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Fisiopatologia das series brancas e vermelhas

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Gildenor Silva Fonseca
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Tatiane Rodrigues de Oliveira
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade analisará a fisiopatologia das doenças que afetam 
as células do sistema hematopoiético. O conteúdo foi dividido em três 
capítulos que abordam sucessivamente: o desenvolvimento normal das 
células sanguíneas, a fisiopatologia das alterações qualitativas, quan-
titativas e neoplásicas dos leucócitos, eritrócitos e plaquetas, além das 
alterações mais comuns do sistema hemostásico. Trata-se de uma obra 
desenvolvida com base em estudos clássicos e atualizados que permi-
te ao estudante reconhecer a morfologia das células sanguíneas em 
condições normais para, desta forma, poder compará-las com células 
alteradas, aprofundando, assim, a sua compreensão sobre os proces-
sos fisiológicos e bioquímicos envolvidos na formação e na função das 
células sanguíneas normais e a origem das doenças hematológicas.
Leucócitos. Eritrócitos. Fisiopatologias. Hemostasia.
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 CAPÍTULO 01
ORIGEM, MATURAÇÃO, COMPONENTES E FUNÇÕES DO SANGUE: 
ERITRÓCITOS, LEUCÓCITOS E HEMOGLOBINA
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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25
Introdução ao Sistema Hematopoiético ________________________
Série Linfocitária _______________________________________________
 CAPÍTULO 02
FISIOPATOLOGIA, ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS 
DOENÇAS DOS LEUCÓCITOS
Distúrbios não Malignos de Monócitos e Granulócitos ___________
Distúrbios não Malignos de Células Linfocíticas _________________
Neoplasias, Doenças Mieloproliferativas e Linfoproliferativas _____
Recapitulando _________________________________________________
Série Monocítica _______________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
Série Granulocítica _____________________________________________
Série Eritropoiética _____________________________________________
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29
 CAPÍTULO 03
FISIOPATOLOGIA, ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS 
DOENÇAS ERITROCITÁRIAS E DO SISTEMA HEMOSTÁSICO
Anemia: Definição, Morfologia dos Eritrócitos e Diagnóstico La-
boratorial ______________________________________________________ 80
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Classificação das Anemias _____________________________________
Plaquetas e Coagulação ________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
Fechando a Unidade ___________________________________________
Referências ____________________________________________________
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O sistema hematopoiético é composto por uma ampla varieda-
de de células, com funções efetoras e de suporte, que inclui todos os 
componentes celulares do sangue e suas células precursoras, as quais 
estão presentes na medula óssea e órgãos linfoides. São funções exer-
cidas por estas células: (i) o transporte de gases entre o meio externo e 
as células do organismo, assim como, (ii) as funções de defesa frente a 
agressões externas ou internas e (iii) os mecanismos para a manuten-
ção da hemostasia. 
Esse sistema se desenvolve no período embrionário e exerce 
sua função em diferentes órgãos hematopoiéticos. Antes do nascimen-
to, estabelece-se na medula óssea das metáfises dos ossos longos, 
ossos planos da pelve, costelas e vértebras. Neste momento, o siste-
ma hematopoiético pode se estender para outros órgãos, como fígado, 
baço e linfonodos, para exercer a função proliferativa, dependendodas 
demandas do organismo. 
O pilar primordial do sistema hematopoiético são as células-
-tronco hematopoiéticas, que têm a capacidade de auto-renovação e 
de diferenciação nas linhagens celulares que darão origem aos com-
ponentes funcionais do sangue. Esta diferenciação hierárquica permite 
às células em formação o ganho da especificidade funcional, em de-
trimento da sua capacidade de diferenciação e, em alguns casos, de 
multiplicação. 
Como será visto nos próximos capítulos, o controle da diferen-
ciação celular depende de uma série de sinais químicos (hormônios e 
citocinas) que ganha complexidade à medida que as células são forma-
das. Modificações no equilíbrio entre auto-renovação e diferenciação 
podem levar ao surgimento de células alteradas que, consequentemen-
te, podem se transformar em células neoplásicas.
Em termos gerais, as células do sistema hematopoiético po-
dem ser divididas em linfoides (linfócitos T, B e NK) e mieloides (granu-
lócitos, macrófagos, eritrócitos e megacariócitos). Sendo assim, a pri-
meira parte desta unidade aborda, de forma detalhada: (i) os principais 
componentes hematopoiéticos, (ii) os mecanismos de diferenciação das 
células sanguíneas, (iii) as funções individuais dos leucócitos e (iv) a 
formação e função da hemoglobina nos eritrócitos. 
O segundo capítulo descreve as principais patologias associa-
das a alterações neoplásicas da série branca, tais como: células precur-
soras (leucemias), células linfoides (neoplasias linfoproliferativas) ou da 
linhagem mieloide (neoplasias linfoproliferativas), assim como as doen-
ças proliferativas de células diferenciadas (linfomas e mielomas) e alte-
rações não neoplásicas dos leucócitos qualitativas e quantitativas (leu-
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copenias e leucocitoses), que não estão relacionadas com problemas 
proliferativos. Em cada tema específico serão demonstradas as mani-
festações clínicas, os principais achados laboratoriais e o diagnóstico 
de cada doença. 
O último capítulo apresenta as doenças de caráter qualitativo e 
quantitativo relacionadas aos eritrócitos e plaquetas, com ênfase nas di-
ferentes alterações celulares e moleculares que levam ao aparecimento 
de anemias e policitemia e as principais doenças do sistema hemos-
tásico, relacionados ao funcionamento plaquetário e das proteínas da 
coagulação. 
Em conjunto, este material demonstra, de forma resumida, a 
junção do conhecimento clássico do sistema hematopoiético e as infor-
mações atualizadas sobre seu funcionamento, controle e as principais 
patologias associadas. 
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INTRODUÇÃO AO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
O desenvolvimento das diferentes linhagens celulares do san-
gue representa um processo de alta complexidade, no qual as células 
precursoras se multiplicam e diferenciam-se de forma constante duran-
te toda a vida de um ser humano, produzindo todos os elementos fi-
gurados do sangue, incluindo vários tipos celulares, com morfologia e 
funções diferentes.
Esses elementos são produzidos por meio de um processo co-
nhecido como hematopoese, durante o qual as células-tronco hema-
topoiéticas (HSCs=hematopoietic stem cells) podem seguir dois cami-
nhos: (i) proliferar: promovendo sua auto-renovação, ou (ii) diferenciar 
em progenitores específicos: responsáveis pela produção de todas as 
ORIGEM, MATURAÇÃO, COMPONENTES & 
FUNÇÕES DO SANGUE:
ERITRÓCITOS, LEUCÓCITOS E HEMOGLOBINA
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linhagens celulares sanguíneas. Ambos os processos são fundamentais 
para a função das HSCs, sendo necessários para o desenvolvimento 
normal da hematopoese.
A auto-renovação é o processo pelo qual as células-tronco en-
tram no ciclo celular para se dividir e gerar novas células-tronco idênti-
cas à célula progenitora, preservando assim o “pool” de células-tronco. 
Por outro lado, a diferenciação permite que HSCs se desenvolvam em 
células mais específicas, envolvidas na formação das diferentes linha-
gens celulares sanguíneas. 
O modelo mais aceito que descreve a produção de todos com-
ponentes celulares do sangue é baseado numa progressão hierárquica 
contínua iniciada a partir das HSCs, que recebem os estímulos especí-
ficos necessários para formar cada um dos tipos celulares específicos. 
Esta diferenciação progressiva implica a perda da capacidade de formar 
outro tipo celular.
No entanto, estudos recentes sugerem que a progressão das 
células no seu caminho de especialização pode ser modificada, tornan-
do uma célula em etapa de diferenciação capaz de gerar outros tipos 
celulares, dependendo da etapa do ciclo celular em que essa célula 
se encontra (KONDO et al., 2003). Estes novos achados abrem novas 
perspectivas para a geração de estratégias terapêuticas utilizando célu-
las em diferentes estágios de maturação. 
Como demonstrado na Figura 1, esta hierarquia hematopoié-
tica é um processo bem orquestrado que começa com as HSCs se de-
senvolvendo em células progenitoras mieloides e linfoides. As células 
progenitoras mieloides se desenvolvem em eritrócitos, plaquetas (por 
meio da fragmentação de megacariócitos), neutrófilos, monócitos, ba-
sófilos e eosinófilos. Em contraste, as células progenitoras linfoides dão 
origem a linfócitos B, linfócitos T, células natural killer (NK) e uma popu-
lação de células dendríticas. 
Assim, um processo muito complexo na medula óssea dá ori-
gem a, pelo menos, 10 elementos celulares diariamente. Os componen-
tes celulares que circulam no sangue são constantemente renovados, 
significando que um indivíduo adulto produz diariamente 2x1011 hemá-
cias, 1011 leucócitos e 1011 plaquetas. Este número é mantido constan-
te em períodos de não doença, podendo aumentar até 10 vezes em 
processos em que seja demandado um maior número de certos tipos 
celulares. 
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Figura 1 – Diagrama de desenvolvimento das diferentes células sanguíneas a 
partir da célula-tronco hematopoiética
Fonte: Rad; Häggström, 2020. 
Dinâmica do Processo Hematopoiético
Em vertebrados, os componentes celulares do sangue são for-
mados em uma variedade de locais que se alteram conforme o desen-
volvimento. Nos mamíferos, os locais da hematopoese são sequenciais: 
(i) o saco vitelino extra embrionário, (ii) a área que circunda a aorta 
dorsal denominada região aorta-gônada mesonefros (AGM), (iii) o fí-
gado fetal e, (iii) finalmente, a medula. Recentemente, a placenta foi 
reconhecida como um sítio adicional de hematopoese durante o período 
da AGM e o fígado. A cada mudança anatômica, o processo hemato-
poiético se torna progressivamente mais complexo. 
As primeiras células hematopoiéticas são identificadas no saco 
vitelino humano entre os dias 18 a 20 do embrião, sendo compostas 
principalmente por células eritroides primitivas que expressam princi-
palmente as cadeias de globina α e γ (hemoglobina F), justamente para 
a oxigenação dos tecidos à medida que o embrião cresce e, em menor 
número, monócitos e macrófagos. Células progenitoras do tipo linfoides 
não são encontradas neste estágio extraembrionário. 
A hematopoese embrionária ou definitiva começa a ser de-
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senvolvida, primeiro, na região AGM, onde já podem ser encontradas 
HSCs/CD34+, que possuem a capacidade de diferenciação nas linha-
gens, eritroide, mieloide e linfoide, a partir do dia 27 de gestação. Nesse 
momento, as HSCs formamaglomerados de duas ou três células com 
capacidade proliferativa, aumentando rapidamente seu número até se 
espalhar ao longo da aorta embrionária. A hematopoiese na região AGM 
é transitória, desaparecendo totalmente no dia 40 de gestação.
As HSCs migram para o fígado fetal, sendo encontradas a par-
tir do dia 30, começando, nesse momento, um novo processo hemato-
poiético. No desenvolvimento embrionário normal, assim como aconte-
ce no saco vitelino e na região AGM, a hematopoese no fígado fetal é 
transitória, desaparecendo por volta da 20ª semana de gestação.
A medula óssea é o último tecido que se desenvolve na on-
togênese da hematopoese e o principal na formação das células san-
guíneas de um indivíduo adulto. Por volta da 11ª semana de gestação, 
começa o desenvolvimento da hematopoese definitiva na medula fetal, 
com o surgimento das primeiras células da linhagem mieloide CD15+ e 
células eritroides glicoforina A+. 
Neste estágio inicial, a hematopoese ocorre nos sinusóides me-
dulares, antes da formação dos osteoblastos. Quando as células CD34+ 
são encontradas na medula, estas se comportam como HSC funcionais, 
gerando todas as linhagens celulares encontradas no sangue e come-
çando sua atividade auto-renovadora vitalícia no tecido medular.
SÉRIE GRANULOCÍTICA
Em um indivíduo adulto, os granulócitos e seus precursores 
são encontrados em três distintos compartimentos: medula, sangue e 
tecidos. A medula é o local de diferenciação das células-tronco hemato-
poiéticas nos precursores dos granulócitos, além de ser o local da sua 
proliferação e maturação. 
A proliferação das células precursoras ocorre apenas nos três 
primeiros estágios de maturação (blastos, promielócitos e mielócitos). 
Nesse processo, o amadurecimento das células precursoras que da-
rão origem aos leucócitos da série granulocítica (neutrófilos, eosinófilos 
e basófilos) começa com a síntese de diversas proteínas que serão 
armazenadas em grânulos primários no citoplasma destas células. A 
formação destes grânulos primários (azurófilos) marca a conversão do 
mieloblasto, célula precursora virtualmente agranular e iniciadora de to-
dos os granulócitos, no promielócito, célula rica em grânulos primários. 
Posteriormente, inicia-se a produção de grânulos secundários 
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ou específicos, marcando a progressão do promielócito em mielócitos 
neutrofílicos, eosinofílicos e basofílicos. Após o estágio de mielócitos, 
as células não são mais capazes de realizar mitose e migram para um 
grande reservatório de armazenamento na medula óssea de onde, pos-
teriormente, serão liberadas na circulação sanguínea. 
Como resultado, são formadas células de núcleo segmentado, 
capazes de atuar por meio de quimiotaxia, realizar fagocitose e promo-
ver a morte microbiana. Os granulócitos maduros apresentam, também, 
estruturas funcionais no citoplasma e na membrana celular (glicoproteí-
nas) que permitem que estas células tenham a capacidade de fixação e 
penetração no endotélio capilar. Uma vez maduros, os granulócitos são 
liberados na circulação sanguínea, onde transitam brevemente, alcan-
çando os diversos tecidos do organismo para defendê-lo. 
Células Precursoras dos Granulócitos
A) Mieloblasto:
O mieloblasto é uma célula imatura que apresenta um grande 
núcleo oval, citoplasma escasso e grânulos ausentes ou em número 
reduzido (Figura 2a). Nos estágios iniciais de maturação, o núcleo pode 
ser observado com vários nucléolos. Nestes estágios, ainda sem grânu-
los primários, pode ser encontrada atividade de peroxidases dentro do 
retículo endoplasmático rugoso e nas cisternas do aparelho de Golgi.
B) Promielócito:
Neste estágio, a célula começa a produzir e acumular muitos 
grânulos positivos para peroxidase, denominados grânulos azurófilos 
ou primários, sendo observados, por microscopia de luz, como estrutu-
ras granulares de cor púrpura-avermelhada com uma mancha policro-
mática no seu interior, como demonstrado na Figura 2b. 
A maioria dos grânulos é esférico com diâmetro de 500 nm, 
sendo observados também em formatos elipsóides, cristalinos e como 
pequenos grânulos conectados por filamentos. Da mesma forma, que 
outras células secretoras, a peroxidase no promielócito pode ser encon-
trada em todas as organelas envolvidas no aparelho secretor, incluindo 
o retículo endoplasmático rugoso, as cisternas do aparelho de Golgi e 
vesículas em desenvolvimento.
Neutrófilos
Quando os mielócitos neutrofílicos começam sua formação, é 
iniciada a produção de grânulos específicos ou secundários, os quais 
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não contêm peroxidase. No final do estágio de promielócito, a produção 
de grânulos azurófilos cessa e a peroxidase desaparece abruptamente 
do retículo endoplasmático rugoso e das cisternas do aparelho de Golgi 
(BAINTON et al., 1971). 
Os únicos elementos que contêm peroxidase neste estágio são 
os grânulos azurófilos que foram produzidos no estágio anterior (pro-
mielócito). Assim como observado nos grânulos primários, os grânulos 
específicos são formados pelo complexo de Golgi, variando em tama-
nho e forma, sendo normalmente esféricos (aproximadamente 200 nm) 
ou em forma de bastonete (130 × 1.000 nm). 
Após a formação do mielócito neutrofílico surgem, sequencial-
mente, os estágios de metamielócito e os neutrófilos em banda, ambos 
os tipos celulares sem capacidade proliferativas, que precedem à for-
mação do neutrófilo maduro. Estes dois estágios possuem cerca de 200 
a 300 grânulos, dos quais um terço corresponde a grânulos primários 
(peroxidase positivos) e dois terços a grânulos secundários específi-
cos (peroxidase negativos). Como observado na Figura 2d, o núcleo do 
neutrófilo maduro circulante é segmentado, geralmente apresentando 
entre dois a quatro lobos interconectados. 
A função dos segmentos no núcleo dos neutrófilos maduros 
ainda é desconhecida. A utilização de técnicas de hibridização in situ 
com sondas fluorescentes específicas mostraram que os cromosso-
mos são distribuídos aleatoriamente entre os lobos nucleares. Por outro 
lado, foi observado que alguns dos neutrófilos maduros circulantes no 
sangue de mulheres apresentam, nos lobos nucleares, apêndices es-
truturais em formato de bastão, que contém o cromossomo X inativado.
O controle da produção dos diferentes componentes proteicos 
dos grânulos é exercido por uma série de fatores de transcrição que 
são ativados em diferentes momentos, no processo de maturação dos 
neutrófilos. Entre os mais importantes se encontram os fatores de trans-
crição específicos de linhagem GATA-1 e PU.1, fatores de transcrição 
de várias linhagens hematológicas AML-1, AML-2 e AML3, além do fator 
regulador da expressão gênica C/EBPε.
A importância deste último foi demonstrada em estudos com 
pacientes que apresentavam uma mutação na proteína C/EBPε, que 
padeciam de uma síndrome rara denominada “síndrome da deficiên-
cia de grânulos específicos” que leva estes pacientes a um aumento 
da susceptibilidade a infecções bacterianas (SHIOHARA et al., 2004). 
Nos neutrófilos desses pacientes o conteúdo dos grânulos secundários 
e terciários se encontra diminuído (lisozima, lactoferrina e proteína de 
ligação à vitamina B12), embora o conteúdo dos grânulos primários es-
tejam em níveis normais. 
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A ativação dos neutrófilos ocorre após a estimulação de re-
ceptores específicos na membrana celular, que resulta no aumento da 
concentração de Ca2+ intracelular, remodelamento de lipídeos e a ativa-
ção de proteínas quinases, culminando na fusão dos grânulos com o 
fagossomo em formação ou com a membrana plasmática (exocitose).
O processo de exocitose dos grânulos nos neutrófilos ativadosparece acontecer de forma diferencial, mostrando os grânulos primários 
mais resistentes a serem transportados para a membrana plasmática 
quando comparados aos grânulos secundários ou terciários. Esta fun-
cionalidade diferencial poderia estar relacionada com os constituintes 
encontrados em cada tipo de grânulo. Nesse sentido, vesículas secre-
toras e grânulos terciários contêm receptores, como CD11b/CD18, re-
ceptores quimiotácticos, receptores da porção Fb de anticorpos, que 
correspondem a moléculas que potencialmente aumentam as intera-
ções dos neutrófilos com o ambiente extracelular. Por outro lado, os 
grânulos primários contêm proteínas microbicidas e hidrolases ácidas, 
que atuam no ambiente ácido criado no fagolisossomo já formado no 
citoplasma do eosinófilo. 
 
Os neutrófilos, também denominados leucócitos polimorfonu-
cleares, são a população de células brancas mais abundantes circulan-
tes e responsáveis pela fase inicial das respostas inflamatórias.
Eosinófilos
Na medula, a célula primordial que pode ser identificada como 
precursora de eosinófilos corresponde a um mieloblasto tardio ou pro-
mielócito inicial. Esta célula tem aproximadamente 15 µm de diâmetro e 
um grande núcleo contendo nucléolos, sendo observados alguns grânu-
los primários (azurófilos) num citoplasma intensamente basofílico. 
Nos estágios mais tardios dos promielócitos eosinofílicos e 
mielócitos iniciais são observados, principalmente, grânulos acidófilos. 
Recentemente, foi identificado que estas células promotoras de eosinó-
filos expressam altos níveis do receptor α da IL-5, sendo negativos para 
atividade mieloperoxidase (MORI et al., 2009). Na microscopia de luz, 
os eosinófilos maduros mostram um núcleo bilobulado, além de um 
citoplasma preenchido com grandes grânulos eosinofílicos, como de-
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monstrado na Figura 2e. Os núcleos multilobados, comparáveis aos dos 
neutrófilos, são raros. 
Da mesma forma que observado nos neutrófilos, os eosinófilos 
apresentam vários tipos de grânulos: os primários, produzidos nos está-
gios precursores, grânulos cristaloides, grânulos pequenos e vesículas 
secretoras. No citoplasma dos eosinófilos, os grânulos cristaloides são 
os que apresentam um diâmetro maior (0.5-0.8μm), sendo preenchidos 
por proteínas altamente básicas, mostrando uma região central cristali-
zada composta, principalmente, por proteína básica maior (MBP), uma 
das proteínas mais abundantes nos grânulos destas células (5-10 pg/
célula). 
Eosinófilos maduros não sintetizam a MBP, o que significa que 
seu acúmulo nos grânulos foi realizado nos estágios precursores. Os 
grânulos cristaloides são ricos, também, em outras moléculas proteicas: 
i) peroxidase eosinofílica (EPO): enzima abundante que apresenta um 
grupo heme na sua estrutura, são encontrados aproximadamente 15 pg 
desta proteína por célula, a qual catalisa haletos e peróxido de hidrogê-
nio formando ácidos hipoálicos com atividade bactericida ; ii) proteína 
catiônica eosinofílica (ECP): proteína bactericida que pode ser encon-
trada em duas isoformas (ECP-1 e ECP-2) atuando, principalmente, em 
infecções por helminto; e iii) neurotoxina derivada de eosinófilos (EDN): 
molécula que apresenta uma alta homologia com a sequência proteica 
da ECP, sendo encontrados 10 pg desta proteína/célula. 
Por outro lado, o conteúdo principal dos grânulos primários 
contém cristais de Charcot-Leyden, que apresentam um formato bipi-
ramidal que pode ser observado em fluidos de pacientes com algum 
processo inflamatório eosinofílico. Estes cristais têm atividade lisofos-
folipase e correspondem a 7-10% das proteínas totais dos eosinófilos. 
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Figura 2 – Estágios de maturação das células granulocíticas. (a) Mieloblasto, 
(b) Promielócito, (c) Mielócito, (d) Neutrófilo, (e) Eosinófilo, (f) Basófilo.
Fonte: Gomez-Gil et al, 2008; Acevedo et al, 2019. 
Basófilos e Mastócitos
Por muito tempo, basófilos e mastócitos foram considerados 
derivados de linhagens celulares distintas, porém, dados recentes in-
dicam que existe um precursor comum para estas células basófilas 
(precursor granulócito-monócito). Quando diferenciados, os mastócitos 
saem da medula para a circulação sanguínea ainda num estágio imatu-
ro, diferenciando-se, finalmente, quando alcançam os tecidos. Por outro 
lado, os basófilos amadurecem na medula antes de entrar na circulação 
(SULLIVAN; LOCKSLEY, 2009).
Na microscopia de luz, os grânulos destes dois tipos celulares 
coram-se metacromaticamente (Figura 2f), mas são distintos quando 
examinados por microscopia eletrônica. Basófilos e mastócitos expres-
sam o receptor FcεR1, o que lhes permite fagocitar células sensibiliza-
das, porém, de forma muito menos eficiente quando comparados aos 
outros granulócitos, carecendo de quantidades significativas de enzi-
mas antibacterianas ou lisossomais. 
Os basófilos são encontrados em pequenos números no san-
gue (0,5%) e podem ser vistos em tecidos onde existe inflamação re-
sultante de um processo de hipersensibilidade a antígenos proteicos, 
alergia de contato ou rejeição de enxerto de pele, sendo fontes ricas 
em IL-4 e IL-13. Já os mastócitos são encontrados normalmente em 
todo o tecido conjuntivo, possuem grânulos que contém várias substân-
cias biologicamente ativas, entre elas, a histamina, molécula que causa 
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aumento da permeabilidade vascular, além do fator de quimiotaxia de 
eosinófilos em anafilaxia (ECF-A) e heparina, que tem atividade anti-
trombina.
A produção de anafilatoxina, fragmentos C3a, C4a e C5a ge-
rados na ativação do complemento ou a interação de um alérgeno com 
os receptores para IgE na membrana plasmática, podem estimular a 
liberação do conteúdo desses grânulos para o ambiente extracelular, 
assim como outras substâncias recém-formadas, como, por exemplo: i) 
substância de reação lenta de anafilaxia (SRS-A), leucotrieno que cau-
sa contração dos bronquíolos humanos e aumento da permeabilidade 
vascular; ii) fator de ativação plaquetária (PAF), que causa agregação 
plaquetária e subsequente liberação de serotonina. Esse fenômeno é 
denominado degranulação de mastócitos mediada por IgE. 
O tratamento para asma visa reduzir a ativação dos mastócitos 
e bloquear a atuação dos mediadores liberados sobre a musculatura 
lisa nas vias aéreas.
SÉRIE MONOCÍTICA
Estudos cinéticos indicam que monoblastos e monócitos de 
medula se desenvolvem a partir de um progenitor mieloide comum de-
rivado da célula-tronco hematopoiética, e que os macrófagos, encon-
trados nos tecidos, são formados a partir de monócitos que migraram 
desde a circulação sanguínea em resposta a estímulos quimiotáticos. 
Em conjunto, estas células formam o denominado sistema fagocítico 
mononuclear (SFM). O endotélio vascular, as células reticulares e as 
células dendríticas dos centros germinativos linfoides, geralmente não 
são incluídos no SFM, embora o termo “sistema reticuloendotelial”, ago-
ra obsoleto, inclua essas células em um papel complementar aos dos 
fagócitos mononucleares. 
O monócito sanguíneo é uma célula móvel de grande porte 
que apresenta a capacidade de aderência às superfícies, podendo ser 
encontrado na parede dos vasos sanguíneos. Estas células podem res-
ponder a um processo inflamatório ou estímulos quimiotácticos realizan-
do diapedese (passagem de células do sistema imunitário da circulação 
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sanguínea para o foco da inflamação nos tecidos) através do endotélio 
vascular intacto, onde se transforma em macrófago, estágio com maior 
capacidade fagocíticae maior conteúdo de enzimas hidrolíticas. Da 
mesma forma, podem ser encontrados macrófagos livres nas glândulas 
mamárias, peritônio, pleura, espaços alveolar e líquido sinovial. 
As funções das células do SFM incluem a fagocitose, elimina-
ção de patógenos, retirada de material particulado ou fragmentos celu-
lares de tecido (células apoptóticas), secreção de mediadores químicos 
e reguladores da resposta inflamatória, apresentação de antígenos para 
células da resposta imunológica (principalmente células dendríticas), ci-
totoxicidade (atividade contra células tumorais) e funções específicas 
de macrófagos teciduais. 
Os monócitos liberados pela medula rapidamente migram para 
os tecidos, mantendo-se em circulação por um período máximo de 24 
horas. Estes monócitos circulantes podem ser purificados e experimen-
talmente transformados em células dendríticas quando incubados com 
citocinas exógenas como a IL-4 e o fator estimulador de colônia de gra-
nulócitos-monócitos (GM-CSF) (SALLUSTO; LANZAVECCHIA, 1994). 
Por outro lado, na medula, o mecanismo regulador dos precursores da 
linhagem SFM corresponde à interação entre o estimulador de colônias 
de macrófagos/monócitos (M-CSF, também denominado CSF-1) e seu 
receptor (M-CSF-R). Este último é um receptor tirosina quinase trans-
membranar da classe III, expresso na maioria das células do SFM. 
Células Precursoras de Monócitos/Macrófagos
Monoblastos e promonócitos correspondem aos precursores 
dos monócitos que, quando observados em esfregaços de aspirado 
medular (mielograma), mostram sua cromatina nuclear finamente dis-
persa e nucléolos em número variável (Figura 3a e 3b). O monoblasto 
é uma célula da medula com prevalência muito baixa, indistinguível do 
mieloblasto, por microscopia de luz. Experimentalmente, foi comprova-
do que em animais, uma pequena porcentagem de células da medula 
tem capacidade fagocítica e de aderência em superfícies de vidro, além 
de sintetizar esterases inespecíficas. Essas células foram denominadas 
promonócitos e correspondem às células intermediárias entre os mono-
blastos e os monócitos maduros. 
Como visto na Figura 3b, os promonócitos têm núcleos 
profundamente recortados, formato irregular e filamentos únicos 
agrupados e dispersos no citoplasma, características morfológicas que 
o distinguem do progranulócito. A peroxidase está presente em todo o 
aparelho secretor destas células: retículo endoplasmático rugoso, com-
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plexo de Golgi, vesículas associadas e todos os grânulos imaturos e 
maduros. 
Monócitos
Os monócitos, observados em esfregaços sanguíneos com 
microscopia de luz, apresentam um diâmetro de 12-15 μm, com o nú-
cleo ocupando a metade da área celular, podendo ser observado com 
formato reniforme e, raramente, esférico ou irregular. O núcleo contém 
cromatina com fios finos ligando pequenos aglomerados de cromatina 
dispostos próximos da membrana nuclear. 
O monócito é a primeira célula do SFM que entra no sangue 
periférico após deixar a medula óssea.
Como visto na Figura 3c, em esfregaços corados com técnicas 
hematológicas de rotina, os monócitos apresentam citoplasma tingido 
azul acinzentado, contendo um número variável de grânulos finos rosa-
-púrpura, podendo ser observados, também, vacúolos citoplasmáticos 
claros e grânulos azurófilos maiores.
Figura 3 – Estágios de maturação das células monocíticas. (a) Monoblasto, 
(b) Promonócito, (c) Monócito, (d) Macrófago.
Fonte: Hematologia Clínica, 2018; Acevedo et al, 2019; Departamento de 
Anatomia Patológica (FCM-UNICAMP). 
Macrófago
Modificações estruturais como aumento de tamanho celular, 
variedade de formas, número de grânulos e vacúolos claros no cito-
plasma podem ser observados em macrófagos originários de culturas 
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in vitro de monócitos purificados de sangue periférico. Os macrófagos 
alveolares, peritoneais, pleurais e de exsudados inflamatórios, por sua 
vez, são células que sofreram amadurecimento in vivo, resultante do 
aumento da atividade bactericida e, consequentemente, aumento do 
número de lisossomos e de hidrolase ácida.
Neste contexto, fica claro que essas células dependendo do 
tecido onde se localizam, apresentam atribuições funcionais e modi-
ficações estruturais específicas. Por exemplo, macrófagos esplênicos 
participam da detecção e eliminação por fagocitose de eritrócitos se-
nescentes ou anormais, resultando na formação de agregados citoplas-
máticos de ferritina, atividade que também é exercida pelos macrófagos 
hepáticos (células de Kupffer). Já os macrófagos residentes de medula 
podem atuar na nutrição das “ilhas eritroblásticas”, servindo também 
como fonte de armazenamento e transferência de ferro. 
Por outro lado, macrófagos alveolares, da lâmina própria do 
trato gastrointestinal e dos fluidos peritoneal e pleural morfologicamente 
são especializados na fagocitose de microrganismos, células e detritos 
celulares e não celulares, característica relacionada com a funcionalida-
de e localização do órgão em qual reside.
A maioria dos macrófagos apresenta diâmetro de 25 a 50 μm 
em preparações coradas com Wright ou hematoxilina e eosina. Pos-
suem um núcleo reniforme ou fusiforme com um ou dois nucléolos dis-
tintos e cromatina nuclear finamente dispersa. O citoplasma mostra 
grânulos finos e múltiplos grânulos azurófilos grandes da rosa-púrpura, 
demonstrado na Figura 3d. Vacúolos citoplasmáticos estão presentes 
próximos à periferia celular, demonstrando a pinocitose ativa nessas 
células.
SÉRIE LINFOCITÁRIA
A partir da descrição dos linfócitos e células plasmáticas em 
1774 e 1875, respectivamente, se iniciaram os estudos morfológicos e 
funcionais destinados à compreensão dos órgãos linfoides e a distribui-
ção das diferentes populações destas células no organismo. 
O conhecimento dos componentes do sistema imunológico 
permitiu dividir a resposta imune a antígenos em dois subtipos: imuni-
dade humoral e imunidade celular. Esta divisão levou ao entendimento 
inicial da existência de diferentes subpopulações de linfócitos. Parale-
lamente, foi descoberto que o timo era a fonte das células que seriam 
denominadas linfócitos T (linfócitos derivados do timo) e que, em aves, 
a bursa de Fabricius seria a fonte dos denominados linfócitos B (linfóci-
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tos derivados da bursa). 
Em humanos, a medula teria o papel equivalente à descrita 
na bursa, mantendo a nomenclatura para as células B. Posteriormente, 
diversos trabalhos realizados nas populações e subpopulações destas 
células, resultaram no entendimento atual das funções específicas de 
cada uma delas.
A caracterização dos diferentes marcadores antigênicos ex-
pressos na superfície dos linfócitos, realizada na atualidade com anti-
corpos monoclonais e citometria de fluxo, permitiu identificar uma infi-
nidade de subconjuntos de linfócitos. Linfócitos T, linfócitos B e células 
natural killer (NK) representam três subconjuntos funcionais principais 
de linfócitos sanguíneos. 
Na medula e no timo podem ser encontradas células precur-
soras que se assemelham morfologicamente aos linfócitos, ainda não 
diferenciadas nos subconjuntos funcionais. Finalmente, estudos iniciais 
com os linfócitos B, conseguiram demostrar que as células plasmáticas 
são linfócitos B diferenciados que produzem imunoglobulinas e residem 
principalmente na medula, nódulos linfáticos e outros tecidos linfoides.
Linfócitos T
Os linfócitos, assim como todas as células derivadas das 
HSCs, começam seu desenvolvimento na medula. No entanto, célu-
las linfoides saem na circulação sanguínea ainda imaturas, completan-
do sua diferenciação em outros órgãos, como timo, baço e linfonodos.Após este processo, células já diferenciadas retornam para a medula, 
onde se diferenciam definitivamente, fazendo parte do microambiente 
medular, produzindo fatores de crescimento (IL-3, CCL3) e participando 
de interações célula-célula com progenitores em desenvolvimento.
A diferenciação linfocitária começa quando HSCs formam as 
primeiras células progenitoras multipotentes (MPP), que podem se di-
ferenciar em todas as linhagens celulares da medula. Uma parte das 
MPPs inicia a expressão de transcritos específicos das células linfoides, 
tais como: gene da tirosina quinase 3 similar a FMS (Flt-3), do receptor 
de IL-7 e genes ativadores de recombinação 1/2 (Rag-1/2), encontra-
dos nos progenitores linfoides multipotentes iniciais (LMPP) (ICHII et al., 
2010). Esses progenitores linfoides iniciais requerem um ambiente ade-
quado para seu desenvolvimento, que é fornecido pelas células-tronco 
mesenquimais (MSCs) e pelas células osteogênicas, que conseguem 
produzir VCAM-1, CXCL12, ligante Flt-3 e IL-7.
Uma vez estimuladas, estas células precursoras saem para a 
circulação sanguínea até alcançarem o timo, local onde são estimula-
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das para a formação dos linfócitos T, atuantes na resposta imune do 
indivíduo. Além de atuar como local de produção dos precursores linfo-
citários, a medula atua como órgão secundário de proliferação de lin-
fócitos T de memória CD4+e CD8+. Embora não tenha sido descrito o 
compartimento onde os linfócitos de memória se organizam na medula, 
estes podem representar até 4% de todas as células nucleadas presen-
tes nesse órgão.
Por outro lado, os LMPPs que permaneceram na medula nos 
estágios iniciais de desenvolvimento podem se diferenciar no progenitor 
linfoide comum (PLC), que pode dar origem a outras linhagens celula-
res, como: i) células progenitoras de natural killer (NK), que amadure-
cem por um processo facilitado pelas células do estroma da medula, 
as quais produzem o ligante Flt-3 e IL-15 e ii) as células pré-B, que 
amadurecem na medula formando as células pró-B, migram através da 
circulação sanguínea até os linfonodos ou baço, onde finalmente são 
transformadas nos linfócitos B. O desenvolvimento das PLC na linha-
gem de células B é estimulado pelas MSC e as células osteoclásticas 
da medula, criando um microambiente para sua proliferação através do 
fornecimento de osterix e galectina-1 (PANARONI; WU, 2013). 
Linfócitos B
Os linfócitos B se caracterizam por apresentar na superfície 
celular moléculas de imunoglobulinas (Ig), que estão associadas às mo-
léculas de sinalização Igα (CD79a) e Igβ (CD79b) que, em conjunto, 
formam o denominado receptor de antígenos células B (BCR). A 
maturação desses linfócitos tem início com as células B progenitoras 
(pró-B) definidas pela ausência da cadeia pesada µ citoplasmáticas e, 
consequentemente, do BCR, na membrana celular. O próximo estágio 
de desenvolvimento é representado pelas células precursoras B (pré-B) 
que sintetizam a cadeia pesada µ citoplasmática, porém, ainda sem a 
expressão do receptor de antígenos. Esta diferenciação molecular da 
linhagem B é a base para o modelo de desenvolvimento descrito para 
as células B humanas.
A produção de linfócitos B pode ser dividida em dois estágios: i) 
estágio independente de antígenos, o qual ocorre no fígado fetal e, pos-
teriormente, na medula, e ii) estágio dependente de antígenos, o qual 
ocorre no tecido linfoide secundário (baço e linfonodos). No ser huma-
no, as primeiras células B são encontradas no fígado fetal na 8ª semana 
de gestação e correspondem a célula pré-B com IgM+ citoplasmática. 
A partir da 10ª semana, as células B passam a expressar a IgM na su-
perfície celular e na semana 17a de gestação a produção de células B e 
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IgM é transladada definitivamente para a medula, que se transforma no 
único local de desenvolvimento destas células. 
Estudos em modelo murino demonstraram a existência de 
dois tipos de linfócitos B fenotipicamente e funcionalmente distintos: (i) 
os linfócitos B-1 que fazem parte do sistema imune inato, respondem 
principalmente a antígenos tipo carboidratos e outros imunógenos de 
forma independente de linfócitos T e constituem somente 5% dessa 
subpopulação de células nos animais adultos, e (ii) os linfócitos B-2 que 
são majoritárias neste modelo, participam do sistema imune adaptativo 
sendo capazes de interagir com linfócitos T e sofrer troca de classe da 
cadeia pesada das imunoglobulinas (DORSHKIND; MONTECINO-RO-
DRIGUEZ, 2007). Até o momento, não há evidencias que demonstrem 
a existência das subpopulações B-1 e B-2 nos seres humanos.
Aspectos Morfológicos 
Os linfócitos são células esféricas e/ou ovoides que apresen-
tam um diâmetro de 6 a 15 μm. Segundo a literatura existem dois tipos 
de linfócitos, com base no seu tamanho: (i) os linfócitos pequenos tam-
bém denominados de inativos com diâmetro de 6 a 9 μm, presença de 
núcleo ovalado ou em forma de rim com cromatina nuclear densamente 
compactada que ocupa aproximadamente 90% da área celular, de co-
loração roxa quando corado com Giemsa ou Wright, como observado 
na Figura 4b. 
Os nucléolos raramente são observados em esfregaços san-
guíneos corados, mas estas estruturas podem se tornar visíveis após 
armazenamento prolongado em tubos de coleta de sangue com anti-
coagulante e (ii) os linfócitos maiores também chamados de linfoblas-
tos, com diâmetros de 9 a 15 μm, núcleo redondo, cromatina nuclear 
menos condensada, citoplasma mais abundante e com contorno celular 
irregular (Figura 4a). 
Figura 4 – Esfregaço de sangue periférico com a presença de linfoblasto (a) e 
linfócito (b).
Fonte: Universidade Federal de Goiás, 2020.
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Uma pequena parcela da população de linfócitos no sangue, 
apresenta uma morfologia definida como linfócitos granulares grandes 
(LGLs), são caracterizados por apresentar uma área aumentada do cito-
plasma contendo vários grânulos azurófilos que contém enzimas lisos-
sômicas, geralmente de 5 a 15 por célula, presença de vacúolos claros 
observados de forma ocasional, além de serem ligeiramente maiores. 
Os LGLs no sangue são compostos de células NK e um subconjunto de 
linfócitos T CD8+, indistinguíveis por sua morfologia. Importante ressal-
tar, que os linfócitos T e B são indistinguíveis quando observados em 
esfregaço de sangue periférico. 
Células Natural Killers (NK)
As células NK funcionais são detectadas no fígado fetal huma-
no a partir da 9ª semana de gestação, entretanto, em ensaios in vitro 
estas foram induzidas a partir de células hematopoiéticas originárias de 
estágios anteriores ao desenvolvimento fetal (OBERLIN et al., 2002). 
Desta forma, a capacidade de geração da célula pode ser atribuída à 
uma ampla variedade de precursores em diferentes estágios de desen-
volvimento. As células NK são consideradas um mecanismo de defesa 
essencial para o embrião de mamíferos em desenvolvimento, atuando 
antes do aparecimento das vias da imunidade adaptativa. 
Células Dendríticas 
As células dendríticas (DC) são identificadas pela expressão 
do antígeno de histocompatibilidade de classe II (MHC-II) e são produ-
zidas em todos os estágios da hematopoese, sendo detectadas desde o 
saco vitelino humano, antes do desenvolvimento da medula e o timo. As 
DCs e macrófagos são funcionalmente relacionados e fenotipicamente 
semelhantes devido à expressão de MHC-II. Na atualidade, a utilização 
de alguns marcadores específicos pode auxiliar a diferenciação destas 
células (CD11c).
SÉRIE ERITROPOIÉTICA
O processo de eritropoiese humana ocorre na medula óssea 
nas denominadas “ilhas eritroblásticas”, formada por uma região centralde macrófagos circundada por células eritroides em diferentes estágios 
de maturação. Várias proteínas de adesão estão implicadas no contato 
célula-célula, entre elas: integrina α4β1 (VLA-4), proteína macrofágica 
eritroblástica (EMP) e molécula de adesão intercelular-4 (ICAM-4), pre-
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sentes nos eritroblastos, e molécula de adesão celular vascular (VCAM-
1) e integrina αV nos macrófagos.
A eritropoiese pode ser dividida em três fases distintas: (i) os 
progenitores eritroides constituídos pela unidade formadora de cresci-
mento rápido-eritroide (BFU-E = Burst-Forming Unit-Erythroid) e, sub-
sequentemente, a unidade formadora da colônia-eritroide (CFU-E = 
Colony-Forming Unit-Erythroid), (ii) os precursores: proeritroblasto, eri-
troblasto basofílico, eritroblasto policromatofílico e eritroblasto ortocro-
mático, (iii) reticulócito e subsequente eritrócito. Esse conjunto total de 
células é denominado de éritron. 
A maturação eritroide se inicia com as BFU-E, considerada o 
primeiro progenitor identificável da linhagem, caracterizada pela for-
mação de uma grande colônia central, frequentemente circundada de 
aglomerado menores (colônias satélites) com aproximadamente 2.000 
a 3.000 células e responsável em originar as CFU-E. Estas células re-
presentam a etapa seguinte da maturação e são caracterizadas por for-
marem colônias menores com 50 a 200 células. Ambos os progenitores 
não podem ser diferenciados morfologicamente e somente podem ser 
classificadas a partir de ensaios funcionais in vitro.
Células Precursoras Eritroides
A) Proeritoblasto ou Pronormoblastos:
Os proeritoblastos representam a primeira célula precursora 
eritroide, são células grandes arredondadas ou ovais, com presença de 
núcleo com cromatina fina e frouxa, nucléolos bem definidos e citoplas-
ma basofílico devido à alta presença de polirribossomos contendo RNA, 
como visto na Figura 5a. 
B) Eritroblasto basófilo:
Os eritroblastos basófilos são células originadas do processo 
de divisão dos proeritoblastos, apresentam tamanho menor que seu 
precursor e são caracterizadas pela presença de núcleo com croma-
tina pouco condensada composta de heterocromatina intercalada com 
aglomerados de eucromatina que podem ser visualizados na colora-
ção violeta escura e rosa, por microscopia de luz, além da ausência de 
nucléolos visíveis. O citoplasma apresenta intensa basofilia resultante 
da presença de polirribossomos e, neste estágio, inicia-se a síntese de 
hemoglobina (Figura 5b) 
C) Eritroblasto policromatofílico: 
Neste estágio, as células apresentam diâmetro menor que o 
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eritroblasto basófilo, o citoplasma assume uma coloração acinzentada, 
resultante do acúmulo de hemoglobina e da basofilia dos polirribosso-
mos residuais, como observado na Figura 5c. O núcleo com cromatina 
condensada ocupa menos da metade da área celular e possui reduzida 
capacidade mitótica.
D) Eritroblasto ortocromático:
Os eritroblastos ortocromáticos são as menores células que 
compõem a série eritroblástica, apresentam cromatina nuclear total-
mente condensada, citoplasma róseo devido a hemoglobinização e so-
frem a extrusão do núcleo. A partir deste estágio, não há mais divisão 
celular, somente o processo de diferenciação e as células anucleadas 
derivadas dos eritroblastos ortocromáticos passam a ser denominadas 
“reticulócitos” (Figura 5d). 
A proteína retinoblastoma é um supressor tumoral que, junta-
mente com seu efetor, E2f-2, desempenham um papel importante na 
diferenciação e enucleação dos eritroblastos. Vale ressaltar que a extru-
são do núcleo promove uma redução de um terço do peso do eritrócito, 
contribuindo assim, para a diminuição da carga de trabalho do coração.
Reticulócitos
A perda do núcleo pelo eritroblasto ortocromático é um pro-
cesso dinâmico induzido principalmente pelas células do estroma da 
medula e envolve ações coordenadas de rearranjos de microtúbulos 
e formação do anel contrátil de actomiosina na membrana plasmática. 
O estudo realizado por Ji, Jayapal, Lodish (2008) demonstrou 
que a presença da guanosina trifosfatases (GTPases), junto com seu 
efetor mDia2 são importantes para o movimento contrátil do anel de 
actina e posterior liberação do núcleo. A exposição da fosfatidilserina 
na superfície dos núcleos expelidos é o sinal para o reconhecimento e 
fagocitose dos núcleos por macrófagos.
Como mostrado na Figura 5e, os reticulócitos recém-formados 
ainda conservam no citoplasma, vestígios de organelas como: mitocôn-
drias, um pequeno número de ribossomos, aparelho de Golgi e centrío-
los que podem ser visualizados quando corados com corantes supravi-
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tais (azul de cresil brilhante ou azul de toluidina) que se precipita sobre 
as organelas, formando filamentos reticulares que dão origem ao nome 
da célula. 
Os reticulócitos permanecem na medula óssea por cerca de 48 
a 72 horas e são liberados na circulação após o desaparecimento dos 
receptores de fibronectina. Uma vez na circulação, durante o processo 
de maturação, os reticulócitos perdem as organelas, reduzem o volume, 
cessam a síntese proteica e remodelam a membrana com perda prin-
cipalmente dos receptores de transferrina, bem como, tubulina, actina, 
moléculas de adesão e Na+/K+ adenosina trifosfatase (ATPase) para 
assumirem a morfologia de um disco bicôncavo de um eritrócito maduro. 
Dados da literatura sugerem que a perda do núcleo e de orga-
nelas nos eritrócitos maduros favorecem a maior eficiência das trocas 
gasosas, a elevação de hemoglobina e o aumento da flexibilidade ce-
lular, permitindo assim, que as células sofram deformações reversíveis 
durante a passagem nos pequenos capilares da microcirculação e na 
polpa esplênica. 
Eritrócitos
Os eritrócitos humanos são células pequenas, incompletas, 
com diâmetro médio entre 7 a 8 µm, espessura média que varia entre 
2 a 2,4 µm, área de superfície de 140 µm2 e volume de 90fl (Figura 5f). 
Durante o período de vida útil de 120 dias, os eritrócitos sofrem uma ex-
tensa deformação passiva resultante do escoamento e passagem pelos 
vasos e capilares da microcirculação. 
Neste contexto, a deformidade eritrocitária é um fator essencial 
para a longevidade das células na circulação e é influenciada por três 
fatores distintos: (i) viscosidade do citoplasma: regulada pela concen-
tração média de hemoglobina corpuscular, (ii) geometria da célula que 
determina a razão entre a área da superfície da célula e o volume da 
célula e (iii) deformidade e estabilidade mecânica da membrana: regu-
ladas por uma rede de proteínas periféricas que formam o citoesqueleto 
da membrana. A espectrina é a proteína periférica mais abundante do 
citoesqueleto que, juntamente com os polipeptídeos associados, são 
responsáveis pelo formato bicôncavo dos eritrócitos.
Similar à membrana plasmática de outras células presentes no 
organismo humano, a membrana eritrocitária é formada por uma bica-
mada fosfolipídica contendo proteínas do citoesqueleto transmembra-
nar (integrais e periféricas), onde 49% da massa total do eritrócito são 
de proteínas, 43% de lipídeos e 8% de carboidratos.
Entre as peculiaridades apresentadas pelas membranas, po-
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demos citar: a superfície “não reativa” que permite que os eritrócitos 
não se agreguem ou adiram ao endotélio, o movimento “tank-tread”, 
que ocorre quando os eritrócitos se alongam durante o escoamento nos 
vasos sanguíneos e a membrana eritrocitária que gira em torno do cito-
plasma, facilitando o fornecimento de oxigênio. 
Figura 5 – Estágiosde maturação dos eritrócitos. (a) Proeritroblasto, (b) Eri-
troblasto basófilo, (c) Eritroblasto policromático, (d) Eritroblasto ortocromático, 
(e) Reticulócito, (f) Eritrócito.
Fonte: Hematologia Clínica, 2018.
Estrutura e função da hemoglobina
A função principal dos eritrócitos é o transporte de oxigênio 
(O2) aos tecidos e o retorno de dióxido de carbono (CO2), dos tecidos 
aos pulmões. Essa troca gasosa altamente eficiente é possível devido 
à presença predominante da macromolécula de hemoglobina (Hb A), 
com peso molecular de 64,5 kDa, concentração líquida no sangue de 15 
g/100 mL e intracelular de aproximadamente 38g/100 mL. 
É constituída por dois pares de cadeia polipeptídica da globina, 
denominados de cadeia tipo α (α1-α2) compostas por 141 resíduos de 
aminoácidos, e o tipo não-alfa (β1-β2) de 146 aa, que formam um tetrâ-
mero associado ao grupo prostético heme composto por um átomo de 
ferro e uma estrutura de protoporfirina IX. No adulto, cerca de 3 a 5% 
da hemoglobina total é do tipo Hb A2, constituída por duas cadeias α e 
duas δ, respectivamente. 
A função biológica da hemoglobina é dependente da sua estru-
tura tetramérica, pois a ligação de uma molécula de oxigênio ao heme, 
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promove o deslocamento do átomo de Fe e, consequentemente, uma 
mudança conformacional da proteína, acarretando o aumento da afini-
dade pelo oxigênio. O efeito cooperativo entre as subunidades da molé-
cula garante uma oxigenação quase total quando a hemoglobina passa 
nos pulmões, quanto à liberação do oxigênio nos tecidos. Vale lembrar 
que cada molécula de hemoglobina tem a capacidade de fixar 4 molé-
culas de oxigênio. 
Compostos como óxido nítrico e monóxido de carbono podem 
se combinar com o átomo de Fe da hemoglobina, impedindo, assim, a 
oxigenação do sangue.
Regulação da Eritropoiese
A eritropoiese é um processo não totalmente elucidado, porém, 
rigidamente controlado por fatores de crescimento como a eritropoietina 
(EPO), fator estimulador de colônias granulocitárias (G-CSF), fator de 
células tronco (SCF), trombopoietina (TPO) e interleucina 3 (IL-3) que 
atuam sobre as células precursoras, estimulando o desenvolvimento e 
maturação, que refletem em um equilíbrio entre a produção diária e des-
truição dos eritrócitos. 
A EPO é um hormônio glicoproteico composto por 165 ami-
noácidos, altamente glicosilada, com massa molecular de 34kDa. Sua 
principal função é regular a produção de eritrócitos atuando na diferen-
ciação e proliferação das células precursoras que apresentam o recep-
tor de EPO na superfície. A produção de EPO ocorre principalmente nas 
células intersticiais corticais renais (90%) e hepatócitos (10%) sendo 
estimulada pela hipóxia e regulada no nível da transcrição, por uma 
sequência específica localizada na região 3´do denominado elemento 
responsivo à hipóxia, onde os fatores HIF-2α (Hypoxia Inducible Fac-
tor), HNF-4 (Hepatic Nuclear Factor) e ARNT (Aryl Hydrocarbon Recep-
tor Nuclear Translocator ou HIF-β) se ligam ativando a região promotora 
e, consequentemente, a transcrição da eritropoetina. 
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Biólo-
go (HE-UFSCAR) Nível: Superior.
Assinale a alternativa que NÃO apresenta células presentes no te-
cido sanguíneo.
a) hepatócitos.
b) hemácias.
c) neutrófilos.
d) leucócitos.
e) eosinófilos.
QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: UFPB Prova: Técnico 
de Laboratório-Biologia Nível: Médio.
Como é possível identificar um eosinófilo?
a) pelo disco bicôncavo sem núcleo.
b) pelo núcleo segmentado bilobulado granuloso.
c) por um núcleo grande e arredondado granular.
d) por núcleo segmentado com três lobos em forma de arco.
e) por um núcleo tortuoso rodeado por um vacúolo grande granular.
QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Bio-
médico (HUJB-UFCG) Nível: Superior.
Os glóbulos vermelhos são formados na medula óssea, em um 
processo chamado eritropoiese, regulado pelo hormônio
a) hemacialina.
b) adrenalina.
c) eritropoietina.
d) insulina.
e) eritroadrenalina.
QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEASTER-PA Prova: Técnico de 
Enfermagem Nível: Médio.
A função principal do sangue é transportar oxigênio para os teci-
dos periféricos, impedindo o metabolismo anaeróbio da glicose. O 
sangue transporta esse gás principalmente ligado à hemoglobina, 
constituinte primário das células sanguíneas denominadas
a) plaquetas.
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b) monócitos.
c) eritrócitos.
d) leucócitos.
e) linfócitos.
QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: UFPB Prova: Técnico em Labo-
ratório-Análises Clínicas Nível: Médio.
Ao realizar uma hemoscopia, a seguinte célula imunológica apare-
ce no campo:
É correto afirmar que essa célula é um:
a) neutrófilo.
b) linfócito B.
c) eosinófilo.
d) macrófago.
QUESTÃO 6
Ano: 2018 Banca: Prefeitura de Fortaleza-CE Órgão: Prefeitura de 
Fortaleza-CE Prova: Técnico em Laboratório Nível: Médio.
Os eritroblastos são células imaturas, que formam, com sua matu-
ração, os RETICULÓCITOS e, por fim, as hemácias. A contagem de 
reticulócitos pode ser feita por meio da coloração:
a) azul de prússia.
b) azul de metileno.
c) May Grünwald-Giemsa.
d) azul de cresil brilhante.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
As reações alérgicas são desencadeadas por ligações cruzadas entre 
o alérgeno e uma molécula de IgE associada ao receptor de alta afini-
dade FcƐRII nos mastócitos. Essas células revestem a mucosa externa 
e servem para alertar o sistema imune da infecção local. Com base na 
afirmação acima, descreva quais mediadores químicos liberados pelos 
mastócitos, promovem a reação inflamatória. 
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TREINO INÉDITO
Assinale a alternativa CORRETA sobre a hematopoiese
a) as células tronco-hematopoiéticas não apresentam capacidade de 
auto-renovação.
b) o eritroblasto basofílico é caracterizado pela ausência de núcleo.
c) o linfoblasto é uma célula diferenciada da série monocitária.
d) os basófilos são os granulócitos mais abundantes no sangue periférico.
e) as ilhas eritroblásticas correspondem a “clusters” de eritrócitos em 
desenvolvimento em torno dos macrófagos.
NA MÍDIA
ERITROPOETINA: O QUE É DOPING POR EPO?
A abordagem central da notícia é o uso da eritropoietina recombinante 
por atletas de alta performance em diferentes modalidades e sua proi-
bição no mundo do esporte. Visando o aumento da resistência física, 
muitos atletas profissionais tem feito uso do medicamento indicado para 
o tratamento de anemia crônica e por portadores de HIV para aumen-
tar a produção de eritrócitos e promover um aumento da capacidade 
de oxigenação dos músculos, e consequentemente torna o atleta mais 
resistente. Diante disso, a Agência Internacional Antidoping classificou 
a EPO como substância ilícita pois alterar a composição natural do san-
gue, o que tem acarretado a suspensão de vários atletas em competi-
ções oficiais.
Fonte: Webrun
Data: 22 jul. 2019.
Leia a notícia na íntegra: 
https://www.webrun.com.br/eritropoetina-o-que-e-doping-epo/
NA PRÁTICA
A diabete tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição 
das células produtoras de insulina pelo sistema imunológico do paciente 
e que atinge principalmente, crianças e adolescentes. Segundo dados 
da Federação Internacional de Diabete (IDF), no Brasil cerca de 542 mil 
crianças são acometidas pela doença o que coloca o país na terceira 
colocação em números de casos no mundo. Neste contexto, o estudo 
conduzido pela equipe do Dr. Couri do Hospital das Clínicas da USP-
-Ribeirão Pretotem demonstrado resultados promissores utilizando o 
transplante de células-tronco para o tratamento da doença, pois as cé-
lulas tronco transplantadas têm a capacidade de regenerar o sistema 
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imunológico do paciente, evitando, assim, sua ação destrutiva sobre as 
células beta do pâncreas.
Título: Pesquisa aplica células-tronco para tratar o diabete tipo 1
Data de publicação: 9 mai. 2018.
Fonte: https://ctcusp.org/pdf/reports/Maio-2018/9.pdf
PARA SABER MAIS
Título: Tratado de Hematologia
ZAGO, M.A; FALCÃO, R.P, PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. São 
Paulo: Editora Atheneu, 2013.
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DISTÚRBIOS NÃO MALIGNOS DE MONÓCITOS E GRANULÓCITOS 
Os distúrbios não malignos da série granulocítica e monocítica 
precisam ser diagnosticados através de um estudo abrangente do es-
tado do paciente, incluindo a análise do histórico clínico e os exames 
laboratoriais necessários para o diagnóstico. Este tipo de distúrbio pode 
ser dividido em dois grandes grupos: os distúrbios quantitativos e os dis-
túrbios qualitativos. O primeiro grupo está relacionado com o aumento 
ou a diminuição no número absoluto de leucócitos em geral ou de po-
pulações específicas de células que circulam no sangue periférico. Por 
outro lado, os distúrbios qualitativos estão relacionados com a função 
que exercem estas células nos mecanismos de defesa do organismo. 
FISIOPATOLOGIA, ETIOLOGIA &
DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS 
DOS LEUCÓCITOS
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Distúrbios quantitativos
Em termos gerais, o conceito de leucocitose refere-se ao au-
mento no número absoluto de leucócitos que são encontrados no san-
gue periférico e, por outro lado, o termo leucopenia denota a diminuição 
deste número abaixo dos valores de referência. Esses mesmos concei-
tos são aplicados na análise do número absoluto de monócitos (mono-
citose ou monocitopenia). No caso dos granulócitos, os termos filiam 
e penia correspondem ao aumento ou diminuição do número dessas 
células, respectivamente. 
Entre as causas que levam ao aparecimento da leucocitose 
não malignam podemos incluir: i) a movimentação de leucócitos do lo-
cal de armazenamento na medula óssea para o sangue periférico; ii) o 
aumento da movimentação de células imaturas do sítio de proliferação; 
iii) a movimentação de células maduras dos reservatórios nos tecidos 
para a circulação sanguínea; e iv) a diminuição da movimentação dos 
leucócitos do sangue periférico para os tecidos. 
No dengue a ocorrência de leucocitose pode ser considerada 
um fator prognóstico associado ao desenvolvimento de complicações.
Neutrofilia
Embora a leucocitose possa ser causada pelo aumento no nú-
mero total de todas as populações de leucócitos ou o aumento de uma 
população específica (linfócitos, granulócitos, monócitos), o aumento no 
número de neutrófilos circulantes é a causa mais comum da leucocitose 
não maligna.
Em valores absolutos, o aumento do número de neutrófilos aci-
ma de 7,0 x 109/L em adultos e 8,5 x 109/L em crianças é caracterizado 
como neutrofilia. Por outro lado, o valor relativo normal de neutrófilos 
varia entre 50% e 70%, no entanto, a neutrofilia precisa ser avaliada 
usando os valores absolutos, correspondendo à adição dos neutrófilos 
segmentados e neutrófilos em banda. 
A neutrofilia pode ser causada pela liberação de neutrófilos lo-
calizados na circulação marginal, onde normalmente se localizam ade-
ridos ao endotélio capilar periférico, para a circulação sanguínea, fenô-
meno denominado desmarginação. Várias condições podem promover 
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esta movimentação celular, entre as mais comuns se destacam, exercí-
cios extenuantes, estado de estresse emocional, choque, queimaduras, 
traumas e trabalho de parto. 
Da mesma forma, a neutrofilia pode ser promovida pelo au-
mento na produção pela medula óssea ou a liberação de neutrófilos do 
reservatório medular para o sangue periférico, quase sempre acompa-
nhado por um desvio à esquerda (presença de neutrófilos imaturos no 
sangue). Entre as causas mais comuns para este fenômeno pode-se 
mencionar: infecção bacteriana, infarto no miocárdio, colites, pancreati-
tes, vasculites, entre outras. 
Nesse sentido, uma leucocitose com contagem absoluta de 
leucócitos superior a 50x109/L, com neutrofilia e um proeminente desvio 
à esquerda é denominada reação leucemoide. Este distúrbio é resulta-
do de uma infecção aguda (ou crônica), doença metabólica, processos 
inflamatórios ou resposta a uma doença maligna. 
Uma reação leucemoide neutrofílica pode ser confundida com 
leucemia mieloide crônica (LMC), no entanto, uma observação micros-
cópica criteriosa dos esfregaços sanguíneos pode diferenciar entre 
estes dois distúrbios. Na reação leucemoide neutrofílica é observado 
um aumento relativo de neutrófilos, incluindo formas imaturas (blastos 
são raramente observados). Qualitativamente podem ser observadas 
algumas alterações morfológicas, como granulação tóxica, corpos de 
Döhle e, menos frequente, vacuolização citoplasmática. Por outro lado, 
na leucemia mieloide crônica pode ser observado um aumento de to-
dos os granulócitos, incluindo eosinófilos e basófilos, com blastos oca-
sionalmente observados, morfologia dispoiética das células que inclui 
granulação mista eosinofílica/basofílica e células pseudo-Pelger-Huët. 
Nestes casos, as plaquetas podem estar aumentadas, como formas gi-
gantes, hipogranuladas e alterações morfológicas. 
Neutropenia
A diminuição no número absoluto de neutrófilos abaixo de 2,0 x 
109/L em adultos brancos e 1,3 x 109/L em adultos negros é denominada 
neutropenia. Este distúrbio eleva o risco de contrair infecções bacteria-
nas, principalmente, quando a contagem celular se apresenta abaixo de 
1,0 x 109/L. Agranulocitose se refere a contagem de neutrófilos inferio-
res a 0,5 x 109/L.
A neutropenia pode ser produzida pela remoção ou destrui-
ção aumentada de neutrófilos em sangue periférico (infecções graves), 
uma diminuição na liberação destas células pela medula, que pode ser 
consequência de uma produção reduzida (secreção de citocinas pró-in-
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flamatórias) ou ineficaz. Neste último caso, o processo hematopoiético 
produz neutrófilos defeituosos, o que impede que elas sejam liberadas 
para o sangue periférico. Finalmente, outra causa da diminuição de neu-
trófilos se deve à passagem de células da circulação sanguínea para o 
compartimento marginal (adesão de neutrófilos ao endotélio capilar). 
Diversos distúrbios podem levar ao aparecimento da neutro-
penia, classificados como hereditários ou adquiridos. As neutropenias 
intrínsecas (congênitas) são um grupo relativamente raro de doenças 
hereditárias que geralmente se apresentam ao nascer. Por outro lado, 
são alguns exemplos de neutropenias adquiridas: 
i) neutropenia neonatal imunomediada que ocorre devido à 
passagem de anticorpos IgG maternos para a circulação do recém-nas-
cido, os quais reconhecem antígenos dos neutrófilos, como FcgRIIIb, 
NB1 e HLA (BUX, 2008). Neste caso, a contagem de neutrófilos no re-
cém-nascido aumenta após alguns meses, consistente com a vida mé-
dia dos anticorpos maternos.
ii) neutropenia autoimune secundária que está associada a 
doenças autoimunes, como artrite reumatoide, síndrome de Felty, lúpus 
eritematoso sistêmico e síndrome de Sjogren. Além dos anticorposque 
reconhecem antígenos dos neutrófilos, outros fatores também podem 
induzir à neutropenia, incluindo o depósito de imunocomplexos, citoci-
nas inibidoras da granulopoiese e esplenomegalia.
iii) neutropenia medicamentosa que pode estar relacionada 
com a toxicidade de uma droga ou estímulo para a geração de autoan-
ticorpos. Na atualidade, mais de 100 medicamentos estão relacionados 
a distúrbios neutropênicos, como ibuprofeno, cefalosporinas, carbama-
zepina, propranolol, captopril, entre outros. 
A principal morbilidade da neutropenia é a susceptibilidade a 
infecções bacterianas, principalmente, ocasionadas pela flora bacteria-
na endógena.
Eosinofilia
Na eosinofilia, o número absoluto de eosinófilos é superior a 
0,4 x 109/L. As causas desta elevação estão geralmente associadas à 
secreção de citocinas, principalmente IL-3 e IL-5, e podem ser divididas 
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com base nos fatores geográficos e demográficos. Nos países subde-
senvolvidos, onde o serviço de saneamento básico é precário, a prin-
cipal causa da eosinofilia são as infecções parasitárias causadas por 
helmintos, independentemente da espécie do parasito ou por protozoá-
rios causadores da isosporíase e giardíase. Em ambas as situações, 
os eosinófilos liberam o conteúdo dos seus grânulos citoplasmáticos 
tentando danificar o organismo agressor. 
Por outro lado, em países desenvolvidos, a eosinofilia está fre-
quentemente associada a processos alérgicos, incluindo asma, febre do 
feno, urticária e dermatites atópicas. A eosinofilia também é observada 
na escarlatina, HIV, infecções fúngicas, doenças autoimunes e hiper-
sensibilidade a antibióticos e medicamentos anticonvulsivantes.
Eosinopenia
Na eosinopenia, o número absoluto de eosinófilos em sangue 
periférico é inferior a 0,09 x 109/L. Os baixos valores de referência tor-
nam difícil o diagnóstico deste distúrbio, que está relacionado com a 
diminuição da atividade hematopoiética da medula, envolvendo a dimi-
nuição dos leucócitos de forma geral. 
A eosinopenia, na maioria das vezes, é resultado de uma neu-
trofilia causada por um processo inflamatório ou uma infecção, principal-
mente, bacteriana. Nessas circunstâncias, os eosinófilos migram para 
os tecidos e a liberação de eosinófilos pela medula se encontra inibida. 
A eosinopenia absoluta também foi relatada em doenças autoimunes, 
terapia com esteroides e estresse (ABIDI et al., 2011).
Basofilia e Basopenia
As causas não malignas da basofilia são raras e incluem rinite 
alérgica, hipersensibilidade a drogas e alimentos, infecções crônicas, 
radioterapia e picadas de abelhas, sendo o número absoluto de ba-
sófilos no sangue periférico maior que 0,15 x 109/L. Por outro lado, a 
basopenia pode ser observada naturalmente no momento da ovulação 
em mulheres ou em pessoas que fazem uso de hormônios, como corti-
cotropina e progesterona. 
Monocitose
O aparecimento da monocitose está associado a várias con-
dições não malignas devido às funções exercidas pelos monócitos na 
defesa do organismo, tais como: atividade em infecções agudas e crôni-
cas, reações de hipersensibilidade e de reparo de tecidos, com o núme-
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ro absoluto de monócitos podendo ser maior que 1,0 x 109/L em adultos 
e 3,5 x 109/L em neonatos.
A monocitose é encontrada como o primeiro sinal de recupe-
ração de uma infecção grave ou à neutropenia, causada pela quimio-
terapia no tratamento do câncer, sendo considerada um sinal positivo 
de recuperação. Outras causas da monocitose são infecções virais, 
tuberculose, malária, esplenectomia, traumas, infarto do miocárdio, en-
tre outras. A monocitose causada pela utilização exógena de fatores 
estimuladores de colônia (G-CSF, GM-CSF), pode ser acompanhada 
por alterações na morfologia dos monócitos.
Monocitopenia
A monocitopenia é um distúrbio raro encontrado em associa-
ção, principalmente, à citopenia de outras linhagens celulares, como as 
encontradas na anemia aplástica e quimioterapia. O número absoluto 
de monócitos no sangue periférico é inferior a 0,2 x 109/L. A infecção 
com o vírus Epstein-Barr (EBV) e o tratamento com esteroides podem 
causar monocitopenia grave.
Distúrbios Qualitativos (morfológicos)
A atividade de granulócitos e monócitos em infecções, proces-
sos inflamatórios, e estresse podem afetar o número das células encon-
tradas no sangue periférico e/ou induzir mudanças morfológicas. Embo-
ra essas mudanças possam ser consideradas “anormais”, geralmente 
refletem uma resposta normal e reativa. As anormalidades morfológicas 
em granulócitos maduros, particularmente nos neutrófilos, podem ser 
observadas em esfregaços de sangue periférico, das quais, as mais 
frequentes, serão descritas a seguir. 
Granulação tóxica
Este tipo de granulação é observado como grânulos escuros e 
preto-azulados no citoplasma de neutrófilos (segmentados e em banda) 
e macrófagos, como demonstrado na Figura 6a. Estes grânulos são 
ricos em peroxidase, refletindo o aumento de substâncias ácidas nos 
grânulos primários que promovem a morte de microrganismos. A por-
centagem de células com granulação tóxica é correlacionada aos níveis 
de proteína C reativa sérica (proteína de fase aguda), sendo uma medi-
da geral do grau de inflamação (AL-GWAIZ; BABAY, 2007). 
A extensão da granulação tóxica e sua intensidade na popula-
ção de neutrófilos são geralmente classificadas em uma escala de 1+ 
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a 4+, onde a escala 4+ é mais severa. Esta condição é frequentemente 
associada a estados infecciosos, podendo também ser observada em 
queimaduras extensas, doenças malignas ou como resultado de terapia 
com medicamentos.
Corpos de Döhle
Esses corpos são observados como inclusões únicas ou múl-
tiplas de coloração azul claro em esfregaços sanguíneos corados com 
Giemsa ou Wright, apresenta um diâmetro de 1-5 µm, geralmente loca-
lizados perto da membrana plasmática, como visto na Figura 6b. Estes 
correspondem a restos de RNA ribossomal arranjado em fileiras paralelas. 
Os corpos de Döhle são frequentemente encontrados em 
neutrófilos em banda e segmentados, embora possam ser vistos em 
monócitos ou linfócitos. Sua presença é associada a uma ampla varie-
dade de condições, incluindo infecções bacterianas ou virais, queima-
duras, gravidez e a utilização de alguns medicamentos. 
A observação dos corpos de Döhle pode ficar comprometida 
em esfregaços sanguíneos confeccionados tardiamente e a partir de 
amostras de sangue coletadas com EDTA.
Hipersegmentação
Como demonstrado na Figura 6c, a hipersegmentação é ob-
servada em neutrófilos com mais de cinco segmentos no núcleo. Este 
distúrbio é geralmente associado a anemias perniciosas por deficiência 
da vitamina B12 ou ácido fólico, podendo também ser observada em 
neutrófilos senescentes. 
Anomalia de Pelger-Huët
Este distúrbio é observado como uma hiposegmentação dos 
neutrófilos maduros correspondendo a um distúrbio genético autossô-
mico dominante. Nestas células são observados núcleos bilobulados, 
embora outras características, como a concentração da cromatina e 
maturação citoplasmática, estejam normais (Figura 6d). A função dos 
neutrófilos é normal, apesar da anormalidade morfológica. 
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Vacuolização citoplasmática
A vacuolização é menos frequente que a granulação tóxica e 
corpos de Döhle, e, na maioria das vezes, se apresentam associadas. 
Quando vacúolos são observados sem a associação destas duas inclu-
sões, deve-se suspeitar estes correspondam a um artefato. Os vacúolos 
citoplasmáticos refletem um processo de autofagocitose ou

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