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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Ciências Contábeis – DCCI Fundamentos de Economia Docente: Tacito Augusto Farias Discentes: Josefa Denise Andrade Félix Thainá Menezes dos Santos A concepção do sistema tributário Ao relembrar o Capítulo 1, “Os dez princípios da economia”, podemos recordar que um governo às vezes pode melhorar os resultados do mercado. No entanto, ele deve fornecer bens públicos, regulamentar a utilização de recursos comuns e remediar os efeitos das externalidades. Para realizar as suas muitas funções, o governo aumenta as receitas por meio de impostos, lembrando que: • Um imposto sobre um bem, reduz a quantidade de mercado desse bem. • O ônus de um imposto é compartilhado entre compradores e vendedores, o que dependerá das elasticidades de preço, da demanda e da oferta. • Um imposto provoca a perda de peso morto. Um panorama financeiro do governo norte-americano Primeiramente, deve-se verificar como as receitas ficais, no que se refere à proporção da renda nacional, mudaram ao longo do tempo, podendo assim, comparar as receitas fiscais dos Estados Unidos com as de outros países, identificando as fontes de receita mais importantes para os governos federal, estadual e municipal. É possível observar que, em 1902 o governo arrecadava 7% da renda total, e nos últimos anos, recolheu aproximadamente 30%. Sendo assim, conforme a renda da economia cresceu, a receita obtida por meio de impostos, cresceu ainda mais. De acordo com a tabela acima, é possível comparar que os Estados Unidos estão no grupo intermediário, uma vez que, o encargo tributário americano é baixo se comparado ao dos países europeus, mas se comparado a países menos desenvolvidos, é alto. À medida que um país enriquece, o governo tipicamente toma uma parte maior da renda sob a forma de impostos. O governo federal O governo federal dos Estados Unidos arrecada cerca de dois terços dos impostos da economia do país, esse dinheiro é recolhido de diversas formas e encontra as maneiras mais variadas de gastá-lo. De acordo com a tabela acima, a maior fonte de receitas do governo federal é o imposto de renda das pessoas físicas. Cada família precisa declarar sua renda de todas as fontes: salários, juros sobre a poupança, dividendos de empresas de que tenham ações, lucros de pequenas empresas que possuam e assim por diante, e isso é uma obrigação tributária da família. Ainda nesse contexto, podemos demonstrar os gastos do governo federal, e como as despesas foram divididas entre as principais categorias de despesas. Podemos observar na tabela abaixo, que a Seguridade Social, que representa principalmente pagamentos de transferências para os idosos. O governo realiza essa transferência sem que receba bens ou serviços em troca, e essa categoria representa até 19% dos gastos do governo em 2009. O segundo maior gasto é com a defesa nacional, essa despesa flutua com o tempo conforme as tensões internacionais e o clima político. A terceira categoria está a despesa com o auxílio a renda, que conta tanto com um benefício, como vale alimentação. As despesas com saúde representam grande parte do orçamento federal, contando com o Medicaid, que é o plano de saúde para idosos, a saúde ainda conta com verba para pesquisas na área da saúde e um programa federal para os mais necessitados. Os juros líquidos são referentes aos empréstimos que o governo toma do público, quanto mais endividado estiver o governo, maiores serão suas despesas com pagamentos de juros. Já a categoria “outros”, inclui o sistema da justiça federal, o programa espacial e os programas de apoio aos produtores rurais, além dos salários do congresso e do presidente. Os governos estaduais e municipais Os governos estaduais e municipais arrecadam cerca de 40% de todos os impostos pagos. A tabela a seguir, mostra como essa arrecadação é repartida entre os diferentes tipos de impostos. Os dois impostos mais importantes para os governos estaduais e municipais são aqueles sobre vendas e sobre a propriedade. Os governos estaduais e municipais também cobram imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas, podendo ser semelhantes ou não aos impostos federais, isso vai depender do Estado. Há ainda o recebimento de fundos substanciais do governo federal, pois esse compartilhamento, facilita a redistribuição de recursos dos Estados mais ricos, para os de renda mais baixa. Por fim, na categoria “outros”, estão as taxas cobradas por licenças de caça e pesca, os pedágios de estradas e pontes, e as passagens de ônibus público e metrô. A tabela acima, mostra o gasto total dos governos estaduais e municipais com relação a sua divisão entre as categorias fundamentais. A educação é a prioridade, com o pagamento de escolas públicas e manutenção de universidades públicas. Já a segunda, está relacionada com os gastos com o bem-estar público, que incluem pagamentos de transferência aos pobres. As estradas, inclui a construção de novas rodovias e a manutenção das existentes. E na categoria “outros”, se inclui os demais serviços prestados pelos governos estaduais e municipais, como bibliotecas, policiamento, coleta de lixo, proteção contra incêndios, manutenção de parques e remoção de neve. Impostos e eficiência O objetivo do sistema tributário é arrecadar receita para o governo, mas há diversas maneiras de arrecadar uma determinada quantia de dinheiro. Um sistema tributário será mais eficiente do que outro, se levantar o mesmo montante de recursos a um menor custo para os contribuintes. Ao tributar, os formuladores de políticas têm dois objetivos: eficiência e equidade. Sendo assim, os custos para os contribuintes incluem: • O próprio pagamento do imposto. • A perda de peso morto. • O ônus administrativo. O peso morto As pessoas respondem a incentivos, e os impostos distorcem incentivos e levam as pessoas a alocar recursos de acordo com incentivos fiscais, e não com base nos verdadeiros custos e benefício, portanto, acaba criando um peso morto. O peso morto de um imposto é a redução do bem-estar econômico dos contribuintes que excede a quantia de receita arrecadada pelo governo. Ônus administrativo Refere-se ao tempo e dinheiro que as pessoas disponibilizam para que possam cumprir as leis fiscais. Incentiva o dispêndio de recursos em evasão fiscal legal, como por exemplo, a contratação de contabilistas para explorar “brechas” que possam reduzir a carga tributária. O ônus administrativo trata-se de um tipo de perda do peso morto, pois poderia ser reduzido se o Código Fiscal fosse simplificado, mas isso exigiria a remoção de lacunas, o que é politicamente difícil. Alíquotas marginal e média Alíquota marginal de imposto trata-se do imposto adicional pago sobre um dólar de renda adicional. Mede os efeitos de incentivo dos impostos sobre o esforço de trabalho, a poupança etc. Alíquota média de imposto é referente ao total de impostos pagos, dividido pela renda total. Mede o sacrifício feito pelo contribuinte. Tributação por montante único • Imposto com o mesmo montante para todas as pessoas. • Imposto mais eficiente possível. • Não distorce incentivos e nem causa peso morto. • Impõe um ônus administrativo mínimo para os contribuintes. • A maioria das pessoas o considera injusto. Imposto e equidade Outro objetivo da política fiscal é a equidade, ou seja, a distribuição extensiva da carga de impostos. Concordar com o que é “justo” é muito mais difícil do que chegar a um acordo sobre o que é “eficiente”. No entanto, existem vários princípios que se aplicam às pessoas, como o propósito de avaliar a equidade do sistema fiscal. O princípio dos benefícios No princípio dos benefícios, aspessoas deveriam pagar os impostos com base nos benefícios que recebem dos serviços do governo. Esse princípio tenta fazer com que os bens públicos sejam semelhantes aos bens privados, quanto mais você usa, mais você paga. Um exemplo bem claro é o imposto sobre a gasolina. O montante do imposto pago está relacionado ao quanto uma pessoa usa vias públicas. O princípio da capacidade de pagamento É a ideia de que os impostos deveriam ser cobrados da pessoa com base na capacidade que ela tem de suportar o ônus do imposto. Sugere que todos os contribuintes devam fazer um “sacrifício igual”. Reconhece que a magnitude do sacrifício não depende apenas do pagamento de impostos, mas também da renda da pessoa e de outras circunstâncias. Por exemplo, um imposto de R$ 10.000,00 representa um sacrifício maior para uma pessoa pobre do que para um cidadão rico. O princípio da capacidade de pagamento leva a dois conceitos de equidade: • Equidade Vertical, que é a ideia de que contribuintes com maior capacidade de pagamento de impostos deveria pagar maiores quantias. • Equidade Horizontal, ideia de que contribuintes com capacidade similar de pagamento de impostos deveriam pagar a mesma quantia. Três sistemas tributários • Imposto proporcional: Os contribuintes pagam a mesma fração da renda, independentemente da renda. • Imposto regressivo: Contribuintes de alta renda pagam uma fração menor de sua renda do que aqueles de baixa renda. • Imposto progressivo: Contribuintes de alta renda pagam uma fração maior de sua renda do que aqueles de baixa renda. Incidência tributária e equidade tributária A incidência tributária é o estudo de quem arca com o ônus dos impostos. Os impostos alteram oferta e demanda e, consequentemente, alteram os preços de equilíbrio. Com isso, afetam pessoas além daquelas que, de fato, pagam os impostos. Ao se avaliar a equidade vertical e horizontal de um imposto, é importante considerar esses efeitos indiretos. Teoria do papel mata-moscas da incidência tributária: o ônus de um imposto, tal como uma mosca num papel mata-moscas, gruda no primeiro ponto em que se pousa. Essa premissa raramente é verdadeira. Sendo assim, quando se avalia a equidade fiscal, é fundamental considerar a incidência tributária. O tradeoff entre equidade e eficiência As metas de eficiência e equidade muitas vezes estão em conflito, por exemplo, o imposto fixo é o imposto menos equitativo, porém mais eficiente. O imposto fixo trata-se de um sistema tributário em que a taxa de imposto marginal é a mesma para todos os contribuintes. • Em geral, os rendimentos acima de um certo limite são tributados a uma taxa constante. • Quanto maior for o valor limite, mais progressivo será o imposto. • Reduz drasticamente a carga administrativa. • Esse tipo de imposto não é bem-aceito por: - pessoas que se beneficiam da complexidade do sistema atual (contadores, lobistas); - pessoas que não conseguem imaginar a vida sem a dedução/lacuna favorita. Os líderes políticos diferem em seus pontos de vista sobre essa troca. A economia pode nos ajudar a compreender melhor o tradeoff e a evitar políticas que sacrifiquem a eficiência sem nenhum aumento no patrimônio. Conclusão O sistema tributário é dividido em categorias Federal e Estadual. As receitas do Governo Federal são obtidas pelo imposto de renda e pelo imposto para a seguridade social e pelas taxas, como as pagas pela gasolina, bebidas e cigarros. Suas despesas são com saúde, auxílio e renda das famílias mais pobres, defesa nacional, seguridade social. A receita obtida com os impostos Estaduais é através dos impostos sobre vendas, uma parte do imposto de renda, sobre a propriedade e de fundos do Governo Federal. Suas despesas são com estradas, educação e com o bem-estar público. Para que se obtenha eficiência econômica com a aplicação de impostos, deve- se minimizar o peso morto causado por eles e os encargos administrativos. Todo imposto causa um ônus, seja um peso morto, sejam as lacunas legais de que as empresas tentam se aproveitar para evitar pagar os impostos, o que implica na contratação de contadores. A esse processo chama-se fuga legal de impostos. Esse ônus poderia ser minimizado com a simplificação do sistema tributário. Contudo, isso encontra forte oposição por parte de lobistas. Devido ao peso morto causado pelo imposto, há um debate se seria mais eficiente taxar o consumo ao invés da renda. Essa corrente baseia-se no argumento de que o imposto sobre a renda encoraja as pessoas a trabalhar menos, daí vindo o peso morto, e desencoraja a poupança, pois esta é taxada duas vezes, enquanto um imposto sobre o consumo a encorajaria. Sobre a tributação da renda temos a alíquota média, que mede o esforço total do contribuinte, ou seja, o resultado percentual da razão entra a contribuição total e a renda. Analisa-se a alíquota marginal, que é o imposto adicional sobre uma unidade de renda adicional, quando se deseja verificar o peso morto da renda, na medida em que a alíquota marginal desencoraja o trabalho, para vermos como o sistema tributário distorce os incentivos. Haveria a possibilidade ainda de uma tributação por montante único, que teria um ônus administrativo, mínimo, não geraria peso morto, não distorceria os incentivos porque sua alíquota marginal seria zero. Este modelo, porém, ilustra o tradeoff entra a eficiência e a equidade tributária, pesando mais sobre aqueles que tem menos condições de arcar com o montante único. As pessoas discordam sobre a política tributária porque atribuem importância diferente a esses dois objetivos: eficiência e equidade. A equidade tributária reflete como o ônus tributário deve ser distribuído. Pelo Princípio dos Benefícios, as pessoas devem pagar com base nos benefícios que recebem do governo, vendo os bens públicos como se fossem bens privados. Assim, os ricos devem pagar mais do que os pobres pois desfrutam melhor da infraestrutura da cidade como a proteção contra incêndios, a proteção policial, das rodovias, do combustível, da energia etc. Mas de acordo com o Princípio da Capacidade de Pagamento todos devem fazer o mesmo sacrifício para sustentar os gastos do governo. Isso nos leva a dois conceitos, a saber, o de Equidade Vertical, ou seja, que precisa-se levar em conta o que a pessoa para e recebe e que quem tem maior capacidade de pagar, paga mais, podendo o imposto ser regressivo, proporcional ou progressivo, e o de Equidade Horizontal, que determina que os que tem rendas semelhantes pagam igual. Referência MANKIW, N. Gregory, “Introdução à Economia”.