Buscar

Psicologia e genética II

Prévia do material em texto

Juízo Moral sob a perspectiva dos dois primeiros estágios de Piaget;
Moral Judgment from the perspective of Piaget's first two stages; 
Anna Paula Silveira Sakis ¹, Bruna Dal Forno Cardoso², Guilherme Moreno Fabrin ³, Tiago Oliveira da Costa⁴, Solange Castro Schorn⁵
 
¹ Aluna do curso de graduação de Psicologia da Unijuí. 
² Aluna do curso de graduação de Psicologia da Unijuí. 
³ Aluno do curso de graduação de Psicologia da Unijuí. 
4Aluno do curso de graduação de Psicologia da Unijuí. 
5 Professora Orientadora. Curso de Psicologia da Unijuí.
RESUMO
O juízo moral é a padronização de normas e regras impostas pelo grupo social, necessária à vivência em grupo principalmente para que o indivíduo possa inserir-se nos mais variados locais, apresentando respeito e organização. Nesse contexto, o presente estudo visa apresentar e discutir a maneira como Piaget avalia a construção da moralidade pela criança, com enfoque em seus dois primeiros estágios trazidos pela sua produção "O Juízo Moral na Criança" (1932). Para a escrita, foi realizada uma revisão narrativa da literatura, proporcionando uma integração dos estudos recentes acerca da temática, bem como a análise de diferentes escritas que proporcionaram o delineamento dos conceitos propostos.
 
Palavras-chave: Piaget; Juízo Moral; Estágio; Criança.
INTRODUÇÃO
 Piaget conseguiu com o estudo do pensamento infantil diversas contribuições para a compreensão do pensamento adulto e humano. Publicada em 1932, a obra "Juízo Moral na Criança" possibilita que o desenvolvimento e que a estruturação humana seja visualizada de uma perspectiva mais abrangente, além de demonstrar que a moralidade está associada ao desenvolvimento geral da criança, em conjunto com a afetividade, inteligência e processo de socialização. O autor demonstra seu pensamento de que uma educação moral não deve se submeter ao poder dos discursos, mas sim, incentivar a criança a desenvolver sua autonomia e torná-la uma prática. 
 Ademais, em sua produção, Jean Piaget apontou que cada estágio do desenvolvimento moral tem uma melhoria qualitativa em relação ao estágio anterior, sendo assim, um processo mais ordenado de conhecimento moral. Esses fatores são amplamente influenciados pelas circunstâncias que o sujeito vivencia ao longo de sua vida, ajudando-o a construir seu conhecimento no desenvolvimento emocional, intelectual e social.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
 O universo moral de cada um é composto de tradições e costumes culturais herdados em sociedade e a racionalidade tem a possibilidade de produzir e fomentar uma postura crítica no sujeito. Na escrita "Juízo Moral na Criança" é possível que seja realizada uma análise das regras morais prescritas pelos adultos, buscando saber de que forma a criança as concebe em seu mundo psíquico e de que maneira ela enxerga as regras e a autoridade.
 Vinha (2000, p. 38) afirma: "O comportamento humano é guiado por valores e princípios que representam o julgamento. O desenvolvimento de sentimentos, crenças, valores e princípios é o que chamamos de desenvolvimento moral". Os seres humanos estão realmente vinculados a regras e valores estabelecidos que correspondem a uma boa vida. A conceituação da moralidade, através do comportamento do sujeito e da forma como estabelece o julgamento, em relação ao próprio comportamento e ao comportamento dos outros, com ênfase na reflexão.
Piaget vai defender, e provar, é que, longe de a moralidade infantil resumir-se a uma interiorização passiva de valores, dos princípios e das regras, ela é o produto de construções endógenas, ou seja, o produto de uma atividade da criança que, em contato com o meio social, re-significa os valores, os princípios e as regras que lhe são apresentadas. Tal re-significação possui características que dependem de estruturas mentais já construídas (DE LA TAILLE, 2006, p. 96).
 Ademais, De La Taille (2006) retrata que só é moral quem realmente quer. Para ser um ato moral, o sujeito deve agir corretamente pelo que sabe e realmente quer que aconteça. Observações relatadas em pesquisa realizada por Piaget (1999) destacaram os comportamentos lúdicos das crianças em categorias disciplinadas e coletivas, diagnosticando comportamentos em que os sujeitos participaram do processo, desempenhando um papel ativo na construção de valores e normas. De acordo com De La Taille (1992), a educação moral não deve se restringir a uma classe específica, mas deve estar interligada ao longo das atividades do dia-a-dia da escola. Alega que o desenvolvimento moral das crianças depende de todos: adultos, pais e também dos professores envolvidos durante a ação.
 Nesse sentido, a Teoria do Desenvolvimento Moral de Piaget, cuja produção é dividida em trás fases, sendo estás: anomia, heteronomia e autonomia), descreve como as crianças fazem a transição de fazer algo certo por causa das consequências de uma figura de autoridade, devido à reciprocidade ideal ou o que é melhor para a outra pessoa. 
 No estágio de anomia do desenvolvimento moral, a moralidade geralmente não se aplica e as normas comportamentais são determinadas pelas necessidades básicas. No entanto, quando as regras são seguidas, elas são seguidas pelo hábito e não pela consciência do que é certo e errado. Na fase da anomia, as crianças pequenas são naturais e ainda em egocentrismo, sem regras e normas. Por exemplo, bebês choram quando estão com fome e querem ser alimentados imediatamente. As necessidades básicas determinam as normas comportamentais. 
 Contrapondo o trecho supracitado no estágio da heteronomia, há apenas respeito à autoridade. Sem consciência, sem reflexão, apenas obediência. O certo é seguir as regras, qualquer interpretação diferente dessa não está de acordo com a atitude correta.
 Outrossim, no estágio denominado autonomia, há a legalização das regras. Aqui, o indivíduo adquire uma consciência moral e possui princípios éticos e morais. Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire uma consciência moral. As funções são desempenhadas com consciência de sua necessidade e importância. Tem princípios éticos e morais. Deixado inalterado sem permissão. É responsável, autodisciplinado e justo. A responsabilidade por uma ação é proporcional à intenção, não apenas às consequências da ação.
 Ademais, no que se refere à consciência das regras Piaget (1994, p. 50) relata que “[...] não poderíamos isolar a consciência das regras do jogo do conjunto da vida moral da criança”. Desde muito cedo as crianças assimilam, inconscientemente, as regras que são submetidas. 
 Do ponto de vista da prática das regras, Piaget distingue quatro estágios que são: um primeiro estágio (0-2 anos) puramente motor e individual, onde a criança não segue regras nas brincadeiras, sendo estas puramente individuais; um segundo estágio (2-5 anos) chamado por Piaget de egocêntrico, onde as crianças recebem do exterior regras codificadas e jogam imitando o exemplo, mas não há um interesse em encontrar parceiros para jogar ou ganhar o jogo, pois as regras são utilizadas individualmente, cada criança joga para si, mesmo quando em grupo; um terceiro estágio (7-8 anos) caracterizado por Piaget como o estágio da cooperação surge a importância de se ganhar o jogo; logo, há necessidade da sistematização das regras, ainda que em uma mesma partida observe-se variações referentes as regras gerais do jogo; e um quarto estágio (11-12 anos), cujas regras do jogo são definidas e entendidas minuciosamente por todos os jogadores. 
 Ademais, no que se refere à consciência das regras, o autor a divide em três estágios: o primeiro compreende o estágio motor e a metade do segundo estágio, descritos anteriormente, visto que ". . . a regra ainda não é coercitiva . . ." (Piaget, 1932/1994, p. 34); o segundo se inicia na segunda metade do estágio egocêntrico e termina na metade do estágio de cooperação, em que a regra é entendida como sagrada (Piaget, 1932/1994, p. 34); e o terceiro, que se inicia na segunda metade do terceiroestágio da prática das regras (Piaget, 1932/1994, p. 34).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Este trabalho contribui para uma melhor compreensão de como ocorre o desenvolvimento dos julgamentos morais nas crianças, possibilitando que as crianças desenvolvam autonomia para contribuir com a sua vida e a vida social, e desenvolvam uma consciência positiva para saber agir. em todos os momentos da vida. 
 Ademais, a escrita pontua os três estágios do desenvolvimento moral, os quais são: anomia, onde as crianças pequenas são naturais e ainda em egocentrismo, sem regras e normas, heteronomia, onde, há apenas respeito à autoridade. Sem consciência, sem reflexão, apenas obediência, e autonomia, cujo estágio desenvolve a legalização das regras, desenvolvendo consciência moral e princípios éticos. 
 Além disso, a obra ecoa que as regras são essenciais para que as crianças aprendam a desenvolver o julgamento moral, e é por meio das regras que elas aprendem que tudo na vida é limitado e que todos têm direitos e obrigações, resultando em responsabilidade e gentileza. . Os sujeitos que aprendem a respeitar as regras desenvolverão a prática do julgamento moral, ou seja, disciplina e respeito mútuo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Piaget, Jean (1994). O juízo moral na criança (E. Lenardon, Trad.). São Paulo, SP: Summus. (Original publicado em 1932)
PIAGET, Jean. Seis estudos da psicologia. 24. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
LA TAILLE, Yves de. Desenvolvimento do juízo moral e afetividade na teoria de Jean Piaget. In: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. (Org.). Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
VINHA, T. P. O educador e a moralidade infantil:uma visão construtivista. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000.

Continue navegando