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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS VIVIANE JIN HEE KIM Estimativa do Tempo de Concentração para a Bacia do Córrego do Mineirinho – São Carlos (SP) São Carlos, SP 2016 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS ENGENHARIA AMBIENTAL ESTIMATIVA DO TEMPO DE CONCENTRAÇÃO PARA A BACIA DO CÓRREGO DO MINEIRINHO – SÃO CARLOS (SP) Aluna: Viviane Jin Hee Kim Orientador: Prof. Dr. João Luiz Boccia Brandão Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. São Carlos, SP 2016 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço ao apoio e incentivo da minha família, meus pais Nan Soon e Kyoung Yul, e meu irmão Marcelo, pois sem eles nada disso seria possível. Agradeço também ao meu namorado, Michel Bessani, pela paciência e pelos conselhos nos momentos críticos que apareceram durante a graduação e no desenvolvimento deste trabalho. Ao meu orientador Professor João Luiz Boccia Brandão, por ser um grande exemplo como pessoa e ser um excelente professor, me mostrando não só o lado acadêmico como o prático de um engenheiro ambiental. Ao Professor Marcelo Zaiat, que se disponibilizou para me ajudar na fase final deste trabalho e sempre se mostrou preocupado com o aprendizado dos alunos. Aos amigos que de alguma forma me deram apoio e me escutaram nesses anos de graduação, formando uma nova família, e que contribuíram para a minha formação pessoal e acadêmica. “Não importa que você vá devagar, contanto que você não pare” Confúcio i RESUMO Kim, V. J. H. Monitoramento Hidrometeorológico de Bacias Urbanas – Um Estudo sobre o Tempo de Concentração.2016. Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2016. O Brasil passa por um processo de crescimento urbano rápido e de forma desordenada, o que acarreta em diversos impactos ambientais como a alteração do ciclo hidrológico e da drenagem da bacia. Isso pode ser observado no município de São Carlos, mais especificamente na Bacia do Córrego do Mineirinho, que teve o início de sua urbanização recentemente e sofre com inundações e enchentes em eventos de chuvas mais intensas. Para auxiliar em projetos de gerenciamento de recursos hídricos e evitar tais fenômenos danosos, se faz necessário o estudo do balanço hídrico da bacia e de seus parâmetros hidrológicos, por meio de levantamento de dados históricos. Uma vez que não é usual ter estes dados em uma bacia pequena e urbana, utiliza-se modelos hidrológicos para estimar tais parâmetros. Um parâmetro muito importante é o Tempo de Concentração (Tc), essencial para caracterizar tanto o pico quanto o formato do hidrograma, e primordial na estimativa de vazões máximas e prevenção de desastres naturais. Dessa forma, este estudo compara o Tc da Bacia do Córrego do Mineirinho obtidos experimentalmente por monitoramento hidrometeorológico, com os Tc estimado por quatro modelos propostos na literatura (Bransby-Williams, Dooge, Kirpich e SCS). A comparação foi feita com a aplicação detestes de hipótese entre os Tc experimentais obtidos e os fornecidos por cada um dos modelos. A hipótese nula adotada nos testes é de igualdade da média dos Tc coletados experimentais com o valor estimado por cada modelo, e a hipótese alternativa a desigualdade. Os testes indicaram que o modelo mais adequado para a Bacia estudada é o Modelo de Kirpich, resultado esse coerente para as características da bacia e com as recomendações de uso de tal modelo. Este resultado está de acordo com outras pesquisas que utilizaram o Modelo de Kirpich para estimar o Tc da área na Bacia Hidrográfica do Córrego do Mineirinho. Palavras-chave: Bacia Urbana; Tempo de Concentração; Monitoramento Hidrometeorológico; Córrego do Mineirinho. Página |ii iii ABSTRACT Kim, V. J. H. Hydrometeorological Monitoring of Urban Basins - A Study about the Concentration Time. 2016. Monograph (Undergraduate Environmental Engineering) - School of Engineering of São Carlos, University of São Paulo, São Carlos, 2016. Brazil is going through a rapid process of urban development, and with a disorderly manner, which results in environmental impacts, such as water cycle changings and basin drainage. This can be seen in the city of São Carlos, specifically in the basin of Mineirinho Stream, where a urbanization process started recently, and floods happen during intense rainfall events. To assist in management of water resources and prevent such flooding events, the study of the basin water balance and its hydrological parameters is required, which can be performed through a historical data set. Such kind of data is unusual for a small urban basin, and consequently, hydrological models are used to estimate these hydrological parameters. A very important parameter is the concentration time (Ct), which is essential to characterize the hydrograph peak and shape, and to estimate maximum flows and prevent natural disasters. This study compare the Cts of Basin’ Mineirinho stream obtained experimentally, through hydrometeorological monitoring, with Ct estimated by four models proposed in the literature (Bransby-Williams, Dooge, Kirpich and SCS). The comparison was performedusing hypothesis testbetween experimental Tc and Tc values obtained for each model. The adopted null hypothesis was the equality between the average experimental Cts and the estimated Ct value for each model, and an in equality as alternative hypothesis. The tests indicated that Kirpich model is the most appropriate for the studied basin, which is consistent with the basin characteristics and the model use recommendations. Additionally, our result is in agreement with other studies that already performed Ct estimation of the Basin Mineirinho stream. Keywords: Urban Basin; Concentration time; Hydrometeorological Monitoring; Mineirinho stream. Página |iv v Sumário RESUMO ................................................................................................................. i ABSTRACT ........................................................................................................... iii Sumário ................................................................................................................... v LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ vi LISTA DE TABELAS .......................................................................................... vii 1. Introdução....................................................................................................... 9 1.1. Justificativa ........................................................................................... 13 1.2. Objetivos ............................................................................................... 13 2. Revisão Bibliográfica ................................................................................... 15 2.1. Ciclo Hidrológico ................................................................................. 15 2.2. Bacia Hidrográfica ................................................................................ 17 2.3. Parâmetros Hidrológicos ....................................................................... 18 2.3.1. Precipitação ......................................................................................18 2.3.2. Escoamento Superficial .................................................................... 21 2.3.3. Tempo de Concentração (Tc) ........................................................... 24 2.4. Monitoramento hidrometeorológico ..................................................... 25 2.5. Modelagem Hidrológica ....................................................................... 28 3. Materiais e Métodos ..................................................................................... 31 3.1. Área de Estudo ...................................................................................... 31 3.2. Rede de Monitoramento da Bacia do Córrego do Mineirinho .............. 34 3.3. Seleção de Eventos e Obtenção do Tc experimental ............................ 36 3.4. Modelos de Tc ...................................................................................... 38 3.5. Análise estatística ................................................................................. 40 3.5.1. Teste de Hipótese ............................................................................. 40 4. Resultados e Discussão ................................................................................ 43 4.1. Seleção de eventos e Obtenção do Tc experimental ............................. 43 4.1.1. Hieto-Hidrogramas do Grupo 1 ........................................................ 44 4.1.2. Hieto-Hidrogramas do Grupo 2 ........................................................ 47 4.2. Modelos de Tc ...................................................................................... 52 4.3. Análise estatística ................................................................................. 54 5. Conclusões ................................................................................................... 57 6. Referências Bibliográficas ........................................................................... 59 Página |vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Municípios que apresentaram inundações graduais e/ou bruscas nas áreas urbanas entre os anos de 2008 e 2013. Fonte:(IBGE, 2014) ................................. 10 Figura 2: Representação esquemática dos processos envolvidos no ciclo hidrológico. Fonte: (MMA, 2016). ................................................................................. 16 Figura 3 – Hidrograma Característico com as variáveis no tempo. Fonte: Adaptado de(PAZ, 2004). ............................................................................................... 23 Figura 4: Foto ilustrativa de um pluviômetro. Fonte: (“DGE - Departamento de Geografia”, 2016) .......................................................................................................... 26 Figura 5: Foto ilustrativa de um pluviógrafo de caçambas basculantes. Fonte: (“Météo Le Sappey Chartreuse”, [s.d.]) ......................................................................... 27 Figura 6: Imagem de satélite da Bacia do Córrego do Mineirinho, com indicações em vermelho da posição das nascentes. Fonte: Adaptado de (ANGELINI SOBRINHA, 2014). .............................................................................................................................. 32 Figura 7: Sub-bacias da bacia hidrográfica do Córrego do Mineirinho. Fonte: (APRÍGIO, 2012) ............................................................................................................ 33 Figura 8: Rede de monitoramento hidrológico da bacia do Córrego do Mineirinho em São Carlos - SP, com as respectivas áreas de influência de cada posto pluviométrico. Na legenda da Figura EBSC é Escola Bento da Silva César e PSSF é o Posto de Saúde do Jardim Santa Felícia Fonte: (GALBETTI, 2015) ....................................................... 35 Figura 9: Hieto-Hidrograma do evento do dia 12/12/2014. .................................. 44 Figura 10: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 29/01/2015 ................................... 45 Figura 11: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 31/01/2015 ................................... 45 Figura 12: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 25/02/2015. .................................. 46 Figura 13: Hieto-Hidrograma do evento do dia 08/11/2014. ................................ 47 Figura 14: Hieto-Hidrograma do evento do dia 11/12/2014. ................................ 47 Figura 15: Hieto-Hidrograma do evento do dia 14/12/2014. ................................ 48 Figura 16: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 22/12/2014. .................................. 48 Figura 17: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 21/01/2015. .................................. 49 vii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Características físicas da bacia hidrográfica do Córrego do Mineirinho e suas respectivas fontes. ................................................................................................... 31 Tabela 2: Área de influência de cada posto pluviométrico da rede de monitoramento. ............................................................................................................... 34 Tabela 3: Dados de precipitação do posto PSSF da chuva do dia 12/03/2014. .... 36 Tabela 4: Precipitação do dia 12/03/2014 discretizada em 2 minutos .................. 37 Tabela 5: Modelos matemáticos para estimar o Tc com suas respectivas variáveis, recomendações e a fonte bibliográfica. .......................................................................... 38 Tabela 6: Características das precipitações selecionadas para o estudo ............... 43 Tabela 7: Atribuição dos pesos de cada posto pluviométrico para cada evento analisado. ........................................................................................................................ 44 Tabela 8: Resultados dos Tc experimentais. ......................................................... 50 Tabela 9: Descrição estatística dos resultados de Tc experimental. ..................... 51 Tabela 10: Características de bacias semelhantes a bacia em estudo. Adaptado de (GERMANO; TUCCI; SILVEIRA, 1998). As siglas significam R-Rural, U-Urbana, SU-Semi-urbana, AD-Alta Declividade, P-Parque, EL-Escoamento Lento, IAM- Infiltração acima da média, *-Não há informações ........................................................ 51 Tabela 11: Tc obtidos por Germano, Tucci e Silveira (1998) referentes a seis bacias hidrográficas brasileiras. ...................................................................................... 52 Tabela 12: Cálculo do CN ponderado da Bacia do Córrego do Mineirinho. ........ 53 Tabela 13: Cálculo da declividade do talvegue da Bacia do Córrego do Mineirinho. ..................................................................................................................... 53 Tabela 14: Valores de Tc obtidos pelas formulações selecionadas para o estudo (min). .............................................................................................................................. 53 Tabela 15: Resultado dos testes de hipóteses utilizando os Tc experimentais e os Tc das formulações ......................................................................................................... 54 Página |viii Página |9 1. Introdução O Brasil passa por uma problemática comum entre os países em desenvolvimento: o crescimento rápido e desordenado das áreas urbanas (GARCIA, 2005). Isso pode ser observado nos dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos anos 2000 e 2010, os quais indicaram que houve um ingresso de quase 23 milhões de pessoas nas áreas urbanas, aumentando o grau de urbanização de 81,2% em 2000 para 84,4% em 2010 (“Portal Brasil”, 2014). Segundo Silva e Machado (2011), o crescimento urbano de forma desordenada e sem planejamento prévio pode resultar em diversos impactos ambientais que alteram as condições naturais,sendo capazes de trazer riscos ao bem-estar dos habitantes, à infraestrutura urbana e ao próprio meio ambiente. Além disso, Tucci (1997a) afirma que o desenvolvimento urbano aumenta o risco de deslizamento de terra, produção de sedimentos, alagamentos, deterioração da qualidade da água, transporte de material sólido e ligações clandestinas de esgoto sanitário ao sistema de drenagem de água pluvial. As principais interferências decorrentes da urbanização nas bacias hidrográficas são as alterações das suas características morfológicas e a impermeabilização do solo (JÚNIOR; BOTELHO, 2011). O fenômeno de impermeabilização ocorre com a conversão da cobertura vegetal em pavimentos impermeáveis como telhados, ruas e calçadas (CRUZ; SOUZA; TUCCI, 2007; PEREIRA, 2008). Consequentemente, se faz necessário uma maior capacidade de escoamento das seções das drenagens naturais ou artificiais, uma vez que o volume de água que transitava lentamente pela superfície do solo e ficava retido pelas plantas passa a escoar nos canais (TUCCI, 2003). Isso altera o comportamento das bacias da seguinte forma: Aumento do pico da vazão de cheia; Antecipação no tempo desta vazão máxima; Aumento do volume do escoamento superficial; Redução da infiltração do solo; Redução do escoamento subterrâneo. Um impacto decorrente da urbanização que merece destaque é o agravamento das enchentes naturais, o aumento de sua ocorrência e surgimento de novos pontos de Página |10 alagamento (CRUZ; SOUZA; TUCCI, 2007), o que é consequência dos itens mencionados anteriormente. Segundo IBGE (2014), 27,7% do total dos municípios brasileiros foram atingidos por enchentes ou inundações graduais e 28,3% dos municípios foram atingidos por enxurradas ou inundações bruscas entre os anos de 2008 e 2013. A Figura 1 indica os municípios brasileiros que apresentaram inundações neste período. Figura 1: Municípios que apresentaram inundações graduais e/ou bruscas nas áreas urbanas entre os anos de 2008 e 2013. Fonte:(IBGE, 2014) Este fenômeno reduz a qualidade de vida da população, traz prejuízos ao patrimônio público e privado, provoca perda de vidas e aumenta a transmissão de doenças por via hídrica(PAULINO, 2014). Nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que são os mais urbanizados do país, observa-se a maior ocorrência de enchentes devido a uma falta de planejamento e Página |11 investimento governamental para resolver estes problemas (PEREIRA, 2008; SILVA; MACHADO, 2011). Além disso, no estado de São Paulo, Pereira(2008) levantou que entre 1998 e 2000, 262 municípios sofreram inundações, representando 40,62% do total. Um exemplo é a Bacia do Córrego do Mineirinho no município de São Carlos, que, segundo Aprígio (2012), iniciou seu processo de urbanização na década de 1970, com maior intensidade entre as décadas de 1990 e 2010,havendo um aumento do número acumulado de ocorrências de inundações a partir da década de 1970 (MENDES, 2005), sendo que 60% dos casos ocorreram durante a década de 2000(LIMA; AMORIM, 2014). Neste contexto, é indispensável o conhecimento das causas e consequências da urbanização no aumento da ocorrência e dimensão dos eventos de inundação, buscando um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e as necessidades dos ecossistemas(JÚNIOR; BOTELHO, 2011). Além disso, é imprescindível um diagnóstico adequado capaz de avaliar os impactos da urbanização e propor soluções para o problema de inundações(MORUZZI; BRAGA; CUNHA, 2009). As medidas de controle de cheias são classificadas em dois grupos, sendo as estruturais e as não estruturais. A primeira representa interferências nas características do escoamento, por meio da implantação de obras que modificam o sistema natural, enquanto que a segunda possui um caráter legal e institucional, buscando disciplinar a urbanização para minimizar seus efeitos no regime hídrico da bacia e diminuir a interferência causada pela ação humana (SMDU-SP, 2012). Segundo Cruz, Souza e Tucci (2007), o aumento dos danos relacionados à drenagem se deve também aos projetos concebidos e executados, pois ainda predomina a ideia de que a água gerada deve ser conduzida para longe o mais rápido possível, aumentando a capacidade condutora do sistema. Porém, além de ser uma solução com alto custo, apenas transfere o ponto de alagamento em vez de solucioná-lo de fato. Na maioria dos municípios, essa situação é decorrente da não consideração do planejamento da rede cloacal, pluvial e da ocupação de áreas de risco, além do mal gerenciamento da implantação das obras públicas e privadas no ambiente (TUCCI, 1997a). Para um gerenciamento adequado são essenciais as regulamentações do uso do solo urbano nos Planos Diretores, como o Plano Diretor de Drenagem Urbana, devendo Página |12 ser gerados a partir do diagnóstico de drenagem urbana(MORUZZI; BRAGA; CUNHA, 2009). Um Plano Diretor de Drenagem Urbana busca planejar a distribuição da água no tempo e no espaço se baseando na tendência da ocupação urbana, controlar a ocupação de áreas de risco de inundação, conviver com as enchentes nas áreas de baixo risco e deve compor o Plano Diretor de Planejamento Urbano (TUCCI, 1997b). A estrutura de um Plano Diretor de Drenagem Urbana tem como entrada as informações básicas para a sua elaboração, que são: cadastro cloacal; cadastro da rede pluvial; coleta e disposição dos materiais sólidos; caracterização da ocupação urbana; características físicas da bacia e características socioeconômicas (TUCCI, 2003). A estimativa de vazões máximas é fundamental para determinar os custos e a segurança de projetos de engenharia, visando o controle das cheias (TUCCI, 2004), para o dimensionamento dos canais coletores, interceptores ou drenos (MELO et al., 2010) e na obtenção de cotas de alerta de inundações (STEFFEN; RONDON, 2000). Para estimar as vazões máximas a partir dos dados de chuva, um parâmetro essencial é o Tempo de Concentração (Tc) (TUCCI, 2004). Este é um parâmetro invariável e é definido como tempo mínimo necessário para que toda a área da bacia contribua para o escoamento superficial na saída da bacia, ou seja, o tempo entre o final da precipitação e o ponto de inflexão do hidrograma, sendo um dos parâmetros hidrológicos mais usados como tempo de resposta da bacia (PAULINO, 2014; SILVEIRA, 2005). Além disso, como a intensidade das chuvas tende a diminuir com a duração, considera-se que as potenciais chuvas que resultem nas maiores vazões em uma bacia hidrográfica são aquelas que têm uma duração igual ao tempo de concentração da bacia, permitindo que se admita que a duração das chuvas de projeto sejam iguais ou muito próximas ao Tc (SANTOS, 2010).Assim, este parâmetro hidrológico pode apoiar a tomada de decisões para minimizar e/ou mitigar os efeitos de desastres naturais e antrópicos, permitindo a estimativa do tempo de deslocamento do fluxo hídrico (JÚNIOR; BOTELHO, 2011). A maioria das bacias hidrográficas pequenas não possui dados pluviométricos e fluviométricos simultâneos, dificultando a determinação do Tc experimental. Para Página |13 contornar esse problema, a literatura dispõe de diversos modelos empíricos para estimá- lo, como apresentado por Silveira (2005) e Júnior e Botelho (2011), em que a escolha do modelo dependerá das características da bacia em estudo (SANTOS, 2010). 1.1. Justificativa No caso da cidade de São Carlos, uma Bacia que enfrenta problemas de enchentes e inundações é a do Córrego do Mineirinho, que se situa na malha urbana do município. Tal Bacia se encaixa no caso para a qual faltam dados pluviométricos e fluviométricos simultâneos. Propõe-se, neste estudo, estimar o Tc por meio de diferentes modelos e avaliar qual o mais adequado para o caso. Tal avaliação foi feita a partir da comparação com dados experimentais obtidos por uma rede de monitoramento hidrometeorológico.Espera-se obter um modelo coerente com os dados, possibilitando propor medidas estruturais e/ou não estruturais, como obras hidráulicas e plano de drenagem urbana, visando a prevenção ou mitigação dos eventos de inundações no município, e consequentemente minimizando as perdas econômicas e humanas. 1.2. Objetivos O objetivo geral deste trabalho foi a avaliação de diferentes modelos empíricos para a estimativa do Tempo de Concentração (Tc), por meio da comparação entre os valores fornecidos pelos modelos e os obtidos experimentalmente, buscando selecionar o modelo que melhor se adequa para o caso da Bacia do Córrego do Mineirinho, situada no município de São Carlos – SP. Para tal, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos: Produzir hieto-hidrogramas por meio de dados hidrometeorológicos da bacia; Realizar análises estatísticas que avaliam a estimativa fornecida por cada modelo. Página |14 Página |15 2. Revisão Bibliográfica Neste capítulo serão apresentados os conceitos necessários para compreensão e reprodutibilidade desta pesquisa. 2.1. Ciclo Hidrológico A água se encontra em quase todo o planeta e em permanente circulação. Este processo é denominado como ciclo hidrológico (SANTOS et al., 2001), compreendendo todos os processos de formação, transferência e acúmulo da água (SANTOS, 2010). O conceito do ciclo hidrológico está relacionado com a troca da água em seus diferentes estados físicos, ocorrendo na hidrosfera, oceanos, calotas de gelo, águas superficiais, águas subterrâneas e atmosfera (MIDÕES; FERNANDES, 2006), mantendo o equilíbrio e a quantidade de massa no sistema (SANTOS, 2006). Este fenômeno é impulsionado pela energia solar, que fornece a energia necessária para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e pela gravidade, que atrai a água condensada para a superfície terrestre (precipitação) e auxilia no deslocamento do fluxo hídrico de acordo com o relevo (BALBINOT et al., 2008; MIDÕES; FERNANDES, 2006). Além dos dois processos mencionados no parágrafo anterior, há também outros que permitem a circulação da água, sendo estes: transpiração, escoamento superficial, infiltração e escoamento subterrâneo (SANTOS, 2006). A Figura 2 apresenta uma representação esquemática do ciclo hidrológico. A descrição geral dos processos que ocorrem no ciclo será descrito a seguir, conforme apresentado por (TUCCI, 2004). De acordo com as condições meteorológicas, o vapor da água presente na atmosfera condensa-se, formando microgotículas de água que se mantém suspensas no ar. O agrupamento destas com núcleos de condensação (partículas de poeira e gelo) formam a nuvem, que através da dinâmica das massas de ar, resulta na precipitação. A precipitação ocorre quando as gotas formadas adquirem peso e tamanho suficientes para que a força da gravidade supere a turbulência normal ou movimentos ascendentes da atmosfera. Parte deste volume precipitado é interceptado por folhas e caules, em caso de áreas com cobertura vegetal, onde posteriormente a água evapora. Página |16 Figura 2: Representação esquemática dos processos envolvidos no ciclo hidrológico. Fonte: (MMA, 2016). A água que atinge o solo pode percorrer diferentes caminhos, sendo um deles a infiltração, que ocorre em solos porosos e não saturados, dependendo das tensões capilares nos poros e ação da gravidade. Esta água infiltrada é parte aproveitada pela vegetação, que a absorve pelas raízes e retorna a água à atmosfera através da transpiração. O restante não aproveitado percola até atingir o lençol freático, passando a contribuir como escoamento de base dos rios. Quando o solo se encontra saturado, a água passa a escoar superficialmente devido a ação da gravidade. O escoamento se dá em direção às cotas mais baixas e se manifesta inicialmente na forma de pequenos filetes de água, convergindo para os cursos d’água mais estáveis. Já a água da superfície terrestre sofre evaporação, fechando o ciclo hidrológico. Como os oceanos correspondem a maior parte da água presente no planeta, estes contribuem mais com o fenômeno, mas o interesse maior se encontra sobre as águas continentais por estarem relacionadas com a maioria das atividades humanas. Segundo (SANTOS, 2010), a água superficial é a mais utilizada no Brasil para o abastecimento, sendo essencial quantificar os principais fenômenos hidrológicos para Página |17 realizar um planejamento adequado dos sistemas de abastecimento, concessão de outorga de direito de uso e proteção dos recursos hídricos. Sendo assim, o estudo do ciclo hidrológico na fase terrestre é o mais interessante do ponto de vista de gestão de recursos hídricos, cujo elemento fundamental de análise é a bacia hidrográfica (TUCCI, 2004). Este conceito é apresentado no próximo subcapitulo. 2.2. Bacia Hidrográfica Segundo (TUCCI, 2004), “a bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório”. Esse termo também pode ser definido como o conjunto das áreas com declividade no sentido de determinada seção transversal de um curso d’água (SANTOS, 2006). A Lei Federal n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, definiu que a bacia hidrográfica é uma unidade territorial básica para o planejamento e gerenciamento de recursos hídricos. Além disso, uma bacia hidrográfica é uma unidade hidrossedimentológica, ou seja, um sistema aberto onde ocorrem os processos hidrodinâmicos, se tornando um recorte espacial ideal para estudos ambientais (SILVEIRA, 1997). A dinâmica de uma bacia depende da combinação de vários fatores que interagem no sistema, como relevo, clima, fauna, flora, uso do solo, entre outros (SILVEIRA, 1997). Portanto, as características físicas de uma bacia afetam diretamente o seu comportamento hidrológico. A partir da relação e comparação entre as características da bacia e os dados hidrológicos conhecidos, é possível determinar de forma indireta variáveis hidrológicas (SANTOS, 2006). As principais características físicas de uma bacia hidrográfica são: Área de drenagem; Perímetro; Comprimento do curso d’agua principal; Coeficiente de compacidade; Fator de forma; Ordem dos cursos de água; Declividade média; Curva hipsométrica; Página |18 Elevação média; Declividade entre a foz e a nascente; Declividade equivalente entre as áreas; Declividade equivalente constante. Segundo Antoneli e Thomaz (2007), a combinação dos diferentes dados morfométricos permite diferenciar áreas homogêneas. Isso pode revelar indicadores físicos específicos para um determinado local, de forma a qualificarem as alterações ambientais e contribuir nos estudos sobre vulnerabilidade ambiental em bacias hidrográficas. Além disso, a bacia possui o papel hidrológico de transformar uma entrada de volume de água precipitada em uma saída, através o escoamento, de forma mais distribuída no tempo. O escoamento pode ser separado em escoamento superficial e subterrâneo, o que é conveniente para quantificar e analisar separadamente o escoamento que possui uma magnitude maior em um evento de inundação, por exemplo(TUCCI, 2004). 2.3. Parâmetros Hidrológicos Os parâmetros hidrológicos são necessários para utilizar modelos hidrológicos, que por sua vez auxiliam o poder público na tomada de decisões e projeção de situações futuras na bacia. Estes parâmetros podem ser uma série histórica de precipitação, número de deflúvio, área de drenagem, entre outros (MARTINS, 2012). A determinação dos parâmetros hidrológicos se tornou mais precisa com o avanço da tecnologia, e ao associar novas ferramentas e instrumentos técnicos ao uso de modelos hidrológicos, resulta em um conhecimento mais refinado das característicasda bacia (MARTINS, 2012). 2.3.1. Precipitação A precipitação é a única forma de entrada de água em uma bacia hidrográfica, fornecendo subsídios para quantificação do abastecimento de água, irrigação, controle de inundações, entre outros. (COLLISCHONN; TASSI, 2015). Por definição, a precipitação é toda a água proveniente da atmosfera que atinge a superfície terrestre na forma de chuva, granizo, neve, orvalho, neblina ou geada , sendo o fator que diferencia essas formas de precipitação é o estado em que a água se Página |19 encontra(COLLISCHONN; TASSI, 2015; TUCCI, 2004). No caso do Brasil, a forma mais comum de precipitação é a chuva, representando cerca de 99% dos eventos de precipitação (SANTOS et al., 2001). A formação das nuvens de chuva está associada ao movimento ascendente de massas de ar úmido, conforme apresentado na seção 2.1. A causa da ascensão do ar úmido é considerada para diferenciar os principais tipos de chuva (COLLISCHONN; TASSI, 2015; TUCCI, 2004), sendo estas: Chuvas frontais: resultado do encontro de duas grandes massas de ar com diferentes temperaturas e umidade, resultando em chuvas com intensidade média e duração longa, atingindo grandes áreas; Chuvas orográficas: ocorrem em locais onde há um grande obstáculo do relevo, como uma cordilheira, impedindo a passagem de ventos quentes e úmidos. São chuvas de pequena intensidade e de grande duração, cobrindo pequenas áreas; Convectivas: características de regiões equatoriais e nas regiões temperadas durante o verão, é resultado do aquecimento do ar úmido nas vizinhanças do solo. Normalmente são chuvas de grande intensidade e pequena duração, restrita a pequenas áreas. Inclusive, este tipo de precipitação pode provocar importantes inundações em pequenas bacias. Segundo (TUCCI, 2004), as grandezas que caracterizam uma chuva são a duração, altura pluviométrica, intensidade, tempo de recorrência ou tempo de retorno e frequência. A duração do evento chuvoso (t) é a janela temporal em que a chuva cai, ou seja, é o intervalo de tempo entre o início e o fim da precipitação, sendo normalmente medida em minutos ou hora. A altura pluviométrica (P) é a espessura média da lamina d’água precipitada, assumindo que não há infiltração, evaporação e escoamento superficial para fora dos limites da região. Este parâmetro é normalmente medido em milímetros. A partir destas duas grandezas podemos definir a intensidade, que é a razão entre o volume precipitado e o tempo (mm/min ou mm/h), obtida pela equação 𝐼 = 𝑃/𝑡, representando o fluxo de água através do tempo. Uma vez que a precipitação é um fenômeno aleatório, o tempo de recorrência (𝑇𝑟) é interpretado como o número médio de anos durante o qual se espera que a Página |20 precipitação analisada (altura ou intensidade) seja igualada ou superada. O 𝑇𝑟também pode ser definido como o inverso da probabilidade de ocorrência de um determinado evento em um ano qualquer(COLLISCHONN; TASSI, 2015). Se uma determinada chuva, por exemplo, é igualada ou superada apenas 1 vez a cada 10 anos, o Tr é de 10 anos e a probabilidade de sua ocorrência é de 10%. Por fim, de acordo com Collischonn e Tassi(2015),a frequência da precipitação é representada pelo número de ocorrências de uma dada precipitação em um intervalo de tempo fixado (1mês, 1 ano, 100 anos, etc.).Chuvas com intensidade baixa tem uma maior frequência, enquanto que chuvas de alta intensidade tem frequência menor. Tucci (2004) também lista em seu livro os aparelhos utilizados para a medição das precipitações, que podem ser realizadas por meio de pluviômetro (para medidas diárias), pluviógrafos (para medidas no tempo) e radar (para medidas no tempo e no espaço). Este assunto será mais aprofundado no item 2.4. A partir da quantificação da precipitação, é possível obter o hietograma, que é a curva da variação da precipitação em função do tempo. Esta curva é muito utilizada em projetos de engenharia de obras de grande porte (FIGUEIREDO; CAMPOS, 2007), Devido a variabilidade espacial das chuvas, para a caracterização da precipitação é necessário realizar as medições em mais de um local(COLLISCHONN; TASSI, 2015). Assim, é possível estimar a precipitação média de uma dada área, sendo considerada como uma lamina d’água de altura uniforme sobre toda a região considerada associada a um período de tempo(TUCCI, 2004). Existem diversas formas de determinar a precipitação média de uma área(TUCCI, 2004), como o método da média aritmética, método das isoietas e o método dos polígonos de Thiessen. O método da média aritmética (CAMURÇA, 2011) é o método mais simples, consistindo na média dos valores registrados de precipitação em cada instrumento de medida. Por se tratar da média, esse método é fortemente influenciado pelos valores extremos, mas o método se mostra satisfatório caso a distribuição dos valores medidos apresente pouca variância. Segundo Tucci (2004), as isoietas são linhas que possuem a mesma precipitação e podem ser traçadas para uma duração ou para um evento específico. Assim, a Página |21 precipitação media é obtida multiplicando a área entre cada par de isoietas pela média da precipitação entre estas e dividindo pela área total. O método dos polígonos de Thiessen, que é um dos mais utilizados, é calculado pela definição da área de influência de cada posto e, em seguida, é calculada uma média ponderada da precipitação baseando-se nestas áreas (COLLISCHONN; TASSI, 2015).A metodologia deste método consiste em traçar linhas que unem os postos pluviométricos mais próximos entre si, para posteriormente determinar o ponto médio de cada uma destas linhas, e em seguida traçar outras linhas perpendiculares nestes pontos médios. Os encontros das linhas perpendiculares entre si juntamente com os limites da bacia definem a área de influência de cada posto. Assim, a média da precipitação é determinada pela média ponderada que tem como ponderador as áreas de influência (COLLISCHONN; TASSI, 2015). 2.3.2. Escoamento Superficial O escoamento rápido que ocorre devido a ação direta da chuva é denominado como escoamento superficial, sendo este tema e a sua formação um dos temas mais complexos da hidrologia, pois envolve diversas características da bacia (SANTOS, 2010). A maior parte da vazão que passa por um corpo d’água durante um evento de chuva intensa é a água da própria chuva que não penetra no solo e escoa imediatamente, formando, assim, os picos de vazão e as cheias ou enchentes (COLLINSCHONN; TASSI, 2010). Segundo (SANTOS, 2010), os fatores mais importantes intervenientes no escoamento superficial são: Duração e intensidade da precipitação: influenciam no tempo em que o solo atinge a capacidade máxima de infiltração; Reincidência de precipitação: caso tenha precipitado antes no território, o solo estará mais úmido e haverá uma maior facilidade para o escoamento; Área da bacia: quanto maior a área, maior será a quantidade de água que a bacia pode captar; Permeabilidade do solo e capacidade de infiltração: quanto maior a permeabilidade, maior será a capacidade de infiltração, diminuindo o escoamento superficial; Página |22 Obras hidráulicas construídas na bacia: reduzem as vazões máximas do escoamento superficial e retardam sua propagação, mas também aumentam a velocidade de escoamento; Forma da bacia: influencia na concentração do escoamento. Uma bacia mais alongada não concentra tão rápido quanto uma bacia circular. Além disso, o escoamento superficial pode ser dividido em dois componentes, o escoamento de base e o escoamento superficial direto. O primeiro é produzido pelo fluxo de água do aquífero livre e mantém o fluxo mínimo de água na bacia durante as estações secas (PAULINO, 2014) enquanto que o escoamento superficial direto(SANTOS, 2010) é gerado pelo excesso de precipitação, pois a partirdo momento que o solo atinge a saturação, a capacidade de infiltração diminui e a água precipitada passa a escoar superficialmente. A relação ao longo do tempo entre o escoamento de base e o escoamento superficial é traduzida pelo hidrograma de escoamento. Neste, definem-se as seguintes partes (LENCASTRE; FRANCO, 1984): Curva de crescimento: corresponde ao aumento do escoamento que é resultado da precipitação; Ponta do hidrograma: valor máximo de escoamento; Curva de decrescimento: diminuição progressiva do escoamento direto; Curva de esgotamento: decréscimo do escoamento que provém somente do escoamento de base. O hidrograma é gerado a partir de dados coletados de vazão de um corpo d’água, sendo uma representação gráfica da variação da vazão em relação ao tempo (TUCCI, 2002). A Figura 3 apresenta o comportamento típico de um hidrograma após um evento de precipitação. Nota-se que há um atraso entre o tempo em que a vazão começa a aumentar e o início da chuva. Este atraso ocorre por causa da interceptação da chuva pela vegetação e depressões no solo e pelo retardo de resposta da bacia por causa do tempo de deslocamento da água na mesma. A partir disso, o processo predominante é o de aumento da vazão até atingir a vazão de pico, e em seguida, o hidrograma apresenta Página |23 uma queda, cujo ponto de inflexão nesse trecho do gráfico representa o fim do escoamento superficial e a predominância do escoamento subterrâneo (indicado como fluxo de base na Figura 3). A forma do hidrograma pode ser influenciada por diversos fatores, fazendo com que a vazão fique mais distribuída ou concentrada no tempo, tais fatores podem ser o relevo, duração e intensidade das precipitações, tipo de cobertura da bacia, entre outros (TUCCI, 2004). Para caracterizar o hidrograma e o comportamento da bacia utilizam-se algumas variáveis de tempo (TUCCI, 2004), sendo estas: Tempo de retardo: intervalo de tempo entre o centro de massa da precipitação e o centro de gravidade do hidrograma; Tempo de pico: intervalo entre o centro de massa da precipitação e o tempo da vazão máxima; Tempo de ascensão: tempo entre o início da chuva e o pico do hidrograma; Tempo de recessão: é o tempo necessário para a vazão baixar até o ponto C (Figura 3), momento em que o escoamento superficial cessa; Tempo de concentração: tempo entre o fim da precipitação e o ponto de inflexão do hidrograma. Figura 3 – Hidrograma Característico com as variáveis no tempo. Fonte: Adaptado de(PAZ, 2004). Página |24 A seguir, será discorrido mais detalhadamente sobre o tempo de concentração, já que este foi o parâmetro analisado neste estudo. 2.3.3. Tempo de Concentração (Tc) Segundo (TOMAZ, 2011), há duas definições básicas de Tempo de Concentração, sendo estas “o tempo em que leva para que toda a bacia considerada contribua para o escoamento superficial na seção estudada” e “o tempo que leva uma gota de água mais distante até o trecho considerado na bacia”. Segundo Paulino (2014), os fatores que influenciam no tempo de concentração de uma bacia hidrográfica são a forma, declividade média, tipo e grau da cobertura vegetal, comprimento e declividade do curso principal e de seus afluentes, distância horizontal entre o ponto mais afastado da bacia e sua saída, e as condições do solo em que a bacia se encontra no início da precipitação. A estimativa do Tc de uma bacia pode ser realizada por duas abordagens metodológicas, sendo o método direto e indireto(JÚNIOR; BOTELHO, 2011). O método direto consiste no uso dos dados primários (registros hidrometeorológicos) e o indireto se baseia em informações secundárias provenientes de formulações matemáticas previamente estabelecidas para uma determinada região. No método direto, o tempo de concentração pode ser estimado a partir do intervalo de tempo entre o fim da precipitação efetiva e o fim do escoamento superficial proveniente da precipitação, conforme apresentado anteriormente. Porém, como a estimativa da precipitação efetiva é complexa, adota-se o fim da precipitação no lugar (MCCUEN; WONG; RAWLS, 1984). Os métodos indiretos são utilizados em situações em que há ausência de dados hidrometeorológicos ou fisiográficos, nas quais os parâmetros fisiográficos podem ser permanentes, como a área de drenagem, declividade média, uso e ocupação do solo, entre outros, e tendo como parâmetro mais utilizado a intensidade da precipitação(JÚNIOR; BOTELHO, 2011). Neste mesmo estudo, Júnior e Botelho (2011) apresentam 21 modelos empíricos e semiempíricos com suas respectivas restrições de uso para cada modelo. Normalmente, as pequenas bacias hidrográficas não possuem dados pluviométricos e fluviométricos simultâneos, o que impede a determinação Página |25 experimental do Tc. Assim, a literatura dispõe de diversos modelos empíricos para estimar o tempo de concentração em função das características da bacia analisada (SANTOS, 2010). 2.4. Monitoramento hidrometeorológico Devido ao conteúdo apresentado anteriormente fica evidente a necessidade de realizar medições no campo das variáveis hidrológicas e meteorológicas, permitindo o armazenamento de dados históricos de diferentes eventos e, consequentemente, o conhecimento de características das bacias. A partir dos dados históricos é possível a aplicação de modelos matemáticos, estimativa da probabilidade relacionada a eventos raros e quantificação das possibilidades de aproveitamento de recursos hídricos, (SANTOS et al., 2001). Além disso, é necessário que sejam selecionados instrumentos confiáveis para garantir uma qualidade satisfatória dos dados observados. O critério de seleção dos dados deve considerar a capacidade do instrumento (não sendo recomendado aqueles que tenham capacidade maior que o necessário), o custo, a possibilidade de vandalismo, a instalação e, principalmente, a simplicidade e robustez, que são fatores importantes (SANTOS et al., 2001). Em relação à operação de uma rede de monitoramento, esta pode ser manual, automática ou telemétrica (SANTOS et al., 2001). No primeiro caso as grandezas são lidas em horários fixos por observadores que anotam os resultados; no segundo os próprios aparelhos registram os valores medidos continuamente e por fim, o terceiro transmite eletronicamente a um centro de operações em horários fixos ou continuamente. Para realizar medições de precipitação, normalmente são utilizados o pluviômetro e o pluviógrafo (PAZ, 2004). O pluviômetro possui um recipiente metálico dotado de funil com anel receptor, geralmente com uma proveta graduada que permite a leitura direta da lâmina de água precipitada, como pode ser observado na Figura 4.O pluviômetro armazena a água precipitada e, ao realizar a leitura da proveta ,obtém-se a lâmina precipitada. A leitura da lâmina é feita por uma pessoa (operador) diariamente, que deve anotar o valor observado em uma caderneta própria que são enviadas à agencia responsável pela rede pluviométrica no final do mês. Assim o pluviômetro indica a precipitação acumulada em intervalos de 24 horas (PAZ, 2004; PINTO et al., 1976). Página |26 Segundo (COLLINSCHONN; TASSI, 2010), o pluviômetro mais usado no Brasil tem uma forma cilíndrica com uma área superior de captação de 400 cm², de tal forma que 40 ml de água acumulada no instrumento corresponda a 1 mm de chuva. A instalação deste aparelho deve estar a uma altura padrão do solo de 1,5 m e a uma certa distância de potenciais obstáculos que podem interferir na quantidade de chuva captada. Figura 4: Foto ilustrativa de um pluviômetro. Fonte: (“DGE - Departamento de Geografia”, 2016) Já os pluviógrafos possuem um mecanismo de registro automático da precipitação, não precisando de um operador para a realizar a leitura como nos pluviômetros, e geram informações com uma maior discretização no tempo (COLLINSCHONN;TASSI, 2010; PAZ, 2004). Há dois tipos principais de sensores neste tipo de aparelho(PAZ, 2004): as cubas basculantes, cujo enchimento e vertimento acionam o registro; e o reservatório equipado Página |27 com sifão, no qual a variação do nível no reservatório é responsável pelo acionamento do registro. Atualmente, o pluviógrafo mais comum é o de cuba basculante (Figura 5), no qual a água recolhida é dirigida para um conjunto de duas cubas articuladas por um eixo central. A água recebida é dirigida inicialmente para uma das cubas, e quando esta é preenchida completamente o conjunto bascula em torno do eixo, esvaziando esta cuba e a outra passa a coletar o volume de água precipitada. Assim, o aparelho registra o momento em que ocorre o movimento basculante. Figura 5: Foto ilustrativa de um pluviógrafo de caçambas basculantes. Fonte: (“Météo Le Sappey Chartreuse”, [s.d.]) Em contrapartida, a medição de vazão pode ser realizada pelo método área- velocidade, o qual requer medições de velocidade em várias seções e profundidades do corpo hídrico. Porém, este procedimento é considerado árduo e custoso, além de trazer incertezas devido a forma como a amostragem de velocidades é distribuída espacialmente sobre o rio (SILVA, 2011). Além disso, a leitura do nível da água (necessária para calcular a área da seção) está sujeita a uma série de erros, como a instalação inadequada das réguas linimétricas, leituras incorretas realizadas pelos operadores, deslocamento do zero das réguas Página |28 provenientes de uma causa qualquer, observadores negligentes, entre outros(SANTOS et al., 2001). Como este método se mostra oneroso e trabalhoso, utiliza-se também o método acústico para a medição de vazões através do equipamento ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler). Este método se baseia no efeito doppler (ANA, 2009), o qual mapeia toda a seção tanto em velocidade d’água (modulo e direção) e profundidade, quanto em relação à quantidade de sedimentos em suspensão. O ADCP é um equipamento que emite ondas sonoras por meio da vibração de seus pequenos elementos cerâmicos que são transdutores1.As partículas presentes na água, a diferentes profundidades, refletem as ondas sonoras que são absorvidas pelas cerâmicas transdutoras do ADCP e lidas como um sinal elétrico (ANA, 2009).A partir desse sinal é possível construir um perfil vertical da coluna d’água. O sinal recebido é processado da seguinte forma(ANA, 2009): o aparelho divide a coluna líquida em um número discreto de segmentos na vertical (denominadas células de profundidade ou bins) e determina a velocidade e a direção de cada uma delas, cuja profundidade é escolhida pelo operador. A partir dos dados de chuva e vazão coletados nos aparelhos mencionados anteriormente, é possível utilizar modelos hidrológicos para antecipar eventos, como o impacto da urbanização de uma bacia antes que ela ocorra, possibilitando que medidas preventivas possam ser tomadas, além de prever uma enchente em tempo real, o impacto da alteração de um rio e a ocorrência de eventos extremos estatisticamente possíveis (TUCCI, 1998). 2.5. Modelagem Hidrológica A hidrologia é constituída por outras ciências (AVANZI, 2005), dentre elas a matemática e estatística, sendo fundamentais para o desenvolvimento de uma área da hidrologia muito importante e de ampla aplicação, a da modelagem. O produto principal da modelagem é a simulação de eventos hidrológicos, o que é essencial para o gerenciamento dos recursos naturais solo e água. 1 Transdutores são elementos capazes de transformar um tipo de energia em outro tipo. No caso do ADCP, os seus transdutores cerâmicos transformam energia elétrica em energia mecânica (ondas sonoras). Página |29 Segundo Tucci (1998), o modelo é “a representação de algum objeto ou sistema, numa linguagem ou forma de fácil acesso e uso, com o objetivo de entendê-lo e buscar suas respostas para diferentes entradas”. O modelo hidrológico é uma ferramenta que busca entender e representar o comportamento de uma bacia hidrográfica e prever condições diferentes das observadas. A aplicação de modelos hidrológicos envolve (TUCCI, 1998): A escolha do modelo; A seleção e análise dos dados necessários; Ajuste e verificação dos parâmetros; Definição de cenários de aplicação; Prognóstico e a estimativa das incertezas dos resultados. A modelagem hidrológica é dificultada devido à heterogeneidade física da bacia e dos processos envolvidos, a escassez de informações disponíveis e dos recursos disponíveis (financeiros e pessoal)(PAZ, 2004). Assim, a escolha do modelo depende do objetivo do estudo, das características da bacia, da disponibilidade de dados e da familiaridade com o modelo. Existem na bibliografia inúmeros modelos hidrológicos como, por exemplo, o modelo SCS (POMPERMAYER, 2013)que simula hidrogramas de cheia de projeto de obras hidráulicas e trata-se de um modelo chuva-vazão, cujas equações existentes na sua estrutura determinam a precipitação de projeto, definida como o evento que se deseja simular, o volume superficial e a propagação do escoamento na bacia. Neste modelo, a vazão depende da capacidade máxima de retenção do solo, que está diretamente relacionado ao número de escoamento CN (curve number). Este parâmetro depende do tipo de solo, cobertura vegetal, culturas, condição hidrológica e condições de escoamento preexistentes. Para melhor compreensão, sugere-se a leitura do livro “Hidrologia Ciência e Aplicação” de Tucci. Além disso, é possível utilizar modelos hidrológicos para estimar vazões, como o modelo da onda cinemática (TUCCI, 1998) ou até para estimar o tempo de concentração, como o Modelo de Kirpich e o Modelo Dooge (SILVEIRA, 2005). O Modelo de Kirpich foi elaborada em 1940, nos Estados Unidos, onde Kirpich estudou seis bacias pequenas em áreas agrícolas. Seu uso é recomendado para bacias Página |30 pequenas com área até 0,5 km² e para terrenos com declividade entre 3 e 10% e é um modelo muito utilizada na aplicação do método racional (TOMAZ, 2011). Enquanto que o Modelo Dooge foi desenvolvido se baseando em dados de dez bacias rurais da Irlanda, com área entre 140 e 930 km². Este modelo está em função da área da bacia e da declividade, sendo comum a superestimação do tempo de concentração (SILVEIRA, 2005). Página |31 3. Materiais e Métodos 3.1. Área de Estudo A área selecionada para a pesquisa foi a Bacia do Córrego do Mineirinho, que se encontra na região oeste do município de São Carlos – SP e é afluente do Rio Monjolinho, (JANDUCCI; BRANDÃO, 2009; PONTREMOLEZ, 2013). Segundo Tarpani (2008), a bacia apresenta características singulares, como estar localizada em uma região considerada como vetor de crescimento urbano do município e por ser uma bacia com ocupação recente. A bacia passou a ser urbanizada lentamente, a partir da década de 70, por causa da saturação do antigo setor de crescimento da cidade, mas após a instalação da área 2 da USP na bacia, em 2005, esta ocupação passou a ser acelerada. Atualmente, a bacia é ocupada por condomínios de alto padrão, um shopping center, um campus universitário, cultivos de cana-de-açúcar, terrenos sem cobertura vegetal e pastagens. Na Figura 6 é apresentada uma imagem onde se pode ver o padrão de ocupação da bacia (PONTREMOLEZ, 2013). A bacia possui 3 corpos d’água, sendo que o principal nasce no bairro Santa Angelina e tem extensão de aproximadamente 3,84 km; um afluente que nasce no interior do campus 2 da USP de São Carlos, com extensão de 729 m; e outro afluente que também nasce no bairro Santa Angelina e tem extensão de 706 m (BENINI, 2005). Outros dados fisiográficos da bacia são apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Características físicas da bacia hidrográficado Córrego do Mineirinho e suas respectivas fontes. Dados da bacia do mineirinho FONTE Comprimento do Talvegue 4,95 km PAULINO, 2014 Área de drenagem 5,85 km² TARPANI, 2008 Declividade média da bacia 1,739 % GALBETTI, 2015 Comprimento da bacia 4050 m TARPANI, 2008 Diferença entre a maior e menor cota 92 m GALBETTI, 2015 O uso e ocupação do território da bacia é distribuído da seguinte forma (APRÍGIO, 2012): cerca de 50% da área total é ocupada por uso misto, predominando o uso habitacional; 20% por gramíneas; 18% voltado para a agricultura (cana-de-açúcar e Página |32 Pinus); 10% por matas nativas antropizadas (mata ripária e pequenos fragmentos isolados). Figura 6: Imagem de satélite da Bacia do Córrego do Mineirinho, com indicações em vermelho da posição das nascentes. Fonte: Adaptado de (ANGELINI SOBRINHA, 2014). Página |33 Além disso, Aprígio (2012) também sugeriu uma divisão da bacia em cinco sub- bacias, de acordo com a homogeneidade em termos de uso do solo, de propriedades do solo e de topografia. Tal delimitação foi realizada com o auxílio de software de geoprocessamento, determinando-se direção do fluxo em cada célula do Modelo Digital do Terreno (MDT), ou o caminho mais íngreme em relação às 8 células adjacentes. A partir desta malha, foi gerado outra de acúmulo de fluxo, contendo o número de células vizinhas que drenam para uma célula determinada. Por fim, criou-se um layer de pontos com objetivo de indicar ao programa os exutórios das sub-bacias, resultando na divisão apresentada na Figura 7. Esta sub-divisão foi utilizada para calcular o CN ponderado da bacia. Figura 7: Sub-bacias da bacia hidrográfica do Córrego do Mineirinho. Fonte: (APRÍGIO, 2012) Página |34 3.2. Rede de Monitoramento da Bacia do Córrego do Mineirinho Para a coleta de dados hidrológicos de chuva e vazão da bacia hidrográfica do Córrego do Mineirinho, utilizou-se a rede de monitoramento hidrológico do Laboratório de Simulação Numérica (LabSin), da Escola de Engenharia de São Carlos. A Figura 8 apresenta a rede de monitoramento utilizada no estudo, indicando também a área de influência de cada posto. A rede de monitoramento possui quatro estações de monitoramento pluviométrico, contando com 3 pluviógrafos de báscula, sendo estes o EBSC - Escola Bento da Silva César, PSSF - Posto de Saúde do Jardim Santa Felícia e dentro da Área 2 da USP de São Carlos. Os pluviógragos apresentam registro automático a cada 0,2 mm e a precipitação média da bacia foi feita através da produção de hietogramas médios, determinados pelo método dos polígonos de Thiessen (FREIRE, CLEUDA; OMENA, 2005). Além disso, a rede de monitoramento possuía com uma estação fluviométrica, responsável pela coleta de dados de vazão e nível d’água. O monitoramento foi feito por meio de uma sonda acústica do tipo ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler), que foi programada para coletar os dados a cada 2 minutos. Este aparelho foi instalado no trecho canalizado da rotatória da Avenida Bruno Ruggiero Filho, cuja seção transversal retangular do canal possui uma largura e altura de 2,5 m e comprimento de 32 m (GALBETTI, 2015). As áreas de influência de cada posto estão apresentadas na Tabela 2. Tabela 2: Área de influência de cada posto pluviométrico da rede de monitoramento. Posto Pluviométrico Área de influência (km²) EBSC 0,99 PSSF 2,57 USP 2 2,29 Página |35 Figura 8: Rede de monitoramento hidrológico da bacia do Córrego do Mineirinho em São Carlos - SP, com as respectivas áreas de influência de cada posto pluviométrico. Na legenda da Figura EBSC é Escola Bento da Silva César e PSSF é o Posto de Saúde do Jardim Santa Felícia Fonte: (GALBETTI, 2015) Página |36 3.3. Seleção de Eventos e Obtenção do Tc experimental Os dados coletados para a pesquisa são referentes ao ano hidrológico de 2014- 2015, considerando o início em abril de 2014 e final em março de 2015. Como este foi um ano atípico devido à baixa precipitação durante as estações chuvosas, além de ter eventos de precipitação cuja coleta não foi feita em todos os postos de monitoramento, isso levou a um critério de seleção dos eventos em que só seriam considerados aqueles monitorados pelos quatro postos pluviométricos. Em relação aos dados de vazão, Galbetti (2015) selecionou os eventos em que a vazão de pico observada fosse maior que 1,5 m³/s e que os dados coletados não apresentassem erros apontados pelo instrumento. A partir disso, realizou-se um tratamento dos dados de chuva de cada estação pluviométrica, separando a precipitação acumulada (P) em milímetros de acordo com as datas e os horários para cada posto pluviométrico, permitindo a visualização dos diferentes eventos. A partir dos dados de precipitação dos 4 postos pluviométricos, determinou-se o início da precipitação, sendo este o primeiro instante em que houve coleta de dados em um dos quatro postos. Em seguida, a cada instante em que se passava o tempo desejado (2, 5 e 10 minutos) do início do evento, realizou-se a soma do volume precipitado (P) neste intervalo. As Tabelas 3 e 4 exemplificam a sequência de passos realizados, utilizando dados de um evento ocorrido no dia 12/03/2014. Tabela 3: Dados de precipitação do posto PSSF da chuva do dia 12/03/2014. Dia Horário (hh:mm:ss) Acumulado (mm) Basculado (mm) 12/03/2014 14:04:04 100,4 0,2 12/03/2014 14:04:40 100,6 0,2 12/03/2014 14:05:13 100,8 0,2 12/03/2014 14:05:36 101 0,2 12/03/2014 14:06:04 101,2 0,2 12/03/2014 14:06:06 101,4 0,2 12/03/2014 14:06:38 101,6 0,2 12/03/2014 14:07:00 101,8 0,2 12/03/2014 14:07:30 102 0,2 12/03/2014 14:08:01 102,2 0,2 Página |37 Tabela 4: Precipitação do dia 12/03/2014 discretizada em 2 minutos Discretização de 2 minutos Início da precipitação 14:00:59 ∆t (min) Horário (hh:mm:ss) P acumulado (mm) ∆P (mm) Σ∆(P) (mm) 00:02:00 14:04:59 100,6 0,4 0,4 14:06:59 101,6 1 1,4 14:08:59 102,4 0,8 2,2 Neste exemplo (Tabela 3) a precipitação teve início no instante 14:00:59 h e a discretização realizada é de 2 minutos. Para extrair o volume precipitado até o instante 14:02:59 h, foram somados os valores monitorados do posto. Como não houve precipitação neste posto até esse horário, o aparelho não basculou e assim, não se realizou a soma da precipitação. Como o posto PSSF passou a coletar a precipitação a partir do horário 14:04:04, a soma do volume precipitado foi feita entre os instantes 14:02:59 e 14:04:59. Na Tabela 3 estas informações estão nas duas primeiras linhas, resultando um ∆P de 0,4 mm, conforme apresentado na Tabela 4.No caso da discretização de 5 minutos, o intervalo que se realizou a soma foi entre os instantes 14:00:59 e 14:05:59, totalizando 0,8 mm precipitado neste posto. Para auxiliar neste processo, utilizaram-se as funções disponíveis no software Microsoft Excel 2010 “PROC” e “SEERRO”. A primeira, tem a finalidade de procurar o horário especificado na discretização e retornar o valor da precipitação acumulada para este horário. A segunda, calcula o volume precipitado a partir da diferença entre o P de dois tempos. Assim, o hietograma médio da bacia para cada evento foi obtido a partir da aplicação dos polígonos de Thiessen, realizando o produto entre a precipitação de cada posto pela porcentagem da sua área de influência. Uma vez que os eventos foram selecionados, construíram-se os hieto-hidrogramas para que assim fosse possível extrair o tempo de concentração experimental, sendo o intervalo de tempo entre o final do escoamento superficial e o final da precipitação. Página |38 Considerou-se como final da precipitação o último instante em que foi coletado o dado de precipitação entre as 4 estações instaladas na bacia, enquanto que o final do escoamento superficial foi determinado considerando o ponto de inflexão do hidrograma.Para auxiliar a visualização deste ponto, mudou-se o eixo das ordenadas para escala logarítmica. 3.4. Modelos de Tc Dentre os diversos modelos encontrados na literatura, selecionaram-se apenas 4 destes para calcular o Tc. Esta seleção foi realizada considerando as orientações de uso de cada formulação, pois cada uma foi desenvolvida para cenários específicos. Dessa forma, a Tabela 5 apresenta os modelos escolhidos, as variáveis de cada modelo, suas respectivas recomendações e as fontes bibliográficas. Tabela 5: Modelos matemáticos para estimar o Tc com suas respectivas variáveis, recomendações e a fonte bibliográfica. MODELO EQUAÇÃO VARIÁVEIS RECOMEN- DAÇÕES REFERÊNCIA BRANSBY- WILLIAMS 𝑇𝑐 = 14,6 ∗ 𝐿 𝐼0,2 ∗ 𝐴0,1 Tc- Tempo de concentração (min) Indicado para áreas rurais (FRANCO, 2004; MATA- LIMA et al., 2007) L - Comprimento do talvegue (km) A - Área de drenagem (km²) I - Declividade do talvegue (m/m) DOOGE 𝑇𝑐 = 21,88 ∗ 𝐴0,41 𝐼0,17 Tc - tempo de concentração (min) Área de drenagem entre 140 e 1600 km² (FRANCO, 2004; TUCCI, 2004) A - Área da bacia (km²) I - Declividade do talvegue (m/km) KIRPICH 𝑇𝑐 = 57 ∗ ( 𝐿3 𝐻 ) 0,385 tc - tempo de concentração (min) Bacias urbanizadas com área entre 0,04 e 25,2 km² (TOMAZ, 2011) L - Comprimento do talvegue (km) H - Diferença de cotas (m) SCS 𝑇𝑐 = (0,00227 ∗ 𝐿0,8 ∗ 1000 𝐶𝑁−9 ) 0,7 𝑆0,5 Tc - Tempo de concentração (horas) Área rural entre 1ha e 800ha e deve ser usado onde predomina o escoamento superficial. 60<L<7900 e 0,5%<S<64% L - Comprimento da bacia (m) CN - Número da curva do SCS runoff S - Declividade média da bacia (%) Página |39 Pela Tabela 5, é possível notar que todos os modelos se encaixam parcialmente no cenário da bacia hidrográfica do Córrego do Mineirinho. Segundo Galbetti (2015), os critérios que não são atendidos são: Bransby-Williams – não atende ao critério do tipo de bacia; Dooge– não atende ao critério do tipo de bacia e à área da bacia; Kirpich – não atende ao critério do tipo de bacia (rural/urbana); SCS– não atende ao critério do tipo de bacia e ao tipo de escoamento predominante. Dessa forma, este estudo visa confrontar os resultados fornecidos pelos quatro modelos com os dados coletados em campo para indicar o modelo mais adequado para a realidade da bacia em estudo. Uma vez que os modelos foram selecionados, verificou-se se havia dados de todos os parâmetros necessários. A maioria das informações estavam disponíveis na bibliografia, conforme apresentado na Tabela 1, faltando apenas o CN e a declividade do talvegue da bacia. O cálculo do CN ponderado da bacia foi baseado nos resultados dos CNs das sub- bacias obtidos no trabalho de Paulino (2014), no qual foi desenvolvido um estudo sobre a sensibilidade dos parâmetros no método SCS na determinação de hidrogramas de cheia em bacias urbanas. A autora utilizou a divisão da bacia elaborada por Aprígio (2012) e classificou as sub-bacias, elaborando um mapa de alta resolução da cobertura do solo da bacia, permitindo assim a identificação do CN de cada uma. Assim, o cálculo do CN ponderado, necessário para calcular o Tc pelo método do SCS, foi realizado a partir da equação 1: 𝐶𝑁𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 = ∑(𝐶𝑁𝑖∗𝐴𝑖) 𝐴𝑡 Equação 1 Em que: 𝐶𝑁𝑖 – Valor de CN de cada classe de uso e cobertura do solo da bacia (adimensional) 𝐴𝑖 – Área de cada classe de uso e cobertura do solo (ha) 𝐴𝑡 – Área total da bacia (ha) Página |40 Enquanto que o cálculo da declividade do talvegue (S) foi calculado a partir da seguinte equação 2: 𝑆 = ∆ℎ 𝐿 Equação 2 Em que: ∆ℎ – Diferença entre cotas (m) 𝐿 – Comprimento do talvegue (m) 3.5. Análise estatística A partir dos resultados experimentais de Tc, realizou-se uma descrição e análise estatística para auxiliar na comparação com os resultados obtidos pelos modelos de cálculo de tempo de concentração, buscando definir qual dos modelos é o mais próximo da realidade da bacia em estudo. A primeira etapa consistiu na descrição estatística do grupo amostral (eventos de precipitação selecionados) por meio de medidas de posição e dispersão, sendo estas a média, desvio padrão, coeficiente de variação, valor máximo e mínimo da amostra, amplitude e mediana. Após a extração das medidas descritivas da amostra, realizaram-se quatro testes de hipótese para avaliar se os resultados experimentais provenientes de uma amostra contrariam ou não uma afirmação previamente estabelecida. 3.5.1. Teste de Hipótese O objetivo do teste estatístico de hipótese é fornecer uma metodologia que nos permita verificar se os dados amostrais trazem evidências que apoiem ou não uma hipótese formulada. A ideia central desse procedimento é assumir verdadeira a hipótese e verificar se esta é verossímil ou não. Nesta pesquisa desenvolveram-se quatro testes de hipóteses (devido ao número de formulações escolhidas), assumindo-se como hipótese nula, em cada teste, que o valor de Tc calculado pelos modelos é igual ao valor da média das amostras. Dessa forma, as hipóteses (Ho e H1) foram: 𝐻𝑜: 𝜇 = 𝑇𝑐𝑖 𝐻1: 𝜇 ≠ 𝑇𝑐𝑖 Página |41 Em que: 𝜇- Média dos Tc experimentais 𝑇𝑐𝑖- Valor estimado de Tc pelo Modelo “i” Dessa forma, os testes são considerados como bilaterais, pois nenhuma direção é implicada pela alegação da hipótese alternativa. Para início da formulação das hipóteses, assumiu-se que o grupo amostral possui uma distribuição t-student, pois o número de amostras é pequeno (𝑛 < 30)(SPIEGEL; SCHILLER; SRINIVASAN, 2013). Posteriormente, determinou-se o nível de significância (α) usada nesta análise, sendo de 0,05, ou 5%, removendo o grau de subjetividade associado à tomada de decisão intrínseca ao teste de hipótese, ou seja, há a probabilidade de 5% de anularmos a hipótese quando não deveríamos. O nível de significância é complementar à probabilidade (1-α) com que um certo intervalo de confiança contenha o valor populacional de um parâmetro. Em seguida, determinou-se o intervalo de confiança do grupo de Tc experimentais, significando que o valor de Tc plausível se encontra nesta faixa, estabelecendo os limites da variação da chamada estatística de teste. Caso os valores da estatística de teste se localizarem fora dos limites do intervalo, a hipótese deve ser rejeitada. Por fim, os testes retornaram os p-valores, o que representa a probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou mais extrema que aquela observada em uma amostra, sob a hipótese nula. P-valores pequenos fornecem evidência para rejeitar a hipótese nula em favor da hipótese alternativa, ou seja, quanto menor for o p-valor, mais "distante" estamos da hipótese nula. Estes testes foram realizados por meio do plugin para ExcelAction Estatcamp, desenvolvido pela equipe Estatcamp - Consultoria Estatística e Qualidade por DIGUP, de São Carlos, capaz de realizar diversas análises estatísticas que contemplam as principais necessidades do usuário (“Portal Action”, 2016). Página |42 Página |43 4. Resultados e Discussão 4.1. Seleção de eventos e Obtenção do Tc experimental Inicialmente, foram produzidos os hietogramas dos eventos cujas precipitações foram monitoradas nas quatro estações pluviométricas da rede de monitoramento. A partir da discretização realizada para 2, 5 e 10 minutos, concluiu-se que os hietogramas discretizados com intervalos de 2 minutos seriam mais adequados para o estudo, pois se mostravam mais detalhados. Assim, selecionaram-se os eventos que também estavam de acordo com os critérios de vazão, conforme apresentado na metodologia, resultando apenas 9 eventos de chuva. A Tabela 6 apresenta as características das precipitações dos eventos selecionados, contendo a precipitação média na bacia (P) em mm,a duração da chuva em min e a intensidade média em mm/min. Tabela 6: Características das precipitações selecionadas para o estudo EVENTO P (MM) DURAÇÃO (MIN) I MÉDIA (MM/MIN) 08/11/2014 46,13 186,00 0,25 11/12/2014 15,09 72,00 0,21 12/12/2014 12,40 28,00 0,44 14/12/2014 14,72 26,00 0,57 22/12/2014 19,28 60,00 0,32 21/01/2015 11,48 40,00 0,29 29/01/2015 7,09 30,00 0,24 31/01/2015 10,85 34,00 0,32 25/02/2015 39,87 56,00 0,71 Além disso, foi levantado os postos que tiveram maior influência em cada evento de acordo com o produto entre o volume precipitado e a área de influência de cada posto. Observou-se que os eventos tiveram como as áreas de maior influência aqueles referentes ao Posto de Saúde Santa Felícia e ao Posto da USP 2, permitindo a divisão dos eventos em dois principais grupos. A Tabela 7 apresenta os pesos de cada posto para cada evento. Página |44 Tabela 7: Atribuição dos pesos de cada posto pluviométrico para cada evento analisado. Eventos Postos pluviométricos e sua área de influência EBSC - 0,99 km² PSSF - 2,57 km² USP 2 - 2,29 km² Grupo 1 12/12/2014 16,236 42,148 37,556 29/01/2015 5,94 19,532 16,03 31/01/2015 12,276 28,27 22,9 25/02/2015 41,382 96,118 95,722 Grupo 2 08/11/2014 39,798 1,028 105,798 11/12/2014 10,296 34,952 43,052 14/12/2014 17,424 29,298 39,388 22/12/2014 17,028 43,788 53,586 21/01/2015 13,266 19,532 34,35 A partir disso, construíram-se os hieto-hidrogramas, com indicações do ponto considerado como o instante do final do escoamento superficial com o marcador com formato de triângulo, que serão apresentados de acordo com o grupo que pertencem. 4.1.1. Hieto-Hidrogramas do Grupo 1 Figura 9: Hieto-Hidrograma do evento do dia 12/12/2014. 1 6 :1 0 1 6 :5 5 1 7 :4 0 1 8 :2 5 1 9 :1 0 1 9 :5 5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,00 1 2 3 4 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |45 Figura 10: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 29/01/2015 Figura 11: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 31/01/2015 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 3:53 5:05 6:17 0 2 4 6 3 :5 3 4 :0 3 4 :1 3 4 :2 3 4 :3 3 4 :4 3 4 :5 3 5 :0 3 5 :1 3 5 :2 3 5 :3 3 5 :4 3 5 :5 3 6 :0 3 6 :1 3 6 :2 3 6 :3 3 6 :4 3 6 :5 3 7 :0 3 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 17:14 18:26 19:38 0 2 4 6 1 7 :1 4 1 7 :2 6 1 7 :3 8 1 7 :5 0 1 8 :0 2 1 8 :1 4 1 8 :2 6 1 8 :3 8 1 8 :5 0 1 9 :0 2 1 9 :1 4 1 9 :2 6 1 9 :3 8 1 9 :5 0 2 0 :0 2 2 0 :1 4 2 0 :2 6 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |46 Figura 12: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 25/02/2015. As Figuras 10 e 11 apresentam curvas com comportamento parecido, havendo três picos cujos valores são crescentes no passar do tempo. Observa-se que a semelhança entre os eventos são a duração da chuva e a ordem de áreas com maior influência, sendo a mais influente o Posto PSSF, em segundo o Posto da USP 2 e menos influente o Posto EBSC. Apesar das Figuras 9 e 11 também terem a mesma ordem das áreas influentes nos eventos, observa-se que os postos PSSF e USP 2 foram muito mais representativas do que o Posto EBSC, além de terem valores da influência próximos. Dessa forma, acredita-se que a presença de mais de um pico no hidrograma está relacionada com a influência das chuvas nas três diferentes nascentes. O Posto PSSF está relacionado com o terceiro pico do hidrograma, sendo o segundo o Posto USP 2 e o primeiro o Posto EBSC. Mesmo que o posto EBSC esteja localizado mais distante do exutório, ele deve estar relacionado ao primeiro pico do hidrograma por ter em sua área de influência a nascente do principal curso d’água da bacia. -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 18:12 19:24 20:36 21:48 0 2 4 6 1 8 :1 2 1 8 :2 6 1 8 :4 0 1 8 :5 4 1 9 :0 8 1 9 :2 2 1 9 :3 6 1 9 :5 0 2 0 :0 4 2 0 :1 8 2 0 :3 2 2 0 :4 6 2 1 :0 0 2 1 :1 4 2 1 :2 8 2 1 :4 2 2 1 :5 6 2 2 :1 0 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |47 4.1.2. Hieto-Hidrogramas do Grupo 2 Figura 13: Hieto-Hidrograma do evento do dia 08/11/2014. Figura 14: Hieto-Hidrograma do evento do dia 11/12/2014. 2 3 :2 4 2 3 :5 4 0 0 :2 4 0 0 :5 4 0 1 :2 4 0 1 :5 4 0 2 :2 4 0 2 :5 4 0 3 :2 4 0 3 :5 4 0 4 :2 4 0 4 :5 4 0 5 :2 4 0 5 :5 4 0 6 :2 4 0 6 :5 4 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,00 2 4 6 8 10 12 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) 1 8 :5 0 1 9 :3 5 2 0 :2 0 2 1 :0 5 2 1 :5 0 2 2 :3 5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,50 1 2 3 4 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |48 Figura 15: Hieto-Hidrograma do evento do dia 14/12/2014. Figura 16: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 22/12/2014. 1 3 :5 2 1 4 :3 7 1 5 :2 2 1 6 :0 7 1 6 :5 2 1 7 :3 7 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,50 1 2 3 4 5 6 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,00 2 4 6 2 2 :3 7 2 2 :5 9 2 3 :2 1 2 3 :4 3 0 :0 5 0 :2 7 0 :4 9 1 :1 1 1 :3 3 1 :5 5 2 :1 7 2 :3 9 3 :0 1 3 :2 3 3 :4 5 4 :0 7 4 :2 9 4 :5 1 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |49 Figura 17: Hieto-Hidrogrma do evento do dia 21/01/2015. A Figura 13, que teve a curva mais diferente do restante, foi o único evento em que teve como sequência de postos predominantes a USP 2, seguido da Escola Bento Silva César e do Posto de Saúde Santa Felícia. Observa-se que este evento foi singular, uma vez que a chuva teve características diferentes das outras, resultando tambem em uma vazão muito maior do que a média dos eventos. Já as Figuras 14 e 15 confirmam a hipótese levantada da relação da posição dos picos com a nascente presente nas áreas mais influentes ao evento de precipitação, pois em ambas as figuras, o maior pico observado foi o segundo, o qual foi relacionado com o posto USP 2 pela análise realizada do Grupo 1. A Figura 16 possui dois picos mais evidentes referentes ao hidrograma, sendo o primeiro (2 m³/s aproximadamente) relacionado ao posto EBSC e o outro deve estar relacionado aos outros dois Postos juntos, pois a influência destes são muito maiores do que o Posto EBSC. Por fim, a Figura 17 apresentou um comportamento diferente, tendo um crescimento bastante acentuado, resultando no maior pico do hidrograma posicionado em primeiro. Este resultado vai de encontro com a hipótese levantada anteriormente, de 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,00 2 4 6 2 3 :1 4 2 3 :2 6 2 3 :3 8 2 3 :5 0 0 :0 2 0 :1 4 0 :2 6 0 :3 8 0 :5 0 1 :0 2 1 :1 4 1 :2 6 1 :3 8 1 :5 0 2 :0 2 2 :1 4 2 :2 6 2 :3 8 Precipitação Vazão Tempo (hh:mm) P re ci p it aç ão (m m ) V az ão (m ³/ s) Página |50 que o primeiro pico estaria relacionado ao Posto EBSC, e não se sabe ao certo o motivo desta diferença. A partir destes gráficos, extraiu-se o valor de Tc experimental, sendo o intervalo de de tempo entre o final da precipitação e o final do escoamento. Estes resultados estão listados na listados na Tabela 8. Posteriormente, extraiu-se a descrição estatística do grupo amostral, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 9. Nota-se que os valores de Tc obtidos experimentalmente possuem uma grande amplitude (diferença entre o valor máximo e mínimo do grupo), mas esta medida é considerada como rude para descrever a dispersão
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