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DJULIE H. M. DE ANDRADE 1 Refluxo Gastroesofágico Fisiológico do Lactente Definição de refluxo gastroesofágico: movimento retrógrado do conteúdo gástrico para o esôfago, pode atingir faringe, boca, vias aéreas superiores. Acontece várias vezes por dia, é um processo fisiológico, mais comum no período pós-prandial. Nos lactentes: Distúrbio transitório que acomete até 60% dos lactentes; Caracterizado por regurgitações e/ou vômitos sem prejuízo no ganho ponderal; Inicio < 8 semanas de vida; Aumento da frequência dos episódios entre 2 e 4 meses; Melhora progressiva: 90-95% se resolvem até os 2 anos. Acontece por 2 fatores: imaturidade funcional do aparelho digestivo e hábitos e fatores posturais. Imaturidade dos mecanismos antirrefluxo Hábitos e fatores posturais Lactente saudável de 3 semanas a 12 meses de vida + ≥2 episódios diários de regurgitação por ≥3 semanas, na ausência de náuseas, hematêmese, aspiração, apneia, déficit de ganho ponderal, dificuldade para alimentação ou postura anormal. Clínico! Fazer exames se: DJULIE H. M. DE ANDRADE 2 Medicamento é desnecessário! Tranquilizar os pais quanto ao caráter benigno e transitório da condição. Orientações posturais Manter lactente em posição vertical por 20- 30 minutos após as mamadas; Dormir em decúbito dorsal com elevação da cabeceira a 30-40°. Orientações dietéticas Fracionamento das refeições em volumes menores. Uso de espessantes ou fórmulas antirregurgitação (AR). Orientações ambientais Redução da exposição ao tabagismo passivo - o cigarro leva ao relaxamento transitório do esfíncter esofágico superior. Doença do Refluxo Gastroesofágico Manifestações clínicas de gravidade variáveis, associadas ao refluxo, associadas ou não a complicações. O refluxo vira patológico quando há manifestações clínicas, como um baixo ganho pondero-estatural. Fatores que prejudicam a competência dos mecanismos antirrefluxo + fatores relacionados com o da lesividade do material refluído sobre a mucosa. Fatores que prejudicam a competência dos mecanismos antirrefluxo: Alterações do peristaltismo esofágico; Hipotonia do esfíncter esofagiano inferior; Relaxamento transitório do esfíncter esofagiano inferior; Retardo do esvaziamento gástrico; Aumento da pressão intra-abdominal; Efeitos posturais. Fatores de risco Prematuridade. Obesidade. Doenças neurológicas. Doenças pulmonares crônicas. Malformações congênitas no TGI: Hérnia hiatal/diafragmática; Atresia de esfôfago/fístula traqueosofágica. Variável com a idade. Manifestações típicas: DJULIE H. M. DE ANDRADE 3 Manifestações atípicas (extraesofageanas): Complicações: Esofagite; Úlceras esofágicas; Estenose esofágica; Hemorragia digestiva alta; Esôfago de Barret; Síndrome de Sandifer: postura anormal por causa do desconforto causado pelo refluxo (hiperextensão cervical e lateralização da cabeça), que em geral, cursa com esofagite de refluxo. Suspeita diagnóstica clínica. Exames complementares dependem da gravidade dos sintomas – não existe um padrão-ouro na pediatria. pHimpedânciometria esofágica: ainda não existem padrões de normalidade definidos para as diferentes faixas pediátricas e é pouco disponível. pHmetria esofágica de 24h: indicado para pacientes com sintomas atípicos, avalia a resposta ao tratamento nos pacientes não responsivos e avaliação pré e pós- cirúrgica, avalia apenas os refluxos ácidos. Endoscopia digestiva alta: não faz diagnóstico da doença, não vê o refluxo, apenas as complicações. Exame radiológico contrastado de esôfago, estômago e duodeno USG de abdome: diagnóstico diferencial de DRGE, não faz diagnóstico de DRGE. Cintilografia gastroesofágica: ingestão de radioisótopo e avaliação do esvaziamento gástrico e de aspiração pulmonar. Não há nenhuma indicação! DJULIE H. M. DE ANDRADE 4 Não farmacológico Elevação da cabeceira da cama; Fracionamento das refeições; Evitar o consumo de líquido durante as refeições; Evitar alimentos que relaxem o EEI (refrigerantes, cafeína, bebidas gaseificadas, chocolate, etc); Estético: uso de fórmulas AS e espessantes - as regurgitações, mas não reduz episódios de refluxo gastroesofágico; Farmacológico Geralmente não indicados em lactentes, pois respondem bem ao não farmacológico. Indicação: sintomas graves com dificuldade alimentar, desaceleração ponderal e/ou esofagite na EDA. Não usar de forma empírica para sintomas atípicos extraesofageanos pHmetria esofágica de 24h Procinéticos: domperidona e bromoprida tônus EEI, melhoram clareamento esofágico e aceleram o esvaziamento gástrico; Efeitos adversos: irritabilidade, sonolência, prolongamento do intervalo QT (domperidona); Não são recomendados de rotina. Antiácidos: Antagonistas do receptor H2: ranitidina; Inibidores da bomba de prótons: omeprazol; Aliviam os sintomas do refluxo e permitem a cicatrização da mucosa esofágica; Teste terapêutico por 4 a 6 semanas em crianças e adolescentes. Cirúrgico Refratariedade ao tratamento medicamentoso ou manifestações com risco de morte. Geralmente em pacientes com fatores de risco para DRGE grave. Técnica mais utilizada: fundoplicatura de Nissen laparoscópica.
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