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INTRODUÇÃO A saúde das células e dos tecidos depende da circulação do sangue, que fornece oxigênio e nutrientes, de forma a remover os resíduos gerados pelo metabolismo celular. Em condições normais, à medida que o sangue passa através dos leitos capilares, proteínas plasmáticas são retidas na vasculatura e há um pequeno movimento de água e eletrólitos dentro dos tecidos. Esse equilíbrio quase sempre é perturbado por condições patológicas que alteram a função endotelial, aumentam a pressão hidrostática vascular ou diminuem o conteúdo de proteína no plasma, e tudo isso promove o edema Hemostasia é o processo de coagulação sanguínea que impede o sangramento excessivo após uma lesão ao vaso sanguíneo. A hemostasia inadequada pode resultar em hemorragia, capaz de comprometer a perfusão tecidual regional e, se for maciça e rápida, pode causar hipotensão, choque e óbito. Por outro lado, a coagulação inadequada (trombose) ou a migração de tromboêmbolos (embolia) pode obstruir os vasos sanguíneos, causando potencialmente a morte celular isquêmica (infarto). SISTEMA CARDIOVASCULAR I: Sistema vascular sanguíneo II: Sistema linfático SISTEMA VASCULAR SANGUÍNEO I: Coração II: Artérias III: Capilares IV: Veias CARACTERÍSTICA DO FLUXO SANGUÍNEO NOS VASOS FLUXO LAMINAR Fluxo do sangue fisiológico FLUXO TURBILHONAR Aumenta o risco de aneurismas, que é a dilatação dos vasos, e de placas ateromatosas O rompimento de aneurismas leva ao choque hipovolêmico HIPEREMIA E CONGESTÃO Hiperemia e congestão são termos que se referem ao aumento do volume sanguíneo, no interior dos vasos, em um tecido, mas apresentam diferentes mecanismos de base. HIPEREMIA Hiperemia é um processo ativo resultante da dilatação arteriolar e aumento do influxo sanguíneo, como ocorre em locais de inflamação ou no músculo esquelético durante o exercício. Os tecidos hiperêmicos ficam mais avermelhados do que o normal devido ao ingurgitamento dos vasos por sangue oxigenado. MACROSCOPIA DA HIPEREMIA I: Órgãos avermelhados e tumefeitos II: Tonalidade violácea ou arroxeada (cianose) III: Maior volume de sangue na superfície de corte IV: Edema: órgãos mais brilhantes MICROSCOPIA DA HIPEREMIA I: Dilatação de vênulas e capilares II: Interstício expandido (edema) III: Hemorragia por diapedese (pressão hidrostática) CONGESTÃO Congestão é um processo passivo resultante do comprometimento do efluxo (saída) do sangue venoso de um tecido. Pode ocorrer sistemicamente, como na insuficiência cardíaca, ou localmente, como consequência de uma obstrução venosa isolada. Os tecidos congestos apresentam uma coloração vermelho- azulada anormal (cianose) originada a partir do acúmulo da hemoglobina desoxigenada na área afetada. Na congestão crônica de longa duração, a perfusão tecidual inadequada e a hipóxia persistente podem levar à morte celular parenquimatosa e à fibrose tecidual secundária, e a pressão hidrostática intravascular elevada pode causar edema ou, algumas vezes, ruptura dos capilares, o que causa hemorragias focais. MORFOLOGIA Ao exame microscópico, a congestão pulmonar aguda caracteriza-se por capilares alveolares ingurgitados com sangue e graus variáveis de edema septal alveolar e hemorragia intra- alveolar. Na congestão pulmonar crônica, os septos se tornam espessados e fibróticos e os espaços alveolares contêm numerosos macrófagos repletos de hemossiderina (“células da insuficiência cardíaca”) derivada das hemácias fagocitadas. Na congestão hepática aguda, a veia central e os sinusoides estão distendidos com sangue, podendo ocorrer até necrose de hepatócitos localizados centralmente. Na congestão hepática passiva crônica, as regiões centrais dos lóbulos hepáticos, observadas no exame macroscópico, apresentam-se castanho-avermelhadas e ligeiramente reduzidas (devido à perda celular), contrastando com as zonas circunvizinhas do fígado que se apresentam acastanhadas, não congestas e algumas vezes com degeneração gordurosa (fígado “em noz-moscada”). Os achados microscópicos incluem necrose de hepatócitos centrolobulares, hemorragia e macrófagos preenchidos com hemossiderina EDEMA Aproximadamente 60% do peso corporal magro é composto por água, da qual dois terços são intracelulares. A maior parte da água restante encontra-se em compartimentos extracelulares na forma de líquido intersticial; Edema é o acúmulo de fluido no espaço intersticial (dentro dos tecidos). O fluido extravascular também pode se acumular em cavidades corporais e tais acúmulos frequentemente são denominados coletivamente efusões. Exemplos incluem efusões na cavidade pleural (hidrotórax), na cavidade pericárdica (hidropericárdio) ou na cavidade peritoneal (hidroperitônio ou ascite). Anasarca é o edema grave, generalizado, caracterizado por grande tumefação dos tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. O movimento de fluido entre os espaços vascular e intersticial é controlado principalmente por duas forças opostas: a pressão hidrostática vascular e a pressão coloidosmótica, produzida pelas proteínas plasmáticas. Normalmente, o fluxo de saída de fluido produzido pela pressão hidrostática na extremidade arteriolar da microcirculação é equilibrado pelo influxo na extremidade venular devido à pressão coloidosmótica ligeiramente elevada; portanto, há apenas um pequeno efluxo de líquido para o espaço intersticial, que é drenado pelos vasos linfáticos. A pressão hidrostática aumentada ou a pressão coloidosmótica diminuída causa maior movimento de água para dentro do interstício. Isso, por sua vez, aumenta a pressão hidrostática tissular e, eventualmente, um novo equilíbrio é alcançado. O excesso de fluido do edema é removido pela drenagem linfática e retorna à circulação sanguínea via ducto torácico O fluido do edema que se acumula devido ao aumento da pressão hidrostática ou redução da pressão coloidosmótica intravascular, tipicamente, é um transudato pobre em proteínas e com aspecto translúcido; ao contrário, devido ao aumento da permeabilidade vascular, o fluido do edema inflamatório é um exsudato rico em proteínas com elevada gravidade específica CAUSAS PRESSÃO HIDROSTÁTICA AUMENTADA Aumentos na pressão hidrostática são causados principalmente por desordens que comprometem o retorno venoso. Aumentos locais da pressão intravascular causados, por exemplo, por uma trombose venosa profunda nos membros inferiores pode causar edema restrito à porção distal da perna acometida. Aumentos generalizados da pressão venosa, com resultante edema sistêmico, ocorrem mais comumente na insuficiência cardíaca congestiva Vários fatores aumentam a pressão hidrostática em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. O débito cardíaco reduzido conduz a congestão venosa sistêmica ao aumento da pressão hidrostática capilar. Ao mesmo tempo, a redução do débito cardíaco resulta em hipoperfusão renal, estimulando o eixo renina angiotensina-aldosterona e induzindo a retenção de sódio e água (hiperaldosteronismo secundário). O coração insuficiente geralmente não é capaz de aumentar seu débito em resposta aos aumentos compensatórios do volume sanguíneo. Em vez disso, segue-se um círculo vicioso de retenção de fluido, aumento da pressão hidrostática venosa e piora do edema. Como o hiperaldosteronismo secundário é uma característica comum do edema generalizado, a restrição de sal, os diuréticos e os antagonistas da aldosterona também são medidas valiosas no tratamento do edema generalizado resultante de causas não cardíacas. PRESSÃO OSMÓTICA PLASMÁTICA REDUZIDA A redução da concentração de albumina plasmática leva à redução da pressão coloidosmóticasanguínea e à perda de fluido a partir da circulação. Em circunstâncias normais, a albumina é responsável por quase metade da proteína plasmática total. Portanto, condições nas quais a albumina da circulação é perdida ou sintetizada em quantidades inadequadas são as causas mais comuns de pressão osmótica plasmática reduzida. A síndrome nefrótica é a causa mais importante de perda de albumina sanguínea. Nas doenças caracterizadas por síndrome nefrótica, os capilares glomerulares danificados tornam-se anormalmente permeáveis, de forma a levar à perda de albumina (e de outras proteínas plasmáticas) na urina e ao desenvolvimento de edema generalizado Neste caso, a maior retenção de sal e água pelos rins não só falha em corrigir o déficit de volume plasmático, como também exacerba o edema, pois o defeito primário, proteína sérica reduzida, persiste. OBSTRUÇÃO LINFÁTICA O edema pode ser resultado de obstrução linfática que compromete a reabsorção de fluidos dos espaços intersticiais. A drenagem linfática prejudicada e o consequente linfedema normalmente resultam de uma obstrução localizada causada por uma condição inflamatória ou neoplásica. RETENÇÃO DE SÓDIO E ÁGUA A retenção excessiva de sal (e obrigatoriamente a água associada a isso) pode induzir o edema devido ao aumento da pressão hidrostática por causa da expansão do volume intravascular e redução da pressão osmótica plasmática. A retenção excessiva de sal e água é observada em diversas doenças que comprometem a função renal, incluindo glomerulonefrite pós- estreptocócica e insuficiência renal aguda CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS O edema pulmonar é um problema clínico comum observado com mais frequência no quadro de insuficiência ventricular esquerda, mas também pode ocorrer na insuficiência renal, síndrome do desconforto respiratório agudo e em desordens inflamatórias e infecciosas do pulmão. Pode causar morte pela interferência na função ventilatória normal; além de impedir a difusão de oxigênio, o fluido do edema alveolar também cria um ambiente favorável para infecções. Caso o quadro de insuficiência seja ventricular direita, há o comprometimento das veias que desembocam no AD, de forma que uma congestão sistêmica seja causada, cujas consequências englobam hepatoesplenomegalia, degeneração hidrópica/Esteatose e necrose de hepatócitos, ascite e edema de MI O edema cerebral é potencialmente fatal; se o entumescimento for grave, o cérebro pode sofrer herniação (projetarse) através do forame magno. Com o aumento da pressão intracraniana, o suprimento vascular do tronco encefálico pode ser comprimido, levando ao óbito por lesão dos centros bulbares que controlam a respiração e outras funções vitais ESPECIFICAÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DOS EDEMAS EDEMA DURO Rico em células e proteínas; Exsudação de fibrina EDEMA MOLE Pobre em células e mais compressível GENERALIZADO (ANASARCA) I: Insuficiência cardíaca II: Hipoproteinemia: cirrose, síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteínas e desnutrição III: Renal LOCALIZADO I: Aumento da permeabilidade vascular (inflamação) II: Aumento da pressão hidrostática capilar (trombos, estase venosa e insuficiência valvular) III: Redução da drenagem linfática (linfedema); IV: Edema pulmonar V: Ascite (hipertensão portal) HEMORRAGIA Hemorragia, definida como o extravasamento de sangue dos vasos, ocorre mais frequentemente devido a lesões aos vasos sanguíneos ou à formação defeituosa do coágulo. Trauma, aterosclerose ou erosão inflamatória ou neoplásica de um vaso também podem levar à hemorragia, que pode ser extensa se o vaso afetado for uma grande veia ou artéria. O risco de hemorragia (muitas vezes, depois de uma lesão aparentemente insignificante) está aumentado em uma ampla variedade de distúrbios clínicos chamados coletivamente diáteses hemorrágicas. Esses distúrbios apresentam diversas causas e entre elas estão os defeitos hereditários e/ou adquiridos associados às paredes dos vasos, plaquetas ou fatores de coagulação, os quais devem funcionar corretamente para garantir a homeostase PATOGÊNESE DA HEMORRAGIA I: Rexe ou ruptura de vasos: mais frequentes e geralmente de origem traumática II: Digestão/erosão de vasos: por necrose (cavernas pulmonares na tuberculose) ou digestão enzimática (úlceras pépticas) III: Diapedese ou diátese hemorrágica: sem lesão evidente nos vasos, geralmente a nível capilar e frequentemente do tipo petequial ou púrpura. As hemácias fluem através da parede vascular intacta. Visto comumente nas coagulopatias (diáteses hemorrágicas) e nas congestões prolongadas em vênulas e capilares OBS: Menstruação em excesso pode levar à anemia ferropriva CONSEQUÊNCIAS DA HEMORRAGIA Dependem da quantidade de sangue perdido, da velocidade da perda e do local I: Anemia: sangramento crônico e repetitivo II: Asfixia: hemorragia pulmonar III: Choque hipovolêmico: perda rápida e grande de sangue HEMATOMA A hemorragia pode ser externa ou acumular-se dentro de um tecido como um hematoma que varia desde insignificante (p. ex., uma contusão) até fatal Extensas hemorragias podem ocasionalmente resultar em icterícia decorrente da destruição maciça de hemácias e hemoglobina PETÉQUIAS Petéquias são hemorragias diminutas na pele, membranas mucosas ou superfícies serosas. É um sangramento puntiforme Entre suas causas, estão o reduzido número de plaquetas (trombocitopenia), a função plaquetária defeituosa (trombocitopatia) e a perda de suporte da parede vascular, como na deficiência de vitamina C PÚRPURA Púrpura consiste em hemorragias ligeiramente maiores. A púrpura pode ser resultante das mesmas desordens que causam as petéquias, bem como por trauma, inflamação vascular (vasculite) e fragilidade vascular aumentada EQUIMOSES Equimoses são hematomas subcutâneos maiores (coloquialmente chamadas contusões). Hemácias extravasadas são fagocitadas e degradadas por macrófagos; as alterações características da coloração de uma contusão se devem à conversão enzimática de hemoglobina (cor vermelho-azulada) para bilirrubina (cor azul-esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina (castanho-dourada) RESUMO CASO CLÍNICO QP Dor abdominal há 4 horas HMA Paciente JMA, sexo feminino, 28 anos, relata que há mais ou menos duas semanas vem sentindo um desconforto abdominal em região hipogástrica, associada a episódios de náuseas, havendo melhora com uso de Buscopan Composto. Refere que o ritmo intestinal sempre foi irregular, com momentos de diarreia e outros de constipação, mas que isso nunca veio atrapalhar a sua vida, fato que não a fez procurar atendimento especializado, atribuindo a dor a essa condição e as cólicas menstruais de rotina. Há cerca de 4 horas, porém, relata que obteve piora súbita dessa mesma dor enquanto limpava a casa. Associado a isso, refere que apresentou um episódio de lipotimia (vontade de desmaiar) e dois de vômitos nesse mesmo intervalo de tempo e que, agora, a dor localiza-se em todo abdome. Nega cefaléia, febre, gravidez e eventos anteriores similares HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA Refere passado de Úlcera Péptica por infecção por H. pylori e uso contínuo de Omeprazol 40mg devido a Doença do Refluxo Gastroesofágico. Menarca aos 10 anos, ciclos irregulares, duração de 05/06 dias com intervalos que variam entre 23 e 35 dias, fluxo moderado, dismenorreia (cólica intensa) frequente. Refere uso de DIU de Levonorgestrel. Iniciou a vida sexual aos 18 anos e tem parceiro fixo desde então. Não faz uso de preservativos. Nega demais comorbidades/patologias, alergia a medicamentos e passado de transfusão sanguínea HF Pai falecido aos 55 anos porIAM, mãe com histórico de câncer de cólon e irmã portadora de anemia hemolítica autoimune. Filho de 8 anos saudável, sem patologias. HS Paciente sedentária, tabagista desde os 16 anos, meia carteira por dia (9 maços-ano). Ingere bebidas alcoólicas aos finais de semana e nega uso de drogas ilícitas. Epidemiologia negativa para Doença de Chagas e Esquistossomose. ANAMNESE ESPECIAL Cabeça, olhos, boca, ouvidos e garganta: N. D. N. Aparelho Cardiovascular: N. D. N Aparelho Respiratório: N. D. N. Aparelho Gastrointestinal: Refere regurgitação quando come muito e ritmo intestinal irregular, com períodos de diarreia alternando com constipação. Aparelho Urinário: Refere polaciúria há uma semana. Nega disúria e sangramentos. Aparelho Genital: Refere corrimento vaginal e sangramento. Nega dor. Aparelho Osteomuscular: Presença de dor referida em região subescapular direita, não relacionada à movimentação ativa ou passiva. Sistema Nervoso: Refere um episódio de lipotimia EF ECTOSCOPIA Geral: Paciente em regular estado geral, lúcida e orientada em tempo e espaço, fácies de sofrimento agudo, mucosas hipocrômicas (++/4+) e escleras anictérias; Dados vitais: PA 90x60mmHg; FC: 126 bpm; FR: 28 irpm; Temperatura: 37,5°C; Peso: 51kg ULTRASSOM TRANSVAGINAL DIAGNÓSTICO Gravidez Ectópica Risco: Choque Hipovolêmico ACHADOS MICROSCÓPICOS Vilosidades Coriônicas e Hemorragia, que pode formar o coágulo ACHADOS MACROSCÓPICOS Dilatação da tuba e Focos enegrecidos pela hemorragia MÉTODO DIAGNÓSTICO BHCG FATORES DE RISCO DIU, Laqueadura e Doença Inflamatória Pélvica
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