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Jogo Educacional para o Povo Puri

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG 
UNIDADE UBÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mayara Estrela de Andrade 
 
 
 
 
 
 
O DESIGN DE JOGOS PARA VALORIZAÇÃO DO POVO PURI 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ubá, Minas Gerais 
 2020
 
 
 
 
 
 
Mayara Estrela de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
O DESIGN DE JOGOS PARA VALORIZAÇÃO DO POVO PURI 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Design da 
Universidade do Estado de Minas Gerais, 
como requisito parcial para obtenção do 
título de Bacharel em Design. 
 
Orientadora: Letícia Hilário Guimarães 
 
 
 
 
 
 
Ubá, Minas Gerais 
2020 
 
 
 
RESUMO 
 
Os jogos exercem um importante papel no desenvolvimento, é uma 
ferramenta que ajuda a compreender o mundo ao seu redor, fortalecer vínculos 
sociais, obedecer às regras, incentivar a criatividade, interatividade e a 
interdisciplinaridade. Dessa forma os jogos tornam-se um grande aliado para as 
escolas que aplicam seu conteúdo de uma maneira divertida, deixando as aulas 
mais dinâmicas e acessíveis. O tema do jogo tem como objetivo auxiliar na 
preservação dos povos originários, por isso foi desenvolvido um projeto baseado na 
história do povo Puri, e na preservação da Mantiqueira, por meio da metodologia do 
Design Thinking, levando em conta que existe um quadro de muito preconceito e 
desinformação em volta desta temática. 
 
Palavras-chaves: RPG, jogos, Mantiqueira, Puri, Povos Originários, Aline 
Pachamama, preservação, ensino fundamental, lúdico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Games play an important role in development, it is a tool that helps to 
understand the world around you, strengthen social bonds, obey the rules, 
encourage creativity, interactivity and interdisciplinarity. In this way, games become a 
great ally for schools that apply their content in a fun way, making classes more 
dynamic and accessible. The theme of the game aims to assist in the preservation of 
native peoples, so a project was developed based on the history of the Puri people, 
and on the preservation of Mantiqueira, through the Design Thinking methodology, 
taking into account that there is a framework of much prejudice and misinformation 
around this theme. 
 
Keywords: RPG, games, Mantiqueira, Puri, Original Peoples, Aline 
Pachamama, preservation, elementary education, playful 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 1. Barreira contra o desmatamento ................................................................ 14 
Figura 2. As n’guaras, habitação do povo Puri .......................................................... 19 
Figura 3. Pedra Sonora ............................................................................................. 21 
Figura 4. Persona Miguel .......................................................................................... 35 
Figura 5. Persona Daniela ......................................................................................... 35 
Figura 6. Concorrentes parte 1 .................................................................................. 39 
Figura 7. Concorrentes parte 2 .................................................................................. 40 
Figura 8. Lendas Amazônicas ................................................................................... 41 
Figura 9. Jogo da Onça ............................................................................................. 41 
Figura 10. Jaguareté ................................................................................................. 42 
Figura 11. Kaingáng .................................................................................................. 42 
Figura 12. Jogo Químico ........................................................................................... 43 
Figura 13. Cultivando Água Boa ................................................................................ 43 
Figura 14. Mapa conceitual ....................................................................................... 46 
Figura 15. Mapa conceitual parte 1 ........................................................................... 47 
Figura 16. Mapa conceitual parte 2 ........................................................................... 47 
Figura 17. Mapa conceitual parte 3 ........................................................................... 48 
Figura 18. Mapa conceitual parte 4 ........................................................................... 48 
Figura 19. Cartões de insight parte 1 ........................................................................ 49 
Figura 20. Cartões de insight parte 2 ........................................................................ 50 
Figura 21. Mantiqueira .............................................................................................. 50 
Figura 22. Desenhos Aline Pachamama ................................................................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Quadros 
 
 
Quadro 1. Metodologia do Design Thinking .............................................................. 30 
Quadro 2. Comparação dos concorrentes parte 1 .................................................... 44 
Quadro 3. Continuação da comparação dos concorrentes parte 2 ........................... 45 
Quadro 4. Continuação da comparação dos concorrentes parte 3 ........................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8 
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9 
2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 9 
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 9 
3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 10 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 11 
4.1 Aline Rochedo Pachamama ....................................................................................... 11 
4.2 O Termo Índio ............................................................................................................ 12 
4.3 História Oral ............................................................................................................... 12 
4.4 Os povos Originários .................................................................................................. 14 
4.4.1 História dos povos originários .................................................................................. 15 
4.5 Os Puris ..................................................................................................................... 16 
4.5.1 História ................................................................................................................ 17 
4.5.2 Habitações ........................................................................................................... 18 
4.5.3 Cosmologia .......................................................................................................... 19 
4.5.4 A Pedra Sonora ................................................................................................... 21 
4.5.5 O povo Puri nos dias de hoje ............................................................................... 22 
4.6 A Mantiqueira ............................................................................................................. 23 
4.7 A Lei 11.645 e a importânciado ensino sobre os originários ...................................... 23 
4.8 Jogos na Escola ......................................................................................................... 25 
4.9 Reaproveitamento de Materiais .................................................................................. 27 
4.9.1 Eco Design .......................................................................................................... 28 
4.9.2 Desenvolvimento de produtos sustentáveis ......................................................... 28 
5. METODOLOGIA .............................................................................................................. 29 
6.BRIEFING ......................................................................................................................... 31 
6.1 Tema .......................................................................................................................... 31 
6.2 Sobre o Projeto .......................................................................................................... 32 
 
 
 
6.3 Público ....................................................................................................................... 33 
6.4 Personas .................................................................................................................... 35 
6.5 Mercado ..................................................................................................................... 36 
6.6 Outros ........................................................................................................................ 37 
6.7 Requisitos .................................................................................................................. 37 
6.7.1. Requisitos de Uso ............................................................................................... 37 
6.7.2. Requisitos Estéticos ............................................................................................ 38 
6.7.3. Requisitos Simbólico ........................................................................................... 38 
6.7.4. Requisitos Morfológicos ...................................................................................... 38 
6.7.5 Requisitos de Distribuição .................................................................................... 38 
6.7.6 Requisitos de Fabricação e Descarte ................................................................... 38 
6.7.7. Requisitos de Preço ............................................................................................ 38 
7. CONCORRENTES .......................................................................................................... 39 
7.1 Análise dos concorrentes ........................................................................................... 44 
8. PROCESSO CRIATIVO ................................................................................................... 46 
8.1 Mapa Conceitual ........................................................................................................ 46 
8.2 Cartões de Insight ...................................................................................................... 49 
9. CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................ 50 
9.1 Inspiração ................................................................................................................... 50 
9.2 Desenhos da Aline Pachamama ................................................................................ 51 
9.3 Paleta de cores .......................................................................................................... 51 
9.4 Atributos relacionadas ao projeto ............................................................................... 52 
9.5 Geração de conceito .................................................................................................. 52 
9.6 Conceito ..................................................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 53 
 
 
 
8 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A história dos povos originários no Brasil é marcada pela falta de 
conhecimento do seu passado e da sua cultura. Por esse motivo a Lei nº 10.639 é 
alterada, pela Lei nº11.645, de 2008, que constitui as bases da educação nacional, 
para incluir no currículo a temática da história e cultura Afro-Brasileira e Indígena. 
Apesar da inclusão dessa lei, ainda existem obstáculos no caminho da 
educação como ser escasso, restrito, pouco difundido e de difícil acesso o material 
encontrado sobre o assunto. Além disso, diversos materiais não levam em conta a 
opinião dos próprios povos em relação ao assunto, por isso, existe um quadro de 
muito preconceito e desinformação em volta desta temática. 
Nas escolas, a questão das sociedades indígenas, frequentemente ignorada 
nos programas curriculares, tem sido sistematicamente mal trabalhada. 
Dentro da sala de aula, os professores revelam-se mal informados sobre o 
assunto, e os livros didáticos, com poucas exceções, são deficientes no 
tratamento da diversidade étnica e cultural existente no Brasil (...). As 
organizações não-governamentais, que têm elaborado campanhas de apoio 
aos índios e produzido material informativo sobre eles, têm atingido uma 
parcela muito reduzida da sociedade (Grupioni, 1992, p. 13). 
 
Para mudar esse cenário é proposto um projeto que contribua para 
disseminar a cultura dos povos originários de uma maneira lúdica e criativa para os 
alunos do ensino fundamental. Os jogos como forma de aprendizagem são uma 
maneira eficaz, visto que os jogos de tabuleiros voltados ao role-playing game 
(RPG), possibilitam uma entrega absoluta na brincadeira, estimulam o raciocínio, 
cooperação e interação, além de auxiliar no desenvolvimento mental e social. De 
acordo com Borba (2006, p. 41), “[...] a brincadeira é um lugar de construção de 
culturas fundado nas interações sociais entre as crianças”. Durante o brincar as 
crianças tornam-se “[...] agentes de sua experiência social, estabelecem diálogos, 
organizam com autonomia suas ações e interações, construindo regras de 
convivência social e de participação nos jogos e brincadeiras” (MARIA, et al, 2009, 
p.7). “Brincando, jogando, recreando, festejando, aprende-se a aprender e aprende-
se a aprender como se aprendeu” (BATESON, 1977 apud LOPES, 2014, p.30). 
O Povo Puri, escolhido como objeto de pesquisa, é o povo originário que 
inspira o direcionamento da criação do jogo de tabuleiro, já que são povos 
pertencentes à região do sudeste mineiro e também pela contribuição da Aline 
Rochedo Pachamama - Churiah Puri. 
9 
 
 
A história desse povo é repleta de fatos, memória de seus descendentes e 
uma luta contra a invisibilidade e escravidão. A etnia, uma vez já considerada 
extinta, mostra sua presença por via das narrativas e práticas culturais. 
A opção da temática ocorre também pelo fato do avanço do movimento contra 
a elaboração de pesquisas ou projetos que não contenham a participação dos 
próprios originários, afinal, a valorização da história e memória é muito importante 
para manter sua cultura presente. Assim, a proposta se desenvolve por meio da 
coparticipação da Aline Pachamama, por meio de diálogos e da disponibilização de 
seu material e de anos de pesquisa para que seja possível projetar algo que 
realmente esteja de acordo com os povos originários, fomentando a cultura, 
identidade e território deste grupo. 
Deste modo, a pesquisa busca desenvolver um jogo de RPG sobre os Povos 
Puri e a preservação da Mantiqueira por meio da metodologia do Design Thinking 
para que se possa compreender e explicar de uma forma lúdica a cultura e históriadesse povo para os alunos do ensino fundamental. 
 
2. OBJETIVOS 
 
 2.1 Objetivo Geral 
 
Projetar um jogo de tabuleiro no formato de RPG (role-playing game) sobre os 
Povos Originários Puri e a preservação da Mantiqueira para alunos do ensino 
fundamental. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
a) Promover a conscientização da selva da Mantiqueira. 
b) Informar sobre o povo Puri e, consequentemente, sua cultura e 
diversidade. 
c) Incentivar a cooperatividade e interesse acerca do os povos originários 
aos alunos. 
d) Produzir material consonante com a lei Nº 11.645 que impõe às 
escolas a produção de assuntos sobre a temática "História e Cultura Afro-Brasileira 
e Indígena". 
10 
 
 
e) Promover uma reflexão sobre a importância dos povos originários 
produzirem o conteúdo e contarem suas próprias histórias. 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 
Em 2008 foi promulgada a lei nº 11.645 que determina a inclusão do ensino 
da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas nos currículos escolares da 
Educação Básica pública e privada no Brasil. Apesar disso, o ensino da história 
originária no Brasil é marcado pela sua insuficiência, limitação e desinformação, 
transformando o saber em uma prática que estimula o preconceito e a generalização 
dos povos. 
A criação de um jogo como método de ensino, busca trazer diversão para sala 
de aula, que de maneira geral traz seriedade e tensão para os alunos. O ensino 
lúdico tem como objetivo suavizar o aprendizado, incentivar a socialização e avaliar 
os comportamentos. A palavra Lúdico vem do latim Ludus, que significa jogo, 
divertimento, gracejo, escola (ROLOFF, 2010). 
O designer deve transcender as responsabilidades como projetista, 
alargando o foco do projeto, integrando as partes interessadas, valores, 
insumos e território, a fim de promover novos cenários por meio de 
conceitos, estratégias e ferramentas (MACIEL et al, 2018). 
 
Assim nesse projeto busca-se desenvolver um jogo com objetivo de facilitar o 
ensino sobre os povos indígenas, incrementando de forma lúdica o conteúdo cultural 
do povo Puri, a história e o território, além da necessidade de preservação do meio 
onde vivem. Para eles, também é um elemento importante para estimular a prática 
do seu povo, já que é com o reconhecimento externo que a prática cultural ganha 
mais força. 
Um grupo cultural se expressa diante de estímulos externos, diferenciando-
se de outros. Essa excreção é a manifestação de sua identidade, dos traços 
distintos que possibilitam o reconhecimento e a diferenciação diante de 
situação concreta num momento específico. A identidade se fundamenta na 
cultura, mas não é a cultura. A cultura é inerente a um grupo; a identidade 
se manifesta como ação social e coletiva concreta frente a outro (s). A 
cultura une um grupo; a identidade a deferência de outro. (PERICO, 2009, 
p. 63). 
 
Portanto, vê-se a relevência da atuação do designer como um ator importante 
na valorização da memória e da cultura, além de valorização do indivíduo e criação 
co-participativa, em que assim, os povos originários serão valorizados e sua história 
11 
 
 
será multiplicada aos estudantes de forma correta e por um meio lúdico, que gere 
interesse no usuário. 
 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
4.1 Aline Rochedo Pachamama 
 
Esse projeto se embasa no princípio da cocriação, como “um auxílio no 
processo de criação o deixando mais crítico, pois no design participativo o usuário é 
o sujeito central do processo de design” (ANDRÉ; FRAGELLI, 2016). A proposta é 
desenvolvida juntamente com a Aline Rochedo Pachamama do povo Puri. Assim, 
todo conteúdo relacionado a esse aspecto é sobre sua perspectiva. 
Sua carreira é voltada para as causas dos povos originários. Segundo 
entrevista dada para a Revista Digital Formação em Diálogo (2020). Seu currículo é 
diverso como mostra abaixo: 
Doutora em História Cultural pela UFRRJ e Mestre em História Social pela 
UFF, fora do âmbito acadêmico criou a Pachamama Editora, lecionou no 
fundamental, ensino médio, na formação de professores e também possui 
experiência no ensino superior (Revista Digital Formação em Diálogo, 
2020). 
A pesquisadora possui alguns projetos na área, como por exemplo, a Herança 
Indígena, Memória Afetiva e História, e escreveu um dos primeiros livros indígenas 
bilíngues. Autora de uma série de livros na área de Culturas e Diversidade, dentre 
eles o projeto literário Mulheres Indígenas em Contexto Urbano, o que acarretou na 
publicação do Livro Guerreiras e do livro infanto-juvenil polilingue Taynôh. Também 
escreveu Pachamama - A poesia é a alma de quem escreve em 2016. Atua nas 
áreas de História do Brasil, História das Mulheres no Brasil, Culturas Indígenas, 
Artes e Ilustração, Educação, História Oral, Produção Literária e Cultura. 
A escolha da Aline foi devida sua contribuição direta em vários estudos, como 
citado acima e também sua disponibilidade em participar do processo, como 
participar de entrevistas e fornecer materiais de estudo. 
Pois, se há uma certa unanimidade entre os indígenas, é de que já chega 
de tanta gente falando pela gente. O que a gente quer é esse espaço da 
fala. Já passou da hora de falar. E existe hoje uma chance real de nos 
apresentarmos com dignidade para a sociedade. E o próprio argumento 
nosso, de que não somos apresentados devidamente, tem de ser combatido 
com uma apresentação própria, devida (ESBELL. p 47, 2018). 
 Além de ser essencial a coparticipação do povo, para que assim, por meio 
dela, seja possível uma representação legitima da sua cultura, respeitando o lugar 
de fala que há muito tempo foi dominado pelos colonizadores. 
12 
 
 
4.2 O Termo Índio 
 
A denominação “índio” começou a ser empregada no século XV aos povos 
originários. Pesquisas apontam que essa palavra só foi utilizada pela semelhança 
dos povos com o rio Indu, Sânscrito Sindhu, um dos setes rios sagrados da Índia. 
Porém a hipótese de Cristóvão Colombo ter pensado que havia chegado às Índias 
não é sustentada pela Aline Pachamama como alguns estudos defendem. Existem 
305 etnias atualmente no Brasil, antes da época da invasão portuguesa eram mais 
de 1000. Este termo, “índio”, marca toda uma história e uma cultura totalmente 
distinta uma das outras, generalizando e reduzindo a diversidade dos povos em uma 
palavra que nem ao menos faz alguma referência com os povos originários 
(PACHAMAMA, p. 5-6, 2019). 
A formação da imagem que personifica os “índios”, desde os discursos 
políticos, serviam para a constituição do nacionalismo, cuja proposta era criar a 
nação em moldes europeus, em que não havia lugar para pluralidades étnicas e 
culturais (ALMEIDA, 2003). 
Diante disso a palavra índio, não será empregada nesta pesquisa, por 
respeito ao significado que ela possui para os povos, será utilizado o termo “povo” 
ou “povos originários”. 
 
4.3 História Oral 
 
Existe uma palavra chamada Boacê Uchô na língua do povo Puri, que 
significa “Palavra-Terra” ou “Terra que fala”. Essa terra são os ancestrais que 
passam seus conhecimentos por gerações. Segundo Aline Pachamama o 
aprendizado está na terra, na oralidade e também na memória (LEMES DE SOUZA; 
VIANNA; ALCÂNTARA, p.109-110, 2019). 
Afinal a história oral “é uma metodologia que consiste em realizar entrevistas 
gravadas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, 
modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea” (CPDOC/FGV (2016). 
A pesquisa oral é fundamental, já que existem poucas pesquisas nesse âmbito da 
história sem que seja pelo lado dos colonizadores. Assim, a história oral apresenta-
se como a melhor forma de extrair informações sobre essa temática. 
 
13 
 
 
A representação que o indivíduo fez desses eventos, a afetividade do 
indivíduo na sua relação como entorno social, suas opiniões, suas 
impressões, suas vivências. Pois justamente entende-se que, ao contar sua 
história pessoal, o indivíduo podeestar contribuindo para contar a história 
de uma instituição, de uma comunidade, de uma época (DE SORDI, 2007: 
9). 
 
A oralidade possibilita valorizar a sensibilidade histórica, sinalizando a 
interpretação da emoção, da felicidade, do medo, da rejeição, dentre outros sentidos 
que estruturam a vida cotidiana. O método oral utiliza de outros sentidos, como as 
emoções. Paul Thompson, 2002, psicanalista pioneiro da história oral afirma que ela 
é um ouvir mais, é ter atenção para os sinais e não apenas as palavras, é escutar o 
silêncio. 
A História Oral é diferente das outras metodologias, ela é prática e instável, 
mas o principal, ela respeita as diferenças “[...] todos são personagens históricos, e o 
cotidiano e os grandes fatos ganham equiparação na medida em que se trançam 
para garantir a lógica da vida coletiva” (MEIHY, p.15, 2002). 
A exposição entre quem ensina e quem ouve é também algo a se estudar. 
Para ensinar é necessário saber sobre o assunto aplicado, como Aray Benitez, do 
povo Guarani, explica “A história dos povos da América Latina não é e não será 
aquela contada pelos homens brancos que invadiram nossos territórios; a história a 
escrevem os povos e somente o povo Puri pode construir e contar sua história” 
(Benitez apud PACHAMAMA, 2019). 
Como sinaliza o historiador Adailton Santos, “o silêncio dos Puri diz muito”. 
Por muito tempo, os remanescentes do povo Puri da região do sul de Minas, 
por exemplo, apenas conversaram com seu núcleo familiar, na esfera 
privada. Muitos ainda hoje não se autodeclaram por esse motivo 
(PACHAMAMA, 2018b, p. 147). 
 
Quem conhece a própria história dos povos Puri, são o povo Puri, assim, 
sugere-se que quem precisa falar são eles. Portanto, por meio desta valorização da 
memória e cultura de um povo, e como forma de não distorcer sua cultura, o 
presente trabalho só contempla os ensinamentos da Aline Pachamama a respeito do 
povo Puri, visto que, existem outros pesquisadores na área que falam sobre a 
cultura sem nunca ter pertencido ao povo. 
 
 
 
 
 
14 
 
 
4.4 Os povos Originários 
 
Segundo o IBGE (2010), no Brasil existem 305 povos originários, com 
aproximadamente 900.000 pessoas, cerca de 0,4% da população nacional. Com 
13% do território brasileiro, são 690 territórios em cuja maioria se encontra na 
Amazônia, restando apenas 1,5% da área restante do país. 
Em 1500 quando os europeus chegaram no Brasil, os principais povos 
encontrados foram os da região sul da Mata Atlântica, como exemplo, os povos 
Guarani e os Kaingang, e também no interior e litoral do Nordeste, como os Pataxó 
Ha Ha Hãe e os Tupinambá (SURVIVAL BRASIL, 2019). 
Existem atualmente 103 povos isolados na Amazônia, reconhecidos pelo 
Estado, sendo essa taxa a maior de qualquer lugar do planeta, e alguns podendo ser 
encontrados apenas nas áreas mais remotas do estado do Acre (FUNAI, 2016). 
A maioria dos povos originários vivem da floresta, utilizando da caça, coleta e 
pesca. Também possuem grande conhecimento da fauna e flora, usam as plantas, 
tanto como alimentos, como também para medicamentos, além da utilização de 
construções e objetos. Todos os povos possuem um importante papel na proteção 
da biodiversidade (SANTOS, 2006). 
Segundo estudos, as terras dos povos originários são atualmente a mais 
importante barreira contra o desmatamento da Amazônia (FIG1) (DE SOUZA; 
ESCADA; GALVÃO, p.3, 2019). Demonstrando assim sua importância, em não 
apenas manter viva sua origem, como também se relaciona à sustentabilidade e 
preservação dos recursos naturais. 
Figura 1. Barreira contra o desmatamento 
 
Fonte: Survival Brasil. Disponível em: <https://www.survivalbrasil.org/povos/indios-brasileiros> 
Acesso em: 13/08/2020 
https://www.survivalbrasil.org/povos/indios-brasileiros
15 
 
 
Os povos têm conexões espirituais com a terra, o que, como consequência se 
reflete nas suas histórias orais, cosmologia, nos mitos e rituais. Existe também uma 
parcela de grupos que utilizam plantas alucinógenas para se conectar com os 
espíritos e a curar doenças. São várias as cerimônias entre os povos, sendo a 
transição da infância para a idade adulta uma delas. Em Tikuna, por exemplo, 
quando a garota menstrua pela primeira vez, é pintada de preto com genipapo e 
adornada com penas e por quatro dias deve pular sobre o fogo. Depois disso, um 
isolamento que dura meses, em que é ensinada sobre a história do povo e suas 
responsabilidades. Já o povo Xingu possui uma cerimônia fúnebre para os líderes 
que morreram, são representados por troncos de madeira decorados com o nome de 
Kwarup (SURVIVAL BRASIL, 2019). 
Percebe-se, portanto, quão ricas são as histórias e memórias dos povos 
originários. Quantas tradições que se não forem registradas, podem ficar no 
esquecimento, sendo que esta é também a história de todos no Brasil, tendo em 
vista que eles foram os primeiros nestas terras. 
 
4.4.1 História dos povos originários 
 
 A história dos povos originários desde a chegada dos europeus é marcada 
pela brutalidade, escravidão, violência, doenças e genocídio. Estipula-se que o 
número de habitantes dos povos era cerca de 11 milhões, com mil línguas diferentes 
e hoje em dia restam apenas 500 mil com 180 línguas (CUNHA, 2018). 
Na década de 1950 o número caiu tanto que era estimado uma possível 
extinção em 1980. A história começou a mudar em 1967, quando um procurador 
federal chamado Jader Figueiredo escreveu um documento de 7.000 páginas, 
contendo todos os crimes cometidos contra os povos, como o massacre do paralelo 
11 em 1963, em que um barão da borracha ordenou que soltasse dinamite no povo 
de Cinta Larga. Os sobreviventes foram assassinados por facões dos seringueiros, 
resultando em 3500 mortos. Essa manchete pressionou as entidades o que 
possibilitou a criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) substituída 
posteriormente pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) (SURVIVAL BRASIL, 
2019). 
Em 1970 e 1980, houve nova onda de desmembramento das terras, depois 
que a Amazônia foi aberta pelos militares gerando uma nova onda de 
16 
 
 
desenvolvimento como a construção de estradas, hidrelétricas, pecuária e 
mineração, por conta disso diversas terras foram roubadas e os povos mortos. Em 
1988 com a criação de uma nova constituição, os apoiadores aos povos originários 
fizeram pressão e, desde então, seus direitos aumentaram e muitos avanços foram 
feitos. Atualmente, percebe-se que já são mais de 200 organizações que lutam e 
defendem estes povos (SURVIVAL BRASIL, 2019). 
Para Bessa (2009) a história dos povos originários é retratada por seis 
experiências vivenciadas abrange ensaios, exposições, projetos e museus. O ponto 
mais importante é o protagonismo dos povos na divulgação da sua história e cultura. 
Todas essas manifestações deram uma maior visibilidade e valorização ao 
originário, como também conhecimento em relação às plantas medicinais e 
agricultura, por exemplo. 
Além de ser uma valiosa fonte de informação. É importante destacar que no 
cenário atual, não cabe mais que os índios sejam vistos como objetos 
musealizados, eles passam a ser agentes organizadores de sua memória, 
protagonista de suas histórias e passam a ocupar seu lugar de fala (BESSA, 
2009). 
4.5 Os Puris 
 
A história do povo Puri nesse tópico é retratada sob a perspectiva da Aline 
Pachamama presente nos livros: Ecologias das águas: o futuro em corrosão de 2019 
e Clamor das águas: A busca por nova identidade para as águas minerais do Brasil 
de 20181. 
Todos os Povos Originários lutam pela preservação do ambiente, 
principalmente os da Serra da Mantiqueira. Percebe-se que um dos únicos motivos 
dela ainda ser encontrada é pela proteção do povo Puri. O nome Mantiqueira 
provém do idioma Tronco-Tupi que significa “a Serra que chora”. Para o povo Puri 
tem o nome de “Ororona Inhã Nhama” a “Serra Mãe das Águas” (PACHAMAMA, 
2018). 
A árvore Sapucaia é o coraçãode sua cosmologia, chamada de Lonke – no 
idioma próprio -, nela seu povo agradece e pede força para manter a Serra da 
 
1 Como citado anteriormente, a opção por embasamento único da autora se dá pelo nível de 
relevância da mesma na área da pesquisa, além de ter sido percebido que os outros conteúdos não 
possuíam fontes seguras. 
17 
 
 
Mantiqueira protegida, afinal preservá-la é deixar viva sua cultura. Para continuar 
com essa chama acesa, frequentemente os povos Puri promovem a 
conscientização, o reconhecimento e o respeito aos seus antepassados, o chamado 
“Cambuquira” para eles que significa “O lugar sagrado das Águas” que é a região da 
presença dos povos Puri, onde ouvem e transmitem adiante tudo aquilo que foi 
ensinado (PACHAMAMA, 2018). 
Puri significa calmo ou caminhante, conhecedores da fauna e flora, levam 
consigo a semente da Mata Atlântica, presente nos estados de Minas Gerais, Rio de 
Janeiro, São Paulo e Espírito Santo (PACHAMAMA, 2018). 
 Possui também um idioma próprio da matriz linguística MacroJê, reconhecido 
como Patrimônio Imaterial do Brasil, com informações escassas. Recentemente foi 
descoberto um núcleo familiar em Piau-MG, conhecedores dessa linguagem, com 
um praticante fluente do idioma e da cultura dessa família, o Marcos Apoena Puri, 
cujo idioma foi aprendido por meio de seus avós. Marcos relata que sua família vive 
em Piau-MG desde o século XIX, com sobrenome de registro Silva Mendes. A 
cultura Puri é praticada de forma privada, devido traumas no passado, relacionados 
aos homens brancos (PACHAMAMA, 2018). 
Como na família de Marcos Apoena o povo Puri ainda habita em pequenos 
clãs da Mantiqueira, eles utilizam todos os elementos da floresta, tanto para a 
alimentação como para o uso medicinal, uma referência para a etnia. Mãe da Aline 
Pachamama, Jecy Puri, possui 72 anos e em sua memória, aborda sua vida na 
serra. Da mata ela nasceu, se alimentou, fazia remédios, artesanatos e produzia 
bonecas de pano (PACHAMAMA, 2018). 
 
4.5.1 História 
 
O povo Puri foi expulso de seu território e traz consigo um processo de 
invisibilidade e escravidão. Sua história é marcada como sendo considerados 
extintos, mas mostram sua força em Minas Gerais, por meio da oralidade e das 
práticas culturais, atestando que a história está guardada tanto na memória humana 
como nas árvores e animais da Mantiqueira. 
Os conflitos entre os brancos datam em seu início no século XVII, mesmo 
período em que o povo foi escravizado, no Vale do Paraíba do Sul, no Sul de Minas 
e também na construção de Taubaté, em São Paulo. Existem relatos de resistência 
18 
 
 
por parte da etnia diante da catequização, o que só aumentou quando intensificaram 
o processo de mineração na região. Relatos apontam que os Puris sofreram 
perseguição, violência, até mesmo sendo obrigados a usar roupas infectadas de 
varíola (PACHAMAMA, 2018). 
Sob o comando de Guido Tomás Marlière, responsável por exterminar 
milhares de originários, foi estabelecido “divisões Militares”. Segundo Ricardo de 
Oliveira, existem informações relacionadas aos povos Puri que apontam um 
tratamento diferente em relação a outras etnias, “[...] ao que parece, estes índios 
associaram-se rapidamente aos brancos, como feito pelos Coroados, oferecendo 
menor resistência que os Puri” (OLIVEIRA, 2009). 
Os povos Puri eram pacíficos apesar dos homens brancos não os verem 
dessa forma. Como aponta Oiliam José, os povos “[...] só se defendiam pela guerra, 
e muito mal, quando atacados de surpresa ou impedidos de fugir” (JOSÉ, 1982). 
Enquanto nos jornais era relatado o medo que os fazendeiros sentiam dos 
originários e por isso a necessidade de usar a violência. 
“Adentraram a área de território indígena e lançavam uma série de 
informações ilícitas, a fim de justificar a captura e extermínio, a invisibilidade, 
cristalizando uma memória de traumas e medo” (PACHAMAMA, 2009). 
Há um grande desejo em criar um espaço, a muito tempo tirado deles, para 
promover um sentimento de moradia, de memória e história. “Um espaço de 
relações sociais, onde há o sentimento de pertencimento dos atores locais à 
identidade construída, e associada ao espaço de ação coletiva e de apropriação, 
onde são criados laços de solidariedade entre esses atores” (BRUNET, 1990). 
 
4.5.2 Habitações 
 
Segundo Aline Pachamama (2018) as moradias dos antigos povos Puris são 
chamados de n’guaras (FIG 2). Diferentemente das outras etnias, essas habitações 
eram formadas por dois troncos de árvores, em que uma rede de embira era 
posicionada, fibra da casca de algumas árvores e em seu teto era formado de 
folhagens de palmeiras e bananeiras. 
 
 
 
19 
 
 
Figura 2. As n’guaras, habitação do povo Puri 
 
Fonte: Indios Puris. Disponível em: <https://indiospuris.blogspot.com/2019/05/cultura-puri_3.html> 
Acesso em: 13/08/2020 
 
 4.5.3 Cosmologia 
 
Esta temática possui uma profunda conexão com a terra, sendo que para o 
Puri eles pertencem à mata. A Lonke (Sapucaia) é uma árvore especial, que do seu 
fruto, caracterizado pela presença de uma caçamba com amêndoas, se alimentavam 
e da proteção externa faziam artesanato e utensílios. 
O plantio trazia um respeito profundo diante a Lonke e a lua, segundo Jecy 
Puri: 
Quando chegava na época de plantio, minha mãe falava: “Vamos ver 
primeiro a lua. ” Ela que ia com a gente, preparava a terra e fazia o plantio. 
“Vamos plantar na Lua Nova e colher na Lua Cheia, para poder render os 
grãos. Tem que saber certinho”. Para preparar a terra, observava a 
qualidade da terra, o tamanho do roçado; derrubava um pequeno trecho da 
mata; não queimávamos a terra. A gente só limpava mesmo. Limpávamos a 
terra, cavávamos e íamos colocando a semente (PURI, Jecy apud 
Pachamama, 2018).2 
Na cultura Puri, sempre houve a coletividade entre homens e mulheres. Os 
conhecimentos da pajelança, prática/ritual de curar, era responsabilidade das 
mulheres, muitas das informações encontradas também foram preservadas por elas. 
Jecy Puri relata com grande entusiasmo as atividades que fazia: 
 
 
2 Relato de JECY PURI. In. PACHAMAMA, 2018. 
https://indiospuris.blogspot.com/2019/05/cultura-puri_3.html
20 
 
 
Mas o que minha mãe mais gostava de fazer eram os cestos. Ela fazia de 
palha de milho e também potes de barro. A argila era de um lugar de onde a 
gente morava. Um pouco longe. Todo mundo da casa era envolvido naquele 
trabalho. A mãe coava a argila. Deixava descansar a argila. E, depois, ia 
amassando como uma massa de pão nas gamelas. Até ficar na espessura 
do pote. A gamela era minha avó quem fazia. E colocava a argila na gamela 
e ia subindo com ela, formando os potes. Eu e meus irmãos políamos os 
potes com umas pedrinhas. Os potes também vendiam. Eram potes de 
vários formatos, para botar água, panelas para fazer comida. Eu tenho um 
pote dela. Uma panela. A cesta de milho, minha mãe fazia porque gostava 
muito e também para ajudar no sustento da família. As crianças sempre 
ajudavam. A gente pegava as palhas mais clarinhas do milho (das espigas), 
colocávamos de molho na água e depois minha mãe rasgava as palhas do 
tamanho certo. Depois, ela enrolava a palha e torcia uma por dentro da 
outra, formando os cordões. Ia emendando como um fio grosso. A palha 
precisava estar úmida ainda. Ela tinha uma base de madeira para fazer o 
formato da cesta e nessa base ela ia unindo os cordões e dando formato da 
cesta. Fazia uma “trançagem” com os cordões. Ia tecendo. Eu tenho na 
mente esse processo, mas não fiz mais. Meu pai fazia balaio de bambu, 
mas eu não sei explicar como ele fazia. Só os homens faziam esse balaio 
(Puri apud Pachamama, 2018).3 
Na relação do sagrado, a água, a lua e a terra estão muito presentes, até a 
menstruação está relacionada a esses três elementos, usando como ritual a árvore. 
Apoena Puri conta que sua avó tomavaágua com jurubeba de manhã, para purificar 
seu corpo. 
O trabalho com a arte sempre esteve muito frequente para o povo, Helenice e 
Helena Joaquina, mãe e filha descrevem essa prática: 
Sou Helenice, Puri da região Rio Pomba. Tenho 44 anos. Eu trabalho com 
argila, com massagens ligadas à terapia com argila. Procuro com isso 
resgatar minha cultura indígena. Essa ligação que a gente tem com a terra e 
com a cura que acreditamos que a terra traz para nós, das enfermidades do 
corpo e da alma. Essa é a ligação que nós temos com a natureza 
(Pachamama, 2019)4. 
A vida dos povos Puri está interligada a Mantiqueira, por meio das sementes, 
raízes, folhas, frutas, frutos e também pela medicina e cosmologia. Além dos 
animais como a formiga, o tatu, o gavião terra, a cobra, o beija-flor, aranha e etc.. 
Tudo faz parte da teia que conecta o povo Puri a Mantiqueira. Para Teresinha Puri, 
viver nessa floresta faz com que ela se sinta parte dela: 
Eu moro no meio da natureza, num cantinho ainda preservado de mata. Eu 
contemplo a chegada da Lua. Converso com a natureza. Isso está muito 
relacionado ao nosso sangue Puri. Eu amo cada planta, cada pássaro, tudo 
que está relacionado a natureza e defendo mesmo (Pachamama, 2019). 
 
3 Relato de JECY PURI. In. PACHAMAMA, 2018 
4 Helenice Puri. Entrevista realizada por Aline Rochedo Pachamama em 4 de junho de 2018. 
21 
 
 
Assim, apesar de não possuírem mais um local fixo, percebe-se o apego às 
memórias e o desejo de manter viva sua cultura. 
 
4.5.4 A Pedra Sonora 
 
Existe um lugar na Mantiqueira do Rio de Janeiro conhecido como “Pedra 
Sonora” (FIG 3) um lugar de grande Memória Puri, tombado pelo Patrimônio 
Histórico e Paisagístico de Resende-RJ (PACHAMAMA, 2019). 
Segundo Aline Pachamama (2019) contam os povos, que naquele local os 
Puri e os Coroados disputavam a posse de terra. Em um dia, um guerreiro, fazendo 
reconhecimento do local, foi atingido por uma flecha no pescoço, como não podia 
gritar, em um ato de desespero, ajoelhou na pedra deixando seu machado cair sobre 
ela, um som muito alto ecoou no lugar, quando percebeu isso, o guerreiro bateu 
repetidas vezes. 
O povo Puri curioso pelo som, foi em direção ao barulho e conseguiram 
chegar a tempo de salvá-lo. Acredita-se, desse dia em diante, que quem bater 
naquela pedra é protegido de qualquer mal (PACHAMAMA, 2019). 
 
Figura 3. Pedra Sonora 
 
Fonte: Santa Fé Penedo. Disponível em: <https://blog.santafepenedo.com/2016/09/21/pedra-
sonora/> Acesso em: 13/08/202 
 
 
 
22 
 
 
4.5.5 O povo Puri nos dias de hoje 
 
O povo Puri passa por um processo de autoconhecimento, são realizadas 
reuniões para a prática da cultura e de seu idioma, redescoberto graças ao grupo 
familiar da cidade de Piau, todo esse processo fortalece a presença da etnia. 
A família do Piau guardou muito da cultura, segundo Apoena “Para nós, o 
idioma não é algo que envolve reconstrução. Nosso idioma é vivo, assim como as 
práticas ritualísticas de cotidiano da sabedoria Puri” (PURI apud Pachamama, 2019). 
“O mais importante na luta do Povo Puri é estimular a procura pessoal de 
outras pessoas a construir também sua história e a valorizar sua herança indígena. 
Bhitanah Puky! Abhichã”guêh! Metlon Puri! Força Puri! ” (PACHAMAMA, 2019). 
Atualmente, o povo Puri, não tem aldeia, eles têm território. Os 
remanescentes Puris estão em sua maioria situados na zona da Mata (MG), o vale 
do Paraíba (RJ) e a Mantiqueira (MG, RJ, SP). Esse deslocamento aconteceu, 
principalmente, pela ameaça de escravidão. Seu povo foi forçado a fugir em 
pequenos grupos se estabelecendo nas proximidades da Mantiqueira 
(PACHAMAMA, 2019). 
Para Nora (1993), existem lugares cheios de sentimentos que são usados 
para compensar a memória, o lugar ajuda a definir uma identidade, tanto 
individualmente como em grupo. Na cultura Puri, não é diferente, seus lugares 
carregam vários sentimentos e memórias, como a produção da farinha de pinhão, no 
Mirantão (Minas Gerais), a forma de plantar usando a lua; a produção de bonecos de 
pano, preenchidos por paina, e o cultivo da terra. 
Os povos Puri, já sofreram demais com o estereótipo “indígena”, muitos 
deixaram de praticar sua cultura ou se escondem, por esse motivo a visibilidade se 
torna tão importante. Como mostra Tereza: 
Na infância passavam pra gente que ser índio era coisa selvagem, era coisa 
muito ruim. Fiquei um ano sem estudar porque na escola quando me 
chamavam de Teresinha Puri era no sentido de ofender. Minha avó contava 
que nossa tribo teve que fugir aqui para as montanhas. Na pedra selada, 
nas cavernas da Mantiqueira[..]5 (Pachamama, 2019). 
Assim, o que percebe-se é a luta do povo Puri para resgatar e manter viva 
sua história. 
 
5 Entrevista com Teresinha Puri, realizada por Aline Rochedo Pachamama. Mantiqueira, 22 de 
setembro de 2019. Maringá-Mantiqueira. 
23 
 
 
4.6 A Mantiqueira 
 
A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizado no Sudeste, 
entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro6, possuindo diversos 
animais, alguns até ameaçados de extinção, como a Capivara, o Veado-Mateiro, a 
Paca, a Jaguatirica, o Lobo-Guará, o Esquilo, o Tatu, entre outros. O local também 
abriga diversas aves o Azulão, a Seriema, o João de Barro, o Bicudo, a Maitaca, o 
Tucano, o Beija-Flor, a Gralha Azul, etc. 
O nome Mantiqueira provém da palavra em tupi-guarani "Amantiquira" que 
significa "Montanha que Chora", pelas inúmeras nascentes, cachoeiras e riachos 
que o território possui. A floresta também tem uma vasta biodiversidade, sendo o 
local que possui a maior preservação da Mata Atlântica, e, como aborda Simas 
(2006), sua altitude a protege de todos os perigos (SIMAS; SIMAS; SIMAS, 2006). 
A Mantiqueira é o verdadeiro pulmão verde da região do Sudeste, nela estão 
presentes várias árvores como o Angico, a Quaresmeira, o Ipê, a Canela, o Pinho 
Bravo e bosques de Araucária, dentre outras (RECANTOS E ENCANTOS DA 
SIMONE, 2016). 
 
4.7 A Lei 11.645 e a importância do ensino sobre os originários 
 
A Lei Nº 11.645, criada em 10 de março de 2008, modifica a Lei nº 10.639 de 
2003, para incluir no ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena". 
A alteração da Lei 10.639 foi realizada pelas diversas reivindicações desses 
povos e de seus apoiadores que lutavam pela integração de suas histórias ao ensino 
escolar, afinal todas elas marcam nossa sociedade e merecem ser tratadas de forma 
condizente. A história dos povos originários é muito pouco valorizada, o 
conhecimento sobre ela é muito mal difundindo e também é generalizado. Apesar 
dos avanços em relação a essa temática, ainda possui muita desinformação e 
preconceito na sociedade, estando ainda distantes de haver a integração e o 
reconhecimento merecido (GRUPIONI, 2020). 
Um dos principais motivos por essa ignorância é a falta de informação acerca 
desses povos. O panorama presenciado é que o conhecimento sobre os povos 
 
6 De acordo com o site Renópolis. Disponível em: https://renopolis.com.br/fauna-e-flora. 
Acesso em: 10 ago. 2020. 
24 
 
 
originários é restrito, limitado e mal divulgado. Segundo, Telles (1987), Almeida 
(1987:14), Rocha (1984:29), Pinto e Myazaki (1985), alguns grandes pedagogos, 
antropólogos e historiadores, ao pesquisarem sobre os povos originários nos livros, 
perceberam as seguintes falhas: 
1) Tantos os originários quanto os pretos quando estudados, são 
destacados no passado e sempre de uma forma secundária, os portugueses como 
os principais e os outros povos como escravos e com uma função de colonizador; 
2) Os livros didáticos se limitam em um contexto basicamente europeu; 
3) A história omite toda a história que acontece no continente; 
4) Os povos originários são descritos pela faltade traços culturais, como 
a escassez de escrita, governo, tecnologia e etc; 
5) Existe ausência, resumo, limitação do papel do originário a história; 
6) Estudam os povos originários generalizando, ignorando completamente 
toda a diversidade que existe entre eles; 
7) Apresentam um duplo pensamento sobre os originários, ou vivem na 
Amazônia ou já foram para a civilização, onde foram aculturados. 
Todos esses problemas com os livros são importantes, já que em sua maioria 
são neles que estão presentes todas as informações aprendidas em sala de aula. 
São também nestas obras que, muitas vezes, se origina o conhecimento dos 
professores, e quando não é apresentado as histórias dos povos originários nesses 
livros didáticos, o mesmo não é aprendido (GRUPIONI, 2020) e por consequência, 
esquecido. 
Norma Telles (1987), historiadora, relata que é na infância e adolescência, 
etapas em que pessoas majoritariamente frequentam a escola, é onde estudam 
sobre as culturas e sobre os povos, através dos livros didáticos (TELLES, 1987). 
Segundo, Aline Pachamama (2019) a história presente nos livros não os 
representa, todo material didático estabelece uma história eurocêntrica e não a dos 
povos, assim, os alunos aprendem inglês, mas não sabem da natureza que os 
cerca. Todo o conhecimento originário também é realidade e cultura do país. 
 
 
 
 
25 
 
 
Com aprovação e publicação da Lei Nº 11.645/2008, que instituiu a 
obrigatoriedade de ensino da temática “História e Cultura Afro-brasileira e 
Indígena” na educação básica, muitos textos foram publicados e grupos de 
pesquisa estão se dedicando a pensar a formação de professores e a 
produção de material didático para suas escolas. Contudo, a produção 
dessa bibliografia e materiais didáticos da área ainda é escassa, pouco 
acessível e ainda formulada por profissionais não originários. Infelizmente, 
algumas das práticas que reforçam estereótipos e preconceitos sobre as 
populações originárias do país ainda persistem no espaço escolar. Por isso 
a importância do espaço de fala para profissionais Originários e Afro-
brasileiros nos debates em prol da metodologia da execução da lei 
(PACHAMAMA, p. 5, 2019). 
Apesar de existir a Lei 11.645, o ensino sobre os povos originários é precário, 
principalmente pela falta de professores originários e também pelo material didático 
produzido ser dos não-originários. 
 
4.8 Jogos na Escola 
 
Um dos aspectos principais das crianças e adolescentes é a curiosidade. 
Esse forte desejo em conhecer coisas novas tende a se dissipar com o tempo 
quando não incentivados. 
Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere 
habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a 
autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e 
da concentração e atenção (SANTOS, 1997, p. 24). 
Os incentivos para os alunos podem vir através do lúdico por meio dos jogos, 
já que é nítida nos comportamentos humanos. O Jogo está presente em todos os 
momentos, os egípcios, franceses, ingleses, por exemplo, usavam do jogo para 
definir estratégias para as batalhas, já que conseguiam ver em um panorama maior 
sobre o campo. 
O autor Johan Huizinga (2001) apresenta que o jogo tem um papel importante 
na formação cultural de uma sociedade. 
O ritual teve origem no jogo sagrado, a poesia nasceu do jogo 
e dele se nutriu, a música e a dança eram puro jogo. O saber e a 
filosofia encontram expressão em palavras e formas derivadas das 
competições religiosas. As regras da guerra e as convenções da vida 
aristocráticas eram baseadas em modelos lúdicos. Daí se conclui 
necessariamente que em suas fases primitivas a cultura é um jogo 
(HUIZINGA, 2001: 193). 
 
Os jogos estão contidos em toda a sociedade, as estratégias influenciam na 
economia, comportamentos e interesses. Toda essa conexão é provocada pela 
atração que o homem tem no jogo. Huizinga (2001) acredita que o jogo é o local em 
26 
 
 
que a pessoa pode viver uma vida imaginária em um mundo paralelo ao seu, sendo 
que a cultura humana só existe por causa dessa segunda realidade e é por isso que 
o homem possui o fascínio pelos jogos. 
Como exemplo disso, temos o famoso Jogo da Vida, nele a pessoa pode ter 
sucesso financeiro ou fracasso. Os jogos atuais procuram cada vez mais se 
aproximarem com a realidade, seguindo as regras do mundo real. Porém os que 
mais possuem sucesso, são os que não tem esse apelo real, as pessoas gostam 
dos jogos imaginários para fugirem da realidade ou apresentar uma realidade 
alternativa. 
O professor Marcos Tanaka Riyis (2004), cita 5 habilidades que são 
trabalhadas com quem joga R.P.G: 
 
● Socialização: Como o jogo é em grupo e o RPG não tem 
competitividade, os participantes precisam trabalhar em conjunto, fazendo com que 
a socialização seja trabalhada. Os personagens precisam conversar com o mestre e 
trocar ideias, também conhecem sobre as consequências já que a cada direção 
escolhido no jogo, te leva para um caminho. 
● Cooperação: Só é possível ganhar esse tipo de jogo com trabalho em 
equipe, cada personagem possui uma personalidade e habilidade e ambos se 
completam. 
● Criatividade: Ao se imaginar no mundo imaginário, criam a história e 
optam em como vencer os obstáculos e quais caminhos seguir. 
● Interatividade: Ao se comunicar com os outros jogadores e com o 
mestre, a história do jogo ajuda a ser definida, aprendem sobre todos os conteúdos 
relacionados com o jogo e por isso a necessidade da interação constante. 
● Interdisciplinaridade: Em um jogo, pode ser abordado vários temas 
com diferentes disciplinas ao mesmo tempo, como por exemplo, pode ter elementos 
de História e ao mesmo tempo conhecer os aspectos da natureza em Biologia. 
O R.P.G. foge do paradigma do raciocínio linear, incentivando os usuários a 
saber mais. Tudo que envolve o jogo é importante e quanto mais souber, melhor 
será sua performance e desenvolvimento. Além disso, o R.P.G é um dos únicos 
jogos que não estimulam a competição, e por isso que foi o jogo escolhido pela 
N.A.S.A a poder fazer parte da sonda que foi a Marte, pela sua característica de 
27 
 
 
cooperação, diferentemente dos outros que promovem a competição (ARAÚJO; 
FONSECA, 2005). 
Assim o R.P.G. pode contribuir com os jovens no que tange a comunicação e 
interação melhor com a sociedade, além de possuir a capacidade de ensinar de 
forma prática e divertida. Logo o R.P.G. serve para estimular a cooperação, o 
raciocínio e a interação. Ademais promove o crescimento na parte mental e social, 
contribuindo assim com a educação. 
 
4.9 Reaproveitamento de Materiais 
 
No Brasil, segundos os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, da 
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais 
(Abrelpe) em 2018, foram produzidos 79 milhões de toneladas de lixo urbano, ao 
comparar com todos os países da América Latina, o Brasil é o que mais gera 
resíduos, cerca de 40% do total na região, de acordo com a ONU Meio Ambiente. 
Estimativas apontam que se continuarmos dessa maneira, será possível alcançar 
100 milhões de toneladas em 2030. 
Para diminuir esse número é possível reciclar, um processo que visa diminuir 
o desperdício, reutilizando materiais ou produtos. Existem três componentes na 
hierarquia dos resíduos (3R’s): reduzir, reutilizar e reciclar. Esses fundamentos têm 
como objetivo diminuir os impactos ambientais. Reduzir se conecta a diminuir o uso 
dos resíduos, a reutilização atribui mais tempo de vida aos objetos, dá um novo 
propósito ao objeto. Por último a reciclagem transforma um produto em outro por 
meio de um processo físico ou químico. Há vários materiais descartáveis, os mais 
encontrados são: papel, plástico, metal, vidro, tecido e alguns componentes 
eletrônicos. Também é possível reutilizar os lixos de cozinha ou de jardim, detritos 
biodegradáveis, através da compostagem (DGI.UNIFESP, [S.D]). 
Parafazer a reciclagem os materiais são levados em locais estratégicos para 
serem limpos e transformados em algo novo, tendo essa prática tem vários pontos 
positivos ao meio ambiente e também para a economia. Para o meio ambiente há 
diminuição do corte de árvores, emissão de gases, de energia, contaminação do 
solo, ar e água. Para o setor socioeconômico, incentiva o uso racional dos recursos 
e também na melhora da qualidade de vida ao preservar o ambiente, além de gerar 
uma nova oportunidade de negócio (VGRESIDUOS, 2017). 
28 
 
 
Segundo o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) em 2010, 
mostra dados preocupantes, apenas 443 municípios brasileiros tinham programas de 
coleta, cerca de 8% dos municípios do Brasil, esse serviço atende 12% da 
população. 
Em 2010, foi criada um importante a Lei nº 12.305 sobre a reciclagem, que 
constituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, criando o Comitê Interministerial 
da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação 
dos Sistemas de logística reversa. Com estas novas políticas, surgiram outras como 
a regulamentação dos trabalhadores da coleta seletiva e também o estudo para a 
implementação da coleta, reciclagem e resíduos sólidos. 
 
4.9.1 Eco Design 
 
O avanço tecnológico e industrial impacta diretamente o ecossistema e é por 
meio desse problema que surge o conceito do Eco Design (BARBERO; COZZO, 
2009). 
De acordo com esse conceito, cada projeto de design além de conter os 
requisitos e funcionalidade, precisa incluir a sustentabilidade. “Significa inscrever os 
processos de produção, os próprios produtos e os comportamentos que estes 
determinam dentro dos limites da sustentabilidade ecológica” (BARBERO; COZZO, 
2009). 
Outro desafio ao designer é projetar levando em consideração os materiais 
diferentes, já que complicaria a reciclagem e a eliminação do produto. Conforme 
Barbero e Cozzo (2009) projetar é utilizar os materiais mais adequados ao objeto e 
função, em vez de satisfazer as leis do mercado. 
 
4.9.2 Desenvolvimento de produtos sustentáveis 
 
A conscientização dos problemas ecológicos cresce e se manifesta através de 
grupos ou organizações, cada dia há mais integrantes preocupadas com o meio 
ambiente e cobrando atitudes governamentais. 
Os processos de fabricação podem gerar problemas ao meio ambiente como 
sua destruição, diminuição de recursos naturais ou os resíduos, prejudicando o 
clima, a vegetação e a produção de alimentos. Portanto é possível definir o 
29 
 
 
desenvolvimento sustentável como sendo “[...] o desenvolvimento que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações 
atenderem às suas necessidades” (Wold Commission ou Environment and 
Development, 1987 apud PLATCHECK, 2012 p. 7). 
Segundo Manzini e Vezzoli (2008), existem cinco fases do ciclo da vida de um 
produto: 
 Pré-produção; 
 Produção; 
 Distribuição; 
 Uso; 
 Descarte; 
Em sua última fase, o descarte, há várias opções para eliminar o produto. 
Como a recuperação do mesmo ou alguma parte dele, podem ser “refabricados” ou 
reprocessados, passar pela reciclagem, compostagem ou ser incinerados 
(queimados). 
Assim, a utilização de materiais reaproveitáveis torna-se uma opção 
interessante, e consonante com a proposta do projeto, já que os povos originários 
pertencem a natureza, e preservar a natureza é preservar sua cultura. Além do povo, 
o jogo tem como objetivo promover a conscientização da Mantiqueira, não apenas 
de forma oral, mas a representatividade é necessária em todo aspecto, inclusive nos 
materiais e pensando o ciclo de vida do produto. 
 
5. METODOLOGIA 
 
Selecionar uma metodologia que permite inovar, solucionar desafios humanos 
e projetar a criação de uma melhor experiência com jogos de tabuleiro e RPG é 
imprescindível. A escolha do Design Thinking possibilita identificar problemas e gerar 
soluções, entender os desafios de natureza diversa que afetam o bem-estar das 
pessoas, além de mapear a cultura, os contextos, as experiências pessoais e os 
processos na vida dos indivíduos, para ganhar uma visão mais completa e assim 
identificar as barreiras e gerar alternativas para transpô-las. 
Inicialmente, baseia-se a pesquisa do projeto na revisão bibliográfica de 
assuntos correlatos, assim como desenvolvimento de pesquisa aplicada para 
concepção da proposta metodológica. 
30 
 
 
O Design Thinking é uma metodologia dividida em 3 fases (Quadro 1): 
Imersão (Análise e Síntese), Ideação e Prototipação. Para as ferramentas de cada 
fase, de acordo com o livro Design Thinking: inovação em negócios | Maurício 
Vianna et al (2012). 
Quadro 1. Metodologia do Design Thinking 
FASES IMERSÃO IDEAÇÃO PROTOTIPAÇÃO 
Etapas Imersão Análise e 
Síntese 
 
Ferramenta Pesquisa 
Desk 
Mapa 
Conceitual 
Brainstorming Protótipo em 
Papel 
Pesquisa 
Exploratória 
Cartões de 
Insight 
Cardápio de 
Ideias 
Modelo de 
Volume 
 Persona Matriz de 
Posicionamento 
 
 
Blueprint 
 
Fonte: Autora (2020). Baseado em: Maurício Vianna(2012) 
A primeira fase é a Imersão, dividida em duas etapas: Imersão Preliminar e 
Imersão de Profundidade. A Preliminar estuda o problema, de um modo mais 
superficial, define o escopo e o perfil de usuário. Já a de Profundidade, o 
levantamento realizado é mais detalhado, procurando estudar o público e encontrar 
oportunidades por meio de um plano de pesquisa. As ferramentas utilizadas para 
direcionar na criação do presente projeto foram a Pesquisa Desk e a Exploratória. 
A fase seguinte é a Análise de Síntese, que busca destacar todas as 
informações adquiridas na primeira etapa e organizá-las, por meio do auxílio das 
ferramentas: Mapa Conceitual, Cartões de Insight e Persona. Suas principais 
funções são destacar padrões que orientem na compreensão das oportunidades e 
31 
 
 
também dos desafios. Após isso, são concebidas ideias e gerações de alternativas 
para serem aplicadas na etapa da Ideação, por meio do Brainstorm, Cardápio de 
Ideias, Matriz de Posicionamento e Blueprint. 
Por último, a concretização da ideia proposta se dá por meio da etapa de 
Prototipação, em que é criado uma versão teste e há a avaliação do modelo 
definido, por meio das ferramentas Modelo de Volume e o Protótipo em Papel. 
Assim, busca-se por meio do design e de suas ferramentas compreender o 
contexto e as necessidades através de uma pesquisa aplicada para criar um produto 
que forneça todos os requisitos necessários para a criação do jogo que valorize a 
história Puri e a preservação da Mantiqueira. 
Além das ferramentas do Design Thinking citadas acima, também foram feitas 
a revisão bibliográfica, compreensão da pesquisa aplicada, análise de obras 
análogas e dos concorrentes. 
 
6.BRIEFING 
 
O briefing é uma etapa muito importante no processo de criação e 
desenvolvimento de um projeto. Corrêa (2006) relata que foi originado na Segunda 
Guerra Mundial quando os aeronáuticos faziam reuniões e organizavam seus 
ataques para surpreender o inimigo. Assim, a palavra se popularizou para se referir 
a um pedido de trabalho. 
De acordo com S'antanna (1989, p.109), “[...] o briefing são informações 
preliminares que contém as instruções que o cliente fornece à agência para orientar 
os seus trabalhos”. Geralmente utilizado em áreas como administração, 
comunicação, marketing e relações públicas, ele permite destacar o problema para 
poder gerar uma solução. 
 
6.1 Tema 
 
A história dos povos originários no Brasil é marcada pela falta de 
conhecimento do seu passado e da sua cultura. Por esse motivo a Lei nº 10.639 é 
alterada, pela Lei nº 11.645, que constitui as bases da educação nacional, para 
incluir no currículo a temática da história e cultura Afro-Brasileira e Indígena. 
32 
 
 
Apesar da inclusão dessa lei, ainda existem obstáculos no caminho como ser 
escasso, restrito, pouco difundido e de difícil acessoo material encontrado sobre o 
assunto. Além disso, diversos materiais não levam em conta a opinião dos próprios 
povos em relação ao assunto, por isso, existe um quadro de muito preconceito e 
desinformação em volta desta temática. 
Para mudar esse cenário é proposto um projeto para disseminar a cultura dos 
povos originários de uma maneira lúdica e criativa para os alunos do fundamental. 
Os jogos como forma de aprendizagem é uma maneira interessante, uma vez que os 
jogos de tabuleiros voltados ao RPG possibilitam uma entrega absoluta na 
brincadeira, estimulam o raciocínio, cooperação e interação, além de auxiliar no 
desenvolvimento mental e social. 
Escolheu-se os originários da proposta, os Puri, por serem um povo da região 
do sudeste mineiro e também pela contribuição da Aline Rochedo Pachamama- 
Churiah Puri. A história desse povo é repleta de fatos, memórias de seus 
descendentes e uma luta contra a invisibilidade e escravidão. A etnia, já foi 
considerada extinta, e atualmente mostra sua presença, por via das narrativas e 
práticas culturais. 
 
 6.2 Sobre o Projeto 
 
1. Prazo para entrega: 
Dezembro de 2020. 
 
2. Descrição do projeto: 
Jogo de RPG baseado na história e referências do povo Puri 
 
3. Background (O referencial sobre o projeto?): 
O projeto terá a coparticipação da Aline Rochedo Pachamama, além da 
pesquisa de mercado, artigos e livros. 
 
 
 
 
 
33 
 
 
4. Qual objetivo primário e secundário do projeto? 
Realizar um projeto de TCC e a informar sobre o povo Puri para os alunos do 
fundamental, além de desenvolver um jogo que demonstre como a atuação do 
designer pode contribuir com a disseminação da história e cultura de forma lúdica, 
gerando aprendizado. 
 
5. Qual imagem quer passar para o público? 
Novidade no mercado e valorização da memória, um aprendizado sobre as 
nossas origens de uma forma agradável e lúdica. 
 
6. Qual o foco da mensagem da campanha ou da marca? 
Produzir material para a lei N 11.645 que impõe às escolas a produzir 
assuntos com a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. 
 
7. Qual o posicionamento da empresa em relação aos produtos e ao 
mercado? 
Conscientização, ao produzir um jogo sob os povos originários é preciso, 
produzir levando em conta toda história que eles retratam e não somente a de 
colonizadores. 
 
8. Palavras chaves? 
Promover, conscientizar, preservar, povos Puris, Originário, RPG, Jogo de 
Tabuleiro. 
 
6.3 Público 
 
9. Qual o público alvo mais especificamente? (Sexo, faixa etária, 
escolaridade, nível de renda, ocupação, hobbies: 
O público-alvo do jogo são alunos do fundamental, entre 11 a 15 anos 
pertencentes a qualquer classe. Com um perfil bem definido para a idade, como o 
interesse por jogos e por uma aula dinâmica de forma que sua aprendizagem seja 
exercida receptivamente por parte dos alunos, promovendo facilmente o 
conhecimento e interesse em relação ao tema. 
34 
 
 
O usuário possui várias ocupações em seu dia a dia, como jogos de 
videogame, RPG, jogos de tabuleiro, leitura, cinema, Hq’s e atividades em grupo. 
“O jovem está constantemente em busca de entretenimento, estimulação e 
movimentação, através de música, jogos, vídeos, etc. (ELISA, 2000). 
 
10. Liste algumas marcas que este público consome: 
Sony, Instagram, Microsoft, Adobe, TikTok, Nintendo, Marvel, DC, AllStar. 
 
11. De que mais esse público gosta ou não gosta? 
Gostam de novas experiências e de usar a imaginação. Não gostam de 
conversas ou explicações muito longas. 
 
12. Delimitação geográfica: 
Sudeste de Minas Gerais 
 
13. Qual marca você associa a este público alvo? 
Marcas ligadas a tecnologia e ao design. 
 
14. Quais são as marcas que ele deseja consumir? Objetos de desejo? 
iPhone, Play 3, box especiais (livros, cinemas e jogos) 
 
15. Perfil de atividades da rotina do consumidor: 
Estuda, nos tempos livres joga e vê séries. No final de semana sai com os 
amigos. 
 
16. O que pode interferir na mensagem da campanha: 
Não conscientizar os alunos a respeito do assunto. 
 
17. Quais são as referências gráficas para a criação da marca: 
Imagens do próprio povo e desenhos da Aline Rochedo Pachamama. 
 
 
 
 
35 
 
 
6.4 Personas 
 
Personas são personagens ficcionais concebidos a partir da síntese de 
comportamentos observados entre consumidores com perfis extremos. Representam 
as motivações, desejos, expectativas e necessidades, reunindo características 
significativas de um grupo mais abrangente. Segue abaixo as personas criadas: 
 
● Miguel, 12 anos: 
Figura 4. Persona Miguel 
 
Fonte: Revista Crescer. Disponível em: 
<https://revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2017/11/menino-de-12-anos-e-impedido-de-ir-
aula-por-causa-de-corte-de-cabelo-parecido-com-o-de-gangue.html> Acesso em: 13/08/2020 
Interessado em jogos de videogame, futebol e skate. Miguel gosta de se 
exercitar e também cuida muito do meio ambiente, porém como qualquer 
adolescente têm explosões de raiva ou de paixão e detestam regras. 
Sempre utiliza seu celular, até na sala de aula para poder mandar mensagem, 
quando acha as aulas monótonas e desinteressantes. 
 
● Daniela, 14 anos: 
Figura 5. Persona Daniela 
 
Fonte: Pinterest. Disponível em: 
<https://br.pinterest.com/pin/774971048358513420/?nic_v1=1aPoMv7KrUwdQWPvgWnz50n9qC%2F
I3yCAi%2BsCEQabCALDBkZDgSBXmzLPaGt%2BLKbCcz> Acesso em: 13/08/2020 
36 
 
 
Aos 14 anos, Daniela, adora séries e conversar com suas amigas através de 
mensagens. Está tendo seus primeiros interesses amorosos. Adora tirar fotos e 
postar nas redes sociais, sempre comemora quando aumenta seus seguidores e tem 
várias curtidas. Seu celular quebrou por um tempo e ela precisou aguentar esse 
período, que segundo ela pareceu demorar décadas. Na escola, ela ama história e 
também seus professores divertidos, que sempre contam piada, mas o que ela mais 
ama são as aulas práticas. 
 
 6.5 Mercado 
 
18. Quais são os concorrentes diretos e indiretos da empresa? 
Existem vários jogos que abordam a temática dos povos originários, desde 
tabuleiros há jogos de celular. No levantamento feito, foi levado em consideração 12 
jogos, Caminhando nas Lendas, Jogo da Onça, Xingu, O ritual Kuarup, Huni Kuin: 
Os Caminhos da Jiboia, Araní, Papua, Discoveries, Costa Ruana, Jaguareté, 
Caminhando com os Kaingáng, Cafundó e etc. 
 
19. Existe alguma tendência? 
Comparando esses jogos, existem alguns pontos para ressaltar: 
-Generalização dos povos, cada povo possui uma cultura e costume, essa 
generalização invisibiliza a luta e a resistência de cada tribo. 
-Não promovem a cooperatividade, e para um jogo acadêmico é de 
fundamental importância o trabalho em equipe e não ter uma disputa. 
-Os jogos são fantasiosos e não contam com a realidade, retratando toda 
história como lenda e não com a seriedade e valor necessário. 
-Para jogar é preciso conhecer sobre o assunto antes. 
-Usam personagens e cada um tem uma habilidade diferente. Possui um 
sistema de pontos e bônus. 
-Podem usar sementes e os pinos são feitos dobrando o papel para se manter 
em pé. 
-Possuir o idioma do próprio povo 
-Jogos que não premiam quem chega em primeiro lugar, mas quem faz mais 
ações, o jogo usa o formato de um mapa como tabuleiro, simbolizando e 
evidenciando o assunto. 
 
37 
 
 
20. Existe algum produto tradicional no segmento pesquisado? 
Jogo da Onça, por sua tradição e origem originária. 
 
21. Alguma referência de outro segmento que se destaque? 
Banco Imobiliário e War. 
 
22. Como pode-se mensurar o resultado do jogo? 
Comparando com os concorrentes, simulando o jogo com os alunos e 
entrevista. 
 
23. Grupo focal, índices de venda, estatísticas do mercado: 
De acordo com a "ICv2", revista especializada do setor de jogos, as vendas 
deles cresceram de 15% a 20% ao ano nos últimos três anos nos EUA. A Amazon 
informa que entre 2012 e 2013 cresceram cercade dois dígitos a mais. Já no 
Kickstarter, o maior site de "crowdfunding", o montante arrecadado no ano passado 
para jogos de tabuleiro excedeu o arrecadado para videogames. 
 
 6.6 Outros 
 
 
24. Quais peças darão suporte a veiculação do jogo? 
 Embalagem (caixa), pinos, dados, tabuleiro, cartas e manual. 
 
25. Alguma restrição? 
 Sobre os relatos do povo Puri, apenas será através da Aline Rochedo 
Pachamama. 
 
26. Definir tipo de linguagem para a comunicação: 
 Formal 
 
6.7 Requisitos 
 
6.7.1. Requisitos de Uso 
 
Sua usabilidade é empregada na prática da jogabilidade relacionado aos 
Povos Originários Puri e a preservação da Mantiqueira para alunos do fundamental. 
38 
 
 
 
6.7.2. Requisitos Estéticos 
 
 Todo o jogo é baseado nas artes da Aline Pachamama e também na fauna e 
flora da Mantiqueira. 
 
6.7.3. Requisitos Simbólico 
 
O jogo dos povos Puris, tem como requisito, simbolizar sua cultura e memória, 
como forma de preservar toda sua história. 
 
6.7.4. Requisitos Morfológicos 
 
As formas utilizadas seguem o padrão dos jogos, como o tabuleiro, as cartas, 
dados, peças para cada participante e etc. 
 
6.7.5 Requisitos de Distribuição 
 
A proposta é exposta através desse trabalho. A distribuição do jogo é feita de 
acordo com a necessidade de cada escola que solicita o jogo e é entregue por via 
correios. 
 
6.7.6 Requisitos de Fabricação e Descarte 
 
Todo jogo pode ser reciclado, seus componentes são de plástico e papel. O 
povo Puri protege a Mantiqueira e todo o meio ambiente, nesse projeto então 
seguimos e respeitamos a sua conduta, com materiais que não agridem o 
ecossistema. 
 
6.7.7. Requisitos de Preço 
 
Os preços dos jogam variam entre trinta reais, podendo chegar até aos 
setecentos. Portanto o jogo deste projeto segue os requisitos do mercado como 
também a do público, como são de escola fundamental e para escolas, sua faixa de 
preço é a menor possível, no máximo de sessenta reais. 
 
 
 
 
39 
 
 
7. CONCORRENTES 
 
Foram analisados doze jogos que fazem referência às características do 
projeto em questão. 
Para os jogos com referencial originário e também comercial, encontrou-se os jogos 
(FIG 4) Xingu, Papua, Discoveries, Costa Ruana e o Cafundó. Todos seguem o 
mesmo estilo, com personagens e habilidades diferentes para cada, além de possuir 
um sistema de pontos e bônus, que em sua maioria são baseados no conhecimento 
sobre a fauna ou sobre o costume da tribo. Os jogos possuem estratégia, buscam a 
sobrevivência ou a guerra, porém muitos são fantasiosos, não levam em conta da 
realidade, a história verdadeira do jogo e também não destacam as aldeias, elas 
perdem o foco e retratam mais os bandeirantes ou a dominação do que o povo. 
Ademais, a maioria desses jogos são para maiores de idade, requer habilidade 
estratégica, entender sobre pontos que menores de 15 anos, por exemplo, teriam 
dificuldade. 
Figura 6. Concorrentes parte 1 
 
 
Fonte: Autora (2020). Baseado em: Tabula Quadrada7, E aí tem jogo8, E aí tem jogo9, Paladins 
Games10 e Devir11 
 
 
7 http://tabulaquadrada.com.br/review-xingu-muito-sofrimento-nas-aldeias/ 
8 http://www.eaitemjogo.com.br/2019/01/papua.html 
9 http://www.eaitemjogo.com.br/2018/07/discoveries.html 
10 https://paladinsgames.com.br/produto/408464/costa-ruana 
11 https://devir.com.br/cafundo/ 
40 
 
 
Existem também os jogos tecnológicos, como o Kuarup, Huni Kuin: Os 
Caminhos da Jiboia e Araní. O ritual Kuarup é baseado no povo Xingu, os troncos de 
madeira esculpidos no ritual para homenagear os mortos, foi a ideia central do jogo 
de celular, apesar disso só se baseiam no design, o jogo em si é para combinar as 
imagens. Já o Huni Kuin foi desenvolvido com o povo Kaxinawá, nesse aplicativo é 
contado 5 histórias em que o originário enfrenta desafios, existindo também a opção 
de narração da própria língua do povo. O game Araní se passa na América do Sul 
antiga e retrata uma realidade paralela, com seres mitológicos e busca de vingança, 
apesar do game levantar gráficos de alta qualidade da floresta, é uma história 
fantasiosa, sendo que esse povo nunca existiu e nem os seres descritos. 
Figura 7. Concorrentes parte 2 
 
 
Fonte: Autora (2020). Baseado em: G1. Globo12, Observatorio do Terceiro Setor13 e Canaltech14 
Lendas Amazônicas, Jogo da Onça, Jaguareté e Caminhando com os 
Kaingáng são jogos educativos com o intuito de ensinar sobre determinado povo 
originário. Lendas Amazônicas tem como objetivo ensinar sobre a cultura da região, 
em que os aventureiros caminham pela floresta e passam por vários desafios, 
fazendo referência com a fauna e flora da região, as lendas, rios e histórias. O jogo 
usa sementes e os pinos são feitos como dobradura de papel. Entretanto envolve 
vários contos de diversas aldeias diferentes, generalizando os povos e não levando 
em conta o significado da cosmologia para eles, pois retratam as histórias como se 
fossem “lendas”. 
 
 
 
12 http://g1.globo.com/am/amazonas/games-ram/2016/noticia/2016/02/no-am-grupo-desenvolve-jogo-
baseado-em-ritual-amazonico.html 
13 https://observatorio3setor.org.br/noticias/jogo-brasileiro-tem-lendas-de-povo-indigena-como-tema/ 
14 https://canaltech.com.br/games/sumido-da-midia-jogo-brasileiro-arani-ganha-novo-teaser-126171/ 
41 
 
 
Figura 8. Lendas Amazônicas 
 
Fonte: Acritica. Disponível em: <https://www.acritica.com/channels/entretenimento/news/jogo-de-
tabuleiro-das-lendas-amazonicas> Acesso em: 13/08/2020 
 
O Jogo da Onça é o único jogo aplicado nas escolas que tem proveniência 
originária, o jogo é para ser disputado em dupla, um representa a onça e o outro o 
cachorro que por sua vez possui 14 sementes ou pedras. Enquanto a onça tenta 
capturar cinco cachorros, o outro precisa impedi-lo de se movimentar pelo tabuleiro. 
 
Figura 9. Jogo da Onça 
 
Fonte: Portal Mec. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/19235-
jogo-de-tabuleiro-criado-por-indigenas-empolga-estudantes> Acesso em: 13/08/2020 
 
O MAE-UFPR (Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do 
Paraná) criou o Jaguareté: O Encontro, sendo este uma proposta em RPG que 
envolve a cultura dos povos, junto do jogo. A escola também recebe uma cartilha 
para ensinar sobre o contexto previamente e um tabuleiro em formato de mapa. 
Existem vários personagens com

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