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A CRIANÇA VOMITADORA REGURGITAÇÕES X VÔMITOS • Regurgitações: movimento retrógrado de alimentos e secreções do esôfago ou estomago até a cavidade oral e, por vezes, fora da boca involuntário Ø Não há náuseas ou esforço abdominal na eliminação • Vômitos é a expulsão forcada de alimentos pela boca, acompanhada ou não pela contração intensa dos músculos abdominais. VARIÁVEIS IMPORTANTE À ANAMNESE: • Idade de início • Tempo de evolução • Frequência • Horário preferencial • Características dos vômitos • Sintomas acompanhantes • Complicações • Histórico de alimentação: Ø (duração/quantidade; aleitamento ou fórmula; intervalo de tempo entre a alimentação • Antecedentes pessoais a familiares ETIOLOGIAS Causas de vômitos, por faixa etária: • Cinetose à vomito por movimento RGE DEFINIÇÃO: • É a passagem do conteúdo gástrico para o esôfago, com ou sem regurgitação e/ou vomito • É um processo fisiológico que ocorre em indivíduos saudáveis em toda as faixas etárias REFLUXO FISIOLÓGICO X RGE DOENÇA DO REFLUXO GASTRESOFÁGICO • Definições: 1. RGE: passagem do conteúdo gástrico para o esôfago com ou sem regurgitação ou vomito 2. DRGE: quando o RGE causa complicações, sinais e sintomas que impactam a saúde. REFLUXO FISIOLÓGICO EM LACTANTES • O refluxo é usualmente um processo benigno, parte da fisiologia e maturação gastrointestinal nessa fase da vida • Porção intra-abdominal do esôfago mais curta no lactante. DIAGNÓSTICO DO REFLUXO FISOLÓGICO • O diagnóstico de refluxo fisiológico implica necessariamente na ausência de sinais e sintomas de complicações • Para esse tipo de apresentação clínica não há necessidade de investigação complementar, exceto no caso de vômitos desde as primeiras semanas de vida ou vômitos com aspecto bilioso. MANEJO • Esclarecimento da família quanto à benignidade e transitoriedade do quadro • Tende a desaparecer até 1 ano • Não há necessidade de intervenção medicamentosa Na ause ̂ncia de sinais de alerta, testes diagnósticos e / ou terapias incluindo supressão de ácido NÃO são necessários se não houver impacto dos sintomas na alimentac ̧ão, crescimento ou aquisic ̧ão de marcos de desenvolvimento DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) • DRGE: quando associado a sintomas prejudiciais ao bem-estar do individuo e/ou complicações ETIOPATOGÊNESE DA DRGE: MULTIFATORIAL • Crianças pequenas: imaturidade de alguns componentes da barreira antirrefluxo • Relaxamento transitório do EEI por estímulo vagal, não relacionados à deglutição (pós alimentar, choro, tosse) • Segmento intra-abdominal do esôfago mais curto em lactentes GRUPOS DE RISCO PARA DRGE • Neuropatas • Síndromes genéticas (Sd. Down) • Distrofias musculares • Anomalias congênitas do esôfago: atresia de esôfago e hérnia de hiato • Hérnia diafragmática • Doenças respiratórias crônicas (fibrose cística) • Pacientes em quimioterapia • Prematuros • Obesos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apresentações clínica varia de acordo com a faixa etária: • Lactentes: sintomas inespecíficos SINTOMAS GASTRINTESTINAIS E SUAS COMPLICAÇÕES • Lactentes: regurgitações e/ou vômitos • Baixo ganho de peso (vômitos volumosos) • Sintomas sugestivos de esofagite: recusa alimentar, irritabilidade, opistótono, sono agitado, choro à mamada, hematêmese e anemia • Pré-escolares: regurgitações e/ou vômitos, recusa alimentar • Escolares e adolescentes: azia, pirose, epigastralgia ou dor retroesternal em queimação, regurgitação crônica, disfagia (sólidos), hematêmese e melena (raros) SINTOMAS RESPIRÁTORIOS • Lactentes sibilantes e asma de difícil controle (especialmente quando associados à asma noturna e/ou sintomas típicos de DRGE) • Sinusite, faringite e otite média serosa (?) • Tosse crônica, laringite, rouquidão, estridor intermitente • Pneumonia de repetição (principalmente crianças com doenças neurológicas e/ou musculares) • Crises de apneia: relação causal nem sempre é confirmada (descartar outras causas) • Evento de quase morte súbita (ALTE – acute life-threatening event/Brue) (?) ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS • Distúrbios do sono • Irritabilidade/choro excessivo • Síndrome de Sandifer: postura anormal da cabeça em crianças neurologicamente normais, na presença de esofagite de refluxo à O mecanismo exato não é conhecido, mas geralmente resolve com tratamento anti-DRGE. SINAIS DE ALERTA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA • História + exame físico • Exames complementares: podem ajudar na avaliação de complicações associadas à DRGE, eficácia do tratamento e nos diagnósticos diferenciais • Até o momento, não há exame padrão-ouro para o diagnóstico de DRGE • Dessa forma, é importante conhecer as capacidades e as limitações de cada um dos métodos e correlacionar os seus resultados com o quadro clínico do paciente. QUESTÃO USP 2021 Lactente de 40 dias de vida é trazido à consulta com queixa de 20 dias de regurgitações frequentes que ocorrem cerca de 10 minutos após as mamadas. Está em aleitamento materno exclusivo a cada 2 horas e evacua fezes líquidas amareladas 5 a 6 vezes ao dia de forma ruidosa. O exame clínico é normal e está ganhando 25 gramas por dia. A hipótese diagnóstica mais provável e respectiva conduta são: (A) Refluxo gastroesofágico fisiológico – orientações posturais. (B) Doença do refluxo gastroesofágico – introduzir procinético e antiácido. (C) Intolerância à lactose – excluir leite de vaca da dieta materna. (D) Estenose hipertrófica do piloro – solicitar ultrassonografia do abdome superior QUESTÃO USP 2019 Sobre Refluxo Gastroesofágico (RGE) em lactentes é correto afirmar que: (A) A presença de vômitos descarta evento fisiológico. (B) Recusa alimentar não é manifestação clínica de doença do RGE. (C) Em pacientes que apresentam vômitos tardios, sem relação com a alimentação o diagnós]co de RGE pode ser descartado. (D) RGE Fisiológico pode tornar-se patológico em qualquer momento de sua evolução RADIOGRAFIA CONSTRATADA DE ESÒFAGO, ESTÔMAGO E DUODENO (RXEED) • Indicação: excluir anormalidades anatômicas do trato digestório • Vantagens: exame de fácil execução e baixo custo • Desvantagens: inadequado para o diagnóstico de DRGE pois avalia apenas o RGE pós-prandial imediato, não tendo a capacidade de quantificar os episódios de refluxo • Os RGEs podem ser detectados em até 50% das crianças submetidas a exames radiológicos, independentemente dos sintomas. CINTILOGRAFIA GASTROESOFÁGICA • Permite avaliar o esvaziamento gástrico, a ocorrência de refluxo não ácido e a microaspiração pulmonar. • A falta de padronização técnica e a ausência de dados relacionados à idade limitam o valor desse teste no diagnóstico de DRGE em crianças = não deve ser solicitada de rotina para diagnóstico de DRGE em crianc ̧as. • Um teste normal não exclui a possibilidade de aspiração pulmonar. • Para avaliação de aspiração pulmonar, é importante a realização de imagem tardia (24 h) ULTRASSONOGRAFIA (US) ESOFAGOGÁSTRICA • A ultrassonografia esofagogástrica é realizada no período pós-prandial imediato e não diferencia o RGE da DRGE. • Quando comparada à pHmetria, apresenta baixa especificidade = não deve ser solicitada para avaliac ̧ão clínica de rotina da DRGE em crianc ̧as. • Sensibilidade de 95%, especificidade é de apenas 11%, para o diagnóstico da DRGE, não havendo correlação entre a frequência de refluxo, detectada pela USG, e o índice de refluxo, detectado pela pHmetria. • Importância: diagnóstico diferencial com a estenose hipertrófica de piloro MONITORAÇÃO PROLONGADA DO PH ESOFÁGICO (PHMETRIA ESOFÁGICA) • Quantifica a frequência e duração dos episódios de refluxoacido no esôfago distal, e avalia se existe associação dos sintomas digestivos ou extradigestivos com os episódios de refluxo acido (diário) • Por identificar apenas os episodios do refluxo acido, não é considerada padrão-ouro • O índice de refluxo (IR) é considerado o parâmetro mais importante, pois fornece quantificação da exposição acida esofágica cumulativa. IMPEDÂNCIA INTRALUMINAL ESOFÁGICA ASSOCIADA À PHMETRIA ( I IM-PH) • Microeletrodos colocados na porção distal do esôfago • Detecta o movimento retrógrado de fluidos, sólidos e ar no esôfago, para qualquer nível, em qualquer quan\dade, independentemente do pH, pois mede as alterações de resistência elétrica • Atualmente, ela é u\lizada em conjunto com a monitoração do pH, chamada pH- impedanciometria ou pH-MII • Limitações: alto custo do exame e a falta de definição de valores de normalidade na faixa etária pediátrica.
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