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Psicopedagogia Institucional Psicopedagogia Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria VIVIANNE SOUSA AUTORIA Vivianne Sousa Sou professora e apaixonada pela educação e acredito que este é um caminho de grandes transformações para a sociedade. Ao longo da minha carreira acadêmica, conclui Graduação em Letras pela UEPB e Ciências Sociais pela UFPB, Especialização em Educação em Direitos Humanos pela UFPB, Mestrado em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas pela UFPB. Atualmente sou Doutoranda em Ciência Sociais pela UFCG. No aspecto profissional, tenho construído experiências valiosas que me possibilitam aplicar os conhecimentos acadêmicos na prática. Nesse sentido, atuei como Assessora Pedagógica do Projeto Orçamento Participativo Criança e Adolescente do Município de João Pessoa, Especialista Pedagógica da Comissão de Implantação do Ensino Integral na Paraíba, Professora do Programa de Formação Continuada para Conselheiros Dos Direitos e Conselheiros Tutelares do Estado da Paraíba e Membro da Comissão Estadual de Elaboração e Implementação da Proposta Curricular do Ensino Médio da Paraíba. Estas são algumas das experiências que colaboram diretamente para uma visão global sobre educação e seus impactos sociais. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Sinto-me imensamente feliz e honrada em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho! Conte comigo. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Teoria da Psicopedagogia Institucional ............................................ 12 Reflexões Sobre a Psicopedagogia Institucional ..................................................... 12 As Dificuldades de Aprendizagem no Ambiente Escolar ...........23 O Papel do Psicopedagogo na Escola ............................................................................23 Os Métodos e Técnicas da Psicopedagogia Institucional .......... 33 Reflexões Sobre o Cotidiano da Psicopedagogia Institucional .....................33 Intervenção e Análise dos Problemas Escolares ...........................44 O Psicopedagogo no Contexto Escolar ..........................................................................44 9 UNIDADE 04 Psicopedagogia 10 INTRODUÇÃO Olá estudante! Bem-vindo à discussão sobre Psicopedagogia. Chegamos na a Unidade 4. Esta é uma área de discussões contundentes e impactos no campo da educação e da psicologia. Nesta unidade, iremos aprender sobre os desafios da Psicopedagogia Institucional, percebendo os avanços nesse campo no Brasil e no mundo. Vamos também estabelecer conexões entre a psicopedagogia e a institucionalidade como um todo. Vai ser muito importante identificar e superar as dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar, sob o ponto de vista do psicopedagogo e da instituição educacional. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Psicopedagogia 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Discernir sobre a importância da teoria da psicopedagogia institucional. 2. Identificar e superar as dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar, sob o ponto de vista do psicopedagogo e da instituição educacional. 3. Aplicar os métodos e as técnicas utilizadas na psicopedagogia institucional. 4. Entender como se dá a intervenção da psicopedagogia institucional em relação aos problemas escolares. Psicopedagogia 12 Teoria da Psicopedagogia Institucional OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como se constituem os desafios da psicopedagogia, no ambiente institucional, sobretudo como os profissionais dessa área poderão conduzir ações colaborativas e efetivas em relação ao desenvolvimento da aprendizagem. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Reflexões Sobre a Psicopedagogia Institucional Este capítulo nos conduzirá a reflexões sobre a psicopedagogia institucional, uma área de estudo que se encontra em constante desenvolvimento e expansão, tendo em vista ter em sua concepção a prática da ação preventiva como uma das suas prioridades. Contudo, diante das perspectivas relacionadas à contribuição do desenvolvimento da aprendizagem no ambiente escolar, ainda sofre inúmeras resistências pela ausência de compreensão sobre suas dimensões epistemológicas e práticas, tendo em vista que um dos seus objetivos age em torno do fortalecimento da identidade do grupo e da transformação da realidade escolar, pois para avançarmos no campo educacional, faz-se necessária a quebra de vários paradigmas, sobretudo no campo da aprendizagem. Psicopedagogia 13 Figura 1 - Educandos no desenvolvimento da aprendizagem Fonte: Freepik (2022). Nesse sentido, no campo da psicopedagogia institucional, é possível perceber o profissional da psicopedagogia agindo na perspectiva de proposição de mudanças e desconstruções culturais, provocando o cenário para contribuir direta e objetivamente para o desenvolvimento de uma aprendizagem eficaz e eficiente. É muito comum encontrar no contexto do cenário escolar, nas comunidades escolares, bastante resistência a mudanças e realização de discussões em torno da aprendizagem. Assim, quando observamos o objetivo da psicopedagogia, passamos a compreender que a Psicopedagogia Institucional é capaz de gerar um impacto crucial na ação preventiva no cotidiano escolar, pois os educandos que não são compreendidos em suas dificuldades e deficiências iniciais poderão bloquear o desenvolvimento da aprendizagem e necessitar de atendimento clínico. Psicopedagogia 14 IMPORTANTE: Consideramos que o profissional da psicopedagogia deverá contribuir diretamente com a equipe escolar na transformação do ambiente escolar em um cenário de construção do conhecimento que tenha acolhimento, atrativos, motivação e contemple a diversidade. Nesse sentido, é de suma importância fortalecer o vínculo com os professores para participarem na elaboração do Projeto Político Pedagógico e outros documentos norteadores da escola, de modo que possam contemplar a resposta para três pontos de reflexão no campo da aprendizagem: o que ensinar, como ensinar e para que ensinar. Figura 2- Questões de planejamento educacional Fonte: Elaborado pela autora (2022) Muitas escolas apontam que grande parte dos professores solicitam o apoio em torno de formações, novas ferramentas e a presença do profissional da psicopedagogia no ambiente escolar, assim também como assessorias com esse profissional. Contudo, quandoatividades inovadoras são implementadas para potencializar a aprendizagem dos educandos, são, na maioria das vezes, descredibilizadas como se o objetivo fosse alterar a cultura que está instaurada e que se defende até hoje, que sempre deu certo. Nessa perspectiva, temos algumas questões: • As práticas em vigor potencializam a aprendizagem dos estudantes? • A escola tem ambientes de aprendizagem acolhedores? • A escola tem educandos e professores engajados? • A escola consegue monitorar as dificuldades de aprendizagem? • O que a escola planeja em torno da solução das dificuldades de aprendizagem? Psicopedagogia 15 Estes questionamentos orientam-nos a refletir sobre a importância do profissional da psicopedagogia institucional no ambiente da escola, de forma efetiva e que contemple as dinâmicas culturais, sociais e políticas dessa escola. Figura 3- O educando na escola Fonte: Freepik (2022). O profissional da psicopedagogia tem por finalidade a realização de um diagnóstico institucional para levantar quais os problemas que estão gerando interferência no desenvolvimento da aprendizagem dos educandos nesse contexto educacional. É de suma importância conduzir o professor a avaliar sua metodologia e quais métodos estão sendo utilizados, percebendo se a sua forma de ensinar contempla todas as dimensões, trajetórias e vivências inseridas no ambiente escolar, sobretudo se a forma que está se ensinando é possível que o educando possa aprender. Neste sentido, o profissional da psicopedagogia deverá elaborar uma orientação para o professor com a finalidade de buscar a forma ideal de colaborar com o desenvolvimento do educando que demonstra dificuldade de aprendizagem. Psicopedagogia 16 Pode ser que em alguns casos, seja necessária uma intervenção que necessite encaminhamento. Assim junto com a equipe escolar, encaminhar o educando para outros profissionais: • Psicólogo. • Fonoaudiólogo. • Neurologista. Quando ocorrem situações de encaminhamento orienta-se que seja feito, após esgotadas todas as possibilidades de intervenção escolar, assim. a dinâmica entre professor versus psicopedagogo deverá sempre ser alinhada, conectada e dialogada de forma coesa e efetiva. É sempre importante lembrar que a ação do profissional da psicopedagogia institucional tem perspectiva preventiva, ou seja, seu olhar deve contemplar a escola como um todo e toda a instituição deverá ser acompanhada e percebida; o trabalho não pode ser feito de forma isolada e sim coletiva. Figura 4- Trabalho coletivo Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 17 Dessa forma, poderemos perceber e acompanhar o nível de um trabalho coletivo e de impacto, realizado de forma alinhada e dialogada, no qual todos contribuem diretamente com o desenvolvimento da aprendizagem. Nesse sentido, Bossa (1999) salienta que o psicopedagogo deverá ter as seguintes ações: Figura 5 - Ações do Psicopedagogo Fonte: Elaborado pela autora própria (2022) Quando o profissional da psicopedagogia inicia o trabalho no campo educacional, especificamente em uma escola, é importante que os educadores tenham as seguintes atitudes: • Abertura. • Disponibilidade para aprender. • Motivação para contribuir. • Inclinação para o entrosamento. • Identificação com o desenvolvimento da aprendizagem. Após os seguintes pontos serem detectados, no ambiente dos profissionais da educação, o psicopedagogo deverá conduzir os professores por dois tipos de reflexão: • Individual. • Coletiva. Psicopedagogia 18 O foco dessas reflexões deverá ser motivado pelas seguintes questões: • O planejamento da aula conecta-se diretamente com as possibilidades de aprendizagem? • Consigo identificar as dificuldades de aprendizagem dos estudantes em sala de aula? • O que é feito para sanar as dificuldades de aprendizagem? Essas reflexões iniciais irão conduzir os professores pela centralidade do papel do psicopedagogo que é contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem dos educandos na escola. A partir desse contexto, é de suma importância que o profissional da psicopedagogia institucional possa criar, elaborar, realizar, conduzir momentos de formação continuada sobre o desenvolvimento da aprendizagem, metodologias e formas de incentivar o aprendizado, sobretudo, como estabelecer conexões em tempos de ensino híbrido. Uma importante tarefa, que pode ser realizada pelo profissional da psicopedagogia, é solicitar que os professores respondam os seguintes questionamentos: Figura 6- Questões de aprendizagem Fonte: Elaborado pela autora (2022). Nesta perspectiva é importante entendermos que na área da educação, cada escola/instituição tem seu método e alinhamento teórico a ser seguido e desenvolvido, assim também como sua missão, metas e objetivos. Cabe ao profissional da psicopedagogia institucional apreender e se apropriar destas questões para que possa colaborar, de forma Psicopedagogia 19 coerente, com as expectativas de desenvolvimento de aprendizagem dos estudantes. Para que isto ocorra de forma plena e efetiva, é de suma importância que a equipe escolar tenha as seguintes atitudes: • Confiança no profissional da psicopedagogia. • Acredite no psicopedagogo. • Esteja aberta a mudanças e disposta a realizar ações. Com este sentimento e atitude, percebe-se que é, extremamente, possível construir mudanças efetivas no ambiente escolar. Figura 7 - Planejamento efetivo com a participação de todos Fonte: Freepik(2022). Assim, a conduta do profissional da psicopedagogia deverá ser em torno da prevenção, contemplando como os elementos de aprendizagem vão se constituindo neste processo de desenvolvimento, de modo que os ambientes de aprendizagem sejam sempre acolhedores, coletivos e participativos. IMPORTANTE: É de suma importância que seja construída e cultivada uma relação dialógica entre o professor e o educando. Desse modo horizontal e participativo será possível incentivar e criar motivação para a aprendizagem de forma saudável e inclusiva. Psicopedagogia 20 Nesse sentido, é fundamental que a escola tenha uma dinâmica bem estabelecida de planejamento, ou seja, é importante a cultura de planejar, perceber aonde se quer chegar e como pode chegar a este objetivo. Desse modo, é essencial: • Elaborar planejamentos executáveis e reais. • Seguir esses planejamentos. • Avaliar o que deu certo e o que deu errado. • Replanejar. Tendo em vista que se isso não ocorre, é fundamental que a equipe escolar, com auxílio do profissional da psicopedagogia, crie o momento de reelaboração do planejamento e realize uma reflexão do porquê alguns alunos não se envolvem e desenvolvem a aprendizagem no respectivo ambiente. Nessa perspectiva é de suma importância que o profissional da psicopedagogia busque e discuta com a equipe escolar alternativas inovadoras de aprendizagem e de como abordar o conhecimento, sendo um excelente caminho para a apresentação de novas metodologias a serem aplicadas em sala de aula. Figura 8 - Buscar estratégias de alcance do aprendizado Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 21 Nesse contexto, entendemos que todas as metodologias pedagógicas deverão ser adaptadas e contextualizadas, de acordo com os seguintes pontos: • Perfil da turma de estudantes. • Contexto escolar. • Questões sociais, culturais e econômicas. • Faixa etária da turma. Com a adaptação adequada às questões que permeiam o ambiente escolar, será possível desenvolver o prazer no ensinar e no aprender. Figura 9 - Refletir e adaptar metodologias é fundamental Fonte: Freepik(2022). Assim, de forma alguma a escola poderá se isentar da sua responsabilidade efetiva com a aprendizagem dos estudantes. É papel do psicopedagogo institucional, em parceria com a equipe escolar, diagnosticar os fatores que potencializam ou enfraquecem a aprendizagem e elaborar um planejamento efetivo que colabore no desenvolvimentode metodologias e busque mudanças no que não produz êxito. Psicopedagogia 22 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido como se constituem os desafios da psicopedagogia no ambiente institucional, sobretudo como os profissionais dessa área poderão conduzir ações colaborativas e efetivas no que tange ao desenvolvimento da aprendizagem. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Nesse sentido, no campo da psicopedagogia institucional, é possível perceber o profissional da psicopedagogia, agindo na perspectiva de proposição de mudanças e desconstruções culturais, provocando o cenário a contribuir direta e objetivamente para o desenvolvimento de uma aprendizagem eficaz e eficiente. Assim, quando observamos o objetivo da psicopedagogia, passamos a compreender que a psicopedagogia institucional é capaz de gerar um impacto crucial na ação preventiva no cotidiano escolar, pois os educandos que não são compreendidos, em suas dificuldades e deficiências iniciais, poderão bloquear o desenvolvimento da aprendizagem e necessitar de atendimento clínico. Psicopedagogia 23 As Dificuldades de Aprendizagem no Ambiente Escolar OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender qual é o papel do psicopedagogo na escola e o que são as dificuldades de aprendizagem. Isso se faz importante pelo fato de que o psicopedagogo pode atuar em diversas áreas e sendo o ambiente escolar uma delas é interessante conhecer como esse profissional irá lidar nesse ambiente. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. O Papel do Psicopedagogo na Escola A psicopedagogia, de acordo com Bossa (2007), surgiu sob o viés de duas possibilidades. Primeiro, refere-se ao fato dela ter sido criada como área de pesquisa, por meio de uma tentativa de explicar as razões pelo fracasso escolar, por um viés que não fosse nem voltado apenas para a pedagogia e nem tampouco, apenas para a psicologia. Em segundo, foi uma forma de sugerir que essa área surgiu como uma “fusão” para poder garantir o atendimento de crianças que estavam apresentando dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar, funcionando a psicopedagogia como uma fronteira entre a pedagogia e a psicologia. Tem-se que a psicopedagogia apresenta um campo epistemológico bastante definido: o processo de ensino e aprendizagem do ser humano. Entretanto, pode-se verificar que se trata de algo multifacetado, ou seja, um objeto multidimensional que depende de diversos fatores que podem ser divididos em pré-subjetivos e subjetivos, da seguinte forma: Psicopedagogia 24 Figura 10 - Elementos que são objetos do campo epistemológico da Psicopedagogia Fonte: Elaborado pela autora (2022). Sobre o exposto, tem-se ainda o pensamento de Lemme (2009): Dificuldade de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou das habilidades matemáticas. É importante não confundir dificuldade de aprendizagem com fracasso escolar, que embora tenham semelhanças na forma de se manifestarem, pertencem a categorias diferentes. (LEMME, 2009) Assim, há o processo de aprendizagem do ser humano como o objeto central de estudo da psicopedagogia, levando em consideração padrões de cunho patológico e normal, considerando-se a própria influência do meio no processo de aprendizagem, por exemplo, a escola, a sociedade e a própria família como figuras impactantes nesse processo e no desenvolvimento do educando. Com base nisso, vários teóricos latino-americanos focaram, especificamente, no tema de aprendizagem, buscando identificar os motivos e as causas das suas dificuldades, tendo como foco de pesquisa a pessoa que não tinha condições de aprender (SÁNCHEZ, 2008). Psicopedagogia 25 Sánchez (2008) pensava de forma diferente, definindo o campo epistemológico da psicopedagogia como uma metodologia de intervenção, aliada a um raciocínio diagnóstico, com vias de observar o comportamento do sujeito, diante do objeto de conhecimento, quando ele se encontrava diante de uma situação comum de aprendizagem. Dessa forma, estaria buscando a associação indissociável entre objeto e sujeito e concebia esse sujeito em seu contexto histórico e social, admitindo a possibilidade de existência de conhecimentos que transcendem disciplinas, ainda que seja construído de forma interdisciplinar. Por fim, acreditava o autor que a clínica de dificuldades de aprendizagem seria um espaço ideal para o desenvolvimento da psicopedagogia como área. De forma resumida, Sánchez (2008) acreditava no seguinte: Figura 12 - Campo epistemológico da Psicopedagogia Fonte- Elaborado pela autora (2022). Os teóricos latino-americanos definem como área de foco a necessidade de considerar o quão importante é o elo entre a psicopedagogia e o seu contexto de aplicação. Deve-se ter conhecimento Psicopedagogia 26 acerca do ambiente no qual o educando está inserto, sendo este um dos principais pontos a serem considerados para fazer o levantamento inicial de suas necessidades. A ação psicopedagógica, dessa forma, tem como intuito buscar uma definição de ensino e aprendizagem que tenha como resultado interações pessoais, podendo estimular e transformar a comunidade educativa para que esta busque realizar inovações no contexto escolar. A atuação do psicopedagogo faz-se bastante necessária na escola, voltada mais para um caráter preventivo e com intuito de assessorar os professores e alunos que se encontram no contexto educacional. Bossa (2007) diz que: pensar a escola à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. (BOSSA, 2007, p. 32) Assim, deve o psicopedagogo trabalhar tanto para assessorar os alunos como os professores, sendo essencial em sua prática que sejam consideradas as relações que existem entre as oportunidades reais que se apresentam na sociedade e o que a escola produz. Isso se faz necessário porque a sociedade e escola não devem ser vistas como realidades separadas, posto que uma reflete na outra. Um exemplo clássico é o fato do ensino público ser bastante estigmatizado e seus alunos são, muitas vezes, considerados como deficientes, independente de rendimento. Figura 13 - A psicopedagoga auxilia tanto o aluno quanto o professor Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 27 Sobre o tema, Gasparian (1997) traz o seguinte: A escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos. (GASPARIAN, 1997, p.24) Historicamente, as escolas são palco de diversas formas de desequilíbrio e não é a simples chegada do psicopedagogo que irá solucionar todos os problemas e as demandas que existem na escola. Vários são os problemas do contexto escolar, por exemplo: • Evasão de alunos. • Desmotivação dos professores. • Indisciplina dos alunos. • Dificuldades de aprendizagem. Figura 14 - A equipe deve estar sempre motivada para atender aos educandos Fonte: Freepik(2022). Diante desses problemas, o psicopedagogo pode até influenciar e auxiliar na busca de uma solução, mas isso não acontece de forma Psicopedagogia 28 imediata, precisa de tempo e de um trabalho de equipe consistente com todos que fazem parte do processo de ensino e aprendizagem, sendo esse conjunto composto por: • Equipe técnica. • Docentes. • Discentes. • Gestores. • Família.• Demais funcionários da escola. Assim, o psicopedagogo pode ter uma visão geral da escola e atuar quando for necessário, mesmo se tratando de um lugar que tem muitos desequilíbrios. Assim, a aprendizagem escolar foi vista como algo que basicamente era oposta a atividades prazerosas, associada a uma tarefa forçada e um mal necessário. O maior obstáculo hodierno fazer com que os educandos despertem o interesse e a vontade de aprender, além de sentir prazer no aprendizado. Sobre essa necessidade de transformar o aprender em uma atividade prazerosa, Barbosa(2001) diz o seguinte: Transformar a aprendizagem em prazer não significa realizar uma atividade prazerosa, e sim descobrir o prazer no ato de: construir ou de desconstruir o conhecimento; transformar ou ampliar o que se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com vida; ser coautor ou autor do conhecimento; permitir-se experimentar diante de hipóteses; partir de um contexto para a descontextualização e vice-versa; operar sobre o conhecimento já existente; buscar o saber a partir do não saber; compartilhar suas descobertas; integrar ação, emoção e cognição; usar a reflexão sobre o conhecimento e a realidade; conhecer a história para criar novas possibilidades (BARBOSA, 2001, p. 56). Nota-se que a autora relata que não deve haver uma literal transformação do processo de aprendizagem para mudar essa atividade em algo prazeroso, e sim uma busca por uma mudança de pensamento, no sentido de encontrar o prazer ao realizar a atividade. Psicopedagogia 29 Figura 15 - Aprender deve ser prazeroso Fonte: Freepik(2022). Como já visto, um dos principais objetivos do psicopedagogo é combater o fracasso escolar e ele faz isso ao buscar maneiras de prevenir ou remediar as dificuldades de aprendizagem. Para Veiga (2006), as dificuldades de aprendizagem não têm um conceito definido e firmado em rocha, pois várias são as possíveis definições, sendo este um termo de certa forma genérico que é utilizado para distinguir uma gama de diferentes distúrbios que irão impactar na aquisição, desenvolvimento e no uso de habilidades relativas à oralidade, capacidade de fala, leitura, compreensão de leitura e de fala, capacidade de escrita, raciocínio e pensamento matemático. Veiga (2006) acredita, ainda, que esse conjunto de distúrbios está ligado a questões bem características do indivíduo e que estas estariam focadas em problemas do sistema nervoso central, posto que essas dificuldades podem ocorrer de forma concorrente com outros problemas sofridos pelo educando como os seguintes (VEIGA, 2006): • Atraso mental. • Perturbações de cunho social. Psicopedagogia 30 • Questões de cunho sensorial. • Perturbações emocionais. • Fala, ainda, sobre problemas que sofrem influência ambiental como: • Instrução insuficiente. • Instrução inadequada. • Diferenças culturais. Na opinião de Chabanne (2006), a dificuldade de aprendizagem estaria ligada à situação do aluno, levanto em consideração as características individuais, o contexto social, histórico, escolar, as avaliações realizadas e até o seu comportamento. Figura 16 - Dificuldades de aprendizagem Fonte: Freepik (2022). Krieger (2013), por sua vez, acredita que a dificuldade ocorreria não por conta da ação isolada de um professor que supostamente estaria despreparado, assim como não derivaria apenas da falta de estímulo para o aprendizado, a dificuldade estaria ligada também com os quesitos emocionais do educando, a sua relação com o professor e o contexto escolar, algo que nem sempre é detectado pelo docente por questões de despreparo pessoal. Psicopedagogia 31 IMPORTANTE: Grassi (2013), por sua vez, entende que o objetivo final da psicopedagogia seria o estudo do processo de ensino e aprendizagem, o que é algo bastante complexo e que leva em consideração diversos fatores e conceitos teóricos. Com isso, o foco da psicopedagogia seria a dificuldade de aprendizagem, aliada ao atendimento terapêutico, focando tanto nessa aprendizagem como na não aprendizagem. Já ao conceito de dificuldade de aprendizagem seria algo diferente, de acordo com Kirk (1962): Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita ou outras áreas cognitivas, resultantes de uma deficiência causada por uma possível disfunção cerebral ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, deprivação sensorial ou fatores culturais e instrucionais. (KIRK, 1962, p. 263) Vários são os fatores que podem levar à dificuldade de aprendizagem, não necessitando ser necessariamente algo permanente. Alguns desses fatores: • Cansaço. • Tristeza. • Sono. • Agitação. • Desordem. • Preguiça. Todos esses são fatores que podem influenciar no processo de ensino e aprendizagem. Em termos de espécies, existem algumas dificuldades de aprendizagem bastante específicas como: • Disgrafia -dificuldade na escrita com letras mal traçadas, trocadas ou invertidas, muitas vezes ilegíveis. • Dislexia - dificuldade na leitura que impede o aluno de se tornar fluente. Caracterizada pela troca de caracteres ou inversão de sílabas, leitura lenta, pula linhas quando lê. Psicopedagogia 32 • Discalculia -dificuldade com números, realização de cálculos, não compreende ou não sabe realizar cálculos. Dificuldades em compreender e aplicar raciocínio lógico. • Disortografia - dificuldade na ortografia, aparecendo como consequência, muitas vezes, da dislexia, junção de sílabas ou separação desnecessárias, falta de percepção de sinais de pontuação e acentuação. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a psicopedagogia apresenta um campo epistemológico bastante definido: o processo de ensino e aprendizagem do ser humano. Entretanto, pode-se verificar que se trata de algo multifacetado, ou seja, um objeto multidimensional. A atuação do psicopedagogo faz-se bastante necessária na escola, voltada mais para um caráter preventivo e com intuito de assessorar os professores e alunos que se encontram no contexto educacional. Assim, deve o psicopedagogo trabalhar tanto para assessorar os alunos, como para os professores, sendo essencial em sua prática que sejam consideradas as relações que existem entre as oportunidades reais que se apresentam na sociedade e o que a escola produz. Entende que o objetivo final da psicopedagogia seria o estudo do processo de ensino e aprendizagem, o que é algo bastante complexo e que leva em consideração diversos fatores e conceitos teóricos. As dificuldades de aprendizagem não têm um conceito definido e firmado em rocha, pois várias são as possíveis definições, sendo este um termo de certa forma genérico que é utilizado para distinguir uma gama de diferentes distúrbios que irão impactar na aquisição, desenvolvimento e no uso de habilidades relativas à oralidade, capacidade de fala, leitura, compreensão de leitura e de fala, capacidade de escrita, raciocínio e pensamento matemático. Psicopedagogia 33 Os Métodos e Técnicas da Psicopedagogia Institucional OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam os métodos e técnicas da psicopedagoga institucional de forma prática e como o desenvolvimento dessas atividades influencia, diretamente, no contexto da escola. Torna-se de grande valia esse conhecimento, uma vez que são atribuições de impacto e, a partir da sua execução, irão atuar em conjunto para garantir um melhor aproveitamento no processo de ensino e aprendizagem. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Reflexões Sobre o Cotidiano da Psicopedagogia Institucional Após discutirmoscomo vai se desenhando e se estruturando a psicopedagogia institucional, é importante sempre mantermos em mente o ambiente em que ela se desenvolve: a escola. Entender a escola, é perceber os desafios, as experiências e as vivências que farão parte da dimensão prática da psicopedagogia institucional. Assim, é importante refletir como esta dimensão teórica aplica-se de forma prática no cotidiano. Psicopedagogia 34 Figura 17- A escola como espaço de diálogos Fonte: Freepik(2022). Nesse sentido, elencamos alguns pontos de reflexão presentes neste âmbito de atuação da psicopedagogia institucional: Figura 18- Para refletir sobre a escola Fonte: Elaborado pela autora (2022). Psicopedagogia 35 Nesse sentido, buscamos compreender que a análise dos desafios é proporcional à complexidade do ambiente escolar, tendo em vista a dimensão diversa que ele abarca. Pensar sobre essa diversidade e toda esta dimensão complexa, inclui refletir sobre os seguintes pontos: • Qual a metodologia adequada para as aulas? • Qual o planejamento eficaz? • Qual a avaliação efetiva? • Como podemos abordar os casos de indisciplina? Todas essas perguntas conectam-se com a ação prática e cotidiana do profissional da psicopedagogia, de modo que a educação se conecta, diretamente, com a sociedade e isto significa uma série de mudanças intensas e constantes que geram inúmeras reflexões e modos de agir, diferenciados de acordo com os tempos em que vivemos. Contudo, a educação pode agir de forma excludente ou includente. Para isso, a psicopedagogia institucional deverá adotar um pensamento dialógico que converse com as realidades e as dimensões vivenciadas no momento. Figura 19 - A escola como espaço aberto para as diversas realidades Fonte: Freepik (2022). Psicopedagogia 36 Portanto, para a ação prática do profissional da psicopedagogia faz-se necessário conhecer os desafios a serem enfrentados para que as estratégias sejam refletidas e planejadas. Dessa forma, elencamos os principais desafios que estão presentes no campo escolar: • O currículo Quando pensamos sobre currículo, imaginamos que este é o momento decisivo que reúne as respostas para a pergunta-chave: o que devemos ensinar? Desse modo, a partir dessa responsabilidade, percebemos que a tarefa de organizar o currículo é atividade de toda a escola como um todo, envolvendo todos os que compõem o espaço educacional. É de suma importância que a escola fundamente, teoricamente, o seu trabalho e elabore um currículo que contemple as condições afetivas, cognitivas e biológicas de cada educando. Se ele não tiver acessibilidade, fabricaremos dificuldades de aprendizagem na escola, impedindo o desenvolvimento do estudante, portanto, para esta ação, o psicopedagogo institucional deverá se encontrar atento e disponível para esta contribuição. • A realização de um planejamento efetivo O momento do planejamento é o instante-chave para a condução de uma atividade que tenha objetivo claro e conciso, ou seja, planejar o que de fato possa acontecer e possa gerar resultados. Para este momento, o profissional da psicopedagogia deverá delimitar: • Objetivos. • Estratégias. • Procedimentos. • Recursos didáticos. • Avaliação. Dessa maneira, a atividade do psicopedagogo, no planejamento escolar, é conduzir a reflexão sobre as ações a serem realizadas, academicamente, que tenham impactos nos processos de aprendizagem. Psicopedagogia 37 Figura 20 - O planejamento deve ser subsidiado por fundamentações teóricas e elementos da aprendizagem Fonte: Freepik (2022). • O desenvolvimento de trabalhos com projetos O trabalho, elaborado e desenvolvido com projetos, possibilita agregar diferentes áreas e assim garantir o desenvolvimento da aprendizagem por meio da interdisciplinaridade, de modo a integrar diversas áreas no intuito de promover o conhecimento. Desse modo, o psicopedagogo deverá conduzir os professores a despertarem para esta metodologia e a partir daí pensar atividades que possam engajar os estudantes como: • Realização de pesquisas. • Realização de gincanas. • Promoção de feiras de Ciência. • Realização de atividades de intervenção na comunidade. Estes são alguns exemplos que possibilitam a realização de atividades por meio do trabalho com projetos que pode ser incentivado, mobilizado e orientado pelo profissional da psicopedagogia institucional. Psicopedagogia 38 Figura 21 - A feira de ciência para vivenciar experiências teóricas na prática Fonte: Freepik (2022). • O formato da reunião dos pais Vivenciamos uma grande realidade de acompanharmos várias queixas, por parte dos professores e da gestão escolar, sobre a baixa participação dos pais na vida escolar dos seus filhos. Podemos acompanhar na prática as reuniões de família com baixa frequência. Para isso é importante, que o psicopedagogo esteja atento a estes casos, para que possa agir em direção da resolução dessas questões, por exemplo: • Adequar o horário das reuniões ao momento com maior adesão e participação das famílias. • Criar estratégias que chamem a atenção e tornem o ambiente acolhedor. • Realizar acolhimentos e dinâmicas de interação. • Explicar em uma linguagem acessível sobre o funcionamento e ações da escola. Psicopedagogia 39 • Convidar as famílias a sempre estarem presentes no ambiente escolar. • Os assuntos individuais devem ser restritos a conversas particulares. Criar formatos de reuniões de famílias é uma tarefa urgente, tendo em vista que a sociedade mudou e a dinâmica cotidiana da vida das pessoas também. Figura 22 - Perceber e incluir os diversos tipos de família é tarefa da escola Fonte: Freepik(2022). • Realização de uma formação continuada que contemple os anseios dos professores e as necessidades da escola Quando pensamos sobre a realização da formação continuada, é importante perceber o impacto que pode gerar, quando uma equipe tem o hábito de desenvolver suas aprendizagens e estar sempre pronta para lidar com questões desafiadoras do cotidiano. Psicopedagogia 40 Assim, entendemos como profissionais da educação/professores/ gestores da aprendizagem, sabemos que a formação é um processo que deve ser permanente. Desse modo, o profissional da psicopedagogia tem os seguintes papéis: • Despertar a equipe para a importância da formação continuada. • Incentivar a formação continuada autônoma, realizada de forma individual. • Realizar momentos de formação com toda a equipe, contemplando temáticas que são elencadas pelo grupo e temáticas que colaborem com o bom desempenho da escola. É sempre importante criar uma atmosfera de aprendizado contínuo, cada canto da escola deve ser considerado um espaço para aprender e ensinar, de modo que este processo seja prazeroso e satisfatório. Figura 23- A busca pelo conhecimento deve ser constante Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 41 • Promoção da inclusão na escola Para promoção da inclusão na escola é de suma importância trabalhar, coletivamente, englobando a família e o próprio sujeito. Nesse sentido, é essencial que o profissional da psicopedagogia esteja sempre atento a situações de bullying que ocorrem no cotidiano de modo que possa agir de forma preventiva em situações de discriminações, exclusões e preconceitos frente às diversidades. Desse modo, o psicopedagogo poderá realizar: • Palestras educativas. • Campanhas preventivas. • Diálogos inclusivos. • Debates conscientizadores. Assim, estaremos construindo uma escola que respeita as diferenças e acolhe todas as formas de ser e viver dos indivíduos. Essa é uma demanda que requer bastante compromisso e que gera impactos na vida dos estudantes. Figura 24 - Respeitar as diversidades e promover a inclusão são tarefas da escola Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 42 • O desenvolvimento de ações que contemplem as competências socioemocionaisA escola é um ambiente que necessita ver o estudante, a partir da sua integralidade, isto é, como um todo e não apenas como um mero receptor de conteúdos. Assim é de fundamental importância trabalhar as emoções e as sensações no ambiente escolar. Figura 25- As emoções no ambiente escolar Fonte: Freepik(2022). Para a realização deste acompanhamento, a equipe escolar deverá estar sensível a estas questões, de modo que o profissional da psicopedagogia deverá sensibilizar sobre a importância desse tema com a equipe de professores, pois tais temáticas socioemocionais deverão transversalizar as aulas e fazer parte do cotidiano escolar. Algumas ações que podem ser realizadas com o psicopedagogo, a equipe escolar e os estudantes: • Acolhimento na entrada da escola. • Despedida na saída da escola. • Construção da árvore dos sonhos com os anseios e sonhos de todos da escola. • Mapa da empatia ou dos sentimentos. Psicopedagogia 43 Estas são alguns exemplos de atividades que poderão contribuir com a inserção das competências socioemocionais no ambiente escolar. Após acompanharmos a exemplificação de ações em torno de tais situações no ambiente escolar, queremos deixar claro que elas não se esgotam e não se resumem apenas e esses pontos porque o ambiente escolar é vasto de situações que exigem uma dinâmica atenta e proativa que não gere prejuízos no aprendizado dos estudantes. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido como funcionam os métodos e técnicas da psicopedagoga institucional e que acontecem de forma prática e como o desenvolvimento dessas atividades influencia diretamente no contexto da escola. Torna-se de grande valia esse conhecimento, uma vez que são atribuições de impacto, a partir da sua execução irão atuar em conjunto para garantir um melhor aproveitamento no processo de ensino e aprendizagem. Entender a escola, é perceber os desafios, experiências e vivências que farão parte da dimensão prática da psicopedagogia institucional. Assim, é sempre importante refletir como esta dimensão teórica aplica- se de forma prática no cotidiano vigente. Portanto, para a ação prática do profissional da psicopedagogia faz-se necessário conhecer os desafios a serem enfrentados para que as estratégias sejam refletidas e planejadas de forma intencional e organizada. Psicopedagogia 44 Intervenção e Análise dos Problemas Escolares OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como se origina a intervenção psicopedagógica nas escolas. É importante deter esse conhecimento, pois é uma forma de aplicação prática da psicopedagogia, o que o leva diretamente ao campo de atuação. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante! O Psicopedagogo no Contexto Escolar O trabalho do psicopedagogo na escola tem tendências a se desenvolver de forma preventiva e em forma de assessoramento por meio da análise do contexto educacional. VOCÊ SABIA? Cabe ao psicopedagogo atuar como um verdadeiro mediador, com a sua intervenção, acontecendo de maneira antecipada e em caráter preventivo e investigativo para poder prever quais os tipos de problemas de aprendizagem que irá enfrentar ao atuar na escola, diante das crianças. Se já for detectado de imediato que a criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem ou distúrbio, fica evidenciada a necessidade de intervenção do psicopedagogo. Parte- se, nesse caso, para um diagnóstico acerca de qual é o problema de aprendizagem ou distúrbio presente para, só então, haver, de fato, a intervenção psicopedagógica. Assim, vão acontecer as devidas interações, orientações e integrações para a criança e o adolescente, depois de detectado algum problema de aprendizagem, sendo este percebido pelo psicopedagogo, conforme afirma Grassi (2015). Entretanto, detectar esses problemas nem sempre é uma atividade fácil, devendo o psicopedagogo realizar toda uma fase investigativa Psicopedagogia 45 para compreender os verdadeiros motivos das dificuldades e distúrbios encontrados. Não é incomum que preguiça, desinteresse ou falta de atenção estejam entre as causas de dificuldade de aprendizagem. Contudo, é por meio da avaliação psicopedagógica que o profissional irá analisar que alguns alunos precisam, de fato, de uma intervenção, por isso há sempre a busca por outras alternativas, antes da intervenção. Figura 26 - Ação interventiva do psicopedagogo nos problemas de aprendizagem Fonte: Freepik(2022). Só após o diagnóstico, é que ocorrerá a intervenção, estando esta interligada com o processo de ensino e aprendizagem, deve contemplar não apenas os alunos, mas também os professores. Problemas que são, muitas vezes, considerados como banais, podem ser alvo de intervenção psicopedagógica escolar como indisciplina. Em todo caso, pode haver atuação do profissional, conforme afirma Drouet (2015). Deve-se levar em consideração, também, que para que haja uma correta intervenção psicopedagógica, deve o profissional conhecer o processo de ensino e aprendizagem, ter noção das interferências que irá causar no sistema e que métodos educativos são aplicados e que problemas estruturais serão analisados para serem alvo de intervenção. Psicopedagogia 46 Para isso, segundo Bossa (2016), cabe ao psicopedagogo buscar as teorias que tratam do ensino e aprendizagem aliada à influência afetiva. Barbosa (2016) complementa o pensamento de Bossa ao afirmar que na escola, deve-se considerar a aprendizagem por meio de todos os sujeitos envolvidos, tendo em vista que é um processo que envolve diversos protagonistas que atuam em conjunto para uma correta construção de conhecimento. Com base nisso, pode-se afirmar que a psicopedagogia é de grande valia para as instituições de ensino, mas deve o psicopedagogo ter a consciência do seu desafio e a noção de que deve considerar os sujeitos para os quais irá atuar em sua totalidade, conforme afirma Scoz (2013). Assim, é de suma importância a ação do psicopedagogo para poder auxiliar na reformulação e reorganização do processo de ensino e aprendizagem. Figura 27 - O psicopedagogo ajuda no processo de ensino e aprendizagem nas escolas Fonte: Freepik (2022). Não é incomum que os alunos apresentem sentimento de medo, diante da possibilidade de fracasso escolar no processo de ensino e aprendizagem, assim como o professor pode sofrer julgamentos desnecessários por não estar ser competente o suficiente no exercício da sua função. Isso pode gerar uma desmotivação para ambos os protagonistas do processo de ensino e aprendizagem, o que pode gerar Psicopedagogia 47 um efeito em espiral e se tornar um problema de difícil solução. Grassi (2013) afirma o seguinte sobre o assunto: A perspectiva criada a partir dessa proposta com Oficinas Psicopedagógicas deve estar voltada para redescoberta, para a criação e a recriação, para a construção permanente de outros caminhos para conviver em processo de aprendizagem. (GRASSI, 2013, p.95) Assim, a utilização de oficinas psicopedagógicas para auxiliar, na intervenção a ser realizada na escola, pode ajudar o psicopedagogo a ter um conhecimento mais aprofundado acerca dos sujeitos com os quais trabalha e pode ter como consequência uma melhoria no que diz respeito à compreensão das dificuldades desse sujeito. Segundo Grassi (2013), o primeiro contato com o psicopedagogo acontece por meio da realização de uma queixa, que irá levar a uma reunião, com a direção da escola e a equipe pedagógica, para que possam começar a ser alinhadas as diretrizes que serão executadas. Isso possibilita que as dificuldades sejam superadas e pode acabar com uma implementação até das relações interpessoais entre os profissionais, o que tem como consequênciauma reorganização até nos sentimentos da equipe e pensamentos, podendo trazer bons resultados para a autoestima como um todo. IMPORTANTE: Um dos objetivos do psicopedagogo, quando está praticando uma intervenção na escola, é prestar auxílio à gestão e à coordenação pedagógica, no sentido de elaborar estratégias que irão servir de orientação para os docentes, explicando como devem agir diante das dificuldades que foram narradas (GRASSI, 2013). Grassi (2013) aponta, ainda, quatro passos que podem ser seguidos na realização de uma oficina de psicopedagogia com o intuito de realizar a intervenção em uma instituição educacional: • Sensibilização. • Utilização de atividades lúdicas ou dinâmicas. Psicopedagogia 48 • Reflexões e feedback no momento de fechamento das aulas. • Avaliação das vivências com um aspecto crítico. Figura 28 - Momentos de união e autoconhecimento nas oficinas Fonte: Freepik(2022). Essas oficinas, dessa forma, resultam em um diagnóstico e são formadas de momentos que envolvem: • Conhecimento. • Interação. • Superação. • Planejamento de ações. Figura 29 - Momentos de superação nas oficinas Fonte: Freepik(2022). Psicopedagogia 49 Por meio da união desses elementos, o psicopedagogo pode traçar diversas estratégias para continuar o procedimento de intervenção, sendo várias as espécies de estratégia, mas nenhuma delas tem 100% de chance de eficácia, tendo em vista que sempre deve ser levado em consideração as individualidades dos alunos. Retomando um pouco, deve-se sempre destacar a necessidade do olhar do psicopedagogo sobre a intervenção escolar, sendo necessária sempre a análise do objeto de estudo da psicopedagogia. A psicopedagogia estuda o sujeito em qualquer hipótese, seja seu meio familiar, seja seu meio escolar, sua relação com o objeto de aprendizagem, o sujeito de forma isolada. Desse jeito, a psicopedagogia lida com a aprendizagem de forma geral, e não apenas com a aprendizagem escolar. É necessário que o psicopedagogo compreenda como esse sujeito se constitui, o que é feito, geralmente, por meio de uma anamnese, que é realizada com sujeito na presença de sua família. Isso permite que o psicopedagogo compreenda como o sujeito age, como reage, como se transforma, diante de mudanças e tudo que ele pode fazer, compreendendo suas potencialidades. Assim como as potencialidades, o psicopedagogo, também, compreende como o sujeito tem dificuldades, em especial a dificuldade de aprendizagem. IMPORTANTE: O fracasso escolar e a incapacidade de aprendizado não são ligados apenas a fatores de origem orgânica, estão intimamente ligados a questões emocionais, que perpassam toda e qualquer modalidade de relação que pode ser concebida pelo sujeito, sendo necessária inteligência emocional para poder lidar com as próprias limitações. Psicopedagogia 50 Figura 30 - Para ser ajudado, há a capacidade de reconhecer os problemas interpessoais Fonte: Freepik(2022). Quando está preparando uma intervenção escolar, o psicopedagogo leva em consideração não apenas o que o educando aprende, mas também o que deixa de aprender e, acima de tudo, como este pensa para compreender o seu processo de pensamento e assimilar o seu processo de aprendizagem. Na escola, esse profissional buscará formas de trazer fortalecimento para a própria instituição, solidificando a sua identidade, buscando fazer com que esta esteja de acordo com o que prega o seu próprio Projeto Político Pedagógico (PPP). É nessas horas que entra a psicopedagogia institucional para compreender as inconsistências das instituições de ensino e identificar as suas possibilidades de crescimento. Sobre o exposto, Barbosa (2001) traz que: Na instituição escolar, convive-se com o ensinar e com o aprender de uma forma muito dinâmica, não sendo possível, na prática, haver uma intervenção que recaia somente sobre o aprender. (BARBOSA, 2001, p. 79) Psicopedagogia 51 Continua o autor ao dizer que: Quando dizemos que a Psicopedagogia se preocupa com o ser completo, que aprende, não podemos esquecer que faz parte da completude deste ser a capacidade de aprender em interação com aquilo ou aquele que ensina; e que a ação de ensinar não é sempre exercida pelo professor, assim como a de aprender não é de responsabilidade somente do aluno. (BARBOSA, 2001, p. 96) Figura 31- O professor é protagonista do processo de ensino e aprendizagem Fonte: Freepik(2022). O psicopedagogo irá atuar na escola de forma preventiva por meio de um trabalho institucional para averiguar: • A formação dos professores. • Currículo ofertado na instituição de ensino. • Se o currículo ofertado se enquadra nas necessidades dos alunos. • Se o professor está pronto para atender o aluno, conforme suas formações e o currículo ofertado. Psicopedagogia 52 Há, com o trabalho do psicopedagogo, uma intervenção direta no trabalho do professor, assim como no trabalho do supervisor e orientador e no trabalho do gestor escolar. Com base no exposto, pode o psicopedagogo, por exemplo, solicitar intervenções, realizadas no próprio currículo ofertado, ou a busca por novos cursos de formação continuada para serem realizados com os professores. Figura 32 - A formação continuada para os professores e supervisores pode ser fundamental para o trabalho do psicopedagogo Fonte: Freepik(2022). Não só é necessária a intervenção direta do psicopedagogo, como a família também deve ser chamada para participar do processo de ensino e aprendizagem. Devem, também, estarem cientes de seus papéis todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Sobre o exposto, Barbosa (2001) diz o seguinte: A atuação psicopedagógica junto a um grupo ou instituição, para ser operante, precisa interpretar os papéis desempenhados, a forma como foram atribuídos e assumidos, assim como as expectativas que se encontram latentes neste movimento de atribuir e aceitar o papel. [...] A tarefa de cada um deve estar voltada para o aprender, Psicopedagogia 53 desde a direção até a portaria ou o serviço de limpeza. (BARBOSA, 2001, p. 103) Assim, cabem a todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem a apropriação e o empoderamento, acerca das funções que irão desempenhar, para fazer da sua atuação algo que será relevante para combater o fracasso escolar dos educandos que participam desse processo. A participação de todos os agentes é de extrema importância para que tudo ocorra de forma fluida e sem necessidade de maiores intercorrências. Figura 33 - Deve o psicopedagogo fazer um planejamento do que será realizado Fonte: Freepik(2022). Uma forma de intervenção do psicopedagogo pode ser realizada da seguinte forma: 1. O estudante está apresentando dificuldades de aprendizagem ou tem algum tipo de distúrbio. 2. O psicopedagogo é acionado. 3. É realizada a anamnese com os pais e o educando. 4. São realizadas as entrevistas familiares. 5. É questionado acerca de sua atuação em todos os contextos que participa, em especial, o contexto escolar. Psicopedagogia 54 6. Psicopedagogo traça o que seria a hipótese de diagnóstico do educando. 7. Inicia-se a orientação escolar com base no diagnóstico apresentado. 8. É realizada a intervenção psicopedagógica e a orientação familiar ao longo do processo. 9. O psicopedagogo realiza os encaminhamentos que achar necessário para o psiquiatra, neurologista, pediatra, fonoaudiólogo, terapeuta, mediador escolar, entre outros. 10. É realizado o relatório de desempenho do educando. 11. Realização de uma reavaliação para adaptação em virtude do feedback do relatório. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o trabalho do psicopedagogo na escola tem tendências a se desenvolverde forma preventiva e em forma de assessoramento por meio da análise do contexto educacional. Assim, haverá as devidas interações, orientações e integrações para a criança ou adolescente, depois de detectado algum problema de aprendizagem, sendo este percebido pelo psicopedagogo. Deve-se levar em consideração, também, que para que haja uma correta intervenção psicopedagógica, deve o profissional conhecer o processo de ensino e aprendizagem, ter noção das interferências que irá causar no sistema e que métodos educativos são aplicados aos problemas estruturais. Quando está preparando uma intervenção escolar, o psicopedagogo leva em consideração não apenas o que o educando aprende, mas também o que deixa de aprender e, acima de tudo, como este compreende o seu processo de pensamento e assimila o seu processo de aprendizagem. Com base nesse exposto, pode o psicopedagogo, por exemplo, solicitar intervenções realizadas no próprio currículo ofertado ou a busca por novos cursos de formação continuada para serem realizados com os professores. Psicopedagogia 55 REFERÊNCIAS BARBOSA L.M.S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente; 2001. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Rio Grande do Sul, Artmed, 2007. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2016. CHABANNE, J. L. 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São José dos Campos: Pulso, 2006. Psicopedagogia _GoBack Teoria da Psicopedagogia Institucional Reflexões Sobre a Psicopedagogia Institucional As Dificuldades de Aprendizagem no Ambiente Escolar O Papel do Psicopedagogo na Escola Os Métodos e Técnicas da Psicopedagogia Institucional Reflexões Sobre o Cotidiano da Psicopedagogia Institucional Intervenção e Análise dos Problemas Escolares O Psicopedagogo no Contexto Escolar
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