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INTERVENÇAO-PSICOPEDAGÓGICA

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INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
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FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
 
FACUMINAS ............................................................................................................... 2 
Introdução .................................................................................................................. 4 
Aspectos Gerais da Intervenção Psicopedagógica ............................................... 6 
Contexto Escolar ....................................................................................................... 7 
Estratégias de Intervenção Psicopedagógica ...................................................... 19 
A Intervenção Psicopedagógica no Fracasso Escolar ........................................ 29 
As Dificuldades da Aprendizagem ......................................................................... 30 
Déficit de Aprendizagem......................................................................................... 32 
O Trabalho e a Intervenção do Psicopedagogo na Escola .................................. 33 
A Intervenção Psicopedagógica na Sala de Aula ................................................. 35 
A Intervenção Psicopedagógica junto à família ................................................... 37 
Sugestões de Intervenção Psicopedagógica ........................................................ 39 
REFERENCIAS ......................................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 Esta disciplina faz parte de um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e 
prática psicopedagógica. Seu objetivo é ofertar conhecimentos e saberes que 
permitam ao psicopedagogo, em formação, construir sua identidade profissional, 
conhecer o campo da Psicopedagogia Institucional e dominar o processo de 
intervenção psicopedagógica, com ênfase no espaço escolar. Em nosso curso, até o 
presente momento, foram discutidas questões teóricas psicopedagógicas de grande 
relevância, como: as bases epistemológicas da Psicopedagogia, os processos de 
construção do conhecimento, as contribuições da Psicanálise para a compreensão 
do saber psicopedagógico e uma análise aprofundada das dificuldades de 
aprendizagem e do fracasso escolar. Como o foco desta formação é a aplicação da 
Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos 
específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a 
realização de processos de avaliação e intervenção psicopedagógica institucional 
com competência e propriedade. 
 A disciplina Avaliação Psicopedagógica Institucional iniciou uma relação mais 
próxima com o fazer psicopedagógico que esta disciplina pretende continuar. Uma 
vez que aprendemos a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem, 
pressupõe-se que é necessário compreender como intervir neste contexto. Este é o 
nosso objetivo, agora. Esta disciplina vai tratar do saber e do fazer 
psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo consiste em 
compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de 
aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo 
um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e 
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5 
todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. 
Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta 
relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica institucional. A 
partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-
aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter 
preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como 
desconstrutores das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem 
de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits 
evidenciados. 
 O psicopedagogo que trabalha na instituição de ensino deve pensar 
globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, 
onde a escola predomina como lócus de aprendizagem, mas não como único 
espaço capaz de propiciá-la. Além de conceber a aprendizagem como resultante de 
um sistema complexo em interação, o psicopedagogo institucional tem que adquirir 
ferramentas de trabalho para agir, desenvolver estratégias de trabalho, atuar 
preventivamente e promover reajuste nos sistemas de aprendizagem que 
apresentam disfunções. Para atuar, este profissional necessita dominar 
conhecimentos específicos que orientam os processos de avaliação, intervenção e 
atuação psicopedagógica na instituição de ensino, considerando que grande parte 
de seu instrumental de trabalho será produzido por ele mesmo, de acordo com a 
realidade onde está inserido, com as demandas com as quais lida e as 
características específicas da clientela que atende. 
 Neste Caderno de Estudos vamos discutir a intervenção psicopedagógica 
institucional em sua dimensão teórica e, em especial, sua aplicação prática. Após 
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6 
aprender a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem é indispensável ao 
especialista em formação adquirir competências que permitam a elaboração de 
estratégias de intervenção psicopedagógica, no âmbito educacional, com o propósito 
de lidar com as dificuldades presentes e promover ações reguladores das queixas 
de aprendizagem evidenciadas. 
 
 
Aspectos Gerais da Intervenção Psicopedagógica 
 O que é Intervenção Psicopedagógica? Analisar o conceito de Intervenção 
Psicopedagógica no âmbito escolar. O fazer psicopedagógico surge na medida em 
que ocorre uma reflexão profunda sobre a Intervenção Psicopedagógica, seus 
objetivos, metas e procedimentos. Esta etapa da prática psicopedagógica 
institucional representa um momento de grande importância, pois traduz a 
intencionalidade do profissional que elaborou uma avaliação e que vai implementar 
ações corretivas ou preventivas dos possíveis desvios de aprendizagem 
encontrados. A intervenção é a etapa final do processo psicopedagógico e, ao 
mesmo tempo, seu re-início, pois seus resultados podem levar o psicopedagogo e a 
escola a um novo ponto de partida e de reflexão sobre o fazer psicopedagógico no 
contexto educacional. Assim como a avaliação, a intervenção não representa um 
fim, em si mesma, mas um conjunto de medidas que vão gerar novas práticas de 
prevenção, correção e enriquecimento da aprendizagem, mesmo que de modo não 
intencional. Com o advento das Ciências Humanas, em especial a Pedagogia e a 
Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimentosurgiu, também, a possibilidade 
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de intervir na escola e na sala de aula em situações de dificuldades de 
aprendizagem e/ou fracasso escolar. À medida que novos conhecimentos sobre o 
ensino e a aprendizagem foram sendo produzidos, aumentaram as situações de 
intervenção do pedagogo e do psicólogo escolar na instituição de ensino. 
 Ao longo da história observamos modos diferentes de intervir no contexto 
escolar, geralmente influenciados pelos modelos teóricos orientadores das práticas 
pedagógicas. Na atualidade, a intervenção continua sendo feita, tanto de modo 
planejado, como nos serviços psicopedagógicos e de orientação educacional, ou de 
modos não intencionais, mas atendendo aos objetivos gerais de qualquer iniciativa 
educacional. Quando um profissional da Educação age pedagogicamente a favor do 
aluno e o recebe no espaço escolar para mediar saberes e conhecimentos, ele está 
intervindo. Toda e qualquer ação realizada por um educador é de natureza 
interventiva, resta saber se planejada ou não e com quais objetivos. Não esqueça! 
Intervir psicopedagogicamente não é novidade para o educador. Ele vem realizando 
práticas como estas há tempos, mesmo sem ter muita noção do que pretende com 
estas ações. A Psicopedagogia, ao se organizar como área do conhecimento, traz 
luz a estas ações e tornam-nas intencionais, planejadas, voltadas para objetivos 
específicos e que se relacionam aos problemas escolares e de aprendizagem. 
Contexto Escolar 
 Com a Psicopedagogia, a intervenção psicopedagógica adquire um sentido 
específico, que é atuar na correção e prevenção do fracasso escolar e também no 
enriquecimento tanto do ensino quanto da aprendizagem. O psicopedagogo, ao 
intervir na dinâmica escolar, vai inserir-se nas tramas relacionais do aluno com sua 
família, com seus pares, seus professores e também vai interferir nas interações que 
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ocorrem no espaço escolar entre distintos profissionais, considerando ele mesmo 
como participante destas interações. Além de transformar os processos interativos, o 
psicopedagogo pode alterar estruturas curriculares, metodologias de ensino e 
mesmo opções teóricas que sustentam as práticas pedagógicas. Sua ação vai 
modificar a estrutura escolar, seja para o bem ou para o mal. Seu trabalho tem 
grande alcance e, por esta razão, necessita sem muito bem planejado, estruturado e 
formalizado. 
 Pense um pouco sobre sua prática como educador(a)! Você, certamente, 
toma decisões freqüentes de intervenção em várias dimensões da prática 
educacional. Estas intervenções também são compreendidas como 
psicopedagógicas. Faça uma lista de intervenções que você já realizou e reflita 
sobre as relações entre elas e o conhecimento psicopedagógico. O que significa 
Intervenção Psicopedagógica no âmbito escolar? Igea (2005) considera que a 
intervenção psicopedagógica inclui: ( ) funções de coordenação e estímulo do 
conjunto das atividades orientadoras dos professores, assim como o 
aprofundamento ou a ampliação dessas atividades, transformando-se (o trabalho 
psicopedagógico), dessa forma, numa instância de apoio para a instituição escolar. ( 
) sendo as áreas de intervenção psicopedagógica os processos de ensino-
aprendizagem, a atenção à diversidade, a prevenção e desenvolvimento pessoal e a 
orientação acadêmica e profissional (p.35) Estratégias de Intervenção 
Psicopedagógica Na perspectiva de Rodríguez (2005), a intervenção 
psicopedagógica é: ( ) um processo compartilhado entre os diversos profissionais 
psicopedagogo, tutor e/ou professor de área, família, etc. numa relação simétrica, 
cada um a partir do seu saber, e contextualizado no estabelecimento escolar (p.54). 
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Este autor conceitua a intervenção psicopedagógica considerando, especialmente, 
as funções exercidas pelos psicopedagogos na escola, com destaque para as 
seguintes ações: 
1) Ações psicopedagógicas nas equipes de apoio escolar; 
2) Ações psicopedagógicas de prevenção educativa; 
3) Ações psicopedagógicas de levantamento de necessidades; 
4) Ações psicopedagógicas de avaliação; 
5) Ações psicopedagógicas de elaboração de projetos curriculares; 
6) Ações psicopedagógicas de atendimento à diversidade dos alunos; 
7) Ações psicopedagógicas de adaptações curriculares; 
8) Ações psicopedagógicas de orientação pessoal, vocacional e profissional. Solé 
(2001) utiliza a concepção de César Coll sobre intervenção psicopedagógica que a 
considera um amplo conjunto de tarefas e funções realizadas pelos profissionais que 
prestam assessoramento psicopedagógico às escolas (p.37). Estas tarefas e 
funções organizam-se em torno de quatro eixos, a saber: 
(a) natureza dos objetivos da intervenção; 
(b) modalidades de intervenção; 
(c) direcionamento da intervenção e 
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(d) lugar preferencial da intervenção. 
 
Primeiro Eixo Natureza dos objetivos da intervenção: Com relação ao eixo 
natureza dos objetivos da intervenção o que se destaca é a construção de um 
continuum que permite identificar a natureza dos procedimentos de intervenção e se 
eles devem ser focados no aluno, em uma perspectiva corretiva e de atendimento 
individualizado ou se deve ser focado na escola, com propostas preventivas e de 
atendimento coletivo. Estes focos, entretanto, não são excludentes. Cabe ao 
psicopedagogo definir a natureza da intervenção de acordo com as demandas 
prioritárias. 
Segundo Eixo Modalidades de intervenção: O eixo modalidades de intervenção 
engloba os tipos de intervenção psicopedagógica, que são: as corretivas, as 
preventivas e as de enriquecimento. As intervenções corretivas, em geral, destinam-
se a casos específicos de sujeitos com dificuldades de aprendizagem pontuais e que 
ainda podem ser atendidos na escola, por uma equipe interdisciplinar. Nestes casos, 
o psicopedagogo centra o processo de intervenção no sujeito e suas necessidades 
eminentes. As intervenções de caráter preventivo têm uma natureza coletiva e 
destinam-se a grupos de sujeitos em situação de risco ou dificuldades de 
aprendizagem. Elas também podem ser aplicadas em toda a comunidade escolar, 
com a perspectiva de criar estratégias preventivas do fracasso escolar antes mesmo 
de sua manifestação. As intervenções psicopedagógicas de enriquecimento escolar 
são destinadas a todos os alunos, pois objetivam potencializar talentos e 
competências, a despeito da existência de quadros de dificuldades de 
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aprendizagem. Um aluno que vivencia uma dificuldade, também apresenta talentos 
que podem e devem ser enriquecidos por meio de ações psicopedagógicas 
específicas. 
Terceiro Eixo Direcionamento da intervenção: As intervenções psicopedagógicas 
têm direcionamentos próprios, como bem define o eixo direcionamento da 
intervenção. O psicopedagogo deve lançar mão de diferentes caminhos ao propor 
ações psicopedagógicas, seja de que natureza for. Ele tanto pode atuar diretamente 
com um aluno que demanda ação corretiva, como pode optar por atuar de modo 
indireto com este aluno, por meio de orientação de seus professores e familiares. 
Para decidir qual direcionamento dar às intervenções, o psicopedagogo deve 
realizar uma avaliação psicopedagógica competente que forneça informações 
precisas para a tomada de decisão das ações a serem implementadas. As 
características do contexto, dos professores e do próprio aluno também são critérios 
que devem ser considerado ao definir-se a direção da intervenção. 
Quarto Eixo Lugar preferencial da intervenção: O último eixo, denominado lugar 
preferencial de intervenção define o local onde a intervenção psicopedagógica 
ocorrerá, incluindo diferentes níveis e contextos nos quais o psicopedagogo focará 
sua ação. A intervenção pode ocorrer na escola, como um todo, somente em sala de 
aula, diretamente com o professor, incluindo (ou não) a família, enfim,em diferentes 
espaços conforme a urgência ou demanda por modificações de padrões, práticas e 
crenças impeditivas da aprendizagem. 
 Não esqueça! É importantíssimo que o psicopedagogo tenha ciência de que a 
intervenção psicopedagógica pode construir pontes que permitam aos sujeitos 
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envolvidos na relação de ensino e aprendizagem encontraramse e rumarem, juntos, 
para um mesmo destino. A intervenção psicopedagógica pode se beneficiar bastante 
ao apropriar-se do conceito de andaimaria, construído por César Coll, renomado 
pesquisador espanhol, para traduzir parte de sua intencionalidade ao interferir na 
realidade escolar a partir de suas avaliações e considerações sobre o contexto de 
aprendizagem existente. Este conceito remete à função do andaime, que é uma 
armação de madeira ou de metal com estrado, sobre o qual trabalham os operários 
nas construções quando já não é possível trabalhar apoiados no chão. O andaime é 
utilizado para sustentar os trabalhadores até que eles vençam uma etapa específica 
do trabalho. Após a realização de uma etapa, o andaime pode ser utilizado para 
apoiar um momento posterior do trabalho ou mesmo retirado, caso não seja mais 
necessário. Com base na metáfora do andaime, a intervenção psicopedagógica não 
só constrói pontes que permitem o encontro entre sujeitos no espaço escolar como 
também propõe relações de ajuda, onde situações de apoio à aprendizagem são 
construídas (os andaimes) com o propósito de sustentar momentaneamente o aluno 
que ainda necessita de ajuda para caminhar, mas que em breve recuperará sua 
autonomia. 
 Não esqueça! O principal objetivo da intervenção psicopedagógica consiste 
em auxiliar os sujeitos envolvidos na ação educacional a lidarem com os problemas 
e dificuldades emergentes, em uma perspectiva não só de solução, mas, 
especialmente de natureza preventiva. Estratégias de Intervenção Psicopedagógica 
A intervenção também dependerá do marco teórico que o psicopedagogo escolher 
para orientar suas ações. Somos sabedores de que a teoria precede à prática e que 
qualquer ação pedagógica ou psicopedagógica prescinde de uma epistemologia que 
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a sustente e justifique. Portanto, é indispensável ao especialista em Psicopedagogia 
ter clareza da importância de adotar um referencial teórico norteador de sua prática. 
É neste corpo de conhecimentos que ele vai buscar alternativas para lidar com 
dificuldades de aprendizagem no espaço escolar, e mesmo fora dele. Não esqueça! 
A adoção de um referencial teórico auxilia o profissional a interpretar os fatos, 
problemas e situações com as quais ele se defronta e também define de que modo 
este profissional vai enfrentar estes contextos e, sobre eles, atuar. Em uma 
perspectiva teórica que considera a relação de ensino e aprendizagem como um 
processo originado na interação entre professor e aluno, em contextos culturais que 
orientam a aprendizagem, o psicopedagogo é percebido como agente que, ao 
intervir neste processo, vai modificá-lo de modo a solucionar os problemas 
existentes ou mesmo potencializá-los. 
 Este especialista não é neutro ou externo ao contexto das dificuldades de 
aprendizagem. Uma vez envolvido com esta situação, ele passa a fazer parte dela e 
vai influenciá-la, tanto positiva como negativamente. O resultado depende do seu 
preparo para o exercício de sua função e da sua capacidade de refletir sobre a 
própria prática, buscando avaliar-se continuamente, em parceria com a comunidade 
escolar. O psicopedagogo deve ser agente de mudança, no sentido construtivo e 
agregador que esta palavra pode conter. Quais os objetivos de uma intervenção 
psicopedagógica institucional? Podemos elencar alguns, a saber: Contribuir para o 
alcance dos objetivos educacionais da instituição de ensino; Promover situações que 
proporcionem ao aluno condições de progressão em seus processos de 
aprendizagem e desenvolvimento, articulando os meios necessários para que isto 
ocorra; Atuar no sentido de buscar condições ideais de ensino, o que inclui 
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alterações e/ou modificações nas práticas docentes, didáticas, do currículo, nos 
recursos educacionais, dentre outros aspectos; Auxiliar o docente em todas as 
situações de aprendizagem, em especial aquelas onde se evidenciam problemas 
e/ou queixas; Contribuir para um ensino de qualidade e diversificado ajustado para 
os diferentes tipos de alunos; Assessorar a instituição escolar para o alcance de 
ótimas condições de funcionamento que permitam a consolidação de processos de 
ensino e aprendizagem de qualidade; Promover ações que permitam à instituição de 
ensino otimizar seus recursos humanos, potencializando talentos e competências 
não só dos alunos, como do corpo docente e demais agentes educacionais. 
 Não esqueça! Uma escola de qualidade é uma instituição cada vez mais 
aberta, que elabora respostas diversas, adaptadas a seus usuários. A necessidade 
de atender a alunos diferentes para que todos eles progridam no desenvolvimento 
de suas capacidades implica localizar o currículo, a proposta curricular que a escola 
elabora e que se concretiza na vida cotidiana das salas de aula, como eixo da 
intervenção psicopedagógica (Sole, 2001, p.57) O psicopedagogo que atua no 
âmbito institucional deve ter ciência de que seu trabalho deve ocorrer de modo 
compartilhado com os outros sujeitos envolvidos nas situações docentes, em 
especial aquelas que apresentam queixas ou problemas. Partindo desta premissa de 
ação compartilhada é que o psicopedagogo vai estruturar seus modelos de 
intervenção, considerando o papel de cada sujeito nestas ações, as condições de 
implantação e as possibilidades de sucesso das estratégias. Com base na avaliação 
psicopedagógica de um dado contexto, o psicopedagogo começará a organizar as 
intervenções necessárias de modo planejado e partilhado com toda a comunidade 
escolar. 
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 A Psicopedagogia, como toda disciplina científica vinculada aos processos 
educacionais, tem grande responsabilidade diante da exclusão escolar, que pode 
ocorrer por meio do surgimento das dificuldades de aprendizagem, do fracasso 
escolar ou da combinação destes fatores mesclados a tantos outros. Compreender o 
processo de construção dos impedimentos à aprendizagem e atuar 
institucionalmente no sentido de preveni-lo consiste na tarefa fundamental deste 
profissional, sempre em uma relação interdisciplinar, contando com o auxílio e 
experiência dos outros profissionais atuantes no cenário escolar. 
 Para contribuir de modo eficiente na prevenção e tratamento das dificuldades 
de aprendizagem, a Psicopedagogia deve investigar o contexto onde os 
impedimentos à aprendizagem se instalam, quais as características deste contexto, 
que visão de homem e de mundo predominam neste cenário e, especialmente, que 
modelo de educação sustenta um ambiente que não permite o livre fluxo da 
aprendizagem. O especialista em Psicopedagogia pode somar esforços no espaço 
escolar e contribuir para a geração de um ambiente nutritivo não só para a 
aprendizagem dos alunos, mas, especialmente, para os seus processos de 
desenvolvimento. Há muito que fazer na escola por uma educação de qualidade 
para todos. O psicopedagogo ciente de suas responsabilidades pode contribuir no 
sentido de: Promover processos de reflexão, no ambiente escolar, no sentido de 
pensar e repensar crenças e valores com relação ao diferente, à diversidade e à 
igualdade; Investigar, com profundidade, o potencial dos alunos, suas possibilidades 
de sucesso, as condições que favorecem este quadro e a promoção do mesmo; Ao 
identificar as situações de dificuldades de aprendizagem e/ou fracasso escolar, 
evitar pôr o foco no problema, mas sim destacar as possíveis soluções; Ajudar a 
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escola a encontrar saídas metodológicas e avaliativas criativas que favoreçama 
inclusão; Propor alternativas de ação didática e pedagógica aos professores, 
deixando claro que o processo de ensino e aprendizagem deve focar o aluno e não 
conteúdos; Incentivar a pesquisa, a autonomia de pensamento, a originalidade, a 
criatividade em todos os sujeitos que interagem no espaço escolar; Auxiliar a família 
a lidar com as diferenças e dificuldades de seus filhos, respeitando as circunstâncias 
em que eles vivem e sem negar os problemas existentes; Estratégias de Intervenção 
Psicopedagógica. 
 Não esqueça! A Psicopedagogia tem a responsabilidade de criar pontes que 
permitam o diálogo entre o aprender e o não-aprender, o acesso de todos ao 
conhecimento e a construção de estratégias que regulem todo o processo, 
permitindo ao sujeito experimentar sucesso em seus processos de desenvolvimento 
e aprendizagem considerando suas expectativas e peculiaridades. 
 A intervenção psicopedagógica é prática comum na vida de qualquer 
educador. Ao preparar uma aula, ao pensar em processos de coordenação e gestão 
escolar, ao refletir sobre os problemas comuns à escola o educador intervêm 
psicopedagogicamente. Esta dimensão ampla da intervenção psicopedagógica 
ocorre o tempo todo, especialmente ao considerarmos o movimento dinâmico que 
caracteriza uma instituição escolar. Mesmo sem planejar, o educador atua 
psicopedagogicamente todos os dias, resolvendo problemas e procurando soluções 
criativas para os desafios cotidianos. Não é desta intervenção que vamos tratar 
neste capítulo. O tipo de intervenção que é foco de nossa discussão é aquela 
realizada por meio de meticuloso trabalho de planejamento e estruturação, ação 
específica do especialista em psicopedagogia e voltada para a solução de 
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dificuldades de aprendizagem ou contextos onde se evidencia o fracasso escolar. A 
intervenção psicopedagógica tem um caráter próprio, tem características específicas 
e metas pré-estabelecidas, por isso a necessidade de compreendermos sua 
natureza e aprendermos a elaborar estratégias para realizá-la de modo competente 
e adequado. Nossa meta é o sucesso escolar! Já sabemos o que é uma intervenção 
psicopedagógica. Sabemos para o que serve e quais características possui. Somos 
cientes da amplitude de sua ação e da necessidade de olharmos todos os sujeitos 
da ação pedagógica para atuarmos bem, do ponto de vista psicopedagógico. Resta 
aprendermos a intervir, tarefa difícil, que exige apropriação teórica e experiência, 
prática, o fazer do dia a dia, na escola e na vida. Não esqueça! Para intervir 
corretamente, do ponto de vista psicopedagógico, é indispensável saber avaliar uma 
situação de dificuldade de aprendizagem ou fracasso escolar. 
 A partir de uma avaliação psicopedagógica bem elaborada é possível retirar 
subsídios que sustentem uma intervenção de qualidade. A avaliação 
psicopedagógica vai situar o problema de aprendizagem em seu contexto, 
considerando: 
1) O lócus onde ocorre o problema; 
2) Os sujeitos diretamente envolvidos; 
3) Os sujeitos indiretamente envolvidos; 4) A identificação do problema e sua 
caracterização; 
5) A identificação dos diferentes contextos (sala de aula, relação professor e aluno, 
currículo, estratégias didáticas, características do professor e do aluno envolvidos na 
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queixa escolar, contexto familiar do aluno etc.) que configuram o quadro de não-
aprendizagem; 
6) As principais áreas de interferência da dificuldade de aprendizagem (conteúdos 
específicos, dimensões afetiva, cognitiva, relacional etc.). De posse destas 
informações, o psicopedagogo vai pensar sobre a queixa de aprendizagem, refletir 
sobre seus condicionantes e elementos constituintes, conversar com os sujeitos 
envolvidos e começar a decidir sobre os caminhos que vai propor para intervir e 
buscar alternativas de solução e/ou prevenção para a situação em questão. 
Neste momento é muito importante ter clareza com relação a: 
A) Qual a natureza do trabalho psicopedagógico? O que faz um 
psicopedagogo no âmbito escolar? Quais as suas funções? O que a 
escola espera deste especialista? Que tipo de contribuições ele pode dar 
aos alunos e à instituição de ensino? Estas questões devem estar claras 
na mente do especialista em Psicopedagogia. Conhecer a natureza do seu 
trabalho, o âmbito de sua atuação, as ações que se espera de um 
psicopedagogo é o mínimo para o exercício desta profissão. Além destas 
competências, espera-se que o psicopedagogo tenha conhecimentos 
consolidados de educação, desenvolvimento humano e aprendizagem. 
Seu papel, no contexto escolar, exige dele vasto repertório teórico, 
domínio da prática, posturas éticas e competências nas relações 
interpessoais. 
 É importante destacar, também, o trabalho interdisciplinar como modelo de 
condução das ações de avaliação, intervenção e apoio psicopedagógico na escola. 
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Todas as vozes que participam das relações de ensino e aprendizagem devem ser 
ouvidas e convidadas a participarem do trabalho e o psicopedagogo não só pode 
como deve ser o elemento aglutinador destas vozes, o orquestrador que vai permitir 
que, todos juntos, trabalhem em prol de um benefício comum. 
 
 
Estratégias de Intervenção Psicopedagógica 
 Quais concepções teóricas vão orientar a intervenção psicopedagógica? A 
apropriação teórica é o principal aspecto norteador da prática psicopedagógica. Sem 
uma boa teoria não existe uma prática de qualidade. O maior engano que se comete 
na prática educacional é considerá-la ação realizada por meio do improviso. O 
trabalho pedagógico (e também o psicopedagógico) exige planejamento, estrutura, 
estratégias de ação e avaliação, para que ele se auto-regule, se renove e alcance 
seus objetivos. Para planejar e agir adequadamente, temos que assumir posturas 
teóricas e ideológicas que vão definir nossa visão de mundo, de homem e de 
educação. Somente com concepções teóricas bem sustentadas é possível pensar 
em intervir no contexto de ensino e aprendizagem, buscando modificações neste 
sistema. Eu só posso atuar no sentido de ajudar uma criança a resgatar suas 
competências de aprendizagem se eu sei o que é aprendizagem, como ela ocorre 
para o sujeito e quais os seus processos e características. Eu só posso intervir no 
ensino quando tenho ciência da sua estrutura, do seu funcionamento e de todos os 
elementos que atuam para promovê-lo ou impedi-lo. 
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20 
 Uma opção teórica de qualidade, somada às contribuições de outras áreas do 
conhecimento, vai permitir ao psicopedagogo compreender o que é aprendizagem, 
seus impedimentos, as características das DAs, sua etiologia, como identificá-las e, 
especialmente, como atuar no sentido de solucioná-las, transformando o que é 
déficit em novas competências e saberes do aluno. Não esqueça! Não é possível 
atuar pedagógica e psicopedagogicamente por meio de achismos! Precisamos do 
conhecimento científico para nos orientar e nos auxiliar a compreender a 
complexidade dos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos 
humanos. Somente desta forma podemos intervir com segurança e chances de 
êxito. 
 Que escola é esta onde vou intervir? O psicopedagogo necessita conhecer, 
com profundidade, o espaço escolar onde vai atuar. Para além deste espaço, este 
profissional precisa conhecer o sistema educacional do país, sua legislação, o 
modus operandi da máquina pública e privada, sua eficácia, as avaliações que são 
realizadas, as intencionalidades que permeiam as decisões políticas vinculadas à 
educação, enfim, ter ciência da realidade educacional do país, com complexidade e 
postura crítica. Após construir uma visão adequada do sistema educacional este 
especialista deve aprofundar-se na investigação da instituição escolar onde irá 
intervir. Para isto é indispensável compreender a história da unidade escolar, os 
sujeitos envolvidos nestahistória, as crenças e valores que foram surgindo ao longo 
da existência da instituição de ensino, as mudanças mais significativas, os vínculos 
da escola com os macro sistemas educacionais, seus projetos pedagógicos, suas 
estratégias de gestão, coordenação pedagógica e orientação dos educadores e 
alunos, o currículo, as metodologias de ensino disseminadas, as estratégias de 
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21 
avaliação, as práticas em sala de aula, a forma como a escola lida com o sucesso 
escolar, o fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem, dentre tantos outros 
fatores. O psicopedagogo que pretende atuar de modo competente deve passar um 
pente fino na instituição, no sentido de compreendê-la com relação aos aspectos 
físicos, legais e institucionais, assim como os aspectos subjetivos, orientados por 
crenças, valores e práticas. Não esqueça! Quando eu sei que escola é esta onde 
devo atuar tenho condições de escolher caminhos e procedimentos que permitam o 
alcance dos objetivos psicopedagógicos. 
 Quem são as pessoas envolvidas na queixa de aprendizagem? Em geral, 
uma queixa de aprendizagem surge a partir de comportamentos desviantes de um 
aluno, ou mesmo um grupo de alunos, em relação ao seu desempenho escolar. Um 
comportamento desviante traduz-se em condutas que se afastam de padrões de 
adequação de processos de desenvolvimento e aprendizagem de um sujeito. Apesar 
de ser o foco da queixa, o aluno não é, necessariamente, o único nem o principal 
construtor de seu impedimento à aprendizagem ou o responsável por ela não 
ocorrer. O que mais se observa, quando se avalia a instituição escolar, é o fato de o 
aluno ser apenas um emissário de sinais que indicam que o sistema de ensino e 
aprendizagem está em falência. Quando um aluno fracassa na escola, todo um 
sistema fracassa junto a ele. Por isso a falácia em buscar a fonte ou a origem do 
problema de aprendizagem apenas no aluno. Esta é uma solução fácil, mas que não 
traduz a complexidade da situação em questão e muito menos resolve o problema. 
Uma queixa de aprendizagem é fenômeno construído por múltiplas mãos e mentes. 
É necessário muita gente atuando contra para que uma criança deixe de aprender. 
Seres humanos são tão competentes que, mesmo em situações precárias, 
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continuam aprendendo. O psicopedagogo preparado deve ter esta premissa em 
mente quando for investigar a origem de uma dificuldade de aprendizagem. Todos 
os sujeitos envolvidos no aprender têm sua cota de responsabilidade nas situações 
de não-aprendizagem. Compreender o papel de cada uma destas pessoas no 
quadro de fracasso da aprendizagem, o modo com cada indivíduo interfere e impede 
uma criança de aprender, o papel do sistema de ensino nesta situação específica e 
o modo como o aluno que expressa esta queixa lida com a questão é da maior 
relevância para qualquer ação interventiva. Não esqueça! É indispensável conhecer, 
muito bem, cada sujeito envolvido em uma situação de não-aprendizagem! 
 Quem é este aluno que delata o fracasso de todo um sistema? Conhecer o 
aluno, que traz à tona o problema de aprendizagem, é parte do processo de 
enfrentamento destas dificuldades. Há uma tendência em olhar o aluno como o 
elemento focal, como o centro do problema, como o responsável por uma situação 
de não-aprendizagem. Ele não é o responsável, ele é parte de um sistema que 
finaliza seu circuito nele e no seu desempenho escolar. Olhar para este sujeito e 
tentar compreendê-lo é um medida indispensável para buscar soluções que 
permitam lidar com um problema de aprendizagem, mas não é a solução. A solução 
só surge no trabalho que abarca todo o contexto de aprendizagem, em suas 
dimensões marco e micro sistêmicas. Entretanto é fundamental conhecer o sujeito 
que apresenta o sintoma do não aprender. É importante compreender sua estrutura 
personológica, seu contexto familiar, seu histórico de vida, seu histórico escolar, seu 
desempenho atual, suas potencialidades, seu modo de enfrentar o problema, suas 
crenças e valores sobre si mesmo e sobre seu processo educacional. O sujeito que 
vivencia uma situação de dificuldade de aprendizagem não é uma pessoa incapaz 
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de aprender, mas uma pessoa que, por diversas circunstâncias, está impedida de 
construir seus conhecimentos. O momento da avaliação psicopedágogica é, por 
excelência, a hora de conhecer o aluno com dificuldades de aprendizagem. O 
especialista em Psicopedagogia vai construir uma abordagem investigativa para 
saber quem é este sujeito, suas características, suas competências, suas 
dificuldades e, especialmente, suas potencialidades. Uma intervenção 
psicopedagógica institucional vai necessitar deste repertório de saberes sobre o 
aluno para decidir que estratégia irá utilizar para auxiliá-lo na reconstrução de sua 
aprendizagem. A intervenção psicopedagógica não pode, em momento nenhum, 
considerar o aluno como o elemento central de suas ações. O aluno é o beneficiário, 
é aquele que deve ser atendido em suas dificuldades, não o responsável ou mesmo 
o criador destas dificuldades. A intervenção vai beneficiar o aluno e atuar em todo o 
contexto escolar, o que inclui o aluno.O foco da intervenção psicopedagógica 
institucional é a instituição de ensino e não o aluno. 
 E o psicopedagogo neste processo? O psicopedagogo é o especialista que 
vai realizar o trabalho de avaliação, intervenção e regulação das situações 
relacionadas às dificuldades de aprendizagem, no contexto escolar. Ele tem muitas 
outras funções na escola, mas neste momento vamos focalizar sua ação 
especificamente neste sentido: o de prevenir o fracasso escolar e auxiliar alunos, 
professores, educadores e famílias a superarem as queixas e os impedimentos à 
construção do conhecimento. Seu trabalho é, por natureza, interdisciplinar. Ele não 
atua sozinho. Não pode e nem deve realizar ações psicopedagógicas sem a 
participação da comunidade escolar. É sua responsabilidade chamar todos os 
envolvidos em uma queixa de aprendizagem para participarem de sua solução. Ele é 
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o orquestrador desta equipe que vai trabalhar para prevenir o fracasso escolar na 
escola. É de extrema relevância que ele tenha clareza do seu papel na escola, das 
suas atribuições e responsabilidades e das fragilidades que cercam qualquer 
atividade interventiva junto a pessoas e sistemas. As possibilidades de insucesso 
são reais. O psicopedagogo, ciente disto, é capaz de recomeçar, renovar caminhos, 
mudar estratégias e retomar seu trabalho, após tentativas infrutíferas. Além de saber 
lidar com possíveis situações de fracasso de suas ações, este profissional não pode 
esquecer que ele é parte do sistema escolar e, muitas vezes, também é parte do 
problema de aprendizagem enfrentado pelos alunos. Esta postura crítica e avaliativa 
da própria prática, por parte do psicopedagogo, é indispensável para que haja 
chances de êxito em suas intervenções. Portanto, psicopedagogo, não esqueça: 
você tanto pode contribuir para o sucesso escolar do aluno como para o seu 
fracasso. 
 Como começar uma intervenção! Não há receitas para intervir do ponto de 
vista psicopedagógico. Há indicativos, orientações, premissas e sugestões de 
modelos de intervenção. O especialista em Psicopedagogia vai elaborar suas 
estratégias de intervenção a partir de todo o cabedal de conhecimentos que adquiriu 
em sua graduação e, em especial, em sua especialização. Já discutimos neste texto 
o que é necessário pontuar para que ocorra uma intervenção psicopedagógica de 
qualidade. Porém, o como intervir é fruto da autonomia e da tomada de decisão de 
cada profissional. Algumas questões são primordiais para que uma intervenção 
psicopedagógica possa ser construída, a saber: Sem uma avaliação 
psicopedagógica de qualidade não é possível intervir psicopedagogicamente, de 
modo planejado. A intervenção surge da avaliaçãopsicopedagógica, portanto, 
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aprenda a avaliar corretamente e a intervenção está quase pronta. Tudo é 
intervenção, ou seja, no momento em que ocorre contato entre o psicopedagogo, a 
escola e o aluno, a intervenção inicia. Nem tudo é intervenção, ou seja, o contato 
não é suficiente para solucionar problemas de aprendizagem, ele é parte do 
contexto. Para intervir é necessário saber construir estratégias de intervenção. Para 
elaborar estratégias de intervenção psicopedagógicas é preciso destacar os pontos 
nodais que deram origem ao impedimento da aprendizagem, os focos centrais e 
periféricos da intervenção. É preciso distinguir quais caminhos a tomar! Não 
esqueça! Neste momento entra a capacidade de tomar decisões do especialista em 
Psicopedagogia, sua competência em traduzir modelos teóricos estudados em 
práticas psicopedagógicas. A dimensão do fazer exige autonomia, coragem e 
iniciativa, por isso não há receitas. Certamente há sugestões que auxiliam na 
construção de estratégias de intervenção psicopedagógicas. Avaliemos algumas 
delas: 
1) Para começar a pensar em quais estratégias psicopedagógicas devem ser 
construídas é importante dissecar a avaliação psicopedagógica. Questione os dados 
encontrados na avaliação psicopedagógica elaborada. Onde está o foco do 
problema de aprendizagem? Quem é o sujeito (ou os sujeitos) que delata o 
problema? Qual o nível de envolvimento da escola e de seus atores no problema? 
Qual o papel da família neste contexto? Como o sujeito que apresenta a dificuldade 
de aprendizagem age e reage ao que está acontecendo? Onde e como esta 
dificuldade de aprendizagem se apresenta? Faça com que a avaliação 
psicopedagógica diga quais os espaços onde deve ocorrer intervenção. 
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2) A escola é parte do problema! Veja onde e como a escola colabora na construção 
das dificuldades de aprendizagem e monte ações para desconstruir este contexto e 
construir novos. Estruture trabalhos específicos com gestores, coordenadores e 
professores. Atue onde há maior necessidade. Peça auxílio e trabalhe 
interdisciplinarmente. Veja o que precisa ser modificado, se são valores e crenças 
ou práticas e métodos. Avalie o trabalho, sempre. Deixe claro que um aluno que não 
aprende significa uma escola que não ensina. Tenha coragem de enfrentar, junto 
com os outros educadores, a parte que cabe a cada um com relação ao problema 
em questão. 
3) E o papel do professor nesta história? Uma avaliação psicopedagógica de 
qualidade vai identificar o papel do professor na situação de não-aprendizagem 
investigada. Uma estratégia de intervenção competente vai trabalhar esta questão 
com o professor. É indispensável identificar as estratégias de ensino do professor. 
Mais ainda, é muito importante compreender o que o professor pensa sobre ensinar, 
aprender e educar. É necessário identificar como ele lida com as dificuldades de 
aprendizagem. É preciso conhecer o professor. Quem ele é? Onde e como se 
formou? Em quais práticas pedagógicas ele acredita? Em geral, o professor está 
envolvido na construção de uma queixa de aprendizagem. Ele é parte do processo e 
também deve ser contemplado na intervenção, muitas vezes de modo mais 
prioritário do que o aluno. O psicopedagogo precisa desenvolver estratégias para 
trabalhar com o professor para auxiliá-lo a enfrentar suas limitações e dificuldades e 
desenvolver suas potencialidades. O professor, muitas vezes, necessita mudar o 
rumo de sua prática, transformar suas concepções, mudar seus valores. Uma 
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intervenção psicopedagógica competente é capaz de promover mudanças desta 
natureza. 
4) E o currículo, que dificuldades ele apresenta ou representa? A queixa de 
aprendizagem situa-se em qual área curricular? O aluno não consegue ler, escrever 
e interpretar textos? Ou ele não estrutura raciocínios lógicos? O que é necessário 
rever, em termos curriculares? É necessário repor conteúdos curriculares? É 
necessário ensinar, novamente, estratégias cognitivas que permitam à aquisição de 
competências intelectuais que facilitam a aprendizagem dos conteúdos curriculares? 
Para dar conta dos desafios postos pelo currículo o psicopedagogo tem que 
conhecer como o sujeito se apropria da escrita, da leitura, do raciocínio 
lógicomatemático, enfim, do conhecimento. É hora de retomar conteúdos teóricos, 
aprofundá-los e deles derivar estratégias de intervenção. Não há receita para ajudar 
uma criança a desenvolver o raciocínio matemático, mas se conheço como ela 
constrói seus conhecimentos, especialmente nesta área, tenho como elaborar 
formas de auxiliá-la a recuperar saberes perdidos ao longo do seu processo de 
escolarização. 
5) A família e seu legado! A família é a instituição que organiza a construção da 
identidade do sujeito. Depois, quando este sujeito chega à escola, a família passa a 
compor, junto com a instituição de ensino, um sistema que define o desenvolvimento 
e aprendizagem de suas crianças. A família sempre está envolvida em uma queixa 
de aprendizagem, assim como o professor e a escola. Trabalhar com a família é 
fundamental e muito difícil. Nem sempre contamos com sua boa vontade ou desejo 
de assumir suas responsabilidades com relação ao fracasso escolar de um filho. 
Mas é indispensável tentar envolver a família nas ações psicopedagógicas, sempre. 
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A família pode ser orientada, ser convidada a participar do cotidiano escolar do seu 
filho, compartilhar o seu sucesso (e não só o fracasso), participar ativamente das 
atividades escolares, ser encaminhada (caso necessário) para outras ações 
preventivas e/ou terapêuticas, enfim, há muita coisa para se trabalhar com a família. 
Cabe ao psicopedagogo desenvolver estratégias para isto. 
6) O aluno, quem de fato importa! Uma intervenção psicopedagógica tem como meta 
atender ao aluno, seja qual for a queixa escolar em questão. O aluno é o princípio, o 
meio e o fim da ação psicopedagógica. É em benefício dele que todo o trabalho se 
organiza. O psicopedagogo necessita conhecer o aluno e sua situação. Precisa 
entender seus motivos e quais as funções do não-aprender em sua história escolar e 
pessoal. No âmbito escolar, a intervenção psicopedagógica tem uma natureza 
preventiva, reguladora e enriquecedora. Cabe ao psicopedagogo não só auxiliar o 
aluno a superar dificuldades, mas também enriquecer suas experiências de 
aprendizagem, tornando a escola em um local que faça sentido para o sujeito. É 
necessário um olhar preciso sobre o aluno, no sentido de orientá-lo da melhor forma 
possível, de atender às suas demandas em consonância com seus momentos 
desenvolvimentais e de aprendizagem. Elaborar estratégias de intervenção 
psicopedagógicas não é tarefa fácil. Para isto, o especialista em Psicopedagogia 
tem que ter preparo, ousadia e certo grau de autorização pessoal para construir seu 
instrumental de trabalho. A literatura da área é a base para a construção da prática. 
A experiência é o mecanismo que refina esta prática e a coragem é o 
comportamento que permite o ir adiante, sem receitas, com criatividade e ética, 
porque educamos seres humanos e não há nada mais importante e precioso na 
existência do que isto. 
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29 
 
 
A Intervenção Psicopedagógica no Fracasso Escolar 
 Para Bossa (2002), a ideia do fracasso escolar teve seu surgimento no século 
XIX com a obrigatoriedade escolar decorridas das mudanças econômicas e 
estruturais da sociedade. Porém, cabe ressaltar que no período que antecede este 
século já havia crianças que não aprendiam, mas não eram conhecidas como tal. 
Durante muitos anos o fracasso escolar era visto simplesmente como uma falta de 
condição do aluno em adquirir conhecimentos, sendo somente de sua 
responsabilidade, porém, com o passar do tempo constatou-se que este problema 
também era de responsabilidade da sociedadee principalmente da instituição 
escolar que não pode contribuir para exclusão social. Com base em todo cenário 
educacional do país hoje, fica claro afirmar que devemos repensar nossa prática 
educativa e partirmos do pressuposto que o fracasso escolar não é uma 
responsabilidade somente do aluno, mas também da escola, família e de todos que 
estão envolvidos no processo de ensinar-aprender. Se aceitarmos o fato de sermos 
diferentes, temos que atentar para a necessidade de construirmos práticas 
pedagógicas que valorizem e aproveitem toda bagagem de conhecimentos 
construída pelo aluno no decorrer de sua caminhada escolar. Na atualidade, várias 
pesquisas têm sido realizadas na busca de compreender o fracasso escolar na 
alfabetização tendo em vista os problemas que a leitura e a escrita apresentam à 
educação (PATTO, 1996; MICOTTI, 1987; SCOZ, 1994). 
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30 
 Essas pesquisas indicam a existência de problemas no processo de ensino-
aprendizagem da linguagem na primeira série, isto é, problemas relativos à 
alfabetização, pois é na primeira série que normalmente ocorre à alfabetização. O 
educando chega à escola com um grande número de experiências, de 
aprendizagens que são ignoradas pelo professor, pois mesmo antes de ingressar na 
escola a criança já possui inúmeras vivências que deveriam servir como ponto de 
partida das atividades do professor. A criança, mesmo não reconhecendo os 
símbolos do alfabeto, já "lê" o seu meio, estabelecendo relações entre significante e 
significado. A escola deve dar continuidade a esse processo defendendo a livre 
expressão da criança, pois com isso o educando enfrentará com mais tranquilidade 
a grande aventura do primeiro ano escolar: aprender a ler e escrever. Nesse sentido, 
é necessário que os educadores tenham conhecimentos que lhes possibilitem 
compreender sua prática e os meios necessários para promoverem o progresso e o 
sucesso dos alunos. Uma das maneiras de se chegar a isso é através das 
contribuições que a Psicopedagogia proporciona, pois é a área que estuda e lida 
com o processo da aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Sua nova 
visão vem sendo apresentada pela Psicopedagogia e vem ganhando espaço nos 
meios educacionais brasileiros, despertando o interesse dos profissionais que atuam 
nas escolas e buscam subsídios para sua prática. 
 
As Dificuldades da Aprendizagem 
 De acordo com Grigorenko; Ternemberg, (2003, p.29): Dificuldade de 
aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos psicológicos 
básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que 
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31 
pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, 
escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos. Quando a criança começa a ler, 
a maioria dos alunos tende a ver as palavras como imagens, com uma forma 
particular ou um padrão. Eles tendem a não compreender que uma palavra é 
composta de letras usadas em combinações particulares, que correspondem ao som 
falado. É essencial que os alunos sejam ensinados e aprendam a arte básica de 
decodificação e soletração desde o inicio. A ação de escrever exige também da 
parte da criança uma ação de analise deliberada. Quando fala, ela tem consciência 
das operações mentais que executa. Quando escreve, ela tem de tomar consciência 
da estrutura sonora de cada palavra, tem de dissecá-la e produzi-la em símbolos 
alfabéticos que tem de ser memorizado e estudado de antemão. Para Smityh; Strick, 
(2001, p.14) dificuldades de aprendizagem são “... problemas neurológicos que 
afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações”. 
Um todo, objetivando facilitar o processo de aprendizagem. O ser sob a ótica da 
Psicopedagogia é cognitivo, afetivo e social. É comprometido com a construção de 
sua autonomia, que se estabelece na relação com o seu "em torno", à medida que 
se compromete com o seu social estabelecendo redes relacionais. A dificuldade de 
aprendizagem nessa definição é entendida e trabalhada com um agente dificultador 
para a construção do aprendiz que é um ser biológico, pensante, que tem uma 
história, emoções, desejos e um compromisso político-social. "A Psicopedagogia 
tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse 
processo" (RUBINSTEIN, 1996, p. 127). 
 Nem sempre a Psicopedagogia foi entendida da forma como aqui está 
caracterizada. A Psicopedagogia, inicialmente, começou tendo como pressuposto 
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32 
que as pessoas que não aprendiam tinham um distúrbio qualquer. Bossa, (2002, p. 
42) esclarece que: A preocupação e os profissionais que atendiam essas pessoas 
eram os médicos, em primeira instância e, em seguida Psicólogos e Pedagogos que 
pudessem diagnosticar os déficits. Os fatores orgânicos eram responsabilizados 
pelas dificuldades de aprendizagem na chamada época "patologizante" A criança 
ficava rotulada e a escola e o sistema a que ela pertencia, se eximiam de suas 
responsabilidades: “Ela (a criança) tem problemas”. 
 
 
Déficit de Aprendizagem 
 A criança com amadurecimento intelectual, emocional e físico suficientes para 
aceitar com naturalidade as importantes modificações da rotina de vida que surgem 
com a vida escolar, que tenha sido previamente preparada para a socialização extra 
familiar e que entre em uma escola com maleabilidade suficiente para atender suas 
necessidades específicas, deverá se adaptar rapidamente. A inadaptação 
geralmente é revelada por queixas do tipo: recusa em ir à escola, agressividade, 
passividade, desinteresse, instabilidade emocional, comportamento desordeiro, 
somatizações. Quando surgem dificuldades, toda a relação "família-criança-escola" 
encontra-se alterada. Frente a uma criança específica, em última análise, pode-se 
dizer que a escolha daquela escola, naquele momento, não foi adequada; a criança 
é normal; porém, não correspondem às expectativas da família, que escolheu a 
escola segundo suas expectativas; a criança é normal, mas ainda imatura para a 
escolarização - a criança não é normal e precisa de uma atenção mais diferenciada! 
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33 
A criança, com incapacidade de aprendizagem, no início, se relacionará bem com as 
demais crianças, não é hiperativa e geralmente gosta de escola. Desde o momento 
em que o jardim de infância enfoca a maior extensão do desenvolvimento social, 
muito mais do que o aprendizado, a criança com incapacidade de aprendizado 
poderá dar-se muito bem neste nível escolar. 
 
 
O Trabalho e a Intervenção do Psicopedagogo na Escola 
 A atuação do Psicopedagogo na instituição visa a fortalecer lhe a identidade, 
bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição, ao mesmo tempo em que 
procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento 
histórico atual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade. 
Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino 
aprendizagem que: Fomente interações interpessoais; Incentive os sujeitos da ação 
educativa a atuarem considerando integradamente as bagagens intelectuais e moral; 
Estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa para, de fato, 
inovar a prática escolar; contextualizando-a; Enfatize o essencial: conceitos e 
conteúdos estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em 
questão; Oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o 
raciocínio do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre 
os diversos conteúdos trabalhados; Reforce a parceria entre escola e família; Lance 
as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com 
clareza de raciocínio e equilíbrio; Incentive a implementação de projetos que 
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estimulem a autonomia de professores e alunos; Atue junto ao corpodocente para 
que se conscientize de sua posição de “eterno aprendiz”, de sua importância e 
envolvimento no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, 
evitando mecanismos menores de seleção, que dirigem apenas ao vestibular e não 
à vida. Nesse sentido, o material didático adotado, após criteriosa análise, deve ser 
utilizado como orientador do trabalho do professor e nunca como o único recurso de 
sua atuação docente. Com certeza, se almejamos contribuir para a evolução de um 
mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade, nossos alunos 
precisam ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos interpretá-lo, 
decifrá-lo e nele ter condições de interferir com segurança e competência. 
 Em sua obra “A Psicopedagogia no Brasil- Contribuições a Partir da Prática”, 
Nádia Bossa registra o termo prevenção como referente à atitude do profissional no 
sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar 
comprometimentos nesse processo, Partindo da criteriosa análise dos fatores que 
podem promover como dos que têm possibilidade de comprometer o processo de 
aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a metodologia e/ou a forma de 
intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo, o que vem a ser 
sua função precípua, colaborando, assim, na preparação das gerações para viver 
plenamente a complexidade característica da época. Sabemos que o aluno de hoje 
deseja que sua escola reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios 
que a vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já 
obsoletos e ultrapassados. A psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o 
sujeito que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo 
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35 
sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos 
processos de aprendizagem. 
 Podemos hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, 
pois se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos 
processos de aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das suas deficiências. 
(FABRICIO, 2000, p. 35). Surgiu da necessidade de melhor compreensão do 
processo de aprendizagem, comprometida com a transformação da realidade 
escolar, na medida em que possibilita, mediante exercício, análise e ação reflexiva, 
superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas 
necessárias à leitura do mundo e atuação coerente com a evolução e progresso da 
humanidade, colaborando, assim, para transformar a escola extemporânea, que não 
está conseguindo acompanhar o aluno que chega a ela, em escola contemporânea, 
capaz de lidar com os padrões que os alunos trazem e de se contrapor à cultura de 
massas predominante, dialogando com essa cultura. 
 
 
 
 
A Intervenção Psicopedagógica na Sala de Aula 
 Para tanto, juntamente com toda a Equipe Escolar, o Psicopedagogo estará 
mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino- aprendizagem, espaço 
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36 
este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se 
articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e 
hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que 
impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar. 
Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser 
humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos chamar de 
psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os 
conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção 
de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, 
contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no 
processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e 
participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende 
conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um 
cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é 
também aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderá ser tratada de 
forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas. Diferente de estar 
com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando uma situação mais 
ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da 
aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, 
o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado 
como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno permite ao 
psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente 
aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem. No entanto, apesar 
do esforço que as escolas tradicionalmente dispendem na solução dos problemas de 
aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, 
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37 
para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu 
sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades. Assim, se a instituição 
consagra o armazenamento do conteúdo como fator de soberania, os resultados do 
estudo correm o risco de serem compreendidos como a confirmação das 
incapacidades do aluno de fazer frente às exigências, acabando por referendar o 
processo de exclusão. Escolas conteudistas, porém menos "exigentes", recebem os 
resultados do estudo como uma necessidade de maior acolhimento afetivo do aluno. 
Tornam-se mais compreensivas, mais tolerantes com o baixo rendimento, sem, 
contudo, alterar seu projeto pedagógico. Mantém, assim, o distanciamento entre o 
aluno e o conhecimento. Nelas também ocorre o processo de exclusão. O estudo 
psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando, ampliando a 
compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem daquele 
aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as 
necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, 
podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico. 
A Intervenção Psicopedagógica junto à família 
 Na formação do indivíduo, a família desempenha papel fundamental, pois 
desde o nascimento a criança começa a interagir com as pessoas que convivem, e 
aos poucos vão aprendendo a se socializar e adquirindo características semelhantes 
às dessas pessoas. Essas características irão influenciar no desenvolvimento 
intelectual e psicológico, por toda a vida, embora passe por constantes alterações e 
adaptações dependendo do meio em que conviver posteriormente. A criança sofre 
alterações do meio em que vive e ao crescer, começa a ter uma vida social mais 
ampla, como na escola, por exemplo, e nessa vivencia, descobrirá coisas novas, se 
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relacionará com pessoas diferentes das quais está acostumada, surgindo novidades 
que também influenciará no seu desenvolvimento pessoal. Segundo Coll (1995, p. 
251), a família, principalmente durante os anos escolares, deveria educar as 
crianças em um ambiente democrático: “[...] são os estilos educativos democráticos, 
por sua judiciosa combinação de controle, afeto, comunicação e exigências de 
maturidade, os que propiciam um melhor desenvolvimento da criança”. Se a criança 
não tiver uma base sólida na família, com uma educação democrática, afetuosa, 
crítica, de valores positivos, as características pessoais podem sofrer alterações 
radicais, direcionando a mesma às boas ou más atitudes. Os pais precisam dar o 
suporte necessário para que a escola possa fazer a sua parte e deixar a sociedade, 
de uma maneira geral, satisfeita com os resultados obtidos com essa parceria. 
 Na educação, a escola sempre teve um papel fundamental, e hoje, além dafunção de ensinar para a cidadania e para o trabalho, tem também que passar os 
valores fundamentais para a vida do indivíduo, sendo que esse papel também 
deveria ser de comprometimento familiar. Com o tempo, foram sendo atribuídas 
mais funções às escolas, principalmente pela influência econômica, política e social, 
e, Segundo Libâneo (2003, p. 139), “a revolução de 1930 representou a 
consolidação do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o 
consequente aparecimento de novas exigências educacionais”. A intervenção 
psicopedagógica voltada também para a família poderá ajudar no real conhecimento 
delas, caso não estiverem claras ou forem apenas parcialmente compreendidas, 
criando a possibilidade de compreensão do outro, a adequação de papéis e de 
limites. Assim, o trabalho psicopedagógico requer do especialista uma real 
percepção de si, de maneira a não se deixar levar pelos próprios valores durante a 
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intervenção. Isso porque o reconhecimento de um problema de aprendizagem e a 
intervenção mais adequada para solucioná-lo será resultado da bagagem cultural 
que ele traz consigo e que interferirá na sua capacidade de observação e análise de 
cada caso. Também sua postura frente à aprendizagem terá grande influência sobre 
o trabalho com a família e na possibilidade de seus membros resinificarem e 
sentirem segurança em seus papéis de ensinante e aprendente. 
 A atuação psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações, 
repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema familiar com uma 
saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de poder entre seus 
membros, clareza na definição de papéis e de limites. Enfim, a intervenção 
psicopedagógica buscará não se limitar à compreensão da dificuldade, mas à 
aquisição de novos comportamentos que levem à sua superação. 
Sugestões de Intervenção Psicopedagógica 
As escolas e também algumas famílias tem apresentados algumas queixas com 
problemas escolares apresentados pelos alunos, as principais reclamações dos 
professores com relação a dificuldade de aprendizagem, vem sendo indisciplina, 
timidez, agressividade, problemas emocionais, evasão escolar, entre outros. E por 
isso, que é necessário investigar todos os aspectos que possam estar contribuindo 
de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor maneira possível. 
Então depois de feita essa avaliação, torna-se muito importante a atuação do 
psicopedagogo. Sabendo das dificuldades apresentadas e suas origens proporem 
um projeto de intervenção com recursos e estratégias, objetivando-se a ajudar a 
criança a superar suas dificuldades. E os atendimentos têm se mostrado bastante 
eficientes no sentido de se atingir tal objetivo. Estes se constituem em encontros 
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com elementos de intervenção que pode ser com a caixa de trabalho, material 
disparador entre outros, de caráter lúdico, individual ou em grupos de crianças, onde 
são realizados jogos, brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e 
outras atividades que permitam a expressão da criança e que forneçam 
possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades que a criança necessite 
estar sendo desenvolvida de acordo com a avaliação diagnóstica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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