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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS 
Colenda Turma, 
Douto Desembargador Relator, 
Nobre Procurador de Justiça 
VITÓRIA, nacionalidade, viúva, residente e domiciliada na Rua, Bairro, Cidade, Estado, CEP, carteira de identidade, inscrita no Cadastro de Pessoa Física sob o número, por meio de seu advogado que abaixo assina (procuração anexa), vem interpor pedido de 
REVISÃO CRIMINAL 
(comprovante do trânsito em julgado em anexo), com base no inciso LXVIII do art. 5º da CF no art. 621 e seguintes do CPP, de acordo com as fatos e fundamentos que passa a expor. 
1.0 - DOS FATOS 
A requerente busca a revisão criminal da condenação de seu esposo já falecido, Joaquim das Dores. 
De acordo com cópia da ação penal (anexa) que tramitou perante a Vara de Execuções Penais da Comarca de Contagem, em Minas Gerais, o de cujus foi condenado a seis anos de reclusão em regime semiaberto pelo cometimento do homicídio de João das Couves, tendo a decisão transitado em julgado, de acordo com comprovante anexo. 
Fato é que Joaquim das Dores cumpria a sua pena em liberdade condicional quando faleceu após um acidente no trabalho. 
Depois do óbito, a requerente tomou conhecimento de que o verdadeiro culpado pelo homicídio de João das Couves havia sido Mário, fato esse narrado por Maria, esposa de Mário. 
Assim que tomou conhecimento dos fatos, a requerente informou à autoridade policial que Mário, que se encontra preso neste momento pelo cometimento de outro delito, admitiu ter sido o autor do homicídio e, segundo seu relato, após descobrir que sua esposa e João das Couves o haviam traído, resolveu lavar a sua honra com o sangue de João, seu amigo de infância. 
Para corroborar as suas declarações, Mário entregou a arma do crime e um vídeo do homicídio, o qual foi feito por seu irmão. 
De acordo com as suas informações, o crime foi filmado para que Maria visse o que acontecera ao seu amante e o que também aconteceria a ela se alguém mais ficasse sabendo do ocorrido. Mário, em interrogatório judicial, repetiu todas as informações passadas ao delegado de polícia, tendo dito ainda não conhecer Joaquim das Dores. 
Dessa forma, o reconhecimento da inocência de Joaquim das Dores é a medida que se impõe, de acordo com os fundamentos a seguir expostos. 
2.0 - DO DIREITO 
Desde o início da persecução penal, Joaquim das Dores sofreu violação aos seus direitos fundamentais, principalmente à sua dignidade, a qual, muito mais que um princípio, é a base de todo o sistema jurídico brasileiro, de acordo com o que dispõe o inciso III do art. 1º da CF. Para a condenação, foi utilizado, como única prova, um reconhecimento fotográfico totalmente desalinhado às formalidades legais. 
Em sua defesa, o de cujus requereu a nulidade das provas, contudo tal pedido foi indeferido e determinou-se a sua prisão preventiva. 
Dessa forma, percebe-se o erro judiciário desde o início da ação penal, já que não houve um lastro probatório mínimo para o oferecimento ou recebimento da denúncia. 
De acordo com o art. 621 do CPP, dentre outras possibilidades, a revisão dos processos findos poderá ocorrer quando forem descobertas novas provas que indiquem inocência do condenado. 
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Não há dúvidas de que as novas provas trazidas aos autos são suficientes para determinar a inocência do de cujus, pois, além da confissão de Mário e da entrega da arma do crime, ainda existe um vídeo que comprova ser ele, Mário, o autor do homicídio. 
O art. 623 do CPP possibilita que a revisão criminal seja requerida mesmo após a morte do condenado. 
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Graças a essa previsão legal, a requerente busca comprovar judicialmente a inocência de seu falecido esposo, pois é moralmente muito difícil para qualquer família conviver com o estigma de que seu ente querido tenha cometido um crime, ainda mais quando existem provas contundentes acerca de sua inocência. 
Portanto, a declaração de não culpabilidade servirá como resposta à sociedade de que o de cujus foi processado, julgado e condenado por um crime que não cometeu. 
Além disso, por ter havido um grave erro judiciário ao condenar um indivíduo com base em provas manifestamente ilícitas, retirando dele a possibilidade de trabalho e o convívio social e familiar por tanto tempo, o Estado deve ser condenado ao pagamento de indenização por danos morais e materiais. 
Sabe-se que a indenização não pode ser vista como uma reparação, pois nenhuma condenação, por maior que seja, será suficiente para apagar o tempo que Joaquim esteve privado de sua liberdade e teve a sua moral questionada pela sociedade.
 Mas, para que se consiga o mínimo de justiça à família do de cujus, a indenização deve refletir uma compensação aos danos sofridos, estando prevista no art. 630 do CPP. 
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
Não há que se falar aqui em impossibilidade de revisão criminal pelo Tribunal de Justiça por ser uma condenação advinda do Tribunal do Júri, que é soberano em suas decisões. 
Já se encontra pacificado na doutrina e na jurisprudência majoritárias que o Tribunal ad quem é competente para absolver o condenado por meio de revisão criminal quando ficar comprovada a inocência do indivíduo, não sendo necessário um novo julgamento pelo júri popular. 
Tal entendimento se coaduna aos direitos e às garantias constitucionais do indivíduo e à necessária ponderação de princípios. 
Não se pode aceitar que o princípio da soberania dos vereditos prevaleça sobre os direitos à liberdade e dignidade do condenado. 
3.0 - DO PEDIDO 
Requer seja julgada procedente a presente revisão criminal, declarando-se a não culpabilidade do de cujus. 
Nestes termos, 
pede-se deferimento. 
Local, data. 
Assinatura do advogado OAB

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