Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
[Digite aqui] 1 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA [Digite aqui] 2 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. [Digite aqui] 3 Sumário FACUMINAS ............................................................................................................... 2 Introdução .................................................................................................................. 4 Aspectos Gerais da Intervenção Psicopedagógica ............................................... 6 Contexto Escolar ....................................................................................................... 7 Estratégias de Intervenção Psicopedagógica ...................................................... 19 A Intervenção Psicopedagógica no Fracasso Escolar ........................................ 29 As Dificuldades da Aprendizagem ......................................................................... 30 Déficit de Aprendizagem......................................................................................... 32 O Trabalho e a Intervenção do Psicopedagogo na Escola .................................. 33 A Intervenção Psicopedagógica na Sala de Aula ................................................. 35 A Intervenção Psicopedagógica junto à família ................................................... 37 Sugestões de Intervenção Psicopedagógica ........................................................ 39 REFERENCIAS ......................................................................................................... 41 [Digite aqui] 4 Introdução Esta disciplina faz parte de um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e prática psicopedagógica. Seu objetivo é ofertar conhecimentos e saberes que permitam ao psicopedagogo, em formação, construir sua identidade profissional, conhecer o campo da Psicopedagogia Institucional e dominar o processo de intervenção psicopedagógica, com ênfase no espaço escolar. Em nosso curso, até o presente momento, foram discutidas questões teóricas psicopedagógicas de grande relevância, como: as bases epistemológicas da Psicopedagogia, os processos de construção do conhecimento, as contribuições da Psicanálise para a compreensão do saber psicopedagógico e uma análise aprofundada das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar. Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos de avaliação e intervenção psicopedagógica institucional com competência e propriedade. A disciplina Avaliação Psicopedagógica Institucional iniciou uma relação mais próxima com o fazer psicopedagógico que esta disciplina pretende continuar. Uma vez que aprendemos a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem, pressupõe-se que é necessário compreender como intervir neste contexto. Este é o nosso objetivo, agora. Esta disciplina vai tratar do saber e do fazer psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e [Digite aqui] 5 todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica institucional. A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não- aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como desconstrutores das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados. O psicopedagogo que trabalha na instituição de ensino deve pensar globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, onde a escola predomina como lócus de aprendizagem, mas não como único espaço capaz de propiciá-la. Além de conceber a aprendizagem como resultante de um sistema complexo em interação, o psicopedagogo institucional tem que adquirir ferramentas de trabalho para agir, desenvolver estratégias de trabalho, atuar preventivamente e promover reajuste nos sistemas de aprendizagem que apresentam disfunções. Para atuar, este profissional necessita dominar conhecimentos específicos que orientam os processos de avaliação, intervenção e atuação psicopedagógica na instituição de ensino, considerando que grande parte de seu instrumental de trabalho será produzido por ele mesmo, de acordo com a realidade onde está inserido, com as demandas com as quais lida e as características específicas da clientela que atende. Neste Caderno de Estudos vamos discutir a intervenção psicopedagógica institucional em sua dimensão teórica e, em especial, sua aplicação prática. Após [Digite aqui] 6 aprender a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem é indispensável ao especialista em formação adquirir competências que permitam a elaboração de estratégias de intervenção psicopedagógica, no âmbito educacional, com o propósito de lidar com as dificuldades presentes e promover ações reguladores das queixas de aprendizagem evidenciadas. Aspectos Gerais da Intervenção Psicopedagógica O que é Intervenção Psicopedagógica? Analisar o conceito de Intervenção Psicopedagógica no âmbito escolar. O fazer psicopedagógico surge na medida em que ocorre uma reflexão profunda sobre a Intervenção Psicopedagógica, seus objetivos, metas e procedimentos. Esta etapa da prática psicopedagógica institucional representa um momento de grande importância, pois traduz a intencionalidade do profissional que elaborou uma avaliação e que vai implementar ações corretivas ou preventivas dos possíveis desvios de aprendizagem encontrados. A intervenção é a etapa final do processo psicopedagógico e, ao mesmo tempo, seu re-início, pois seus resultados podem levar o psicopedagogo e a escola a um novo ponto de partida e de reflexão sobre o fazer psicopedagógico no contexto educacional. Assim como a avaliação, a intervenção não representa um fim, em si mesma, mas um conjunto de medidas que vão gerar novas práticas de prevenção, correção e enriquecimento da aprendizagem, mesmo que de modo não intencional. Com o advento das Ciências Humanas, em especial a Pedagogia e a Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimentosurgiu, também, a possibilidade [Digite aqui] 7 de intervir na escola e na sala de aula em situações de dificuldades de aprendizagem e/ou fracasso escolar. À medida que novos conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem foram sendo produzidos, aumentaram as situações de intervenção do pedagogo e do psicólogo escolar na instituição de ensino. Ao longo da história observamos modos diferentes de intervir no contexto escolar, geralmente influenciados pelos modelos teóricos orientadores das práticas pedagógicas. Na atualidade, a intervenção continua sendo feita, tanto de modo planejado, como nos serviços psicopedagógicos e de orientação educacional, ou de modos não intencionais, mas atendendo aos objetivos gerais de qualquer iniciativa educacional. Quando um profissional da Educação age pedagogicamente a favor do aluno e o recebe no espaço escolar para mediar saberes e conhecimentos, ele está intervindo. Toda e qualquer ação realizada por um educador é de natureza interventiva, resta saber se planejada ou não e com quais objetivos. Não esqueça! Intervir psicopedagogicamente não é novidade para o educador. Ele vem realizando práticas como estas há tempos, mesmo sem ter muita noção do que pretende com estas ações. A Psicopedagogia, ao se organizar como área do conhecimento, traz luz a estas ações e tornam-nas intencionais, planejadas, voltadas para objetivos específicos e que se relacionam aos problemas escolares e de aprendizagem. Contexto Escolar Com a Psicopedagogia, a intervenção psicopedagógica adquire um sentido específico, que é atuar na correção e prevenção do fracasso escolar e também no enriquecimento tanto do ensino quanto da aprendizagem. O psicopedagogo, ao intervir na dinâmica escolar, vai inserir-se nas tramas relacionais do aluno com sua família, com seus pares, seus professores e também vai interferir nas interações que [Digite aqui] 8 ocorrem no espaço escolar entre distintos profissionais, considerando ele mesmo como participante destas interações. Além de transformar os processos interativos, o psicopedagogo pode alterar estruturas curriculares, metodologias de ensino e mesmo opções teóricas que sustentam as práticas pedagógicas. Sua ação vai modificar a estrutura escolar, seja para o bem ou para o mal. Seu trabalho tem grande alcance e, por esta razão, necessita sem muito bem planejado, estruturado e formalizado. Pense um pouco sobre sua prática como educador(a)! Você, certamente, toma decisões freqüentes de intervenção em várias dimensões da prática educacional. Estas intervenções também são compreendidas como psicopedagógicas. Faça uma lista de intervenções que você já realizou e reflita sobre as relações entre elas e o conhecimento psicopedagógico. O que significa Intervenção Psicopedagógica no âmbito escolar? Igea (2005) considera que a intervenção psicopedagógica inclui: ( ) funções de coordenação e estímulo do conjunto das atividades orientadoras dos professores, assim como o aprofundamento ou a ampliação dessas atividades, transformando-se (o trabalho psicopedagógico), dessa forma, numa instância de apoio para a instituição escolar. ( ) sendo as áreas de intervenção psicopedagógica os processos de ensino- aprendizagem, a atenção à diversidade, a prevenção e desenvolvimento pessoal e a orientação acadêmica e profissional (p.35) Estratégias de Intervenção Psicopedagógica Na perspectiva de Rodríguez (2005), a intervenção psicopedagógica é: ( ) um processo compartilhado entre os diversos profissionais psicopedagogo, tutor e/ou professor de área, família, etc. numa relação simétrica, cada um a partir do seu saber, e contextualizado no estabelecimento escolar (p.54). [Digite aqui] 9 Este autor conceitua a intervenção psicopedagógica considerando, especialmente, as funções exercidas pelos psicopedagogos na escola, com destaque para as seguintes ações: 1) Ações psicopedagógicas nas equipes de apoio escolar; 2) Ações psicopedagógicas de prevenção educativa; 3) Ações psicopedagógicas de levantamento de necessidades; 4) Ações psicopedagógicas de avaliação; 5) Ações psicopedagógicas de elaboração de projetos curriculares; 6) Ações psicopedagógicas de atendimento à diversidade dos alunos; 7) Ações psicopedagógicas de adaptações curriculares; 8) Ações psicopedagógicas de orientação pessoal, vocacional e profissional. Solé (2001) utiliza a concepção de César Coll sobre intervenção psicopedagógica que a considera um amplo conjunto de tarefas e funções realizadas pelos profissionais que prestam assessoramento psicopedagógico às escolas (p.37). Estas tarefas e funções organizam-se em torno de quatro eixos, a saber: (a) natureza dos objetivos da intervenção; (b) modalidades de intervenção; (c) direcionamento da intervenção e [Digite aqui] 10 (d) lugar preferencial da intervenção. Primeiro Eixo Natureza dos objetivos da intervenção: Com relação ao eixo natureza dos objetivos da intervenção o que se destaca é a construção de um continuum que permite identificar a natureza dos procedimentos de intervenção e se eles devem ser focados no aluno, em uma perspectiva corretiva e de atendimento individualizado ou se deve ser focado na escola, com propostas preventivas e de atendimento coletivo. Estes focos, entretanto, não são excludentes. Cabe ao psicopedagogo definir a natureza da intervenção de acordo com as demandas prioritárias. Segundo Eixo Modalidades de intervenção: O eixo modalidades de intervenção engloba os tipos de intervenção psicopedagógica, que são: as corretivas, as preventivas e as de enriquecimento. As intervenções corretivas, em geral, destinam- se a casos específicos de sujeitos com dificuldades de aprendizagem pontuais e que ainda podem ser atendidos na escola, por uma equipe interdisciplinar. Nestes casos, o psicopedagogo centra o processo de intervenção no sujeito e suas necessidades eminentes. As intervenções de caráter preventivo têm uma natureza coletiva e destinam-se a grupos de sujeitos em situação de risco ou dificuldades de aprendizagem. Elas também podem ser aplicadas em toda a comunidade escolar, com a perspectiva de criar estratégias preventivas do fracasso escolar antes mesmo de sua manifestação. As intervenções psicopedagógicas de enriquecimento escolar são destinadas a todos os alunos, pois objetivam potencializar talentos e competências, a despeito da existência de quadros de dificuldades de [Digite aqui] 11 aprendizagem. Um aluno que vivencia uma dificuldade, também apresenta talentos que podem e devem ser enriquecidos por meio de ações psicopedagógicas específicas. Terceiro Eixo Direcionamento da intervenção: As intervenções psicopedagógicas têm direcionamentos próprios, como bem define o eixo direcionamento da intervenção. O psicopedagogo deve lançar mão de diferentes caminhos ao propor ações psicopedagógicas, seja de que natureza for. Ele tanto pode atuar diretamente com um aluno que demanda ação corretiva, como pode optar por atuar de modo indireto com este aluno, por meio de orientação de seus professores e familiares. Para decidir qual direcionamento dar às intervenções, o psicopedagogo deve realizar uma avaliação psicopedagógica competente que forneça informações precisas para a tomada de decisão das ações a serem implementadas. As características do contexto, dos professores e do próprio aluno também são critérios que devem ser considerado ao definir-se a direção da intervenção. Quarto Eixo Lugar preferencial da intervenção: O último eixo, denominado lugar preferencial de intervenção define o local onde a intervenção psicopedagógica ocorrerá, incluindo diferentes níveis e contextos nos quais o psicopedagogo focará sua ação. A intervenção pode ocorrer na escola, como um todo, somente em sala de aula, diretamente com o professor, incluindo (ou não) a família, enfim,em diferentes espaços conforme a urgência ou demanda por modificações de padrões, práticas e crenças impeditivas da aprendizagem. Não esqueça! É importantíssimo que o psicopedagogo tenha ciência de que a intervenção psicopedagógica pode construir pontes que permitam aos sujeitos [Digite aqui] 12 envolvidos na relação de ensino e aprendizagem encontraramse e rumarem, juntos, para um mesmo destino. A intervenção psicopedagógica pode se beneficiar bastante ao apropriar-se do conceito de andaimaria, construído por César Coll, renomado pesquisador espanhol, para traduzir parte de sua intencionalidade ao interferir na realidade escolar a partir de suas avaliações e considerações sobre o contexto de aprendizagem existente. Este conceito remete à função do andaime, que é uma armação de madeira ou de metal com estrado, sobre o qual trabalham os operários nas construções quando já não é possível trabalhar apoiados no chão. O andaime é utilizado para sustentar os trabalhadores até que eles vençam uma etapa específica do trabalho. Após a realização de uma etapa, o andaime pode ser utilizado para apoiar um momento posterior do trabalho ou mesmo retirado, caso não seja mais necessário. Com base na metáfora do andaime, a intervenção psicopedagógica não só constrói pontes que permitem o encontro entre sujeitos no espaço escolar como também propõe relações de ajuda, onde situações de apoio à aprendizagem são construídas (os andaimes) com o propósito de sustentar momentaneamente o aluno que ainda necessita de ajuda para caminhar, mas que em breve recuperará sua autonomia. Não esqueça! O principal objetivo da intervenção psicopedagógica consiste em auxiliar os sujeitos envolvidos na ação educacional a lidarem com os problemas e dificuldades emergentes, em uma perspectiva não só de solução, mas, especialmente de natureza preventiva. Estratégias de Intervenção Psicopedagógica A intervenção também dependerá do marco teórico que o psicopedagogo escolher para orientar suas ações. Somos sabedores de que a teoria precede à prática e que qualquer ação pedagógica ou psicopedagógica prescinde de uma epistemologia que [Digite aqui] 13 a sustente e justifique. Portanto, é indispensável ao especialista em Psicopedagogia ter clareza da importância de adotar um referencial teórico norteador de sua prática. É neste corpo de conhecimentos que ele vai buscar alternativas para lidar com dificuldades de aprendizagem no espaço escolar, e mesmo fora dele. Não esqueça! A adoção de um referencial teórico auxilia o profissional a interpretar os fatos, problemas e situações com as quais ele se defronta e também define de que modo este profissional vai enfrentar estes contextos e, sobre eles, atuar. Em uma perspectiva teórica que considera a relação de ensino e aprendizagem como um processo originado na interação entre professor e aluno, em contextos culturais que orientam a aprendizagem, o psicopedagogo é percebido como agente que, ao intervir neste processo, vai modificá-lo de modo a solucionar os problemas existentes ou mesmo potencializá-los. Este especialista não é neutro ou externo ao contexto das dificuldades de aprendizagem. Uma vez envolvido com esta situação, ele passa a fazer parte dela e vai influenciá-la, tanto positiva como negativamente. O resultado depende do seu preparo para o exercício de sua função e da sua capacidade de refletir sobre a própria prática, buscando avaliar-se continuamente, em parceria com a comunidade escolar. O psicopedagogo deve ser agente de mudança, no sentido construtivo e agregador que esta palavra pode conter. Quais os objetivos de uma intervenção psicopedagógica institucional? Podemos elencar alguns, a saber: Contribuir para o alcance dos objetivos educacionais da instituição de ensino; Promover situações que proporcionem ao aluno condições de progressão em seus processos de aprendizagem e desenvolvimento, articulando os meios necessários para que isto ocorra; Atuar no sentido de buscar condições ideais de ensino, o que inclui [Digite aqui] 14 alterações e/ou modificações nas práticas docentes, didáticas, do currículo, nos recursos educacionais, dentre outros aspectos; Auxiliar o docente em todas as situações de aprendizagem, em especial aquelas onde se evidenciam problemas e/ou queixas; Contribuir para um ensino de qualidade e diversificado ajustado para os diferentes tipos de alunos; Assessorar a instituição escolar para o alcance de ótimas condições de funcionamento que permitam a consolidação de processos de ensino e aprendizagem de qualidade; Promover ações que permitam à instituição de ensino otimizar seus recursos humanos, potencializando talentos e competências não só dos alunos, como do corpo docente e demais agentes educacionais. Não esqueça! Uma escola de qualidade é uma instituição cada vez mais aberta, que elabora respostas diversas, adaptadas a seus usuários. A necessidade de atender a alunos diferentes para que todos eles progridam no desenvolvimento de suas capacidades implica localizar o currículo, a proposta curricular que a escola elabora e que se concretiza na vida cotidiana das salas de aula, como eixo da intervenção psicopedagógica (Sole, 2001, p.57) O psicopedagogo que atua no âmbito institucional deve ter ciência de que seu trabalho deve ocorrer de modo compartilhado com os outros sujeitos envolvidos nas situações docentes, em especial aquelas que apresentam queixas ou problemas. Partindo desta premissa de ação compartilhada é que o psicopedagogo vai estruturar seus modelos de intervenção, considerando o papel de cada sujeito nestas ações, as condições de implantação e as possibilidades de sucesso das estratégias. Com base na avaliação psicopedagógica de um dado contexto, o psicopedagogo começará a organizar as intervenções necessárias de modo planejado e partilhado com toda a comunidade escolar. [Digite aqui] 15 A Psicopedagogia, como toda disciplina científica vinculada aos processos educacionais, tem grande responsabilidade diante da exclusão escolar, que pode ocorrer por meio do surgimento das dificuldades de aprendizagem, do fracasso escolar ou da combinação destes fatores mesclados a tantos outros. Compreender o processo de construção dos impedimentos à aprendizagem e atuar institucionalmente no sentido de preveni-lo consiste na tarefa fundamental deste profissional, sempre em uma relação interdisciplinar, contando com o auxílio e experiência dos outros profissionais atuantes no cenário escolar. Para contribuir de modo eficiente na prevenção e tratamento das dificuldades de aprendizagem, a Psicopedagogia deve investigar o contexto onde os impedimentos à aprendizagem se instalam, quais as características deste contexto, que visão de homem e de mundo predominam neste cenário e, especialmente, que modelo de educação sustenta um ambiente que não permite o livre fluxo da aprendizagem. O especialista em Psicopedagogia pode somar esforços no espaço escolar e contribuir para a geração de um ambiente nutritivo não só para a aprendizagem dos alunos, mas, especialmente, para os seus processos de desenvolvimento. Há muito que fazer na escola por uma educação de qualidade para todos. O psicopedagogo ciente de suas responsabilidades pode contribuir no sentido de: Promover processos de reflexão, no ambiente escolar, no sentido de pensar e repensar crenças e valores com relação ao diferente, à diversidade e à igualdade; Investigar, com profundidade, o potencial dos alunos, suas possibilidades de sucesso, as condições que favorecem este quadro e a promoção do mesmo; Ao identificar as situações de dificuldades de aprendizagem e/ou fracasso escolar, evitar pôr o foco no problema, mas sim destacar as possíveis soluções; Ajudar a [Digite aqui] 16 escola a encontrar saídas metodológicas e avaliativas criativas que favoreçama inclusão; Propor alternativas de ação didática e pedagógica aos professores, deixando claro que o processo de ensino e aprendizagem deve focar o aluno e não conteúdos; Incentivar a pesquisa, a autonomia de pensamento, a originalidade, a criatividade em todos os sujeitos que interagem no espaço escolar; Auxiliar a família a lidar com as diferenças e dificuldades de seus filhos, respeitando as circunstâncias em que eles vivem e sem negar os problemas existentes; Estratégias de Intervenção Psicopedagógica. Não esqueça! A Psicopedagogia tem a responsabilidade de criar pontes que permitam o diálogo entre o aprender e o não-aprender, o acesso de todos ao conhecimento e a construção de estratégias que regulem todo o processo, permitindo ao sujeito experimentar sucesso em seus processos de desenvolvimento e aprendizagem considerando suas expectativas e peculiaridades. A intervenção psicopedagógica é prática comum na vida de qualquer educador. Ao preparar uma aula, ao pensar em processos de coordenação e gestão escolar, ao refletir sobre os problemas comuns à escola o educador intervêm psicopedagogicamente. Esta dimensão ampla da intervenção psicopedagógica ocorre o tempo todo, especialmente ao considerarmos o movimento dinâmico que caracteriza uma instituição escolar. Mesmo sem planejar, o educador atua psicopedagogicamente todos os dias, resolvendo problemas e procurando soluções criativas para os desafios cotidianos. Não é desta intervenção que vamos tratar neste capítulo. O tipo de intervenção que é foco de nossa discussão é aquela realizada por meio de meticuloso trabalho de planejamento e estruturação, ação específica do especialista em psicopedagogia e voltada para a solução de [Digite aqui] 17 dificuldades de aprendizagem ou contextos onde se evidencia o fracasso escolar. A intervenção psicopedagógica tem um caráter próprio, tem características específicas e metas pré-estabelecidas, por isso a necessidade de compreendermos sua natureza e aprendermos a elaborar estratégias para realizá-la de modo competente e adequado. Nossa meta é o sucesso escolar! Já sabemos o que é uma intervenção psicopedagógica. Sabemos para o que serve e quais características possui. Somos cientes da amplitude de sua ação e da necessidade de olharmos todos os sujeitos da ação pedagógica para atuarmos bem, do ponto de vista psicopedagógico. Resta aprendermos a intervir, tarefa difícil, que exige apropriação teórica e experiência, prática, o fazer do dia a dia, na escola e na vida. Não esqueça! Para intervir corretamente, do ponto de vista psicopedagógico, é indispensável saber avaliar uma situação de dificuldade de aprendizagem ou fracasso escolar. A partir de uma avaliação psicopedagógica bem elaborada é possível retirar subsídios que sustentem uma intervenção de qualidade. A avaliação psicopedagógica vai situar o problema de aprendizagem em seu contexto, considerando: 1) O lócus onde ocorre o problema; 2) Os sujeitos diretamente envolvidos; 3) Os sujeitos indiretamente envolvidos; 4) A identificação do problema e sua caracterização; 5) A identificação dos diferentes contextos (sala de aula, relação professor e aluno, currículo, estratégias didáticas, características do professor e do aluno envolvidos na [Digite aqui] 18 queixa escolar, contexto familiar do aluno etc.) que configuram o quadro de não- aprendizagem; 6) As principais áreas de interferência da dificuldade de aprendizagem (conteúdos específicos, dimensões afetiva, cognitiva, relacional etc.). De posse destas informações, o psicopedagogo vai pensar sobre a queixa de aprendizagem, refletir sobre seus condicionantes e elementos constituintes, conversar com os sujeitos envolvidos e começar a decidir sobre os caminhos que vai propor para intervir e buscar alternativas de solução e/ou prevenção para a situação em questão. Neste momento é muito importante ter clareza com relação a: A) Qual a natureza do trabalho psicopedagógico? O que faz um psicopedagogo no âmbito escolar? Quais as suas funções? O que a escola espera deste especialista? Que tipo de contribuições ele pode dar aos alunos e à instituição de ensino? Estas questões devem estar claras na mente do especialista em Psicopedagogia. Conhecer a natureza do seu trabalho, o âmbito de sua atuação, as ações que se espera de um psicopedagogo é o mínimo para o exercício desta profissão. Além destas competências, espera-se que o psicopedagogo tenha conhecimentos consolidados de educação, desenvolvimento humano e aprendizagem. Seu papel, no contexto escolar, exige dele vasto repertório teórico, domínio da prática, posturas éticas e competências nas relações interpessoais. É importante destacar, também, o trabalho interdisciplinar como modelo de condução das ações de avaliação, intervenção e apoio psicopedagógico na escola. [Digite aqui] 19 Todas as vozes que participam das relações de ensino e aprendizagem devem ser ouvidas e convidadas a participarem do trabalho e o psicopedagogo não só pode como deve ser o elemento aglutinador destas vozes, o orquestrador que vai permitir que, todos juntos, trabalhem em prol de um benefício comum. Estratégias de Intervenção Psicopedagógica Quais concepções teóricas vão orientar a intervenção psicopedagógica? A apropriação teórica é o principal aspecto norteador da prática psicopedagógica. Sem uma boa teoria não existe uma prática de qualidade. O maior engano que se comete na prática educacional é considerá-la ação realizada por meio do improviso. O trabalho pedagógico (e também o psicopedagógico) exige planejamento, estrutura, estratégias de ação e avaliação, para que ele se auto-regule, se renove e alcance seus objetivos. Para planejar e agir adequadamente, temos que assumir posturas teóricas e ideológicas que vão definir nossa visão de mundo, de homem e de educação. Somente com concepções teóricas bem sustentadas é possível pensar em intervir no contexto de ensino e aprendizagem, buscando modificações neste sistema. Eu só posso atuar no sentido de ajudar uma criança a resgatar suas competências de aprendizagem se eu sei o que é aprendizagem, como ela ocorre para o sujeito e quais os seus processos e características. Eu só posso intervir no ensino quando tenho ciência da sua estrutura, do seu funcionamento e de todos os elementos que atuam para promovê-lo ou impedi-lo. [Digite aqui] 20 Uma opção teórica de qualidade, somada às contribuições de outras áreas do conhecimento, vai permitir ao psicopedagogo compreender o que é aprendizagem, seus impedimentos, as características das DAs, sua etiologia, como identificá-las e, especialmente, como atuar no sentido de solucioná-las, transformando o que é déficit em novas competências e saberes do aluno. Não esqueça! Não é possível atuar pedagógica e psicopedagogicamente por meio de achismos! Precisamos do conhecimento científico para nos orientar e nos auxiliar a compreender a complexidade dos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos humanos. Somente desta forma podemos intervir com segurança e chances de êxito. Que escola é esta onde vou intervir? O psicopedagogo necessita conhecer, com profundidade, o espaço escolar onde vai atuar. Para além deste espaço, este profissional precisa conhecer o sistema educacional do país, sua legislação, o modus operandi da máquina pública e privada, sua eficácia, as avaliações que são realizadas, as intencionalidades que permeiam as decisões políticas vinculadas à educação, enfim, ter ciência da realidade educacional do país, com complexidade e postura crítica. Após construir uma visão adequada do sistema educacional este especialista deve aprofundar-se na investigação da instituição escolar onde irá intervir. Para isto é indispensável compreender a história da unidade escolar, os sujeitos envolvidos nestahistória, as crenças e valores que foram surgindo ao longo da existência da instituição de ensino, as mudanças mais significativas, os vínculos da escola com os macro sistemas educacionais, seus projetos pedagógicos, suas estratégias de gestão, coordenação pedagógica e orientação dos educadores e alunos, o currículo, as metodologias de ensino disseminadas, as estratégias de [Digite aqui] 21 avaliação, as práticas em sala de aula, a forma como a escola lida com o sucesso escolar, o fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem, dentre tantos outros fatores. O psicopedagogo que pretende atuar de modo competente deve passar um pente fino na instituição, no sentido de compreendê-la com relação aos aspectos físicos, legais e institucionais, assim como os aspectos subjetivos, orientados por crenças, valores e práticas. Não esqueça! Quando eu sei que escola é esta onde devo atuar tenho condições de escolher caminhos e procedimentos que permitam o alcance dos objetivos psicopedagógicos. Quem são as pessoas envolvidas na queixa de aprendizagem? Em geral, uma queixa de aprendizagem surge a partir de comportamentos desviantes de um aluno, ou mesmo um grupo de alunos, em relação ao seu desempenho escolar. Um comportamento desviante traduz-se em condutas que se afastam de padrões de adequação de processos de desenvolvimento e aprendizagem de um sujeito. Apesar de ser o foco da queixa, o aluno não é, necessariamente, o único nem o principal construtor de seu impedimento à aprendizagem ou o responsável por ela não ocorrer. O que mais se observa, quando se avalia a instituição escolar, é o fato de o aluno ser apenas um emissário de sinais que indicam que o sistema de ensino e aprendizagem está em falência. Quando um aluno fracassa na escola, todo um sistema fracassa junto a ele. Por isso a falácia em buscar a fonte ou a origem do problema de aprendizagem apenas no aluno. Esta é uma solução fácil, mas que não traduz a complexidade da situação em questão e muito menos resolve o problema. Uma queixa de aprendizagem é fenômeno construído por múltiplas mãos e mentes. É necessário muita gente atuando contra para que uma criança deixe de aprender. Seres humanos são tão competentes que, mesmo em situações precárias, [Digite aqui] 22 continuam aprendendo. O psicopedagogo preparado deve ter esta premissa em mente quando for investigar a origem de uma dificuldade de aprendizagem. Todos os sujeitos envolvidos no aprender têm sua cota de responsabilidade nas situações de não-aprendizagem. Compreender o papel de cada uma destas pessoas no quadro de fracasso da aprendizagem, o modo com cada indivíduo interfere e impede uma criança de aprender, o papel do sistema de ensino nesta situação específica e o modo como o aluno que expressa esta queixa lida com a questão é da maior relevância para qualquer ação interventiva. Não esqueça! É indispensável conhecer, muito bem, cada sujeito envolvido em uma situação de não-aprendizagem! Quem é este aluno que delata o fracasso de todo um sistema? Conhecer o aluno, que traz à tona o problema de aprendizagem, é parte do processo de enfrentamento destas dificuldades. Há uma tendência em olhar o aluno como o elemento focal, como o centro do problema, como o responsável por uma situação de não-aprendizagem. Ele não é o responsável, ele é parte de um sistema que finaliza seu circuito nele e no seu desempenho escolar. Olhar para este sujeito e tentar compreendê-lo é um medida indispensável para buscar soluções que permitam lidar com um problema de aprendizagem, mas não é a solução. A solução só surge no trabalho que abarca todo o contexto de aprendizagem, em suas dimensões marco e micro sistêmicas. Entretanto é fundamental conhecer o sujeito que apresenta o sintoma do não aprender. É importante compreender sua estrutura personológica, seu contexto familiar, seu histórico de vida, seu histórico escolar, seu desempenho atual, suas potencialidades, seu modo de enfrentar o problema, suas crenças e valores sobre si mesmo e sobre seu processo educacional. O sujeito que vivencia uma situação de dificuldade de aprendizagem não é uma pessoa incapaz [Digite aqui] 23 de aprender, mas uma pessoa que, por diversas circunstâncias, está impedida de construir seus conhecimentos. O momento da avaliação psicopedágogica é, por excelência, a hora de conhecer o aluno com dificuldades de aprendizagem. O especialista em Psicopedagogia vai construir uma abordagem investigativa para saber quem é este sujeito, suas características, suas competências, suas dificuldades e, especialmente, suas potencialidades. Uma intervenção psicopedagógica institucional vai necessitar deste repertório de saberes sobre o aluno para decidir que estratégia irá utilizar para auxiliá-lo na reconstrução de sua aprendizagem. A intervenção psicopedagógica não pode, em momento nenhum, considerar o aluno como o elemento central de suas ações. O aluno é o beneficiário, é aquele que deve ser atendido em suas dificuldades, não o responsável ou mesmo o criador destas dificuldades. A intervenção vai beneficiar o aluno e atuar em todo o contexto escolar, o que inclui o aluno.O foco da intervenção psicopedagógica institucional é a instituição de ensino e não o aluno. E o psicopedagogo neste processo? O psicopedagogo é o especialista que vai realizar o trabalho de avaliação, intervenção e regulação das situações relacionadas às dificuldades de aprendizagem, no contexto escolar. Ele tem muitas outras funções na escola, mas neste momento vamos focalizar sua ação especificamente neste sentido: o de prevenir o fracasso escolar e auxiliar alunos, professores, educadores e famílias a superarem as queixas e os impedimentos à construção do conhecimento. Seu trabalho é, por natureza, interdisciplinar. Ele não atua sozinho. Não pode e nem deve realizar ações psicopedagógicas sem a participação da comunidade escolar. É sua responsabilidade chamar todos os envolvidos em uma queixa de aprendizagem para participarem de sua solução. Ele é [Digite aqui] 24 o orquestrador desta equipe que vai trabalhar para prevenir o fracasso escolar na escola. É de extrema relevância que ele tenha clareza do seu papel na escola, das suas atribuições e responsabilidades e das fragilidades que cercam qualquer atividade interventiva junto a pessoas e sistemas. As possibilidades de insucesso são reais. O psicopedagogo, ciente disto, é capaz de recomeçar, renovar caminhos, mudar estratégias e retomar seu trabalho, após tentativas infrutíferas. Além de saber lidar com possíveis situações de fracasso de suas ações, este profissional não pode esquecer que ele é parte do sistema escolar e, muitas vezes, também é parte do problema de aprendizagem enfrentado pelos alunos. Esta postura crítica e avaliativa da própria prática, por parte do psicopedagogo, é indispensável para que haja chances de êxito em suas intervenções. Portanto, psicopedagogo, não esqueça: você tanto pode contribuir para o sucesso escolar do aluno como para o seu fracasso. Como começar uma intervenção! Não há receitas para intervir do ponto de vista psicopedagógico. Há indicativos, orientações, premissas e sugestões de modelos de intervenção. O especialista em Psicopedagogia vai elaborar suas estratégias de intervenção a partir de todo o cabedal de conhecimentos que adquiriu em sua graduação e, em especial, em sua especialização. Já discutimos neste texto o que é necessário pontuar para que ocorra uma intervenção psicopedagógica de qualidade. Porém, o como intervir é fruto da autonomia e da tomada de decisão de cada profissional. Algumas questões são primordiais para que uma intervenção psicopedagógica possa ser construída, a saber: Sem uma avaliação psicopedagógica de qualidade não é possível intervir psicopedagogicamente, de modo planejado. A intervenção surge da avaliaçãopsicopedagógica, portanto, [Digite aqui] 25 aprenda a avaliar corretamente e a intervenção está quase pronta. Tudo é intervenção, ou seja, no momento em que ocorre contato entre o psicopedagogo, a escola e o aluno, a intervenção inicia. Nem tudo é intervenção, ou seja, o contato não é suficiente para solucionar problemas de aprendizagem, ele é parte do contexto. Para intervir é necessário saber construir estratégias de intervenção. Para elaborar estratégias de intervenção psicopedagógicas é preciso destacar os pontos nodais que deram origem ao impedimento da aprendizagem, os focos centrais e periféricos da intervenção. É preciso distinguir quais caminhos a tomar! Não esqueça! Neste momento entra a capacidade de tomar decisões do especialista em Psicopedagogia, sua competência em traduzir modelos teóricos estudados em práticas psicopedagógicas. A dimensão do fazer exige autonomia, coragem e iniciativa, por isso não há receitas. Certamente há sugestões que auxiliam na construção de estratégias de intervenção psicopedagógicas. Avaliemos algumas delas: 1) Para começar a pensar em quais estratégias psicopedagógicas devem ser construídas é importante dissecar a avaliação psicopedagógica. Questione os dados encontrados na avaliação psicopedagógica elaborada. Onde está o foco do problema de aprendizagem? Quem é o sujeito (ou os sujeitos) que delata o problema? Qual o nível de envolvimento da escola e de seus atores no problema? Qual o papel da família neste contexto? Como o sujeito que apresenta a dificuldade de aprendizagem age e reage ao que está acontecendo? Onde e como esta dificuldade de aprendizagem se apresenta? Faça com que a avaliação psicopedagógica diga quais os espaços onde deve ocorrer intervenção. [Digite aqui] 26 2) A escola é parte do problema! Veja onde e como a escola colabora na construção das dificuldades de aprendizagem e monte ações para desconstruir este contexto e construir novos. Estruture trabalhos específicos com gestores, coordenadores e professores. Atue onde há maior necessidade. Peça auxílio e trabalhe interdisciplinarmente. Veja o que precisa ser modificado, se são valores e crenças ou práticas e métodos. Avalie o trabalho, sempre. Deixe claro que um aluno que não aprende significa uma escola que não ensina. Tenha coragem de enfrentar, junto com os outros educadores, a parte que cabe a cada um com relação ao problema em questão. 3) E o papel do professor nesta história? Uma avaliação psicopedagógica de qualidade vai identificar o papel do professor na situação de não-aprendizagem investigada. Uma estratégia de intervenção competente vai trabalhar esta questão com o professor. É indispensável identificar as estratégias de ensino do professor. Mais ainda, é muito importante compreender o que o professor pensa sobre ensinar, aprender e educar. É necessário identificar como ele lida com as dificuldades de aprendizagem. É preciso conhecer o professor. Quem ele é? Onde e como se formou? Em quais práticas pedagógicas ele acredita? Em geral, o professor está envolvido na construção de uma queixa de aprendizagem. Ele é parte do processo e também deve ser contemplado na intervenção, muitas vezes de modo mais prioritário do que o aluno. O psicopedagogo precisa desenvolver estratégias para trabalhar com o professor para auxiliá-lo a enfrentar suas limitações e dificuldades e desenvolver suas potencialidades. O professor, muitas vezes, necessita mudar o rumo de sua prática, transformar suas concepções, mudar seus valores. Uma [Digite aqui] 27 intervenção psicopedagógica competente é capaz de promover mudanças desta natureza. 4) E o currículo, que dificuldades ele apresenta ou representa? A queixa de aprendizagem situa-se em qual área curricular? O aluno não consegue ler, escrever e interpretar textos? Ou ele não estrutura raciocínios lógicos? O que é necessário rever, em termos curriculares? É necessário repor conteúdos curriculares? É necessário ensinar, novamente, estratégias cognitivas que permitam à aquisição de competências intelectuais que facilitam a aprendizagem dos conteúdos curriculares? Para dar conta dos desafios postos pelo currículo o psicopedagogo tem que conhecer como o sujeito se apropria da escrita, da leitura, do raciocínio lógicomatemático, enfim, do conhecimento. É hora de retomar conteúdos teóricos, aprofundá-los e deles derivar estratégias de intervenção. Não há receita para ajudar uma criança a desenvolver o raciocínio matemático, mas se conheço como ela constrói seus conhecimentos, especialmente nesta área, tenho como elaborar formas de auxiliá-la a recuperar saberes perdidos ao longo do seu processo de escolarização. 5) A família e seu legado! A família é a instituição que organiza a construção da identidade do sujeito. Depois, quando este sujeito chega à escola, a família passa a compor, junto com a instituição de ensino, um sistema que define o desenvolvimento e aprendizagem de suas crianças. A família sempre está envolvida em uma queixa de aprendizagem, assim como o professor e a escola. Trabalhar com a família é fundamental e muito difícil. Nem sempre contamos com sua boa vontade ou desejo de assumir suas responsabilidades com relação ao fracasso escolar de um filho. Mas é indispensável tentar envolver a família nas ações psicopedagógicas, sempre. [Digite aqui] 28 A família pode ser orientada, ser convidada a participar do cotidiano escolar do seu filho, compartilhar o seu sucesso (e não só o fracasso), participar ativamente das atividades escolares, ser encaminhada (caso necessário) para outras ações preventivas e/ou terapêuticas, enfim, há muita coisa para se trabalhar com a família. Cabe ao psicopedagogo desenvolver estratégias para isto. 6) O aluno, quem de fato importa! Uma intervenção psicopedagógica tem como meta atender ao aluno, seja qual for a queixa escolar em questão. O aluno é o princípio, o meio e o fim da ação psicopedagógica. É em benefício dele que todo o trabalho se organiza. O psicopedagogo necessita conhecer o aluno e sua situação. Precisa entender seus motivos e quais as funções do não-aprender em sua história escolar e pessoal. No âmbito escolar, a intervenção psicopedagógica tem uma natureza preventiva, reguladora e enriquecedora. Cabe ao psicopedagogo não só auxiliar o aluno a superar dificuldades, mas também enriquecer suas experiências de aprendizagem, tornando a escola em um local que faça sentido para o sujeito. É necessário um olhar preciso sobre o aluno, no sentido de orientá-lo da melhor forma possível, de atender às suas demandas em consonância com seus momentos desenvolvimentais e de aprendizagem. Elaborar estratégias de intervenção psicopedagógicas não é tarefa fácil. Para isto, o especialista em Psicopedagogia tem que ter preparo, ousadia e certo grau de autorização pessoal para construir seu instrumental de trabalho. A literatura da área é a base para a construção da prática. A experiência é o mecanismo que refina esta prática e a coragem é o comportamento que permite o ir adiante, sem receitas, com criatividade e ética, porque educamos seres humanos e não há nada mais importante e precioso na existência do que isto. [Digite aqui] 29 A Intervenção Psicopedagógica no Fracasso Escolar Para Bossa (2002), a ideia do fracasso escolar teve seu surgimento no século XIX com a obrigatoriedade escolar decorridas das mudanças econômicas e estruturais da sociedade. Porém, cabe ressaltar que no período que antecede este século já havia crianças que não aprendiam, mas não eram conhecidas como tal. Durante muitos anos o fracasso escolar era visto simplesmente como uma falta de condição do aluno em adquirir conhecimentos, sendo somente de sua responsabilidade, porém, com o passar do tempo constatou-se que este problema também era de responsabilidade da sociedadee principalmente da instituição escolar que não pode contribuir para exclusão social. Com base em todo cenário educacional do país hoje, fica claro afirmar que devemos repensar nossa prática educativa e partirmos do pressuposto que o fracasso escolar não é uma responsabilidade somente do aluno, mas também da escola, família e de todos que estão envolvidos no processo de ensinar-aprender. Se aceitarmos o fato de sermos diferentes, temos que atentar para a necessidade de construirmos práticas pedagógicas que valorizem e aproveitem toda bagagem de conhecimentos construída pelo aluno no decorrer de sua caminhada escolar. Na atualidade, várias pesquisas têm sido realizadas na busca de compreender o fracasso escolar na alfabetização tendo em vista os problemas que a leitura e a escrita apresentam à educação (PATTO, 1996; MICOTTI, 1987; SCOZ, 1994). [Digite aqui] 30 Essas pesquisas indicam a existência de problemas no processo de ensino- aprendizagem da linguagem na primeira série, isto é, problemas relativos à alfabetização, pois é na primeira série que normalmente ocorre à alfabetização. O educando chega à escola com um grande número de experiências, de aprendizagens que são ignoradas pelo professor, pois mesmo antes de ingressar na escola a criança já possui inúmeras vivências que deveriam servir como ponto de partida das atividades do professor. A criança, mesmo não reconhecendo os símbolos do alfabeto, já "lê" o seu meio, estabelecendo relações entre significante e significado. A escola deve dar continuidade a esse processo defendendo a livre expressão da criança, pois com isso o educando enfrentará com mais tranquilidade a grande aventura do primeiro ano escolar: aprender a ler e escrever. Nesse sentido, é necessário que os educadores tenham conhecimentos que lhes possibilitem compreender sua prática e os meios necessários para promoverem o progresso e o sucesso dos alunos. Uma das maneiras de se chegar a isso é através das contribuições que a Psicopedagogia proporciona, pois é a área que estuda e lida com o processo da aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Sua nova visão vem sendo apresentada pela Psicopedagogia e vem ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros, despertando o interesse dos profissionais que atuam nas escolas e buscam subsídios para sua prática. As Dificuldades da Aprendizagem De acordo com Grigorenko; Ternemberg, (2003, p.29): Dificuldade de aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que [Digite aqui] 31 pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos. Quando a criança começa a ler, a maioria dos alunos tende a ver as palavras como imagens, com uma forma particular ou um padrão. Eles tendem a não compreender que uma palavra é composta de letras usadas em combinações particulares, que correspondem ao som falado. É essencial que os alunos sejam ensinados e aprendam a arte básica de decodificação e soletração desde o inicio. A ação de escrever exige também da parte da criança uma ação de analise deliberada. Quando fala, ela tem consciência das operações mentais que executa. Quando escreve, ela tem de tomar consciência da estrutura sonora de cada palavra, tem de dissecá-la e produzi-la em símbolos alfabéticos que tem de ser memorizado e estudado de antemão. Para Smityh; Strick, (2001, p.14) dificuldades de aprendizagem são “... problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações”. Um todo, objetivando facilitar o processo de aprendizagem. O ser sob a ótica da Psicopedagogia é cognitivo, afetivo e social. É comprometido com a construção de sua autonomia, que se estabelece na relação com o seu "em torno", à medida que se compromete com o seu social estabelecendo redes relacionais. A dificuldade de aprendizagem nessa definição é entendida e trabalhada com um agente dificultador para a construção do aprendiz que é um ser biológico, pensante, que tem uma história, emoções, desejos e um compromisso político-social. "A Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo" (RUBINSTEIN, 1996, p. 127). Nem sempre a Psicopedagogia foi entendida da forma como aqui está caracterizada. A Psicopedagogia, inicialmente, começou tendo como pressuposto [Digite aqui] 32 que as pessoas que não aprendiam tinham um distúrbio qualquer. Bossa, (2002, p. 42) esclarece que: A preocupação e os profissionais que atendiam essas pessoas eram os médicos, em primeira instância e, em seguida Psicólogos e Pedagogos que pudessem diagnosticar os déficits. Os fatores orgânicos eram responsabilizados pelas dificuldades de aprendizagem na chamada época "patologizante" A criança ficava rotulada e a escola e o sistema a que ela pertencia, se eximiam de suas responsabilidades: “Ela (a criança) tem problemas”. Déficit de Aprendizagem A criança com amadurecimento intelectual, emocional e físico suficientes para aceitar com naturalidade as importantes modificações da rotina de vida que surgem com a vida escolar, que tenha sido previamente preparada para a socialização extra familiar e que entre em uma escola com maleabilidade suficiente para atender suas necessidades específicas, deverá se adaptar rapidamente. A inadaptação geralmente é revelada por queixas do tipo: recusa em ir à escola, agressividade, passividade, desinteresse, instabilidade emocional, comportamento desordeiro, somatizações. Quando surgem dificuldades, toda a relação "família-criança-escola" encontra-se alterada. Frente a uma criança específica, em última análise, pode-se dizer que a escolha daquela escola, naquele momento, não foi adequada; a criança é normal; porém, não correspondem às expectativas da família, que escolheu a escola segundo suas expectativas; a criança é normal, mas ainda imatura para a escolarização - a criança não é normal e precisa de uma atenção mais diferenciada! [Digite aqui] 33 A criança, com incapacidade de aprendizagem, no início, se relacionará bem com as demais crianças, não é hiperativa e geralmente gosta de escola. Desde o momento em que o jardim de infância enfoca a maior extensão do desenvolvimento social, muito mais do que o aprendizado, a criança com incapacidade de aprendizado poderá dar-se muito bem neste nível escolar. O Trabalho e a Intervenção do Psicopedagogo na Escola A atuação do Psicopedagogo na instituição visa a fortalecer lhe a identidade, bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição, ao mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento histórico atual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade. Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino aprendizagem que: Fomente interações interpessoais; Incentive os sujeitos da ação educativa a atuarem considerando integradamente as bagagens intelectuais e moral; Estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa para, de fato, inovar a prática escolar; contextualizando-a; Enfatize o essencial: conceitos e conteúdos estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em questão; Oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os diversos conteúdos trabalhados; Reforce a parceria entre escola e família; Lance as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio; Incentive a implementação de projetos que [Digite aqui] 34 estimulem a autonomia de professores e alunos; Atue junto ao corpodocente para que se conscientize de sua posição de “eterno aprendiz”, de sua importância e envolvimento no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, evitando mecanismos menores de seleção, que dirigem apenas ao vestibular e não à vida. Nesse sentido, o material didático adotado, após criteriosa análise, deve ser utilizado como orientador do trabalho do professor e nunca como o único recurso de sua atuação docente. Com certeza, se almejamos contribuir para a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade, nossos alunos precisam ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos interpretá-lo, decifrá-lo e nele ter condições de interferir com segurança e competência. Em sua obra “A Psicopedagogia no Brasil- Contribuições a Partir da Prática”, Nádia Bossa registra o termo prevenção como referente à atitude do profissional no sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos nesse processo, Partindo da criteriosa análise dos fatores que podem promover como dos que têm possibilidade de comprometer o processo de aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo, o que vem a ser sua função precípua, colaborando, assim, na preparação das gerações para viver plenamente a complexidade característica da época. Sabemos que o aluno de hoje deseja que sua escola reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios que a vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já obsoletos e ultrapassados. A psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo [Digite aqui] 35 sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos processos de aprendizagem. Podemos hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos processos de aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das suas deficiências. (FABRICIO, 2000, p. 35). Surgiu da necessidade de melhor compreensão do processo de aprendizagem, comprometida com a transformação da realidade escolar, na medida em que possibilita, mediante exercício, análise e ação reflexiva, superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo e atuação coerente com a evolução e progresso da humanidade, colaborando, assim, para transformar a escola extemporânea, que não está conseguindo acompanhar o aluno que chega a ela, em escola contemporânea, capaz de lidar com os padrões que os alunos trazem e de se contrapor à cultura de massas predominante, dialogando com essa cultura. A Intervenção Psicopedagógica na Sala de Aula Para tanto, juntamente com toda a Equipe Escolar, o Psicopedagogo estará mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino- aprendizagem, espaço [Digite aqui] 36 este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar. Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos chamar de psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é também aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderá ser tratada de forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas. Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem. No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente dispendem na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, [Digite aqui] 37 para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades. Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo como fator de soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem compreendidos como a confirmação das incapacidades do aluno de fazer frente às exigências, acabando por referendar o processo de exclusão. Escolas conteudistas, porém menos "exigentes", recebem os resultados do estudo como uma necessidade de maior acolhimento afetivo do aluno. Tornam-se mais compreensivas, mais tolerantes com o baixo rendimento, sem, contudo, alterar seu projeto pedagógico. Mantém, assim, o distanciamento entre o aluno e o conhecimento. Nelas também ocorre o processo de exclusão. O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem daquele aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico. A Intervenção Psicopedagógica junto à família Na formação do indivíduo, a família desempenha papel fundamental, pois desde o nascimento a criança começa a interagir com as pessoas que convivem, e aos poucos vão aprendendo a se socializar e adquirindo características semelhantes às dessas pessoas. Essas características irão influenciar no desenvolvimento intelectual e psicológico, por toda a vida, embora passe por constantes alterações e adaptações dependendo do meio em que conviver posteriormente. A criança sofre alterações do meio em que vive e ao crescer, começa a ter uma vida social mais ampla, como na escola, por exemplo, e nessa vivencia, descobrirá coisas novas, se [Digite aqui] 38 relacionará com pessoas diferentes das quais está acostumada, surgindo novidades que também influenciará no seu desenvolvimento pessoal. Segundo Coll (1995, p. 251), a família, principalmente durante os anos escolares, deveria educar as crianças em um ambiente democrático: “[...] são os estilos educativos democráticos, por sua judiciosa combinação de controle, afeto, comunicação e exigências de maturidade, os que propiciam um melhor desenvolvimento da criança”. Se a criança não tiver uma base sólida na família, com uma educação democrática, afetuosa, crítica, de valores positivos, as características pessoais podem sofrer alterações radicais, direcionando a mesma às boas ou más atitudes. Os pais precisam dar o suporte necessário para que a escola possa fazer a sua parte e deixar a sociedade, de uma maneira geral, satisfeita com os resultados obtidos com essa parceria. Na educação, a escola sempre teve um papel fundamental, e hoje, além dafunção de ensinar para a cidadania e para o trabalho, tem também que passar os valores fundamentais para a vida do indivíduo, sendo que esse papel também deveria ser de comprometimento familiar. Com o tempo, foram sendo atribuídas mais funções às escolas, principalmente pela influência econômica, política e social, e, Segundo Libâneo (2003, p. 139), “a revolução de 1930 representou a consolidação do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o consequente aparecimento de novas exigências educacionais”. A intervenção psicopedagógica voltada também para a família poderá ajudar no real conhecimento delas, caso não estiverem claras ou forem apenas parcialmente compreendidas, criando a possibilidade de compreensão do outro, a adequação de papéis e de limites. Assim, o trabalho psicopedagógico requer do especialista uma real percepção de si, de maneira a não se deixar levar pelos próprios valores durante a [Digite aqui] 39 intervenção. Isso porque o reconhecimento de um problema de aprendizagem e a intervenção mais adequada para solucioná-lo será resultado da bagagem cultural que ele traz consigo e que interferirá na sua capacidade de observação e análise de cada caso. Também sua postura frente à aprendizagem terá grande influência sobre o trabalho com a família e na possibilidade de seus membros resinificarem e sentirem segurança em seus papéis de ensinante e aprendente. A atuação psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações, repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema familiar com uma saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de poder entre seus membros, clareza na definição de papéis e de limites. Enfim, a intervenção psicopedagógica buscará não se limitar à compreensão da dificuldade, mas à aquisição de novos comportamentos que levem à sua superação. Sugestões de Intervenção Psicopedagógica As escolas e também algumas famílias tem apresentados algumas queixas com problemas escolares apresentados pelos alunos, as principais reclamações dos professores com relação a dificuldade de aprendizagem, vem sendo indisciplina, timidez, agressividade, problemas emocionais, evasão escolar, entre outros. E por isso, que é necessário investigar todos os aspectos que possam estar contribuindo de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor maneira possível. Então depois de feita essa avaliação, torna-se muito importante a atuação do psicopedagogo. Sabendo das dificuldades apresentadas e suas origens proporem um projeto de intervenção com recursos e estratégias, objetivando-se a ajudar a criança a superar suas dificuldades. E os atendimentos têm se mostrado bastante eficientes no sentido de se atingir tal objetivo. Estes se constituem em encontros [Digite aqui] 40 com elementos de intervenção que pode ser com a caixa de trabalho, material disparador entre outros, de caráter lúdico, individual ou em grupos de crianças, onde são realizados jogos, brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e outras atividades que permitam a expressão da criança e que forneçam possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades que a criança necessite estar sendo desenvolvida de acordo com a avaliação diagnóstica. [Digite aqui] 41 REFERENCIAS Igea, B.D.R. (2005). O psicopedagogo nas escolas de ensino médio. Em B.D.R. Igea & cols. Presente e futuro do trabalho psicopedagógico. Porto Alegre: ARTMED Editora. Rodríguez, F.L. (2005). O psicopedagogo nas equipes de apoio. Em B.D.R. Igea & cols. Presente e futuro do trabalho psicopedagógico. Porto Alegre: ARTMED Editora. Solé, I. (2001). Orientação educacional e intervenção psicopedagógica. Porto Alegre: ARTMED Editora. Estratégias de Intervenção Psicopedagógica BOSSA, N. A. A. Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000. PATTO, Maria H. S. A produção do fracasso escolar: história de submissão e rebeldia. 4 reimpressão. São Paulo: Ed. T. A. Queiroz Ltda., 1996. RUBINSTEIN, Edith. A Especificidade do diagnóstico Psicopedagógico. In: Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem Escolar. Petrópolis: Vozes, 1996 COLL, César PALACIOS, Jesus e MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 vol. 3. FABRICIO, Nívea M. C. Psicopedagogia Avanços Teóricos e Práticos. São Paulo. Ed. ABPp, 2000. [Digite aqui] 42 GRIGORENKO, Elena L. STERNBERG, Robert J. Crianças Rotuladas - O que é Necessário Saber sobre as Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003. LIBÂNEO, José Carlos et al. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003 SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 152p. STRICK, C. e SMITH, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z – Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
Compartilhar