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- A automedicação pode ser definida como o consumo de medicamentos sem prescrição médica. A automedicação é caracterizada pelo uso de medicamentos escolhidos pelo próprio indivíduo, comumente indicado por pessoas não habilitadas no âmbito da saúde como amigos, vizinhos e familiares, ou seja, ocorrendo sem orientação médica, ou profissional de saúde qualificado. Sendo assim, é importante frisar que doenças diferentes podem apresentar sintomas similares ou iguais. Dessa forma, se levarmos em conta que cada organismo possui características diferentes, logo pode-se apresentar reações diferentes, para um mesmo medicamento, o que pode gerar reações alérgicas ou mesmo, risco à vida. Seguindo nessa perspectiva, os riscos e consequências da automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos podem levar ao autodiagnóstico incorreto, interações medicamentosas perigosas, erros comuns tanto na administração, quanto na dosagem e na escolha incorreta da terapia. Podendo mascarar uma doença grave, além de haver risco de dependência e abuso. Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos durante um longo prazo pode promover resistência a patógenos e consequentemente a ineficácia do tratamento em infecções futuras. Analgésicos e Antitérmicos Anti inflamatórios Relaxantes Muscular Expectorantes Texto elaborado pelos acadêmicos Bianca Lira Cordeiro Tavares, Ludmila Emily da Silva Gomes e revisado pelo Professor Dr. Gabriel Rodrigues Martins de Freitas. https://www.ufpb.br/cim/contents/menu/publicacoes/cimforma/uso-indiscriminado-de-medicamentos-e-automedicacao-no-brasil A Prática da Automedicação Simples, muito simples. As pessoas realizam a prática da automedicação porque as pessoas adoecem, sofrem e querem se curar. Simples assim. Hoje, com a televisão e a internet, é ainda mais fácil. As pessoas “pesquisam” as doenças e os medicamentos e pronto, elas já sabem de tudo. A maioria das coisas é assim, MUITO SIMPLES. E sempre foi assim. As pessoas sempre adoeceram e sempre foram buscar seu remédio. Desde os tempos antigos. As pessoas adoeciam e buscavam o remédio. As pessoas adoecem e buscam o remédio. Disso nasceram algumas coisas. A doença, o remédio – do grego pharmakon – e os efeitos colaterais. E do estudo das doenças e dos remédios – dos fármacos e dos efeitos colaterais, nasceu a Medicina. E do estudo dos remédios – fármacos, nasceu e evoluiu a farmacologia (= estudo dos medicamentos). E o conceito de medicamentos/ remédios sempre esteve relacionado ao conceito de doença. Assim, se numa determinada época a doença era considerada um desígnio dos Deuses, insatisfeitos com o comportamento humano, que enviavam as “pestes” para punir as pessoas, nada mais natural que realizar oferendas, realizar sacrifícios humanos, queimar um casal de jovens numa fogueira em homenagem aos deuses, para aplacar sua ira e poupar as pessoas dessas doenças. Assim, o sacrifício de um casal de jovens em fogueira, um dos conceitos originais de pharmakon, já foi um procedimento natural, um “remédio” natural. Justificativas ou “Desculpas” para Praticar a Automedicação Inúmeras são as justificativas ou motivações para a prática da automedicação: - uso de medicamentos ilegais; - uso ilegal de associações medicamentosas que põe em risco a saúde; - argumentos de que os médicos não sabem nada; - que a pessoa já sabe qual medicamento que o médico vai prescrever; - que os amigos ou atendentes de farmácia atendem melhor o indivíduo do que o médico; - dificuldade de acesso aos médicos; - dificuldade de liberação do empregado pelo empregador para ir ao médico; - e a ideia perigosa de que as pessoas em geral sabem identificar e tratar as doenças. “De médico e de louco todo mundo tem um pouco”. Não é apenas no futebol que todos os brasileiros são experts, entendidos. Nas doenças e seus tratamentos também encontramos muitos “especialistas” que nunca fizeram nenhuma disciplina relacionada. E a defesa desses conceitos é muitas vezes extremamente convicta. RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO Vanessa Cristine Ribeiro Fredrich, Miriam Elizabeth Mendes Angelucci e Herbert Arlindo Trebien Conceitos A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a automedicação como a escolha e o uso de medicamentos, feitos pelos indivíduos, para tratar distúrbios e sintomas autorreconhecíveis, e a coloca como elemento do autocuidado. A mesma organização ainda define a automedicação responsável como a prática em que os indivíduos tratam os próprios distúrbios e sintomas com medicamentos que são aprovados para serem adquiridos sem prescrição (venda livre) e que são seguros e eficazes quando usados segundo as instruções.1 Entretanto, na prática, o que se vê é o consumo de medicamentos adquiridos com ou sem receita médica, por vontade própria e com diversas finalidades. 1 http://www.abimip.org.br/codigo.htm (acesso em 18/06/2010, 22h17). Muitas vezes fazemos uso de mais de um medicamento ao mesmo tempo, por conta própria, ou mesmo por indicação médica. Quando isso ocorre, essas substâncias combinadas podem aumentar, diminuir ou anular o efeito de um ou mais medicamentos. Um exemplo é o uso concomitante de barbitúricos (anticonvulsivantes) e anticoncepcionais hormonais orais. A automedicação deve ser desestimulada: medicamento podem ser benéficos quando bem indicados e sob orientação adequada, mas podem ser muito prejudiciais se usados indiscriminadamente. Reações Adversas a Medicamentos Jackson Carlos Rapkiewicz Dados norte-americanos apontam que entre 3 e 7% dos casos de hospitalização são devidos a RAM e que em ambientes hospitalares a incidência de RAM é estimada em 10 a 20%5 . Estima-se que em 1994 houve 106 mil mortes nos hospitais dos Estados Unidos decorrentes de RAM, o que as colocaria entre a quarta e a sexta causas de morte naquele país4 . Alguns estudos sugerem que a taxa de mortes decorrentes de RAM esteja entre 0,5 e 0,9%, porém esses dados podem estar equivocadamente elevados, tendo em vista que pacientes em situação grave e complexa foram incluídos5 . Uma meta-análise norte-americana concluiu que as reações adversas que resultaram em atendimento médico constituíram a quarta causa de morte em serviços de urgência, perdendo apenas para cardiopatia isquêmica, câncer e acidente vascular cerebral2 . Com base nesses dados, tem sido proposto que as RAM sejam consideradas e abordadas como um grave problema de saúde pública2 . 58 Referências 1. OATES, J.A. The science of drug therapy. In: BRUNTON, L.L.; LAZO, J.S.; PARKER, K.L. Goodman & Gilman’s the pharmacological basis of therapeutics. 11. ed. New York: McGraw-Hill, 2005. 2. HEINECK, I.; CAMARGO, A.L.; FERREIRA, M.B.C. Reações adversas a medicamentos. In: FUCHS, F.D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M.B.C. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 3. MAGALHÃES, S.M.S.; CARVALHO, W.S. Reações adversas a medicamentos. In: GOMES, M.J.V.M.; REIS, A.M.M. Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia Hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2000. 4. ROLLINS, D.E. Adverse Drug Reactions. In: GENNARO, A.R. Remington: The Science and Practice of Pharmacy. 20. ed. Philadelphia: Lippincott–Williams & Wilkins, 2000. 5. BEERS, M.H. The Merck Manual of Diagnosis and Therapy. 18. ed. Whitehouse Station: Merck Research Laboratories, 2006.
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