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DJULIE H. M. DE ANDRADE 1 Triagem Neonatal Triagem: método de detecção, através de testes aplicados em uma população com o objetivo de identificar indivíduos com probabilidade de apresentarem determinadas patologias. Critérios: tem que ser doença relativamente frequente, sem achados clínicos precoces e melhora clínica com tratamento, com disponibilidade de teste adequado ( sensibilidade e especificidade, de fácil acesso) e acompanhamento clínico e tratamento adequados. Disponíveis no Brasil: Triagem neonatal biológica – Teste do pezinho; Teste do reflexo vermelho – Teste do olhinho; Triagem auditiva neonatal – Teste da orelhinha; Triagem da cardiopatia congênita – Teste do coraçãozinho; Teste do frênulo lingual – Teste da linguinha (questionável); Implantado em 2001. Fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito; Anemia falciforme; Fibrose cística; Hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase; 2020: adicionou a triagem de toxoplasmose congênita. 2021: ampliação do teste do pezinho. Erros inatos do metabolismo; Imunodeficiências primárias; Atrofia muscular espinhal; Vai ser implantado em 5 etapas: Como é feito? Punção nas faces laterais do calcanhar. Tem objetivo de colher uma amostra em papel filtro, que vai para análise. Período ideal de coleta: 3° e 5° dia de vida. No máximo até 28/30 dias de vida. Nos prematuros, a coleta é feita em sangue venoso periférico, em 3 tempos diferentes: 1° amostra: do nascimento à admissão na UTI neonatal; 2° amostra: entre 49-72h de vida; 3° amostra: à alta hospitalar ou com 28 dias de vida. DJULIE H. M. DE ANDRADE 2 Fenilcetonúria Erro inato do metabolismo – doença autossômica recessiva. Ausência de fenilalanina hidroxilase – a criança é incapaz de metabolizar o aminoácido fenilalanina que está presente em TODAS as proteínas da alimentação. O acúmulo da fenilalanina leva a lesões irreversíveis do SNC atraso do DNPM, comportamento agitado. Tratamento: Dieta pobre em fenilalanina; Suplementação com fórmula de aminoácidos isenta de fenilalanina. Confirmação: dosagem de fenilalanina no sangue. Hipotireoidismo congênito Defeito na formação da tireoide ou na síntese dos hormônios tireoidianos. Os hormônios tireoidianos são fundamentais para o desenvolvimento do SNC – pode ter retardo mental a partir da 2° semana de vida. Triagem: dosagem de TSH e T4 livre no filtro. Confirmação: TSH e T4 livre no sangue até 2- 6 semanas de vida. Após confirmação, fazer USG ou cintilografia com captação de iodo radioativo. Tratamento: levotiroxina. Doença falciforme e hemoglobinopatias Alterações estruturais na hemoglobina prejudicam o transporte de oxigênio para os tecidos comprometimentos sistêmicos A mais falada e mais importante é a doença falciforme. Doença falciforme: defeito estrutural da cadeia beta da globina, com hemácias em foice na baixa tensão de O2. Clínica: infecções, crise álgica, síndrome toráxica aguda, sequestro esplênico, AVC. Tratamento: hidroxiureia, penicilina oral, transfusões sanguíneas profiláticas. Triagem: eletroforese de hemoglobina. Falso negativo: transfusão sanguínea e ECMO. Confirmação: eletroforese de Hb dos pais – não é da doença, mas sim para seguimento posterior da família. Fibrose cística Doença autossômica recessiva – mutação do canal de cloro das células epiteliais muco espesso nos brônquios (infecções de repetição), no pâncreas (insuficiência pancreática exócrina) e distúrbios eletrolíticos. DJULIE H. M. DE ANDRADE 3 Triagem: dosagem do IRT. Se alterado: 2° coleta IRT (filtro) até 4 semanas de vida. Confirmação: teste do cloro no suor. Hiperplasia adrenal congênita Doença autossômica recessiva. Deficiência enzimática na síntese dos esteroides. Mais comum: deficiência de 21- hidroxialase. Triagem: 17-hidroxiprogesterona. Confirmação: dosagem no sangue. Deficiência de biotinidase Distúrbio no metabolismo da biotina. Distúrbios neurológicos e cutâneos (epilepsia, hipotonia, atraso do DNPM, alopécia, dermatite eczamoide). Toxoplasmose Congênita Reflexo da superfície retiniana. Incidência de um feixe luz. Primeiras 24 horas de vida, em sala em penumbra. Feixe de luz a 50-100 cm dos olhos, incidindo ao mesmo tempo ambos os olhos, observar reflexo obtido. Reflexo alterado pode significar: catarata, glaucoma congênito, retinocoroidite e retinoblastoma. Alterações oculares no começo da infância, se não tratar rápido, o SNC não desenvolve a visão. Se vier alterado: encaminhar ao oftalmologista. Objetivo: detecção precoce (3 meses de vida) com encaminhamento apropriado nos 6 primeiros meses de vida. A detecção precoce proporciona correto desenvolvimento neuronal com melhor rendimento escolar, autoestima e adaptação psicossocial. DJULIE H. M. DE ANDRADE 4 Fazer para todos os bebês, pois 50% são de causa idiopáticas, sem risco identificáveis. Foi instituído no Brasil desde 2010. Indicadores de alto risco de perda auditiva: HF de surdez congênita; Anomalias craniofaciais; Espinha bífida; Síndromes genéticas: Sd. Waardenburg, Alport e Pendred; Intercorrências neonatais: » Muito baixo peso ao nascer (< 1500g); » Anóxia neonatal grave (APGAR < 4 no 1’ e < 6 no 2’); » Uso de ventilação assistida; » Permanência em UTI > 5 dias; » Sepse/meningite neonaltal; » Infecções congênitas (TORCHS); » Uso de drogas ototóxicas; » Hiperbilirrubinemia importante (RNAT com BT > 15 mg/dL e RNPT com BT > 12 mg/dL); Métodos de triagem auditiva neonatal Emissões otoacústicas evocadas (EOAE): RN sem fatores de risco; Registro da energia sonora gerada pelas células da cóclea em resposta aos sons emitidos no conduto auditivo externo essa resposta desaparece quando tem alguma anormalidade no ouvido interno; Teste objetivo, rápido e barato; Falso positivo: vérnix ou secreções no canal auditivo; Avalia apenas sistema auditivo pré- neural (sistema de condução e cócleas), não identifica anormalidades retrococleares; Potencial evocado auditivo do tronco encefálico (PEATE): RN com fatores de risco; Registro das ondas eletrofisiológicas geradas em resposta a um som; Avalia a integridade neural das vias auditivas até o tronco cerebral; Teste complexo e dispendioso, necessita de sedação; Falso positivo: imaturidade do SNC (até 4 meses) repetir após; DJULIE H. M. DE ANDRADE 5 É feito por meio de oximetria de pulso, entre 24-48h de vida em todo RN com IG > 34 semanas. Oximetria pré-ductal: MSD e oximetria pós- ductal: MMII. O bebê não pode estar com extremidades frias e no monitor o traçado deve ser homogêneo. Essas cardiopatias desde o nascimento já podem alterar a concentração sanguínea de oxigênio e ao longo dos dias, evolui com manifestações clínicas graves, pois o canal arterial se fecha em torno de 4 dias. Caso o ecodopplercardiograma for anormal e não tiver recurso, manter o canal aberto com prostaglandinas e encaminhar para fazer a correção. Detecção da anguiloglossia (língua presa). Em casos graves, compromete sucção, deglutição, mastigação e fala. Aplicado por fonoaudiólogo. Tratamento precoce: frenectomia. Instituído por lei em 2014, contestado pela SBP.
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