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ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
 
 
 
 
 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO 3 
DEFINIÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 5 
2.1 DIFERENÇA ENTRE UBS E UPA 8 
SITUAÇÕES QUE MOTIVAM À PROCURA DO SERVIÇO DE URGÊNCIA E 
EMERGÊNCIA 10 
ACESSO E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
 11 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 16 
AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
 18 
ASSISTÊNCIA AS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 19 
7.1 SIGNIFICADO DAS LETRAS ABCDE 19 
7.1.1 (X) – Exsanguinação 19 
7.2 CHOQUE E SUAS CONSEQUENCIAS NO ORGANOSMO 21 
7.3 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 22 
7.4 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 23 
7.5 TRAUMA CRANIO ENCEFALICO (TCE) 24 
O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 27 
CONCLUSÃO 29 
AVALIAÇÃO Erro! Indicador não definido. 
REFERÊNCIAS 30 
 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
3 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
01 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
Os serviços de emergência / urgência prestam cuidados a milhões de pessoas por ano. As 
constantes mutações no atendimento são inúmeras e dependem da natureza de cuidados 
que os mesmos implicam e de muitas outras condições inerentes à condição humana. 
A utilização do Serviço Hospitalar de Urgência (SHU) no Brasil tem sido motivo de 
inquietação para gestores dos sistemas de saúde, profissionais e a sociedade em geral, 
pois o seu uso tem se tornado crescente. A maioria desses serviços funciona acima de sua 
capacidade instalada, com profissionais sem capacitação, gerenciamento inefetivo, 
ausência de planejamento, excesso de demanda e demanda inadequada (O’DWYER; 
OLIVEIRA; SETA, 2009). 
De acordo com Garlet et al. (2009), ressaltam-se ainda o crescente aumento do 
atendimento no SHU relacionado ao aumento dos acidentes e da violência urbana, às 
questões socioeconômicas, à falta de leitos para internação na rede pública, ao aumento 
da longevidade da população, assim como à falta de agilidade e de resolutividade dos 
serviços de saúde (VALENTIM; SANTOS, 2009). A crise no SHU é agravada, também, 
pela procura por pessoas em situação de urgência, juntamente com aquelas em condições 
de saúde não graves, dificultando o estabelecimento de prioridades (MARQUES; LIMA, 
2008). 
As principais situações que envolve as urgências e emergências são as situações de 
traumas, se configurando estatisticamente como a principal causa de morte em pessoas 
entra 1 a 44 anos de idade, sendo responsável por mais de 70% das mortes entre as idades 
de 18 e 24 anos, e mais de 40% entre as idades de 1 a 14 anos. 
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), os acidentes de trânsito são um 
enorme problema de saúde pública, ocasionando essas situações de traumas, e levando a 
1,24 milhão de óbitos por ano em todo o mundo. 
Sendo assim, é importante ajustar os serviços de urgência e emergência, com equipe 
multidisciplinar e tecnologias, associado a estratégias de gestão para intervir nessa 
situação exposta. 
Para Bellucci Júnior e Matsuda (2012), quando se pensa em qualidade nos serviços 
hospitalares, surge a necessidade de discutir formas de gestão que deem suporte às 
instituições para que possam atender às necessidades e exigências do usuário em todas as 
suas dimensões. Nesse contexto é que o governo federal propõe a reorganização e a 
normatização do atendimento no SHU em todo território nacional, por meio da Política 
Nacional de Atenção às Urgências e da Política Nacional de Humanização, contemplando 
estratégias para o Acolhimento com Classificação de Risco (BRASIL, 2009). 
Essas políticas visam ampliar o acesso, reduzir as filas e o tempo de espera para o 
atendimento, diminuir o risco de mortes evitáveis, a extinção das triagens por profissional 
não qualificado e a priorização de acordo com critérios clínicos em vez da ordem de 
chegada (BRASIL, 2009). Configura-se como ação potencialmente decisiva na 
reorganização dos serviços de saúde em rede por propiciar assistência resolutiva e 
humanizada àqueles em situações de risco (SOUZA ET AL., 2011). 
No Brasil, o Ministério da Saúde propõe a implantação de um sistema com denominação 
de Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) em vez de triagem, por pressupor 
que o verbo triar exprime exclusão (DURO; LIMA, 2010). 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
4 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
A identificação da demanda de acesso dos usuários aos serviços de saúde é fundamental 
no gerenciamento da capacidade de utilização dos recursos disponíveis, assim como a 
superlotação nos serviços de emergência com problemas de saúde não urgentes tem 
atraído atenção mundial e motivado vários estudos nesta área (VAN UDEN et al., 2005). 
Assim, ainda na década de 1960, nos Estados Unidos da América, iniciou-se a 
implantação de sistemas de triagens em serviços de atendimento às urgências. 
Paralelamente, no Canadá foi desenvolvido um sistema que somente em 1995 tornou-se 
realidade. Na Austrália, uma escala de classificação das urgências foi adotada em 2000, 
porém foi no Reino Unido que, em 1997, iniciou-se a triagem de Manchester, reconhecida 
internacionalmente e mais utilizada nos dias atuais, pois apresenta os critérios de 
gravidade, do tempo alvo de atendimento e de reavaliação do paciente. A partir de 2001, 
na Espanha, também foi introduzido um sistema classificatório de urgências hospitalares 
(DURO; LIMA, 2010). 
As ações de acolhimento podem ser realizadas por qualquer profissional de saúde, desde 
que capacitado. Entretanto, cabe ao enfermeiro reunir as condições necessárias, as quais 
incluem linguagem clínica orientada para os sinais e sintomas, para a realização das 
escalas de avaliação e classificação de risco do usuário de acordo com o grau de urgência 
de seu agravo, com base em um sistema predefinido: emergência, urgência, menor 
urgência e baixa complexidade (BRASIL, 2009). 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
5 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
02 
DEFINIÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
A definição de urgência, segundo a Resolução 1451/95 do Conselho Federal de Medicina, 
é "a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo 
portador necessita de assistência médica imediata", e emergência como "a constatação 
médica de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de vida ou 
sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato" (CONSELHO, 
2014). 
A área de Urgência e Emergência, segundo o Ministério da Saúde (2002), constitui-se em 
um importante componente da assistência à saúde, assim, é necessário definir esses 
termos utilizados cotidianamente. As definições são as mais diversas possíveis de vários 
autores, todavia todas concluem os mesmos significados. 
 URGÊNCIA EMERGÊNCIA 
Dicionário 
Aurélio 
Do latim urgentia, que significa 
qualidade de urgente; caso ou 
situação de emergência, de 
urgência. 
Do latim emergentia, que 
significa ação de emergir; 
situação crítica, incidente; caso 
de urgência. 
Ministério da 
Saúde 
Quando há ocorrência 
imprevista de agravo à saúde, 
com ou sem risco potencial de 
morte, cujo portador necessite 
de assistência imediata. 
Constatação médica de 
condições de agravo à saúde que 
impliquem em risco iminente de 
morte ou sofrimento intenso, 
exigindo, portanto, tratamento 
médico imediato.Fonte: Dicionário Aurélio (2010) e Ministério da Saúde (2010). 
De acordo com Ferreira (1988) Urgência e Emergência se configuram da seguinte 
maneira: ‘urgência’ faz referência a ‘urgente’ e ‘urgir’ que significa urgência. (do lat. 
urgentia) = Qualidade de urgente; Caso ou situação de emergência, de urgência; Urgência 
urgentíssima. Ao passo que ‘emergência’ é vista por essa ótica como sinônimo, se 
configurando com emergência (do lat. emergentia) = Ação de emergir; Nascimento (do 
Sol); Situação crítica; acontecimento perigoso ou fortuito; incidente; caso de urgência, de 
emergência: emergências médicas; emergências cardíacas. 
A literatura biomédica já traz um esclarecimento maior sobre essa discussão, a definição 
de urgência, segundo a Resolução 1451/95 do Conselho Federal de Medicina, é "a 
ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou se risco potencial de vida, cujo portador 
necessita de assistência médica imediata", e emergência como "a constatação médica de 
condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de vida ou sofrimento intenso, 
exigindo, portanto, tratamento médico imediato" (CONSELHO, 2014). 
Os termos urgência e emergência geram muitas dúvidas no meio da saúde, por esta razão 
passou-se a utilizar somente o termo “urgência”, para os casos que necessitem de 
cuidados imediatos. Classificam-se os vários graus de urgência da seguinte forma: nível 
1, emergência ou urgência de prioridade absoluta, casos em que há risco imediato de 
morte ou perda funcional grave; nível 2, urgência de prioridade moderada, casos de 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
6 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
necessidade de atendimento médico não imediato, porém dentro de poucas horas; nível 
3, urgência de prioridade baixa, com necessidade de avaliação médica, podendo aguardar 
várias horas; nível 4, urgência de prioridade mínima, situações em que o médico pode 
fornecer orientações por telefone (MORISHITA; SILVA; SOUZA, 2009). 
A Portaria Nº 354, de 10 de Março de 2014, que relata sobre boas práticas para 
organização e funcionamento de serviços de urgência e emergência, traz como 
significado: 
Emergência: constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem 
sofrimento intenso ou risco iminente de morte, exigindo, portanto, tratamento médico 
imediato. Urgência: Ocorrência imprevista de agravo à saúde como ou sem risco potencial 
a vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2014). 
 
Assim, entende-se por emergência entidades patológicas que acarretam risco de morte 
imediato ou debilitação relevante e devem ser tratadas em poucos minutos, enquanto que 
as urgências são aquelas que necessitam de tratamento em um tempo menor que 12 horas. 
Os serviços de urgência e emergência são caracterizados pelo atendimento a pacientes em 
situações agudas com risco de morte e/ou sofrimento intenso, porém a maioria dos 
usuários que procuram estes serviços poderiam ter seus problemas resolvidos na atenção 
primária “Unidade Básica de Saúde” – UBS (LOPES JB, 2011). 
O atendimento de urgência/emergência, na maior parte dos hospitais públicos do Brasil, 
é ineficaz, resultando num atendimento de pouca qualidade, demora na espera e acumulo 
de pacientes nos corredores das unidades de pronto atendimento. Esses fatos são 
concedidos pelas insuficiências do andamento da atenção básica e refletem na grande 
demanda das unidades de pronto atendimento (OLIVEIRA, 2013). 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
7 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
O Enfermeiro destaca-se pelas suas características generalistas, que lhe permitem na 
realização de triagem no setor de emergência assumir a responsabilidade pela avaliação 
inicial do paciente, iniciar a obtenção do diagnóstico, encaminhar paciente para a área 
clínica adequada, supervisionar o fluxo de atendimento, ter autonomia e dirigir os demais 
membros da equipe. Sendo ainda prioritário um conjunto de conhecimentos, atitudes, 
capacidades e aptidões que habilitam o profissional a um atendimento humanizado 
(CORENDF, 2010). 
Urgência e emergência são termos usados na área da medicina, que muitas vezes são 
confundidos por usuários e também pelos profissionais de saúde. Urgência é uma situação 
que requer assistência rápida, no menor tempo possível que não ultrapasse a duas horas, 
a fim de evitar complicações e sofrimento emergência é toda situação em que há ameaça 
eminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, havendo necessidade 
de atendimento imediato (OLIVEIRA GN et al., 2011). 
Os serviços de emergência hospitalares no Brasil são um fenômeno mundial caracterizado 
por todos os leitos da unidade de emergência ocupados, pacientes acamados nos 
corredores, tempo de espera para o atendimento acime de uma hora, alta tensão na equipe 
assistencial, grandes pressões na demanda do atendimento o que pode resultar em baixo 
desempenho do sistema de saúde (BITTENCOURT; HORTALE, 2009). 
O atendimento de urgência e emergência é essencial para manutenção da vida. Por tanto 
se torna necessário a capacitação das equipes de saúde em todos os âmbitos da assistência, 
a partir de um enfoque estratégico promocional, abarcando toda a gestão e atenção extra 
hospitalar fixa e móvel, hospitalar e pós-hospitalar, envolvendo profissionais de nível 
superior e de nível técnico, em comum acordo com as diretrizes do SUS e alicerçada nos 
polos de educação onde deve estar estruturado o atendimento de urgência e emergência 
normatizado pelas leis vigentes do Ministério da SAÚDE (SOUSA; DIAS; OLIVEIRA, 
2011). 
Nos últimos anos tem se estudado amplamente os Serviços de Urgência e Emergência o 
mundo, devido ao aumento exagerado na utilização deste serviço pelos usuários. 
Conforme Marques et.al. (2007): 
A falta de definições políticas, a baixa resolutividade e a qualidade oferecida nos serviços, 
aliada à dificuldade de mudança nos hábitos culturais e crenças da população tem levado 
o usuário a buscar a assistência médica onde exista a porta aberta. Algumas situações 
podem ser identificadas na maioria das unidades públicas de urgência do Brasil, 
interferindo consideravelmente o processo de trabalho e a qualidade do cuidado prestado 
à população, pois os serviços hospitalares de atendimento ficam abertos 24 horas e assim, 
apresentam situações que vão desde aquelas de sua estrita responsabilidade, até 
atendimentos com um volume considerável de ocorrências não urgentes que poderiam ser 
atendidos em estruturas de menor complexidade (GARLET et. al., 2009). 
Um estudo realizado por Furtado et. al. (2004), em um hospital geral de Pernambuco, 
constatou que 74,5% dos atendimentos poderiam ser realizados na atenção básica, por 
não se caracterizar como urgências, pois eram queixas típicas. Com esta demanda os casos 
graves e agudos acabam prejudicados, acarretando no acúmulo de tarefas e ainda no 
aumento de custos de atendimento e a sobrecarga da equipe dos profissionais de saúde. 
E ainda existem situações extremas que dificultam a capacidade de resolutividade dos 
serviços, com o encaminhamento dos pacientes para outros hospitais, tornando as salas 
de observação, que deveriam ser de permanência temporária dos pacientes, em alas de 
internação, sem as devidas condições de estrutura e equipe para cuidados contínuos, 
expondo os pacientes a riscos (GIGLIO-JACQUEMOT 2005). 
Com base neste contexto, os usuários utilizam os serviços hospitalares de urgência e 
emergência por entenderem que esta alternativa é mais resolutiva, pois recebem um 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
8 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BRsomatório e recursos, como: consultas, remédios, exames, procedimentos de enfermagem 
e internações (MARQUES et. al. 2007). 
Os serviços de atendimento as urgências e emergências seguem instituídos pela Política 
Nacional de Atenção as Urgências (PNAU), tendo como finalidade atender usuários em 
estado grave, como também casos não urgentes que deverão após ser encaminhados aos 
serviços ambulatoriais ou especializados da rede de atenção à saúde. 
O Ministério de Saúde (2002) define: 
Pronto atendimento: Unidade prestadora de atendimento dentro do horário de 
funcionamento do estabelecimento de saúde. 
Unidade de Atendimento de Emergência: Unidade prestadora de atendimento 24 horas 
por dia, realizando o primeiro atendimento, e, após, encaminhados para os centros de 
especialidades. 
Pronto Socorro: Deverá prestar atendimento 24 horas do dia e dispõe apenas de leitos de 
observação. 
 
A rede de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) é estruturada de forma que cada tipo 
de atendimento tem um destino certo. A rede é dividida em atenção básica – UBS e 
equipes de Saúde da Família; nível intermediário feito pelo Serviço de Atendimento 
Móvel as Urgência (Samu) e UPAs; e o atendimento de média e alta complexidade é feito 
nos hospitais. 
As UBS são locais onde os usuários do SUS podem receber atendimento médico para 
diagnóstico e tratamento de cerca de 80% dos problemas de saúde dos usuários. É nessas 
unidades que a população tem acesso a medicamentos gratuitos e vacinas, faz 
atendimento pré-natal, acompanhamento de hipertensos e diabéticos e de outras doenças 
como tuberculose e hanseníase. As UBS são a porta de entrada do SUS, e contribuem 
para o aumento da qualidade de vida e para a redução dos encaminhamentos aos hospitais. 
Já as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) funcionam 24 horas por dia, sete dias por 
semana e podem resolver grande parte das urgências e emergências, como pressão e febre 
alta, fraturas, cortes, infarto e derrame. A estrutura simplificada, com Raio-X, 
eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação, colabora para 
a diminuição das filas nos prontos-socorros. Quando o paciente chega às unidades, os 
médicos prestam socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Nas 
localidades em que estão em pleno atendimento, as unidades têm capacidade para atender 
sem necessidade de encaminhamento ao pronto-socorro hospitalar mais de 90% dos 
pacientes. 
 
 
2.1 DIFERENÇA ENTRE UBS E UPA 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
9 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
 
Segundo o Ministério da Saúde, os serviços de urgência e emergência têm como objetivo 
diminuir a morbi-mortalidade e as sequelas incapacitantes. Para tanto, é preciso garantir 
os elementos necessários para um sistema de atenção de emergência, considerando 
recursos humanos, infraestrutura, equipamentos e materiais, de modo a assegurar uma 
assistência integral, com qualidade adequada e contínua (BRASIL, 2009). 
NASCIMENTO et al(2011), complementa informando que a grande procura por 
atendimento nos serviços de urgência hospitalar tem inúmeras causas que podem estar 
associadas ao aumento de acidentes e da violência urbana, as questões socioeconômicas, 
a falta de leitos para internação na rede pública, o aumento da longevidade da população. 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
10 
WWW.SIMPLESEAD.COM.BR 
03 
SITUAÇÕES QUE MOTIVAM À PROCURA DO SERVIÇO DE URGÊNCIA E 
EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia sido 
planejado tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as 
principais portas de entrada no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como 
o melhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, 
independentemente do nível de urgência e da gravidade destas ocorrências (GALLO, 
MELLO, 2009). 
Assim um grande número de pacientes prefere abrir mão do atendimento oferecido nos 
postos de saúde, apesar de sua maior acessibilidade, para se dirigir às Unidades de 
Urgências e Emergências que oferecem, em geral, atendimento de 24 horas, maior oferta 
de clínicas especializadas, exames de maior complexidade e, caso necessário, a 
possibilidade de internação (PAIVA et al., 2010). 
Segundo Giglio-Jacquemot (2005), as percepções de profissionais e usuários do Sistema 
de Saúde sobre urgências são distintas. Para os profissionais, situações de urgências são 
aquelas em que há o risco de vida a partir de definições biomédicas. Em contrapartida, os 
usuários julgam como urgências problemas que atrapalham gravemente sua vida 
cotidiana. 
A mesma autora cita que os Serviços de Urgência e Emergência, quando observados, 
podem ser um panorama do funcionamento do Sistema de Saúde da região onde estão 
inseridos. A irritação frequente de usuários pode ser resultado de obstáculos na utilização 
da rede de serviços, tais como a dificuldade no acesso e/ou pouca resolutividade nos 
Serviços da Rede Básica. 
A procura frequente por parte de alguns usuários pode estar relacionado à condição 
crônica de saúde. E essa condição necessita de um gerenciamento contínuo por anos, 
exigindo esforço do Sistema de Saúde, pois requer ações tanto de caráter continuado 
quanto de pronto atendimento, no qual o uso de Serviços de Emergência se torna 
imprescindível (MATTOS, 2008). 
No entanto, as exacerbações e agudizações de condições crônicas, poderiam ser evitadas 
com um bom manejo e assistência da Rede Básica (SCHULL, 2005), retomando a 
hipótese de que os Serviços de Urgência estão atendendo pacientes com problemas que 
seriam resolvidos na Atenção Primária. 
De acordo com Dallari et al(2009), a atenção em urgência, o crescimento do número de 
acidentes, a violência urbana e a insuficiente estruturação da rede de serviços de saúde 
são fatores que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços 
hospitalares. O conhecimento desta realidade em nosso meio é de importância 
fundamental, no sentido de evidenciar a necessidade de reestruturação do atual sistema 
de saúde, na perspectiva de consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde 
(SUS). 
A Portaria GM 2048/2012 alerta para uma preocupante realidade, na necessidade de 
escoar a demanda não absorvida pela atenção básica, com um crescente número de Pronto 
Atendimento (PA), com atendimento médico, mas sem estrutura e apoio de diagnósticos, 
sem elucidação diagnóstica, sem equipamento, sem estrutura e fora da rede de assistência, 
colaborando para um atendimento de baixa qualidade sem resolutividade, oportunizando 
um retorno para estas unidades de saúde. 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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04 
ACESSO E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
Superlotação, demora no atendimento e custos cada vez mais altos são apenas algumas 
das consequências causadas pelo uso inadequado do serviço dos prontos atendimentos. 
A área de urgência e emergência sempre foi considerada uma área crítica na 
implementação do SUS, tendo em vista que a falta ou mesmo a desorganização da atenção 
nesta área provoca crises envolvendo gestores, prestadores de serviços e os usuários, estes 
os mais prejudicados. (SILVA, 2011). 
De acordo com Marques (2010) e Pasarín (2006), a utilização do Serviço de Urgência e 
Emergência se inicia pela percepção que o usuário tem quanto aos Sinais e Sintomas que 
são valorizados por eles, como perda ou comprometimento da saúde. A partir disso, as 
pessoas utilizam mecanismos simbólicos que os levam à decisãodo que poderá ser feito 
para investigar o problema ou para recuperar a normalidade perdida. 
De um modo geral, a utilização é descrita pela soma dos fatores relacionados à 
necessidade de saúde, ao usuário, ao prestador de serviços, à organização e a política. A 
necessidade de saúde diz respeito à morbidade, gravidade e urgência da doença de quem 
procura o Serviço. A escolha quanto ao serviço que deverá ser procurado, é, também, 
fortemente influenciada pela busca por profissionais competentes para o atendimento e 
pela confiança na experiência e capacidade dos membros da equipe de saúde. A satisfação 
do usuário com o serviço é determinante para a sua reutilização. 
No entanto, conforme descrito por Batistela et. al. (2008), o conhecimento da população 
sobre a qualidade da assistência, pode ser confundida pela crença de que em hospitais 
serão mais bem atendidos do que em outros Serviços de Saúde. Essa crença é voltada para 
o modelo assistencial biomédico, em que os hospitais são a peça central do sistema de 
saúde e a rede básica é considerada desqualificada. 
Atualmente em nosso país, o acesso aos serviços de saúde é articulado e complementado 
pelo Acolhimento, que foi implantado em 2003 pela Política Nacional de Humanização 
(PNH), que trata de uma proposta de reorganização da lógica e funcionamento dos 
serviços de saúde, em que o serviço garante o acesso assumindo a função de acolher, 
escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários. E dentre as propostas de 
acolhimento, está a avaliação e classificação de risco para os Serviços de Urgência e 
Emergência (BRASIL, 2004). 
Porém, esse modelo de atendimento, requer uma melhora em nossa Atenção Básica de 
Saúde, pois prepara o usuário que não tem necessidade de estar utilizando os serviços de 
Pronto Atendimento, para que procure a rede básica de saúde. Mas, de nada vai adiantar 
se o usuário procurar esse serviço primário e este não funcionar de acordo com a sua 
necessidade, que com certeza da próxima vez procurará o Pronto Atendimento, pois a seu 
ver “resolve o seu problema”. 
Considerando a importância da área de Urgência e Emergência enquanto componente da 
assistência à saúde, o crescimento da demanda por serviços nesta área e a insuficiente 
estruturação da rede assistencial o Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de 
Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, em novembro de 2002, editou 
a Portaria 2048/GM que dispõe sobre o regulamento técnico dos sistemas estaduais de 
urgências e emergências, estabelecendo normas e critérios de funcionamento para o 
atendimento pré-hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, 
transporte inter-hospitalar, prevê a criação de Núcleos de Educação em Urgências e a 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
12 
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proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos nesta área 
(BRASIL, 2006). 
A Política Nacional de Atenção às Urgências foi instituída pela Portaria 1863/GM, de 
setembro de 2003, para garantir a organização dos sistemas regionalizados, a 
universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, 
gineco obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e as relacionadas às causas externas 
(BRASIL, 2006). 
A necessidade de reordenar os fluxos de referência e contra referência de pacientes no 
SUS, de integrar os serviços de urgência hospitalar aos demais níveis de atenção, seja por 
meio da regulação médica das urgências ou de outras centrais do complexo regulador da 
atenção no SUS, justificou em setembro de 2004, a publicação da Portaria 1828/GM, que 
estabeleceu as atribuições gerais e específicas das Centrais de Regulação Médica de 
Urgências e o respectivo dimensionamento técnico para estruturação e operacionalização 
destas centrais (BRASIL, 2006). 
Não é possível organizar hospitais terciários de urgência e emergência sem retirar deles 
o grande número de pessoas portadoras de urgências menores. Por outro lado, para que 
as pessoas com situações de urgências que requerem menor densidade tecnológica 
possam ser atendidas na atenção primária à saúde, faz-se necessário implantar um modelo 
de atenção adequado às demandas das condições crônicas para que assim possa atender 
às urgências menores e, no médio e longo prazos, diminuir a demanda às unidades de 
urgência e emergência maiores (MENDES, 2009). 
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais problemas da assistência às urgências 
e emergências no Brasil são: estrutura física e tecnológica inadequada, insuficiência de 
equipamentos, recursos humanos limitados e com capacitação insuficiente para trabalhar 
em emergências, baixa cobertura do atendimento pré-hospitalar móvel, número 
insuficiente de unidades de pronto atendimento não-hospitalares e que têm baixa 
resolutividade, insuficiente retaguarda para transferência de doentes, entre outros 
(BRASIL, 2005). 
A assistência às urgências e emergências há muitas décadas é um dilema para o sistema 
público de saúde. Considerando as mudanças do perfil demográfico e de 
morbimortalidade ocorridas no país nos últimos anos, tendo como um dos principais 
destaques o aumento dos casos de acidentes e violência, podemos afirmar que hoje os 
serviços de UE exercem um papel muito relevante dentro da assistência à saúde no Brasil. 
O aumento desse tipo de demanda assistencial começou a pautar fortemente o Sistema 
Único de Saúde e cada vez mais tornou-se latente a necessidade de se pensar políticas que 
possibilitassem a organização, qualificação e consolidação da atenção às urgências e 
emergências. Embora continuasse a priorizar a Estratégia da Saúde da Família enquanto 
proposta de reorientação do modelo assistencial, o Ministério da Saúde, a partir da década 
de 2000, começa a se dedicar a organizar a atenção às urgências e emergências no país 
(MACHADO; BAPTISTA; NOGUEIRA, 2011). 
Segundo Machado et al. 2001 o processo de construção da política federal de atenção às 
urgências pode ser dividido em três momentos. Um primeiro período envolveu as 
primeiras iniciativas de regulamentação, localizado entre 1998 e 2002. No período 
seguinte, entre 2003 e 2008, identifica-se a formulação e implantação da Política Nacional 
de Atenção às Urgências, com priorização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
(SAMU) e, por fim, desde 2008 temos como foco a continuidade do SAMU e a 
implantação das Unidades de Pronto Atendimento. Essas iniciativas visaram organizar e 
direcionar a atenção às urgências e emergências no país e, apesar das dificuldades, 
alcançaram alguns avanços no que tange à definição de conceitos, organização do sistema 
em rede, incorporação de novas tecnologias e financiamento dos serviços. Através delas 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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foi possível reorganizar os serviços e a assistência de forma a envolver todos os níveis de 
atenção à saúde, desde a atenção básica até os hospitais de grande porte, definindo assim 
a competência de cada um dos serviços pertencentes à rede assistencial do SUS, não 
ficando mais restrito somente às unidades de pronto socorro e hospitalares. 
Além disso, foi instituído que as unidades de UE também funcionassem como uma das 
portas de entrada do SUS, com possibilidade de reordenamento do fluxo de referência e 
contrarreferência e de integrá-las através da regulação médica (ODWYER, 2009). 
A Política Nacional de Atenção às Urgências está estruturada em: componente Pré-
Hospitalar Fixo, componente Pré-Hospitalar Móvel, componente Hospitalar e 
componente pós-hospitalar (BRASIL, 2003). 
O componente Pré-Hospitalar Fixo é composto por unidades básicas de saúdee unidades 
de saúde da família, equipes de agentes comunitários de saúde, ambulatórios 
especializados, serviços de diagnóstico e terapias, e unidades não-hospitalares de 
atendimento às urgências, como as UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento), por 
exemplo. O componente Pré-Hospitalar Móvel é composto pelo SAMU (Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgências) e os serviços associados de salvamento e resgate. O 
componente Hospitalar são os hospitais gerais de pequeno, médio e grande porte, bem 
como todos os leitos de internação, passando pelos leitos gerais e especializados de 
retaguarda, de longa permanência e os de terapia semi-intensiva e intensiva, mesmo que 
esses leitos estejam situados em unidades hospitalares que atuem sem porta aberta às 
urgências. O componente Pós-Hospitalar é composto pela atenção domiciliar, hospitais-
dia e projetos de reabilitação integral com componente de reabilitação de base 
comunitária. A atual Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) tem como 
principais focos o SAMU e as UPA’s. 
O SAMU é um componente fundamental dentro da PNAU, pois tem como objetivo 
chegar precocemente à vítima de um agravo à saúde (de natureza clínica, cirúrgica, 
traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica e entre outras) e possa prestar os primeiros 
atendimentos o mais rápido possível. O SAMU tem unidades de suporte básico de vida 
(equipe composta por técnicas de enfermagem) e unidades de suporte avançado de vida 
(equipe composta por médico e enfermeira), sendo ambas coordenadas por uma central 
de regulação. O atendimento deste serviço pode ser tanto primário, quando o pedido de 
socorro for oriundo de um cidadão, quanto secundário, quando a solicitação parte de um 
serviço de saúde no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento (BRASIL, 
2011). 
No início da implantação da PNAU esse componente foi eleito como prioridade. Isso foi 
justificado pelo Ministério da Saúde devido aos índices de morbimortalidade relativa ao 
trauma e a violência no país e também pela insuficiência na oferta de serviços de 
atendimento pré-hospitalar móvel22. Com a consolidação do SAMU o próximo passo foi 
a implantação/adequação das UPA’s e Salas de Estabilização (BRASIL, 2008). 
O projeto das UPA’s 24h integra a Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada 
pelo Ministério da Saúde em 2003, e baseou-se em experiências de cidades como 
Campinas (SP), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). Mesmo sendo criado em 2003, a 
denominação UPA 24 h só começa a se tornar usual a partir de 2008 e, quando há um 
maior esforço por parte do Governo Federal em normatizar esse tipo de serviço de saúde. 
Nos anos subsequentes foram publicadas mais sete portarias sobre o tema estabelecendo 
uma nova prioridade para o Governo Federal, que disponibilizou recursos financeiros 
para sua implementação (BRASIL, 2011). 
A implantação da UPA é feita de acordo com a população da região a ser coberta, o que 
irá condicionar a capacidade instalada (área física, número de leitos disponíveis, recursos 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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humanos e capacidade diária de atendimentos médicos). A partir desses critérios, as 
UPA’s são classificadas em três diferentes portes (BRASIL, 2009). 
UPA Porte I: tem de 5 a 8 leitos de observação. No mínimo 2 médicos por plantão (um 
pediatra e um clínico geral). Capacidade de atender até 150 pacientes por dia. População 
na área de abrangência de 50 mil a 100 mil habitantes. 
UPA Porte II: 9 a 12 leitos de observação. No mínimo 4 médicos por plantão (distribuídos 
entre pediatras e clínicos gerais). Capacidade de atender até 300 pacientes por dia. 
População na área de abrangência de 100 mil a 200 mil habitantes. 
UPA Porte III: 13 a 20 leitos de observação. No mínimo 6 médicos por plantão 
(distribuídos entre pediatras e clínicos gerais). Capacidade de atender até 450 pacientes 
por dia. População na área de abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes. 
As UPA’s são unidades não-hospitalares de atendimento às urgências. Elas podem ser 
compreendidas como estabelecimentos de saúde de complexidade intermediária entre as 
Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e a Rede Hospitalar. As principais 
competências das UPA’s são (BRASIL, 2011): 
Funcionar de modo ininterrupto nas 24 horas, em todos os dias da semana, incluídos 
feriados e pontos facultativos; 
Acolher todos os pacientes e seus familiares sempre que buscarem atendimento; 
Implantar processo de Acolhimento com Classificação de Risco, em ambiente específico; 
Prestar atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes acometidos por quadros 
agudos ou agudizados de natureza clínica, e prestar primeiro atendimento aos casos de 
natureza cirúrgica e de trauma, estabilizando os pacientes e realizando a investigação 
diagnóstica inicial, de modo a definir, em todos os casos, a necessidade ou não de 
encaminhamento a serviços hospitalares de maior complexidade; 
Fornecer retaguarda às urgências atendidas pela Rede de Atenção Básica; 
Funcionar como local de estabilização de pacientes atendidos pelo SAMU 192; 
Realizar consulta médica em regime de pronto atendimento aos casos de menor 
gravidade; 
Manter pacientes em observação, por período de até 24 horas, para elucidação diagnóstica 
e/ou estabilização clínica; 
Encaminhar para internação em serviços hospitalares os pacientes que não tiverem suas 
queixas resolvidas nas 24 horas de observação, por meio das centrais reguladoras; 
Essas competências atribuídas às UPA’s demonstram o seu caráter assistencial, sobretudo 
sua natureza de pronto atendimento, ao definir o acolhimento de todos os pacientes que 
buscarem atendimento, mesmo os casos de menor gravidade. Desse modo, temos uma 
lógica de trabalho mais permeável às demandas consideradas não urgentes, operando 
assim como um contraponto às expectativas dos profissionais que esperam atender 
somente casos urgentes na unidade (KONDER, 2013). 
A atuação das UPA’s em rede se expressa na obrigatoriedade dessas unidades se 
articularem com outros componentes da rede, sendo retaguarda para SAMU e atenção 
básica e recorrendo aos hospitais e centrais de regulação, através da pactuação de grades 
de referência e contrarreferência. Essa articulação entre os níveis de atenção é 
fundamental, pois como se sabe, não cabe a essas unidades, considerando tanto seus 
objetivos, quanto sua estrutura física, permanecer com pacientes por mais de 24 horas 
(BRASIL, 2011). Também destacamos entre as competências atribuídas as UPA’s a 
implantação do acolhimento com Classificação de Risco. Em consideração a Política 
Nacional de Humanização (PNH), editada em 2004, essa estratégia deve fazer parte do 
funcionamento de todas as UPA’s. 
O acolhimento com classificação de risco baseia-se em um processo dinâmico que visa 
identificar os usuários que necessitam de tratamento imediato de acordo com o potencial 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, proporcionando atenção centrada na 
complexidade da demanda e não na ordem de chegada. Para tanto, preconiza a agilidade 
no atendimento com base em uma análise sob a ótica de protocolos clínicos pré-
estabelecidos e do grau da necessidade de acesso ao serviço de saúde do usuário 
(BRASIL, 2004). 
A terminologia Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco foi proposta em 
substituição ao termo triagem, empregado no Brasil, historicamente, com o objetivo de 
classificar as necessidades de cuidados dos usuários visando à exclusão, ou seja, decidir 
quem será ou não atendido. Essa nova nomenclatura remete à ideia de estratificação dos 
pacientes entreaqueles que necessitam ser atendidos primeiro, aqueles que podem 
aguardar, e até mesmo os que podem ser encaminhado a outros serviços, sendo necessário 
realizar efetivamente o encaminhamento, de modo a garantir o atendimento ao usuário 
(SANTOS, 2010). 
Quando falamos de acolhimento não estamos falando de um espaço ou de um local, mas 
de uma postura ética, que não pressupõe hora ou profissional específico. Todos os 
profissionais de saúde devem fazer o acolhimento, tomando para si a responsabilidade de 
“abrigar e agasalhar” as demandas dos outros com a resolutividade necessária para cada 
caso em questão. Todavia, nas “portas de entrada”, os serviços de saúde podem demandar 
a necessidade de um grupo de profissionais de saúde preparado para promover o primeiro 
contato com o usuário, identificando sua demanda, orientando-o quanto aos fluxos 
internos do serviço e quanto ao funcionamento da rede de saúde local. Esse processo 
denominado classificação de risco é uma ferramenta que ajuda a organizar a fila de espera 
e propor outra ordem de atendimento que não a ordem de chegada. Além disso, tem outros 
objetivos importantes como, por exemplo, garantir o atendimento imediato do usuário 
com grau de risco elevado e informar o paciente que não corre risco imediato, assim como 
a seus familiares, sobre o tempo provável de espera (BRASIL, 2009). 
Geralmente, os serviços de saúde dispõem de uma técnica de enfermagem já na porta de 
entrada para realizar um primeiro contato com o usuário, que a depender da unidade pode 
consistir em atividades variáveis, como uma orientação, uma avaliação de sinais vitais, 
entre outras. Após isso, esses usuários são identificados e passam pela classificação de 
risco, executada por enfermeiras, sendo que algumas unidades funcionam com uma 
enfermeira e outras com duas (KONDER, 2013). 
A classificação de risco ocorre de acordo com um protocolo elaborado pelo Ministério da 
Saúde, oriundo da modificação de um protocolo internacionalmente conhecido, 
denominado Manchester. Esse protocolo é composto de quatro estratos de gravidade, 
identificados por cores: azul, verde, amarelo e vermelho, representando gravidade 
progressivamente maior (KONDER, 2013). 
Considerando a lógica do acolhimento com classificação de risco, o próprio espaço físico 
das unidades deve ser pensado tendo como base a diversidade e os níveis de complexidade 
da assistência prestada nos serviços de UE. 
A construção do acolhimento com classificação de risco significou um avanço no sentido 
de humanizar a assistência e priorizar os casos mais graves. Também serviu para 
normatizar e orientar as unidades em relação às adequações necessárias dos espaços 
físicos quanto ao atendimento das demandas assistenciais das urgências e emergências.
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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05 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 
 
 
 
 
Diante das peculiaridades da população que busca assistência e, também, dos problemas 
vivenciados nas UPAs, a priorização dos atendimentos, de acordo com a ordem de 
chegada, não é efetiva, tornando-se premente estabelecer critérios clínicos de 
classificação e avaliação dos usuários a serem atendidos. Destarte, no ano de 2004, o 
Ministério da Saúde estabeleceu a Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS), a 
qual, dentre as suas diretrizes, propõe a reestruturação dos Serviços de 
Urgência/Emergência, com a implantação do Acolhimento com Classificação e 
Avaliação de Risco (ACCR). 
A classificação de risco é uma ferramenta que, além de organizar a fila de espera e propor 
outra ordem de atendimento que não a ordem de chegada, tem também como objetivo 
garantir o atendimento imediato do usuário com grau de risco elevado; informar o 
paciente que não corre risco imediato, sobre o tempo provável de espera; promover o 
trabalho em equipe; dar melhores condições de trabalho para os profissionais; aumentar 
a satisfação dos usuários e principalmente, possibilitar e instigar a pactuação e a 
construção de redes internas e externas de atendimento (BRASIL, 2010). 
O protocolo de Manchester como guia orientador na gestão do atendimento favorece um 
fluxo adequado no processo de trabalho, na organização e uso do espaço e clareza no 
atendimento. Este protocolo é composto por dois extremos e áreas que evidenciam os 
níveis de risco dos pacientes. Sendo um denominado vermelho que identifica o paciente 
grave com risco de morte e o outro denominado azul que identifica o paciente 
aparentemente não grave, mas que necessita ou procura o atendimento de urgência 
(BRASIL, 2010). 
Cada uma destas áreas possui atuações diferente, de acordo com a clínica do paciente e 
os processos de trabalho que nele se estabelecem, sendo que essa identificação também 
define a composição espacial por dois acessos diferentes (BRASIL, 2010). 
A área vermelha está relacionada a clínica do paciente grave com risco de morte e é 
composta pelo o seguinte agrupamento: vermelha, laranja, amarela e verde de acordo com 
a gravidade, sendo a vermelha a mais grave e necessita de intervenção imediata e a verde 
a menos grave, mas não necessariamente sem importância. E a área azul que representa 
os pacientes não graves, mas que necessitam de acolhimento e classificação do grau de 
risco para facilitar o fluxo de atendimento (BRASIL, 2010). 
O Sistema de Triagem por Prioridades foi implantado na cidade de Manchester na 
Inglaterra em 1997. Esse método consiste em promover um atendimento de acordo com 
o critério clinico definindo qual o tempo recomendado para o atendimento médico. O 
protocolo de Manchester norteia uma triagem baseada nos sintomas do doente e o 
classifica por cores, que representa o grau de gravidade e o tempo de espera recomendado 
para o atendimento (MADEIRA; LOUREIRO; NORA, 2010). 
O acolhimento com classificação de risco pelo sistema de triagem é apresentado na figura 
1 encontramos o sistema de cores cuja classificação corresponde à priorização no 
atendimento ao paciente, lembrando que para cada uma delas será delimitado o tempo de 
espera no atendimento (COREN-SP, 2012, 2012). 
O protocolo de Manchester só pode ser realizado por enfermeiros ou médicos e tem como 
finalidade garantir critérios uniformes com as diferentes equipes, acabar com a triagem 
sem fundamentação científica, garantir a segurança do paciente e profissional de saúde, 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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aumentar o nível de prioridades dos pacientes, oferecer maior segurança e neutralidade 
nos processos de classificação feita pelo enfermeiro (LOPES, 2011). 
É importante ressaltar que para utilização de protocolos de avaliação com classificação 
de risco enfermeiros e médicos devem ser certificados por meio de capacitação 
proporcionada pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco (GONÇALVES, 2011). 
Figura 1. Classificação de Risco – Protocolo de Manchester 
 
Assim o acolhimento com avaliação e classificação de risco pode resultar em um processo 
dinâmico de identificação das condições dos usuários que necessitam de tratamento 
imediato, de acordo com o seu potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento; 
o profissional de saúde deverá ser capacitado para ouvir as queixas, medos e expectativas 
do usuário, humanizando o atendimento e oferecendo resolutividade para o problema 
apresentado. 
A triagem de Manchester também prevê a re-triagem do doente quando o seu estado 
clínico se agrava durante o tempo de espera para o atendimento médico devendo nestas 
situações ser re-triado para prioridade superior à anterior. Contudo, a re-triagem também 
poderá ser efetuada quando um doente refere melhoria da dor após analgesia, 
implementada segundoprotocolo na triagem, mas ainda aguarda pela observação clínica. 
Neste caso específico visto existir melhoria da dor o mesmo poderá ser re-triado para 
prioridade inferior à atribuída anteriormente. 
A escala de Manchester prevê uma prática fiável, uniforme e objectiva ao longo do tempo 
sendo passível de ser auditada quer interna ou externamente. Todos os termos encontram-
se definidos de uma forma precisa a fim de garantir a uniformidade do entendimento e 
aplicação dos conceitos. 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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06 
AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
Os sinais vitais (SSVV) são os principais indicadores do estado de saúde e da garantia 
das funções circulatórias, respiratória, neural e endócrina do corpo. Podem servir como 
mecanismos de comunicação universal sobre o estado do paciente e da gravidade da 
doença. Esses parâmetros, medidos de forma seriada, contribuem para que o profissional 
identifique a gravidade da situação, avalie as intervenções implementadas e tome decisões 
sobre a resposta do paciente à terapêutica e classifique a necessidade de assistência desse 
paciente. 
As medições estão ancoradas na verificação da temperatura, do pulso, da pressão arterial, 
da frequência respiratória, seguida da avaliação da dor, se configurando como o 5º sinal 
vital. 
TEMPERATURA: A temperatura reflete o balanceamento entre o calor produzido e o 
calor perdido pelo corpo. 
RESPIRAÇÃO: A finalidade é a troca gasosa entre o sangue e o ar dos pulmões. A 
avaliação da respiração como sinal vital inclui: a frequência (movimentos respiratórios 
por minuto), caráter (superficial e profunda) e ritmo (regular e irregular). Método de 
verificação: ver, ouvir e sentir. 
PULSO: O pulso é causado pela pressão do sangue contra a parede arterial em cada 
batimento cardíaco. O pulso é tomado onde uma artéria possa ser comprimida contra um 
osso. Verifica-se a: Frequência, ritmo e volume. 
PRESSÃO ARTERIAL: é a força exercida sobre a parede de uma artéria pelo sangue 
pulsante sob a pressão do coração. O pico máximo da pressão no momento em que a 
ejeção ocorre é a pressão sistólica. Quando os ventrículos relaxam, o sangue que 
permanece nas artérias exerce uma pressão mínima ou pressão diastólica, ela é a pressão 
mínima exercida contra as paredes arteriais. A pressão arterial reflete as inter-relações do 
débito cardíaco, resistência vascular periférica, volume do sangue, viscosidade do sangue 
e elasticidade da artéria. A unidade padrão para medir a pressão arterial é dada em 
milímetros de mercúrio (mmHg). 
 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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07 
ASSISTÊNCIA AS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
Todos esses fatores que compõe os sinais vitais são considerados essências e base na 
assistências as urgências e emergências. 
Contudo algumas analises ainda são fundamentais para determinar a criticidade do 
paciente. Em pacientes traumáticos o atendimento deve ser de imediato, realizado por 
meio de uma sequência denominada A, B, C, D, E do trauma, onde o controle da cervical 
faz-se de grande importância nessa assistência, prevenindo possíveis agravamentos e 
lesões de coluna cervical, contudo, também seguindo um padrão de prioridades vitais na 
avalição do ser humano. 
Esse famoso mnemônico do trauma "abcde" guia o socorrista que padroniza o 
atendimento inicial ao paciente politraumatizado e define prioridades na abordagem ao 
trauma, no sentido de agilizar o atendimento. Ou seja, é uma forma rápida e fácil de 
memorizar todos os passos que devem ser seguidos com o paciente em politrauma. 
Ele foi pensado para identificar lesões potencialmente fatais ao indivíduo, e é aplicável a 
todos as vítimas com quadro crítico, independentemente da idade. O protocolo tem como 
principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer 
tipo de trauma. 
Antes de iniciar a abordagem ABCDE, é relevante ressaltar que a última atualização do 
PHTLS, na sua na 9ª edição trouxe uma nova letrinha para esse mnemônico do trauma. 
O "x' de hemorragia exsanguinante ou seja hemorragia externa grave. Ainda não 
publicado oficialmente e não traduzido, mas já fica aqui registrado essa alteração, a qual 
vai dá ênfase às grandes hemorragias externas, antes mesmo do controle cervical ou da 
abertura das vias aéreas. 
 
 
7.1 SIGNIFICADO DAS LETRAS ABCDE 
 
7.1.1 (X) – Exsanguinação 
Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta, deve ser antes mesmo do 
manejo das vias aérea uma vez que, epidemiologicamente, apesar da obstrução de vias 
aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no 
trauma são as hemorragias graves. 
Vias aéreas e proteção da coluna vertebral 
No A, deve-se realizar a avaliação das vias aéreas. No atendimento pré-hospitalar, 66-
85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas. Para manutenção das 
vias aéreas utiliza-se das técnicas “jaw thrust”: anteriorização da mandíbula. 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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Fig. Manobra de chin Lift Fig. Manobra de Jaw Thrust 
A manobra de “chin Lift” também é uma técnica muito utilizada para a abertura de vias 
aéreas, contudo nos pacientes vítimas de trauma é contra indicada por hiperextender o 
pescoço, e gerar maior dano na cervical. 
No A também, realiza-se a proteção da coluna cervical. Em vítimas conscientes, a equipe 
de socorro deve se aproximar da vítima pela frente, para evitar que mova a cabeça para 
os lados durante o olhar, podendo causar lesões medulares. 
A imobilização deve ser de toda a coluna, não se limitando a coluna cervical. Para isso, 
uma prancha rígida deve ser utilizada. 
Considere uma lesão da coluna cervical em todo doente com traumatismos 
multissistêmicos. 
Boa Ventilação e Respiração 
No B, o socorrista deve analisar se a respiração está adequada. A frequência respiratória, 
inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traqueia e observação da 
musculatura acessória são parâmetros analisados nessa fase. 
Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspeção, palpação, ausculta e 
percussão. Verificar se a respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado. 
Circulação com Controle de Hemorragias 
No C, a circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de análise. 
A maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é 
a principal causa de morte no trauma. 
Essa parte refere-se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume 
sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma 
(pelve, abdomem e membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia como 
tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível 
e qualidade de consciência. 
Disfunção Neurológica 
No D, a análise do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, presença de 
hérnia cerebral, sinais de lateralização e o nível de lesão medular são medidas realizadas. 
Nessa fase, o objetivo principal é minimizar as chances de lesão secundária pela 
manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral. Importante aplicar a escala de goma 
de Glasgow atualizada. 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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Fig. Escala de Coma de Glasgow 
Exposição Total doPaciente 
No E, a análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da 
hipotermia são as principais medidas realizadas. O socorrista deve analisar sinais de 
trauma, sangramento, manchas na pele etc. 
A parte do corpo que não está exposta pode esconder a lesão mais grave que acomete o 
paciente. 
 
 
7.2 CHOQUE E SUAS CONSEQUENCIAS NO ORGANOSMO 
Nas situações de intensa gravidade do paciente politraumatizado, apesar da execução de 
todas as manobras para minimizar os danos gerados pelo trauma, é imprescindível ficar 
atento a situações que podem ocorrer, as quais exigem condutas emergências para 
salvaguardar a vida. 
Nesse atendimento é essencial a identificação de risco iminente de morte, causado, 
principalmente por fatores externos e imediatos, mas quando exercidas as devidas atitudes 
pode não só evitar graves danos a vida como também evitar fatalidades. 
Um fator muito constante encontrado em muitas emergências é a presença do choque. 
Sendo este uma manifestação clínica de profunda desorganização celular, que por sua vez 
pode ser causado por inúmeros fatores subjacentes que acarreta um distúrbio funcional e 
se não tratado de imediato pode acarretar a morte. 
O choque também pode ser definido como uma síndrome que gera anormalidades no 
sistema circulatório, resultando em inadequada perfusão orgânica e oxigenação tecidual. 
Outras definições abordam também a síndrome do choque como uma sequência de 
eventos iniciada por um fator agressor, seguida de respostas endócrino-metabólicas e 
falência na manutenção dos mecanismos de homeostasia, com decréscimo da perfusão 
tecidual. 
 
ATUALIZAÇÃO EM URGENCIA E EMERGENCIA 
 
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Esta síndrome atinge todos os sistemas corporais, podendo desenvolver-se de forma 
acelerada ou muito lenta, dependendo da causa subjacente. Durante o processo de choque, 
o organismo esforça-se para sobreviver, exigindo que todos os mecanismos 
homeostáticos restaurem o fluxo sanguíneo e a perfusão tecidual. 
A problemática do choque está na hipoperfusão dos tecidos vitais. Após a diminuição da 
perfusão, o oxigênio (O²) torna-se insuficiente para o metabolismo aeróbio, as células 
mudam para o metabolismo anaeróbio com aumento do dióxido de carbono (CO²) e 
acúmulo de ácido lático. Com a diminuição da função celular e persistência do choque, 
podem ocorrer danos irreversíveis e morte celular. A isquemia em qualquer região do 
organismo irá disparar uma resposta inflamatória que terá um impacto sobre órgãos não-
isquêmicos, mesmo após ter sido restaurada a adequada perfusão sistêmica. 
Comumente a causa do choque é mal definida num primeiro momento. O diagnóstico do 
choque é eminentemente clinico, sendo assim, a história clinica deve ser evidenciada para 
que seja direcionada à procura da etiologia, fornecendo assim subsídios para a terapêutica 
mais adequada e eficaz dessa síndrome clínica. 
As manifestações clínicas resultam, por um lado, da resposta neuroendócrina à 
hipoperfusão, e, por outro, da disfunção orgânica induzida pela lesão celular. Deste modo, 
o choque caracteriza-se clinicamente pela combinação de hipotensão (PAM<60 mmHg), 
podendo a pressão arterial estar normal ou mesmo aumentada na fase inicial do choque, 
taquicardia, taquipneia, hipersudorese e sinais de hipoperfusão periférica caracterizando-
se por palidez, cianose, extremidades frias e húmidas, oligúria, acidose metabólica, 
alterações sensoriais e do estado de consciência. 
Quando o choque é persistente ou muito grave, o transporte inadequado de O² causa lesão 
irreversível; assim a rápida restauração do transporte de O² pode reverter a progressão do 
estado de choque. Por isso, a abordagem terapêutica fundamental é reconhecer o choque 
e intervir de forma emergencial para restaurar a perfusão, o que frequentemente requer a 
expansão ou reexpansão do volume sanguíneo intravascular. Simultaneamente, deve 
ocorrer o controle de qualquer processo patológico que desencadeou essa ação. 
Atualmente a compreensão da fisiopatologia do choque em que a falência circulatória 
promove resposta sistêmica compensatória que gera metabolismo anaeróbio, aumento do 
consumo de oxigênio, liberação de substâncias de efeito deletério para o organismo e 
risco de colapso de múltiplos órgãos e sistemas, tem sido primordial para o fornecimento 
da assistência adequada e manejo destes pacientes, usando de intervenções rápidas para 
reverter essa situação de tanto risco ao organismo. 
Então, se houver um diagnóstico precoce acompanhada a uma boa assistência, onde haja 
os subsídios necessários para cessar o mecanismo que gera toda essa disfunção orgânica, 
estabilizando-se hemodinamicamente e combatendo o fator que gera esse estresse celular, 
seja ele uma bactéria, como acontece no choque séptico ou perda de líquido por 
hemorragia, como no hipovolêmico, é totalmente viável a recuperação do indivíduo. 
 
 
7.3 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 
Uma das principais consequências do choque é a parada cardiorrespiratória (PCR), sendo 
assim, está também se configura como uma relevante emergência. 
O Sistema Cardiovascular é responsável por fornecer e manter o fluxo sanguíneo 
adequado aos diversos tecidos do organismo. E o coração se configura como protagonista 
desse sistema, ficando apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da cavidade 
torácica, no mediastino, entre os pulmões, sendo a força motriz para que a circulação 
ocorra e leve nutrientes para toda a parte do corpo. 
 
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Na ocorrência de um distúrbio nesse sistema ocorre essa parada cardíaca, se configurando 
como ausência de bombeamento cardíaco para garantir a circulação sanguínea do 
indivíduo e de respiração adequada para promover a oxigenação. Tendo como 
característica a irresponsividade, ausência de respiração e de pulso. 
Assim, faz-se uso da corrente da sobrevivência, isto é, reconhecimento imediato da PCR 
e acionamento do serviço especializado de emergência, ressuscitação cardiopulmonar 
(RCP) precoce com ênfase nas compressões torácicas, rápida desfibrilação, suporte 
avançado de vida eficaz e cuidados pós PCR integrados. 
O objetivo da RCP é dar suporte ou restabelecer a circulação e a boa oxigenação e 
ventilação até que se possa restabelecer a circulação espontânea ou iniciar as intervenções 
de suporte avançado. 
A Ressuscitação Cardiorrespiratória se dá: 
Avaliar responsividade e presença de respiração 
Na vítima irresponsiva com respiração ausente, lenta ou agônica: Suspeitar de PCR 
Solicitar DEA 
Verificar a presença de pulso central 
Se pulso central ausente, caracteriza-se a PCR. Iniciar 30 compressões torácicas. 
Abrir vias aéreas e realizar 2 ventilações 
Manter 30:2 por 2 minutos. Reavaliar responsividade, respiração e pulso. 
Se ausentes, reiniciar 30:2 por 2 minutos 
OBS: Em crianças usa-se somente uma das mãos na massagem cardíaca, mantendo-se 
15:2 por 2 minutos, se houver dois socorristas. 
 
 
7.4 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 
São sinais súbitos e rapidamente evolutivos de déficit neurológico focal ou global com 
duração maior que 24 horas ou levando à morte, sem outra causa aparente que não a de 
origem vascular. Se caracteriza uma situação de urgência e emergência, sendo um grave 
problema de saúde pública. 
É de imensa relevância por estar entre as principais causas de morte no país, a maior em 
idosos. Daqueles que conseguem sair da emergência 8% dos permanecem inválidos. 
O AVC pode ser causado por uma trombose aterosclerótica, um ataque isquêmico 
transitório, embolias cerebrais, arterites, tromboflebite cerebral, distúrbios 
hematológicos, traumas, hipotensão associada a estenosearterial, enxaqueca com déficit 
persistente além de causas indeterminadas. 
O AVC pode ser isquêmico ou hemorrágico, o primeiro se caracteriza pela obstrução de 
um vaso no cérebro, impossibilitando a passagem de sangue para a região subsequente. 
No hemorrágico há um rompimento do vaso, gerando uma grave hemorragia no cérebro. 
Os sinais de alerta para a suspeita de AVC incluem quaisquer déficits neurológicos de 
início súbito, especialmente os localizados, destacando a fraqueza muscular súbita ou 
alteração sensitiva súbita unilaterais; dificuldade repentina para falar ou compreender; 
perda visual súbita, especialmente se unilateral; perda súbita do equilíbrio ou 
incoordenação motora repentina, rebaixamento súbito do nível de consciência e cefaleia 
súbita. 
Sendo assim, no AVC isquêmico vai ocorrer diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, 
diminuição da oferta de oxigênio, de glicose e do pH intracelular, podendo haver edema 
cerebral. 
A apresentação clássica dos AVC hemorrágico é um déficit neurológico focal súbito que 
progride em minutos ou horas, com rebaixamento do nível de consciência, acompanhado 
por cefaleia, náusea, vômitos e elevação da pressão arterial. As principais alterações 
 
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fisiopatológicas para a gênese do AVCH ocorrem nas pequenas artérias e arteríolas por 
efeito da hipertensão arterial. No entanto, outras causas podem ser encontradas em AVCs 
hemorrágicos. 
Medidas terapêuticas gerais visam favorecer a viabilidade do tecido cerebral, através da 
adequação e estabilização de certos parâmetros fisiológicos. Como realizar 
monitoramento multiparamétrico contínuo pelo menos durante as primeiras 24 horas de 
evolução do AVC; manter o paciente em decúbito elevado a 30 graus; manter a saturação 
de oxigênio 95% da maneira menos invasiva possível (cateter nasal, máscara, CPAP ou 
BIPAP); considerar intubação orotraqueal (IOT) para proteção de vias aéreas em 
pacientes com rebaixamento do nível de consciência ou disfunção bulbar que traga risco 
de broncoaspiração; manter a temperatura corpórea; corrigir hipotensão e hipovolemia 
para manter os níveis sistêmicos de perfusão necessários para suportar a função orgânica, 
utilizando solução salina isotônica e, se necessário, infusão de aminas vasoativas 
(dopamina 2 – 20 µg/kg/min ou noradrenalina 0,05 – 0,2 µg/kg/min). Evitar o uso das 
soluções glicosadas conhecidas como soro de manutenção, reduzindo assim o risco de 
hiperglicemia e distúrbios do sódio. 
Dessa forma, as melhores evidências clínicas disponíveis no momento demonstram que 
o atendimento adequado, rápido e bem estruturado aos pacientes com AVC reduz a 
mortalidade e a morbidade dos mesmos. 
 
 
7.5 TRAUMA CRANIO ENCEFALICO (TCE) 
O TCE é uma das causas mais frequentes de morbidade e mortalidade em todo o mundo, 
com impacto importante na qualidade de vida. Embora ocorra em questão de segundos, 
seus efeitos perduram por longos períodos sobre a pessoa, seus familiares e a sociedade. 
Esse trauma se configura como qualquer lesão decorrente de um trauma externo, que 
tenha como consequência alterações anatômicas do crânio, como fratura ou laceração do 
couro cabeludo, bem como o comprometimento funcional das meninges, encéfalo ou seus 
vasos, resultando em alterações cerebrais, momentâneas ou permanentes, de natureza 
cognitiva ou funcional. 
Múltiplos são os fatores que determinam as lesões causadas pelo TCE. Há mecanismos 
que começam a agir tão logo o TCE ocorre, bem como outros que vão se estender por 
dias, semanas ou meses após o evento. Há ainda fatores sistêmicos que podem agravar o 
quadro neurológico, levando a um pior prognóstico. Assim, pode-se dividir as lesões 
cerebrais em primárias e secundárias. 
As lesões primárias são aquelas que ocorrem como resultado imediato e direto do trauma. 
Exemplo: em um ferimento por arma branca que penetra o crânio, a lesão primária é 
aquela que vem em decorrência do trauma direto ao parênquima cerebral. 
As lesões secundárias são aquelas que se iniciam após o momento da agressão. Podem 
decorrer da interação de fatores intra e extracerebrais, levando à morte de células que não 
foram afetadas no momento exato do acidente, mas que sofrem consequências 
posteriores. 
O atendimento aos pacientes vítimas de TCE grave deve ter enfoque na prevenção das 
lesões secundárias, uma vez que as lesões primárias, causadas pelo choque mecânico 
direto, não sofrem influência da terapêutica. As lesões secundárias, entretanto, podem ser 
prevenidas, se o atendimento for conduzido corretamente, proporcionando oxigenação 
adequada, equilíbrio hemodinâmico e tratamento da hipertensão intracraniana, 
permitindo perfusão cerebral adequada. O cuidado deve ser contínuo, pois a 
desestabilização de quaisquer destes parâmetros pode causar ou aumentar, em qualquer 
momento, a lesão secundária. 
 
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A prevenção do agravamento da lesão cerebral inicial requer atendimento imediato e a 
rápida estabilização cardiopulmonar. A parada respiratória transitória e a hipóxia são 
comuns e podem causar lesão cerebral secundária. A intubação endotraqueal precoce, 
portanto, deve ser feita em doentes comatosos. 
A hipotensão arterial sistêmica precisa ser evitada, uma vez que pode causar redução no 
fluxo sanguíneo cerebral. De maneira geral, ela não representa consequência isolada da 
lesão cerebral, desde que a hemorragia intracraniana não determine choque hemorrágico. 
A reposição volêmica deve ser feita enquanto se tenta determinar a causa da hipotensão. 
O exame neurológico necessita ser feito de forma rápida e objetiva, após a estabilização 
do estado cardiopulmonar do doente. É fundamental a avaliação do valor da Escala de 
Coma de Glasgow e a resposta pupilar ao estímulo luminoso. Exames neurológicos 
seriados devem ser realizados para detectar piora neurológica, logo que possível. 
Para a classificação de gravidade do TCE utiliza-se a Escala de Coma de Glasgow – ECG. 
Esta é uma escala mundialmente aceita, já que constitui um método fácil para avaliar não 
só a gravidade do TCE, mas também da deterioração do quadro neurológico à medida que 
se deve repetir a aplicação da escala ao longo do atendimento clínico. Permite, portanto, 
a construção de um parâmetro mensurável sobre a evolução do quadro clínico do paciente. 
Além disso, esta escala uniformiza o atendimento, dando aos profissionais uma maneira 
simples e rápida de comunicação ao citar a “nota” dada ao paciente após cada avaliação. 
 
Fig. Escala de Coma de Glasgow 
Seguindo esta escala, o TCE pode ser classificado como leve (13 a 15 pontos), moderado 
(9 a12 pontos) ou grave (3 a 8 pontos). Pela gradação obtida com a aplicação da Escala 
de Glasgow, pode-se ter uma indicação dos cuidados assistenciais requeridos pela pessoa 
com TCE. Assim, sabe-se, por exemplo, que todo o paciente com ECG < 8 deve ser 
intubado para proteção de vias aéreas e manutenção da ventilação. Os demais cuidados 
 
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preconizados serão descritos mais detalhadamente no item de cuidados à pessoa com 
TCE. 
Após a avaliação inicial do paciente, podem ser acrescentados dados referentes à 
manutenção ou não da consciência e da memória, assim como a duração destes sintomas. 
Isso permite um refinamento da classificação e, consequentemente, do atendimento ao 
TCE, com a utilização ainda da ECG com algumas modificações baseadas na 
sintomatologia apresentada. 
O suporte hemodinâmico se configurapela implementação de estratégias para a 
manutenção da pressão arterial sistêmica, baseado na forte associação entre hipotensão 
arterial sistêmica e prognóstico ruim. As soluções salinas intravenosas precisam ser 
administradas, conforme a necessidade. Recomenda-se o uso de solução NaCl 0,9% ou 
de Ringer lactato. Não devem ser usadas soluções hipotônicas. As aminas vasoativas 
podem ser utilizadas no choque associado. 
Deve ser realizada a tomografia computadorizada de crânio-encéfalo (TCC) de urgência, 
como forma de confirmação do diagnóstica, tão logo seja possível, após a normalização 
hemodinâmica. Deve ser repetida sempre que houver mudança no estado clínico do 
doente e rotineiramente 12 e 24 horas após o trauma, quando há contusão ou hematoma, 
identificado a tomografia computadorizada inicial. 
Algumas medidas são consideradas para neuroproteção, tais como: elevação da cabeceira 
a 30° (se PAM > 65 mmHg) e posição centrada da cabeça, controle glicêmico – máx. 150 
mg%, profilaxia de trombose venosa profunda, profilaxia de úlceras de pressão, profilaxia 
de hemorragia digestiva alta, balanço hídrico rigoroso, cuidados com cateteres e sondas 
e fisioterapia respiratória e motora precoces. 
Outras posturas básicas também devem ser relevantes como a correção de distúrbios 
ácido-básicos e hidroeletrolíticos, nutrição precoce adequada, monitorização não-
invasiva e controle rigoroso da temperatura. 
Apesar de todos esses cuidados, o TCE pode resultar em algumas incapacidades, podendo 
ser divididas em três categorias: físicas, cognitivas e emocionais/comportamentais. As 
físicas são diversificadas, podendo ser motoras, visuais, táteis, entre outras. As cognitivas 
frequentemente incluem principalmente problemas de atenção, memória, e funções 
executivas. As incapacidades comportamentais/emocionais são, em geral, a perda de 
autoconfiança, motivação diminuída, depressão, ansiedade, dificuldade de autocontrole, 
está representada mais comumente por desinibição, irritabilidade e agressão. Os prejuízos 
físicos são os mais aparentes, mas, a longo prazo, os problemas com cognição, 
personalidade e comportamento são mais importantes para a qualidade de vida da pessoa 
acometida. 
 
 
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08 
O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
Durante o ato de classificação de risco o enfermeiro pode avaliar sinais vitais e dosagem 
de glicemia, realizar exame físico, estabelecendo a gravidade do paciente que procura o 
serviço de urgência e emergência da instituição (BELLAGUARDA, 2009). 
O profissional enfermeiro considera-se capacitado para a função, pois em sua formação 
é enfatizada a valorização das necessidades do paciente, as biológicas, as sociais e 
psicológicas. Além disso, o enfermeiro está habituado a ser líder, o que o leva a ter uma 
visão abrangente do setor incluindo recursos humanos, área física e fluxo de pacientes. 
(GATTI, 2008). 
Para ser um enfermeiro de triagem devem-se apresentar três habilidades consideradas 
fundamentais: avaliação, conhecimento e intuição. A intuição se desenvolve com 
experiência, sensibilidade e o uso da observação. (GATTI, 2008). O enfermeiro é o 
primeiro contato da equipe multidisciplinar com o paciente, pois ele coleta dados sobre a 
sintomatologia, medicações em uso e detecta possíveis déficits de conhecimento nesses 
aspectos, ou ainda relativos à questões de fluxo e especificidade de atendimento do setor. 
Quando da realização do registro, da entrevista e do exame físico, realizados com ênfase 
na observação do comportamento, expressão verbal e não verbal de dor, postura e sinais 
clínicos, determina-se a classificação da prioridade do atendimento. (GATTI, 2008). 
A enfermagem organiza-se e expressa sua ação no cuidado ou na assistência ao indivíduo 
em vários ambientes, nas suas condições de saúde. A saúde é definida como um fenômeno 
multidimensional, com características individuais e coletivas, que envolve, de forma 
dialética, aspectos físicos, psicológicos e sociais da natureza humana. Todo o contexto, 
as multiplicidades de fatores que condicionam o bem-estar, o estado de saúde das pessoas, 
são objetos de preocupação do profissional de enfermagem. O exercício desta profissão 
tem significado, alcança sua finalidade, ao voltar a atenção ao agir especificamente em 
favor das pessoas (JORDI et al., 2015). 
A abundante demanda nas emergências é um problema importante e tem como resultado 
o estresse dos profissionais, a sobrecarga de trabalho, a insuficiência de recursos 
humanos, materiais e tecnológicos para satisfazer a demanda, pacientes mal atendidos, 
enormes filas de espera por atendimento, entre outros problemas. Percebeu-se que um dos 
mais importantes determinadores da superlotação dessas unidades é a carência da 
assistência prestada pela rede de atenção primária (OLIVEIRA, SILVA, COSTA, 2012). 
É fundamental apontar quanto à qualidade da assistência prestada ao paciente pela 
profissional enfermeira, pois esta, se associa diretamente com a condição de saúde/doença 
da população já carente de tais serviços. Entretanto, essa profissional precisa de condições 
de trabalho que beneficiam a melhor execução possível de suas práticas, a diminuição da 
sobrecarga de trabalho, a realização dos programas de capacitação e reconhecimento 
profissional. Diversos estudos já foram realizados com a finalidade de apresentar soluções 
para o problema, mas não se mostraram efetivos. Frente a esses desafios, na tentativa de 
reduzir as incoerências entres os testes realizados, esse estudo busca agregar 
conhecimento de como as variáveis podem influenciar nos resultados obtidos 
(OLIVEIRA, SILVA, COSTA, 2012). 
Segundo Azevedo et al (2010), nos serviços hospitalares de atenção à urgência e 
emergência, a atuação do enfermeiro envolve especificidades e articulações 
indispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que 
 
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requerem aprimoramento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva aos 
familiares pelo impacto inesperado de uma situação que coloca em risco a vida de um 
ente querido. Esse conjunto de elementos justifica um olhar pormenorizado para a 
organização desses serviços. 
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (2013) cabe ao enfermeiro à direção 
do serviço de enfermagem em instituições de saúde e de ensino, públicos, privados e a 
prestação de serviço, as atividades de gestão como planejamento da assistência de 
enfermagem, consultoria, auditoria, consulta de enfermagem, a prescrição da assistência 
de enfermagem, os cuidados diretos a pacientes com risco de morte e todos os cuidados 
de maior complexidade técnica. De acordo com Galvão & Wehbe (apud Fincke, 2011), o 
papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, 
fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da 
saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. 
O enfermeiro que atua nesta unidade necessita ter conhecimento científico, prático e 
técnico, a fim de tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe 
e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente. 
Segundo Galvão & Wehbe (2006) dentre as atividades assistências exercidas pelo 
enfermeiro no setor de emergência as principais são: 
Fornecer cuidado ao paciente juntamente com o médico; 
Preparar e administrar medicamentos; 
Proporcionar a realização de exames especiais procedendo à coleta; 
Instalar sondas nasoenterais e vesicais em clientes; 
Realizar troca de

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