Buscar

Poderosos Chefinhos - A hierarquia proveniente da linguagem e psicossocialização nas relações infantis.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Prática Integrativa III
Curso de Psicologia - CCS
Universidade de Fortaleza
Fevereiro de 2021
PODEROSOS CHEFINHOS
A hierarquia proveniente da linguagem e psicossocialização nas relações infantis.
Autores: Deborah Alves Feitosa e Maryane Ellen Medeiros Silva
Profa. Orientadora: Veruska Fernandes
Palavras-chave: Psicossocialização. Linguagem. Psicologia da Infância. Idade pré-escolar.
Resumo
Relatório feito a partir de pesquisa qualitativa e observações não participantes de duas pesquisadoras
em uma creche escola do município de Fortaleza, com o objetivo de explorar os aspectos
psicossociais e da linguagem de crianças na faixa etária de três a sete anos. Foi possível observar a
variação da linguagem empregada de acordo com o destinatário do discurso em relação à Luisa, uma
das crianças observadas, além da apresentação de características de distintas fases do
desenvolvimento psicossocial nos gêmeos Marvin e Marcus, os gêmeos que completam o grupo focal
das observadoras. Concluiu-se que as crianças dominando aspectos do desenvolvimento adiantados
se sobressaem como líderes e influenciadores em relação aos outros indivíduos.
Introdução
Este relatório se caracteriza como parte do estágio da disciplina de Prática
Integrativa III do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, que tem como propósito
analisar o exercício dos aspectos do desenvolvimento infantil em crianças de uma
determinada faixa etária, fazendo isso por meio de um estágio observacional não
participante, ou seja, sem proposta de intervenção.
O objetivo geral deste trabalho se dá por aprimorar as habilidades em observação do
comportamento e análise de informações, além da disposição relacional entre os conceitos
teóricos aprendidos em aula e as observações realizadas pelas alunas autoras.
Visto que as aptidões supracitadas se fazem de suma importância no desempenho
profissional e teórico da psicologia, independentemente da área, nosso interesse pessoal no
comportamento infantil e suas influências nos motivou na escolha de visitar uma creche
escola praticar essa análise e melhorar nossas habilidades de estudo das particularidades
da conduta das crianças para que, caso seja uma possível área de interesse, possamos
aplicá-las posteriormente na prática.
1
A fundamentação teórica utilizada para este trabalho se baseiam nas obras de
autores que estudam o desenvolvimento infantil e em relação aos aspectos do
desenvolvimento aos quais daremos enfoque, como a teoria do desenvolvimento
psicossocial de Erik Erikson e suas críticas sobre a importância da integração entre o social
e o individual e a relação com as fases de desenvolvimento muscular e controle locomotor
nessa faixa etária (RABELLO e PASSOS, 2007), assim como a teoria de Bakhtin sobre a
importância do receptor da mensagem e as ideias sobre a linguagem egocêntrica sob a
visão de Piaget e Vygotsky (SOUZA, 2008).
A Instituição escolhida para a realização da observação em questão se trata da
Creche Escola do Poder Judiciário, é uma entidade governamental que conta com uma
estrutura exemplar e conta com turmas de Educação Infantil 2 ao 1º ano do Ensino
Fundamental. A observação foi feita numa turma de Ensino Infantil 3, turma B, durante o
período da tarde, acompanhando tanto atividades pedagógicas quanto não pedagógicas. A
observação foi feita notando todos os alunos da turma pessoalmente e destacando crianças
em específico que demonstraram comportamentos que pudemos analisar sob a ótica de
nosso embasamento teórico.
Metodologia
Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método de pesquisa qualitativo, além
da prática da observação em dupla, onde os observadores atuam somente como
espectadores, sem tomar parte ou interferir nos acontecimentos, onde as informações serão
coletadas e analisadas posteriormente. A observação permite a identificação de diversos
comportamentos observados pelos pesquisadores, além de também possibilitar a percepção
de elementos desconhecidos previamente e trazer a possibilidade de comparação dos
dados coletados, mas também apresenta desvantagens, como a perda de acontecimentos
que ocorrem simultaneamente, além da dificuldade de não inserir juízo de valor (FERREIRA;
MOUSQUER, 2004).
Os indivíduos observados pela primeira pesquisadora eram gêmeos univitelinos do
sexo masculino cursando o Infantil III em uma creche exclusiva para filhos de funcionários
do Poder Judiciário no município de Fortaleza. Os gêmeos foram escolhidos a partir do
intuito de observar os níveis do desenvolvimento psicossocial entre dois indivíduos que
compartilham dos mesmos meios de convivência e desde um primeiro momento
demonstraram disparidades. A segunda pesquisadora observou uma criança do sexo
feminino cursando a mesma série na mesma creche, e foi escolhida pela dualidade de sua
forma de comunicação verbal. O local foi escolhido por conta da idade que o mesmo
contempla, que é condizente com o procurado para o objetivo deste trabalho.
2
Os dados coletados foram analisados a partir do conhecimento adquirido através da
pesquisa bibliográfica realizada após a apuração dos mesmos, que incluíram livros, artigos,
documentários e rodas de conversa sobre Linguagem e Psico Socialização na primeira
infância, que serão especificados na bibliografia do trabalho vigente.
Também recebemos acompanhamento semanal com a professora orientadora da
disciplina, onde a mesma realizava a supervisão do desenvolvimento deste trabalho.
Também foram realizados Grupos de Estudos ministrados pela monitora da disciplina e
rodas de conversa com profissionais da área pesquisada.
As informações e dados coletados e relatados neste trabalho terão divulgação
restrita ao contexto acadêmico, e os nomes e locais de trabalho dos indivíduos entrevistados
não serão revelados. É possível encontrar os resumos dos diários de campo desenvolvidos
durante as observações no Apêndice deste trabalho.
Resultados e Discussão (ARIAL, 11)
Antes de trazer os acontecimentos observados e teorias relacionadas com os
mesmos, uma introdução sobre os conteúdos abordados a seguir faz-se necessária.
Inicialmente, devemos diferenciar língua de linguagem, já que a primeira é um código verbal
característico, enquanto a linguagem é toda e qualquer interação entre pessoas (SILVA,
2018). A linguagem verbal, amplamente observada durante a construção deste relatório,
consiste no domínio da língua como sistema simbólico, sendo a interação direta entre
pessoas uma de suas mais importantes formas de expressão (SILVA, 2018). Quando
falamos de linguagem não verbal, que também teve extrema importância durante as
observações, estamos nos referindo à maneira de nos comunicarmos utilizando gestos e
expressões, sendo uma forma espontânea e de muita relevância na comunicação humana
(SILVA, 2018).
Luisa é uma criança de três anos e sete meses que, quando avistou as
observadoras, mostrou-se muito curiosa com as mesmas, sempre buscando fazer-se
presente junto a elas. Logo foi possível notar a linguagem verbal extremamente
desenvolvida da criança, que, apesar de algumas trocas de fonemas, apresentou um
extenso vocabulário e muita destreza ao compor frases. Luisa emprega uma gama de
entonações em sua fala, sempre enfatizando as palavras com seu tom e também trazendo
gestos corporais e expressões faciais para reforçar o que fala.
Sabe-se que a articulação da fala varia muito de criança para criança, mas é possível
identificar um desenvolvimento acelerado das meninas em comparação aos meninos em tal
quesito (CARSON, 2015), diferenciação ainda mais expressiva em Luisa, que demonstra
uma linguagem muito avançada em comparação aos demais alunos de sua sala, inclusive
3
às garotas. A comunicação não verbal abrange todas as manifestações de comportamento
não expressas por palavras, e o estudo dessa linguagem assume um papel importante no
entendimento das mensagens passadas durante as interações sociais (SILVA et al., 2000),
fato notado durante a observação de Luisa, queutiliza-se da linguagem não verbal de
maneira indissociável de sua linguagem verbal enquanto comunica-se, principalmente com
adultos.
Durante os dias de observação, foi possível notar que a troca de fonemas na fala de
Luisa não ocorria em todos os momentos, e sim quando via-se entre adultos, momento que
suas expressões corporais se avolumam e o tom de voz aumenta. Quando cercada por
crianças de sua idade e até mesmo mais velhas, Luisa parece utilizar-se de sua linguagem
verbal desenvolvida para colocar-se em uma posição de líder, assumindo o comando das
brincadeiras e comunicando-se de forma quase autoritária ao designar o papel de cada
colega.
Bakhtin afirma que, desde o início do discurso, a presença do destinatário é de
necessidade inquestionável, por conta da inerente necessidade do ser humano de ser
ouvido, sempre buscando uma compreensão (SOUZA, 2008). Tal pensamento corrobora
com os comportamentos notados em Luisa durante a observação, que alterava de maneira
expressiva sua forma de comunicar-se com o variar de seus ouvintes. Quando cercada por
crianças, não cometia erros de fonemas, mas quando via-se diante de adultos, falava de
forma extremamente diferente, aparentando ter dois anos, com uma construção de palavras
rudimentar e grande utilização de gestos corporais e expressões faciais para fazer-se
entendida.
Aprender palavras, aumentando assim seu vocabulário, e utilizar as mesmas
adequadamente é de extrema importância no desenvolvimento da linguagem verbal (HAGE,
PEREIRA, 2006), quesitos cumpridos por Luisa, que raramente empregou erroneamente
alguma palavra, mesmo as não esperadas em sua faixa etária. Durante a aquisição da
linguagem, fase em que, por sua idade, a criança observada se encontra, as crianças
podem cometer diversos desvios semânticos em função do ainda desorganizado conjunto
de significação adquirido pelo indivíduo, fato notado com pouca frequência durante as
observações (HAGE, PEREIRA, 2006).
Foi possível notar uma leve hierarquização entre as crianças durante o horário do
parquinho, onde muitas turmas estavam juntas, misturando assim diversas idades.
Observou-se que, quando iam decidir as brincadeiras e designar o papel de cada indivíduo
na mesma, prestava-se uma maior atenção às crianças mais velhas, esperando as mesmas
tomarem tais decisões. Entretanto, mesmo estando entre as mais novas, Luisa tinha um
papel de liderança junto com as crianças, que a escutavam e acatavam suas decisões, pois
quando a questionam eram refutados pela mesma, que utilizava-se de sua linguagem mais
4
desenvolvida como um motivo para mérito entre os demais, dando a si mesma o posto de
líder.
Durante a espera pela chegada dos pais ou intervalos entre as aulas, a professora
liberava as crianças para brincar com os brinquedos presentes na sala, e durante tal período
foi possível observar Luisa distraindo-se com bonecas, com as quais permaneceu
dialogando por diversos minutos. Tal comportamento é chamado de fala egocêntrica, que
Vygotsky vê como o passo que precede a fala interior, mas que apresenta estruturas
semelhantes com tal. A fala egocêntrica é uma forma de ter-se acesso à fala interior da
criança antes da passagem para a função intrapsíquica e consequente atividade mais
individualizada. Piaget traz que a criança fala apenas para si própria na fala egocêntrica,
sem tentar comunicar-se e não esperando resposta, derivando-se de uma socialização
insuficiente da fala, que tende a parar de ocorrer quando a criança passa a sentir-se ouvida
(SOUZA, 2008). A partir da teoria de Piaget, podemos concluir que, apesar de dialogar
bastante tanto com adultos quanto com crianças, Luisa não se sente ouvida e compreendida
pelos mesmos, buscando assim outras formas de externalizar seus pensamentos.
Ao longo das observações, foi-se tornando cada vez mais clara a relação entre o
comportamento das crianças na prática com o fundamento teórico sobre desenvolvimento
psicossocial. As crianças observadas, que serão referidas pelos nomes Marvin e Marcus, a
fim de preservar suas identidades, têm em torno de 3 anos e 9 meses, levando em conta
que os indivíduos de enfoque desta análise são gêmeos univitelinos. Sob o viés da teoria
das fases do desenvolvimento psicossocial idealizada por Erik Erikson, um psiquiatra infantil
alemão, os dois meninos supostamente deveriam estar na fase da segunda infância ou de
controle locomotor, que ocorre entre os 3 e os 5 anos de idade (VERÍSSIMO, 2002).
Entretanto, desde um primeiro momento, foram observadas divergências entre o
comportamento dos dois.
Torna-se importante esclarecer que o desenvolvimento psicossocial, segundo
Erikson, acontece em entremeio às fases do ciclo vital, que seriam; o estágio sensorial, ou
bebê, até cerca dos 18 meses de vida; a fase do desenvolvimento muscular, na 1ª infância,
dos 18 meses aos 3 anos; o controle locomotor, na 2ª infância, dos 3 anos aos 5; o período
de latência, na idade escolar, dos 5 aos 13 anos; a fase da moratória psicossocial, na
puberdade e adolescência, de 13 a 21 anos; a maioridade jovem, ou adulto jovem, dos 21
aos 40; a maioridade, ou meia-idade, dos 40 aos 60 e a maturidade, ou idade da reforma, a
partir dos 60 anos. Cada uma das fases tem seus relacionamentos significativos, sua crise
de sentimento psicossocial, seus possíveis resultados, os aspectos formadores de
identidade, potenciais psicopatologias, dentre outros conceitos observados, e são todas
interdependentes para a definição completa da identidade de uma pessoa (VERÍSSIMO,
2002).
5
É também necessário distinguir os aspectos de duas das fases de desenvolvimento
supracitadas, o desenvolvimento muscular e o controle locomotor, pois serão o principal
ponto da obra a ser relacionado com o comportamento dos indivíduos analisados,
considerando sua idade. Pois estas estão ligadas a comportamentos semelhantes, e suas
crises psicossociais estão também relacionadas a sentimentos semelhantes, como a
autonomia versus a vergonha, no desenvolvimento muscular, e a iniciativa versus a culpa,
no controle locomotor. Segundo Erikson, as principais diferenças são que, respectivamente
ao avanço das fases, estes processos envolvidos se tornam mais complexos, como as
habilidades adquiridas na fase da primeira infância como andar, escalar e falar, que evoluem
para o explorar de forma mais consciente, brincar, comunicar e o fazer de conta,
aprimorando a relação da criança com o meio e com as pessoas presentes nele, na fase da
segunda infância (RABELLO e PASSOS, 2007).
Levando em conta estudos que estabelecem que complicações perinatais, entre
outros fatores, podem ser determinantes na existência de alguma deficiência cognitiva ou
intelectual em uma criança (MOREIRA, 2011), essas fases e suas faixas etárias podem
sofrer alterações dentro da particularidade de cada indivíduo. Em adição a isso, algumas
informações concedidas às alunas autoras a respeito dos gêmeos, como o fato que de
Marvin e Marcus nasceram muito prematuros, ficaram bastante tempo na UTI e Marcus
aparentemente sofreu certo dano cerebral e teve mais sequelas que o irmão, mesmo Marvin
também apresentando suas particularidades, nos levam a compreender que existe uma
possibilidade de que estes possam apresentar alguma desabilidade ao longo de seu
desenvolvimento.
Entretanto, este relatório de estágio observacional não interventivo não pretende
trazer nenhuma avaliação por padrões clínicos, pois busca somente analisar os padrões de
comportamento presenciados em campo sob a ótica do aspecto do desenvolvimento infantil
escolhido, no caso, a psicossocialização. Já que, em alguns momentos, os irmãos
apresentam incongruências entre si nas características da fase de desenvolvimento em que
cada um se encontra. Essa distinção é notável nos momentos em que Marvin já apresenta
habilidade no que se refere à autonomia e na comunicação com as pessoas ao seu redor,
enquanto Marcus demonstra estar em processo de desenvolvimento dessa atitude deautonomia e aprendendo a utilizar a comunicação de forma mais eficiente, como por
exemplo para pedir para usar o banheiro; Marvin já fez o desfralde completo, comunica à
professora quando precisa ir ao banheiro e não tem maiores dificuldades, já Marcus ainda
não demonstra segurança para fazer o mesmo e, foi visto mais de uma vez, tem
necessidade de que continue usando fraldas por enquanto.
Também podendo ser percebido em diversos outros momentos, como durante a hora
da refeição, em que Marvin, ao contrário do irmão, não precisa de auxílio de uma pessoa
6
adulta para comer, ou até mesmo no momento de integração entre as crianças no fim do
turno, quando Marvin apresenta muito mais desenvoltura para conversar e brincar com os
colegas e explorar a sala de aula, enquanto Marcus se mantém a usar a linguagem quase
apenas com seu gêmeo, e mais frequentemente apenas imitar o que Marvin falou ou repetir
o nome do irmão. Todos esses comportamentos demonstram essa discrepância no
desenvolvimento da autonomia e comunicação dos dois.
Com base nisso, podemos perceber que Marvin apresenta comportamentos mais
característicos da fase de controle locomotor da segunda infância, sendo mais desinibido
para atividades como explorar a sala de aula e o parquinho, inventar brincadeiras mais
arriscadas, podendo também manifestar certa desobediência e comunicar-se com as
pessoas à sua volta de forma mais clara, usando várias formas de linguagem com mais
propriedade. No caso de a crise psicossocial dessa fase, ou seja, iniciativa versus culpa, ser
atravessada de forma saudável, com a vigilância adequada e sem a inibição do seu papel de
criança, o resultado favorável alcançado para Marvin deve ser a associação de virtudes
como a de receber orientações, experimentar projetos, atingir objetivos e tomar iniciativas,
agregando à formação de sua identidade (VERÍSSIMO, 2002).
Por sua vez, Marcus revela uma conduta muito mais inerente da fase de
desenvolvimento muscular na primeira infância, já que ainda demonstra ser uma criança
com comportamentos majoritariamente não-verbais, utilizando mais risos e linguagem
corporal para se expressar. Não somente essa lacuna na comunicação pode demonstrar
essa afirmação, mas também seu menor desenvolvimento na motricidade e socialização
com outras pessoas em seu meio que não remetem à figura dos pais, pois foi observado
que Marcus interagia mais com as professoras e colaboradores que já conhecia, mais até do
que com os colegas, e isso pode ser devido a segurança e amparo que a imagem de uma
pessoa adulta traz para uma criança que ainda sente muita necessidade de proteção.
Assim, ilustrando características comportamentais que se adequam ainda dentro da fase de
crise entre autonomia e vergonha, pois não apresenta a autoconfiança que a resolução
satisfatória dessa crise traz para o enfrentamento da seguinte.
Todavia, não é possível concluir se tais características apresentadas por Marcus são
devidas ao menino ainda estar no processo de atravessamento da crise psicossocial da fase
de desenvolvimento muscular, ou se ele apresenta esses padrões por não ter obtido uma
resolução saudável dessa crise. Em virtude de sua idade, a primeira opção é a mais
provável, pois não existe uma métrica que prevê de forma rígida o tempo de
desenvolvimento de um ser humano, visto que também existem outras crianças na mesma
faixa etária e até na mesma turma que apresentam características semelhantes tanto a um
quanto ao outro, demonstrando que nesse estágio podem haver muitas ambiguidades e que
cada criança tem o seu tempo.
7
Considerações Finais (ARIAL, 11)
Em suma, nessas semanas de observação, foi possível acompanhar a dinâmica em
que se dispõem as relações na idade pré-escolar e a surpreendente influência que o
comportamento adultizado exerce nessas relações, uma vez que as crianças que
demonstram maior avanço no desenvolvimento assumem posições de destaque e liderança,
seja por serem vistas pelas outras como representações mais próximas de pessoas adultas
ou por elas próprias se auto intitularem líderes sobre quem se demonstrar menos
interessado nessa posição ou estiver mais alheio à essa forma de hierarquia.
Dentro da vivência infantil, o domínio da língua e linguagem concede vantagem, pois
os pontos de dar ordens e se fazer ouvido são preciosos por demonstrar a saída de uma
fase em que se é completamente dependente, para uma etapa de maior autonomia e
evolução da comunicação. Como mostra Luisa, que se destaca como líder por ser capaz de
conversar e debater com adultos e crianças até mais velhas que ela. Por esta razão, a
linguagem e comunicação são aspectos imprescindíveis dentro do desenvolvimento
psicossocial. Isso também explica o motivo de crianças em uma fase de desenvolvimento
adequada ou adiantada para a sua idade exercerem maior influência no comportamento dos
demais, como Marvin, que era acompanhado e imitado não somente pelo seu irmão, como
também por vários de seus colegas de turma, em suas brincadeiras.
Não significa que as crianças que não assumem posição de liderança tenham algum
atraso ou falha de desenvolvimento, elas podem simplesmente não se interessar por esse
tipo de dinâmica de grupo e estar atravessando seu próprio processo pessoal e
desenvolvendo uma identidade sem essa característica de sobreposição social. Um exemplo
disso é Marcus que, independente da fase de desenvolvimento que se encontra, desde o
início demonstra uma persona contrária a de seu irmão nesses aspectos. Diversos conceitos
que vão além do psicossocial podem explicar tais características, mas a resolução das
crises psicossociais de cada fase, sendo elas relevantes para a construção da
personalidade do indivíduo, são uma boa lente para esse tipo de observação, que possui
muito potencial para ser avaliado a longo prazo.
Sendo assim, nesse acompanhamento foi intensificada a nossa admiração pessoal
com os profissionais que lidam com crianças e observam esse desenvolvimento
diariamente, e podemos levar os conceitos analisados nessa prática como embasamento
para um potencial exercício da área ou lidando com o desenvolvimento das crianças de
nossas vidas pessoais.
8
Referências
- CARSON, N. M. O desenvolvimento da linguagem infantil. Letras de Hoje, v. 8, n. 1, 14 maio
2015.
- FERREIRA, Berta Weil; RIES, Bruno Edgar (Org.) Psicologia e educação: desenvolvimento
humano – infância. VI, 3.ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002
- FERREIRA, Vinícius Renato Thomé; MOUSQUER, Denise Nunes. Observação em
Psicologia Clínica. Revista de psicologia da UniC, [S. l.], p. 54-61, 5 nov. 2004.
- HAGE, Simone Rocha de Vasconcelos; PEREIRA, Mariana Blecha. Desempenho de
crianças com desenvolvimento típico de linguagem em prova de vocabulário expressivo. CEFAC, São
Paulo, v. 8, n. 4, p. 419-428, 20 maio 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rcefac/a/RKwv4Mf5YXJqhYfZrtTxVtD/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20
maio 2022.
- RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Erikson e a teoria psicossocial do desenvolvimento.
Disponível em https://josesilveira.com. Acesso em: 25 maio 2022.
- SILVA, Denise Mirelle da. O desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal na educação
infantil. UniEvangélica, Anápolis, p. 1-16, 20 maio 2022. Disponível em:
http://45.4.96.19/bitstream/aee/1456/1/DENISE%2020-12-18PDF.pdf. Acesso em: 20 maio 2022.
- SILVA, Lúcia Marta Giunta da et al. Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem
corporal. Revista Latino-americana de Enfermagem, [s. l.], v. 8, n. 4, p. 52-58, 2000. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rlae/a/tDnHtdjX3DGwKb8TMCLPJCq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20
maio 2022.
- SOUZA, Solange Jobim e. Infância e Linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. 11°. ed. [S.
l.]: Papirus, 1994.
- VERÍSSIMO, Ramiro. Desenvolvimento Psicossocial - Erik Erikson. [S. l.: s. n.], 2002. ISBN
972-9027-12-9.
-MOREIRA, LMA. Deficiência intelectual: conceitos e causas. In: Algumas abordagens da
educação sexual na deficiência intelectual[online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 35-41. Bahia
de todos collection. ISBN 978-85-232-1157-8. Available from SciELO Books .
Apêndices
- Apêndice A
1º Dia de observação (31/03/22, 15h-17h)
Observadora A:
Luisa importou-se muito com a presença das observadoras, sempre se aproximando
para relatar o comportamento de outras crianças e falar de fatos sobre si mesma. Foi
9
possível notar uma inconsistência na dicção de Luisa, que por vezes errava palavras com a
letra R quando na presença de adultos, fato que não se repetia em ambientes somente com
outras crianças. O mesmo comportamento ocorreu com outros fonemas, como trocar "com"
por "cu". Enquanto comunicar-se verbalmente, exibe uma grande variação de movimentos
corporais, principalmente com as mãos, sempre enfatizando suas palavras; além de
expressões faciais diversas e exageradas.
Observadora B:
Marvin apresentou um potencial de socialização muito diferente de seu irmão,
Marcus. Passou o intervalo com outros colegas, inventando brincadeiras e sendo, muitas
vezes, o influenciador e propulsor da bagunça entre seus amigos, se movimentou e brincou
em diversos espaços do playground. Marcus desde o momento que chegou no parquinho,
até a hora em que a professora chamou para a sala, permaneceu sozinho, em um balanço,
sem fazer questão de interagir com nenhum outro aluno ou professor. O fato de os gêmeos
não fazerem questão de estarem juntos no intervalo, de interagirem com as mesmas
pessoas ou de terem comportamentos parecidos, coisa que é típica nessa idade, antes de
se emanciparem um do outro de forma mais consciente numa idade mais avançada, foi algo
intrigante para nós numa primeira observação.
- Apêndice B
2º Dia de observação (01/04/22, 15h-17h)
Observadora A:
Luisa seguiu com seu comportamento verbal variando de acordo com quem estava
ao seu redor. Notou-se uma certa tentativa de colocar-se como líder de algumas outras
crianças utilizando de sua linguagem mais desenvolvida como justificativa para tal. Quando
cercada de crianças de sua idade ou mais velha, a pronúncia impecável de todos os
fonemas é muito perceptível, além de aplicar corretamente até mesmo conjugações verbais.
Durante a aula de inglês, expressou-se com menos frequência, e quando falou não
demonstrou tanta propriedade nas palavras cobradas pela professora. Durante essa prática,
também não foi possível notar erros de pronúncia em sua comunicação verbal.
Observadora B:
Os gêmeos têm um desempenho interessante na aula de inglês, Marvin se perder
mais em brincadeiras paralelas com os colegas, enquanto o Marcus adere melhor a
dinâmica da aula. Parece existir uma maior influência entre o comportamento do Marvin e o
de seus colegas do que com seu irmão, coisa que não é muito vista em gêmeos nessa
10
idade. Entretanto, o comportamento dos outros meninos da sala parece influenciar pouco no
comportamento de Marcus e vice-versa. Mas ele, sim, parece sofrer um pouco mais de
interferência do comportamento do irmão. Outro ponto interessante de ressaltar é que
durante a hora do jantar, enquanto Marcus terminava de comer com auxílio da professora,
Marvin fez questão de interagir com as cozinheiras do refeitório, por cima do balcão de
entrega dos pratos, comportamento que não foi observado em nenhuma das outras
crianças.
- Apêndice C
3° Dia de observação (07/04/22, 15h-17h)
Observadora A:
A observação iniciou-se no parquinho, onde Luisa estava brincando com outras
crianças quando, sem aviso prévio, começou a chorar pedindo por seu pai, momento onde a
troca de fonemas foi extremamente perceptível. Quando questionada pelas professoras,
Luisa intensificou as trocas além de utilizar-se de uma linguagem corporal quase inexistente.
Luisa e outra colega saíram mais cedo do parque para tomar banho e se arrumar para o
ballet. No ambiente somente com a professora, uma outra criança e a observadora, mais
uma vez a troca de fonemas estava muito presente, e foi possível notar uma maior
amplitude de gestos corporais durante sua fala, como se tentasse abranger todo o espaço
desocupado na sala. Quando já banhada, sentada esperando a professora de ballet chegar,
utilizou-se de um grito para chamar especificamente a minha atenção enquanto eu estava
debatendo com a outra observadora. No momento, L estava sentada sozinha na mesa, e eu
estava na mesa ao lado apenas ouvindo sua conversa com a boneca. Foi possível identificar
a troca dos fonemas ss por x e por vezes o z por th.
Observadora B:
Conversei com a professora, que contou que os gêmeos, Marvin e Marcus, nasceram
muito prematuros. Ficaram bastante tempo na UTI e que o Marcus aparentemente sofreu
um dano cerebral, segundo ela, uma paralisia, e teve mais sequelas do que o irmão, mesmo
Marvin apresentando suas próprias particularidades. Disse que o Marcus tem mais
dificuldade com movimentação e é um pouco menos ativo que o Marvin mas, apesar disso,
ele se concentra mais nas rodinhas de atividades, relaciono com resposta a reforço positivo.
Marvin tem problemas de visão e audição, ele ouve pouco com o ouvido direito, usa óculos
com grau forte e parece ter mais dificuldade para assimilar comandos direcionados para
eles. Marcus teve dificuldades com o desfralde, é difícil dizer se ele não se sente seguro
para comunicar às professoras que precisa ir ao banheiro, mesmo elas sempre tentando
11
orientar e facilitar esse processo, ou se existe alguma outra razão, Marvin nunca
demonstrou dificuldades enquanto pude observar. Marcus tem óculos sem grau que ele usa
por ver o irmão usando, demonstra a influência que o irmão exerce para ele. Marcus
interage mais com as professoras que já conhece e que lhe ensinaram do que interage com
os colegas, isso pode se dar devido a segurança e amparo que traz a imagem de uma
pessoa adulta.
- Apêndice D
4° Dia de observação (08/04/22, 15h-17h)
Observadora A:
L seguiu mostrando seu amplo domínio da linguagem verbal quando sozinha com
outras crianças, mais uma vez utilizando-se de tal conhecimento acima da média para
exercer certo tipo de influência sobre as outras crianças. Durante o jantar, começou
comendo sozinha, mas passou a solicitar a ajuda das auxiliares quando notou outras
crianças recebendo a comida na boca, momento em que a troca de fonemas e expressões
faciais de descontentamento foram notáveis. Enquanto aguardava o banho, L estava quieta,
sem comunicar-se com as tias ou com as outras crianças, comportamento que permaneceu
durante a aula de inglês, onde a mesma costuma ficar calada por não ter tanto domínio da
língua quanto os outros colegas. Após a aula, L brincava sozinha com uma boneca em uma
mesa afastada das professoras, momento que foi possível observar a utilização
gramaticalmente correta de todas as suas palavras, mostrando um repertório impressionante
para sua idade, 3 anos.
Observadora B:
Por precisar de ajuda para andar pela creche, já que ele anda mais devagar, Marcus
se aproxima mais das professoras, enquanto Marvin se aproxima mais dos colegas. Nesse
dia pude perceber os dois fazendo muito mais uso da linguagem durante as interações do
que em todos os outros dias, usando mais palavras, conversando entre si, Marvin formava
frases mais concisas e com mais frequência do que pude perceber nos outros dias. Foi a
primeira vez que vi o Marcus comendo sozinho na hora da refeição, com um pouco de
dificuldade, pois geralmente as professoras e auxiliares sempre lhe ajudam, enquanto
Marvin faz sozinho sem problemas. Marvin fez questão de ir mostrar para as funcionárias do
refeitório o seu prato vazio depois de comer toda a comida, e depois de ver o irmão, Marcus
fez a mesma coisa.
- Apêndice E
12
5° Dia de observação (12/04/22, 15h-17h)
Observadora A:
L não compareceu à creche. Pode-se notar um vácuo na liderança entre as crianças,
que costumavam aceitar quando a mesma se colocava como líder das demais.
Observadora B:
Maior entrosamento dos gêmeos entre si, brincaram e passaram mais tempo que o
decostume juntos, já que várias vezes o Marvin prefere brincar com os outros colegas da
turma. Às vezes se distanciam, quando Marvin sai explorando os cantos da sala com
brinquedos e Marcus fica sentado no chão, mas eles apreciam muito usar os mesmos
brinquedos. Mais uma vez Marcus demonstra ter dificuldades para pedir pra usar o banheiro,
inclusive, as professoras notam a necessidade de que ele continue usando fraldas para não
sujar a farda, já o irmão não usa mais. Notável diferença nos níveis de comunicação entre
os dois. Marvin apresenta mais desenvoltura para conversar e brincar com o colegas e com
as professoras, e já Marcus se mantém a usar a linguagem quase apenas com seu gêmeo,
e mais frequentemente apenas imitar o que Marvin falou ou repetir o nome do irmão, não o
vi formar frases como o outro.
- Apêndice F
6° Dia de observação (14/04/22, 15h-17h)
Observadora A:
No último dia de observação, L novamente chorou por alguns minutos pedindo por
seu pai, trocando diversos fonemas e fazendo as birras características de sua idade.
Quando notou que não estava recebendo muita atenção, foi até a professora e ficou
abraçada nas pernas da mesma, que seguiu sua conversa normalmente com outra adulta.
Após isso, L desvencilhou-se da professora e voltou a brincar, mais uma vez tomando para
si o papel de líder entre as outras crianças e utilizando uma gramática excepcional para sua
idade. Pude notar certa confusão nas demais crianças, que por vezes não conheciam uma
palavra que L falava, o que deixava a mesma estressada, levando-a a bater o pé no chão e
utilizar-se da troca de fonemas novamente. Enquanto esperava o banho, L conversava
sobre presentes que ganhou de seu pai com a professora, sempre com olhos bem abertos,
expressões corporais abrangentes e grande troca de fonemas, e passou a falar mais alto
quando notou que eu a estava observando. Após o banho, veio relatar para mim e para a
outra observadora como era sua casa e que brinquedos tinha, sem gaguejar uma única vez
13
e utilizando palavras incomuns em sua faixa etária, mas com diversas trocas de fonemas e
expressões faciais exageradas.
Observadora B:
Marcus demonstra ser uma criança com comportamentos majoritariamente
não-verbais, costuma se utilizar muito mais de risos e linguagem corporal para se expressar,
graças a competência dos funcionários, não passa por nenhum desamparo por essa falta de
comunicação, só acontece realmente quando é algo que dependa inteiramente dele, por
exemplo, pedir para ir ao banheiro quando precisa. Em questão de conversa, percebo que
Marcus mais imita o que ouve do que elabora falas. Provavelmente, pode ser esse o motivo
que ele demonstra bom desempenho e foco na aula de inglês, cuja maior parte da dinâmica
se dá nas crianças ouvirem o que a professora diz e fazerem a repetição, de palavras, e
músicas, o reforço positivo ao repetir corretamente as palavras em inglês o torna mais íntimo
da matéria. Marvin fala mais por si e muitas vezes é a grande influência entre os colegas da
turma, pois não é apenas seu irmão que lhe acompanha em suas ideias, que algumas vezes
são até perigosas. Devido a essa maior expressividade, ele acaba se mostrando mais mais
agitado e desobediente, não só em comparação com seu irmão, que nem sempre o
acompanha nas inquietações, mesmo sendo bastante sugestionado por ele, mas com o
restante dos alunos da turma também. Há sempre outros amigos que o acompanham. Por
esse motivo, Marcus acaba brincando sozinho muitas vezes, coisa que não parece ser
problema nenhum para ele. Como já foi observado, também por causa de seu problema
auditivo, Marvin algumas vezes não responde muito bem a repreensões e/ou ordens, sendo
necessário que a professora fale mais alto com ele, mas algumas vezes é perceptível que
ele não obedece simplesmente por não querer.
14

Continue navegando