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Unidade 4 Relações internacionais e balanço de pagamento Rosilda do Rocio do Vale Mercado Financeiro e de Capitais Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autora ROSILDA DO ROCIO DO VALE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Rosilda do Rocio do Vale Olá. Meu nome é Rosilda do Rocio do Vale. Sou mestre em Administração com ênfase em finanças pela PUCPR, especialista em finanças corporativas e gestão organizacional e graduada em administração. Possuo experiência na área financeira, adquiridas ao longo dos anos realizando operações financeiras em empresa de comércio exterior. Faz sete anos que atuo no ensino superior, em disciplinas nas áreas de finanças e comércio exterior. Sou apaixonada pelo que faço. É muito gratificante poder transmitir meu conhecimento e minha experiência com quem está buscando aprendizado para atingir os seus objetivos pessoais e/ou profissionais. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Seja bem vindo e conte comigo! A AUTORA Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova com- petência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Determinação da taxa de juros e do produto de equilíbrio ....11 Política macroeconômica em uma economia aberta ......................................11 Modelo IS-LM-BP ....................................................................................................12 IS-LM e política fiscal ............................................................................................13 IS-LM e política monetária ................................................................................14 Modelo Mundell-Fleming (IS-LM aplicado para uma economia aberta) ..............................................................................................................................15 Estratégias com opções de compra e venda e estratégias com futuros ............................................................................................................21 Estratégias com opções de compra e venda .......................................................21 Estratégias envolvendo opções de venda ..............................................................24 Estratégias com futuros ........................................................................................................25 Participantes do Mercado futuro .................................................................27 Estratégias com futuro de índice Bovespa ...........................................28 Estratégias com futuro de câmbio ..............................................................29 Estratégias com commodities ........................................................................31 Comércio exterior e relações internacionais .................................33 Globalização e competitividade .....................................................................................33 O Processo de globalização ...........................................................................35 Comércio internacional ......................................................................................37 Motivos da internacionalização das empresas .................................39 Exportação ...................................................................................................................43 Importação ..................................................................................................................44 Balanço de pagamentos ........................................................................47 Conceito do balanço de pagamentos ........................................................................47 Estrutura do balanço de pagamentos ........................................................................48 Transações Correntes - TC ................................................................................49 Conta Financeira - CF ...........................................................................................53 Mercado Financeiro e de Capitais8 UNIDADE 04 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E BALANÇO DE PAGAMENTO Mercado Financeiro e de Capitais 9 Você sabia que o comércio internacional é importante para a economia dos países, pois assim é possível fazer a troca de produtos e de serviços, ou seja, a importação e a exportação de acordo com a oferta e a demanda de cada país. Sendo que por meio da importação é possível adquirir bens que o país não produz, bem como matéria-prima. Enquanto que a exportação contribui para a geração de empregos, bem como proporciona inúmeras vantagens para a empresa exportadora e para o país. Sendo todas as operações nacionais e internacionais medidas por meio do balanço de pagamento. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Mercado Financeiro e de Capitais10 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4- Relações internacionais e balanço de pagamento. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Entender como funciona o modelo Mundell-Fleming na macroeconomia; 2. Entender as estratégias com opções de compra e de venda e estratégias com futuros; 3. Compreender como funciona o comércio internacional e sua importância para o país; 4. Conhecer a estrutura e como funciona o balanço de pagamento. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Mercado Financeiro e de Capitais 11 Determinação da taxa de juros e do produto de equilíbrio INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender qual a relação dos três mercados (o de bens, o monetário e o externo) e por meio do modelo Mundell-Fleming ver qual é o impacto das políticas fiscal e monetária no balanço de pagamentos e, a integração e equilíbrio do setor interno e externo, e avaliar os impactos nas políticas macroeconômicas. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois as políticas fiscal e monetária estão presentes nas atividades das empresas e também em sua vida pessoal e, sem dúvida é importante você saber qual é o impacto no balanço de pagamento “no capítulo quatro você estudará sobre balanço de pagamentos”. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Política macroeconômica em uma economia aberta De acordo com Carvalho e Silva (2017) é desejável que a economia esteja sempre em pleno emprego, com preços estáveis. Porém, para atingir esse objetivo, pode-se lançar mão de políticas monetária e fiscalde forma isolada ou de forma combinada, dependendo do caso. Pois o objetivo macroeconômico é de equilibrar as contas externas, com os efeitos da política fiscal e monetária no emprego e no balanço de pagamentos, sendo que para estudar esses fenômenos utiliza-se o modelo Mundell- Fleming, o qual é eficaz na análise das interações entre os setores interno e externo de uma economia que apresente grande mobilidade de capitais e taxas de câmbio flexíveis. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que o modelo IS-LM denominado de modelo Mundell-Fleming é utilizado para melhor entender a relação entre o mercado de bens e o mercado de moeda para Mercado Financeiro e de Capitais12 a determinação da taxa de juros e do produto ou renda nacional, pelo menos do ponto de vista da demanda agregada a curto prazo. SAIBA MAIS: Robert Mundell e J. Marcus Fleming perceberam que havia uma relação bastante estreita entre os mercados de capitais internacionais e as políticas monetárias domésticas, que poderia ser avaliada por meio do balanço de pagamentos. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o IS e LM são curvas traçadas em um gráfico que relaciona a taxa de juros (i) e o produto (y). Sendo que a curva IS reflete o equilíbrio no mercado de bens e a curva LM o equilíbrio no mercado monetário. Modelo IS-LM-BP De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o modelo parte inicialmente de uma economia sem transações internacionais. Assumida essa hipótese, pode-se dizer que a renda ou produto nacional (Y) que uma economia obtém em dado período de tempo é destinada para três tipos de despesas: despesas de consumo das famílias (C), despesas de investimento (I) e despesas do governo (G). Porém de acordo com Carvalho e Silva (2017) numa economia aberta, temos três mercados: o de bens, o monetário e o externo. O mercado de bens é representado pela curva IS, que significa Investment (Investimento) e Saving (Poupança); o mercado monetário é formalizado por meio da função LM que se refere a Liquidy (Liquidez) e Money (Moeda); e o mercado externo se integra na análise com a função BP, que quer dizer simplesmente Balanço de Pagamentos. Sendo que o modelo clássico IS-LM-BP permite integrar os setores internos e externos de uma economia e avaliar os impactos das políticas macroeconômicas. Mercado Financeiro e de Capitais 13 IS-LM e política fiscal De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) suponhamos que ocorra um aumento dos gastos do governo ou uma diminuição dos impostos (política fiscal expansiva). Isso faz com que a IS se desloque para a direita. Portanto, se a inclinação da IS e a da LM não forem nem zero nem infinitas (se não forem nem horizontais e nem verticais), tem-se uma elevação da taxa de juros de equilíbrio (de iE para i’E) e do produto demandado (de YE para Y’E). Sendo que quando há elevação dos gastos do governo ou uma queda dos impostos, a renda disponível e o consumo tendem a aumentar. Entretanto, este aumento da renda faz com que a demanda por moeda também se eleve, o que pressiona para cima a taxa de juros, que por sua vez, a elevação da taxa de juros acaba implicando queda do investimento, o que amortece um pouco a elevação da renda. A Figura 1 mostra os efeitos da política fiscal sobre a taxa de juros e a renda. Figura 1 - Efeitos da política fiscal sobre a taxa de juros e a renda Fonte: Adaptado pela autora A partir do que se apresentou na figura 1, pode-se observar que se a taxa de juros tivesse permanecido em iE, a renda poderia elevar-se até YZ. Contudo, o ponto Z embora reflita equilíbrio no mercado de bens, não reflete equilíbrio no mercado monetário. Pois, há um excesso de demanda de moeda que tende a ser traduzido por uma elevação da taxa de juros, o Mercado Financeiro e de Capitais14 que faz com que o investimento se reduza. O ponto de equilíbrio conjunto dos mercados de bens e de moeda é E’. A renda Y’E, embora maior que a renda inicial YE, é menor que a renda YZ. De acordo com esse modelo, a elevação dos gastos do governo ou a diminuição dos impostos faz com que a demanda agregada se eleve, embora às custas de elevação de juros e da queda do investimento. IS-LM e política monetária De acordo com Carvalho e Silva (2017) os agentes demandam moeda basicamente por dois motivos (transação e especulação). Sendo que a necessidade que as pessoas têm de reter moeda para realizar suas compras e seus pagamentos cotidianos, é o que se chama transação, que está diretamente relacionado ao nível de renda. Já a especulação leva em conta o nível da taxa de juros dos títulos, que pode ser considerado o custo de oportunidade de manter a moeda e, quanto maior for a taxa de juros, menor será a demanda. Carvalho e Silva (2017) dizem que as mudanças no nível de renda provocam alterações na demanda por moeda, e assim, pode-se encontrar combinações de níveis de taxa de juros e renda que correspondem ao equilíbrio no mercado monetário. Portanto, essas combinações são pares de pontos que pertencem à função LM. EXEMPLO: Suponha uma elevação da oferta de moeda, dado o nível de preços, de modo que a LM tenda a ir para a direita (política monetária expansiva), temos então, um deslocamento da LM até LM’. Portanto, se as inclinações da IS e da LM não forem nem zero nem infinitas, temos uma queda da taxa de juros de equilíbrio, de iE para i’E, e uma elevação da renda, de YE para Y’E. A Figura 2 mostra os efeitos da política monetária sobre a taxa de juros e renda. Mercado Financeiro e de Capitais 15 Figura 2 - Efeitos da política monetária sobre a taxa de juros e renda Fonte: Adaptado pela autora De acordo com o que apresenta a figura 2, pode-se observar que a política monetária expansiva implica também maior consumo (devido à maior renda disponível) e maior investimento (devido à menor taxa de juros). Portanto, neste modelo, os gastos e tributos não são afetados por serem exógenas. Quando a oferta de moeda é reduzida, há excesso de demanda por moeda, a taxa de juros se eleva, o investimento cai e, consequentemente, a renda diminui, ou seja, para que a demanda por moeda se reduza, a renda precisa ser menor. Modelo Mundell-Fleming (IS-LM aplicado para uma economia aberta) De acordo com Carvalho e Silva (2017) numa política aberta, as políticas destinadas ao equilíbrio do setor interno podem ser incompatíveis, como o objetivo de equilíbrio do balanço de pagamentos. Segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2007) uma economia aberta é aquela com livre fluxo de capitais ou divisas para dentro e para fora do país, mas Mercado Financeiro e de Capitais16 relativamente pequena, ou seja, sua atividade econômica não influência a taxa de juros internacional. Sendo que a taxa de juros internacional é denominada de (ix), ela é uma variável exógena, e no equilíbrio a taxa de juros nacional (i) deve-se igualar à taxa de juros internacional ix, porém isso não pode acontecer na prática. No Brasil as taxas de juros interna e internacional normalmente não se igualam, o que faz com que o balanço de pagamentos não encontre um equilíbrio nulo, o que faz com que apresente déficit ou superávit. Caro estudante, no capítulo quatro desta unidade você estudará sobre balanço de pagamentos, porém vou apresentar uma breve definição. O balanço de pagamentos é um conjunto de contas que registra as transações do país que envolvam ativos externos, divisas ou moeda estrangeira em dado período de tempo, ele é dividido em contas, porém no momento enfatizaremos as Transações Correntes, que de acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o saldo é denominado de Xm, ou seja, é a diferença entre as exportações de bens e de serviços e as importações de bens e de serviços. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o saldo de transações correntes Xm é função direta da taxa de câmbio nominal e. Quanto maior for a taxa de câmbio, maior tendem a seras Transações Correntes e; quanto menor a taxa de câmbio, menor tendem a ser as Transações Correntes. Sendo que a taxa de câmbio nominal pode ser definida como o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira. EXEMPLO: R$2,00 por U$$1,00, quanto maior é a taxa de câmbio, maior é a desvalorização nominal da moeda nacional, se a taxa passa de R$2,00 para R$4,00 por U$$1,00 é necessária mais moeda nacional para obter o mesmo dólar dos Estados Unidos. Carvalho e Silva (2017) dizem que o saldo das transações correntes, depende da taxa de juros real, da renda doméstica e da renda do resto do mundo. Atenção para não confundir o saldo em Transações Correntes ou em conta corrente do Balanço de Pagamentos com o Saldo da Balança Comercial. Mercado Financeiro e de Capitais 17 De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) os movimentos da taxa de câmbio incentivam os agentes econômicos a alterarem o volume de transações com o resto do mundo. Se eventualmente houver uma elevação da taxa de câmbio, as exportações realizadas para o mercado internacional passam a valer mais em moeda nacional. EXEMPLO: A partir das informações apresentadas no exemplo anterior, se uma saca de café é vendida a U$$10,00 para o restante do mundo, em vez de R$20,00 passará para R$40,00. Porém, por outro lado as importações passam a ser mais caras em moeda nacional. Uma garrafa de vinho alemão de U$$15,00 em vez de valer R$30,00 passa para R$60,00 para os consumidores nacionais. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) em um segundo momento os agentes e econômicos tendem a reagir e ajustar as quantidades transacionadas em face à variação dos preços relativos. A figura 3, por meio do modelo Mundell-Fleming mostra o equilíbrio geral entre os mercados interno e externo. Figura 3 - Equilíbrio geral pelo modelo Mundell-Flemimg Fonte: Adaptado pela autora Conforme Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a hipótese de livre fluxo de capitais ou divisas mais a hipótese de determinação da taxa de câmbio Mercado Financeiro e de Capitais18 pelo mercado cambial, propicia um mecanismo de ajustamento para o equilíbrio. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) suponha-se que a taxa de juros nacional, determinada pelo cruzamento da IS com a LM, fique acima da taxa de juros internacional, esse diferencial da taxa de juros faria com que a entrada de moeda estrangeira seja maior do que sua saída. Para entender veja o exemplo a seguir. EXEMPLO: Se os aplicadores internacionais de capital financeiro julgarem mais atraente o rendimento dos títulos nacionais do que os rendimentos financeiros do restante do mundo. Ou então, porque o diferencial das taxas de juros incentiva as empresas nacionais a se endividarem em moeda estrangeira em vez de em moeda nacional. A figura 4 mostra o ajustamento para o equilíbrio. Figura 4 - Ajustamento para o equilíbrio Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) com maior oferta de moeda estrangeira no mercado cambial do país tenderia a fazer com que, dada sua demanda, o preço em moeda nacional da moeda estrangeira se reduzisse, Dessa forma, a taxa de câmbio tenderia a cair e a moeda nacional a valorizar-se nominalmente. Mercado Financeiro e de Capitais 19 Figura 5 - Equilíbrio Fonte: Pixabay Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que a queda da taxa de câmbio estimularia as importações de bens e de serviços e desestimularia as exportações de bens e de serviços e, haveria queda do saldo das Transações Correntes Xm, o que causaria um deslocamento para a esquerda da IS, conforme pode-se observar na figura 4. Sendo que com esse deslocamento de IS para a esquerda, a taxa de juros nacional reduz- se até igualar-se a taxa de juros internacional, e assim cessando a elevação da taxa de câmbio e a redução do saldo das Transações Correntes e, consequentemente, ocorreu a redução do produto demandado, de YE para Y’E. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) caso o governo queira que a IS permaneça no mesmo lugar, ele pode compensar a diminuição do saldo em transações correntes com elevação dos gastos públicos; ou se o objetivo for de manter um diferencial positivo entre a taxa de juros nacional e internacional a fim de assegurar a oferta de moeda estrangeira por algum motivo estratégico, do que manter a renda, o governo pode reduzir a oferta de moeda nacional, fazendo acompanhar o deslocamento para a esquerda da IS com um deslocamento da LM na mesma direção. Em ambos os casos, a taxa de câmbio nominalmente seria mantida estável. Porém, não é interesse do governo permitir que aja esse movimento de ajuste. Caro estudante, a figura 5 é meramente ilustrativa e tem como objetivo representar que de acordo com o modelo Mundell-Fleming deve haver equilíbrio. Mercado Financeiro e de Capitais20 A manutenção dessa situação de desequilíbrio, certamente exige algum custo, seja para as contas do governo, seja para a sociedade. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que todas as variáveis relacionadas aos gastos e às receitas do governo fazem parte da política fiscal, a qual está relacionada com os níveis de renda e às taxas de juros que mantêm o mercado de bens em equilíbrio e, que a política fiscal implica no deslocamento da IS. Você também aprendeu que a política monetária consiste em determinar a oferta de moeda e consequentemente a taxa de juros e, é a LM que indica as combinações de níveis de renda e as taxas de juros que asseguram o equilíbrio no mercado monetário. Também aprendeu que a função BP expressa o equilíbrio externo. Mercado Financeiro e de Capitais 21 Estratégias com opções de compra e venda e estratégias com futuros INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de compreender como funcionam as estratégias com opções de compra e venda e estratégias com futuros. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois é muito utilizado no mercado financeiro, se por exemplo, você for trabalhar no setor financeiro de uma cooperativa agrícola, dependendo da função que for exercer talvez tenha que realizar operações com futuro, visto que os produtos agrícolas como grãos, boi, etc, são comercializados a futuro. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Estratégias com opções de compra e venda De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) para o mercado brasileiro, se uma ação-objeto, durante o período de vigência da opção, distribuir dividendos, juros sobre o capital próprio ou qualquer outro provento em dinheiro, o valor líquido recebido será deduzido do preço de exercício da série, a partir do primeiro dia de negociação. Porém, se ocorrerem distribuições que aumentem o número de ações da empresa emissora das ações-objeto; eleva-se, na mesma proporção, o número de ações-objeto cobertas pela opção, diminuindo-se proporcionalmente o preço pago por ação no exercício, de forma que o valor da ação, segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2007), é considerado um lançamento coberto quando se deposita, em garantia, a mesma quantidade em ação-objeto da opção. O objetivo básico do lançamento coberto é obter um retorno maior do que o que seria conseguido com a simples posse ou venda imediata. Com o mercado em baixa, o lançador se protege até o ponto em que o preço à vista da ação-objeto for igual ao preço que ele pagou por ela, menos o valor do prêmio recebido. Neste caso, o lançador espera uma elevação nos preços à vista. Mercado Financeiro e de Capitais22 De acordo com Assaf Neto (2014) a operação de venda a descoberto ocorre quando um investidor decide “tomar emprestado” uma certa quantia de títulos de uma corretora para vende-los, prevendo que o determinadotítulo irá sofrer uma forte desvalorização e a sua estratégia é recomprar por um preço inferior ao da venda realizada, apurando com isso um ganho financeiro. Mesmo o investidor não possuindo um título, ao vender a descoberto ele pode obter alguma vantagem financeira determinada pela queda no preço de mercado do título. Assaf Neto (2014) diz que a venda a descoberto é uma operação bastante usada no mercado dos EUA e pouco comum no Brasil. O vendedor realiza lucro somente em caso de desvalorização do preço de mercado da ação. Par você entender como ocorre uma operação de venda a descoberto segue um exemplo. EXEMPLO: Admita que um investidor tenha tomado emprestadas 10.000 ações ao preço de $20,00 cada ação. Vende todos os valores pelo preço atual de mercado, auferindo uma receita de $200.00,00. Em determinado momento futuro observa que o preço de mercado caiu para $16,00 cada ação, e avalia que esse é o preço ideal para compra. Em sua avaliação verifica que a ação dificilmente cairá mais e deverá oscilar em torno desse preço. Decide recomprar as 10.000 ações por $160.000,00, auferindo um ganho de capital de $40.000,00. Diante do exemplo apresentado e de acordo com Assaf Neto (2014) a operação a descoberto incorre em riscos, portanto é importante uma cuidadosa avaliação prévia do investimento, pois o título pode valorizar-se no futuro, devendo o investidor readquirir o título por um preço acima do valor de venda. No que refere-se ao mercado secundário e operações estruturadas (casadas), de acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) as principais opções têm suas negociações no mercado secundário e cabe à B3 a organização da liquidez de mercado. Enquanto que as outras são negociadas no mercado de balcão, sendo que o mercado de balcão organizado é aquele em que as ações são negociadas pela Sociedade Operadora de Mercado de Acesso (SOMA) que é um mercado organizado para negociação de papéis de menor liquidez, de empresas de capital reduzidos demais para serem negociados em bolsa. Mercado Financeiro e de Capitais 23 Conforme Mellagi Filho e Ishikawa (2007) é no mercado de balcão onde ocorrem as operações estruturadas ou casadas, autorizadas pela Bolsa de Valores. Essas operações visam as negociações entre os mercados à vista, a termo, de opções e de futuros. Um mercado de balcão é entendido como não organizado quando os negócios de compra e venda de títulos e valores mobiliários são executados diretamente entre as partes, sem a interveniência de qualquer órgão controlador ou regulador do mercado. De acordo com Assaf Neto (2014) o mercado de balcão é um segmento importante do mercado de capitais brasileiro, pois neste mercado são negociados ações e outros ativos financeiros atendendo à especificações determinadas pelos investidores e geralmente não atendidas nas negociações em Bolsas de Valores. Estratégias com opções de compra e termo De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a compra de opção de compra é uma operação simples, pois consiste basicamente em comprar uma opção de compra e de exercer ou não o direito. Sendo que a perda restringe-se ao valor do prêmio. EXEMPLO: Vamos supor que determinado investidor resolva adquirir uma opção de compra com o objetivo de exercer seu direito. Esse direito só será realizado se o preço da ação-objeto no mercado à vista estiver acima do preço do exercício (preço da ação no mercado à vista na data de exercício $11,00; preço de exercício $9,00; prêmio $1,50; prazo 30 dias). Com relação ao lançamento coberto de opções de compra, Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que essa operação consiste em lançar opções de compra sob uma posição física de ações. Tal operação é indicada quando o mercado está em alta, ou quando se iniciar um processo de baixa e se reduzir o custo da ação na carteira. Muitos investidores utilizam essa estratégia para reduzir o custo da ação na carteira em um período de baixa no mercado. Pois, essa operação consiste basicamente em lançar opções de compra para vários períodos. Mercado Financeiro e de Capitais24 EXEMPLO: Um investidor espera uma baixa do mercado de ações e lança opções de compra sob sua posição física de ações. Com relação a compra e a venda de opções de compra com preços de exercício diferentes, mas com o mesmo vencimento (spread com calls), de acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) nesse caso o investidor trabalha com duas séries de opção da mesma ação-objeto e com o mesmo vencimento. Essa operação é aconselhável quando o mercado está em alta, porque o investidor fica na dependência de ser exercido na opção com preço de exercício maior. EXEMPLO: Compra da opção de compra com prêmio de $4,00 e preço de exercício $35,00; venda de opção de compra com prémio de $2,00 e preço de exercício de $38,00. Prazo 30 dias. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a operação de compra de uma ação a termo e lançamento de uma opção de compra, permite ao investidor ter uma rentabilidade garantida, caso ocorra o exercício da opção, ou uma diminuição do custo da aquisição a termo se o mercado baixar. Estratégias envolvendo opções de venda De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a operação de compra da ação-objeto, compra de opção de venda e lançamento de opção de compra (Box de três pontas ou estratégia Putt-Call Parity) permite manter a rentabilidade do investimento, seja qual for o preço da ação-objeto no mercado à vista na data do vencimento das opções, ou seja, a rentabilidade da operação sempre é a mesma independentemente do nível de preço da ação-objeto no mercado à vista. No que refere-se a operação envolvendo simultaneamente, a compra e a venda de operações de compra e de venda (Box de quatro pontas), de acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) essa operação transforma o mercado de renda variável em renda fixa, ela pode ser resumida como sendo, uma combinação entre uma trava de alta e uma trava de baixa. Mercado Financeiro e de Capitais 25 Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que no caso de compra de uma opção de compra e compra de uma opção de venda (Straddle), o investidor compra uma opção de compra e de venda com o mesmo preço de exercício e mesmo vencimento. Porém, o resultado da operação dependerá do comportamento da ação do mercado a vista. Com relação à compra de uma opção de compra, e compra de uma opção de venda com preços de exercícios diferentes (Strangle), de acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) essa estratégia deve ser realizada quando o investidor espera uma grande oscilação no preço da ação, podendo ser de alta ou de baixa. Sendo que as opções compradas possuem o mesmo vencimento, mas com preços de exercício diferentes, sendo o preço de exercício da opção de venda menor do que o da opção de compra. EXEMPLO: Compra de uma opção de compra (prêmio $1,00 e preço do exercício $13,00) e compra de uma opção de venda (prêmio $0,50 e preço de exercício $10,00). Estratégias com futuros De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) para atuar em mercados futuros exige-se total conhecimento operacional da Bolsa e de seus produtos, bem como de cálculo financeiro e do cenário econômico. Conforme Assaf Neto (2014) nos mercados futuros as partes obrigam-se a negociar (comprar e vender) determinado ativo em certa data futura, sendo previamente fixado o preço objeto da negociação. Os principais produtos e instrumentos financeiros negociados a futuro são: produtos agropecuários, taxas de juros, taxas de câmbio, ouro, índice Bovespa, etc. EXEMPLO: Um investidor pode desejar adquirir certa quantidade de uma ação específica para entrega no futuro. Na outra ponta dessa operação deve encontrar-se outro investidor, que, inversamente, deseja efetuar a venda desses ativos para entregar também no futuro. O preço é acertado entre as partes e o negócio é fechado como uma operação de mercado futuro.Mercado Financeiro e de Capitais26 A partir do exemplo apresentado e de acordo com Assaf Neto (2014) o investidor da ação aposta na elevação de sua cotação no mercado, adquirindo hoje para entrega futura por um preço acordado previamente. Enquanto que por outro lado o vendedor acredita na possibilidade de compra da ação no futuro a um preço inferior, o que permitiria realizar um lucro. Nas operações futuro, há um compromisso formalizado em contrato, de se comprar ou vender em certa data futura. A figura 6 mostra o boi que é um dos produtos negociados a futuro. Figura 6 - Boi produto comercializado a futuro Fonte: Pixabay De acordo com Assaf Neto (2014) a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) é o mercado formalmente estabelecido para negociar instrumentos futuros no Brasil. A qual cumpre suas funções de oferecer facilidades para a realização dos negócios e o controle das operações, para permitir a livre formação dos preços, das garantias às operações realizadas e oferecer mecanismos de custódia e de liquidação dos negócios. Caro estudante, como você já estudou na unidade 3, você sabe que em março de 2017 a partir da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip foi criada a B3, portanto a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) agora integra a B3 e é lá que são negociados os futuros. Mercado Financeiro e de Capitais 27 Participantes do Mercado futuro De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) os participantes são os mesmos que atuam em outros mercados, são o hedge, o especulador, o arbitrador e o Market maker. Vamos saber um pouco mais sobre cada um? Segundo Assaf Neto (2014) o hedge é um agente que participa do mercado com o intuito de desenvolver proteção diante de riscos de flutuações nos preços de diversos ativos (moedas, ações, commodoties, etc) e nas taxas de juros. Para tanto, tomam nos mercados futuros uma posição contrária àquela assumida no mercado à vista, minimizando o risco de perda financeira diante de uma eventual variação nos preços de mercado. Caro estudante, para você melhor entender como funciona no dia a dia, segue um exemplo. EXEMPLO: Um importador brasileiro poderá ter que pagar U$$10 milhões por mercadorias adquiridas dos EUA em certa data futura, com o intuito de se proteger-se do risco de desvalorização cambial da moeda nacional (R$), poderá adquirir um contrato futuro de dólar com vencimento na data da liquidação da dívida da importação, de maneira que garanta a cotação do dólar americano (moeda de referência para o pagamento da importação). Assaf Neto (2014) diz que o especulador adquire o risco do hedge, motivado pela possibilidade de ganhos financeiros. Tem uma participação importante no mercado, assumindo o risco das variações de preços. O especulador pode ser uma pessoa física ou jurídica que visa obter ganhos financeiros por meio das variações dos preços, eles procuram momentos de ineficiência do mercado para poderem tomar posições descobertas ou alavancadas, ou seja, com risco. As decisões são baseadas em análises técnicas e econômicas. Conforme Assaf Neto (2014) o arbitrador é um participante que procura tirar vantagens financeiras quando percebe que os preços em dois ou mais mercados apresentam-se distorcidos. Opera geralmente Mercado Financeiro e de Capitais28 com baixo nível de risco, e sua importância para o mercado está na manutenção de certa relação entre os preços futuros e a vista. De acordo com Assaf Neto (2014) o formador de mercado (market maker) é um agente que se compromete a promover uma liquidez mínima do mercado e contribuir para a formação justa dos preços dos ativos negociados. Os formadores de mercado se comprometem a manter, durante todo o tempo de funcionamento do pregão, ofertas de compra e de venda para ativos em que estiverem credenciados. O formador pode estar credenciado para representar uma ou mais ações ou debentures. O formador de mercado (market maker) ajuda a Bolsa a analisar os riscos das operações dos sistemas e na formação do preço do produto negociado. Estratégias com futuro de índice Bovespa De acordo com Assaf Neto (2014) os contratos futuros de índices são negociados em pontos do índice, não existindo um mercado físico. Na data do vencimento do contrato futuro, ocorre somente sua liquidação financeira apurada pela diferença de cotação. Cada ponto do índice é representado por um valor monetário, conforme estabelecido pela Bolsa. Sendo que da mesma forma que os demais contratos futuros, ao se abrir sua posição o investidor deve depositar uma margem de garantia, de acordo com o valor fixado pela BM&FBovespa. As posições em aberto são ajustadas todos os dias (ao final de cada pregão). Para lhe ajudar a entender melhor, segue um exemplo. EXEMPLO: Admita que um investidor tenha adquirido, em determinada data, 10 contratos futuros de índice Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a 10.800 pontos cada. Ao abrir esta posição de compra o investidor está apostando em uma valorização do índice. Porém, em razão da valorização das cotações no mercado a vista, o investidor decide fechar sua posição (vender o contrato com vencimento futuro) no mesmo dia, a 11.300 numa operação denominada day trade. Sabe-se que o valor do ponto de cada contrato vale $5,00. Como o valor de um contrato futuro de índice é calculado pela multiplicação do valor monetário estabelecido e o número de pontos do índice, o investidor obteve o seguinte resultado Mercado Financeiro e de Capitais 29 (Venda de 10 contratos futuros: 11.300 – Compra dos 10 contratos futuros: 10.800 = diferença de 500 pontos) o resultado financeiro é (500 pontos X $5,00 X 10 contratos = $25.000,00). Estratégias com futuro de taxa de juros De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a operação de transformar uma aplicação pré-fixada em pós-fixada é uma estratégia que tem como objetivo proteger o investidor em títulos pré-fixados contra uma possível elevação do nível de taxas de juros. Veja o exemplo dessa operação. EXEMPLO: Um investidor aplica $1.000.000,00 em um CDB com prazo de 30 dias e uma taxa de 2,90% para o período. O risco desse investidor é que ocorra uma alta da taxa de juros durante o tempo que o dinheiro ficar aplicado. Porém, para se proteger ele resolve vender contratos futuros de taxa de juros. Com relação a transformação de uma aplicação pós-fixada em pré- fixada Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que essa operação protege o investidor contra uma possível queda na taxa de juros. Caro estudante, neste capítulo você viu que o arbitrador é um dos participantes do mercado futuro, então vamos ver como ele tira proveito em relação às estratégia com futuro de taxas de juros. De acordo com Assaf Neto (2014) o arbitrador de mercado, ao perceber que a taxa dos juros de aplicações de renda fixa está abaixo dos juros praticados nas negociações a futuro, assume a decisão de compra à vista e a venda simultânea no futuro. EXEMPLO: Suponhamos que a taxa de juros no mercado futuro é de 1,82% ao mês. Portanto, ao verificar que os rendimentos do mercado financeiro estão atingindo somente 1,5% ao mês, o arbitrador compra à vista e, ao mesmo tempo, vende no futuro o ativo objeto. Estratégias com futuro de câmbio De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a fixação da paridade cambial é uma estratégia com futuro de câmbio que permite fixar antecipadamente a variação cambial. Sendo que no mercado nacional, as negociações se dão por meio do Ptax. De acordo com Fortuna (2008) Mercado Financeiro e de Capitais30 a taxa Ptax do Banco Central, é a taxa média de venda (compra) do dólar comercial ponderada em valor, apurada pelo BC ao final de cada dia (às 17h30min) de cada dia, e que serve como referência para os negócios com dólar. EXEMPLO: Uma empresa realiza importação no valor de U$$5.000.000,00, para pagamento em 30 dias, e deseja proteger-se contra uma possível desvalorizaçãocambial, ou seja, que o dólar suba mais que o que está atualmente, com isso o Real se desvaloriza. Realiza- se a fixação da paridade cambial e no vencimento o importador pagará o valor corresponde a paridade cambial da data da fixação. De acordo com Assaf Neto (2014) a paridade cambial refere-se a uma relação de poder de compra entre as moedas emitidas por diferentes economias. Pela teoria econômica da paridade, admite-se que a taxa de câmbio entre duas moedas esteja em equilíbrio quando for equivalente à capacidade de compra interna de cada moeda, ou seja, a taxa de câmbio de duas moedas encontra-se em equilíbrio quando o poder aquisitivo das moedas forem equivalente à taxa de câmbio. EXEMPLO: Se R$1,00 equivale a U$$2,00, conclui-se que as duas moedas se encontram em equilíbrio se os mesmos bens puderem ser comprados por R$2,00 no Brasil e por U$$1,00 nos EUA. A figura 7 mostra a cédula de um dólar. Figura 7 - Cédula de dólar Fonte: Pixabay Mercado Financeiro e de Capitais 31 Figura 8 - Soja uma das Commodities Fonte: Freepik Estratégias com commodities De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) com relação às estratégias de hedge para funciona da seguinte forma: se faz um hedge de compra quando o agente econômico necessita do produto e, se faz um hedge de venda quando o agente possui, ou produz o produto. Sendo que de acordo com Assaf Neto (2014) os hedgers de venda procuram proteção contra uma eventual redução nos preços de ativos que pretende negociar (vender) no futuro. Enquanto que os hedgers de compra, procuram maior segurança frente a uma possível alta de preços que poderá ocorrer no futuro em ativos que têm a intenção de adquirir. Para você entender melhor segue um exemplo de hedge de venda. EXEMPLO: O risco de queda de preço de uma safra agrícola no momento da comercialização pode ser neutralizado caso o produto seja vendido no mercado futuro (produtor assume uma posição vendedora no mercado futuro). Se o preço do produto agrícola cair, estará protegido pela garantia do valor de venda contrato a futuro. Caro estudante, a figura 8 mostra a soja, que é uma das commodities negociadas a futuro. Mercado Financeiro e de Capitais32 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido em estratégias com opções de compra e de venda, o que é um lançamento coberto e um lançamento descoberto e como são realizadas as operações, bem como os riscos, o que é mercado secundário e como funciona. Nas estratégias com futuros você aprendeu quem são os participantes no mercado futuro e a função de que cada um exerce e com que finalidade. Também estudou as estratégias com o índice Bovespa, com taxas de juros, com câmbio e, com commodities. E que o investidor deve acompanhar com extremo cuidado todas as estratégias e as operações realizadas, pois as condições de mercado se alteram constantemente, bem como deve sempre comparar a taxa de retorno das operações com as taxas praticadas pelo mercado de renda fixa. Mercado Financeiro e de Capitais 33 Comércio exterior e relações internacionais INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender que as atividades de comércio são de grande importância para as finanças do país, para a estabilidade dos níveis de emprego, de preços e para a economia do país, etc.. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois a cada dia as transações internacionais aumentam e tornam-se importantes para o desenvolvimento econômico mundial. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Globalização e competitividade De acordo com Padoveze (2016) são a globalização e a competitividade que movem as empresas a se tornarem internacionais, na busca do objetivo maior de finanças que é a criação de valor para os acionistas, sendo que a globalização e a competitividade se entrelaçam na gestão das operações internacionais. Não existe um único conceito para definir globalização, porém de acordo com Carmo e Mariano (2016) o entendimento de globalização requer uma análise em múltiplas dimensões, pois envolve aspectos políticos, sociais, culturais, históricos etc. Carmo e Mariano (2016) dizem que para alguns autores o processo de globalização diz respeito ao aumento da interdependência entre os povos, o que resultaria no desaparecimento das fronteiras nacionais e na formação de uma economia globalizada. A figura 9 mostra o Mapa-múndi, que representa que com a globalização é possível realizar transações com qualquer país do mundo, desde que de acordo com a legislação vigente. Mercado Financeiro e de Capitais34 Figura 9 - Mapa Mundi Fonte: Pixabay Padoveze (2016) diz que a globalização é um termo que designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes. De acordo com Padoveze (2016) a competitividade é a condição fundamental da empresa para manter-se no mercado frente a seus concorrentes. Sendo que as estratégias competitivas resultam em vantagens competitivas e têm como foco a condição da manutenção da empresa em atividade, cumprindo seus objetivos. Segundo Carvalho e Silva (2017) ao longo dos tempos, têm sido registrados com frequência deslocamentos de fatores de produção entre países. Com a globalização ocorreu o crescente ingresso de inúmeras empresas que exploram mundialmente atividades industriais, comerciais, financeiras, etc. VOCÊ SABIA? Que graças à globalização, a expectativa de vida em todo mundo aumentou bastante, e o padrão de vida melhorou muito. Pois, a globalização reduziu a sensação de isolamento que muitas das nações em desenvolvimento sentiam um século atrás, e deu acesso a um conhecimento que estava além do alcance de muitas pessoas nesses países, até mesmo dos mais ricos em qualquer país. Mercado Financeiro e de Capitais 35 O Processo de globalização De acordo com Carvalho e Silva (2017) acredita-se que o processo de globalização está em curso e que, no plano econômico, a cada dia, as políticas públicas perdem relevância, neutralizadas pelas forças incontroláveis do mercado. Sendo que as corporações transnacionais são vistas como os principais agentes do processo, uma vez que não devem lealdade a nenhum Estado-nação essas estabelecem em qualquer parte do mundo em que o mercado ofereça mais vantagens para expansão de seus negócios. Caro estudante, talvez você esteja se perguntando o que são corporações transnacionais, então segue uma ajudinha. SAIBA MAIS: São chamadas de empresas multinacionais as empresas que preservam base de origem nacional e estão sujeitas à regulação e ao controle procedentes do país de origem. Enquanto que uma organização transnacional, teria capital genuíno inteiramente livre, sem identificação nacional específica e com uma administração internacionalizada e, no mínimo, potencialmente inclinado a localizar-se e relocalizar- se em qualquer lugar do mundo para obter retornos mais seguros ou mais altos. Carvalho e Silva (2017) dizem que embora o caráter financeiro da globalização seja o mais evidente, o processo e as implicações podem ser analisadas por diversos ângulos, como por exemplo, questões sociais e culturais. Do ponto de vista econômico, destacam-se os enfoques financeiro, comercial, produtivo e institucional, que tem reflexos sobre a questão da governabilidade. Vamos saber um pouco mais a respeito de cada um desses enfoques. De acordo com Carvalho e Silva (2017) a parte da economia com maior grau de internacionalização é o sistema financeiro, pois representa um aumento do volume e/ou da velocidade de circulação dos recursos entre as diversas economias. Carvalho e Silva (2017) dizem que o enfoque Mercado Financeiro e de Capitais36comercial, está relacionado à competição que passa a ocorrer em escala mundial e não mais dentro de cada país, a partir da globalização. EXEMPLO: Uma montadora de automóveis não precisa mais produzir vários modelos em determinado país para atender ao mercado local. Pois como tem subsidiárias em vários países pode especializar cada uma delas em determinado modelo e as demandas pelos tipos diferentes de automóveis passa a ser atendidas por importações. Com relação ao enfoque produtivo, Carvalho e Silva (2017) dizem que a globalização faz com que uma parcela crescente do valor adicionado seja gerada em estruturas de produção interligadas, localizadas em diversas partes do mundo. Caro estudante, existem inúmeras empresas que poderiam ser citadas aqui como exemplo, mas vou citar uma que tenho certeza que você conhece “ Renault”, a mesma está presente em 128 países. Se você tiver interesse em saber um pouco mais acesse o link que estou lhe disponibilizando. https://bit.ly/30fHngy No que refere-se ao enfoque institucional, Carvalho e Silva (2017) dizem que devido à globalização há uma tendência a maior homogeneidade dos sistemas de regulação da atividade econômica nos diferentes países. Isso significa que as relações entre os setores público e privado tendem a ser cada vez mais uniformes. Com relação ao enfoque da governabilidade, de acordo com Carvalho e Silva (2017) a globalização retira graus de liberdade dos governos na condução das políticas fiscal, monetária, cambial, salarial, etc., com isso reduzindo a soberania econômica e a política das nações. Pode-se chegar a uma situação em que os efeitos dos instrumentos convencionais de política econômica sejam neutralizados pela dinâmica do mercado global. De acordo com Carvalho e Silva (2017) uma das expressões mais marcantes do processo de globalização é o crescimento acelerado dos investimentos no exterior, é por intermédio desses investimentos que as empresas realizam sua inserção nos mercados estrangeiros, passando a competir em escala mundial. Mercado Financeiro e de Capitais 37 Comércio internacional De acordo com Carmo e Mariano (2016) tradicionalmente o comércio entre países é considerado a base de sobrevivência e de satisfação das necessidades humanas. Portanto, o comércio internacional é o ramo da economia internacional que trata das transações econômicas, tecnológicas e de capitais entre dois ou mais países, com base em leis internacionais. O comércio exterior cuida das importações e das exportações de bens materiais de uma nação, com base na legislação. O comércio exterior é uma das principais fontes de rentabilidade dos países em busca de sustentabilidade econômica. Maia (2014) diz que não só o comércio se tornou internacional, mas também outros atos humanos, relacionados com a atividade econômica, não respeitaram fronteiras nacionais e, assim formando um conjunto de atividades que constituem a Economia Internacional. SAIBA MAIS: O comércio exterior promove a transferência de mercadorias entre os indivíduos, deslocando-os de regiões onde são mais abundantes para outras onde não existe em quantidade suficiente, para atender o consumo dos habitantes. De acordo com Faro e Faro (2014) o comércio eletrônico, conhecido como e-commerce, que a partir da década de 90 ganhou força e tornou-se uma revolução que envolveu o mundo, provocando grandes transformações de ordem econômica, técnica, cultural e social, com alto grau de repercussões no relacionamento entre os povos. Segundo Faro e Faro (2014) com o surgimento da internet foi possível quebrar de vez o paradigma do contato direto (olho no olho), a necessidade da presença física entre os intervenientes de uma transação comercial, portanto, sendo possível, mediante o estabelecimento de bases adequadas para a condução de negócios suportados nem ambiente virtual, realizar as negociações. Caro estudante a figura 10, Mercado Financeiro e de Capitais38 mostra o crescimento do uso da internet a nível mundial no período de 2005 a 2017, o que contribuiu para o comércio eletrônico, bem como para outras atividades dentro das empresas. Figura 10 - Crescimento do uso da internet em nível mundial Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Carmo e Mariano (2016) muitos fatores explicam como o comércio exterior favorece o desenvolvimento econômico e contribui com a elevação do nível de vida da humanidade. Entre as diversas vantagens do comércio entre países, Carmo e Mariano (2016, p.159) apontam as seguintes razões: aquisição de bens e serviços que não podem produzir em virtude dos fatores de produção; exportação de excedentes para a geração de recursos para o pagamento de importações; desenvolvimento socioeconômico; lançamento de uma marca em nível internacional; fuga do problema da sazonalidade; redução dos custos de produção; aumento das vendas e dos lucros; obtenção de prestígio e de credibilidade internacional; extensão do ciclo de vida dos produtos; possibilidade de preços mais rentáveis; novos parceiros e alianças estratégicas; aprimoramento da qualidade e do marketing. Mercado Financeiro e de Capitais 39 Carmo e Mariano (2016) dizem que o comércio exterior não se limita apenas à movimentação de mercadorias, pois estão inclusos os serviços, as transferências de recursos e as técnicas de um país para outro. Porém, muitos problemas se tornam entraves para a concretização das operações. Nesse sentido, muitos países com economias frágeis e altamente dependentes sofrem as consequências da concorrência globalizada. Carmo e Mariano (2016, p. 159) apontam alguns problemas e desafios do comércio entre países, que são: diferentes tipos de economia; diferentes estágios de desenvolvimento; cultura, comunicação, religião e legislação; crises mundiais; padrões de qualidade e concorrência; canais de distribuição; nível de risco dos países; diplomacia e laços de amizade; desastres ecológicos e ambientais; diferenças climáticas. Caro estudante, acesse o link a seguir, leia a matéria e saberá, qual o impacto causado pelo Corona Vírus ao mercado internacional. https://bit.ly/38VuHzD. Motivos da internacionalização das empresas De acordo com Faro e Faro (2014) inúmeros fatores podem influenciar a decisão de uma empresa internacionalizar suas atividades: pode advir da pressão natural das próprias leis que disciplinam e regulam o mercado doméstico, em virtude da redução dos seus respectivos níveis de demanda, ou mesmo devido a sua eventual saturação; e pode também ser resultado de uma ação estratégica, adotada com o firme propósito de expandir as suas áreas de atuação. Tendo como referência a busca pela manutenção da competividade e dentro do ambiente globalizado, Padoveze (2016) diz que os principais motivos que levam as empresas a se internacionalizarem e a se tornarem corporações multinacionais são: retorno adicional; expansão de seus mercados; busca por maior eficiência na produção; garantia de matérias primas; busca de novas tecnologias; evitar barreiras políticas e regulatórias; diversificação e; questão cambial. A seguir veremos de forma mais especifica cada um desses motivos. Mercado Financeiro e de Capitais40 De acordo com Padoveze (2016) o retorno adicional é a motivação básica do investimento em operações estrangeiras. Pois, as operações domésticas tendem a dar o retorno normal esperado do investimento. As diferenças entre as economias dos países permitem às empresas multinacionais obterem lucros maiores, o que permite um retorno adicional aos acionistas. No que refere-se à expansão de seus mercados, Padoveze (2016) diz que a limitação do tamanho do mercado doméstico constitui um motivo de expansão das vendas em mercados estrangeiros onde há indicativos de demanda dos produtos da companhia. De acordo com Padoveze (2016) a busca por maior eficiência na produção ocorre pois outros paísespodem oferecer menores custos de mão de obra, entre outros custos, e a companhia pode obter facilidades em instalar unidades de negócio no exterior, conseguindo menores valores operacionais. EXEMPLO: Em determinados casos, o nível de capacitação da mão de obra, o sistema educacional do país, etc, permitem condições melhores de produtividade. Padoveze (2016) diz que investimentos em outros países podem ser feitos para garantir um suprimento regular de matérias-primas para as demais unidades de negócios ou processos subsequentes. De acordo com Padoveze (2016) a busca por novas tecnologias ocorre, pois alguns países em determinados segmentos têm especialização em alguma atividade ou produto, ficando mais fácil para a empresa fazer um investimento no estrangeiro do que trazer a tecnologia para a produção nacional. Padoveze (2016) diz que a internacionalização ocorre para evitar barreiras políticas e regulatórias, pois em determinadas atividades ou processos são mais regulamentados em alguns países do que em outros, inclusive nas questões ambientais. De acordo com Padoveze (2016) a diversificação é uma estratégia válida desde que haja diferenças significativas entre os países onde os Mercado Financeiro e de Capitais 41 investimentos são feitos. Pois, caso haja correlação positiva forte entre os mercados de capitais desses países, em tese, o efeito da diversidade se anula. Padoveze (2016) diz que a questão cambial, é o ponto central da administração financeira de empresas multinacionais, representada pelas taxas de câmbio entre moedas dos diversos países que comerciam entre si. No que refere-se ao investimento em moeda estrangeira Padoveze (2016) diz que os investimentos são realizados em moeda estrangeira no país investido, por meio do seu banco central, pela taxa de câmbio vigente no dia do investimento. A unidade investida estrangeira no país recebe o dinheiro investido na moeda do país local, que é o produto do investimento em moeda estrangeira pela taxa de câmbio da data do investimento. EXEMPLO: Vamos imaginar, que uma corporação norte americana decida investir U$$10.000.000,00 numa unidade de negócios no Brasil, como capital social, e que na data da internação a taxa de câmbio seja de U$$2,80 por dólar. Portanto, a empresa a ser constituída no Brasil receberá do Banco Central R$28.000.000,00 (U$$10.000.000,00 X U$$2,80) sendo que a quantidade de moeda estrangeira ficará retida pelo Banco Central. A partir daí, a empresa investida irá fazer transações apenas em reais, e não em dólares. A figura 11 mostra o exemplo apresentado. Figura 11 - Operação de uma empresa investindo no Brasil Fonte: Adaptado pela autora Mercado Financeiro e de Capitais42 De acordo com Padoveze (2016) quando a empresa retorna o lucro do investimento ou o próprio investimento, parcial ou total, se faz o processo invertido. Sendo que os valores em reais a serem retornados à investidora passam novamente pelo Banco Central, e aplica-se a taxa de câmbio do dia e o Banco Central remete as divisas em moeda estrangeira. EXEMPLO: Vamos imaginar que, após cinco anos de atividade, o valor do capital social mais os lucros obtidos no país pela investida somem R$42.000.000,00 e que a taxa de câmbio esteja em R$3,50. Portanto, o Banco Central retorna à investidora estrangeira o montante de U$$12.000.000,00 (R$42.000.000,00 / R$3,50). De acordo com os exemplos apresentados, em cinco anos a empresa apresentou um lucro acumulado de R$14.000.000,00, pois (R$42.000.000,00 - R$28.000.000,00). A figura 12, mostra o exemplo apresentado. Figura 12 - Empresa investida devolvendo para investidora Fonte: Adaptado pela autora Porém, para fins de cálculo do retorno do investimento Padoveze (2016) diz que deve ser realizado à luz da empresa investidora, ou seja, em moeda estrangeira, que é a moeda de origem do investimento, ou seja, calcula-se o valor do retorno do investimento (U$$12.000.000,00) - o valor do investimento (U$$10.000.000,00) = (U$$2.000.000,00). A fórmula a seguir mostra o cálculo do retorno do investimento em moeda estrangeira. ROI = Lucro do investimento / Valor do investimento Mercado Financeiro e de Capitais 43 ROI = U$$2.000.000,00 / U$$10.000.000,00 = 20% Portanto, a rentabilidade em moeda estrangeira foi de 20%, decorrente do aumento da taxa de câmbio de R$2,80 para R$3,50, que significa uma desvalorização do real em relação ao dólar. Sendo que um dos principais fatores para a desvalorização de uma moeda é a inflação interna do país. Exportação De acordo com Faro e Faro (2014), em um sentido mais amplo, exportar pode ser entendido como a transferência de riquezas de um país para outro, materializada pela remessa de bens, ou pelos efeitos gerados no exterior, em decorrência da execução de serviços. Segundo Faro e Faro (2014) a exportação permite que a empresa amplie a sua capacidade de geração de negócios e contribui para minimizar os efeitos da carga tributária incidente em suas atividades produtivas, haja vista a existência dos incentivos fiscais estabelecidos justamente para apoiar e para dinamizar a atuação mercantil de empresas nacionais no mercado externo. Também faz com que a empresa não se preocupe apenas com a elevação do seu nível de produtividade, mas também com a formação e com o treinamento dos seus recursos humanos, e ainda com a qualidade e a melhoria dos seus recursos gerenciais aplicáveis em suas atividades cotidianas. A exportação, não deve em hipótese alguma ser vista como uma válvula de escape ou mesmo como uma alternativa transitória para combate às crises e/ou oscilações negativas que possam estar sendo observadas nas transações domésticas. Caso tal atividade venha ser encarada dessa forma, corre-se o risco muito sério de colocar a perder todo tempo, trabalho, suor, energia e recursos financeiros investidos nesta batalha comercial. Segundo Ludovico (2012) o principal objetivo do plano de exportação é a maximização das vendas nos mercados externos e, como consequência direta, a maximização dos esperados lucros. Segundo Maia (2014) a exportação é a atividade que proporciona a abertura do Mercado Financeiro e de Capitais44 país para o mundo. A exportação é uma fonte geradora de empregos. Estou lhe disponibilizando no link a seguir, a notícia que aborda a respeito de apenas uma empresa de uma cidade do estado de São Paulo a qual tem expectativas para aumentar as oportunidades de empregos a partir do aumento das exportações. https://glo.bo/38Uxf0Q Caro estudante, são muitas as informações a respeito de exportações, portanto, aqui lhe apresento apenas os conceitos básicos, porém, se você tiver interesse em aprofundar os seus conhecimentos a respeito, sugiro que veja os livros que estão disponíveis nas referências e se conseguir ter acesso aos mesmos, leia mais, são excelentes livros e que abordam todo o passo a passo de exportação. Também estou disponibilizando o link do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) para que você possa acessar os dados referentes ao volume de exportação em 2019, terá acesso clicando em exportação brasileira, também se for de seu interesse mais informações atualizadas e confiáveis. https://bit.ly/2OoyOdM Importação De acordo com Faro e Faro (2012) a importação pode ser definida como o ingresso no país de riquezas originárias do exterior, materializadas por bens ou ainda pelos efeitos da execução de serviços. Importar ou produzir? De acordo com Maia (2014) se importamos, geraremos desemprego. Se produzirmos, geraremos emprego. Então, por que importar? Maia (2014) diz que a importação pode ser conveniente, quando o país comprador adquire uma mercadoria de alta tecnologia, obtida por meio de caríssima pesquisa e de muitos anos de experiência, é o caso dos produtos farmacêuticos, pois muitas vezes é mais barato comprar doque produzir. De acordo com Ludovico (2012) embora a importação corresponda a uma das atividades mais importantes no mundo globalizado, vale indagar: quais são os benefícios que a importação traz à economia de um país? Pra lhe ajudar a refletir sobre a importância da importação, destaco algumas razões que são apontadas por Ludovico (2012, p.91): Mercado Financeiro e de Capitais 45 • Em relação às mercadorias: acesso a novas tecnologias; escassez no mercado; inexistência no mercado; qualidade; Vaidade; calamidade pública, etc. • Em relação às finanças: aprimoramento, conhecimento e prática de mecanismos e fontes de pagamentos internacionais; obtenção de recursos financeiros externos; resultado financeiro; instrumentos de garantia, etc. • Em relação ao mercado: acesso a preços de outros mercados ou concorrentes; acesso às tendências de mercado; contato com outras culturas e costumes; fusões, aquisições, participações; acesso às técnicas de vendas do exterior; informações e participações em feiras, simpósios e eventos do segmento de mercado. • Em relação aos serviços diretos e indiretos: ampliação e diversificação dos serviços atrelados; surgimento de novas empresas, aumentando a oferta; novas tecnologias de serviços à disposição de importadores; empresas para capacitar e para inserir no mercado novos importadores e profissionais qualificados. • Em relação a governos e organismos representativos: diálogo e aproximação com empresas de produção, comércio e serviços; defesa de interesses de empresas e da política de importação do país; participação em eventos comerciais, técnicos e de negociação internacionais; manifestação de ideias, críticas e sugestões sobre as diretrizes e normas de importação. Ludovico (2012) diz que outro item importante que se aplica a todos os demais diz respeito às oportunidades profissionais de adquirir qualificações específicas para enfrentar cada etapa de desenvolvimento do setor. Caro estudante, que o Brasil importa inúmeros produtos da China você já sabe. Mas você sabe que a China é um dos países que mais exporta para o Brasil, bem como importa do Brasil. Para que você possa Mercado Financeiro e de Capitais46 entender um pouco mais sobre importação estou lhe disponibilizando um link do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), no qual você poderá observar o volume de importações e exportações que o Brasil realizou com a China em 2019, bem como o saldo da Balança Comercial, observe que como o Brasil exportou mais que importou, apresentou um superávit, se fosse o contrário seria um déficit. Sempre que você tiver interesse em saber algo sobre comércio exterior poderá consultar o site do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), pois você encontrará informações atualizadas e confiáveis sobre Comércio Exterior. Estou disponibilizando o link do MDIC para que você possa acessar os dados referentes o volume de importação em 2019, terá acesso clicando em importação brasileira, também se for de seu interesse encontrará mais informações atualizadas e confiáveis. https://bit.ly/2OoyOdM. Caro estudante, são muitas as informações a respeito de importações, portanto, aqui lhe apresento apenas os conceitos básicos, porém, se você tiver interesse em aprofundar seus conhecimentos a respeito, sugiro que veja os livros que estão disponíveis nas referências e se conseguir ter acesso aos mesmos, leia mais, são excelentes livros e que abordam todo o passo a passo de importação. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que com a globalização o comércio exterior se fortaleceu, e ele é parte importante da economia e funciona como alavanca para o desenvolvimento econômico de um país. Também aprendeu que o comércio exterior cuida das importações e das exportações de bens materiais de uma nação com base na legislação, quais são os motivos que levam às empresas a internacionalização e que o comércio exterior favorece o desenvolvimento econômico dos países e contribui para a geração de emprego e, consequentemente, para a elevação do nível de vida da humanidade. Mercado Financeiro e de Capitais 47 Balanço de pagamentos INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de compreender a dinâmica e a importância do balanço de pagamentos no que refere-se aos aspectos macroeconômicos das relações entre países, conhecerá a estrutura e os principais conceitos do balanço de pagamentos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois todas as operações realizadas entre países estão representadas no balanço de pagamento e, se você for trabalhar em uma empresa que realize operações internacionais deverá saber fazer a classificação correta de acordo com as contas do balanço de pagamentos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Conceito do balanço de pagamentos De acordo com Maia (2014) à medida que o comércio internacional começou a crescer, os países começaram a sentir a necessidade de medi-lo, para avaliar a importância de seu comportamento, e surgiu o balanço de pagamentos. IMPORTANTE: Os principais conceitos e a estrutura básica do balanço de pagamentos obedecem à metodologia contida na 6ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos (BPM6) do Fundo Monetário Internacional (FMI, 2009), que em 2015, passou a ser empregada pelo Banco Central do Brasil (BCB) para elaboração do balanço de pagamentos brasileiro. Conforme Carvalho e Silva (2017) o Fundo Monetário Internacional FMI define balanço de pagamentos como o registro sistemático das transações econômicas entre residentes e não residentes de um país durante determinado período de tempo. Mercado Financeiro e de Capitais48 A definição entre residentes e não residentes não se refere à nacionalidade ou a critério legal, e sim ao centro de interesse econômico. Considera-se que uma pessoa física ou jurídica, tem interesse econômico em determinado país quando está engajada em atividade econômica por pelo menos um ano nesse país. Portanto, são considerados residentes no Brasil todos os indivíduos que vivem aqui em caráter permanente; os que estão transitoriamente no exterior em viagem de negócios, estudos, turismo, etc.; todas as empresas aqui instaladas, bem como o corpo diplomático brasileiro em serviço no exterior. Já um brasileiro que viva por um ano ou mais no exterior é considerado não residente, mesmo que seja empregado de empresa nacional localizada no Brasil. De acordo com Carmo e Mariano (2016), tem-se notado um crescente interesse do público em geral, e em especial de alguns agentes econômicos específicos (governos, exportadores, importadores, investidores e especuladores) no desempenho do balanço de pagamentos do Brasil, inclusive das mais variadas nações do mundo. Carmo e Mariano (2016) dizem que esse interesse advém do grande crescente intercâmbio existente entre as diferentes nações do mundo, adeptos ou não da globalização, os países tendem a buscar maior intercâmbio de bens, de serviços e de fluxo de capitais entre si, para suprir suas diferentes e crescentes necessidades humanas. Estrutura do balanço de pagamentos De acordo com Carmo e Mariano (2016) as transações econômicas e financeiras são operações relacionadas aos fluxos de entradas e de saídas de bens e de serviços, ativos financeiros e monetários no país, ao longo de determinado período. Conforme Damas (2017) o modelo para registro das transações no balanço de pagamentos tem a sua metodologia estabelecida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e é regido pelo princípio contábil de partidas dobradas, segundo o qual para cada débito existe um crédito correspondente e vice-versa.De acordo com Carvalho e Silva (2017) Mercado Financeiro e de Capitais 49 os principais grupamentos, por seu volume e interesse analítico, são as transações correntes (TC) e a conta financeira (CF). [[Nota]] Para avaliar as decisões e as respectivas implicações sobre as transações internacionais entre os países e, assim, poder responder às indagações que surgem diariamente, precisamos compreender como ocorre a contabilização do balanço de pagamentos. Vamos lá? Transações Correntes - TC De acordo com Carvalho e Silva (2017) as transações correntes do balanço de pagamentos são aquelas que produzem fluxos reais, ou seja, a movimentação de bens, de serviços e de rendas entre residentes e não residentes de um país. São subdivididas em: Balanço Comercial (BC), Balanço de Serviços (BS), Renda Primária (RP) e Renda Secundária (RS). Vamos ver adiante o que cada um representa no balanço de pagamentos. Quando o resultado das Transações Correntes apresenta saldo positivo, significa que as receitas de divisas são maiores que as despesas de divisas. Isso impede as crises cambiais, pois mostra que o país pode pagar suas obrigações em moedas estrangeiras. Porém, quando apresenta saldo negativo deixa o país em condições vulneráveis a crises cambiais, pois o saldo negativo inspira desconfiança dos investidores e dos banqueiros e leva os organismos de crédito a darem notas muito baixas. Caro aluno, está lembrado que na unidade 3 você estudou sobre as empresas que realizam a análise de crédito dos países? A figura 13 mostra a transações correntes no balanço de pagamentos. Figura 13 - Transações correntes Mercado Financeiro e de Capitais50 Fonte: Adaptado pela autora Balanço (ou balança) comercial, de acordo com Damas (2017), expressa o saldo da balança comercial e a diferença exportações e importações. Carmo e Mariano (2016) dizem que as (exportações e importações) são realizadas e contabilizadas pelo valor FOB (free on board), ou seja, não se incluem nessas operações os valores referentes a frete e a seguros pagos ou recebidos pelo país, os quais devem ser lançados na conta de serviços do balanço de pagamentos. Se os valores das exportações foram superiores aos valores das importações, a balança comercial apresentou um Superávit Comercial; porém, se os valores das importações foram superiores aos valores das exportações, a balança comercial apresentou um Déficit Comercial. Estou disponibilizando o link do MDIC no qual você terá acesso à balança comercial brasileira, basta clicar em “Balança Comercial Brasileira”, https://bit.ly/2OoyOdM A figura 14 mostra um gráfico da balança comercial. Figura 14 - Balança Comercial Fonte: Adaptado pela autora Mercado Financeiro e de Capitais 51 Caro estudante, as barras em verde mostram o saldo da balança comercial referentes ao segundo trimestre dos anos de 2005 até 2015, e observa-se que nos anos de 2010 até 2015 o saldo foi negativo, ou seja, nesses anos o segundo trimestre apresentou um déficit. De acordo com Carvalho e Silva (2017) o Balanço de Serviços (BS) registra o saldo do valor dos serviços prestados e recebidos pelos residentes de um país. Caro estudante, a seguir são apresentados os componentes da conta balanço de serviços, bem como são apresentadas de forma resumida algumas informações e/ou exemplos, de acordo com Carvalho e Silva (2017) os componentes são os seguintes: manufatura sobre insumos físicos pertencentes a outros (processamento, montagem, rotulagem, embalagem e outros serviços); manutenção e reparos (ex. manutenção e reparos de navios, aviões e outros equipamentos de transporte); transportes (frete de mercadorias, transporte de passageiros, serviços postais, serviços prestados nos portos e aeroportos, etc.); viagens (englobam bens e serviços para turismo e outros fins, pessoais ou profissionais, adquiridos no exterior em viagem de qualquer natureza); construção (engloba criação, renovação, reparo, ampliação, pintura, demolição e outros serviços executados em ativos fixos, como edifícios, pontes, estradas, barragens, etc.); seguros (seguro de frete de mercadorias importadas e exportadas, seguro de vida); serviço financeiros (ex. captação de depósitos e concessão de empréstimos, cartas de crédito, serviços de cartão de crédito. Comissões e encargos, factoring, serviços de consultoria, etc); serviços de propriedade intelectual (incluem taxas de utilização de direitos de propriedade, como patentes, marcas comerciais, direitos autorais, franquias, etc); telecomunicação, computação e informações (incluem difusão ou transmissão de som ou imagens, hardware, software, agências de notícias, etc); outros serviços de negócios; serviços pessoais, culturais e de recreação (serviços de saúde, educação e outros como atores, diretores, cantores, esportistas, etc); serviços governamentais (despesas de embaixadas, consulados, missões de ajuda, etc). O balanço de renda primária, de acordo com Carvalho e Silva (2017) esta conta é composta por salários e ordenados, e por rendas Mercado Financeiro e de Capitais52 de investimentos. Sendo que salários e ordenados, correspondem aos pagamentos, em dinheiro ou outros benefícios, a trabalhadores sazonais, temporários e outros não residentes, como empregados de embaixadas e consulados. Enquanto que a renda de investimentos corresponde ao retorno dos investimentos diretos, dos investimentos em carteira, de outros investimentos e das reservas. A figura 15 mostra o gráfico com os referentes resultados do balanço de serviços renda primária. Figura 15 - Serviços e renda primária Fonte: Adaptado pela autora A renda secundária (RS), de acordo com Carvalho e Silva (2017), consiste em transações que registram transferências correntes entre residentes e não residentes, que não envolvem obrigações em contrapartida. EXEMPLO: Donativos em dinheiro para financiar gastos correntes, donativos de alimentos, roupas, medicamentos, prêmios de loteria e apostas, contribuições para organismos internacionais, organizações não governamentais, etc. De acordo com Carvalho e Silva (2017) na conta capital, registram-se as transações relativas à aquisição/alienação de bens não financeiros não produzidos, e as transferências unilaterais de capital. Segundo Carvalho e Silva (2017) são ativos não financeiros não produzidos, as transações com Mercado Financeiro e de Capitais 53 Figura 16 - Conta financeira no balanço de pagamentos recursos naturais (terra, direitos de mineração, direitos florestais, água, direitos de pesca, espaço aéreo e espectro eletromagnético), os contratos, as concessões e licenças, reconhecidos como ativos econômicos e os ativos de marketing (marcas, nomes de domínio, etc.). Conta Financeira - CF De acordo com Carvalho e Silva (2017) devido à importância que as transações financeiras assumiram na atualidade, a conta financeira foi estruturada de forma que evidencie as transações ativas e as transações passivas por tipo e por instrumento financeiro, está dividida em cinco categorias funcionais: investimentos diretos (ID), investimentos em carteira (IC), derivativos (DR), outros investimentos (OI) e ativos das reservas (AR). Na sequência vamos ver de forma resumida sobre cada uma dessas categorias. A figura 16 mostra a conta financeira no balanço de pagamentos. Fonte: Adaptado pela autora Mercado Financeiro e de Capitais54 Investimentos Diretos (ID), de acordo com Carvalho e Silva (2017), consistem nos investimentos em que o residente em um país detém o controle ou um grau significativo de influência na gestão de uma empresa em outro país, porém o investidor deve possuir 10% ou mais do poder de voto da empresa. A conta investimentos diretos subdivide- se em: investimentos diretos no exterior, nessa conta são registrados os investimentos de brasileiros em outras economias e; investimentos diretos no país, na qual
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