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DIP e leucorreias 1 DIP e leucorreias Leucorreia o corrimento vaginal é uma condição comum, que ocorre principalmente na idade reprodutiva, podendo ser fisiológico ou patológico e ser ou não acompanhado de prurido, irritação local e/ou de odor infecções do trato reprodutivo infecções endógenas: candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana infecções iatrogênicas: infecções pós-parto e pós-aborto IST: tricomoníase, clamídia e gonorréia etiologias principais vaginose bacteriana: decorrente do desequilíbrio na microbiota vaginal, sendo causada pelo crescimento excessivo de bactérias anaeróbias (gardnerella vaginalis, ureaplasma sp e mycoplasma sp) candidíase vulvovaginal: causada pelo fundo candida spp. (geralmente candida albicans e candida glabrata) tricomoníase: causada pelo protozoário trichomonas vaginalis as causas não infecciosas incluem: material mucoide fisiológico vaginite inflamatória descamativa vaginite atrófica (mulheres na menopausa) presença de corpo estranho a mulher pode apresentar ao mesmo tempo mais de uma infecção, ocasionando um corrimento inespecífico deve-se indagar na anamnese sobre: consistência, cor e alterações de odor no corrimento presença de prurido irritação local comportamentos e práticas sexuais data da DUM práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos possíveis agentes irritantes locais candidíase vulvovaginal é uma infecção da vulva e da vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa vaginal e digestiva, que cresce quando o meio se torna favorável esses microorganismos fazem parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas embora a candidíase vulvovaginal não seja transmitida sexualmente, é vista com maior frequência em mulheres em atividade sexual sinais e sintomas: prurido vulvovaginal de intensidade variável DIP e leucorreias 2 disúria e dispareunia hiperemia, edema vulvar, ardência corrimento branco, grumoso e com aspecto caseoso (de leite coalhado), sem odor placas brancas ou branco-acinzentadas, recobrindo a vagina e o colo uterino fatores de risco: gravidez diabetes mellitus descompensado obesidade uso de contraceptivos orais uso de antibióticos, corticoides, imunossupressores ou quimio/radioterapia hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local contato com substâncias alergênicas e/ou irritantes (talcos, perfumes, sabonetes ou desodorantes íntimos) alterações na resposta imunológica (imunodeficiência), como no HIV diagnóstico: pode ser realizado por meio do teste do pH vaginal, com valores de pH<4,5 deve ser sempre confirmado pela presença de fungos exame a fresco bacterioscopia com coloração pelo método de gram: visualização de leveduras e/ou pseudo-hifas cultura tratamento: miconazol creme a 2% via vaginal, um aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias nistatina 100.000UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias parceiro não precisa ser tratado, exceto os sintomáticos caso seja uma candidíase recorrente, deve-se investigar causas sistêmitas predisponentes vaginose bacteriana é um desequilíbrio da microbiota normal, com diminuição ou desaparecimento de lactobacilos acidófilos e aumento de bactérias anaeróbias sem lactobacilos, o pH aumenta e a gardnerella vaginalis produz aminoácidos, que são quebrados pelas bactérias em aminas voláteis, gerando odor fétido é a causa mais comum de corrimento vaginal, afetando 10-30% das gestantes e 10% das mulheres principal agente: gardnerella vaginalis não é uma infecção de transmissão sexual, mas pode ser desencadeada em mulheres predispostas (o contato com o esperma contribui para o desequilíbrio da microbiota) aumenta o risco de aquisição de ISTs e DIP (quando presente em procedimentos invasivos) sinais e sintomas: corrimento vaginal fétido, mais acentuado após a relação sexual sem o uso de preservativo, e durante o período menstrual corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso dor à relação sexual (menos frequente) diagnóstico: 3/4 critérios de Amsel presentes: corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável, não aderente e microbolhoso DIP e leucorreias 3 pH vaginal>4,5 teste de Whiff ou teste da amina (KOH 10%) positivo presença de clue cells no exame de lâmina a fresco (citoplasma com areia) padrão ouro: coloração por Gram do fluido vaginal tratamento: metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2xdia, por 7 dias metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias tricomoníase causada por um protozoário flagelado, tendo como reservatório o colo uterino, a vagina e a uretra a prevalência varia entre 10-35% infecção sexualmente transmissível não viral mais comum sinais e sintomas: corrimento abundante, amarelo ou amarelo esverdeado, bolhoso e espumoso, com odor fétido prurido e/ou irritação vulvar cheiro fétido intenso após menstruação e relação sexual dor pélvica (ocasionalmente) sintomas urinários (disúria, polaciúria) hiperemia da mucosa (colpite difusa e/ou local, com aspecto de framboesa) diagnóstico: por meio da visualização de protozoários móveis em material do ectocérvice, por exame bacterioscópico a fresco ou pela coloração de gram, giemsa, papanicolau, etc pode haver alterações morfológicas celulares, alterando a classe do exame citopatológico, que deve ser repeito três meses após o tratamento tratamento: metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (2g) metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2xdia, por 7 dias métodos diagnósticos para corrimento 1. pH vaginal: pH >4,5 - vaginose ou tricomoníase / pH<4,5 - candidíase 2. teste de whiff (teste das aminas): coloca-se KOH a 10% sobre o conteúdo vaginal; se houver “odor de peixe”, o teste é positivo e indicativo de vaginose 3. exame a fresco: esfregaço com amostra vaginal; presença de leucócitos, células parabasais, trichomonas, leveduras e/ou pseudo-hifas leucócitos em mulheres com candidíase e tricomoníase 4. bacterioscopia por coloração de gram: presença de clue cells, epiteliais escamosas de aspecto granular pontilhado e bordas indefinidas e cobertas por cocobacilos > vaginose DIP e leucorreias 4 Doença inflamatória pélvica conjunto de processos inflamatorios da região pélvica devido a propagação de microorganismos a partir do colo do útero e da vagina para o endométrio, tubas, peritônio e estruturas adjacentes DIP x cervicite cervicite ou endocervicite é uma inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do colo) geralmente de causa infecciosa principais agentes: chlamydia trachomatis, neisseria gonorrhoeae, mycoplasma hominis e ureaplasma urealiticum pode ser causado também por: trichomonas vaginalis, vírus do herpes simples, citomegalovírus, etc maioria dos casos é assintomática (70-80%) a ausência de sintomas dificulta o diagnóstico e favorece as complicações, como endometrite e DIP principais queixas sintomáticas: corrimento vaginal sangramento intermenstrual ou pós-coito dispareunia, disúria, polaciúria e dor pélvica crônica características gerais da DIP ocorre de forma direta para os órgãos superiores: via cannalicular manifesta-se com um padrão clínico subagudo e oligossintomático sintoma obrigatório: dor abdominal em intensidade variável mais comum em mulheres jovens: porque geralmente não incorporam o hábito do sexo seguro e, por isso, tem mais chance de contrair agentes causais das cervicites muitas vezes passa despercebido: sintomas discretos uma das complicações mais importantes de ISTs complicações: pelviperironite, ruptura de abscesso tubo-ovariano (ATO), em longo prazo: infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica principal agente: chlamydia trachomatis (2° agente: neisseria gonorrhoeae) fatores de risco adolescência e comportamento sexual múltiplos parceiros sexo desprotegido parceria sexual atual portadora de uretrite, história passada ou atual de IST (clamídia,micoplasmas e/ou gonorréia) DIP e leucorreias 5 pacientes com salpingite prévia uso de DIU, caso a paciente seja portadora de cervicite na época da inserção etiologia mais detectado: chlamydia trachomatis 2° agente mais comum: neisseria gonorrhoeae importante: mycoplasma genitalium e hominis etiologia polimicrobiana evolução da DIP suspeita: sinais e sintomas baseado na evolução clínica > inicia o tratamento antes da confirmação laboratorial ou de imagem suspeitar: mulheres entre 14 e 44 anos, com dor abdominal baixa ou dor pélvica à mobilização do colo do útero dor abdominal ou pélvica de início recente: desconforto que vai progredindo corrimento: vaginal ou cervical, com coceira ou odor sangramento vaginal: pode ocorrer alterações no ciclo ou prolongamento da menstruação e também spotting dispareunia: dor genital associada à relação sexual, por conta da inflamação dos ligamentos pélvicos ou peritonite disúria: associada à dor, sobretudo na presença de uretrite diagnóstico diferencial: gravidez ectópica, tumor, torsão ou cisto ovariano, aborto séptico incompleto, endometriose, adenomiose, leiomioma uterino, endometrioma roto, nefrolitíase, pielonefrite, cistite, litíase urinária, apendicite aguda, ITU, etc 60% dos casos são silenciosos, 36% dos sintomáticos são leves a moderados e 4% deles são mais graves diagnóstico 3 critérios maiores + 1 critério menor ou 1 critério elaborado maiores: dor em hipogastro/baixo ventre, dor à palpação de anexos e dor à mobilização do colo uterino menores: temperatura axilar/oral > 38,3°C, secreção vaginal/cervical anormal, PCR ou VHS (velocidade de hemossedimentação) elevadas, isolamento de gonococo, clamídia ou micoplasmas, leucocitose elaborados: biópsia de endometrite, presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem, laparoscopia com evidência de DIP DIP e leucorreias 6 exames complementares hemorama completo (leucocitose e/ou bastonetose) exame de urina tipo I e urocultura, para afastar infecção urinária provas bioquímicas inflamatórias (VHS e proteína C reativa) USG transvaginal: ATO, espessamento da tuba, sinal da roda dentada se inconclusiva: pode ser feito TC de pelve, RM, laparoscopia HIV, HBsAg, anti-HCV, VDRL teste de gravidez (B-HCG) coleta de material para gonococo, clamídia, tricocomas e vaginose bacteriana tratamento critérios e condutas prevenção de DIP e de ISTs o rastreio e o tratamento de mulheres sexualmente ativas reduzem o risco para DIP recomenda-se o rastreio de infecção por clamídia nos seguintes casos: mulheres com idade ≥ 25 anos e sexualmente ativas mulheres com múltiplos parceiros mulheres cujo parceiro tem múltiplas parceiras mulheres com novo parceiro sexual (início < 90 dias) mulheres com parceiro com secreção uretral mulheres com sinais e sintomas de cervicite as recomendações para prevenção de ISTs são: uso de preservativo em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) reduzir a quantidade de parceiros vacina para hepatite B e para HPV DIP e leucorreias 7 fluxogramas - corrimento e DIP
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