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TOXICODINÂMICA Prof Me. Rita Alves Entender como um agente tóxico se relaciona com seu receptor por meio do conhecimento da toxicodinâmica. • A fase da toxicodinâmica é caracterizada pela presença em sítios específicos do agente tóxico: • Ao interagirem com as moléculas orgânicas constituintes das células produzem alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais que caracterizam o processo de intoxicação. Toxicodinâmica • Existem vários caminhos q u e p o d e m l e v a r à toxicidade. FIGURA 3.1.7 – Estágios potenciais no desenvolvimento de toxicidade após exposição a toxicantes FONTE – Gregus e Klaasen, 2001 • Quando estas perturbações induzidas pelo toxicante excedem a capacidade de reparação do organismo, a toxicidade se manifesta, podendo ocorrer, por exemplo, necrose tissular, câncer ou fibrose. • Outras vezes, o xenobiótico não alcança o alvo específico, mas influencia adversamente o (micro) ambiente biológico, causando disfunção molecular, celular, de organelas ou órgãos, levando a efeitos deletérios. Toxicante Molécula alvo Disfunção Celular Interações entre agentes tóxicos • No efeito aditivo, o efeito tóxico final é igual à soma dos efeitos produzidos separadamente. • A exposição a chumbo e arsênio na inibição da biossíntese do heme; • No efeito sinérgico, o efeito final é maior do que a soma dos efeitos individuais. • A exposição ao tetracloreto de carbono (hoje extinto, mas muito usado na lavagem a seco) e compostos clorados aromáticos promovem uma hepatotoxicidade sinérgica. • Na potenciação, um xenobiótico apresenta seu efeito aumentado por interagir com outro toxicante que, originalmente, não produziria aquele efeito tóxico. • O propanolol não é hepatotóxico, entretanto, junto com o tetracloreto de carbono aumenta a hepatotoxicidade deste. Quando um toxicante reduz o efeito tóxico de outro: antagonismo, o efeito tóxico final será menor. • No antagonismo competitivo, o antagonista compete com o agonista pelo mesmo sítio de ação, sem reagir com este último, nem com seus receptores. • Por exemplo, os praguicidas organofosforados inibem a enzima colinesterase, com o acúmulo de acetilcolina nas sinapses colinérgicas. • A atropina (antagonista) bloqueia os receptores de acetilcolina, sendo usada no tratamento das intoxicações por organofosforados. • No antagonismo químico, o antagonista reage com o agonista (responsável pela ação tóxica), inativando-o. • Por exemplo, o EDTA forma complexos solúveis com o chumbo. • Quando dois agonistas agem sobre o mesmo sistema produzindo efeitos contrários, tem-se o antagonismo funcional. • Os glicosídeos cardiotônicos, por exemplo, aumentam a pressão arterial e os bloqueadores -adrenérgicos atuam diminuindo a pressão arterial. • O toxicante no sítio de ação é o p r i m e i r o p a s s o n o desenvolvimento da toxicidade. • A intensidade do efeito tóxico depende da concentração e toxicante final no seu sítio de ação. • O toxicante final é a espécie química que reage com moléculas endógenas alvo (por exemplo, receptor, enzima, DNA, proteína, lipídio) ou altera criticamente o (micro) ambiente biológico, iniciando alteração estrutural ou f u n c i o n a l q u e r e s u l t a n a toxicidade. FIGURA 3.1.8 – O processo do alcance do toxicante no sítio-alvo de ação FONTE – Gregus e Klaassen, 2001 O alcance do toxicante no sítio-alvo de ação depende de vários fatores descritos a seguir. • a) Absorção versus eliminação pré-sistêmica • O processo de absorção corresponde à transferência de um agente químico do local de exposição para a circulação sistêmica. • Durante o processo de absorção, o toxicante pode ser eliminado, ocorrendo uma diminuição da sua disponibilidade sistêmica. • Quando absorvidos pelo trato gastrintestinal, os toxicantes podem sofrer uma eliminação pré-sistêmica durante a passagem pela mucosa gastrintestinal e pelo fígado • Com isso, haverá uma redução dos efeitos tóxicos dos xenobióticos. • O etanol, por exemplo, é oxidado pela enzima álcool-desidrogenase na mucosa gástrica; • O manganês é recapturado no fígado e excretado pela bile. Distribuição para o alvo versus longe do alvo • Os toxicantes saem da circulação sangüínea durante a fase de distribuição e entram para o espaço extracelular, podendo penetrar nas células. • Os compostos solúveis em lipídeos movem-se rapidamente para dentro das células por difusão. • Substâncias altamente ionizadas e xenobióticos hidrofílicos estão restritos ao espaço extracelular, a menos que um transporte especializado ocorra na membrana. Os principais mecanismos que facilitam a distribuição para o alvo são: • porosidade do endotélio capilar; • transporte especializado através da membrana plasmática; • acúmulo nas organelas celulares; • ligação intracelular reversível Os principais mecanismos que dificultam a distribuição ao alvo: • ligação com proteínas plasmáticas; • barreiras especializadas (por exemplo, baixa porosidade aquosa dos capilares do cérebro); • distribuição para sítios de armazenamento; • associação com proteínas intracelulares; • exportação das células (toxicantes intracelulares podem ser transportados de volta para o espaço extracelular). • A toxicidade pode relacionar-se com a molécula alvo em si, organelas celulares, células, tecidos e órgãos ou mesmo todo o organismo. • Praticamente todos os componentes endógenos podem ser alvos potenciais para toxicantes: • a) Modificação na permeabilidade da membrana • Afetará a entrada e saída de nutrientes e íons Na, K e Ca, responsáveis pelos fenômenos de polarização e despolarização da membrana e, conseqüentemente, pela transmissão elétrica do impulso nervoso. • Por exemplo, a neurotoxicidade do DDT é o resultado da interferência nos íons sódio, alterando a permeabilidade da membrana. • O álcool etílico parece alterar a fluidez das membranas devido à sua propriedade lipofílica. Inibidores Irreversíveis • Inativam as enzimas de forma definitiva ou por um longo período. • Compostos orgânicos clorados ou fosforados - reagem com o resíduo S1 de serino-enzimas, formando um complexo irreversível. Ex.: Inseticidas organofosforados, como o malathion e o parathion atuam inibindo a enzima acetilcolinesterase, responsável pela metabolização da acetilcolina em neurônios centrais e periféricos. A inibição dessa enzima por essas drogas contribui para a toxicidade desses inseticidas a longa meia vida que esses apresentam no ambiente. A c e t i l c o l i n e s t e r a s e complexada com sarin (dose letal 0,01 mg/kg, oral), um organofosforado altamente tóxico e volátil. • b) Modificação na atividade enzimática • Os metais inativam enzimas importantes da respiração celular, como as desidrogenases. • Os praguicidas organofosforados inibem a enzima colinesterase. • O Co2 é um subproduto pobre do metabolismo celular; • Na mioglobina, a His64 (His E7), no lado do heme onde o O2 se liga, se relaciona com o ligante que estiver interagindo com o Heme, chamado de His distal que forma uma ligação de hidrogênio com o O2 que pode ajudar a impedir a ligação linear do CO, o que explica a redução seletiva na ligação do CO ao heme na mioglobina (e na hemoglobina). • c) Complexação com biomoléculas • Os xenobióticos podem complexar-se com componentes enzimáticos, proteínas e lipídeos. • O monóxido de carbono, por exemplo, fixa-se à forma reduzida do ferro da hemoglobina, diminuindo o transporte de oxigênio aos tecidos, além de combinar-se com a enzima citocromo oxidase. En zim as Catalisam reações que determina a ação – papel chave da toxicidade Es tr ut ur a AA diferentes entre indivíduos que afeta a velocidade da toxicidade – diferenças herdadas nas enzimas Ca te go ria s d e en zim as Hidrolise; Redução; Oxidação; Expõe ou introduz “ OH, NH, SH, COOH” Co nj ug at iv as Acetilação,metilação, aminoácidos: aumento da hidrofilicidade Distribuição das enzimas biotransformadoras de xenobióticos Hi dr ól ise Carboxilases – Hidrolisam compostos lipídicos Colinesterases: inibe a acetilcolinesterase Epóxido hidrolase: indução do citocromo P450 • Intoxicação por deficiência na expressão de p450; • Intoxicação por competição de sítios; • Detoxificação: Aumento da P450;