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CURSO: AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLÍCIA CIVIL 
MATÉRIA: Direito Penal - Aula 2 
PROFª: Michele 
 
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO (DIREITO PROTEGIDO) 
 
O direito protegido é o funcionamento da administração 
pública, ou seja, a normalidade, prestígio da administração em geral. 
 
Capítulo I: CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (art. 312 a 327). 
 
Os crimes previstos neste capítulo só podem ser 
praticados por funcionário público, pois a lei exige uma característica 
específica no sujeito ativo, por isso são chamados de crimes funcionais. 
 
Porém é possível que a pessoa que não seja 
funcionário público responda por crime funcional, como coautor ou 
partícipe, mas exige-se, que o terceiro saiba da qualidade de funcionário 
público do outro. Ex: funcionário público e um terceiro que não é 
funcionário público furtam bens do Estado. Ambos responderão por 
peculato. 
 
- CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: 
 
O Código Penal determina em seu artigo 327 o 
conceito de funcionário publico: considera-se funcionário público, para 
os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
Cargo: são criados por lei, com denominação própria, em número certo 
e pago pelos cofres públicos. 
 
Emprego: são serviços temporários, com contrato em regime especial 
ou CLT. Ex: contratados, mensalistas, diaristas etc. 
 
Função pública: abrange qualquer conjunto de atribuições públicas que 
não correspondam a cargo ou emprego público. Ex: jurados, mesários, 
etc. 
 
São funcionários públicos os Juízes, Delegados de Polícia, Escreventes, 
Oficiais de Justiça, etc. 
 
 
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- CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO: 
 
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a 
execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
 Assim, consideram-se funcionários públicos, para 
efeitos penais, os funcionários das autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas e sociedades de economia mista, desde que elas 
exerçam atividade pública (art. 327, § 1º do CP). 
 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA (ARTIGO 327, § 2º DO CP) 
 
A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes funcionais forem ocupantes de cargos em comissão 
ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação 
instituída pelo Poder Público. 
 
PECULATO (artigo 312 do Código Penal) 
 
Art. 312: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em 
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena - 
reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
Bem jurídico: Protege-se a regularidade e a probidade administrativa, 
bem como o patrimônio público e eventualmente o patrimônio particular. 
 
Sujeito ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP, 
que se apropria ou desvia bem no exercício da função pública. 
 
Trata-se de crime próprio, que admite tanto a co-
autoria como a participação, por outro funcionário público ou por 
particular. Para o particular responder pelo crime funcional ele deve 
conhecer a condição de funcionário público do sujeito ativo, sem o qual 
não haverá crime funcional para o particular, mais outro delito se típica a 
conduta. 
 
 
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Sujeito passivo: É o Estado ou a Administração Pública, como sujeito 
passivo principal. O particular será sujeito passivo secundário, na 
hipótese do peculato-malversação. 
 
Tipo objetivo ou conduta: O peculato próprio, definido no “caput” do 
art. 312 do CP, pode ser cometido por duas condutas: 
 
● a apropriação, que dá origem ao peculato-apropriação. 
● o desvio, que enseja o peculato-desvio. 
 
Apropriar significa agir como dono, assenhorear-se, 
enquanto desviar significa alterar o caminho, mudar o destino, com 
vistas à satisfação própria ou de outrem. 
 
É pressuposto necessário do crime a situação de 
posse que constitui um antecedente necessário para o peculato. 
 
Objeto material do crime: Pode ser dinheiro, valor, ou qualquer 
utilidade, desde que se constitua em bem móvel e corpóreo, público ou 
particular. 
 
Tipo Subjetivo: É o dolo de se apropriar, na modalidade apropriação, 
ou seja, a vontade do funcionário ter a coisa para si como se dono fosse 
e na modalidade desvio, o dolo diz respeito apenas à vontade do agente 
de retirar a coisa do seu caminho natural, em benefício próprio ou de 
outrem. 
 
Consumação: Na apropriação, ocorre com a inversão da posse do 
bem. Na modalidade desvio, a consumação ocorre quando a coisa é 
retirada do seu trâmite, do seu caminho. Tentativa: admite-se a 
tentativa. 
 
 
PECULATO-FURTO (artigo 312, § 1º do Código Penal) 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não 
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que 
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade 
que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
O bem jurídico é o mesmo do peculato do art. 312, 
“caput” do CP. 
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O crime de peculato-furto nada mais é do que uma 
forma específica de furto, em que o agente subtrai coisa que não está 
na sua posse ou mesmo na sua disponibilidade, valendo-se da 
qualidade de funcionário público para realizar a subtração; a condição 
de funcionário público é que dá a oportunidade para o agente realizar a 
subtração. 
 
Também realiza o crime, o funcionário público que 
concorre para a subtração de outrem, que pode ser ou não funcionário 
público. 
 
Nessa hipótese, o funcionário público, valendo-se da 
sua especial condição, proporciona que outra pessoa realize a 
subtração do bem, deixando, por exemplo, a porta aberta ou 
destrancada. 
 
PECULATO CULPOSO (artigo 312, § 2º do Código Penal) 
 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
O peculato culposo ocorre se o funcionário concorre 
culposamente para o crime de outrem, que pode ser funcionário público 
ou particular. 
 
O crime praticado pelo terceiro, segundo 
entendimento majoritário, pode ser de qualquer espécie, não se exigindo 
que seja de natureza funcional. 
 
Para a configuração do crime, deve ficar 
demonstrado o vínculo entre a conduta culposa do funcionário público e 
o crime praticado pelo terceiro, ou seja, o crime deve ter sido 
proporcionado pela culpa do funcionário. 
 
Consumação: Consuma-se o peculato culposo no momento em que o 
crime praticado pelo terceiro se consumar. 
 
CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE E DE DIMINUIÇÃO DA PENA 
 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à 
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz 
de metade a pena imposta. 
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A reparação do dano antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória extingue a punibilidade. Se essa reparação se 
der em momento posterior ao trânsito em julgado, a pena cominada 
deverá ser reduzida de metade. 
 
Esses benefícios aplicam-se exclusivamente ao crime 
de peculato culposo, não tendo incidência sobre os crimes de peculatopróprio ou de peculato-furto. 
 
O terceiro que comete o delito, aproveitando-se da 
culpa do funcionário público, não se beneficia da reparação do dano. 
 
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM OU PECULATO 
ESTELIONATO (artigo 313 do Código Penal) 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no 
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um 
a quatro anos, e multa. 
 
Bem Jurídico: Tutela-se a regularidade ou probidade das funções 
administrativas; indiretamente o patrimônio do particular também é 
protegido. 
 
Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. 
Trata-se de crime próprio. 
 
Sujeito Passivo: O Estado ou a Administração Pública, bem como 
aquele que teve o seu bem apropriado por erro. 
 
Tipo Objetivo ou Conduta: o erro que dá ensejo à apropriação do 
funcionário público não é por ele provocado, mas espontâneo por parte 
daquele que lhe entregou o bem. 
 
A coisa apropriada deve chegar às mãos do funcionário público em 
virtude de sua função pública e espontaneamente, por erro solitário da 
pessoa que entrega o bem. 
 
Tipo Subjetivo: É o dolo de se apropriar da coisa havida por erro, a 
vontade do agente em se apropriar da coisa nasce em momento 
posterior à posse do bem. 
 
 
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Se o agente tiver a vontade pré-ordenada de se apropriar da coisa, 
antes que ela lhe venha às mãos, haverá estelionato, se caracterizado o 
elemento fraude ou o crime de peculato-furto. 
 
Consumação: Ocorre com a apropriação do bem. A tentativa será 
possível. 
 
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
 
Art. 313-A: Pune com pena de reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa o funcionário público autorizado que insere ou facilita a inserção 
de dados falsos, altera ou exclui dados corretos nos sistemas 
informatizados ou banco de dados da administração pública com o fim 
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar 
dano. 
 
Bem Jurídico: Protege-se neste artigo a regularidade dos sistemas 
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública. 
 
Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. 
Trata-se de crime próprio. 
 
Sujeito Passivo: O Estado, pois se trata de crime contra a 
Administração Pública. 
 
Tipo Objetivo ou Conduta: São várias as condutas criminosas: 
 
Inserir dados falsos dos sistemas informatizados ou bancos de dados da 
Administração Pública. 
 
Alterar dados existentes, modificando a veracidade deles; 
 
Excluir indevidamente dados que deviam ficar constando do sistema ou 
banco de dados. 
 
E ainda pratica o crime quem facilitar a inserção de dados falsos, altera 
ou exclui dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de 
dados da administração pública. 
 
Tipo Subjetivo: Exige-se a vontade de participar qualquer das condutas 
acima mencionadas com a finalidade de obter vantagem indevida para si 
ou para outrem. 
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Consumação: Ocorre com a conduta de inserir, alterar ou excluir dados 
corretos no sistema. 
 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA 
DE INFORMAÇÕES 
 
Art. 313-B: Pune com pena de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) 
anos, e multa o funcionário que modifica ou altera sistema de 
informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação 
de autoridade competente. 
 
O parágrafo único estabelece um aumento de um terço até a metade se 
da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública 
ou para o administrado. 
 
Neste crime a conduta refere-se à ação de modificar o sistema ou 
programa de informática. O sujeito substitui por outro. Ou ainda, altera o 
sistema ou programa já existente. 
 
ATENÇÃO: Não se caracteriza o crime se o funcionário for autorizado 
pela autoridade competente para a modificação ou alteração. 
 
Crime qualificado: O parágrafo único do artigo 313-B dispõe o aumento 
de pena de um terço até a metade se da modificação ou alteração 
resulta dano para a Administração Pública. 
 
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU 
DOCUMENTO 
 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a 
guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou 
parcialmente. Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não 
constitui crime mais grave. 
 
A lei pune três condutas: 
 
1. Extraviar: fazer desaparecer, ocultar; 
2. Sonegar: não apresentar, não exibir quando alguém o solicita; 
3. Inutilizar: tornar imprestável. 
 
Nas três hipóteses a conduta deve recair sobre livro 
oficial, que é aquele pertencente à administração pública, ou sobre 
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qualquer documento público ou particular que esteja sob a guarda da 
administração. Exemplos: livros de registros, notas, atas, protocolos, 
documentos de arquivos ou de museus, provas de concurso, relatórios, 
etc. 
 
Este crime só será punido se não existir fato que 
constitua crime mais grave, como corrupção passiva ou supressão de 
documento. 
 
 
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 
 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
O funcionário público emprega a verba ou renda 
pública de forma diversa da prevista em lei. 
 
Bem Jurídico: Protege-se neste artigo à aplicação dos recursos 
públicos de conformidade coma destinação legal prévia, assim, visa 
impedir o arbítrio administrativo no que diz respeito a destinação das 
verbas e rendas públicas. 
 
Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. 
Porém somente pode ser aquele que tem a competência de dispor de 
verbas e rendas públicas 
 
Sujeito Passivo: O Estado: União, Estados, Municípios, autarquias e 
entidades paraestatais. 
 
Tipo Objetivo ou Conduta: A conduta é a de empregar irregularmente 
fundos públicos, no momento em que são desviadas do seu destino 
legal para atender a outra exigência de natureza diversa. 
 
Tipo Subjetivo: Exige-se a vontade de destinar as verbas ou rendas em 
desacordo com a lei. 
 
Consumação: Consuma-se o crime com a aplicação irregular dos 
fundos públicos. 
 
 
 
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CONCUSSÃO (ARTIGO 316 DO CÓDIGO PENAL) 
 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda 
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
Bem Jurídico: A regularidade das funções administrativas, inclusive a 
probidade dos funcionários, ao legítimo uso da qualidade e da função 
por eles exercida. 
 
Sujeito Ativo: O funcionário público, nos termos do art. 327 do Código 
Penal. 
 
Sujeito Passivo: O Estado e eventualmente também será a pessoa 
contra a qual se dirigiu a exigência da vantagem indevida. 
 
Tipo Objetivo ou Conduta: É a exigência de vantagem indevida, existe 
uma espécie de ameaça e a vítima cede à exigência do agente por 
medo de represálias, esta não responderá por corrupção ativa. São, 
portanto, incompossíveis, no mesmo fato, os crimes de concussão e 
corrupção ativa. 
 
 O verbo é “exigir”, que significa ordenar, impor. Não é 
necessário que o agente prometa um mal determinado à vítima, basta 
que esta sinta o temor de represálias por parte do agente. Ex.: exigência 
de dinheiro para não prender alguém, para não fchar a empresa, etc. 
 
Tipo subjetivo: Exige-se, ainda, um elementosubjetivo específico, 
contido na expressão “para si ou para outrem”. Não se configura o crime 
quando a vantagem visa beneficiar a própria Administração Pública, 
embora possa a conduta caracterizar o crime do art. 316, §1º1, CP 
(excesso de exação). 
 
 
1 Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega 
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres 
públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
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Consumação e tentativa: A concussão é crime formal, consuma-se no 
momento em que a exigência chega ao conhecimento da vítima, 
independentemente da efetiva obtenção da vantagem indevida. A 
tentativa será possível se a conduta realizada por seqüência de atos. 
 
IMPORTANTE: 
 
Concussão e corrupção – na concussão existe exigência de vantagem 
indevida e a vítima é levada a atender a exigência por medo de 
represálias. Na corrupção passiva, há mera solicitação de vantagem e a 
vítima satisfaz o pedido do agente livremente, visando o recebimento de 
alguma contraprestação. 
 
EXCESSO DE EXAÇÃO (ARTIGO 316, PARÁGRAFO 1º DO CÓDIGO 
PENAL) 
 
Exação significa rigor, logo, o crime trata de excesso de rigor na 
cobrança de tributos ou sua cobrança indevida. 
 
Bem jurídico: regularidade das funções administrativas e, 
principalmente, os princípios constitucionais da Administração Pública 
(legalidade, moralidade, impessoalidade). 
 
Sujeito Ativo: é o funcionário público, tratando-se de crime próprio, ou 
seja, aquele que exige do sujeito ativo uma qualidade especial. 
 
Sujeito Passivo: é o Estado e indiretamente o contribuinte contra o qual 
se dirige o excesso de exação. 
 
Tipo Objetivo/Conduta: Exação significa o ato de exigir o pagamento. 
Pune-se o excesso na cobrança, que pode ocorrer de duas formas: 
 
1ª) O funcionário público exige tributo que sabe ou deveria saber 
indevido (elemento normativo do tipo). Ex: tributo já pago ou tributo 
declarado inconstitucional; 
 
2ª) O tributo é devido, mas o funcionário emprega na cobrança, meio 
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. 
 
Meio vexatório: é aquele que expõe o contribuinte ao ridículo. Ex: 
Cobrar tributo com Trio Elétrico. Isso porque, a Administração Pública 
deve cobrar tributos com base nos princípios constitucionais. 
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Meio gravoso: é aquele que causa despesa ou dispêndio 
desnecessário para o contribuinte. 
 
Tipo Subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de 
realizar as condutas. A expressão “que sabe” é reveladora de dolo 
direto, enquanto a expressão “que deveria saber” reflete dolo indireto, na 
modalidade dolo eventual. O tipo penal não admite a modalidade 
culposa. 
 
Forma Qualificada de Excesso de Exação (artigo 316, § 2º do 
Código Penal): Ocorre quando o funcionário desvia, em proveito próprio 
ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres 
públicos. A forma qualificada tem aplicação restrita ao excesso de 
exação, não abrangendo o crime de concussão. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA (ARTIGO 317 DO CÓDIGO PENAL) 
 
Art. 317 – “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Bem jurídico: A regularidade ou probidade das funções administrativas, 
notadamente os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade 
e da eficiência. 
 
Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do artigo 327 do 
Código Penal. 
 
O particular que oferece ou promete vantagem indevida ao 
funcionário, não figura como coautor, porque a lei incrimina, 
separadamente, as condutas do corrompido e do corruptor. O primeiro 
responde por corrupção passiva (art. 317) e o segundo por corrupção 
ativa (art. 3332). 
 
 
2 Corrupção ativa 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato 
de ofício: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite 
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
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O funcionário responde por corrupção quando solicita, aceita 
ou recebe promessa indevida. O particular só responde por corrupção 
quando oferece ou promete vantagem ao funcionário. 
 
Assim, por exemplo, quando a iniciativa da corrupção é do 
funcionário, haverá somente corrupção passiva, o particular não 
responderá por delito algum, ainda que entregue a vantagem solicitada. 
Haverá bilateralidade, porém, quando a iniciativa da corrupção for do 
particular, e o funcionário aceitar a vantagem ou anuir à proposta. 
 
Sujeito Passivo: É o Estado ou Administração Pública. 
 
Tipo Objetivo: As condutas incriminadas são: solicitar, receber ou 
aceitar promessa de vantagem indevida, valendo-se o funcionário do 
exercício da função. A vantagem indevida deve ser solicitada e não 
exigida, ou seja, fazer com que o funcionário beneficie alguém com o 
seu trabalho. É o comércio ilícito da função pública. 
 
Objeto Material: Vantagem indevida. Pode ser qualquer tipo de 
vantagem, como por exemplo, material, imaterial, patrimonial, funcional, 
religiosa, sentimental, sexual. 
 
Consumação: Consuma-se com a realização das condutas de solicitar, 
receber ou aceitar promessa. 
 
Gratificações, Pequenos Presentes e Mimos: Não caracterizam, 
segundo entendimento majoritário da jurisprudência, vantagem indevida 
apta à realização da corrupção passiva. Elas não ensejam a venda da 
função pública. Tentativa: É possível. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA QUALIFICADA (ARTIGO 317, PARÁGRAFO 
1º DO CÓDIGO PENAL) 
 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em “conseqüência da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”. 
 
Trata-se de uma causa especial de aumento de pena. 
A pena será aumentada de 1/3 se, em conseqüência da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de 
ofício ou o pratica, infringindo dever funcional. 
 
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Aqui, o funcionário atua ou se omite cedendo a 
pedido ou influência de terceiro, mas sem a intenção de obter vantagem 
indevida. Ao contrário da figura do caput, a corrupção privilegiada, que 
se consuma com a prática, a omissão ou o retardamento do ato de 
ofício. 
 
A corrupção privilegiada não se confunde com a 
prevaricação, apesar de ser semelhante. Na primeira, o agente atua 
para satisfazer interesse de terceiro, enquanto que na prevaricação, 
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA (ARTIGO 317, PARÁGRAFO 
2º DO CÓDIGO PENAL)§ 2º - “Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, 
com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de 
outrem”. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda 
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem, a pena será menor, assim, a forma privilegiada 
contempla uma corrupção sem vantagem, onde o agente trai o seu 
dever funcional para ser agradável. 
 
 
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (ARTIGO 318 
DO CÓDIGO PENAL) 
 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de 
contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 
(oito) anos, e multa. 
 
O funcionário público que colabora para a prática do crime, 
infringindo seu dever funcional, responderá pelo delito autônomo de 
facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318, CP). Tal crime, 
porém, só pode ser praticado pelo funcionário que tenha por atribuição 
específica a repressão ao contrabando ou descaminho. 
 
 
 
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PREVARICAÇÃO (ARTIGO 319 DO CÓDIGO PENAL) 
 
Art. 319 – “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, 
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse 
ou sentimento pessoal”. Pena - detenção, de três meses a um ano, e 
multa. 
 
Bem Jurídico: É a regularidade ou probidade das funções 
administrativas, em especial os princípios constitucionais da moralidade 
e da impessoalidade administrativas. 
 
Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do Código 
Penal. 
 
Sujeito Passivo: É o Estado. 
 
Tipo Objetivo: O crime pode ser definido como a infidelidade ao dever 
de ofício. Para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, o agente 
viola os deveres do seu cargo. 
 
São três as condutas incriminadas: retardar, que 
significa atrasar; deixar de praticar, que diz respeito à omissão funcional 
e praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal. 
 
Nas condutas de retardar ou deixar de praticar, exige-
se o elemento “indevidamente”, isto é, contrariamente ao direito, 
infringindo dever funcional. 
 
Na conduta de praticar, exige-se o elemento “contra 
disposição expressa em lei”. 
 
Elemento Subjetivo: É o dolo, pois o agente atua para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal. Por interesse pessoal entenda-se 
qualquer vantagem para o sujeito, independentemente de sua natureza. 
Por sentimento pessoal entenda-se toda manifestação de afeto por parte 
do agente. Ex. Amor, amizade, inveja, ciúme. 
 
Consumação: Ocorre com o retardamento, a omissão ou a prática do 
ato de ofício contra disposição expressa de lei. Se deixar de praticar ou 
retardar, não será possível a tentativa. 
 
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Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público: 
 
- “Cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, 
de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou 
com o ambiente externo”. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano. 
 
Estabelece para este crime a mesma pena do delito 
de prevaricação, houve a criação desse artigo em face da constatação 
de que presos têm tido fácil acesso a telefones celulares ou aparelhos 
similares, e que os agentes penitenciários não vêm dando o combate 
adequado a esse tipo de comportamento. 
 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – ARTIGO 320, CP3 
 
Pune a omissão por parte do superior hierárquico que 
por tolerância, deixa de tomar as providências a fim de responsabilizar 
outro funcionário público que praticou infração administrativa. Não é 
possível a tentativa. 
 
Sujeito ativo: é o superior hierárquico do funcionário infrator. Ausente 
tal relação de hierarquia, não haverá crime. Só se aplica o dispositivo 
quando o funcionário tinha o dever de apurar as infrações praticadas ou 
de relatar o fato a quem de direito. 
 
Sujeito passivo: é o Estado. 
 
Tipo objetivo: São duas as condutas típicas: 
 
1. Deixar o funcionário de responsabilizar subordinado que 
cometeu infração no exercício do cargo; 
 
2. Não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, 
quando lhe faltar competência para punir o infrator. 
 
A infração mencionada no dispositivo pode ser de natureza 
penal ou administrativa. 
 
 
3 Condescendência criminosa 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo 
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
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Não há crime de condescendência criminosa, se a omissão do 
superior diz respeito à falta disciplinar ou infração penal que não guarde 
relação com o exercício do cargo, ainda que estas possam ser 
sancionadas administrativamente. Exemplo: embriaguez habitual, 
agressão contra familiares. 
 
Tipo subjetivo: Exige-se, que a omissão ocorra por indulgência, isto é, 
por tolerância, por benevolência. 
 
Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a omissão do 
funcionário. É inadmissível a tentativa. 
 
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – ARTIGO 321, CP4 
 
Sujeito ativo: é o funcionário público. Nada impede a participação de 
terceiro, pois a lei fala expressamente em patrocínio direto ou indireto. 
 
Sujeito passivo: é o Estado. 
 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste em patrocinar interesse privado 
perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário. O patrocínio pode ocorrer perante o próprio órgão em que o 
sujeito exerce suas funções ou perante outras esferas da Administração. 
 
Interesse privado é qualquer vantagem a ser obtida pelo 
particular, legítima ou ilegítima. Se a vantagem for ilegítima, o crime será 
qualificado. 
 
Configura o crime quando o sujeito patrocina interesse privado 
alheio perante a Administração. Não há crime quando patrocina 
interesse próprio. 
 
O tipo prevê três condutas típicas: solicitar, receber e aceitar 
promessa de vantagem indevida. 
 
 
4 Advocacia administrativa 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
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O funcionário público valendo-se de sua condição, ou seja, 
prestígio junto a outros funcionários defende interesse alheio, legítimo 
ou ilegítimo perante a Administração Pública. 
 
É desnecessário que o fato ocorra na própria repartição em que 
trabalha o agente, podendo ele valer-se de sua qualidade de funcionário 
para pleitear favores em qualquer esfera da administração. 
 
Tipo subjetivo: é a vontade de patrocinar interesse privado perante a 
Administração Pública. 
 
Consumação e tentativa: O crime se consuma com a prática de algum 
ato indicativo ao patrocínio do interesse alheio, cuja consumação 
independe da obtenção do interesse visado. A tentativa é admissível. 
Advocacia administrativa qualificada: Se o interesse privado for ilegal 
ou indevido, a pena será maior, já que sofre maior danoa administração 
pública. 
 
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA 
 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de 
exercê-la. Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena 
correspondente à violência. 
 
Sujeito ativo: é o funcionário público. Porém, o guarda-noturno, ainda 
que remunerado por particulares, exerce função evidentemente pública, 
ligado que está, de perto à segurança da coletividade. 
 
Sujeito passivo: é o Estado, como também a pessoa física contra 
quem é praticada a violência. 
 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste apenas na violência física, não 
configurando o crime a prática de violência moral (ameaça). 
 
Deve a violência ser arbitrária, sem motivo legítimo. Ex. se 
preso ao reagir á sua atuação em flagrante, dá lugar a uma necessária 
ação da Polícia, logo não restará caracterizado o delito em questão. 
 
É indispensável que a violência ocorra no exercício da função 
ou que o agente pretende exercê-la 
 
 
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Tipo subjetivo: é a vontade de praticar a violência no exercício da 
função ou a pretexto de exercê-la. 
 
Consumação e tentativa: O crime se consuma com a violência. 
 
ATENÇÃO: Ocorrendo lesões corporais ou homicídio, haverá aplicação 
da pena correspondente ao crime. 
 
ABANDONO DE FUNÇÃO 
 
Art. 323 – “Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena – detenção: de quinze dias a um mês, ou multa” 
 
Sujeito ativo: é o funcionário público. Porém, o guarda-noturno, ainda 
que remunerado por particulares, exerce função evidentemente pública, 
ligado que está, de perto à segurança da coletividade. 
 
Sujeito passivo: é o Estado, como também a pessoa física contra 
quem é praticada a violência. 
 
Tipo objetivo: A conduta é abandonar o cargo e para que esteja 
configurado o abandono é necessário que o agente se afaste do seu 
cargo por tempo relevante, de forma a colocar em risco a regularidade 
dos serviços prestados. É necessário que o fato acarrete perigo à 
Administração Pública. Não ocorrendo essa situação de perigo o fato 
constituirá mera falta disciplinar 
 
Logo, não há crime na falta eventual, bem como no 
desleixo na realização de parte do serviço, que caracterizam apenas 
falta funcional, sendo punido na esfera administrativa. 
 
Tipo subjetivo: é a vontade de abandonar o cargo. 
 
Consumação e tentativa: O crime se consuma com o abandono, ou 
seja, com o afastamento do cargo por tempo que resulte dano para a 
Administração Pública. 
 
Crimes qualificados: 
 
- Dispõe o parágrafo 1°, pena de detenção de três meses a um ano, e 
multa “se o fato resultar prejuízo público”. 
 
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Assim, havendo prejuízo efetivo para a Administração há fato mais 
grave, assim merece pena maior. 
 
- Dispõe o parágrafo 2°, pena de detenção de um a três anos, e multa 
“se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira”. 
 
Considera-se por lei faixa de fronteira a situada dentro de 150 
quilômetros ao longo das fronteiras nacionais. 
 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU 
PROLONGADO 
 
Art. 324 – “Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as 
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de 
saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou 
suspenso”. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
Este crime só pode ser praticado por funcionário 
público que se antecipa ou prolonga nas funções, caso o particular 
venha praticar ato de ofício de funcionário público comete outro crime 
chamado usurpação de função pública. 
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – ART. 325, CP5 
 
Sujeito ativo: é o funcionário público. Não responde pelo crime o 
particular a quem é feita a divulgação do segredo, salvo se tiver atuado 
como partícipe, induzindo ou instigando o funcionário. 
 
Como o dever de sigilo subsiste mesmo após o encerramento 
da função, pode figurar como sujeito ativo o funcionário aposentado ou 
posto em disponibilidade, já que não desvinculado totalmente de seus 
deveres para com a Administração. Todavia, não responde pelo crime o 
funcionário demitido ou exonerado, por haver cessado o seu vínculo 
com o Estado. 
 
 
5 Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a 
revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de 
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
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Será punido o funcionário público que revelar ou facilitar a 
revelação desses segredos, desde que deles tenha tido conhecimento 
em razão de seu cargo. 
 
Sujeito passivo: é o Estado, e, subsidiariamente, a pessoa 
eventualmente prejudicada pela conduta. 
 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste em revelar ou facilitar a 
revelação do fato de que tem conhecimento em razão do cargo e que 
deva permanecer em segredo. 
 
O segredo pode derivar de uma imposição legal ou 
determinação de autoridade competente. 
 
É indispensável, para a caracterização do crime, a existência 
de um interesse público na preservação do segredo. Tratando-se de 
interesse exclusivamente particular, o crime será o do art. 154, CP. 
 
É necessário, ainda, que o sujeito tenha conhecimento do fato 
em razão do cargo por ele exercido. Se tomou conhecimento do fato por 
outros meios, não há crime. 
 
Tipo subjetivo: A lei não exige, o elemento “sem justa causa”. Mas, 
não haverá crime se houver justa causa para a divulgação do segredo. 
Ex.: defesa em processo judicial ou administrativo, comunicação de 
crime à autoridade policial, etc. 
 
Consumação e tentativa: O crime se consuma com a revelação ou 
com a facilitação da revelação, isto é, quando terceira pessoa toma 
conhecimento do fato que deveria permanecer em segredo. 
 
Basta a revelação a uma única pessoa, não se exigindo que o 
fato chegue ao conhecimento de um número indeterminado de pessoas. 
Não haverá crime, porém, se a pessoa a quem é feita a divulgação já 
tinha conhecimento do segredo. 
 
Crime qualificado: Se, a conduta gerar dano à Administração ou a 
terceiro, o crime será qualificado, na forma do § 2º. 
 
O crime é eminentemente subsidiário, só se aplica o dispositivo 
se o fato não configurar crime mais grave. Ex.: Lei de Interceptação 
Telefônica. 
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VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA 
 
Art. 326 – “Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou 
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo”. Pena - Detenção, de 
três meses a um ano, e multa. 
 
Tratando-se de delitos relacionados a procedimentos licitatórios são 
regulamentados pela lei n° 8.666/93. 
 
 
Testes 
 
 
1. “X”, funcionário público, recebe indevidamente dinheiro da vítima que 
o supunha encarregado do recebimento de impostos atrasados. “X”, em 
tese, 
 
(A) não praticou delito algum. 
(B) praticou o crime de peculato culposo. 
(C) praticou o crime de peculato mediante errode outrem. 
(D) praticou o crime de excesso de exação. 
(E) praticou o crime de inserção de dados falsos em sistema de 
informações. 
 
 
2. O advogado “X”, por mera negligência, esqueceu-se de restituir os 
autos de um processo que retirou junto ao Tribunal de Justiça de São 
Paulo. É correto dizer que “X” 
 
(A) cometeu o crime de desobediência à decisão judicial sobre perda ou 
suspensão de direito. 
(B) cometeu crime de sonegação de papel ou objeto de valor probatório. 
(C) cometeu crime de desobediência. 
(D) cometeu crime de resistência. 
(E) não cometeu crime algum. 
 
 
3. Tomando como base o crime de peculato, analise as afirmações: 
 
I. Estão previstas no crime de peculato as condutas de apropriar-se, 
desviar ou subtrair dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel. 
II. Especificamente quanto ao peculato culposo, é admissível a 
reparação do dano antes ou depois da sentença. 
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III. O dinheiro proveniente da prática do crime de peculato deve ser 
usado em proveito próprio. 
 
Está correto somente o contido em 
 
(A) I. 
(B) II. 
(C) I e II. 
(D) I e III. 
(E) II e III. 
 
4. Receber dinheiro, iludindo o interessado, a pretexto de influir na nota 
a ser atribuída, para certo candidato, por Desembargador membro da 
banca de concurso público, para ingresso na carreira da Magistratura no 
Estado de São Paulo, 
 
(A) tipifica o crime de corrupção ativa. 
(B) tipifica o crime de exploração de prestígio. 
(C) tipifica o crime de concussão. 
(D) tipifica o crime de corrupção passiva. 
(E) não é fato que recebe punição de acordo com o Código Penal 
Brasileiro. 
 
5. Determinado policial militar disse de forma impositiva ao assaltante 
que acabou de prender em flagrante, com o intuito de se locupletar 
indevidamente, que somente muito dinheiro o faria “aliviar sua barra”. 
Tal conduta: 
 
(A) não típica o crime. 
(B) somente tipificaria algum delito caso houvesse a efetiva entrega do 
dinheiro. 
(C) tipifica o crime de peculato. 
(D) tipifica o crime de concussão. 
(E) tipifica o crime de corrupção passiva. 
 
6. A conduta de opor-se mediante violência ou ameaça à execução de 
ordem legal advinda de funcionário competente tipifica o crime de 
 
(A) desobediência. 
(B) desacato. 
(C) fraude processual. 
(D) resistência. 
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7. A conduta do funcionário público que solicita para si, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, pratica, em tese, o crime de 
 
(A) extorsão. 
(B))corrupção passiva. 
(C) peculato. 
(D) prevaricação. 
(E) exercício arbitrário ou abuso do poder. 
 
 
 
Gabarito: 
 
1 – C 
2 – E 
3 – C 
4 – B 
5 – D 
6 – D 
7 – B

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