diferentes (uma descrição dc sentimentos ou uma
solicitação de reafirmação de cuidados) e diferentes emissões ("Estou sentindo-
me suicida" c "Voei sc importa comigo9") podem ser. funcionalmente, similares
(indicando uma necessidade dc reafirmação de cuidados).
Fig. 4,1 Fornias c
funções das
declarações
do cliente
Tato
Fornia Função
"Estou
sentindo-mc
suicida"
Aludindo a
sentimentos
suicidas
Mando
"
Vfocêsc importa j \ 1 Pedido de/ \J reafirmação de
comigo?
"
cuidados
M. Tmí et ai
Em suma, as declarações do cliente nem sempre devem ser tomadas
literalmente. Um CRBI pode estar ocorrendo quando um tato estiver sendo
um mando ou um mando estiver sendo um tato. H claro que qualquer emissão
verbal pode funcionar tanto como tato quanto como mando.
Além disso, grande parte do comportamento verbal é multidcterminado.
Além de um controle primário de estímulo, um controle de estimulo
suplementar adicional, geralmente, influencia a resposta. Múltiplas causas
podem explicar por que um comentário particular está sendo feito em um
momento particular, quando muitos outros também são possíveis. Por
exemplo, um cliente que esta irritado com a sua terapeuta pode levantar um
incidente no qual cie perdeu a paciência com a sua parceira. Ou uma cliente
que está com dificuldade para pagar as sessões dc terapia pode falar sobre
sua dificuldade de viver dentro dc seu orçamento.
Múltiplas Causas e mandos e talos disfarçado* são significados bdiaviorislas
que, tradicionalmente, se referem a 
'ocultos,, *latentes
* ou "inconscicntcs" ou
apenas casos cm que o cliente pode dizer uma coisa, mas estar querendo
dizer outra, Essas variáveis têm seus efeitos independentes da consciência do
cliente
,
 no entanto, um mecanismo interno, lai como o inconsciente, não necessita
ser usado, l-m vez disso, na FAP tais efeitos sào considerados os resultados
dc variáveis *sutis*. Cm contraste, variáveis ,óbvias, são aquelas que
correspondem à forma da resposta (e.g.. um cliente deciarando que está
nervoso com seu parceiro c nervoso apenas com o seu parceiro c não com
seu terapeuta).
Nós definimos uma 'metáfora, como uma resposta controlada por
variáveis 'sutis
, Porexemplo, uma experiência negativa com um massagista
c a variável óbvia que controla o cliente contando para o seu terapeuta,
"meu mavsagivta usou muita piosão c me deixou roxo.
" Sc este cliente
está descrevendo a experiência porque ele/ela foi provocada,
emocionalmente, dc forma intensa pelo terapeuta, então a variável sutil é
urna experiência terapêutico prejudicial. De acordo com a definição acima,
a declaração .sobre seu massagista ó uma metáfora porque c um responder
dc múltiplas causas sobie controle parcial dc uma variável sutil.
O objetivo íundamenial dessa conceituaçio c propiciar aos terapeutas.
com uma perspectiva diferente, a aquisição através dc uma compreensão
behaviorista do comportamento verbal, da capacidade de interpretar o
significado das declarações do cliente. Tudo o que c dito, incluindo as palavras
desta página, nío deve ser levado literalmente. Realmente, palavras, asserções,
comentários, explicações, razões c ale teorias, tais como. o behaviorismo, têm
um significado que podem ser bem mais compreendidos por meio do
conhecimento do contexto e da história que levaram A sua ocorrência
Neste exemplo, de como uma declaração pode ser vista como uma
metáfora, n cliente de Ml, uma artista, começa a sessão se queixando sobre
como seu estúdio está bagunçado.
4 Técnica Terapêutica: As Cinco Regra* 99
Cliente: Eu só estava me deparando com a bagunça» a sujeira, a
desordem» que ocupava o espaço no meu estúdio. Programei-
me dc certa forma para o fracasso
, por pensar que leria esse
maravilhoso dia pani limpar n>eu estúdio quando, provavelmente,
levaria semanas. Devia dividir em pequenos objetivos paia então
sentir um senso dc conquista, so invés de assumir a tarefa inteira,
porque continua inviável. Não me senti bem ao final do dia.
Comecei otimista pela manhãe acabei muito irritada, pessimista,
infeliz e debilitada no final da tarde
, quando meu marido chegou
cm casa. Acordei no meio da noite corno se tivesse sido acordada
por um barulho alto. Estava acordada assustada e me sentindo
muito agitada com aquela bagunça do estúdio...
Terapeuta: Estou pensando se o que >ocê acabou de me dizer sobre seu
estúdio é uma metáfora para a sua vida c sua terapia comigo?
C: Hmm
...
T: Você disse que nflo queria se programar para o fracasso, que
pensou estar indo naquela direçílo por pensar que poderia fazer
tudo em um dia, que é importante pra você dividir cm pequenas
tarefas para que possa fazer pouco a pouco e que era muito
importante pra você ter uma sensação de realização. Vfocê
acha que isso se aplica ao que estamos fazendo aqui?
C: Possivelmente, agora que você colocou desse jeito, a ideia de
entrar pela porta c ter que me deparar com tudo o que é possível
no mundo. Por onde é que vamos mesmo começar, é assim
que cu me sinto sobre aquele lugar. Eu tenho tanto* projrios lá
dentro que aié nem ligo mais, cu tenho de fazer algo. I
"
.
 é
realmente uma metáforaapropriada. Por onde você começa?
Estou nesta pequena Mia amarela, nem sei por onde começar.
cu acho. Tenho minha lista de riscos
, minha história de vid«
pendurada lá fora c tenho minha vida externa, como tudo aquilo
irá ficar comprimido nestes 45 minutos dc tempo.
potencialmente, caro? Eu não sei a resposta. Então cu poderin
simplesmente, deixar acabarem os 45 minutos c não pensar
sobre isso dc novo até a próxima semana, como na próxima
lerça quando eu voltar para meu estúdio e não r<-r| nada
marcado para esse dia. incrivelmente.
T: Então
, isso se parece tão cl3ro c você tem tar.io o que lazer.
você precisa repartir.
C Eu acho. Quero dizer, quando você pede para eu programar
uma agenda, nem sei o que falar, o quê c por onde posso começar?
100 M Tini et al.
Neste trecho, a descrição da cliente dc seu estúdio bagunçado foi interpretada
como unia metáfora dc como ela via a terapia, levando a uma discussão
produtiva das fornias pelas quais a sua terapia pudesse ser estruturada para
ser mais útil e menos opressiva, enquanto cxpcriência para cia.
A abordagem behaviorista para interpretar a linguagem pode ser um
instrumento poderoso para a detecção de CRBs c sugere que o que cliente diz
podo ser, de fato, uma metáfora que disfarça o problema mais importante. Duste
modo, se o cl iente está falando sobre o relacionamento com um amigo, considere
elementos na relação terapêutica cm comum com o relacionamento de fora.
que podem ser responsáveis para o diente abordar nesse momento. Sc o cliente
descreve sentimentos sobre outro alguém, admita a hipótese de que isso tenha
uma similaridade com sentimentos dele sobre a relação terapêutica. Se o cliente
descreve um evento durante a semana, o que na relação terapêutica poderia ter
em comum com tal evento? Os sonhas do cliente são relevantes para o que está
acontecendo na terapia? Usar o sistema de classificação da 1AP irá ajudar a
gerar hipóteses sobre as variáveis sutis, que poderão estar influenciando os
comentários do diente. Uma vez que a hipótese está feita, informações adiante
podem ser cdcladas para ajudar a confirmá-la ou rejeitá-la.
Embora essa abordagem seja, tipicamente, associada ao tratamento
psicodinâmico, c uma intervenção baseada cm pesquisa e teoria behaviorista
bem cstabelecidi Similarmente, deslizes dc linguagem são vistos como causados
por fatorcs ocultos, da mesma forma como terapeutas freudianos interpretam
os mesmos. 1 ima diferença crucial, contudo, c que deslizes skinncrianos podem
ou não ser clinicamente relevantes. No behaviorismo, algumas vexes um charuto
é
, de fato, um charuto - nem todos os comportamentos dentro da sessão são
clinicamente relevantes. Globalmente, o sistema da FAP para classificação do
comportamento verbal do cliente permite aos terapeutas explora irm significado»
alternativos para o que foi dito, ta! que problemas interpessoais mais significativos
e profundos podem ser identificados.
Regra 2: Evoque CRBs (Seja corajoso)
Do ponto dc vista da FAP. a relação terapeuta-clicnte ideal evoca CRBsl,
que por sua vez são os precursores para a criação e desenvolvimento de
CRBs2. CRBs sào ideográficos ou pertencem a circunstâncias e histórias
únicas do cliente c, deste modo, a relação terapêutica ideal irá depender dos
problemas diários dc uni cliente cm particular que estejam acontecendo. Sc
um cliente é ansioso, depressivo ou tem dificuldades para seguir um curso
de ação, então quase qualquer tipo dc psicoterapia tem o potencial para
evocar CRBs relevantes. A FAP, contudo, foca, além disso, na relação c
nos problemas íntimos lais como a habilidade de confiar realmente nos outros,
assumir riscos interpessoais, ser autentico e dar e receber amor. Assim, a
FAP pede para que terapeutas sejam presentes c estruturem suas terapias
4 Técnkn Tonpíuiica: As Cinco Rctjut 101
de uma maneira que não seja, normalmente, encontrada cm outras terapias
behavioristas.
Implementar os passos necessários para criar uma relação terapêutica
evocativa exige que terapeutas assumam riscos c demonstrem seus próprios
limites dc intimidade. Tais riscos envolvem serem corajosos e terem uma
força moral ou mental para arriscar, para perseverar c para aguentar o
medo da dificuldade. Quando terapeutas estão fazendo bem a FAP. eles
estão
, provavelmente, ampliando seus limites e arriscando além de suas
zonas dc conforto.
Os métodos discutidos sobre a Regra 2 ajudam terapeutas a: (I) estruturar
um ambiente terapêutico que evoque CRBs significativos; (2) empregar
métodos terapêuticos evocativos; e (3) o terapeuta servir como instrumento
de mudança. Fm termos analítico comportamental, estes métodos são vistos
como operações estabelecedoras; neste sentido, eles não somente evocam
CRBs (e.g., apresentar estimulo discriminativo para CRBs), mas também
estabelecem o terapeuta como um reforçador eficaz do comportamento do
cliente. Sem estas operações, a FAP nào pode ocorrer.
Estruturando a Terapia para ser Evocativa
Desde o primeiro contato entre terapeuta c cliente, seja esta ir.teração
um contato telefónico ou uma sessão inicial, terapeutas da FAP podem
começar a estruturar o ambiente terapêutico para preparar o cliente para
uma terapia intensa e evocativa que se foca em interaçÕes ao vivo.
Descrevendo a racional do FAP (*pacote FAP,). A fim dc fazer com
que a FAP seja mais efetiva, é importante que os clientes entendam sua
premissa - que o terapeuta irá tentar identificar fornias para que os problemas
da vida do cliente lá fora surjam dentro da relação terapêutica, porque tal
foco ao vivo facilita a mais poderosa mudança. Essa é uma idéia atípica,
pois a maioria das pessoas acredita que entram na terapia para falar sobre
problemas c relacionamentos dc fora da terapia. Deste modo, variações do
*
pacote 1 AP
* (racional da FAP) sào apresentados no primeiro contato
telefónico, nas informações de consentimento do cliente e nas sessões iniciais
do tratamento até que o cliente compreenda isso totalmente.
A seguir, são apresentadas duas amostras dc declaraçócs da racional da
FAP. A primeira é usada por MT, mas é considerada uma versão de 'alto
risco terapêuticoi e nós reconhecemos que nem todos os terapeutas da FAP
irão usar. A segunda, uma versão dc risco moderado usada por RJK, é
subsequentemente fornecida. A racional, c claro, pode ser modificada para
refietir mais precisamente uma postura terapêutica. Lembre-se dc que
declarações da racional sào destinadas a serem evocativas, c, portanto, todos
os fundamentos do terapeuta devem refietir riscos assumidos e ser um 12
(comportamento alvo do terapeuta).
102 M Tui d al
O que você pode esperar de mntM trabalho terapêutico jun to* [ Versão de a!to nscs>
terapêutico de AfTJ
O cliente entro tu terapia com cslónasde vuLs complexas dc alcgru c angústia. sonhos
c esperanças, paixões c vulnerabilidades, dons únicos e habilidades. Sua terapia comigo
será conduzida em unu atmosfera dc cuidado, respcilo e compromisso em que nova»
formas dc abordar a vida serio aprendidas Nosso trabalho será um esforço conjunto;
seu repertório t valioso c será usado no plano dc tratamento c cm atribuições dc
tarefai na semana. Eu knestirci unu grande quantidade dc cuidados e esforços denuo
de nosso trabalho juntos e espero que voei faça o mesmo. Verificara com voei.
continuamente, o que esti acontecendo de legal pra você na nossa relação e o que
precisa ser modificada
O tipo de terapia que cu farei ê chamada dc Psicoterapia Analilico Funcional (FAP).
É umn terapia desenvolvida na Univeriidude de Washington, que 6 baseada r.o
behaviorismo, mas tem a fundamentação teórica para incorporar métodos dc outras
modalidades terapêuticas quando apropriado. A FAP enfati/a que a ligação que será
formada entre mim c voei será o maiorveiculo na sua cura c transformação.
As pessoas mais satisfeitas estio cm contato com cias mesnus c estio apus a serem
efetivas interpessoalmcote Elas tio capazes de falar e agir. compassivamente, sobre
suas verdades c dons c sio caçoes dc sc doar imeiraa ale c receber amor. A FA P irá
focar cm trazer a tona o seu melhor A fim de fazer isso. voei pico vi. pr.-ncirKnesse.
estar cm conuto com voei mesmo. com a sua essência, (exemplo necessidades.
sentimentos, anseios, ntcdo«. valores, sonhos, missões). Voe' ter) i» oportunidade dc
nprender como sc expressar por completo, lamentar perda», dovnvolvcr mençflo c
criar melhores relações. Iodo» os aspectos dc sua experiência scrSo abordados,
incluindo mente, corpo, sentimentos c espirito. Eu desafiarei você a ser mais aberto,
vulnerável, ciente e p'cscmc. Existe um nivel ótimo para assumir riscos em qualquer
sítuaçSo; contado, i iapomnM que soei c eu rícrótofcmos. ate que ponto. fora dc
tua znna de conforto pode ter rndhnr para vocc em qualquer mnracMo.
Será tmpo«.t»:c par» nós nos focarmos cm nossa io!craçio. x voei Krr qomfo
(positivas ou nepii - as) ou dificuldades que surjam comigo, que também surjam com
outras pessoas cm sua vida. Quando alguem sente que pode expressar seus
pen «intento», sentimento» c desejos ile unu maneira autSntieu. cwidndoiu c assertiva.
esse alguém tem o senso de domínio da vi.l.i Nos<a relaçllo terapêutica será um lugar
ideal para praticar cksc poder.
Considero o espaço que \oci ocupa comif o r.a terapia como sagrado - iou privilegiado
em einbaicií em urna jornada J< exploraçioe crcsonwiio com »x>cé c vou me ater a
lodo o que corrçuruEur. com reverência ccudado. Serei umapesscttfc.-ui&ajcsij
sala cem voei e me» princípio orientador nuis i. .perunte i fa/er .v;»«lo q<c é me»«
para voei
...
Eu aceito a declaração acima c fi/ uma cópia para mim. Tive a oportunidade dc fazer
pergunus c expressar minhas rcaçòes. Esiou empcnludo cm «lar meu melhor nesta
terapia, {assinatura do cliente]
O que Hxê Pode Esperar mo Soou Trabalho Terapêu.ico Jumtm /Versão de Kú<ú
ââwfcwl» A JU>7
_
 ]
4 Técnica Tcri pânica A» Cinco Krgiat 103
O clicnte entra na terapia com cstõrias de vida complexas dc alegria c angústia, sonhos
ce.livrança»,paixõese vulnerabilidades,donsúnicosc habilidades. Sua terapia comigo
hoiA conduzida em uma almosfcra dc cuidado
, respeito e compromisso em quo novas
forma» de «bordar a vida scrilo aprendidas Nosso trabalho será um esforço conjunto:
seu repertório e valioso e será usado no plano dc tratamento c cm atribuições dc
tarefas para a semana. Investirei uma grande quantidade dc cuidados e esforços cm
nosso trabalho c espero que voei faça o mesmo Verificarei c<xn voei
. eoaunuamcoic.
o q*c esti acontecendo de bom para voei aa oossa rclaçio e o que precisa ser
modificado
O tipo dc terapia que eu farei è chamada Psicoterapia Analítico Funcional (FAP). É
uma terapia desenvolvida na Universidade dc Washington baseada no behaviorismo.
mas tem :i fundamentação teórica paru incorporar métodos dc nutra» modalidades
terapêuticos. Por exemplo, u tei apia coynilivo-comportamcntal. frequentemente, inclui
o embiisiiinento empírico dc protocolo» para doenças cspeclflei». Ao mesmo tempo.
a FAP enfatiza que a relação tcrapeuta<liente é importante para realizar mudanças
significativas na vida. Assim, akrr de um foco especifico no sintoma quando necessàno.
a FA P também fornecerá a possibilidade dc trazer a tonao seu melhor, para aprender
a w oipraui por completo. lamentar perda» qoaadu ocvx Mno. desenvolver atearão
c coar reiJcio.-_ur.cnlos ndbom,
Será imporumc oos concentrarmos em no*sa mtcraçio sc voei tem questões (positivas
ou negativas) ou dificuldades que ocorram comigo, que tambitn surjam com outras
pessoa» cm suj vida. Nossa rclnçlo terapêutica será um espaço ideal para vocc
praticar ver mais efeiivo em seus relacionamentos com outros.
Ru considero que o espaço que voei ocupa junto comigo na terapia icjn dedicado a
tudo exposto acima c não será tratado superficialmente. Eu considero um privilégio
participar de uma jornada de exploiaçio e crescimento com voei c vou reter tudo o
que compartilhar, com rc\ crincu c cuidado. Serei uma pessoa genuína neste local
com voei c meu principio orientador mais importante i fazer aquilo q« for do seu
melhor interesse
Além das declarações escritas, estes são exemplos dc *pacotes da FAP*
que podem ser fornecidos na sessão.
(I) O principio primário no tipo dc terapia que cu faço i que nossa iclaçâo é um
microcosmo dc suí> relaçóc» lá fora. Fuiio. explorarei conto voei interage comigo
de unu nuneira sai lar a conto voei aitcragc com outras pessoas, quais problemas
surgem coaige que também s.igem «««outras pessoas, ou quaiscomportamenia*
positivos voei icir, comigo que voei pode tevar para suas relações com outros.
(2) Nossa relação fomccc a oportunidade ,wa vocc explorar como voei e cm outra
relação, expericneiar fHforenlís maneiras (Sc se relacionar e cm lo levar isso para
seus outros rtlacinnamentns
(J) Eu entendo que voei eslàpi\K> >*ikIi" iraUMnalhi para dcpruMlo. Um* razio pi*
que as pessoas licant depnmiOat c que cias :adiain difícil cxprcaaar o que sentem
c de afimur o que q-cicn. dc i*c*«o«k Mtyortaatci. Vocc «.h* que isso c v erdade no
para voeira resposia c usualmente "Sia "1 Bem. um foco dc nossa terapia será
cm como voei poderá se I0tn.tr unu pestoa mais poderosa, alguem que possa
falar sua verdade compassivamente c ir atrás do que quer (A resposta i tipicamente
"
Isso parece bom") A maneira mais efetiva para voei sc desenvolver enquanto
104 M. Tuai cl al
uma pessoa mais e*pres*iva é começando bem aqui. agora, comigo. me falando o
que esli pensando. icntindo. precisando, mesmo que islo pareça assustador ou
arriscado. Sc »©cé conseguir Ira/n à lona o seu melhor comigo, enfio poderá
transferir e»*cs comportamento» para outra» pessoas em tua vida. Como lUo soa
para você?
(4) A terapia ten» uin impacto maior quando você fala sobre suas expcnciKta» no
momento presente, como sentimentos de estar deprimido ou ansioso ou
pensamento* de es Ur inseguro consigo mesmo. Falar daquilo que esli acontecendo
a setslo ao invés de apenas relatar sobre situações oo sentimentos
capcriroencaA» dmntc a «nua* Qiardo olhamos para aJjo que csú acixuccendo
cxalamcnte ajvra, podemos capcrienciar e compreender mais completamente, c a
mudança terapêutica é mais forte e mui» imediata.
Quando e como cntiegar o 'pacote FAP
, depende é claro, do cliente. Para
alguns clientes, uirn raciona! da F AP completa na phmcua sessão pode ser
muilo imensa e confusa; para outros, pode ser um tanto quanto poderosa c
iniciar o processo dc terapia de forma positiva. Os exemplos acima sào,
relativamente, genéricos, mas é sempre útil, quando fornecemos a racional da
FAP
,
 usar exemplos concretos. Idealmente, tais exemplos devem relacionar
eventos que já tenham ocorrido na sessão, com os problemas do cliente, dc
fora da sessão, fa/endo assim com que o cliente experieneie a relevância da
relação terapêutica ao invés de ser convencido disto verbalmente. C também
vital para o terapeuta avaliar como está a reação do cliente para com r. racional
(Addis c Ctrpcntcr, 2000). Terapeutas devem ser flexíveis c abertas para as
rcaçôes do cliente cm relação a racional c lambem devem reconhecer a
possibilidade dc que a FAP não é apropriada para todos os clientes.
Criandouw espaço sagrado de confiança e segurança. A importância
dc se criar confiança e segurança não podem ser exageradas na FAP. O
terapeuta poderá optar |tor descrever este processo como 
>criando um espaço
sagrado, para o trabalho terapêutico. Dc acordo com o dicionário Oxford, o
espaço sagrado
, é dedicado, mantido separado, exclusivamente, apropriado
para algum propósito especial ou pessoal eé protegido dc injúnas ou Icnmcnto
ou invasão. O uso destes termos para com os clientes pode ser um tanto
quanto poderoso. Sc o terapeuta da FAP escolher usar o termo 1espaço sagrado
,
para com os clientes, a questão chave é que, funcionalmente, sua relação será
realmente sagrada como definida aqui c criar confiança c segurança c essencial.
Recorra ao Capitulo 7 (O Curso da Terapia) para urnadiscu>são mais detalhada
de como construir confiança c um senso dc segurança na FAP.
Usando os formulários e questionários de feedback do processo FAP.
Como um auxilio para permitir que terapeutas se tornem mais sensíveis para
com os diferentes tipos de CRBs c também para evocar CRBs do cliente,
inventamos inúmeros formulários e questionários para guiar a terapia; uma
sclcçào disso está disponível no Apêndice Geralmente solicitamos isso após a
primeira sessão, quando os clientes começam a fornecer fcedbacLs escritos
semanalmente usando o 
"Formulário dc Ligação entre Sessões" (Apêndice
4 Técnica Tcrapculii.il As Cinco Regras 105
D). Este formulário inclui questões sobre como eles se sentem conectados ao
terapeuta, o que foi útil c inútil na sessão anterior
, o que estão relutantes cm
dizer c que problemas apareceram na sessáo que são similares a problemas
do dia a dia. Questões que podem ser feitas pelo terapeuta para focar na
relação terapêutica estão listadas nas "Questões Típicas dc FAP" (Apêndice
E). O "Questionário de Início dc Terapia" (Apêndice F) c geralmente
apresentado na terceira ou quarta sessão. O "Questionário para a Fase
Intermediária da Terapia" (Apêndice (i) evoca reações considerando a fase
média da terapia. A "Planilha do Luto" (Apêndice H). "Inventário de Perda"
(Apêndice I) c "Lamentando cm Sua Poesia" (Apêndice J) não apontam o
processo entre o terapeuta e cliente, diíetamente, porém facilitam a expressão
do desgosto, da raiva e tristeza perante a perda, emoções que muitos clientes
evitam. A disposição dos clientes para experimentarem intensas emoções na
presença de seus terapeutas e, como icsultado, se deixarem cuidar é tipicamente
um CRH2.0 "Ferramentas para a li tapa Final da Terapia" (Apêndice K) têm
seções separadas para clientes c terapeutas, ajudando ambos a dizerem adeus
de uma maneira significativa.
Usando Métodos Terapêuticos Evocativos
A FAP c uma terapia integrativa (Kohlcnbcrg c Tsai, 1994) c recorrc a
variadas técnicas terapêuticas que nenhuma orientação »-raprutica poderia
prever.
A adoçâo dc técnicas particulares depende do j ulgamento do terapeuta cm
relação à quais problemas do cliente evocar e o que será naturalmente
reforçador para os comportamentos alvo do cliente. Esta seção discute técnicas
evocativas, que brotam de outras terapias Dcpende.-ído da história de treino
.
essealgucin talvez lenha sido ensinado a evitarengajar-sc em algumas dessas
técnicas, devido :i suas origens não comportamentais. Na FAP, contudo, o que
é importante nâoé a origem teórica da técnica específica, mas sim sua função
com o cltcntc. Na medida em que uma técnica - qualquer técnica - funcione
para evocar CRBs. é potencialmente, tini para a FAP. Diversas técnicas
,
atualmenie, sào apresentadas por terem sido descobertas pela sua utilidade
neste quesito. O que estes métodos icm cm com um é que todos criam contextos
inusitados
, que poderão ajudar clicntes a se comunicarem c expressarem para
o terapeuta pensamentos c sentimentos evitados
.
Contar a outros seus pensamentos c sentimentos Íntimos c ccnlial paia
estabelecer intimidade c para reduzir uma esquiva emocional. Neste contexto
é útil considerar duas classes gerais dc pensamentos e sentimentos evitados
.
que podem ocorTcr durante a sessão. A primeira é sobre o terapeuta c a
relação terapêutica. Estes sào os tipos de CRBs mais frequentemente
ilustrados neste li»ro
. A segunda c lasse
, o f<n o da nossa presente dis< ussfu».
é uma esquiva mais genérica c envolve a expressão dc pensamentos c
106 M. Tsai ci al
sentimentos, que estão emocionalmente carregados, mas não são,
necessariamente, sobre o terapeuta. Todavia, a presença do terapeuta evoca
a esquiva. Em nossa experiência, a esquiva de tal expressão é um problema
comum da vida lá fora (01). Ser mais emocionalmente expressivo na sessão
é um CRB2 que pode ser naturalmente reforçado c cntào generalizado para
o 02. Essas técnicas são emprestadas de outras abordagens terapêuticas e
são vistas funcionalmente. Isto c, expressões emocionais (exemplo: desgosto
ou um trauma lembrado) não são descritos como "uma liberação de energia
"
ou "trazendo para fora sentimentos reprimidos
"
. Ao invés disso, um terapeuta
da FAP pode perguntar se a expressão c um CRB2 relacionado a ser mais
aberto, que irá agir para construir e fortalecer a proximidade c intimidade.
Neste sentido, a FAP é uma abordagem terapêutica, tecnicamente,
integrativa. Essas técnicas não definem a FAP e nós encorajamos terapeutas
da FAP a usarem essa seção não como um modelo dc como conduzir a
FAP
,
 mas como um estimulo para explorarem a relevância clínica possível
de tais técnicas.
Associação livre. Pilar das terapias de orientação psicanalítica, a
associação livre se refere ao cliente dizer bem alto o que vier à mente, sem
censura. Esta técnica pode ser útil para clientes com problemas de identidade,
o comportamento de quem está sob o estreito contiole óe estimulo da
aprovação dos outros (veja Capítulo 5 no Self e Mindfuincss). Tais clientes
são focados em ter a aprovação de outros c encontram dificuldades para
falar sem respostas imediatas por parte do terapeuta. Uma vez que uma
forte relação terapêutica tenha sido estabelecida, se o cliente estiver se
habituando a experienciar a ansiedade dc não receber feedback imediato, a
associação livre pode trazer à tona o CRB2 dc declarações autênticas que
estão sob controle privado.
Exercidos Escritos. Exercícios, tais como a escrita cronometrada
(Goldberg, 1986) podem ser usados em sessão ou atribuídos como tarefa.
Na escrita cronometrada, é dada ao cliente uma quantidade de tempo
(exemplo: três minutos) para escrever qualquer coisa que vier a mente sem
censura. A peça escrita pode ser sobre um tópico especifico que tenha sido
apontado na terapia (exemplo: sentimentos relativos a um dos seus pais. ou
medo de succsso ou fracasso) ou pode se referir a qualquer coisa que esteia
na mente do cliente. F.xceto o limite de tempo c a tarefa ser escrita ao invés
dc oral, é, praticamente, como associação livre, enquanto o objetivo é
expressar sentimentos e pensamentos que estão sob o controle privado (Veja
Capitulo 5) c podem ser mais difíceis para comunicar e expressar sob
condições sociais normais. Uma vez reforçadas na terapia, essas expressões
são mais prováveis dc ocorrer na vida diária.
Outro exercício que pode ser introduzido no início da terapia, algumas
vezes até na primeira sessão, é a tarefa da mão não dominante. Escrever
com a mão não dominante tende a suscitar respostas mais potentes e menos
'1 Técnica Terapêutica: As Chico Regras 107
usuais. Porque as pistas são diferentes daquelas que podem aparecer com a
escrita normal (exemplo: mão não dominante, a escrita é simples se parece
com uma escrita dc criança, dificuldade em escrever mais do que poucas
palavras), havendo menos oportunidade histórica para desenvolver
repertórios dc esquiva. Frequentemente, para a surpresa dos clientes,
respostas mais inusitadas c infantis tendem a ser expressas, que por sua
vez, podem resultar em emoções intensas, conexões a antigas memórias,
explorações de dificuldade e material importante. Essas expressões
emocionais na presença do terapeuta são CRBs2 potenciais dc intimidade
(Veja Capítulo 6). Este exercício pode ser um tanto quanto poderoso c valioso,
a serviço de evocar CRBs, dependendo dos problemas do cliente. Instruções
para o exercício de escrita com a mão não dominante estão a seguir.
Este c um exercício dc escrito puta a sua rnuu nào dominante. Eu peço que vocc
escreva com a sua mão não dominante porque força você a ser mais breve e dircto ao
pomo. Pois nào e algo que você csiá acostumado a fazer, você não pode exprimir-se
Ião facilmente como de coslume. Eu vou ler para vocí uma sentença c gosiana que
você escrevesse qualquer coisa que viesse à sua mente sem censurar isso. Você não
precisa mostrar suas respostas para mim a núo ser que você queira, então, seja o mais
honesto possível com você.
. Eusimo
...
. Eu preciso...
. Eu anseio por...
- Estou com medo...
. Estou lutando com
...
o Eu sonho em
...
® Eu finjo que isso...
« É difícil
, para eu falar sobre
'é difícil
, para eu falar paia você...
« Se cu tivesse dinheiro
, cu iria...
° Sc cu tivesse coragem, eu iria...
Técnico da cadeira vazia. Um?, técnica fundamental na Terapia da
Gestalt (Perls, 1973) c na Psicoterapia Focada na Emoção (Greendberg,
2002), são os métodos da cadeira vazia que podem ser usados para evocar
sentimentos e pensamentos evitados de ci»en;es dispostos e imaginativos. A
cadeira vazia representa uma pess:n* que, tipicamente, evoca esquiva
emocional. Quando eficaz, a cadeira vazia compartilha propriedades dc
estímulos suficientes, em com-.:>i> com a pessoa "rea!
"
 ou Sd (estimulo
discriminativo) para evocar scmmicntos relevantes, mas é diferente o
suficiente, para reduzir esquiva. Dr ponto de vista behaviorista, nào
importa que o estímulo não exista "na realidade" porque estimulo imaginado
pode ser muito similar, funcionaluicnte, ao estimulo real c assim pode ser útil
na sala de terapia. Ademais, porque o estímulo é imaginado, quaisquer
consequências que seguirem ao falar do estímulo real não irão ocorrer,
108 M. Tsai cl al
facilitando a expressão de pensamentos c sentimentos, particularmente, difíceis
na presença do terapeuta. Alem disso, cadeiras vazias podem evocar fortes
respostas emocionais, porque os clientes estão se expondo a características
aversivas da fonte de suas angústias, cm vez de falar sobre a fonte de suas
angústias.
Por exemplo, cm vez de falar sobre sentimentos de niio ter sido amadc
por um dos seus pais, o cliente pode falar, diretamente, para a presença
imaginada daquele pai na cadeira vazia (exemplo: "Eu acho que você mc
abandonou quando eu tinha dois anos e você estava realmente deprimido
"
).
Em vez dc falar sobre como o cliente sc sente cm conflito com seus objetivos
de vida, os diferentes objetivos podem ser antropomorfizados por imaginá-
los sentados em cadeiras diferentes e encorajados para conversar (exemplo:
"Eu quero subir a escada do sucesso
"
 versus "Eu quero ficar cm casa e ser
unta mãe o tempo lodo"). Embora tais movimentos requeiram uma discussão
uiíiis extensiva envolvendo a teoria de quadro relacional (llayes ET AL.,
2001) uma completa explicaçflo behaviorista c que eles podem funcionar
para facilitar o contato com emoções reais, mas dificilmente experienciadas.
Como afirmado anteriormente, para muitos clientes tais expressões
emocionais na presença de seus terapeutas sào CRRS2.
Evocando emoções por focar em sensações corporais. Clientes podem
evitar seus sentimentos usando uma variedade de técnicas dc distração. Sc
perguntados, prontamente estarão aptos a falar para o terapeuta os meios
que usam para evitar emoções 
"Você sabe o que está fazendo para não
sentir seus sentimentos?" Respostas que já ouvimos incluem "Eu conto de
trás para frente a partir de 1000, por 7segundos,
" "Eu te encolho na forma
de um ponto no carpete c fico olhando," "Eu fico olhando para os espaços
entre seus dentes da frente," e "Eu dissocio - é uma sensação de flutuar
sobre meu corpo.
" Embora clientes possam estar atentos às suas estratégias
de distração, estão frequentemente desatentos de como bloqueiam respostas
físicas que são a fonte dc seus sentimentos. O resumo abaixo é da 12'
sessão dc terapia de MT com um cliente chamado Victor, cujos problemas
presentes eram dificuldades cm contatar. rotular e expressar suas emoções.
MT estava trabalhando com Victor para permitir que fizesse contato com a
sua forma dc bloquear seus sentimentos, chamando atenção para seus
comportamentos evitados, que incluíam não fazer contato visual, sorrindo
quando ele sentia cmoçflo c segurando sua respiração.
Terapeuta: Você está olhando pra mim assim (olhos olhando pra cima,
inclinado para baixo), estou pensando se você pode olhar pra
mim mais diretamente? Isso ajudaria a mc sentir mais
conectada.
Cliente: Tudo bem.
T: O que está sentindo neste exato momento?
,I Técnica TeinpSutica: As Cinco Regras 109
C: Estou triste. Quando começo a pensar na peça a que assisti
ontem á noite
, havia tristeza, choro, há lágrimas em mim cm
algum lugar.
T: Você está sorrindo. O que acontccc quando sorri? Isso bloqueia
suas lágrimas?
C: Sim
, eu acho.
T: Viu, você está fazendo isso, está fazendo sua tristeza iremboru.
E difícil ficar triste quando está sorrindo e dando risada de
algum jeito. [MT está bloqueando - repertórios dc esquiva.]
C: É verdade.
T: Eu gostaria de ouvir mais sobre sua tristeza.
C: Tudo bem. Então
, a tristeza c sobre perda, separação.
T: Como você experiencia isso no seu corpo neste momento?
Seja direto - nó na garganta, sensação de peso no peito. O que
sente? Você está piscando mais agora.
C: Jura? Não sabia disso. Percebo a respiração artificial.
T: Você está fazendo um ótimo trabalho ficando com você mesmo
c não sorrindo, não pensando. Eu ouço você falar sobre essa
peça c realmente isso mobilizou você. O que isso trouxe para
a sua vida?
(Reforçando estar em contato com seu corpo.]
C: Eu pensei sobre meu pai ficando velho, meus psis ficando velhos
Bem, no final da peça o personagem principal acaba morrendo
c ele e seu amigo acabam falando para ambos que se amam c
ele diz, "Sc cu tivesse outro filho, cu gostaria que cie fosse que
nem você." É muito amoroso. Eu vou ficar com minha emoção.
Hu não sei como aquilo se conecta com meus pais. O amor
que tenho, eu sei que eles fizeram o melhor que puderam. E o
suficiente? Foi apenas um momento bonito, e...
T: Vamos voltar à declaração. Vocc pode falar isso de novo?
(MT notou que o cliente parecia estar bloqueando suas emoções
quando falou 1Se eu tivesse outro filho... ?eé evocativo sugerir
que fale dc novo junto com o encorajamento implícito para
sentir.)
C: Hum, sc cu tivesse outro filho, gostaria que ele fosse que nem
você.
T: O que você fez para parar a emoção?
C: Eu não sei.
T: Você está sorrindo. Então as palavras "Se eu tivesse outro
filho cu iria querer que ele fosse igual você" realmente o
tocaram. "Se eu tivesse outro filho iria querer que ele fosse
NO M. Tui cl a!.
igual você" (MT repele esse declaração algumas vezes para
manter seu poder evocalivo.J Eu não sei se você leve aquele
sentimento quando estava crescendo, sc seus pais queriam que
você fosse como e. Eu acho que, provavelmente, lenha sido o
oposto, eles estavam tentando medicar você, acalmar você.
Você não estava legal do jeito que estava. Você está segurando
sua respiração? (Evocando emoção, bloqueando esquiva.]
C: Sim, estou segurando minha respiração.
T: O que aconteceria sc você apenas deixasse as lágrimas virem?
C: Nada. Eu não entendo por que não consigo. Eu apenas ficaria
triste. Eu não entendo, cu não sei por que não consigo fazer isso.
T: Você na verdade conseguc fazer isso melhor do que muitos
homens. Você se deixou ficarcomovido na peça, você se
deixou soluçar quando estava sozinho. Eu acho que sc sentirá
muito mais liberto se estiver em contato ainda mais com seus
sentimentos c mais expressivo. A maior coisa para mim sobre
a sua expressão emocional é a incongruência, o sorriso. A
primeira coisa que quero que faça c cortar isso. Eu não sei o
que isso faz você sentir, mas parece invaliuar, uma maneira
muito efetiva de cortar os seus sentimentos. E estou imaginando
como isso apareceu. Você teve que rir para seus pais e os
deixar achar que tudo estava certo?
C: Minha respiração está superficial. Estou suando cm meu peito
c cm minhas pernas. Estou ansioso.
T: O que está se passando que o deixa ansioso, o que precisa
dizer que não cslá dizendo? Apenas fale.
C: Vocc disse que meu sorriso coita o meu sentimento. Estava
pensando que não quero ser apartado dos meus sentimentos.
Eu nào quero me colocar em minha caixa. Meus pais me
deixaram contido cm uma caixa.
T: Sinto-me triste quando escuto você dizer que seus pais o
colocaram nessa caixa.
C É triste.
T: Você pode dizer 1Sinto-me triste,? [Evocativo.) (Cliente sorri)
Vocc está sorrindo de novo.
C: *Eu, afirmo. Eu me sinto triste.
T: Diga "Eu me sinto Iriste quando penso cm meus pais me
colocando cm uma caixa.
"
Eu também me sinto Iriste sobre seus pais o colocando cm
uma caixa. Sua voz é bem baixa. Diga isso com sua voz como
quem quisesse dizer.
.I Técnica Tcmpíuliui; A« Cinco Rej-m
c
T:
C
T:
C
T:
C:
T:
C
T:
C:
T:
C:
T:
C:
T:
C:
111
Sinto-me iriste porque meus pais me colocaram em uma caixa.
O que notou cm seu corpo?
Estou apertado, não estou respirando, na verdade não estou
me movendo. Isso era minha própria voz? Não? O que notou?
Estou pensando o que está fazendo para interromper os seus
sentimentos. Você não está sorrindo, o que é ótimo, mas está
contido. Parece que está em uma caixa. Quais são as formas
dc colocá-lo em uma caixa?
Eles me deram medicamentos, nào toleravam emoções
intensas
, eram muito protetores, assegurando-sc de que as
tarefas estavam feitas, colocando-me em um monte de
atividades.
Estou realmente impressionada o quão suave você soou. Eu
acho que è exatamente o que está me contando, ser colocado
em uma caixa, sendo medicado. Vocc parece ter tanta mágoa.
Parece que está fazendo tudo o que pode para manté-la.
Estou apertando meus dentes.
Você tem técnicas impressionantes. Vocc nào está se deixando
sorrir, porem está apertando seus dentes.
Acho que estou bravo também. Há raiva lá dentro.
Então, você alguma vez disse a eles que estava com raiva
deles por medicarem você e assim por diante?
Não, acho que nada diretamente. Não. Estava pensando se
alguma vez disse que estava com raiva deles por não me amarem
sendo quem sou. li continuo recebendo essa mensagem dc minha
mãe. Minhas emoções se foram. Estou dissociado, nào estou?
Isso é muito louco.
Acho que está um pouco duro cuin você mesmo, você nào
está muito louco.
O que espera? Você cresceu nesse ambiente onde eles
medicavam você porque você era um pouco demais para eles.
E o que você acha que iria fazer, cmocionar-sc com um louco?
Ainda não.
Sou duro comigo, fico pensando a última frase, "Sc eu tivesse
um filho gostaria que ele fosse justamente como você.
, Então
como fazemos isso?
Fazemos o quê?
Continuamos fazendo isso? Olhando para minhas defesas, tentar
e chegar às emoções... Eu quero me emocionar.
Eu quero que você consiga.
(Chora brevemente)
II? M TMl rl «I.
Após um lempo substancial gasto em um trabalho evocativo focado cm
como cie estava bloqueando seus sentimentos. Victor finalmente estava apto
a sc conectar com suas emoções, dirctamente, na presença de MT. um
comportamento que facilitou a sensação de conexão entre eles.
Evocando o melhor de si. Uma maneira dc evocar CRBs2 é perguntar:
"Como você age ou sente quando está em "sai melhor"? Como faria isso bem
aqui, agora, comigo?
" Isso é, algumas vezes, útil para conduzir o cliente a uma
visualização ou reflexão, imaginando esse "seu melhor
"
. Frequentemente, essa
visualizaçâoc gravada, assim o cliente pode ouvi-la como tarefa Primeiro, solicite
algumas descrições do cliente sobre quais sensações são sentidas quando cm
contato com "seu melhor
"
. Algumas vezes, quando estào tendo dificuldade coin
uma questão particular fora da terapia, eles podem ser comunicados: "Ao final
da reflexão, pedirei a você que escreva uma mensagem vinda deste *seu
melhor*.
** Neste próximo exemplo, MT está trabalhando com uma cliente
dtamada Jéssica que está desolada, pek» fato de o homem por quem se apa ixonou
um alcoólatra recuperado, ter começado a beber novamente. Suas amigas a
aconselharam a deixá-lo imediatamente c cia não sabe o que fazer. Além do
mais, outros estressores em sua vida estão afetando, negativamente, seu senso
de competência e confiança, como trabalhadora social e como mãe. Aqui está
uma parte transcrita dc como este processo acontece:
Terapeuta: Feche os olhos e se foque cm sua respiração. Permita-sc sentir
quaisquer sentimentos que esteja tendo c fique com eles
gentilmente. Fique bem como você é. estando em paz com
qualquer coisa que esteja sentindo, descansando, suavemente,
seu coração. Apenas fique focada cm sua respiração, pois é
muito profunda e dá poder a você. Deixe-se sentir mais sólida
com cada respiração. Com seus pés plantados, firmemente,
no chão, deixe sentir a energia profunda vinda da terra. Imagine-
se enraizada no chão, raízes alcançando profundamente, dentro
da terra c trazendo a firmeza da terra. Permita o senso de
expansão se desenvolver enquanto respira, tomando-se mais
aberta c conectada, não apenas com você mesma, mas com
os ritmos da natureza, abiindo-se a energias do céu. Enquanto
respira, fique mais c mais cm contato com o 
"seu melhor" e
com a voz que vem desse 
"seu melhor"
. Eu sei que cu estive
em contato com o melhor dc você. É 3 parte de você que
continua querendo crescer e mover-se à frente c está apta a
perseverar a despeito dc muitas adversidades. Essa c a parte
que fez você superar o tumulto e a angústia dc sua infância.
Essa parte acredita em você, sabe que tem donse contribuições
.1 léenicu TempÉlilka As Cinco Regras
importantes a fazer. E essa parte, realmente, ajuda a pavimentai
a via para você dizer sim para coisas que são assustadoras e
dizer não quando isso parecer inseguro. Essa parle, realmente.
cuida de você c tem uma perspectiva do que realmente importa
na longa caminhada. Ajuda você a seguir cm frente c e chcia
de carinho por você c por outras pessoas. Reconhece a maneira
que você foi ferida c como precisa se curar e, importante,
também reconhecer o melhor de quem você c.
Veja e sinta o melhor dc si mesma. Sinta como carrega seu
corpo, como faz contato visual com os outros, como projeta
sua energia para o mundo externo. Escute como sua voz é
nítida. Sinta o tanto que está cm contato com sua csscncia.
como se sente com compaixão frente a você mesma e aos
outros. Está cm contato com seus pensamentos c sentimentos
num nível profundo e está disposta a expressar estes
pensamentos c sentimentos. Exerça seus sentidos neste
momento, ao sentir-se corajosa c confiante. Como você carrega
seu corpo? Como projeta a sua energia? Como você fala? O
que fala? Como faz contato com os olhes? Imagine como
interage com seus clientes c com suas crianças, diariamente,
quando está cm contato com o melhor dc si. E pode começar
ficando corajosa c confiante comigo, neste momento, agora.
Como pode ser comigo na terapia, enquanto falando com sua
voz mais profunda, falando c fazendo as coisas que sào mais
difíceis pra você? Quando está em contato com essa voz sábia.
essa tem mensagens importantes pra você. Veja sc consegue
deixar com que isso fale com você agora. Deixe a mensagem
vir através do que precisa saber. Quando tiver um pouco de
clareza sobre o que o "seu melhor
"
 quer que você saiba, você
pode ir cm frente e escrever.Cliente: Eu escrevi 1Respire, confie, eu sei o que estou fazendo. Meu
caminho é o atalho para o amor, que c a essência de quem eu
sou. As coisas ficarão bem. As coisas darão certo,.
T: Como sente isso vindo dc você. do "seu melhor" cu, c não de
mim
'
.
'
C: Parece bem fundamentado. Parece verdade no sentido de que
existem muitas experiências por trás disso. Minhas próprias
experiências, pelas quais passei, se realizaram, e isso é a
constante que carrega verdade ao longo da minha vida. Sempre
que outras pessoas lhe falam isso. não tem jeito deelas saberem
de verdade o que é ser vocc. Então é tranquilizador quando
I 14 M. Tíai et al.
outros dizem, mas é mais tranquilizador ainda quando você
fala para você mesmo, porque você tem toda a história que
está levando a esta declaração.
Usando a Si Mesmo como uni Instrumento de Mudança
Uma vez que o ajuste, a aliança terapêutica e a conceitualização de caso
estão estabelecidas, na medida cm que os terapeutas possam deixar eles
mesmos serem quem realmente são, uma relação mais poderosa e inesquecível
poderá ser criada. Refletir sobre as questões seguintes poderá ajudar você,
enquanto terapeuta, a aumentar seu potencial como um agente de mudança.
* Quais são as suas qualidades que o fazem tornar-sc único como pessoa
c como terapeuta? Como você pode usar seu diferencial para vantagem
do cliente?
. Alguns dos interesses de seu cliente combinam com os seus? Vocês têm
em comum interesse em escalar montanha, costurar, tocar um instrumento
musical, ler alguns autores, busca espiritual, correr, um bom jantar, viagem
internacional, poesia, esportes? Considere revelar essa semelhança.
Similarmente, vocês têm experiências de vida parecidas, tais como
cresceram como católicos, são primogénitos, mudaram frequentemente
para lugares diferentes durante a infância, foram membros de algum grupo
minoritário? Quando experiências similares de vida se tornam mais
pessoais, o terapeuta pode scntir-sc mais vulnerável ao abrir experiências
tais como divórcio, abuso infantil ou morte de um membro da família. Um
grande fator para levar em conta ao tomar a decisão dc se revelar c se tal
revelação irá levar o cliente a ter maior contato com suas questões ou
então o distanciará de seus focos. Outras considerações inciuem sc a
revelação irá produzir mais aproximação do cliente e se a revelação é um
Tl (comportamento problema) ou T2 (comportamento alvo) do terapeuta.
» Qual é o seu conhccimentj sobre o seu cliente? O que v ocê. vê de muito
especial nessa pessoa como essa pessoa afeta, positivamente, você e
quão evocativo será para você espelhar dc volta para esse cliente o que
c mais especial sobre ele/ela? Clientes estão, frequentemente, apenas
em contato com suas fainas c deficiências; vocc dizer, consistentemente,
para cies como cxperiencia as características positivas deles, é uma
experiência que eles poderão nunca ter tido antes, criando uma virada
na percepção dc si.
. Quais são as maneiras pelas quais você cuida do cliente? Qualquer um
pode dizer as palavras, 
"Cu me importo com você", mas é de longe mais
impactante descrever seus comportamentos que indicam cuidados. Por
4 Técnica Terapêutica: Ai Cinco Regris
exemplo, você pode falar como eles a afetam fora da hora da terapia, tal
como
, "Eu tive um sonho sobre você,
" "Estive pensando outro dia sobre
o que você falou para mim
"
, ou "Eu vi um filme e pensei no momento -
Tenho que falar para cic sobre esse filme porque ele realmente vai
gostar,
" ou "Eu fui a um workshop na terapia de artes com você em
mente porque pensei que as técnicas iam ser bem úteis cm nosso trabalho
juntos." Declarações tais como estas são suscetíveis de serem evocativas
(Regra 2) e naturalmente reforçadoras (Regra 3).
. Como você pode assumir riscos para aprofundar sua relação terapêutica
dc maneira que sirvam aos melhores interesses do cliente? Há tópicos
que você evita apontar ao seu cliente (exemplo: o atraso dele,
comportamentos que a afastam, cstimulando-o a dizer o que está sentindo
por trás de sua fachada) porque seu desconforto iria por a prova os seus
clientes? Há maneiras que você possa pedir para seus clientes serem
mais presentes e abertos com você?
As questões acima facilitam a exploração de come alguém pode se tomar
um agente de mudança mais transparente c compassivo, através da revelação
dos próprios pensamentos, reações c experiências pessoais. Tais estratégias de
revelação podem fortalecer a relação terapêutica, tomar mais normal as
experiências do cliente, modelar comportamento adaptativo e de intimidade
(Goldfried, Burckell, e Eubanks-Cartcr, 2003), demonstrar afetos positivos e
genuínos para os clicntcs (Robitschek e McCarthy, 199 l)e equalizaro poder na
relação terapêutica (Mahalik. VanOrmer, e Simi, 2000). Por uma perspectiva da
FAP, o efeito inais importante é que tais comportamentos podem evocar CRBs,
bloquear CRBsl e reforçar CRBs2. Deste modo. revelar deve ser tomado,
estrategicamente, com uma consciência de como isso pode evocar, reforçar ou
punir CRBs de u;n cliente cm particular. Por exemplo, clicntcs cujos problemas
incluem manter distância dc outros podem vir a ficar com medo de intimidade,
da permissão para entrar no mundo emocional do terapeuta. Em tais casos, será
útil para eles explorarem seus medos de proximidade c aprenderem maneiras
de ficarem conectados, a despeito dc seus medos, uma habilidade que pode ser
generalizada para suas relações cotidianas. Alternativamente, uma revelação
terapêutica com Sal cliente pode tomar mais provável que ele cvile a relação
terapêutica (exemplo: largue a terapia). Portanto, tais revelações devem ser
feitas de modo que o cliente consigsi lidar com eia, deve quase sempre incluir
uma discussão de como o cliente está reagindo à revelação c porque a revelação
foi oferecida. Revelações estratégicas feitas pelo terapeuta podem aumentar a
intimidade da relação terapêutica c tomá-la mais similar ás relações lá fora,
deste modo facilitando a generalização. O pensamento dc usar a si mesmo
como um instrumento terapêutico dc mudança, dentro do contexto da
conceituação de caso do cliente, pode evocar CRBs e, deste modo, prover uma
M
.
 Twi cl at.
exploração de emoções, temas e fatorcs da relação que podem levar ao
crescimento do cliente.
Obviamente, terapeutas têm diferentes níveis de conforto cm termos de
quanta intimidade terapêutica eles almejam criar; tais diferenças individuais
são reconhecidas aqui, através da apresentação de exemplos dc variações
de procedimentos e fonnas. Existe uma clara expectativa, contudo, de que
quando terapeutas aumentam seus riscos a serviço de evocar ou reforçar
CRBs2, eles em troca serão reforçados pelo crescimento de seus clientes.
Regra 3: Reforçar CRBs2 Naturalmente (Seja
Amável Terapeuticamente)
Uma importante distinção foi feita no Capítulo 1 entre reforçamento natural
(que se assemelha e funciona similarmente a relações genuínas e de cuidados
na comunidade do cliente) c reforçamento artificial (a "recompensa" mais
comumente associada com behaviorismo, incluindo, proposital mente, o sorriso.
di/endo "está bom" e dando fichas ou reforçadorcs monetários). A regra 3
é dc alguma forma enigmática; neste caso, a FAP c baseada na afirmação
dc que reforçamento é o mecanismo primário dc mudança, mas esforços
deliberados para reforçar correm o risco de produ/ir reforçamento artificial
ou arbitrário
, ao invés de natural. As seguintes recomendações buscam
resolver este dilema, sugerindo abordagens que terapeutas possam usar para
serem mais naturalmente reforçadorcs c evitarem usar reforçamento
artificial. Tais comportamentos, naturalmente reforçadores, são descritos
corno 
'
terapeuticamente amáveis
*
. O amor terapêutico c ético, é sempre no
melhor interesse do cliente c é genuíno. Amar clientes não necessariamente
significa usar a palavra'amor, com eles, mas sim promover uma sensibilidade
requintada c uma preocupação benevolente para com as necessidades e
sentimentos dos clientes c cuidar disso profundamente. Fatores que
determinam se as reações do terapeuta são suscetíveis dc serem
Icrapeuticamente amáveis e, naturalmente reforçadoras, incluem: responder
ao CRBs I efetivamente; ser governado pelos melhores interesses do cliente
c reforçado pelas suas melhorias; ter em seus repertórios os comportamentos
meta do cliente; igualar suas expectativas com os repertórios correntes do
cliente; c amplificar os seus sentimentos para aumentara relevância deles.
Pelo fato de o bloqueio dc CRBsl estar tão intimamente ligado à evocação
e reforçamento de CRBs2, esta discussão começa por descrever as melhores
maneiras de terapeutas responderem a CRBsl.
Respondendo ao CRBsl Efetivamente
Abordar CRBsl
, frequentemente, envolve fazer o uso terapêutico dc
reações pessoais negativas, representativas da comunidade do cliente. Um
A Técnica Terapêutica: A» Cinco Kcgras 117
exemplo c fornecido cm Kanter, Tsai, e Kohlcnberg (no prelo), em que o
terapeuta da FAP deixa seu cliente saber que ele estava sendo ameaçador.
É importante ressaltar, contudo, que CRBsl silo abordados no contexto de
cuidado c preocupação do terapeuta para com o cliente e perante a
conceitualização dos problemas dos clientes em termos dc fatorcs históricos
e ambientais, ao invés dc alguma coisa 
"dentro, ou inerente ao cliente. É
também vital que o cliente concorde que alguns comportamentos são, cm
sessão, problemas conectados a problemas da vida diária c que o terapeuta
tem a crença n3 habilidade do cliente de produ/ir mais comportamento
adaptativo cm resposta ao CRBI pontuado.
É melhor abordar CR Bs I, após o cliente ter expcricnciado reforçamento
positivo natural suficiente, uma sólida relação terapêutica formada c após o
cliente ter dado permissão paia o terapeuta fazer (exemplo: "Nós falamos
sobre como é um problema para as pessoas acompanharem você quando
você sai pela tangente, fica ok se eu interromper você quando fizer isso
comigo?
"
). Se possível, é melhor abordar ou bloquear um CRBI após o
cliente já ter emitido um CRB2 em contrapartida. Por exemplo, o terapeuta
pode dizer: "Você sabe que algumas vezes você c muito hábil para deixar
sentir sua tristeza comigo? O que o está impedindo de fazer neste momento?
"
Tom dc voz e outras pistas não verbais (exemplo: inclinar para frente, mover
a cadeira para mais perto), também agem como reforçadores. Em geral.
respostas compassivamente atenuadas ao CRBsl são apropriadas a não
ser que a abordagem não tenha sido efetiva no passado. Simplesmente punir
CRBsl quase nunca ô encorajado, exceto nas mais extremas situações.
envolvendo comportamento de ameaça dc vida. Alein disso, punições
carregam riscos, hm particular, é bem sabido que punição na ausência dc
reforçamento positivo para comportamento alternativo, geralmente, rende
apenas quedas temporárias no comportamento alvo. Além disso, o punidor,
neste caso o terapeuta, pode eliciar medo e frustração resultando em esquiva
ou término do tratamento. Para mais detalhes em como trabalhar com esquiva
dc cliente, recorra ao Capitulo 7,0 Curso da Terapia.
Sendo Governado pelos Melhores Interesses do Cliente e
Reforçado pelas Suas Melhorias
Cuidar de clientes significa ser governado pelo que está nos melhores
interesses dele c reforçado pelas suas melhorias e sucessos. As características
de um terapeuta, naturalmente reforçador, são reminiscentes do que Carl
Rogers chamou em sua terapia centrada no cliente, autenticidade, empatia
c cuidados. Conhecido por sua oposição a *usar reforçamento
, para controlar
outros, Rogers iria, certamente, não usar isso deliberadamente. Contudo.
uma análise cuidadosa dc suas reações aos clientes (Truax, 1966) indica
que Rogers reagia, diferencialmentc, a algumas classes de comportamentos
M
.
 T*ai cl ai.
do cliente. Seus cuidados e autenticidade, provavelmente, se manifestavam
como interesse, preocupação, aflição e envolvimento que, naturalmente,
puniam CRBs 1 e reforçavam CRBs2. Deste modo, sugerimos que a chamada
de Roger para autenticidade e cuidado é um método indireto de aumentar a
ocorrência de contingências dc reforçamento natural.
A relação terapêutica é uma desigualdade de poder c deste modo é
importante focar-se na questão, "O que é melhor para meu cliente no
momento e ao longo da jornada?
" Mantendo essa questão no primeiro plano
do tratamento, minimiza-se a possibilidade de explorar ou prejudicar os
clientes, através dc uma serie dc situações que podem ser nocivas para
eles, tais como uma dependência não saudável do terapeuta, envolvimento
sexual ou tratamentos intermináveis, em que ambas as partes são gratificadas
por uma relação que é mais amizade que terapia.
Tendo em seu Repertório os Comportamentos Meta do Cliente
Terapeutas são mais capazes de discriminar CRBsl dc clientes e criar
CRBs2 quando cies têm os comportamentos meta do cliente em seus próprios
repertórios. Por exemplo, se um cliente está se sentindo invalidado por alguma
coisa que o terapeuta falou e se fecha, é improvável para um terapeuta q-."e
evita conflito c feedback negativo discriminar que o cliente está triste c se
engajando em um CRB1 dc afastamento. É também improvável que tal
terapeuta encoraje um CRB2 envolvendo uma discussão aberta sobre o que
acabou dc acontecer entre eles, para ajudar o clicnlc a fazer o mesmo em
suas relações diárias. Similarmente, se o terapeuta está desdenhoso ou com
medo de um apego ou dependência (exemplo: e-mail frequente ao terapeuta,
anunciando sentimentos de pavor das próximas férias do terapeuta), ele ou
ela achará difícil usar isso como oportunidades terapêuticas. Um discurso
útil pode incluir explorar como os comportamentos de dependência do cliente
acontecem cm relacionamentos atuais e criar maneiras mais saudáveis de
expressar apego e dependência cm ambos os casos, na relação terapêutica
e nas relações cotidianas.
Correspondendo Expectativas com Repertórios Atuais do Cliente
Estar ciente dos repertórios atuais do cliente ajudará terapeutas a terem
expectativas sensatas e estarem atentos às nuances dc melhoras.
Continuando com o exemplo da cliente que se sentiu, extremamente,
dependente de seu terapeuta, não é útil esperar que ela diga alegremente:
"Tenha ótimas férias", dado que ela teve ideias suicidas ao pensar em sua
terapeuta indo embora. Ao contrário, seu comportamento foi modelado para
que cada passo da tarefa terapêutica, embora difícil para ela, combinasse
com o que ela era capaz cm termos de seu repertório atual: (1) indo para o
A Técnica Terjp&iiica: As Cinco Regras
hospital enquanto seu terapeuta estava de férias; (2) cncontrando-se com
um terapeuta suporte embora tendo sessões telefónicas com o terapeuta
primário que estava de férias; (3) pedir um objeto de transição (exemplo:
ursinho dc pelúcia) do terapeuta e tendo sessões com o terapeuta suporte,
sem ter sessões telefónicas com o terapeuta primário; (4) pedindo por um
pequeno objeto de onde o terapeuta estava indo, para saber que o terapeuta
estava com ela cm mente; (5) não necessitando de contato enquanto seu
terapeuta estava fora, por arrumar muitos encontros com amigos. Embora
desafiadoras
, essas tarefas terapêuticas não pareceram impossíveis para
ela, porque aconteceram por um período de dez anos. A cliente agora alcançou
um ponto em sua terapia em que ela tem uma rede social dc suporte completa
e vê seu terapeuta a cada dois meses.
Tecnicamente, a estratégia acima incorpora o princípio dc modelagem
por aproximações sucessivas de um comportamento alvo desejado e CRBs 1
e CRBs2 devem ser definidos pensando em modelagem. Por exemplo,
embora o objetivo final para a cliente acima era a não dependência do
terapeuta, se estritamente a não dependência fora vista como um CRB2, a
cliente nunca teria emitidoqualquer comportamento que teria sido reforçado.
A tarefa do terapeuta é identificar graus dc melhorias dentro das capacidades
da cliente. O que é uma melhora significativa cm termos do nível atual de
funcionamento da cliente? O que seria uma pequena, mas rpai. melhora
para essa cliente?
O problema de modelar levaina certa complicação para a FAP.
Especificamente, embora o terapeuta possa estar reforçando CRBs2 que
são aproximações sucessivas para o comportamento alvo, estes CRBs2
podem não estar sendo reforçados por outros lá fora. Deste modo,
comportamentos que estão ocorrendo na relação terapêutica não serão
mantidos por outros na vida diária. For exemplo, a primeira tentativa assertiva
dc uma cliente muito tinuda pode ser reforçada pelo terapeuta, ap sai dc
ser desajeitada e improvável de encontrar sucesso no mundo lá fora. Ou a
primeira tentativa de um cliente de ficar mais tempo com sua esposa pode
ser explicada por eia coino "Você só quer que cu pare dc encher." isso
pode ser discutido dirctamcntc com o cliente. O terapeuta p<xle explicar que
a reiação terapêutica é uma oportunidade para praticar c melhorar
comportamentos interpessoais importantes antes de "ir para rua" com eles.
O terapeuta pode também explicar que clínicos são. provavelmente, mais
sensíveis a mudanças sutis e mais reforçados por cias, porque scjs únicos
propósitos na relação são ajudar o cliente Relações da vida diária são mais
complicadas e parceiros dc relação podem requerer tempo e paciência antes
de mudarem também. O terapeuta, sendo sensível aos progressos do c lie me
e sendo, reforçado naturalmente por pequenas melhorias sobre o
funcionamento atual, pode criar a apreciação do cliente para essas pequenas
mudanças também, tal que elas se tomem auto-reforçadoras o suficiente,
120 M. 1"sai cl ul
para fornecer ao cliente o tempo necessário para maior crescimento, mesmo
na ausência de respostas positivas dos outros.
Amplificando os Sentimentos para Aumentar as Suas Relevâncias
Algumas vezes c útil para os terapeutas adicionar outros comportamentos
verbais, a uma rcaçào básica, a fim de aumentar a efetividadc terapêutica.
Amplificação pode ajudar clientes a discernirem e serem reforçados por
manifestações sutis das reações particulares do terapeuta que, de outro
modo, podem não ser notadas. Para ilustrar, considcrc um cliente masculino
que tem dificuldade em estabelecer relações íntimas e que correu um risco
em revelar sentimentos vulneráveis, durante a sessão. Sua revelação resulta
em reações espontâneas, em sua maioria privadas c, sutilmentc observáveis
pelo terapeuta, incluindo predisposições para agir de maneiras carinhosas c
comportamentos respondentes privados, que correspondem a 
'sentir-se
próximo,. Sc o CRBI do cliente, contudo, se refere a uma falta de
sensibilidade para as sutilezas, tais reações não iriam ser discriminadas c
teriam efeitos icforçadores fracos. Nesse caso, o terapeuta pode descrever
reações privadas dizendo, por exemplo: 
"Eu me sinto tocado pelo que você
acabou de falar." Sem essa amplificação, as reações do terapeuta teriam
pouco ou nenhum efeito rc-
*
»jiçador no CRB2 do cliente. Com esta declaração,
o terapeuta pode também estar sc arriscando c pode evocar CRBs adicionais,
relacionados à intimidade, no cliente.
O próximo caso c o material de uma sessão, dc um trabalho de seis
meses de MT com seu cliente SJ, um homem dc 41 anos, que entrou cm
terapia, procurando trabalhar os efeitos do abuso emocional c físico de sua
intãncia c desenvolver relações intimas cm sua vida diária.
Terapeuta: Então vocc está me dizendo que. por causa dc suas interações,
sua consciência do impacto em outras pessoas está
dramaticamente aumentando (MT tem reforçado essa
consciência como um CRB2].
Cliente: Sim, muito. Estou mais atento em como cu interajo com outras
pessoas. Vias será que estou interagindo de uma maneira
saudável? Estariam as minhas necessidades vindo à tona,
minhas confidências vindo à lona?
T: O que parece saudável pra você sobre como você e cu
interagimos?
C: A única coisa que está vindo à minha cabeça, eu vou,
simplesmente, responder sem pensar, é que você vê por mim. h
mais ou menos como sc você estivesse cm um avião. Desculpa,
mas essa é a imagem que está vindo na minha cabeça. SJ é
4 Técnica Terapêutica: As Cinco Regrai 121
muito parecido com o Safeco Ficld (Estádio de baseball dc
Seattle), ok, estando comigo, isso é bom. O teto está fechado no
Safeco Field, mas para Mavis eu abri aquele teto que recolhe c
você está cm um avião voando ao redor
. Você vê Sj em Ioda a
imagem, você vc toda a vista
, o bom, o estranho
, o desajeitado,
tudo. Mas você também vê o centro do campo, você vê a base
do basebol
, hs coisas boas do basebol. E vocc tem binóculos
,
vocc vc aqui e vê toda a coisa boa
, mas aí dc novo você vc
sobre a arquibancada, vocc vê a cara conflituosa pintada nas
laterais
, vocc vê a arquibancada reservada e os assentos
.
 Você
vê minha imagem inteira. E diz '1% eu quero sair com os meus
óculos dc sol, com o meu pequeno helicóptero
, cu talvez aterrisse
c saia com SJ
.
, É uma simples metáfora
, mas é verdade. Você
me aceita pelo que sou c tenho de bom
, o estranho e o que não
c tão bom. Tem um conforto c uma segurança dentro de você
,
dentro dc nossa dinâmica c c como eu me sinto
. Sinto-me seguro
quando estou aqui com você.
T: SJ
. você está certo. É uma grande metáfora c me sinto muito
tocada peio que está dizendo. [Regra3, Embora MT sentisse
que exibiu sinais sutis dc estar tocada
, ela amplificou a
expressão dc sentimentos com a intenção dc faciiitar o
reforçamento natural c a evocação de CRBs. Regra 2.]
C: E eu não vou retirar o que eu disse
, mas vou fazer uma pergunta
em relação ã FAP. Considerando a sua habilidade
, você,
supostamente, deve representar de maneira geral o mundo lá
fora para que então eu possa interagir com você do mesmo
jeito que interajo, lá fora, no mundo. Como faço para chegara
esse nivcl de segurança a esse sentimento confortável
, legal
com outras pessoas, outras pessoas seguras que veem SJ pelo
que ele c? [SJ está perguntando uma questão importante e
relevante
, mas não está reconhecendo a resposta de sentir-se
tocada dc MT. Esse c um CRBI c será respondido depois
como mostra abaixo.]
T: Você está esperando algum tipo de resposta filosófica profunda
que vai resolver seus problemas?
C: Sim
, imediatamente, no alvo, dentro dc 30 segundos. Hum
.
T: Vocc já sabe a resposta.
C: Tenho de assumir riscos pessoais. Eu tenho que chegar lá e
me envolver. [CRB3.J
T: SJ
, tendo feito isso comigo, aumenta a possibilidade de você
estar apto a fazer isso com outras pessoas. Eu tenho toda a
122 M. Tui et il.
crença dc que cslará apto a fa/cr isso com oulras pessoas.
Você acha que lem sido um trajclo fácil pra você? Você esteve
bem assustado algumas vezes. Você realmente se forçou a
assumir riscos comigo e eu sei que pode fazer o mesmo com
os outros. [Regra 3, reforçamento natural; Regra 5 facilite
generalização.)
C Certo.
T: Podemos agora nos concentrar sobre o que aconteceu hoje...
o que sobressaiu pra você hoje? Por favor, dc respostas curtas.
[MT está sugerindo o CRB2 de responder sucintamente.)
C: Um certo poder, que de fato estou fazendo o que preciso fazer.
que pode nio ser tão grande ou mal ou feio como cu acho.
Sinto-me encorajado por você.
T: O que ressalta para mim c que eu nmei sua metáfora, cu fiquei
movida por isso e me pergunto se voei sentiu o quão comovida
cu estava. I- vocc não criou espaço pra isso. Eu te talei que
estava tocada, comecei a ficar com lágrimas e vocc prosseguiu
com sua fala Isso é algo que quero que observe fora daqui,
especialmente, quando estiver cum sua namorada, quando vocc
utiliza a sua maneira de se comunicar para ficar no comando.
Apenas fique alento a isso. para criar mais espaço pata outra
pessoa, para estar ciente do que está acontecendo.Quão alento
vocc estava sobre o que estava acontecendo? (Chamando
atenção para o CRB1 de discriminação limitada das respostas
emocionais positivas de MT. sua falta de construção dc
reforçamento dc intimidade e sugerindo 02s.j
C: Nào muilo atento, mas ainda isso desencadeia memórias c
coisas como essas que aconteceram no passado.
T: O que desencadeia coisas?
C: Quando vocc me elogiou semana passada e eu nào, eu passei
por cima. como com Paul no trabalho.
T: Não mc dc q ;t*quer exemplos agora, estamos falando sobre
vocc c eu. |Bloqueando C,RB I dc esquiva dc intimidade dc SJ.
mas dito com um tom gentil.)
C: Você me elogiou no passado c cu tive dificuldade cm receber
isso. Semana passada, foi iegal, Mavis me elogiou.
T: Antes você nào conseguia deixar e agora começou a deixar.
Você estava falando sobre sua consciência dc outras pessoas
c dc como isso dccolou. Continue trabalhando nisso. Isso
também aumenta sua couexfto comigo c com outros. (Regra
5
, facilite generalização.)
4 Técnica Terapêutica; As Cii»co Regras 123
C Aumenta. Estando com o silencio
. Em outras palavras, alguém
diz alguma coisa que cu as comovi ou deixei-as tocadas
, ficar
quieto, ficar com o silêncio, aceitar o que disseram. Eu posso
ser desse jeito com minha namorada.
Regra 4: Observe os Efeitos Potencialmente
Reforçadoras do Comportamento do Terapeuta em
Relação aos CRBs do Cliente (Esteja Atento ao
Impacto)
A Regra -l destaca a importância dc prestar atenção às rcaçòcs do cliente
e o terapeuta observar o efeito do seu comportamento sobre o cliente. Por
definição, o cliente tem experienciado reforçamento terapêutico apenas sobre
o seu comportamento alvo. Portanto, é csscncia! que terapeutas avaliem o
grau em que o seu comportamento funcionou como reforçador. Coniinuando
a prestar atenção para a função do próprio comportamento
, o terapeuta
pode graduar a sua resposta conforme necessário para maximizar o seu
potencial para o reforçamento. Aqui discutimos múltiplas estratégias p3ra
esuL- vIeccr a Regra 4, incluindo estratégias explícitas (questões dc processo
do terapeuta) c implícitas (prestar atenção).
É claro que :: única maneira de o terapeuta, realmente, saber que a
respos*a qu- t:nha a intenção de ser reforçadora era dc fato reforçadora é
através da observação de mudança, na frequência ou intensidade, do
comportamento alvo. Questões de processamento explicitas, contudo, podem
servir para dar ideias sobre os efeitos reforçadores das respostas do
terapeuta. I-.sstis questões podem ser razoavelmente simples e, geralmente,
ocorrem após uma interação CRB2/Regra 3. Por exemplo, o terapeuta pode,
simplesmente, perguntar 
"
como foi aquilo pra você?" ou. "quando respondeu
pra você daquela maneira, como se .«entiu?" ou, "você acha que minha
respos!2 tomou nuis provável pra vocc lazer o que fez de novo, ou menos?
""
Uma importante consideração quando perguntada essas questões é o
momento. Irmbon cias devam ocorrer apus tentativas de reforçar um CRB,
elas não devem ser leites logo na sequência. Uma intcraçàoCRB2/Regra 3
na FAP pode ser um tanto intensa e »lenWiva imediata de tentai "processar~
essa interação com questões do tipo-Regra 4 podem truncar a interação
Mbni e podem representar uma sut.l esquiva da intensidade criada pelo
terapeuta Deste modo, o terapeuta deve ser sensível ao Hm natural da
interação do t *RIU e cpenassegii : i< .".u -\norsamento da Re pr.» ' quando
a interação estiver chegado a uma coikíuO» natural. Isso pode resultar etn
esperar alé a próxima sessão pata processar a interação.
Prestar atenção sem questionamento explícito c, igualmente, importante.
124
M. Ttthi cl ul
Neste exemplo de caso, SJ (o cliente descrito previamente), mandou um email
à M l na tarde que antecedia a consulta das 8:30 da manhã, dizendo a ela seu
diagnóstico de severa doença pcriodontal c perguntado uma questão sobre
seus CRBs. MI abriu o email à noite e não respondeu, pois sua consulta com
ele era cm menos que 12 hoias. SJ começou a sessão da seguinte maneira.
Cliente: Você recebeu meu email?
Terapeuta: Recebi. É uma má noticia sobre sua doença |>criodontal.
C: Usualmente você apenas responde, dizendo entendi ou algo
assim, então estava pensando se era você nào reforçando
comportamento mim em mim. (Regra I, por causa de suas
dificuldades assertivas, MT está pensando se SJ levantando
essa questão de ela não responder a ele seria um CRH2.J
T: Nào, estou abarrotada de coisas, pois estou saindo do pais
depois de amanhã Eu tenho um monte de cmails e era muito
tarde da noite. Vocc mc fe/ uma pergunta que cu nem tive
tempo pra pensar, então mc desculpe se esperou por cu «li/cr
obrigado pelo email. (Regra 3, reforçar CRB2.J
C Eu nio estava sentado esperando muito pelo email.
T: Estava pensando, eu irei vê-lo pela manhã c então podemos
falar sobre isso,
C Certo, exaíamente. mas...
T: Mas esti dizendo que seria bom se eu tivesse dito 
"
eu vou te
verde manhã 
, (Regra 3, novamente reforçando naturalmente
o CRI32 do cliente de estar levando isso seriamente.]
C Sim. sc vocc tivesse confirmado que havia recebido. Íí um
pouco importante pra mim, nio uma dissertação, mas apenas
uma confirmação, 
"positivo recebi
? ou algo do tipo. (Cliente
está sendo mais direto com seu pedido, outro CKB2.)
T: Você está certo, teria me custado apenas dois segundos para
mandar algo assim e você nào teria ficado pensando se cu
tinha recebido seu email. (Regra 3, MT está. novamente,
reforçando seu pedido.}
(... no fina! da sessão)
C: Em suas viagens, se pudesse, nào consigo lembrar o nome do
chocolate. (Esse ê um pedido incomum do cliente, sugerindo
que SJ foi reforçado pelo seu pedido anterior de que MT
confirmasse seu email. Regra 4, notando os efeitos do
reforçamento do terapeuta.)
T
.
 Vocc quer que cu lhe traga uma barra de chocolate? (MT
estava um pouco surpresa e podia ver como esse pedido tinha
.t Técnica Terapêutica: As Cinco Kcgrai 125
propriedades tanto de CR BI quanto de CRB2. Ela deu uma
resposta evasiva, pois queria um tempo pra pensar corno ela
iria manusear esse pedido. Ultimamente, ela havia decidido
que queria reforçi-lo por pedir, esse era um tato disfarçado dc
mando que eles poderiam discutir numa outia hora (ele estava
,
provavelmente, ansioso por nào vc-la durante duas semanas)
e pegar pra ele esse pequeno item era um nto de construção
de relação.]
T: Tenho que ir.
C: Quero perguntar mais uma questão. Alguns dos estudos que
foram citados nos papeis que estou lendo dc I AP não estão
mais acessíveis. Você tem cópias deles no 111)7
(1 considerou esse pedido um CRB1 em que o cliente nào
estava prestando atenção nas suas necessidades - ela já tinha
indicado que estava cheia de coisas por causa de sua longa
viagem e ele havia passado do tempo dc sua sessão ]
T: Eu nio posso ver isso agora ,pois estou muito sobrecarregada
com todos os afazeres que tenho
, então em algum momento.
no final dc agosto, tome nota de quaisquer papeis cm que esteja
interessado e eu vou ver
. (MT nào reforçou esse pedido, mas
deu n oportunidade para ele tni/er isso de novo cm outra hora
.]
Na sequência acima, seguindo a Regra 4, MT viu os pedidos de SJ como
evoluindo dc CRB2 para CRB2/I para CRBI. Pareceu que se, a principio,
seu pedido inicial fosse levado a sério
, seria dificil pra ele *pisar no freio,
falando o que queria. Isso destaca o fato dc que, devido ao processo dc
modelagem, um CRB2 (fazer um pedido) pode sc tomar um CRBI (fazer
um pedido numa hora nào apropriada). Deste modo um CRBI diferente
emergiu e o novo alvo do CRB2 envolve SJ discriminado mais e ficando
sensível para quando ele faz seus pedidos ou suas perguntas (Classe B no
FIAT-Q). No futuro, MT estará mais atenta ao comportamento dc pedir dc
SJ ( Regra 1) e levantará o tópico de como ele lida com o pedir o que quer e
o impacto disso nela (Regra 2). Ela o deixará saber quando seus pedidos
constituírem CRBsl e o reforçará porpedidos que sejam ( RBs2 (Regra 3).
Aderir a Regia 4 significaria monitorar de perto a trajetória dc seu
comportamento de pedir para que no final SJ discrimine mais e fique sensível
para quando e como ele faz seus pedidos. MT irá também ajudá-lo a
generalizar esse comportamento (Regra 5) dc uma maneira que facilite o
equilíbrio entre focar as suas necessidades versus as dos outros e receber c
dar de uma maneira que otimi/c aproximação cm seus relacionamentos
diários.
Em termos da Regra 4, é também importante para terapeutas focar no
M Tm. « «I.
papel dos l is (Compor1an>cnlos problema do terapeuta na sessão) e T2s
(Comportamentos alvo do terapeuta na sessão), porque uma atenção
aumentada de si vai. lado a lado, com uma atenção aumentada do impacto
de si nos clientes. Recomendamos que terapeutas deixem tempo para
explorar questões tais como as seguintes.
. O que você evita abordar com seu cliente?
. Como essa esquiva afeia o trabalho que você faz com esse cliente?
. O que você evita quando lida com a sua vida? (exemplo: afa/eres. pessoas,
memórias, necessidades, sentimentos)
. Como suas esquivas diárias afeiam o trabalho que você faz com seus
clientes?
. Quais suo os específicos T2s que quer desenvolver com cada cliente
baseado na concepção do caso?
Regra 5: Forneça Interpretações Funcionais
Analiticamente Orientadas e implemente Estratégias
de Generalização (Interprete e Generalize)
Uma grande dose de conversa ocorre durante as sessões terapêuticas e
essa regra identifica certos tipos de falas do terapeuta, de importância particular
na FA!,. Um cliente pode perguntar ao terapeuta 
"Por que cu fiz aquilo?" ou
"Por que tenho tanto medo de intimidade?
" c o terapeuta esperar para dar a
resposta. Do ponto de vista behaviorista, a resposta é apenas um pouco de
comportamento verbal referido como um 
1motivo. * 'Motivos* da FAP são
prqjetados pja ajuda: chei.tcs a acharem soluções para seus problemas e
para ajudar a generalizar o progresso na terapia para o couduno. Um motivo
funcional analiticamente orientado inclui uma história que leva cm conta, como
foi adaptativo para clientes adirem do jeito que o fizeram. Por exemplo, ser
intimo e aberto não ê apenas benéfico para formar e manter relacionamentos
próximos, mas também faz esse alguém ser vulnerável a punição. Para um
cliente ern particular, pode ser que sua história inclua uma infância e'ou um
período mais tarde, onde a tentativa de intimidade foi punida. Clientes que
levam em conta sua falta de intimidade, por referir a essa história estão cm
melhores condições para assumir riscos no futuro para remediar o problema.
Paralelos entre Comportamentos na Sessão e CuíiJianos
Paralelos *de fora para dentro
* assumem o lugar, quando eventos cotidianos
correspondem a situações na sessão e paralelos *dc dentro para fora,
ocorrem quando eventos na sessão correspondem a eventos cohdianos.
4 Tícoic* Ur jptucxj A» Coco Regrai 127
Esses paralelos podem facilitar a generalização de ganhos feitos na relação
clicntc-tcrapcuta para o cotidiano. tanto quanto auxiliar na identificação dc
CRBs. Ambos são importantes c uma hoa sessão de FAP pode envolver
uma considerável combinação, entre conteúdo cotidiano c na seesão
, através
de múltiplos paralelos dentro para fora e fora para dentro.
Facilitar a generalização é essencial na FAP
, deste modo ilustrações de
diferentes casos desse processo serão fornecidas. Este primeiro exemplo c
uma interação entre MT e sua cliente Alicia (descrita no Capitulo 7) que
participou de um tratamento de 20 sessões para depressão c para parar de
fumar. Ne.stn sessão, cias estilo disculindo um paralelo fora para dentro,
porque Alicia está tendo dificuldades com relação a seu afastamento quando
fica sabendo que alguém está preocupada com ela.
Terapeuta Você sabe como eu já disse inúmeras vezes no nosso trabalho
juntas, que nossa relação é muito, muito importante c que é um
microcosmo de seus relacionamentos na vida IA fora
. [Regra
2: Evoque CRB. MT hipotclizou que Alícia, cancelando sua
recente sessão devido à dor nas costas
, poderia ser um CRB I,
envolvendo esquiva da proximidade, que vem aumentando em
sua relação terapêutica. Regra I: Esteja Atento a CRBs.J
Cliente: Ú
, estava pensando nisso e eu escrevi sobre isso em minha
folha dc ligação entre sessões. Quando penso sobre os
relacionamentos que já tive, todos meus namorados
, eu gosto
muito da conquista, mas uma vez que eles mudam e começam
a gostar de mim, cu acho mim. Ai eu me sinto sufocada. Percebi
que, dc ccrta forma, fiz isso nessa relaçào também.
T: Comigo?
C: É
, era como a empolgaçâo nc começo, tudo é novo. ai você
realmente focou cm mim e pregou atenção em mim c eu congelei.
F não sei por que. no ponto no momento em que as pessoas
retribuem a energia que eu e*iou colocando. a; cu e louqucço
T: Relações próximas envolvendo intimidade podem trazer à tona
muita dor, que você certamente experienciou em suas relações
com homens- Então faz sentido que você possa querer ficar
preocupadac cair fora. Isso dá a você mais um scn:;o i v controle
sobre a relação, nins lutnbétn pode trazer à tona. Je fato, o
efeito que está tentando evitar. [Uma imerpreiaçâo Regra 5 ] É
tão importante que você possa dizer isso em voz alta. é
inacreditável
, porque cu, certamente, senti você enlouquecendo.
[Regra 3, reforçando o falo dc estar se abrindo )
C: Sim
, eu sinto isso muito forte, quando conheci Jay, a mesma
I?S M Tmí ei ai
coisa, com Tcrry foi ate pior. Eu gosto de você, mas não quis
que gostasse de mim. íi claro que tenho meu terror de ser
rejeitada, então isso solidifica a rejeição.
T: Então e se vocc tivesse me deixado gostar de você c deixado
você se aproximar de mim, o que acontcceiia?
C: íi perda, a coisa da rejeição, que está amarrada na perda também.
Eu apenas cstariaà beira de perder, me preocupando todo dia sobre
perder alguém que gosta de mim. Talvez cu seja muito mais lenta
cm relacionamentos do que acho que sou. Eu gosto de pensar que
faço amigos muito rápido, mas ai eu me dou conta de que meus
sentimentos loucos aparecem, o que cu devo fazer c aí penso c se
eu esperar, mas não sei como ficarei durante essa espera.
T: Eu acho que a outra pessoa também tem que esperar, é como
se cu soubesse o que você estava fa/endo, nós temos um
compromisso, eu estava torcendo para você falar para mim
sobre isso c você está falando. Você estava apta a falar
qualquer coisa para essas pessoas com quein estava envolvida?
C Não, porque cu estava aterrorizada de perdê-los Quando
relacionamentos chegam ao ponto onde eles me importam, eu
tenho uma medida de tempo psíquica, cu tenho que rejeitar
antes de ser rejeitada. Sc eu persistir e ficar convencida de
que não serei rejeitada de primeira, estarei apta a me
comprometer novamente.
T: Parece que nós passamos por isso, você e eu?
C
.
 Com certeza.
T: Qual o seu modo de sentir isso?
C: Parece confortável agora, mas era tão estranho, cu passei por
exatamente isso. Pelos primeiros quatro ineses e meio cu
estava tão empolgada que você se preocupava tanto comigo.
ai eu fi/, cu passei por essa coisa louca.
T: Eu acho que ajudei você a entrar nessa, quando estava ligando
toda manhã para ajudà-la no processo para parar de fumar.
Então estamos falando sobre a ideia de você ser honesta sobre
isso, enquanto isso estava acontecendo. Para mim pareceu
importante que eu tenha ficado bem estável.
C: Ê verdade, ai eu estava convencida que você não iria me largar
ou virar as costas para mim.
T: Parece que qu2ndo você fila sobre isso, a pressão acaba.
Então para você dizer, estou assustada e sobrecarregada, e...
C: Eu não fi/. isso, exccto por aqui.
T
.
 Eu me senti tão melhor quando me contou. [Amplificando
A Técnica Terapêutica: A» Cinco Rr|ni 129
sentimentos.]
O Eu terei que fazer uma anotação mental disso
.
T: Isso é muito importante. Não vejo a hora de você entrar em
um relacionamento, de aparecer essa questão c falar sobre
isso. Eu não posso enfatizar, suficientemente, o quão concctariie
é ter alguém falando o que está acontecendo
, ter você falando
pia mim, toda essa conversa que estamos tendo é simplesmente
fantástica. [Regra 3. mais reforçamento natural. Regra 5,
encorajando um paralelo dentro para fora.]
Este exemplo do segundo caso é Michacl
, um pesquisador bnlhantc
, que
sofreu uma severa depressão enquanto ele cada vez mais encontrava
dificuldade para obter doações para financiar seus projetos de pesquisa. I-Je
está em terapia com MT, indo e vindo, por cinco anos. Nos últimos dois .mos
ele tem evitado, geralmente, estímulos Íntimos interpessoais e notou um
desapontamento particular, que resultou cm uma falta de desejo sexual. A
transcrição do segmento abaixo ilustra como Ml reforçou seu CRB2 de
entrar cm contato com estimulo sexual
. Ela então dirccionou atenção para o
02 de intimidade sexual que é possível entre Michacl e sua esposa (Um
paralelo dentro para fora).
Terapeuta: Você não está fa/.endo muitoconlaío visual comigo hoje. Tem
alguma coisa que está evitando?
Cliente Ok
, talvez, certamente por causa da morte de sua mãe (T
voltou ao trabalho após o funeral dc sua mãe), estou me
segurando, não deliberadamente, mas talvez me segurando
porque eu sinto que você precisa de um tempo
T: O que você está segurando? Como você seria se não estivesse
preocupado cm me dar um tempo?
C Eu diria que posso ver que coitou seu cabelo e que eu gostei
muito do que di%se logo quando cheguei sobre cu ter dado a
você um presente importante. (O cliente havia prometido na
última sessão não come-er suicídio
.)
T: Fale-mc mais sobre isso
.
C; É... uhm... parle dc mim fica excitado
, parte dc mim começa
a se sentir triste
, é uma combinação estranha.
T: Excitado sexualmente? (Apontar excitação sexual de Michacl
na sessão é evocativo
. MT quer evocar o CRB2 dc fazer
contato c expressar sentimentos relacionados á intimidade
,
incluindo os sexuais
. Fazer essa pergunta provocou ansiedade,
exigiu coragem e foi um exemplo dc 12 da parte de MI.|
130 M Ta. ei *1
G (Aceno com a cabeça)
T. Interessante. Com que frequência vocc cxperiencia essa
combinação de estar excitado e triste? Ru diria muito raramente.
T: Fale-me mais Então você gostou bastante do que cu disse,
prometer não cometer suicídio é um dos melhores presentes
que nunca ninguém tinha dado a mim.
O
.
 Vê, isso não fa/ nenhum sentido. Eu entendo porque me sinto
triste. Eu sempre me sinto triste quando alguém fala coisas
boas sobre mim. Mas por que eu fico excitado nâo tenho ideia.
T: Então está excitado agora?
C: Mm-hmm.
T
.
 Como se sente?
C: Ligeiramente embaraçoso. Mas eu não posso estar Ião
embaraçado, pois senão cu não iria te dizer, iria? Nào é um
tópico de conversa que eu, normalmente, falo para as pessoas
quando essas coisas acontecem.
T: Nós estamos muito além de uma conversa social educada. Eu
realmente valorizo isso de você, que você pode me dizer
qualquer coisa.
C: Eu acho que meu corpo está começando a me dizer que quer
sexo.
T: Faz muito tempo que sentiu isso.
O Mm-hmm.
T: Então como é para o seu corpo dizer a você que cie quer
sexo?
C: Pode ser angustiante.
\) Antes de interpretar isso, apenas me fale como 880 tis
sensações. O que 0 seu corpo está te falando? Como você
sabe que ele quer sexo? 
"v
C Eu passei muito tempo em lojas olhando meninas, admirando-
as. até mesmo as mais velhas...
T: Isso é ótimo! Michacl. Você está olhando a J (sua esposa)
diferentemente , Eu espero que ela ainda esteia aberta para
estar, fisicamente, íntima com você porque você a rejeitou
bastante.
C É.
T: Você acha que ela ainda está aberta pra isso?
C: Eu vou dizer que sim.
T: O que faz você achar que sim?
C: De vez cm quando eu lhe dou um abraço c seguro seus seios
4 teme» Teiapciuca: A» Cinco Regi»
por trás.
T: E o que ela faz quando você segura os seios dela?
C Ela não me rejeita.
[Além de tudo. MT estava tomando cuidado para não arriscar
punir os CRD2 envolvidos cm ter e expressar sentimentos
sexuais fazendo o típico >tudo bem ter sentimentos aqui, mas
existe uma regra estrita de não tocar.]
Atribuindo Tarefa
A FAP, em ultima análise
, é uma terapia behaviorista c o sucesso c
alcançado quando o cliente muda seu comportamento na vida diária. Deste
modo, a atribuição de tarefas é também importante para a Regra 3. As
melhores atribuições de tarefas na FAP sào quando o cliente se engaja em
um CRB2 durante a sessão c a tarefa para o cliente agora é levar este
comportamento melho: "para a estrada" e testar com pessoas significativas
em sua vida. Por exemplo, o terapeuta pode dizer, "Vocc mc permitiu ajudá-
lo sem me afastar c deu certo. Por que você não tenta isso com seu parceiro
essa semana, se uma oportunidade aparcccr?". Atribuições de tarefas na
FAP sÃo paia eiwolw .* outra pessoa na vida do cliente c o terapeuta nào
pode garantir como essa pessoa irá responder. Isso é, particularmente, uma
questão ii .undo o CRB2 na Sessão c uma aproximação do comportamento
desejado - tais comportamentos são CRBs2 na sessão
, mas ainda nào estão
prontos para a \ ida diária e isso pode ser discutido com o cliente.
Esse próximo caso é um exemplo de como um cliente de MT estava
preparado para focar em sentir-sc presente c fixado na sessão e então foi
pedido para praticar os comportamentos específicos, associados com tais
.sentimentos cm suas relações de fora.
Terapeuta: Você pode sentir a diferença quando está se sentindo ,mojo,
(termo d. cliente para quando ele está sc sentindo Migado*)?
Cliente: Sim. ok, bom Eu pratiquei o que falamos com a Jennifer. Eu
posso seut:r aquilo fisicamente. Então eu prestei muita atenção
a meu corpo. I*. prestei atenção de como estava no dia. Eu tentei
não faiar tão rapidamente, com os pensamentos desmoronando
em minha abeça. i içando centrado aqui cm meu plexo soiar c
sim cu podia sentir. Eu conheço aquele sentimento centrado.
T: Você está realmente d» lcrer»c. Você exala sua energia de forma
diferente quando está centrado.
C: Mm-hmm. Você pode sentir aquela confiança vinda de mim.
T: Sim, eu posso sentir aquela energia confiante vindo de vocc.
M Tmí «I »l
C Sim. é interessante, cu cheguei de fato a uma posição onde
posso falar sobre as diferenças naqueles dois c*ta
dos do ser.
T: I 
' cu acho que todas essas mulheres estio respondendo.
C: Eu acho que isso faz parte. Estou tendo respostas pos
itivas de
diversas mulheres que tem respondido a mim pessoa
lmente,
não apenas meu email. Posso sentir isso agora. Estava sent
indo
aquela centralização c me ajudou a ficar presente, ao inv
és de
ficar preso demais nas maquinações ansiosas do meu cérebro.
T \tocê é bem rápido. Nós focamos em algo c vocc já sai fazen
do.
É bem empolgante
C Bem. você c cu atingimos algo aqui que eu tenho procura
do em
terapia por um bom tempo. As últimas vezes, em terapia, est
ive
procurando alguém, que mc ajudasse a descobrir o que eu poderia
colocar em questão. Esse é um lestemunho para o nosso tra
balho
juntos, c um testemunho para você enquanto terapeuta, c um
lestemunho para 11FAP. Pois, o que fizemos foi: você mc aju
dou
a prestar atenção cm meu comportamento aqui na sa
la cu prestei
atenção sobre o que estava acontecendo comigo.
 Aquilo foi uma
peça chave a respeito do que está acontecendo em meu
s
relacionamentos. E eu poderia falar bastante, mas est
amos
falando sobre isso ao invés de focar em algo que eu poderia
levar para fora desta sala. Neste caso foi um sentimento; um
sentimento focado, preso, com o qual cu entrei em contato e a
partir disso Fique apto a tirá-lo daqui. Então, obrigado.
T: Bem. é comovente pra mim.
Questões Éticas e Precauções
A FAP busca enar uma profunda c intensa experiência terapêut
ica; o
grau de ponderação, cuidado c cautela que terapeu
tas da FAP trazem para
>cus trabalhos deve ser. igualmente, profun
do e intenso.Código de ética
desenvolvido para guiar terapeutas cm geral, ta! como a
 APA Ethical
Guidelines (Associação Americana de Psicologia, 2002) c rele
vante e
aplicável para a FAP. Características espec
íficas da FAP garantem que
algumas dessas orientações sejam particularmente importantes.
As seções a seguir delineiam diversas precauções cm termos de
 áreas
de preocupação ética em potenc
ial c as formas como se relacionam com a
IAP. Questões adicionais são também discutidas porque sào específicas
para a prática competente da FAP.
Evite Exploração Sexual
4 Tccnica Tcrapcirtici; Al Cinco Refira*
A intensidade e a intimidade emocional que estão frequentemente
presentes nas relações da FAP podem aumentar as chances de uma atração
sexual se desenvolver. Terapeutas da FAP devem, portanto ter as melhores
barreiras possíveis nesta área. Como descrito no código feminista de ética
(fcminist-therapy-institutc.org/ethics.htm), terapeutas não devem,
evidentemente, explorar clientes sexualmente, mas também devem conhecer
formas mais sutis de explorar o comportamento sexual. Por exemplo, se um
cliente tem um CRBI de procurar aprovação dos outros através dc um
comportamento sexual izado de uma maneira que seja prejudicial à sua própria
pessoa, o terapeuta da FA P deve estar apto a idcnli ficar esse comportamento
e evitar reforçá-lo.
Esteja Atento a l leses Culturais
Todos nós fomos formados pelos contextos culturais nos quais vivemos.
Dado isso
, terapeutas da FAP devem ter cuidado ao definir comportamentos
do cliente como CRBIs c CRB2s baseados somente em expectativas
culturais. Quando nào estamos atentos aos nossos vieses, podemos sem
referência reforçar um cliente por um comportamento que c na verdade um
CRBI. Por exemplo, sc terapeutas esperam que homens sejam menos
emotivos, eles podem, sutilmente. punir expressão emocional cm um clicntc,
mesmo que tal expressão seja um CRB2 para aquela pessoa.
i\ão Continue um Tratamento que não esteja trazendo beneficias
Tratamento FAP não ajuda todos os clientes. A pesquisa também apoia,
claramente, a importância da afinidade tcrapeuta-clicntc. Sc a terapia não
está funcionando bem, é muitas vezes, emocionalmente evocativa ou
desgastante, e pode resultar, para o terapêuta, cm comportamentos
problemáticos lais como: culpabilização docliente, distanciamento direto ou
indireto ou rejeição ao clicntc, tomar-se excessivamente apologético,
autocritico ou continuar a terapia, tenazmente, sem reconhecer a falta de
progresso. Às \ezcs, ter um cliente dccidido a não continuar o tratamento
pode representar um importante CRB2 e o terapeuta da FAP deve estar
apto para reforçar tal comportamento.
Competência para Conduzir a FAP
Na discussão acima sobre regras da FAP, os fatores que são importantes
para conduzir a FAP foram apontados. Aqui reiteramos as variáveis mais
significativas para os terapeutas da FAP desenvolverem cm si mesmos.
A importância do conhecimento aprofundado do cliente. Terapeutas
da FAP assumem riscos, evocam CRBs c criam relações terapêuticas
134 M. Thi «I «I
intensas. Iodas essas experiências cem potencial para serem benéficas, mas
também podem ser estressantes c desafiadoras ou até prejudiciais para o
cliente. O terapeuta, portanto deve prosseguir com cautela c lazer uso
cuidadoso de princípios de modelagem. Isso exige conhecer o cliente bem c
saber quais comportamentos exibidos pelo terapeuta irào encorajar
crescimento e mudança, num nivel que o cliente esteja preparado, versus
quais comportamentos seriam opressivos ou mal colocados, de uma maneira
que leve a um desengajamento, aflição indevida ou até o término da terapia.
Terapeutas da FAP são encorajados a informar, cuidadosamente, o cliente
sobre 11 natureza do tratamento (referente à seção prévia "Dando o raciocínio
da FAP,), mas também equilibrar o foco na sessão de maneira que o cliente
possa tolerar.
A importância de estar sendo contiolado por rejorçadoits que são
benéficos/wa o cliente. De uma perspectiva FAP, urna fonte primária de
violação ética é a situação de o terapeuta estar sendo controlado por
reforçadores. que não são benéficos para o cliente. Por exemplo, o terapeuta
pode ser reforçado por expressões frequentes de gratidão c louvor de um
cliente, quando tal comportamento é um CRRI. Se o terapeuta nào estiver
ciente deste processo, ele/ela pode responder de uma maneira que reforce
e ajude a manter o problema do cliente. Deste modo, é muito importante que
terapeutas reconheçam áreas pessoais que podem estar vulneráveis a
reforçadores, que nào são úteis para o cliente.
A importância da autoconsciência do terapeuta. A FAP encoraja
terapeutas a assumirem riscos; tais riscos podem ser levados num contexto
de clareza c de autoconsciência. Terapeutas da FAP eficientes «levem ter um
alto nivcl de autoconsciência , dispostos a examinar seus próprios motivos c
serem reforçadores e possuiem habilidades para reconhecer e responder a
seus próprios TI s, nào defensivamente. Hmbora esse tipo de autoconsciência
seja importante a todos os terapeutas, acreditamos que isso seja.
particularmente, importante na FAP. porque o terapeuta está sendo encorajado
a assumir riscos e evocar CRBs. Por exemplo, um terapeuta que es«ja solitário
ou com falta de intimidade cm relações pessoais, pode apoiar-se demais em
relações terapêuticas, como uma fonte primária de aproximação e sentir-se
atraído pela FAP como um meio dc aumentar ou justificar :a! intimidade. Tal
terapeuta pode colocar demandas sutis ou nào sutis no cliente, para maior
aproximação, sob o disfarce das regras da FAP. É crucial que os terapeutas
da FAP examinem suas próprias respostas c Tis ce uma maneira constante.
Consulta c supervisão são, frequentemente, partes cruciais de tais
questionamentos.
A importância de ter o comportamento alvo do cliente em sen p>óprio
repertório. Teorias psicodinâmicas tradicionais têm enfatizado a importância
do desenvolvimento de autonomia, como um sinal dc saúde psicológica e a
importância de minimizar a dependência na relação terapêutica Orientações
4 Técmic. Tojpíuócj A» Cinco Rcfru j j5
éticas tem, similarmente
, focado no estabelecimento c manutenção dc
barreiras. Humanistas
, terapeutas feministas c outros tem enfatizado a relação
natural do desenvolvimento humano
, a importância de psicoterapeutas
estarem aptos a engajar-se em relacionamentos genuínos e muito cuidadosos
com seus clientes
, e nào permitindo que relações intensas gerem pessoas
muito dependentes. Terapeutas da FAP devem estar aptos c serem flexíveis
para balancear essas perspectivas, dependendo das questões e necessidades
do cliente.
Muitos clientes tem dificuldade em aceitar cuidados c ajuda c tem
problemas cm serem vulneráveis, abertos, próximos ou íntimos com outros.
Com tais clientes
, o terapeuta da FAP precisa criar um contexto em que há
oportunidades para engajar-se, com o terapeuta, cm maneiras novas c mais
conectadas. Um terapeuta que se sinia desconfortável com aproximação e
não leniu tiara tal limitação, provavelmente, nAo se engajará em
comportamentos que evoquem conexões ou intimidade com seu cliente, num
nivel que pareça arriscado ou perigoso. O cliente pode nào ter a oportunidade
para trabalhar com questões essenciais sobre aproximação em
relacionamentos ou ser reforçado por CRB2s nesta área. Similarmente
, um
terapeuta que esteja desconfortável com a intimidade, proximidade ou
vulnerabilidade, pode estar inclinado a interpretar um pedido do cliente por
mais aproximação, questões pessoais sobre o terapeuta ou expressões dc
dependência do terapeuta, como CRBls cm uma ampla classe de
depcnoéacia ou dc necessidade dc relacionamentos. Para alguns clientes,
este talvez seja o caso, mas é, claramente, problemático se os próprios TI s
do terapeuta 'ev «m a assumir, erroneamente, os comportamentos do cliente
retratando u.n CRB1 sendo que nào o são.
Alterna.i vãmente
, clientes que têm dificuldade em tolerar a separação, a
solidào cr a;:ir independentemente, podem necessitar que o terapeuta evoque
e reforce tais comportamentos. Novamente, um terapeuta que tenha
dificuldade com distincia
, autonomia ou .«eparaçSo cm relacionamentos pode.
inadvertidamente
, reforçar CRBls do cliente. Ele/ela pode não reconhecer
esses comportamentos como CRBI s cu criar oportunidades para CRB2s
ocorrerem.
Ess.*.i habilidades cc rcUciona-.cu;o envolvendo tanto aproximação
quanto independência e exemplo de uma ampla faixa dc comportamentos
que o terapeuta da FAP. idealmente, irá fortalecer a fim dc ajudar os clientes
a desenvolverem comportamentos ri-niíarcs. Assim como um terapeuta que
tenha medo dc altura está incapadiadn para conduzir um tratamento ao
vivo com clientes que :cnham fobia de altura, terapeutas da FAP são mais
suscetivcis de serem eficientes
, se eles puderem engajar-se nos
comportamentos que estão ajudando os clientes a desenvolverem. Terapeutas
da FAP devem, cuidadosamente, avaliar os tipos dc problemas do cliente
que possam, efetivãmente, ajudar levando em consideração suas próprias
M. IMi cl al
histórias, repertórios comportamentais e limitações atuais da vida. Mi s sâo
fortemente encorajados a apontar áreas dc limitação cm sua própria
psicoterapia ou cm supervisão c consulta.
Conclusão
Na conclusão, gostaríamos dc destacar que, a serviço do crescimento do
clicntc, não apenas modelamos o comportamento do cliente, nus nos
permitimos ser modelados por ele. Como Martin Bubbcr (n.d) declarou,
"Todas as jornadas têm destinos sccrctos dos quais o viajante nâo tem
conhecimento." Permita-se expcricnciar cada relação terapêutica como tal
jornada.
Gostaríamos também dc enfatizar que regras behavioristas definidas c
descritas neste capitulo, não são rígidas e formuladas como, normalmente.
está implícito no uso comum do termo 
'
regra
*
. Nenhum procedimento de
outras terapias é para ser excluído, mas sim, a qualquer momento, a
abordagem governada por regra da FAP pode levar à consciência e à
utilização dc uma oportunidade terapêutica. Endossamos completamente o
ponto de vista dc (ircbcn (1981) expresso abaixo.
A psicoterapia aio t elaborar uni conjunto dc regras sobre o que algocm nio pode
fa/cr regras sobre quando faiar ou nio falar, coo» lidar com feria», cacto lidar cocr.
hora» perdidos, e assim por diante. É algo muito mais simples que isso. É o encontro
c o trabalho conjunto dc duas pessoas; i irabalho duro c honcslo VVjcí pede di/cr, t
um trabalho dc amor. (p. 455)
Refcrcncias
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Capítulo 5
Self e Mindfulness ",2,3
Robert J. Kohlenberg, Mavis Tsai, Jonathan W. Kanter, e Chaunccy R.
Parker
Penso logo existo.
Rcnc Dcscurlcs
A declaração dc Descartes deu origens a inúmeras leses filosóficas,
livros e trabalhos escolares. No presente contexto, nosso interesse está na
análise psicológica, mais especificamente, na análise funcional. Em uma
perspectiva funcional, várias especulações sobre Descartes podem ser feitas
baseadas em sua declaração. Primeiramente, parece que ele sabia quem
era c sua experiência do "eu" o pensador, era estável. Consequentemente,
não esperaríamos que Descartes buscasse terapia para descobrir "quem
ele era"
, ou que reclamasse sentir-se um camaleão que muda sua
personalidade dependendo das circunstâncias em que sc encontra. A
declaração dc Descartes também denota que cie era auto-observador ou
atento à sua experiência privada de pensar como uma atividade ou processo
independente dos conteúdos de seus pensamentos. Isto sugere que ele
poderia recuar e observar objetivamente os dados básicos de sua experiência.
O ato de estar atento sem julgar o processo de pensamento entra na definição
K I Xavvrf*.; Uv.;,.,,, fep.").». ..í P.jxholsgy. irtMtftil: Sítírte VI» ! «.» c -i!
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S«íokc-I1u.«co Ucdu. LLC XB»
140 R. J. Kotilcnbwg d «I.
demind/ulness, uma estratégia cada vez mais popular no (rolamento dc
problemas psicológicos (c.g., Linchan, 1993; Hayes, Follcitc, & l.inchan,
2004), c que desempenha um papel importante cm muitos casos da PAR
O objetivo deste capítulo é fornecer uma explicação behaviorista do self
e dc mind/ulness, explicar como a falia dc senso dc self pode interferir no
mindfulnesst c prover sugestões para modelar intervenções de (rolamentos
que focam o self e o mindfulness na FAP.
Uma Visão Behaviorista do Self
Vamos começar com um simples exercício de dois passos. Faça o I
°
passo agora - olhe para sua mfio por aproximadamente cinco segundos. Agora
o 2° passo - olhe novamente para sua mão por alguns segundos, mas enquanto
faz isso, lente tomar-se consciente de quevocê está olhando. Se este exercício
der certo, os passos devem ter envolvido duas fornias de conscienc ia. Durante
o 1 ° passo você eslava simplesmente olhando para sua mão - notando a mão
em si. Você deve ter notado algumas características e se perguntado sobre o
que qnci íamos que você visse. Essa atenção envolve discriminações simples,
feitas por todas as criaturas, verbais ou nào. f- atcnçào pura. automática e
inconsciente. O 2° passo, todavia, incorporou um segundo tipo dc consciência.
Você nào estava simplesmente vendo sua mio. mas estava 
"vendo 
"
 que
vocc estava vendo sua mão. Isto é,você estava cicntc de um "você
"
, alguma
"
coisa
" ou "alguém" que estava olhando, notando, imaginando. Você deve ter
até tentado metaforicamente recuar para observar-se olhando pnrn sua mão.
A experiência de um "você" que está observando é aquela a que o público em
geral c a maioria dos cientistas sociais se referem como sendo 
"o self.
Dcikman (1999) define este self como um "Eu
" com uma consciência
permanente, descaracterizada e imutável, alguma coisa central que testemunha
todos os eventos, tanto internos quanto externos.
A Experiência do Self
Neste capítulo os termos 
'consciência,
, 
"autoconsciência,, c 
'
auto-
obscrvaçào
' são usados alternadamente para referir-se ao 2t (ipo de
consciência descrita noexcrcicio acima. Skinner afirmou que. %..)uma pessoa
se torna consciente de um modo diferente quando uma comunidade verbal
arranja contingências sob as quais ele não só vê um objeto mas ele "vê" que
está vendo. Neste modo especial, a conscicntização c um produto social"
(Skinner, 1974, p. 220). Skinner, assim, enfati/ou o modo pelo qual uma
história social particular é necessária para um homem aprender a ver que
ele vê. Sendo esta história normativa cm nossa cultura, unidades comuns
podem ser esperadas nas descrições dc um self 
"norma!> ou ,ideal*. Nem
todos, entretanto, desenvolvem o selfdeal almejado. Isto é, apesar dc algumas
5 Self c MindfiilDess
similaridades, um senso dc self é aprendido c por isso depende das
peculiaridades desta história dc aprendizagem; consequentemente, a
experiência do self pode variar bastante. Nós conccitualizamos um contínuo
dc experiência; cm um extremo há uma experiência ideal de continuidade e
uniformidade do self, "algo central
"
 correspondente às descrições de
Descartes c Dcikman; no outro extremo, um senso dc self vazio e instável.
correspondente às cxpenências de clientes que afirmam, "eu não sei quem
sou
"
, ou que reportam múltiplos selves.
Nossa visão behaviorista ê que a experiência dc self consiste em *algo
central' que é expericnciado, c o processo de estar cicntc de ou reconhecer
este 1algocentral,. A análise funcional de experiência doje focali/a, então,
os estímulos discriminativos (Sds) dos quais alguém se torna ciente e identifica
este 'algo central
,
. Este foco no self como um objeto ê congruente com seu
uso por clientes e por psicólogos convencionais do self Nossa tarefa c
, então,
identificar este algo expericnciado que ê o self. Esta análise ê guiada pela
discussão de j*//proposta por Skinner (1953, 1957) c pela análise funcional
do comportamento verbal de nomear estímulos (c.g., bola, carro), conhecido
como tatcar (Skinner. 1957; Barnes Holmes, Barnes Holmes & Culliman
,
2000). lista abordagem ê compatível com a do contemporâneo e inovador
analítico-comportamenlal Steve Haves e a análise dc seus colegas (Hayes &
Gregg, 2000; Hayes & Wilson, 1993). Apesar dc focarmos noíeZ/comoalgo
experienciado ou percebido, não damos a ele propriedades de agente (e.g.,
conceitos psicanalíticos dc id, ego e superego) para depois os usarnws para
esclarecer problemas do self Ao contrário, atentamo-nos em entender a
funcionalidade do selí, através da compreensão da natureza interpessoal do
ambiente que influencia no seu desenvolvimento, c as condições sob as quais
experiências "normais" e "problemáticas" do í<7/"ocorTcm.
Em uma linguagem nào técnica, suponha que estamos tentando entender
a experiência de alguém que está sentindo calor. Poderíamos colocar um
homem em uma sala com temperatura controlada, variá-la, medi-la, e
descobrir qual temperatura é necessária para que esta pessoa sinta calor.
liste relato poderia ser um tato, resposta controlada por um estimulo
discriminativo especifico da experiência de sentir calor. Nossa compreensão
seria ainda maior, todavia
, se soubéssemos mais sobre a experiência anterior
desta pessoa com ambientes quentes e frios. Se ele foi criado no deserto
,
um aumento considerável na temperatura da sala seria necessário para que
ele dissesse que está com calor, mais do que seria necessário para alguém
nascido e criado no Alaska Quanto mais se sabe sobre as variáveis históricas
e contextuais que resultam no individuo reportando que sente calor, mais
poderemos dizer que *entendemos
,
 sua experiência. Esta abordagem para
entendermos a experiência de alguém está intimamente conectada à
compreensão do estimulo (a coisa) que levou ao relato verbal
, c a hipótese
é que estes mesmos fatorcs que afeiam a experiência interna dc uns também
afetam o relato verbal desta experiência.
142 * > Kohlcoberg o >1
Nossa abordagem para entender a experiência do self e similar à do
calor descrita acima. Da mesma maneira que nós poderíamos explicar a
experiência do calor através da identificação dos estímulos c sua respectiva
história para a resposta "calor
"
, explicamos a experiência do self através da
descrição do estimulo e da historia referente às palavras usadas para
identificar o self. Estas palavras incluem ,eu,, 1mim,, ,bnby, 011 o nome
próprio de criança como *Davc, ou 'Dottie, (quando usados para se referir
ao self de alguém), e ,você, (como usado de maneira inadequada por crianças
pequenas para referir-se a si mesmos). Nós poderiamos nos contentar dizendo
que termos como estes são membros de uma mesma classe dc equivalência.
Consequentemente, a análise do "eu* pode ser vista como um protótipo para
a análise dc outras respostas verbais associadas ao self. A especificação do
estimulo para o 
*
eu
* elucida então o 'fenómeno* ou a ilusória *coisa central*
experienciada como o self.
O Desenvolvimento do Senso de Self
Quando as crianças estão aprendendo a falar, elas estào dc fato
aprendendo a latear, ou dizer o som das palavras evocadas por estímulos
discriminativos específicos (Sds). O processo sc inicia com o aprendizado
do significado de faias individuais (na FAP, *unidades funcionais
'
). Como
exemplo, considere como uma criança aprende a tatear uma 
,
maçã
,
.
 É
óbvio para seu pai (como observador) qual o objeto a que criança está se
referindo pelo termo ,maçã
,
. Para a criança nào-veibal. todavia, é. a princípio.
uma situação confusa. Considere os inúmeros estímulos discriminativos
potenciais presentes que podem estar ligados de maneira incorrcia a palavra
.maçã
*
. Para confundir a questão, existem ainda numerosos estímulos
privados (e.g., sensações corpóreas associadas a ati\idades neurais e
hormonais) que esião disponíveis somente para a criança. Por outro lado,
extraordinariamente, a criança aprende a discriminara maçã publicamente
observável, do estímulo sopa, como o Sd que evoca 1maçà\ Com certeza,
para que isso ocorra, seus pais (a 1comunidade verbal
,) precisam ser
consistentes e usar reforçamento diferencial para assegurar que 
'
maça
> é
somente aplicado quando uma maçã está presente, e não é uma resposta
apropriada a outro estímulo (e.g., mamãe, papai, rcaçôes corpóreas
específicas, ou qualquer outro objeto do ambiente). A criança aprende a
dizer 1maçã, porque este foi um estímulo que estava consistentemente
presente em cada ocasião em que dizer 
'
maçã
'
 foi reforçado. Pesquisadores
do comportamento verbal sugerem que o que é aprendido neste estágio e o
comportamento bidireciona! de relações verbais (e.g., a palavra 
*
maçã
* é
equivalente ao objeto maçã, c vice-versa).
Linguistas c psicólogos do desenvolvimento chamam o período dos seis
meses aos dois anos dc 'período de falas dc uma única palavra
,
. (Cooley,
5 Scirc Msndfulsess
1908; Dore, 1985; Fraibcrg, 1977; Peters, 19S3). Neste estágio inicial, até
frases dc múltiplas palavras como ,mamãe vem, c 'suco acabou' agem
como unidades funcionais c não são compreendidas como palavras individuais.
Para ilustrar, considere o caso de um dos pais tentando ensinar a frase 'eu
vejo maçã', uma vez que a criança aprendeu a tatear "maçã
*
. O pai deseja
que a criança relate sua experiência privada de 'ver uma maçã,. Se o pai
for bem sucedido
, 
1eu vejo maçã" pode ser usado para relatar tanto maçãs
físicas quanto imaginárias, de tal forma que a criança pode descrever e
pcrccbcr sua atividade privada dc ver uma maçã, mesmo que não esteja
presente um estímulo público denominado maçã. Para fazer com que a fala
da criança ,eu vejo maçã, rcilita este refinamento, o pai tem a difícil tarefa
dc ensinar a criança a ficar sob controle da experiência privada de ver uma
maçã quando diz icu vejo maçã,. lista tarefa è difícil porque o pai não pode
asscgurar-sc de que a criança está realmente tendo a esperada experiência
privada dc ver. Por outro lado, o pai confia no estímulo público para este fim,
incluindo a orientação encoberta da criança em direção à maçã pelo
movimento da sua cabeça, por apontar, mover os olhos e olhar fixo na direção
da maçã. O estímulo público pode variar sutilmente dependendo da
localização da maçã, da criança, iluminação do ambiente, entre outros fatorcs.
Caso o pai seja bem sucedido, todavia, o estimulo privado associado ao ver
privado ganhará controle sobre *eu vejo maçã , já que este é o estímulo
consistentemente presente cada vez que a fala 'eu vejo maçã, foi reforçada.
Mesmo que tenhamos tomado a licença poética na descrição acima ao
supor que o pai está tentando ensinar a criança propositadamente a diferença
entre o estimulo público *maçã, c o estímulo privado dc ver uma maçã.
sabc-se que não há um conceito próv io envolvido quando os pais interagem
com suas crianças. O faso é que. todavia, cada :«ni dc nós pode relatar
quando estamos vendo uma maçã imaginária ou tendo uma experiência visual
privada que é evidência deste aprendizado a.titrior. Mesmo que os outros
possam discordar dc nossa visão sobre esta questão, não acreditamos que
nascemos com a habilidade dc ver ou ; -..,atar imagens privadas; ao contrário.
poderiamos argumentar que temos dc agradecer a nossos pais ou cuidadores
por ter nos ensinado a lazer isso. A mesma complexidade está presente
sempre que nós ou nossas crianças somos ensinados a taicar ou identificar
qualquer evento privado corno sentimenioji de fome, tristeza, alegria ou raiva.
Kohlenberg e Tsai (1991) fornecem uma explicação comportamental
detalhada dos três estágios do desenvolvimento da linguagem relacionados
ao tato *eu
" emergindo como uma unidade funcional separada (PP. i24-168).
Os três estágios esíão dispostos na figura 5.1.
Como ilustrado na figura 5.1. durante o !° estágio a criança aprende
unidades extensas e independentes que são a base dc outras unidades
intermediárias abstratas do 2° estágio. Então o 'cu* do 3° estágio emerge de
unidades de tamanho médio do 2° estágio. Como um exemplo que ilustra a
Ml R. 1 Kahknbcrjt ct «I
Fig. 5.1 Ov nós estágio» de desenvolvimento do comportamento verbal que resultam em
~
eu
"cmcr;: iKÍo como unidade funciona! nxwn como variações ns experifneia de apicnder
podem f.nalmcnw influenciar a expcrtínci» da sd/(o cm) Por exemplo, as letras c frases cro
negrim icprt»<num
~
eu *
~quc mo w>ou-oUdo>p*x(cUt mulos) privado*, c ai sccombiaao
com mposla4 controladas por estímulos públicos (letras c sentenças sombreadas), le»ando
a um tipo de senso de ir//mais fraco.
variabilidade na emergência do 
*
eu
,
, os termos cm negrito representam a
força ou o grau do controle privado que pode estar ocorrendo em um dado
individuo. Consequentemente a frise "eu quero suco
* ocoitc quando a criança
realmente *quer suco
* e está experimentando o estado privado ,querendo
suco
"
. Em contraste, a frase "cu quero sorvete
" é provocada pela mãe (que
quer sorvete naquele momento). O resultado final do 2C estágio, 
"
eu quero
*
está somente sob controle parcial da estimulação privada c sob controle
parcial da percepção da criança daquilo que a mâc quer.
A experiência do 
*
cu
* que emerge no 3" estágio pode ser pensado como
a experiência de uma 'perspectiva
* ou >local" definido por Hayes (1984).
Este estimulo c aquele que permanece constante sobre todas as afirmações
ieu quero X
* ou ,eu vejo X,. da mesma maneira que a atividadc (querendo
ou vendo) c o objeto (o'X
'qucê desejado ou visto) variam. Hayes. Bames-
5 Self « Mmilfulness MJ
Holmcs e Roche (2001), argumentam que um comportamento verbal adicional
c necessário para uma experiência completa do self como uma perspectiva
3 ser desenvolvida. Em particular, a criança cm crescimento aprende a
distinguir *cu" de 'você', 
'aqui
,
 de *lá* e *agora" de "depois". O self como
perspectiva emerge dcsic tipo mais complexo de comporta mento verbal.
Por exemplo, algumas vc/es a criança pode estar a 1,5m do seu pai e outras
vezes a I5m
, mas 11 criança está sempre 'aqui' c nunca ,lá,. O estimulo
privado, que e sempre ,cu, aqui e agora" c inclui algumas sensações internas
do corpo, parccc tomar o controle. Desta forma, a resposta *cu
" como uma
unidade constante ao longo do tempo fica sob o controle de estímulo da
perspectiva (o local) de onde emana outro comportamento.
É crucial admitir que este local de onde o comportamento emana não ê o
corpo, mesmo que ele observe o que acontece dentro do corpo."Eu machuquei
meu dedo" c ,eu tenho uma dor dc barriga, são exemplos que nos ensinam
esta discriminação, da mesma forma que o ,eu* observa o corpo, mas não
pode ser o corpo. Porque a perspectiva da qual esta observação ocorre
parece estar locali/ada atrás dos olhos, todavia, "o olho, é experienciado
como algo dentro do corpo. Am idades sob controle privado - atividades
atribuídas ao 'cu, - são cxperienciadas como vindas dc dentro. A experiência
do self continua ao longo do tempo (e.g., você cm seu 10' aniversário é o
mesmo que você agora, mesmo que seu corpo seja completamente diferente),
sonu-sc a isso à história de aprendizado que distingue o senso dc self como
algo que emana dc dentro deste corpo, mas não c o corpo (Hayes, Strosahl.
e Wilson
. 1999). De uma maneira ideal, o se/f vem a ser experienciado
como algo imutável, localizado centralmente, c continuo, c um senso de
interioridade se desenvolve.
Nossa teoria de que o self se desenvolve conw resultado da aquisição da
linguagem (e a conotação de *eu" emerge da conotação de frases mais
extensas em que 
'
cu
* está fixado) não é nova. Em 1908
, Cooley eoletou
dados referentes à aquisição do *cu* quando uma criança aprende a falar.
Mesmo que não apresentados em termos behavioristas
, esta teoria é
extraordinariamente parecida com a nossa. Cooley concluiu que aos vinte cseis meses, sentenças como *eu não sei", 
,eu quero..., e "venha mc ver
parecem ter sido aprendidas como 'um lodo' (p.135) - cm nossa
terminologia, unidades funcionais amplas. Cooley afirma que "Através destes.
ela provavelmente tem a ideia dc "cu* por eliminação, (isto c). o resto da
sentença varia, mas o pronome permanece constantemente associado à
expressão do desejo, à atitude àosef (p.355). I m nossa terminologia, *cu
*
surge como urru unidade funcional mínima.
Mesmo que O desenvolvimento ideal leve a um amplo grau dc controle
da resposta 'cu* por um estimulo privado (dentro da pele), desenvolvimentos
mais problemáticos levam ao oposto - o desenvolvimento dc um grau de
controle mínimo do *eu, por estimulo privado Em situações como estas, um
R. J Kohlenberg e( al
número dc rcsposlas de 
,eu X, do 2° estágio passam a ser dc controle
público (coino ilustrado na figura 5.1). Isso provavelmente tem origem nas
relações primárias com pais ou cuidadores que inadvertidamente ensinaram
as crianças a perceber sinais para dizer 
1
cu
, sob controle de um estimulo
público (pessoas ou situações públicas), ao invés dc eventos privados e
respostas a que somente a criança pode acessar.
Tome como exemplo uma criança pequena Tammy. num supermercado com
sua màe. Tammy diz, "quero um doce
"
. Sua mãe, com pressa para terminar as
compras, diz: "não, você não precisa
"
. Essa afirmação impede a experiência
privada dc Tammy passar a controlar a resposta 
1
eu quero
*
.
 Se isso ocorrer
regularmente numa extensa variedade de circunstâncias, 
'
eu quero
'
 passa a
ficar gradativamente sob controle público. A resposta 
1
eu quero
, de Tammy
poderá ser fortemente influenciada pela presença de pessoas importantes que
parecem furiosas ou apressadas. Estímulos discriminativos públicos passarão a
controlar se ela realmente quer alguma coisa ou não, e a experiência de querer,
que idealmente deveria controlar a resposta 
'
querer
" de Tammy, terá que esperar
(se pudermos dizer isso), e finalmente não terá controle algum sob o
comportamento de Tammy. Este processo ocorre sem que Tammy perceba.
Caso invalidações similares das respostas 'eu X, de Tammy ocorrerem,
seus problemas relati vos à òtia experiência do self podem tomar-se mais
severos. Por exemplo, imagine a afirmação 
"sinto-me doente hoje
"
,
 tendo
como resposta, 
"bobagem, você está perfeitamente bem
"
. Ou a afirmação,
"estou com fome
"
, tendo como retorno, "não. você não está, ainda não é
hora do almoço!" Essas alterações podem permear a história daqueles que
eventualmente dizem que suas ações não vêm dc dentro, ou nào estào fazendo
aquilo que parecem estar fazendo. Isso pode ainda parecer meio inacreditável,
mas quantas vezes você ouviu iniciações como: 
"você gostaria de sair hoje
à noite?"
, 
"cu não sei, e você?
" ou "você quer sobremesa?", "bem. não
estou certo, e você?".
Mesmo que as afirmações acima nào sejam patológicas, elas ilustram
comportamento referente ao self que são ditos (tateados) como estando
sob controle público. Existe um espectro de severidade dc problemas com o
selí, dependendo do grau de controle privado da unidade 
'
eu
"
, lenha cm
mente que esta situação não envolve alguém suprimindo uma resposta verbal
dc sentimentos ou necessidades. Ao contrário, esta sessão se ocupa em
apontar os antecedentes desenvolvidos por alguém atento a seu sentimento
(estimulo privado) e sua necessidade (reiorçadores), e como este alguém
começa a notá-los em primeiro lugar. Além do mais, note que esta discussão
não se refere simplesmente a indivíduos inassertivos - essas pessoas podem
saber o que querem, mas relutam cm dizer o que querem. Lm contraste,
pessoas que têm suas respostas 
1
eu sob controle público realmente não
sabem o que querem, o que podem fazer, o que sentem etc.. a menos que
descubram o que os outros querem ou permitem. Sob condições ideais, o
S Self c Miftdfiilncss 147
1
eu
,
 emana de dentro e, portanto, em casos como aqueles descritos acima
um forte senso de vazio ocupa o lugar onde o self deveria estar. Isso pode
ser relatado caso a maior parte daquilo que uma pessoa se refere como *eu*
esteja realmente tanto sob controle quanto sujeito â modificação dos outros.
Kanter, Parker, e Kohlenbcrg (2001) referem-se ao desenvolvimento de
uma medida pública versus uma dc controle privado sobre a experiência do
self (Escala de Experiência do Self, ou EOSS). A escala EOSS foi
administrada a uma amostra de estudantes de graduação e participantes
com Transtorno dc Personalidade Borderline (BPD). Os participantes BPD
relataram um controle público mais significativo da experiência do self cos
resultados da escala EOSS também correlacionaram fortemente as medidas
dc autoestima c dissociação, de maneirq que, mais controle público predizia
menos autoestima e mais dissociação. Esses achados fornecem suporte
empírico preliminar para a teoria acima.
Voltando aos csttidos clássicos de Arch,s (1951), que investigou a influência
social de conceitos perceptuais básicos, um vasto conteúdo de literatura também
oferece suporte às premissas da teoria comportamental do self. Estes estudos
iniciais demonstram que o público pode exercer uma forte influência cm como
indivíduos reportam experiências perceptivas. Além disso, pesquisas iniciais
sob o local (lócus) do controle (Rotter, 1966) identificaram que os indivíduos
diferem no grau cm que cxpericnciam seus comportamentos, sendo controlados
internamente (por eles mesmos) ou externamente (pelos outros). Esta teoria
psicológica social, todavia, nào oferece uma explicação de como estas
diferenças individuais se desenvolvem. Por exemplo, por que certas pessoas
respondem às influências públicas no experimento de Asch, enquanto outras
não? Quais aspectos específicos do desenvolvimento explicam essas diferenças
entre pessoas? Nossa teoria ai «ai explica como esses padrões dc
comportamento podem desenvolver-se. O processo da vida real, com certeza.
é bem mais complexo e não ião linear como sugerido pelo quadro disposto
acima. Reconhecemos que essa teoria acima é apenas um rascunho de um
rico fenómeno contínuo, (para uma descrição mais detalhada deste processo,
busque cm Kohlenberg e Tsai. 1991. ! 995).
O senso de self em resumo, se desenvolve cm parceria com a linguagem.
Sob condições ideais, o senso de seífè unia perspectiva interna estável sob
controle de estímulo privado. Se a tendência de alguém se comportar de
uma determinada maneira c consistentemente colocada à prova por um
ambiente punitivo ou que o invalida; mesmo assim, esse alguém pode
reconhecer que seu próprio comportamento não vem dc dentro. Dc ccna
forma
, isso não ocorre se o comportamento for sempre (ou quase sempre)
determinado pelo que está ocorrendo fora da pele - se a tendência em se
comportar está sob controle público. Esta história dc invalidação que leva
aocontroie público do senso dc je//
-
e um lator primordial no desenvolvimento
de transtornos do self em nossa cultura.
R. J. Kohtcnberg cl iil
Mindfulncss
Considere o exemplo clínico na seguinte cilaçào de Germer (2005) do
livro de Germer, Siegel e Fulton (2005) Mindfulness em Psicoterapia (p. 3-
4) como uma introdução àquilo que se entende por mindfulness no seu mg
terapêutico.
As pessoas estào certas de uma coisa quando vêm para psicoterapia: eles
querem se sentir melhor, elas normalmente têm algumas ideias sobre como
atingir esta mela. inesmo que a terapia não proceda da maneira esperada. Por
exemplo, uma jovem mulher, vamos chamá-la de Lynn, com Transtorno de pânico.
poderia procurar um terapeuta esperando livrar-se de um caos emocional
característico de sua condição. Lynn pode estar procurando libertar-se de sua
ansiedade, mas à medida que a terapia progride, Lynn. na realidade, descobre
liberdade em senti r-se ansiosa. Como isso ocorre? Uma forte aliança terapêutica
pode prover aLynn coragem e proteção para começar a explorar seu pânico
mais de perto. Através de um automonitorarnento, Lynn começa a perceber as
sensações de ansiedade em seu corpo e os pensamentos associados a ela. Ela
aprende a lidar com o pânico ao falar consigo mesmo sobre ele. Quando Lynn
estiver pronta, poderá experimentar diretamente as sensações de ansiedade
que engatilham um ataque de pânico e tcstar-sc num shopping ou em um avião.
I ste processo completo requer que I ynn enfrente a ansiedade. Ocorreu, neste
caso, uma barganha compassiva entre o esperado c obtido.
O que pode ser surpreendente para alguns leitores é que Germer nào
menciona intervenções terapêuticas como ficar sentado quieto e focando
num pensamento, mantra ou respiração. Técnicas deste tipo normalmente
referem-se à meditação c são consideradas protótipos de intervenções
mindfulness. De fato, parece que Lynn recebe algo parecido com a
tradicional CBT (Terapia Cognitivo-Comportamental) para o tratamento do
pânico. Aqui, extraímos várias generalizações do caso de Lynn que são
relevantes à discussão do mindfulness: (I) os pacientes entram para terapia
querendo 'livrar-se* de sentimentos e pensamentos negativos; (2) por outro
lado, o processo do tratamento envolve facilitar que o paciente entre em
contato e permaneça na presença de pensamentos c sentimentos negativos;
(3) a relação terapêutica fornece um ambiente seguro para que o cliente
entre cm contato com situações que evoquem esses pensamentos e
sentimentos evitados; e (4) ,permanecer presente
, cm situações evocativas
pode ocorrer sob a aparência dc fazer o oposto - a terapia é apresentada ao
cliente como uma forma dc livrar-se de pensamentos e sentimentos. Os
próprios terapeutas podem ou não estar cientes desta contradição c,
consequentemente, participam sem saher da conhecida e tão falada
"barganha,, listamos gratos que várias técnicas conduzem a um mindfulness
maior, aumentam a capacidade de permanecer presente c trazem resultados
melhores. Consistente com este sentimento, indicamos que intervenções
5 Self e Miiulftilncks M»
promotoras dc mindfulness ocorrem, naturalmente, com frequência, cm
todos os tipos de psicoterapia, de forma intencional ou nào.
Unia tfsâo Behaviorista dc Mindfulness
Nossa visão behaviorista de mindfulncss se destina a ajudar terapeutas
a decidir quando essas intervenções podem ser úteis. Técnicas para aumentar
o estado de mindfulncss do cliente são sugeridas, muitas das quais são
facilmente integradas às CBTs, assim como a outras modalidades de
tratamento. Um exemplo dc caso abaixo ilustra como extrair intervenções
da CBT para aumentar a ocorrência natural de mindfulncss que já acontece
na maioria das terapias. Mesmo evitando definir mindfulness como uma
intervenção específica, um procedimento particular de meditação baseado
na resposta de relaxamento proposta por Herbert 6enson*s (Benson, 1975)
c apresentado, c discutimos como esta proposta pode ser asada de uma
maneira consistente com a 1 AP.
Não é de surpreender que o mindfulncss seja considerado um
comportamento no contexto da FAP. Istoé, estar mindfulncss c considerado
um tipo dc autoconsciência que também desempenha um papel no
desenvolvimento do self De acordo com a abordagem analítica funcional
,
evitamos descrições topográficas de mindfulness; examinamos seus efeitos
e suas consequências. O foco é nos efeitos que têm implicações terapêuticas.
Reconhecemos literalmente que definir mindfulness em lermos dc efeitos
terapêuticos exclui tanto noções geralmente aceitas quanto descrições
topográficas, especificamente cm contextos dc práticas espirituais ou
autodesenvolv nnento. Para evitar confusão, vamos nos referirão fenómeno
de interesse como 1mindfulncss terapêutico,. Mantendo esta limitação em
nosso campo dc visão, começaremos considerando como os outros definem
mindfulness c, em seguida, tentaremos extrair suas funções implícitas ou
os efeitos desta prática.
Alan Mailatt, entre os primeiros cogniti vistas comportamentais a reconhecer
o potencial terapêutico de mindfulness (Marlatt c Marques, 1977), tem
pesquisado e escrito sobre suas aplicações clínicas. Recentemente, Witkiewitz
and Marlatt (2005) definiram mindfulness como um estado mctacognitivo dc
atenção não julgadora, focado na experiência direta momento a momento dos
pensamentos contínuos, sentimentos c sensações físicas. Nesta concepção, a
atenção está focada na respiração como a base da consciência e, se alguém
se distrai, volta sua atenção para a respiração tão logo se dá conta de que este
estado transferiu-se para outros eventos cognitivos.
A descrição de Janct Surrey*s (2005) sobre mindfulness enfati/a os
aspectos interpessoais de mindfulness enquanto está fazendo psicoterapia
relacional.
150 R. 1. Kohlenbcrg et a!.
Esiar concclado, lanlo a si mesmo quanto aos outros, nunca ê algo estático. É um
processo dc movimentos sucessivos de aproximação, afastamento c retorno. O
mind/ulnessCuIliva a consciência deste movimento, informado pela intenção dc retomar
à conexão novamente. Em mindfulness, o objeto da nossa investigação è nossa conexão
a qualquer coisa que aparecer no momento, (p.94)
Ela então dcscrcve o processo da perspectiva do terapeuta e nota seus
efeitos terapêuticos.
... o terapeuta permanece atento às mudanças dc momento a momento c às suas
sensações, sentimentos, pensamentos c memórias... Através da relação, o terapeuta
oferece ao paciente a possibilidade dc permanecer emocionalmente presente com ele,
talvez pcrmancccr cni contato com sentimentos diliccis por <mais um momento
*
;
consequentemente, aumenta a capacidade do paciente para unia atenção mi/sdful, cm
conexão consigo mesmo. A sintonia enfática do terapeuta ajuda a extrair o que dc faio
ocorre no momento presente sem depreciar ou envergonhar o paciente - com aceitação.
(p. 94-95)
Tanto Marlatt quanto Surrcy descrevem mind/ulness como um tipo de
atenção ou consciência que possui duas características: (I) é não julgadora;
c (2) tem um loco no aqui agora. Estes elementos são encontrados cm
quase todas as definições dc mindfulness (Gcrmer, 2005). Primeiro vamos
descrever o elemento não julgador do mindfulness.
Hsão não julgadora. E manter a relevância clínica da análise, o
1julgamento, de interesse é definido como um tato avaliativo que está sob
controle de um estimulo aversivo. Por exemplo, o tacto 'ruim' indica que um
estímulo aversivo Sd (estar sendo criticado) foi contatado. O estímulo aversivo
pode ser um pensamento, sentimento, ação dc outros, ou a ocorrência dc
outros acontecimentos do mundo. O repertório de resposta associado, que é
evocado pelo Sd aversivo. inclui esquiva, fuga, ataques e ações relacionadas a
controlar ou eliminar os Sds aversivos. Tatos c respostas como estas são
geralmente funcionais; pense cm evitar o Sd aversivo dc um carro descendo
pela rua cm direção ao local em que você se encontra. Aqui restringimos
nossas análises, todavia, a situações em que julgamentos negativosc repertórios
de respostas deste tipo são problemáticos para o cliente. A implicação é que
estar
1mindful
, c terapeuti ca mente não julgador envolve não se esquivar ou
tentar controlar os Sds aversivos, o que c conhecido por aceitação
Este ponto de vista e consistente com a discussão de Hayes at ai. (1999)
sobre aceitação na Terapia de Aceitação c Compromisso ( ACI). mesmo que
estes autores enfatizem a esquiva cxpcrtcncial (esquiva dc Sds aversivos que
são pensamentos, sentimentos c outras experiências privadas). Através da
visão deles, aceitação envolve entrar em contato com a função dos estímulos
automáticos ou diretos das experiências, sem agir no intuito dc reduzi-los ou
de manipular tais funções c sem aluar nas bases das funções derivadas ou
verbais (Haycs, 1994). A análise comportamental da linguagem, segundo
Hayes e colegas (Hayes at al. 2001), fornece uma explicação elegante,5 Self e Mindfulness ISI
empiricamente embasada c compreensiva dc corno um tato (e.g., 
'
bad') pode
tornar-sc funcionalmente aversivo - através da equivalência de estímulos c
processos relacionados - e evocar esquiva. Suas análises também oferecem
um modelo que dcscrcve como estes tatos podem servir a outras funções de
estímulos que favorecem o surgimento de problemas clínicos. Os terapeutas
da FAP são encorajados a aprender a teoria c as intervenções da ACT.
Foco no aqui agora. O foco no aqui agora é o segundo elemento na
definição de mindfulness. Alguns dados sugerem que um foco no aqui agora
(também relativo a "estar presente no momento,) tem funções similares às
dc aceitação (Brown e Ryan. 2003). Tolle (2004), autor bastante lido,
expressou este sentimento ao apontar que dar "atenção total a qualquer
coisa que ocorre no momento... implica que se aceite completamente o que
ocorre, porque você não pode dar atenção total a algo e ao mesmo tempo
resistir a este algo
"
 (p. 56). Então, mesmo um estado dc não julgamento c
focado no aqui agora pode acarretar topografias diferentes nas várias
definições de mindfulness. Sua função terapêutica primária é definida aqui
como redutora de repertórios problemáticos dc esquiva.
Mindfulness Terapêutico
Definimos funcionalmente mindfulness terapêutico como um tipo dc
autoconsciência que ajuda o clicntc a permanecer na presença de Sds
aversivos (como pensamentos negaiivos, sentimentos e situações) que
evocam tipicamente repertórios de esquiva. Na sequência, isso disponibiliza
uma oportunidade para emergir c reforçar comportamentos novos e mais
adaptativos. Usar uma definição funcional pode ajudar a rcduzii uma
confusão relevante na literatura do mindfulness, que resultou nu fracasso
cm distinguir técnicas dc um processo psicológico (Hayes e Wilson (2003)).
Uma abordagem possível com função de ajutia: o cliente a permanecer
presente pode ser imposta sumariamente, chamada intervenções focadas
no bloqueio de esquiva ou.bloqucio si-bilo da esquiva. Além das questões
éticas c relacionadas á aliança terapêutica, intervenções desta ordem seriam
quase impossíveis de ser implementadas, já que a esquiva ainda pode ocorrer
no domínio privado c, portanto, não esta sujeita ao controle externo. Ao
invés disso, focamos técnicas para mudar a função dos Sds aversivos que
tipicamente evocam esquiva. Por exemplo, considere um cliente, Millie, que
tetn medo de contaminar-se e evi>-i tocar em maçanetas. As maçanetas
funcionam como Sds aversivos que evoesm tatos avaliativos negativos e
repertórios de esquiva; consequentemente, privam a cliente da oportunidade
de extinguir a ansiedade e da emergência de um novo comportamento
produtivo. Assuma que Milie é encorajada « desistir de 
'tentar livrar-se dos
pensamentos
' c
, ao contrário disso, é encorajada a observar (e.g., parar e
ver) seu próprio pensamento como um processo, ao invés dc um conteúdo.
R. I. Kohlentierg cl al
A observação do pensamento como processo é uma funvâo dc
emergência do 1cu penso
" como uma unidade funcional (Estágio II), o clicntc
taleando a alividade privada de pensar como uma unidade independente
sem imporiar-se com conteúdo do pensamento. O mesmo se aplica a outros
comporlamcntos do estágio II do "eu x
,
, como 
"eu sinto" c 'cu percebo,.
Sendo assim, Millic poderia ser solicitada a perceber (estar ciente dc) outros
eventos na presença da maçaneta, como prestar atenção ao ritmo da sua
respiração, o tique-taque do relógio, o gosto dc alho cm sua língua, e outras
sensações. Estar mlndful transforma o Sd aversivo original, maçaneta (nos
termos da Teoria dos Quadros Relacionais(RFT). Houve uma transferência
da função discriminativa (Haycs at ai.» 2001), reduzindo suas propriedades
aversivas c, consequentemente, proporcionando uma oportunidade para um
comportamento produtivo.
Implicações Clínicas para problemas do Self
F.in termos gerais, clientes com extensos problemas do self iniciam
tratamento mostrando-se, na sessão, cuidadosos, excessivamente atentos c
pre<»cup3dos com a opinião do terapeuta sobre eles. F.les nào descrevem
confidencialmente seus sentimentos, crenças, vontades, gostos e desgostos.
lodos estes comporlamcntos sào prováveis CRBls, e indicam uma falta dc
controle da experiência do self pelo estimulo privado.
Sc o tratamento é bem sucedido, seus comportamentos dentro da sessão
deveriam tomar-sc mais fidedignos e confiáveis, e inclui CRB2s de desenções
livres dc pensamento, sentimentos, vontades c crenças.
A descrição do comportamento do cliente no parágrafo anterior poderia
aparentar ser uma investida psicotcrápica comum. Uma fonic primária dc
dificuldade destes clientes é a falta dc controle privado c, consequentemente,
um tratamento por uni terapeuta que c acolhedor, responsivo c que encoraja a
expressão dos sentimentos pode naturalmente disponibilizar as contingências
para o fortalecimento do controle prnado. liste tipo de ambiente psicotcripico
genérico é o antídoto para invalidar o ambiente inicial que falhou em reforçar
o controle dc estímulos privados. Além disso, o modelo coinporlamental da
IAl» oferece algumas sugestões especificas para o tratamento.
Reforce Falas nu Ausência de Sinais Públicos Específicos
Para clientes com problemas de self, muito do comportamento está sob
intenso controle de estímulos provenientes dos outros. lílcs mostram-se
vigilantes e cuidadosamente focados 110 terapeuta, observando nuancc dc
expressão facial c entonação dc voz. Todavia, nào sendo claro à primeira
vista, quase tudo que esses clientes falam sobre eles e o que pensam e
sentem pode estar sendo influenciado pelo terapeuta como Sd. O
5 Self e Mindfulncu
procedimento do terapeuta descrito abaixo se destina a afrouxar este controle
através do encorajamento c reforçamento dis falas do cliente na ausência
dc sinais externos específicos. Hm outras palavias. o tratamento consiste
em aumentar os CRB2s das afirmações ,eu x' sob controle privado, que
também irão ajudar a eventual emergência do controle privado sobre o 'eu,.
Uma maneiro dc ajudar clientes a estabelecer controlo privado c que o
terapeuta fique sentado cm silêncio mindfully - simplesmente estando
presente, ouvindo sem julgamento - ao invés de estruturar cada momento
da sessão com perguntas. Uma variante da tarefa psicanalítica chamada
associação livre psicanalítica pode ser oferecida ao clicntc para aumentar a
chance dc evocar CRB 2 na form3 dc respostas *eu x* sob controle privado.
É problemático usar esta estratégia durante os estágios iniciais do tratamento
,
já que pode evocar um CRB 1 dc esquiva do cliente. Um grande número dc
clientes tem reclamado do fracasso dc tratamentos anteriores devido á
passividade do terapeuta anterior.
Somado a isso
, a rígida adesão á regra do silêncio do terapeuta
provavelmente dificulte o reforçamento de CRB 2s que poua vir a ocorrer
.
Por exemplo, um clicntc pode dizer, "Eu nào posso suportar isso". Esta é
uma resposta 
"
cu x
,
 que o terapeuta deve levar a sério e, consequentemente,
reforçar o controle privado dc uma afirmação 'eu x\ Os terapeutas da FAP
frequentemente usam estratégias dc outras terapias, se provado que elas
lidam com as funções dos comportamentos problemáticos na vida doclicntc.
li essencial, todavia
, que esteja claro para o terapeuta que 1 topografia da
estratégia (e.g., o silêncio do terapeuta) c menos importante que sua função;
neste caso
, que evoque estímulos privados do tipo 1cu x\
Nos estágios iniciais do tratamento, terapeutas irão bcncficiar-se de um
foco mindfid do momento presente, para que possam responder dc maneira
flexível e apropriada quando os clientes emitirem CRB 2s. Mais tarde
, na
terapia, depois que os clientes passarem a ter uni repertório de controle
priv ado das repostas do tipo ,eu x\ mais passividade da parte do terapeuta
pode ser útil. O caso subsequente envolvendo

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