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Ecologia de rios planicie de inundaçao e reservatórios

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ECOLOGIA DE RIOS, PLANICIES DE INUNDAÇÃO E 
RESERVATÓRIOS 
 
Rios 
 
Dimensão longitudinal- Conceito do Rio Continuo (RCC) 
 
Devido a elevada velocidade de corrente os rios não possuem uma estruturação 
vertical tão demarcada quanto os ambientes lênticos. O que mais influencia em um 
ecossistema lótico é o gradiente longitudinal, o qual foi proposto por Vannote como o 
Conceito do Rio Continuo (CRC). Este conceito enfatiza que a estrutura e o 
funcionamento das comunidades biológicas ao longo do rio são organizados em função 
dos gradientes físicos. Por exemplo, o modelo prediz que as mudanças nas comunidades 
de invertebrados aquáticos ocorrem em resposta aos recursos alimentares disponíveis de 
acordo com a ordem do rio. Rios de primeira ordem, ou riachos, por terem uma grande 
influencia da vegetação riparia teriam a produção autotrófica muito reduzida pelo 
sombreamento da água (P/R < 1). Além disso, recebem uma grande contribuição de 
material alóctone tendo uma grande quantidade de MOP. Esta matéria orgânica é 
quebrada pelos organismos triturados e é formada então a MOPF que será processada 
pelos organismos coletores e carreada na direção montante jusante do rio. A medida que 
o tamanho do rio cresce a produtividade primária aumenta e os trituradoes vão sendo 
substituídos pelos organismos coletores e predadores. Os predadores também 
predominam em condições mais heterotróficas onde a largura do rio é maior e o 
ambiente se torna muito profundo para plantas bentônicas. Com o aumento do tamanho 
do rio a importância do material alóctone terrestre diminui e a produção primária 
autóctone aumenta. É importante ressaltar que o material alóctone proveniente dos 
riacho é de extrema importância para o ecossistema, pois a MOP vai sendo degrada ao 
longo do rio dando recursos para outros organismos. 
 
 
 
 
 
 
Dimensão lateral- Pulso de inundação 
 
Planicie de inundação 
 
Imagine que você está numa floresta. Nesta floresta passa um rio. Ao seu redor 
há árvores com vários metros de altura. Ficando lá durante algum tempo, você ouve o 
canto das aves, vê macacos, insetos, e outros animais da floresta. Barcos passam de vez 
em quando pelo rio, e você ouve aquele barulho de motor ao fundo. O rio próximo tem 
vários metros de distância entre uma margem e outra, e você sabe que lá dentro há 
peixes, botos, e outros organismos menos conhecidos, como os macroinvertebrados. 
Seis meses depois, você volta exatamente para o mesmo lugar. Ao chegar lá, 
você tem uma grande surpresa. Não é mais possível caminhar por entre as árvores, pois 
o chão da floresta agora está debaixo da água. De dentro do barco onde você está, você 
vê que apenas as copas das árvores mais altas não estão submersas, criando uma 
paisagem onde árvores parecem surgir do meio da água. Peixes agora nadam entre as 
árvores. Fazer trilha agora, só é possível de barco. 
 
Interior de um igapó no período de águas altas 
A situação imaginada acima acontece de verdade na Amazônia onde vemos esta 
acentuada variação do nível d´água. Os estudiosos deste fenômeno elaboraram um 
conceito para explicar esta variação e outros aspectos relacionados a ela, chamado 
de pulso de inundação. Durante a enchente, o rio inunda suas áreas marginais 
(suaplanície de inundação), criando verdadeiras florestas inundadas. Essa inundação é 
sazonal, ou seja, acontece todo ano de forma periódica, assim como as estações do ano. 
Na verdade, o pulso de inundação acontece em todos os lugares onde há enchentes 
periódicas, mas na Amazônia ele se torna especial pois ainda há muita floresta 
preservada, e a maior parte dos seus rios não está controlada por barragens. 
Nas planícies de inundação é comum a existência de lagos. Estes lagos também 
estão sujeitos ao pulso de inundação quando, entre outras coisas, a sua profundidade 
também varia bastante ao longo do ano. O efeito sobre estes lagos depende de sua forma 
e posição em relação ao rio e influencia todos os organismos que vivem naquele lago, 
além do metabolismo do sistema. Por metabolismo, entendemos todos os processos 
ecossistêmicos que ali acontecem, tais como a respiração, decomposição, produção 
primária (fotossíntese) e os ciclos biogeoquímicos de forma geral. Por exemplo, a 
produção primária do fitoplâncton (algas muito pequenas que vivem na água) é maior 
no período de águas baixas. Na fase de águas altas, o pulso de inundação tem um efeito 
homogeneizador sobre os lagos da planície, ou seja, a água do rio que inunda os lagos 
cria uma conexão entre eles, o que faz com que nestes períodos eles sejam mais 
similares entre si. 
 
Árvores submersas no período de águas altas 
 
A parte da floresta que é inundada pelo pulso de inundação é diferente da 
floresta que não é inundada nunca (chamada de mata de terra firme), pois as plantas 
precisam de adaptações especiais para sobreviver alguns meses do ano embaixo d’água, 
parcialmente ou totalmente. Essa floresta que fica na planície de inundação dos rios é 
chamada de Igapó ou Várzea, dependendo do tipo do rio em que ela se encontra. A 
invasão da água do rio sobre a mata alagada significa que nestes períodos há uma troca 
de materiais entre o ambiente aquático e terrestre. Afinal, em que outro local há um 
contato tão íntimo entre uma floresta e um rio? 
Durante a época das águas baixas, as árvores da mata alagada crescem e se 
reproduzem, além de este ser o período em que as sementes germinam. Já na cheia, as 
árvores reduzem ou param o crescimento, e ficam como que esperando a água baixar 
para terem melhores condições novamente. Porém, é no período de cheia que ocorre a 
dispersão das sementes, ou seja, nesta época as sementes caem das árvores e são levadas 
pela água ou pelos peixes para outros locais onde elas podem ter mais chance de 
germinar e sobreviver até a idade adulta. 
 
Margem do rio Trombetas (Pará), nos períodos de águas altas e águas baixas 
 
É interessante notar a influência, ou seja, o efeito, do pulso de inundação sobre 
os animais aquáticos. Por exemplo, os peixes se locomovem pelos rios e lagos da 
região, e em águas altas eles procuram abrigo e alimento no igapó, comendo sementes e 
até sendo predados por outros peixes, tudo isso por entre as árvores. O zooplâncton tem 
sua densidade aumentada em períodos de águas baixas e densidade diminuída em 
períodos de águas altas. Conforme a água do lago sobe, a densidade do zooplâncton 
diminui, e sua riqueza (quantidade de espécies) aumenta, por causa das espécies que 
chegam conforme a água sobe, e o efeito contrário acontece quando o nível da água 
abaixa. 
Um fato interessante é que a água sobe durante o período das chuvas, porém 
uma das principais causas desta variação é o degelo dos Andes, onde parte dos rios 
amazônicos nasce. Desta forma, a floresta amazônica está intimamente ligada aos 
Andes. Por sua vez, o pulso de inundação é tão importante para os ecossistemas 
aquáticos sujeitos a ele que os rios, lagos e florestas que sofrem seus efeitos não podem 
ser vistos como meros rios, lagos e florestas comuns. O efeito do aumento e diminuição 
do nível d’água, aliado à mudanças na conectividade e à interação com o ambiente 
terrestre adjacente faz com que o pulso de inundação seja uma grande força nestes 
ambientes, e também em todos os seres vivos que lá vivem. 
 
 
Reservatórios 
 
Finalidade 
 
No Brasil os reservatórios são formados principalmente pelo represamento de 
rios para atender os seguintes objetivos: abastecimento de águas, regularização de 
cursos, obtenção de energia elétrica, irrigação, navegação, recreação, entre outros. 
Alguns dos efeitos positivos são: produção de energia elétrica, fontede água 
potável e para sistemas de abastecimento, maior prosperidade para setores de 
populações locais, criação de oportunidade de recreação e turismo, navegação, geração 
de empregos e aumento de produção de peixes por aqüicultura 
 
Características 
 
Os reservatórios apresentam grande instabilidade limnológica. A construção de 
barragens no leito dos rios cria grandes lagos artificiais formando um novo ecossistema, 
sendo que um reservatório não mantém completamente as características de um rio, nem 
reflete integralmente as características de um lago. Os reservatórios são considerados na 
sua grande maioria, como um estádio intermediário entre um rio e um lago, ou seja, 
entre ambiente lótico e lêntico. Pq? Pq as características de ambiente lentico e lótico 
irão depender do tempo de residência da água (tempo de permanência da água na 
represa). Por exemplo, se há uma intensa necessidade de produção de energia elétrica, 
os reservatórios terão tempo de residência (volume/vazão) da água muito baixo e assim 
assumir características ecológicas próximas aos ecossistemas lóticos. Por outro lado, se 
não houver intensa necessidade de produção de energia os reservatórios apresentarão 
tempo de residência da água elevado e assim apresentar características de um ambiente 
lentico. 
Dessa forma, outra característica importante dos reservatórios é essa grande 
variação de nível de água que pode ocorrer por pouco tempo. 
Os reservatórios são detectores sensíveis dos impactos antropogênicos na bacia 
hidrográfica. Por estarem inseridos na bacia hidrológica e fazerem parte do ecossistema 
a qualidade das águas dos reservatórios reflete, em grande parte, as atividades humanas 
no entorno da bacia hidrográfica bem como na própria água de drenagem. Eles na 
verdade, funcionam como “coletores de eventos” das bacias hidrográficas. Por exemplo, 
a atividade de agricultura realizada no entorno da bacia e o lançamento de esgotos 
domésticos e industriais na bacia de drenagem vão liberar material em suspensão, 
nutrientes e poluentes no rio. Consequentemente esse aporte de material em suspensão, 
nutrientes e poluentes irão interferir nos processos de organização das comunidades 
aquáticas no reservatório. Resumindo, os reservatórios são detectores sensíveis dos 
impactos antropogênicos na bacia hidrográfica, e o estudo desses ambientes artificiais se 
tornam de grande importância. 
 
 
A ecologia e os represamentos 
 
Se a construção de represas representa, de um lado, o progresso através da 
produção de energia elétrica, do abastecimento de água potável, da irrigação, da 
regularização da vazão dos rios, possibilitando o controle das enchentes, por outro lado, 
de modo contrário, traz como conseqüência uma série de alterações que, de modo geral, 
afetam profundamente a flora e fauna tanto aquáticas como terrestres A construção de 
barragens, com conseqüente formação de grandes lagos artificiais, produz diferentes 
alterações no ambiente,. 
 
Sucessão dos ecossistemas aquáticos (Reservatórios) 
Fase de enchimento 
 
O que ocorre durante a fase de enchimento, quais são as alterações na ecologia 
do reservatório? 
A fase de enchimento de um reservatório é definida como o período que 
começa com o fechamento do reservatório e termina quando este atinge sua operação 
normal (pode levar de 8 a 80 dias). É um período caracterizado por uma mudança 
ecológica marcante, de uma rápida e intensa transição de um ecossistema lótico para um 
lêntico. Esta fase cessa abruptamente a sucessão dos ecossistemas aquáticos e um novo 
padrão de sucessão é observado. 
Tais impactos resultantes da criação de novos reservatórios são significativos e, 
como incluem mudanças nas características físicas e químicas do corpo de água, 
representam, portanto, implicações severas na biota. Por exemplo, durante os primeiros 
dias os indivíduos de várias espécies de peixes ocupam todo o reservatório 
Durante a fase de enchimento, o ambiente lótico desaparece progressivamente 
e o ambiente lacustre se origina e se expande, alagando grandes extensões de áreas. 
Desta forma, essa fase é caracterizada por um aumento excessivo da carga de matéria 
orgânica facilmente degradável, iniciada pela inundação do solo com a vegetação. 
Dessa forma, ocorre: 
- aumento da transparência da água, 
- diminuição da turbulência, 
- liberação de nutrientes que pode acarretar no processo de eutrofização. Pode-
se dizer que, de um modo geral, a eutrofização acelera os processos metabólicos de um 
lago, devido a superfertilização, principalmente com Nitrogênio e Fósforo. Essa 
superfertilização possibilita o aumento da biomassa de algas, macrófitas aquáticas, e o 
aumento de matéria orgânica no sedimento. A decomposição da matéria orgânica 
autóctone ou alóctone traz como resultante principal a eliminação parcial ou total do 
oxigênio dissolvido na água, o qual é consumido nas reações bioquímicas de 
estabilização da matéria biodegradável afetando a vida aquática de modo a 
impossibilitar o desenvolvimento de peixes e de outros seres aquáticos. Ainda que esses 
prejuízos possam ser temporários ( desde que novas cargas orgânicas não venham a ser 
introduzidas) de vez que a quantidade de matéria orgânica inicial tende a diminuir, 
como resultado da própria estabilização biológica, o aparecimento de compostos 
orgânicos secundários, além do gás sulfídrico e de outros compostos resultantes da 
atividade anaeróbica no leito da represa, poderá ser a causa de uma impotabilidade 
temporária ou prejudicial à vida aquática, principalmente a peixes. 
- Além disso, a modificação da correnteza, que se torna mais lenta, cria massas 
de água com temperaturas das camadas superficiais mais elevadas do que a temperatura 
média da água do rio. 
- Com as mudanças no reservatório, as comunidades de plantas e animais 
tambémmudam. Nota-se uma mudança seqüencial da dominância de espécies e 
comunidades de ambientes lóticos para aquelas de águas mais calmas. Essas alterações 
que ocorrem no ambiente recém-formado levam as comunidades biológicas a uma nova 
organização verificando-se a depleção de algumas populações, para as quais as novas 
condições, como as características físicas e químicas da água e/ou as relações bióticas, 
são restritivas, e a explosão de outras populações, que encontram nesse novo ambiente 
condições favoráveis, geralmente transitórias, para manifestar seu potencial de 
exploração. levando-se em consideração as estratégias reprodutivas, padrões de 
migração, interações tróficas, morfologia e hidrologia do reservatório, presença de 
outros reservatórios na bacia hidrográfica, usos da bacia de drenagem e geologia. 
 
 
Após a formação do reservatório 
 
Zonação 
 
Gradientes longitudinais 
 
Nos reservatórios em geral, são encontradas 3 regiões distintas: A região 
fluvial, região de transição e região lacustre. As diferenças entre esssas regiões deve-se 
principalmete a sedimentação e ao transporte do material em suspensão. 
 
Região fluvial- possui maior influencia das características do rio. Observa-se 
grande transporte de material e muito pouca sedimentação. Nessa região verifica-se alta 
concentração de nutrientes mas pouca disponibilidade de nutrientes, o que limita a 
produção primária. 
Região transição, a sedimentação é um pouco maior do que na fluvial e o 
trasnporte do material é menor. Isso faz com que a quantidade de material em suspensão 
seja menor e que a luz incida com maior intensidade. Esta característica associada com 
a disponibilidade de nutrientes, faz com que a produtividade primária seja maior. 
Região lacustre. Ocorre grande sedimentação e pouco transporte por corrente 
de fluxo horizontal.Apesar da luz não ser um aftor limitante, os nutrientes encontram-se 
retidos no sedimentoe, devido a grande profundidade dessa região, quase não podem ser 
reciclados para a coluna de água e aproveitados pelos produtores primários. 
 
 Considerações sobre os reservatórios 
 
O estudo de sistemas dinâmicos como reservatórios, tem contribuído, e, 
certamente contribuirá no futuro para compreensão de problemas básicos em Ecologia. 
O conhecimento científico dos reservatórios como ecossistemas, suas interações com as 
bacias hidrográficas e com os sistemas a montante e jusante, tem adicionado 
permanentemente novas dimensões à abordagem sistêmica na pesquisa ecológica, 
proporcionando uma base fundamental para o gerenciamento da qualidade da água e das 
bacias hidrográficas. Como os reservatórios são permanentemente manipulados pelo 
homem, seu estudo científico e as aplicações advindas desse estudo, produzem novas 
perspectivas de manejo desses ecossistemas artificiais. Como já foi dito, reservatórios 
são sistemas híbridos entre rios e lagos e seu estudo deve levar esta característica em 
consideração. São sistemas artificiais relativamente recentes. Os reservatórios são parte 
de uma bacia hidrográfica e como tais detectam todos os efeitos das atividades 
antropogênicas nessas bacias.

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