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REGIME DE PREVIDÊNCIA: É HORA DE MIGRAR? O guia definitivo para o servidor público sobre vantagens e desvantagens da migração para o regime de previdência complementar Rodrigo Tenório REGIME DE PREVIDÊNCIA: É HORA DE MIGRAR? O guia definitivo para o servidor público sobre vantagens e desvantagens da migração para o regime de previdência complementar Rodrigo Antonio Tenório Correia da Silva Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo(2001). Mestre em Direito pela Harvard Law School(2009). Pós-graduado em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas(2016). Doutorando em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco(2018-2022). Procurador da República desde 2005. Ex-Juiz Substituto no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo(2004-2005). Ex-Procurador Regional Eleitoral no Estado de Alagoas(2010-2013). Diretor de Assuntos Jurídicos da Associação Nacional do Procuradores da República(2017-2019) Escrito por Rodrigo Antonio Tenório Correia da Silva em 2018. Todos os direitos reservados. Aos servidores públicos federais, transformados recentemente em vilões da previdência por mentirosos contumazes. Apresentação Caro(a) servidor(a), Esse livro é destinado a você. Não se engane: sem previdência seu futuro será um inferno. De acordo com o art. 1º, da Lei 8.213/01, “a previdência social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”. Ler o conceito legal de previdência é o que basta para que saibamos o importantíssimo papel que ela desempenha em nossas vidas. Hoje, há três regimes de previdência vigentes para os servidores públicos: 1) o dos que tomaram posse antes da Emenda Constitucional 41/2003, em que são garantidas a paridade e integralidade, com contribuição previdenciária de 11% sobre os vencimentos; 2) o dos que ingressaram entre 2004 e 2013, cuja aposentadoria equivalerá à média aritmética dos 80% maiores salários, com contribuição previdenciária de 11% ou mais – em alguns estados chega a 14% - sobre os vencimentos; 3) o regime de previdência complementar, no qual a aposentadoria equivale ao teto do regime geral de previdência social - R$ 5.645,80, em 2018 - e a contribuição previdenciária incide somente sobre tal montante. As duas primeiras modalidades constituem o chamado regime próprio de previdência. É possível sair delas para ingressar na terceira. Você, servidor público federal, tem até 28 de julho de 2018 para decidir se permanece no regime próprio de previdência ou se migra para o regime de previdência complementar . Servidores de outros entes da federação terão os prazos dados pelas leis locais criadoras dos regimes complementares de previdência de estados e municípios. Feita a opção pela migração, ela é irretratável e irrevogável. Em outros termos: impossível desistir. Migrou, fim de conversa. Afinal, vale a pena migrar? Recentemente, vi-me diante dessa dúvida que assola centenas de milhares de pessoas. Integro o serviço público há 14 anos, dos quais 13 como membro do Ministério Público Federal(MPF). Tomei, no final do ano passado, a decisão de migrar de regime. Não encontrei textos que abordassem fundamentadamente muitos pontos que considerava essenciais para a tomada de decisão, o que me obrigou a destrinchá-los sozinho. Antes de decidir, diversas perguntas me atormentaram. Como será composta minha aposentadoria se eu migrar? É mais arriscado migrar ou permanecer no regime próprio de previdência? Se eu migrar, como aplicarei o dinheiro que antes iria para os cofres da União? O que vai acontecer com as contribuições já feitas? O que é esse tal benefício especial de que todos falam e que compõe minha aposentadoria? O cálculo que a administração pública federal tem feito dele está mesmo correto? Receberei o teto do INSS? Como serão reajustados o benefício especial e o teto do INSS? Qual o impacto no imposto de renda da redução da contribuição previdenciária? Vale a pena para mim aderir a FUNPRESP? Quando poderei gozar o benefício especial? Como ficará minha pensão por morte e minha aposentadoria por invalidez? Precisarei fazer seguro? Essas são apenas algumas das questões que precisam ser resolvidas pelos que estão diante do dilema da migração. Nos artigos que li para tentar dirimir minhas dúvidas, em poucas oportunidades encontrava a fundamentação legal e a conta matemática que explicasse a tese neles adotada. Para quem, como eu, busca decidir com segurança, essa lacuna retirava-lhes grande parte da utilidade. Em defesa deles, ressalto que a matéria é extremamente intricada e exige a análise de um sem número de normas. Como diretor jurídico da Associação Nacional dos Procuradores da República, coordenei uma campanha para esclarecer os membros do MPF sobre a migração. Na execução da tarefa, notei que há diversos falsos dogmas sobre a migração, como o de que a migração nunca será boa para quem tem paridade. O contato com tais dogmas e os questionamentos dos colegas iluminam muitos dos temas aqui desenvolvidos. Nesse livro, pretendo expor, de maneira sucinta, fundamentada e sincera o caminho que percorri para chegar à decisão e as dúvidas com que precisei – e preciso - lidar. Para não cometer o mesmo pecado das explicações a que tive acesso, ao fundamentar um raciocínio exporei contas e textos de lei. Quanto a esses, evitarei o juridiquês ao máximo; quanto àquelas, transmitirei em gráficos e tabelas os resultados para facilitar a compreensão. O rumo que tomei pode ou não ser bom para você, leitor. Como veremos, há inúmeros fatores que influenciam da decisão, do momento do ingresso no serviço público à tolerância ao risco. Ao transpor minha experiência para o livro, espero que você não tenha que passar pelo que passei na busca de informação para ter instrumentos necessários à decisão. Não prometo paz de espírito nenhuma, tampouco comentários estilo “autoajuda” que lhe trarão consolo. Não espere frases como “a vida vai te ajudar a decidir”. A vida não faz contas nem conhece a lei. Se busca por esse tipo de conselho, melhor parar por aqui. Garanto, porém, informação e sinceridade absolutas. Lasciate ogni speranza voi che entrate, diria Dante. Um último aviso: minha opinião aqui é simplesmente minha opinião. Nada do que for escrito no livro tem qualquer relação com minha atuação profissional. Boa leitura! Lista de ilustrações e tabelas Gráfico 1 - Gráfico 1 – Evolução INPC Gráfico 2 - Aumentos do salário-mínimo e do valor do teto Gráfico 3 - Contribuição previdenciária antes e depois da migração Gráfico 4 - Imposto de renda antes e depois da migração Gráfico 5 - Imposto de renda com e sem aporte em PGBL Gráfico 6 - Alíquotas de Imposto de Renda Gráfico 7 - Alíquotas regressivas do imposto de renda nos fundos de previdência Gráfico 8 – Expectativa de vida nas tábuas AT-83 e RP2000 Tabela 1 – Data da posse e migração de regime Tabela 2 – Alíquotas e base de cálculo do imposto de renda Índice 1. O regime de previdência complementar e a migração: você está entre os que podem escolher? 2. Aspectos a serem analisados para a migração 3. O benefício especial: forma de cálculo e o erro da administração pública. 3.1. O que é o benefício especial 3.2. O erro de cálculo 3.3. O método do cálculo do benefício especial: o art. 3°, “caput” e §3° da Lei 12.618/13 O teto do INSS 3.4. O art. 40, §9° da Constituição Federal quanto à equiparação do tempo de contribuição federal, estadual e municipal para efeito de aposentadoria A contribuição previdenciária após a migração 3.5. O art. 40, §10, da CF/88 e da proibição de se estabelecer qualquer forma de tempo de contribuição fictício e do enriquecimento sem causa 3.6. A ofensa à isonomia 3.7. Conclusão sobre o cálculo 3.8. O reajuste do benefícioespecial 3.9. Benefício especial: direito adquirido? 4. O teto do Regime Geral de Previdência Social 5. Reflexos tributários da migração para o servidor: a contribuição previdenciária e o imposto de renda. 5.1. A redução do pagamento de tributos para os aposentados pelo regime de previdência complementar 5.2. Efeitos da migração para o servidor da ativa: a diminuição da contribuição previdenciária e o aumento do imposto de renda. 6. A pensão por morte e a aposentadoria por invalidez 6.1. A proteção do regime próprio e a do regime de previdência complementar 6.2. A necessidade de contratar um seguro 7. Vantagens e desvantagens de aderir a um dos planos de benefício da FUNPRESP 7.1. Noções gerais do funcionamento da FUNPRESP 7.2. As desvantagens de aderir 7.3. Por que eu não aderi a FUNPRESP-JUD? 8. Como migrar: aspectos operacionais 9. Migrei, e agora? Onde investir? 10. Conclusão Capítulo 1 – O regime de previdência complementar e a migração: você está entre os que podem migrar ? A possibilidade ou não de migrar de regime está relacionada à data de ingresso nos quadros do serviço público federal. Se a posse se deu antes da criação da Fundação de Previdência Complementar - FUNPRESP ligada ao órgão que você integra, e se você ganha mais do que o teto do regime geral de previdência social, poderá migrar. De acordo com o art. 40, § 16, da CF/88 “somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar”. Muitos, equivocadamente, imaginam que o ato de instituição corresponde a Lei 12.618/12, que regulamentou a previdência complementar e foi publicada em 02 de maio de 2012. Para esses, todos os que entraram antes da vigência da lei no serviço público poderiam optar por migrar. Não é isso que a legislação prevê. O art.1° da Lei 12.618/12 dispõe que “é instituído, nos termos desta Lei, o regime de previdência complementar a que se referem os §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição Federal para os servidores públicos titulares de cargo efetivo da União, suas autarquias e fundações, inclusive para os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público da União e do Tribunal de Contas da União”. No parágrafo primeiro desse artigo determina-se que “os servidores e os membros que tenham ingressado no serviço público até a data anterior ao http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40�14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40�15. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40�16 início da vigência do regime de previdência complementar poderão, mediante prévia e expressa opção, aderir ao regime de que trata este artigo, observado o disposto no art. 3° desta lei”. No art. 33 da Lei 12.618/12 afirma-se que a lei entrará em vigor, quanto ao disposto no capítulo I – que trata da migração - na data em que forem criadas as entidades de que trata o art. 4°. Tais entidades são a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-EXE), a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Legislativo (Funpresp- LEG), e a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário e do Ministério Público (Funpresp-JUD). A constituição e o funcionamento de qualquer entidade fechada de previdência depende, segundo a Lei 12.154/09 e o art. 33 da Lei Complementar 109/2001 de autorização da Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC , a qual há de ser publicada no Diário Oficial da União. A portaria com a aprovação da PREVIC dos planos de benefício dos servidores do Executivo foi publicada somente em 4 de fevereiro de 2013(Portaria MPS/PREVIC/DITEC Nº 44); em 07 de maio de 2013, para os servidores do Poder Legislativo e do TCU(Portaria MPS/DITEC/PREVIC 239/2013); e em 14 de outubro para os do Poder Judiciário, MPU e Conselho Nacional do MP(Portaria MPS/DITEC/PREVIC nº 559/2013). Direto ao ponto Na tabela abaixo são expostas as datas limites da posse no serviço publico federal daqueles que podem migrar de regime Tabela 1 – Data da posse e migração de regime Capítulo 2 - Aspectos a serem analisados para a migração Na apresentação, adiantei algumas das perguntas que devem ser respondidas por quem pretende decidir se vale a pena ou não migrar. Voltemos a elas. 1) Se migrar, como será composta minha aposentadoria? A aposentadoria dos que migrarem será composta necessariamente pelo benefício especial e pelo teto do Regime Geral de Previdência Social. Aos que optarem pela adesão à FUNPRESP, os investimentos nela realizados também comporão a aposentadoria. Diga-se o mesmo sobre os frutos de quaisquer outros investimentos feitos ao longo da vida. 2) É mais arriscado migrar ou permanecer no regime próprio de previdência? Essa resposta depende da situação individual de cada um. O maior risco para quem não migrar é o de alteração do regime jurídico da aposentadoria. Claro que quanto menos tempo faltar para se aposentar, menor o risco. Esse é infinitamente menor para quem está a um ano da aposentadoria do que para aqueles, como eu, que estão a 20 anos dela, nas regras atuais. Já que os servidores públicos federais são sempre a “Geni” da previdência pública, o risco de aqueles que permanecerem no regime próprio passarem por diversas reformas antes de aposentar não é pequeno. Nada impede que o tempo de contribuição ou a idade de aposentadoria sejam aumentados (vide Proposta de Emenda Constitucional 287, que pretende aumentar para 65 anos a idade mínima para homens e 60 a idade mínima para mulheres), ou que a alíquota da contribuição previdenciária seja elevada. Lembremos que a Medida Provisória 805/2017, suspensa por decisão do STF em 18 de dezembro, previa alíquota de 14% - muito maior que os 11% atuais - para os servidores que ganhassem acima de R$ 5.000,00 . 3) Como garantir que a paridade e integralidade aos que ingressaram antes da EC 41/2003 será mantida? Não há como garantir. Ainda que elas sejam preservadas, há o risco da remuneração dos da ativa ser composto por itens que não se refletem nas aposentadorias, como verbas indenizatórias (auxílio-moradia, por exemplo), incentivos por eficiência ou honorários advocatícios (no caso da advocacia pública). Nessa hipótese, a paridade e integralidade serão puramente ilusórias. Tem-se ainda o risco de ausência de reajuste, que, embora previsto constitucionalmente, tem sido sistematicamente negado a determinadas categorias como membros do Ministério Público(MP) e do Judiciário. Não se deve ignorar o risco de mudança no cálculo da média dos salários de benefício de quem entrou no serviço público entre 2004 e 2013. Hoje, levam- se em conta as 80% maiores remunerações. Na PEC 287, propõe-se que sejam consideradas todas as remunerações, o que fará a média, e consequentemente a aposentadoria, cair. Afinal, é natural que comecemos nossa vida profissional ganhando pouco. Se os 20% menores salários hoje são excluídos da conta da média aritmética que servirá de base para a aposentadoria, em pouco tempo poderão ser incluídos. 4) Os que migrarem enfrentarão outro tipo de incerteza: a do mercado. Com o dinheiro que deixa de ser descontado da contribuição previdenciária, conseguirei fazer investimentos adequados a meus objetivos? Terei conhecimento e disciplinas suficientes para investir? Se não os tiver, a adesão ao FUNPRESP poderá me auxiliar? Para quem não tiver disciplina nenhuma, a FUNPRESP pode ser uma boa alternativa sim, já que não será preciso esforço algum para investir. Vantagens e desvantagens da adesão à FUNPRESP serão abordadas no capítulo 7. Particularmente, considero que conhecimento se adquire e que disciplina não é uma questão de escolha, masde necessidade. Acho perfeitamente possível a qualquer servidor público obter a educação financeira necessária para que consiga fazer os investimentos apropriados a suas estratégias. No meu caso, a primeira providência após o depósito do salário é investir o montante que considero necessário para a aposentadoria. O servidor tem liberdade plena para investir esse dinheiro. Abordarei com vagar o que resolvi fazer no capítulo 9.Você poderá, por exemplo, tomar o caminho da maioria e aplicar num fundo de previdência privado, de olho no benefício tributário. Retira-se da base de cálculo do imposto de renda aquilo que for aplicado no fundo de previdência, até o limite de 12% da renda. Em outros termos: você não pagará IR sobre os valores que investir na previdência. Muita atenção com a escolha do fundo de previdência para não cair em nenhuma armadilha. Confira sempre as taxas que incidem sobre a aplicação. Via de regra, cobram-se taxas de carregamento (um percentual sobre cada um de seus aportes) e taxas de administração (um percentual sobre o montante total aplicado). Prefira os planos que não cobram carregamento e de taxa de administração baixa, de preferência menor que 1%. A imensa maioria dos fundos investe somente em títulos de tesouro direto, o que não justifica cobrança de altas taxas de administração. Com a SELIC a menos de 7% ao ano, a taxa de carregamento e a de administração dos fundos mais conservadores podem ser suficientes para tornar seus rendimentos inferiores aos da poupança. Preste atenção na tributação. Caso precise resgatar o dinheiro total aplicado com menos de dois anos de investimento, pagará Imposto de Renda de 35% sobre o total investido, e não sobre o lucro. No meu caso, optei por um fundo agressivo sem taxa de carregamento. A FUNPRESP pode ser um bom parceiro – não foi o caminho que segui, é bom que se diga – para os que acham que a disciplina e o conhecimento não lhe são possíveis. Os que aderem a FUNPRESP terão percentual que escolherem, até o máximo de 8,5%, descontados do salário e investidos automaticamente. Note-se que os questionamentos quanto aos investimentos referem-se somente a uma das três parcelas da aposentadoria de quem migrar. Outras duas estarão garantidas: o benefício especial e o teto do INSS, que serão tratados em capítulos próprios. 5) O que vai acontecer com as contribuições já feitas se eu migrar? O melhor dos mundos seria a devolução integral das contribuições. Esqueça. Isso não vai acontecer, por vedação expressa da lei (art.3°, §8°). Você já deve ter ouvido várias vezes que o regime de previdência é “contributivo e solidário”. Por ser o regime solidário, você, servidor público, paga não só para você se aposentar mas também para os outros se aposentarem. Assim, parte de suas contribuições serão perdidas. O restante lhe será devolvido por meio do pagamento do benefício especial, calculado segundo o valor das contribuições já pagas e o tempo de contribuição. O benefício especial e sua forma de cálculo serão tratados no capítulo 3. 6) Como serão reajustados o benefício especial e o teto do INSS? Serão reajustados pelo INPC. Segundo o art. 3°, §6°, da Lei 12.618/12, o benefício especial será atualizado pelo mesmo índice aplicável ao benefício de aposentadoria ou pensão mantido pelo regime geral de previdência social. Já o 41-A da Lei 8.213/01 assegura que o valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 7) Qual o impacto no imposto de renda da redução da contribuição previdenciária? Ao pagar contribuição previdenciária menor, os que migrarem pagarão mais imposto de renda. No capítulo 5 tema será abordado a fundo. 8) Quando poderei gozar o benefício especial? Somente quando se aposentar. 10) Se eu migrar e depois me exonerar sem ter cumprido os requisitos para me aposentar, perco direito ao benefício especial? Sim, perde. Somente os que se aposentarem terão direito ao benefício especial. 11) Como ficarão a pensão por morte e a aposentadoria por invalidez? Esse é um dos temas mais caros aos que se encontram diante do dilema da migração. No capítulo 6 a questão será respondida. 12) Precisarei fazer seguro de vida? Depende do tamanho do seu benefício especial e da segurança que você deseja para sua família. Maiores informações podem ser encontradas no capítulo 6. 13) Até quando posso migrar? Até 28 de julho de 2018, segundo o art. 92 da Lei 13.328/16. 14) Qual o risco político de permanecer no Regime Próprio? Há alguns. A cúpula das carreiras, em algumas décadas, será composta por pessoas que ingressaram já sob e égide do regime de previdência complementar. Provavelmente, o interesse deles por aumento de subsídios que impactem a aposentadoria de quem se aposentou no regime próprio será pequeno. Afinal, para toda a classe na ativa será paga pela União sempre o teto do RGPS. Outro risco político é a pouca força em vista da escassez dos números. Os aposentados pelo regime próprio serão raros. Componentes de um grupo pequeno, terão força de pressão bastante reduzida diante de instâncias como o congresso. O terceiro risco nasce da pressão constante por reformas na previdência dos servidores públicos, taxados injustamente de privilegiados. Quem permanecer no regime geral, enfrenta risco perene de aumento da alíquota previdenciária e de idade de aposentadoria, dentre outros. Capítulo 3 - O benefício especial: forma de cálculo e o erro da administração pública 3.1. O que é o benefício especial? Conhecer o benefício especial é o primeiro passo para analisar se vale a pena ou não migrar. Já sabemos que quem migrar terá direito a ele. De acordo com o art. 3°, §1°, da Lei 12.618/12, o benefício especial é calculado “com base nas contribuições recolhidas ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observada a sistemática estabelecida nos §§ 2° e 3° deste artigo e o direito à compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição Federal, nos termos da lei”. Conforme o §2° do art. 3° da Lei 12.618/12, o benefício especial será “equivalente à diferença entre a média aritmética simples das maiores remunerações anteriores à data de mudança do regime, utilizadas como base para as contribuições do servidor ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, e o limite máximo a que se refere o caput deste artigo, na forma regulamentada pelo Poder Executivo, multiplicada pelo fator de conversão”. Difícil de entender, não? Traduzamos. Primeiramente, levantam-se as remunerações que serviram como base para as contribuições do servidor ao regime da previdência da União, dos Estados, do DF e dos Municípios. Após, faz-se a atualização pelo IPCA. Em seguida, estabelece-se a média aritmética simples das 80% maiores remunerações. O passo posterior é subtrair dessa média o teto de aposentadoria do Regime Geral de Previdência Social. Por fim, multiplica-se o resultado dessa subtração pelo fator de conversão definido no art. 3º, §3º, da Lei http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art201�9 12.618/2012. Esse fator equivale à divisão do tempo de contribuição efetivo, em meses, pelo tempo de contribuição que deveria ser cumprido para a aposentadoria integral, também em meses. Eis o que reza o art. 3º, §3º, da Lei 12.618/2012: O fator de conversão de que tratao §2o deste artigo, cujo resultado é limitado ao máximo de 1 (um), será calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula: FC = Tc/Tt Onde: FC = fator de conversão; Tc = quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, efetivamente pagas pelo servidor titular de cargo efetivo da União ou por membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União até a data da opção; Tt = 455, quando servidor titular de cargo efetivo da União ou membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União, se homem, nos termos da alínea “a” do inciso III do art. 40 da Constituição Federal; Tt = 390, quando servidor titular de cargo efetivo da União ou membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União, se mulher, ou professor de educação infantil e do ensino fundamental, nos termos do § 5º do art. 40 da Constituição Federal, se homem; Tt = 325, quando servidor titular de cargo efetivo da União de professor de educação infantil e do ensino fundamental, nos termos do § 5º do art. 40 da Constituição Federal, se mulher. Imaginemos que Maria assumiu o cargo de auditor da receita federal, seu primeiro emprego, em janeiro de 2006 e que em 20 de janeiro de 2018 ela resolveu migrar. Vamos considerar que a média das 80% maiores remunerações, atualizadas pelo IPCA, seja de R$ 19.000,00. Desse valor devemos subtrair o valor do teto do INSS, aproximadamente R$ 5.650,00. Teríamos, portanto R$ 13.350,00. O fator de conversão equivale 0,4, resultado da divisão de 156(número de contribuições em 12 anos) por 390(número de contribuições totais para se aposentar). O benefício especial, portanto, seria igual a: R$ 13.350,00 x 0,4 = R$ 5.340,00 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40�5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40�5 Assim, Maria, se migrar, terá direito a um benefício especial de R$ 5.340,00, mais o teto do INSS (R$ 5.650,00) e o que conseguir capitalizar de seus investimentos. Ou seja, Maria terá garantidos, pela União, R$ 10.990,00. Veja-se que o benefício especial pode ser bastante alto se o tempo de contribuição for grande. Por isso, deve-se ver com reservas a tese de que quem tem muito tempo de contribuição não deve migrar. O fator de conversão, no limite, pode chegar a 1, o que significa que a soma do benefício especial com o teto do regime geral seria equivalente à média de 80% do maiores salários. Acrescente-se que a redução de contribuição previdenciária de 11% sobre o todo para 11% sobre o teto do regime geral(ou R$ 621,03) gerará saldo relevante para o servidor. Vemos, assim, que é possível vislumbrar vantagens na migração mesmo para quem tem muitos anos de contribuição para o regime próprio. 3.2. O erro de cálculo A conta de Maria não enfrentou maiores problemas porque todo o tempo de contribuição considerado relaciona-se a órgãos da União. Acontecem dificuldades quando o servidor passou por cargos em Estados, Municípios e DF antes de ingressar nos quadros federais. Nessa hipótese, a administração pública federal tem se equivocado ao calcular o benefício especial. Embora considere todo o tempo no serviço público para determinar a média dos 80% maiores salários de contribuição, tem levado em conta apenas o número de contribuições para a União na apuração da quantidade de contribuições que compõem o fator de conversão. Desconsiderar a quantidade de contribuições para todos os entes da federação impacta o fator de conversão, reduzindo-o indevidamente, o que faz com que o benefício especial calculado também seja menor que o devido. Como se demonstrará a seguir, a legislação exige outra maneira de se fazer o cálculo. 3.3. O método de cálculo do benefício especial: o art. 3º, “caput” e §3º, da Lei 12.618/2012. Os adeptos da tese aqui combatida fundamentam-na em interpretação equivocada do art. 3º, §3º, da Lei 12.618/2004. Bastaria a justificar a exclusão das contribuições a entes diversos da União o fato do art. 3º, §3º, prever que o TC, dividendo da operação para chegar ao fator de conversão, é igual a “quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, efetivamente pagas pelo servidor titular de cargo efetivo da União ou por membro(...) do Ministério Público da União até a data da opção”. Tal interpretação ignora o “caput” do citado art. 3º, a Lei 10.887/04, os arts. 40 e 201 da Constituição Federal, além do princípio da isonomia. Vejamos. É regra de hermenêutica que os parágrafos de qualquer artigo devem ser interpretados segundo seu “caput”. O “caput” do art. 3º, que prevê o benefício especial, reza o seguinte: Aplica-se o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social às aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observado o disposto na Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004, aos servidores e membros referidos no caput do art. 1º desta Lei que tiverem ingressado no serviço público. A lei 10.887/04 referida no “caput”, de seu turno, assevera, no art. 1º, que Art. 1o. No cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores titulares de cargo efetivo de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, previsto no § 3º do art. 40 da Constituição Federal e no art. 2º da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, será considerada a média aritmética simples das maiores http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.887.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.887.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui�ao.htm#art40�3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui�ao.htm#art40�3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc41.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc41.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc41.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc41.htm#art2 remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência. O art. 1º da Lei 10.887/04 é claro ao não diferenciar o tempo de contribuição do servidor de nenhum regime próprio de previdência a que esteve vinculado. Em outros termos: basta ao servidor ter sido titular de cargo efetivo em qualquer dos Poderes da União, dos Estados do DF e dos Municípios, para que seu tempo de contribuição em todos os entes federativos seja considerado. Se esse é o norte dado pelo “caput” do art. 3º, que prevê o benefício especial, como imaginar que as normas extraídas de qualquer dos parágrafos seguintes rumariam para direção diversa? O parágrafo primeiro segue a trilha traçada pelo “caput”: §1º - É assegurado aos servidores e membros referidos no inciso II do caput deste artigo o direito a um benefício especial calculado com base nas contribuições recolhidas ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observada a sistemática estabelecida nos §§ 2o a 3o deste artigo e o direito à compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição Federal, nos termos da lei. Conforme o parágrafo primeiro, o benefício especial deve ser calculado com base nas contribuições recolhidas ao regime de previdênciada União, dos Estados do DF e dos Municípios de que trata o art. 40 da CF/88. Logo, evidente que tais contribuições, recolhidas a qualquer ente da federação, não podem ser ignoradas em nenhum dos aspectos relevantes ao cálculo do benefício especial. Dentre esses estão incluídos não só a média da 80% maiores contribuições, mas também o fator de conversão. O trecho final do parágrafo primeiro faz referência ao art. 201, §9° da CF, segundo o qual “para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art201�9 recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei”. Se não se pode excluir da contagem o tempo de nenhum dos regimes, devendo os diversos regimes se compensarem financeiramente, a expressão “quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime da previdência da União” do art. 3º, §3º não corresponde à “quantidade contribuições pagas diretamente a União”. Na realidade, as contribuições que foram, num primeiro momento, pagas pelo titular de cargo efetivo da União a outros regimes quando a eles vinculado, serão repassadas para a União por meio da compensação. Tais contribuições poderão ser consideradas, portanto, “efetuadas para o regime da previdência da União”, mesmo que tenham sido, outrora, pagas a regimes diversos. 3.4. O art. 40, §9º, da Constituição Federal quanto à equiparação do tempo de contribuição federal, estadual e municipal para efeito de aposentadoria A parte do art. 3º, §3º, que define o fator de conversão faz referência ao regime de previdência da União tratado no art. 40 da Constituição Federal, o qual, no §9º, determina que o tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. Por sua vez, §3º do art. 40 estipula que “para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei”. Já que, segundo a CF, para efeito de aposentadoria devem ser considerados tanto o tempo de contribuição federal, estadual ou municipal quanto as remunerações utilizadas como base para contribuição a todos os regimes de previdência, é claramente inconstitucional interpretação que afasta do cálculo do fator de conversão do benefício especial o tempo de contribuição a entes estaduais e municipais. Afinal, o benefício especial é elemento acessório à aposentadoria - só gozado quando ela for implementada - e seguirá as normas que a regulam. Acrescente-se que a fórmula do benefício especial busca levar em conta o tempo faltante para a aposentadoria, pois apresenta, como divisor, o total de contribuições que deveriam idealmente ser feitas nos regimes próprios (13 x 35 para homens e 13 x 30 para mulheres). Uma vez que se consideram no divisor todas as contribuições que deveriam ser feitas para os regimes próprios, por que motivo deveriam ser ignoradas no dividendo todas as contribuições efetivamente pagas a eles? 3.5. O art. 40, §10, da CF/88, a proibição de se estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício e o enriquecimento sem causa Ignorar o tempo de contribuição de entes diversos da União é ofender, às avessas, a proibição de tempo fictício de contribuição consagrada no art. 40, §10, da CF, de acordo com o qual a lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício. Tal proibição serve não só à proteção da Administração Pública, mas também ao trabalhador em relação a abusos dessa. Desprezar totalmente a quantidade de contribuições estaduais, municipais e distritais, como a interpretação ora atacada pretende, é afirmar inexistente, ou fictício, tempo de contribuição efetivamente transcorrido. A adoção dessa tese gera o enriquecimento sem causa do ente público, pois reduz ilicitamente o benefício especial, o qual constitui consequência das contribuições efetivamente pagas pelo servidor antes da migração. Não é demais lembrar que o a Lei 9.796/99, no art. 8º-A e o art. 201, §9° da CF estabelecem, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria, a compensação entre os regimes próprios. Assim, havendo mudança de regime próprio, o regime de origem repassará ao regime instituidor a compensação devida. A prevalecer a posição que ignora o tempo de contribuição a estados, municípios e Distrito Federal, acontecerá uma de duas possibilidades: a) a União, apesar de receber a compensação, não a utilizará para pagar o devido, o que lhe enriquecerá ilicitamente; b) Estados e Municípios não repassarão a compensação nem a União a usará, o que gerará o enriquecimento ilícito daqueles. O formato de cálculo aqui atacado gerará injustiças gritantes. Imaginemos duas pessoas com o mesmo salário de contribuição (consideremos R$ 7.000,00). Pedro foi analista do Tribunal de Justiça de São Paulo por 10 anos e passou para o concurso de procurador da Fazenda Nacional nem janeiro de 2013. João foi analista do MPU por iguais 10 anos e foi aprovado no mesmo concurso. Ambos resolveram fazer a migração assim que empossados em janeiro de 2013. O benefício especial de Pedro será zero. O de João, R$ 2.163,97. Esse valor corresponderá à diferença mensal na parte da aposentadoria deles pagas pela administração pública federal. É como se Pedro nunca tivesse contribuído por tempo algum, embora na realidade o tenha feito por 10 anos. 3.6. Da ofensa à isonomia A tese aqui combatida ainda ofende gravemente o princípio da isonomia. Isso porque o art. 22 da Lei 12.618/12 expressamente permite a contagem do tempo de contribuição estadual, distrital ou municipal aos que ingressarem em cargo público federal a partir da instituição do regime de previdência complementar, nos termos que se seguem: Art. 22. Aplica-se o benefício especial de que tratam os §§ 1o a 8o do art. 3o ao servidor público titular de cargo efetivo da União, inclusive ao membro do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União, oriundo, sem quebra de continuidade, de cargo público estatutário de outro ente da federação que não tenha instituído o respectivo regime de previdência complementar e que ingresse em cargo público efetivo federal a partir da instituição do regime de previdência complementar de que trata esta Lei, considerando- se, para esse fim, o tempo de contribuição estadual, distrital ou municipal, assegurada a compensação financeira de que trata o § 9° do art. 201 da Constituição Federal. Se aquele que ingressa nos quadros do serviço público federal após a instituição do regime de previdência complementar pode ter considerado no cálculo do benefício especial o tempo de contribuição em outros entes, por que motivo os que estavam no serviço púbico federal antes não poderiam fazê-lo? O fator de diferenciação não tem qualquer relação com tratamento diferenciado, o que evidencia a existência da ofensa à igualdade consagrada no art. 5º, “caput”, da CF/88. Que relação tem a data de ingresso no serviço público federal com a possibilidade de se considerar tempo de contribuição http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art201�9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art201�9 para todos os entes da federação? Absolutamente nenhuma. 3.7. Conclusão sobre o cálculo Parece claro que a União deve levar em conta o tempo de contribuição estadual, federal, distrital ou municipal no cálculo do fator de conversão previsto no art. 3º, §3º, da Lei 12.816/12. Ao não fazê-lo, prejudica servidores públicos e adota a interpretação que : a) ignora o “caput”e o §1º art. 3º da Lei 12.816/12; b) viola os artigos 40, §9º e 10, e 201, §9º, da Constituição Federal; c) ofende a isonomia consagrada no art. 5º, “caput” da CF/88. Para os servidores que desejam migrar, recomenda-se pedir o quanto antes o cálculo do benefício especial ao órgão a que está vinculado e começar a debater, desde já, a correção desse cálculo. Se não conseguir a mudança de postura pelas vias administrativas, o Judiciário é a melhor saída, em ação em face da União fundada nos argumentos aqui expostos. 3.8. O reajuste do benefício especial O art. 3 ° , §6 ° , da Lei 12.618/12 estabelece que o benefício especial calculado será atualizado pelo mesmo índice aplicável ao benefício de aposentadoria ou pensão mantido pelo regime geral de previdência social. Dispõe o art. 41-A da Lei 8.213/01 que o valor dos benefícios ou pensões serão reajustados anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Assim, feita a opção pela migração, o valor do benefício especial calculado naquele momento passará a ser reajustado pelo INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, índice aplicado aos benefícios do regime geral de previdência social que ultrapassam o salário mínimo. Normalmente, o aumento se dá no primeiro mês do ano. Em 2018, Portaria do Ministério da Fazenda publicada em 11 de janeiro determinou o reajuste de 2,07%, correspondente ao INPC. Abaixo, gráfico com a evolução do INPC nos últimos 05 anos Nos últimos anos, a União tem desrespeitado sistematicamente a previsão constitucional acerca dos reajustes anuais dos servidores públicos. A prevalecer essa postura inconstitucional, é mais vantajoso ter reajuste do benefício especial (e do teto do INSS) pelo INPC do que ter a aposentadoria vinculada aos reajustes dos servidores da ativa. A razão disso é que esses, na última década, têm sido muito menores para algumas categorias, como membros do MP e da Magistratura, que o INPC. Vê-se, assim, que a garantia da paridade, quando o subsídio dos servidores da ativa não são reajustados nos termos da lei, deixa de ser um ponto positivo a ser considerado pelos que não desejam migrar de regime previdenciário. 3.9 Benefício especial: direito adquirido ? Uma das grandes dúvidas de quem pensa em migrar gira em torno do futuro benefício especial. Poderia ele ser simplesmente revogado após a migração? A forma de cálculo poderia ser alterada para prejudicar quem migrou? O benefício especial seria parte de um regime jurídico que poderia ser, portanto, alterado a qualquer tempo, já que ninguém tem direito a regime jurídico, segundo o STF? Ainda que haja tentativa de alteração de tais vantagens, as chances de defesa judicial são bastante altas, em vista da proteção constitucional à segurança jurídica consagrada no (art. 5°, XXXVI, da CF). Não será possível, a meu ver, afirmar que o direito ao benefício especial é direito a mero regime jurídico para permitir alterações. Estamos a tratar de valor composto por contribuições já feitas e que foi oferecido como contraprestação à mudança de regime. Como a opção pela migração é irretratável, a vantagem ofertada também não pode ser modificada. É essencial proteger a confiança legítima depositada pelo servidor que migrou e a segurança jurídica. Haveria, com o cancelamento do benefício especial reversão de expectativa intolerável. O ato de migração é ato jurídico perfeito, consumado por manifestação de vontade segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, na expressão empregada pelo art. 6°,§1°, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro . Aos que consideram que há risco demais envolvendo o benefício especial, peço-lhes que façam um exercício a que me submeti antes de me decidir pela migração. Primeiro, imaginem que vocês precisam defender a estabilidade do benefício especial e a estabilidade do regime próprio de previdência para evitar alterações nas regras que lhe sejam extremamente prejudiciais. Em seguida, responda esta questão: em quais das duas hipóteses você teria maior chance de sucesso? Capítulo 4 - O teto do Regime Geral de Previdência Social Conforme o art. 3°, II, da Lei 12.816/12, “aplica-se o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social às aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observado o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004, aos servidores e membros referidos no caput do art. 1° desta Lei que tiverem ingressado no serviço público até a data anterior ao início da vigência do regime de previdência complementar de que trata o art. 1° desta Lei, e nele tenham permanecido sem perda do vínculo efetivo, e que exerçam a opção prevista no § 16 do art. 40 da Constituição Federal”. Não entendeu? Esclareçamos. Não se pode esquecer que além do benefício especial, quem migrar para o regime de previdência complementar, ganhará, ao se aposentar, o teto do Regime Geral de Previdência Social. Em 2018, o teto foi fixado em R$ 5.645,80. Tal valor será corrigido de forma diversa do salário-mínimo, cujo fator de reajuste é composto por uma fórmula que envolve o INPC e o crescimento do PIB no biênio. Nos termos do art. 41-A da Lei 8.213/01 o valor dos benefícios serão reajustados, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, com base somente no INPC. Analisemos a evolução do teto de benefício do RGPS e do salário mínimo de 2005 a 2018. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.887.htm O valor do teto dos benefícios do RGPS saiu de R$ 2.668,15 em 2005 para R$ 5.645, 80, aumentando, portanto, 111,6%. No mesmo intervalo, o salário mínimo subiu 318%: de R$ 300,00 a R$ 954,00. Se o reajuste do valor do teto não foi tão intenso quanto o do salário mínimo, foi muito maior do que categorias de servidores públicos federais – como os membros do MP e da Magistratura – receberam. Num quadro histórico em que aumentos dos servidores escasseiam, é indubitavelmente vantajoso ter parcela dos vencimentos da aposentadoria sempre agraciada com o reajuste do INPC. Não nos esqueçamos que é a CF, no art. 201, § 4º , da CF, que assegura o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real. Capítulo 5 - Reflexos tributários da migração para o servidor da ativa e o aposentado: a contribuição previdenciária e o imposto de renda O servidor aposentado no regime próprio é duramente tributado. Seu contracheque sofrerá reduções em virtude tanto do imposto de renda - que pode chegar a 27,00% - quanto da contribuição previdenciária, de 11% no serviço público federal. Lembremos que a Medida Provisória 805/2017, suspensa por decisão do STF em 18 de dezembro de 2017, previa alíquota de 14% - muito maior que os 11% atuais - para os servidores que ganhassem acima de R$ 5.000,00 . 5.1. A redução do pagamento de tributos para os aposentados pelo regime de previdência complementar Se a migração tem uma vantagem que salta aos olhos é a redução dos tributos. Você já sabe que a aposentadoria de quem migra é composta por três itens: benefício especial, teto do INSS e, para os que investirem na FUNPRESP ou fora dela, capitalização dos investimentos. Há isenção da contribuição quanto ao valor máximo do RGPS, nos termos do art. 195, II, da CF. Também não incide cobrança previdenciária sobre a capitalização que você conseguiu em seus investimentos. Por fim, o benefício especial, hoje, não constitui base de cálculo para fixação do valor da contribuição previdenciária. Vê-se que se o aposentado no regime próprio sofre com cobrança de 11% (ou 14%) até falecer, quem se aposentar no regime complementar não pagará contribuição alguma, mantidas as regras atuais. Como para o leão todo dia é dia de maldade para o assalariado, em breve obenefício especial fatalmente passará a sofrer o desconto previdenciário. Ainda assim, as parcelas referentes ao regime geral e à capitalização escaparão. E o imposto de renda? Quem se aposentar pela previdência complementar continuará na situação do aposentado no regime próprio, que tem que enfrentar os 27,5% de IR? Felizmente, não. A tabela do IR continuará incidindo sobre o benefício especial e o teto do regime geral. No entanto, a escolha minimamente adequada dos investimentos que comporão a terceira parte da aposentadoria – a capitalização – farão com que o servidor que migrar tenha regime tributário menos extorsivo do que os que não o fizerem. A razão é muito simples: ninguém é tão tributado quanto o assalariado e o aposentado. As normas que regulam a matéria aqui tratada estão espalhadas em inúmeras leis. A IN - Instrução Normativa 1585 de 31 de agosto de 2015, da Receita Federal, compila essa legislação e faz referência às normas de fato aptas a fixar as bases de cálculos e as alíquotas do IR. Os artigos a seguir citados são os da IN. Iniciemos por fundos de renda fixa, compostos, segundo o art. 3º, §2º de “títulos privados ou públicos federais, prefixados ou indexados a taxa de juros, a índices de preço ou à variação cambial, ou por operações compromissadas lastreadas nos referidos títulos públicos federais e por outros títulos e operações de renda fixa com características assemelhadas”. O IR nos fundos de renda fixa de longo prazo será de 22,5% sobre o rendimento para os resgates até 180 dias; 20%, entre 180 e 360 dias; 17,5%, entre 361 e 720 dias; e 15%, após 720 dias(artigos 6° e 8º). Nos de curto, prazo, de 22,5% para os resgastes até 180 dias e 20% para os posteriores(art. 8º). A mesma tributação incide sobre os títulos do tesouro nacional e Certificados de Depósitos de Bancário. Ainda na renda fixa, são isentos de imposto de renda os rendimentos produzidos por LCIs e LCAs(letras de crédito imobiliário e letra de crédito do agronegócio), letras hipotecárias, rendimentos de poupança, certificados de recebíveis imobiliários, certificados de recebíveis do agronegócio, dentre outros (art. 55). A isenção, ainda nos investimentos de renda fixa, também incidirá sobre os rendimentos oriundos da chamadas debêntures incentivadas. As debêntures são títulos emitidos por empresas para captar recursos. As debêntures incentivadas servem para financiar projetos que o governo considere prioritários e portanto merecedor de incentivos. As debêntures incentivadas mais comuns são as emitidas por concessionária ou permissionária de serviços públicos para captar recursos com vistas a implementar projetos de investimento na área de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação, considerados como prioritários nos termos do Decreto nº 7.603, de 2011(art. 48, §2º). Vamos à renda variável. Dividendos – distribuição de lucros - são isentos de tributação. Assim, o servidor que tiver investimentos em ações que geram bons dividendos ou em fundos de investimento imobiliários, por exemplo, não pagará imposto de renda algum sobre o que receber. Nos fundos de ações – aqueles que aplicam ao menos 67% de seus ativos na Bolsa de Valores – a alíquota é sempre de 15% sobre os rendimentos, pouco importando o tempo transcorrido entre aporte e resgate(art. 19, III). Nos fundos previdenciários que investem em ações, a tributação se dá progressivamente sobre o lucro, no VGBL, e regressivamente sobre o resgate, no PGBL, como já explicado acima. Não há motivo para preocupação, prezado servidor, se você nunca ouviu falar de alguns dos investimentos citados acima. Em primeiro lugar, porque voltarei a falar de alguns deles no capítulo 9. Em segundo, porque minha intenção em citá-los é simplesmente demonstrar que o regime tributário de qualquer investidor é melhor do que o do assalariado ou aposentado pelo regime próprio. Com a exceção do PGBL resgatado em prazo menor que 04 anos, nos demais investimentos citados o cálculo do imposto de renda será mais favorável que o do aposentado. Se há alguém que sofre com o imposto de renda no país, é o assalariado e o aposentado. O investidor, papel que terá que ser assumido pelo servidor que pretende se aposentar pelo regime de previdência complementar, em verdade, irá se beneficiar de regime tributário muitíssimo mais favorável que aquele incidente sobre o aposentado do regime próprio. 5.2 – Efeitos da migração para o servidor da ativa: a diminuição da contribuição previdenciária e o aumento do imposto de renda. No regime próprio de previdência social, a contribuição previdenciária é de 11% sobre a remuneração. Você já sabe, servidor, que no regime próprio de previdência você pagará a contribuição de 11% até morrer. Macabro? Sim, e custoso. Ao migrar para o regime de previdência complementar o servidor passa a contribuir somente com 11% sobre o teto do regime geral. Migrei em dezembro do ano passado para o regime complementar, o que fez com que minha contribuição caísse de R$ 3.184,23 para R$ 621,03. Não, você não leu errado: como o próximo gráfico demonstra a redução foi mesmo de R$ 2.563,17. Seria ainda maior se Medida Provisória 805/2017 não tivesse sido suspensa por decisão do STF em 18 de dezembro. Ela previa alíquota de 14% - 27,27% maior que os 11% atuais - para os servidores que ganhassem acima de R$ 5.000,00 . A queda dos valores de contribuição descontados do contracheque levará, fatalmente, ao aumento do recolhimento de imposto de renda, já que os primeiros eram integralmente subtraídos da base de cálculo do segundo. No meu caso, o imposto de renda pago cresceu de R$ 6.111,27 para 6.816,15, ou R$ 704,88. Há alternativas para se precaver contra o aumento do IR: os fundos de previdência. Existem dois tipos de fundos previdenciários: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL(Vida Gerador de Benefício Livre). Nesse, o imposto de renda incide somente sobre os rendimentos. Naquele, sobre o total de cada resgate. Se, de um lado, no PGBL a perda com o IR é maior, de outro ele permite o benefício tributário da dedução dos montantes investidos da base de cálculo do imposto de renda. Explico. Vimos que a redução da contribuição previdenciária com a minha migração foi de R$ 2.563,17. O aumento do IR mensal, R$ 704,88. Caso aplique os R$ 2.563,17 integralmente naFUNPRESP ou em outro fundo de previdência PGBL, não sofrerei aumento algum do imposto de renda. A razão disso é que haverá dedução dos aportes ao fundo da base de cálculo do imposto de renda até o limite de 12% da renda tributável, como determina o art. 4 ° da Lei 9.250/95 e o art. 11 da Lei 9.532/97. Falei grego? Traduzamos. Imaginemos que minha renda tributável anual seja R$ 200.000,00 e que eu investi R$ 24.000,00 (ou 12%) num fundo de previdência PGBL. A base de cálculo do imposto de renda deixa de ser 200 mil e passa a ser 200 mil menos os 24 mil que aportei, ou R$ 176.000,00. Logo, as alíquotas do imposto de renda incidirão sobre os R$ 176.000,00 - e não sobre os 200 mil que recebi- , o que reduzirá o valora ser pago. Não acredita? À prova, usando as faixas de imposto de renda fixadas pela Receita Federal para 2018. A tabela de IR, consideradas os vencimentos mensais e anuais, é esta: Tabela 2 – Alíquotas e base de cálculo do imposto de renda Considerada a tabela, o imposto de renda de quem tem renda tributável de R$ 200.000,00 e não utiliza fundos PGBL será de R$ 44.567,79. De quem o faz, R$ 37.967,79. Há, portanto, um ganho de quase 7 mil reais nascido das deduções. Resumamos essas informações num gráfico: A dedução no IR será concretizada imediatamente no contracheque para quem aderir à FUNPRESP, ou via restituição após a declaração anual do IR para aquele que usar fundos previdenciários outros. Relembrando: benefício tributário virá somente aos que aderirem ao PGBL, em que a tributação ocorrerá sempre sobre todo o valor do fundo. Os que optam pelo VGBL não terão o mesmo benefício. Note-se ainda que a estratégiade buscar a restituição é mais viável para quem faz a declaração completa de imposto de renda, já que na simplificada existe limite de dedução de 20% do total de receitas tributáveis. Como demonstrado, se eu investir todo o meu saldo oriundo da diminuição da contribuição previdenciária em PGBL receberei de volta tudo o que paguei mensalmente a mais de imposto de renda. Parece bom, não? No meu caso, não aplico todo o meu saldo em previdência complementar. Por quê? Por conta da tabela regressiva de imposto de renda no PGBL. Vamos a ela. Ao aderir a um plano de previdência privado, é necessário optar não só entre PGBL e VGBL, mas também entre as tabelas de imposto de renda regressiva e progressiva. Essa funciona segundo a tabela de IR usualmente aplicável aos salários já exposta acima: quanto maior o saque, maior o pagamento de IR, até o máximo de 27,5%. Passemos à tabela de imposto de renda regressiva. Quanto mais antigo o investimento, menor será a tributação. As alíquotas variam de 35% a 10%, a depender do tempo do investimento: o máximo incidirá sobre os investimentos com menos de dois anos; o mínimo, sobre os com mais de 10. Eis as alíquotas: O usuário do PGBL que resolver resgatar seu investimento – como pretendo fazer - terá que arcar com essas alíquotas sobre o total dos saques que realizar. O tempo é contado da data de cada aporte. Assim, ainda que alguém permaneça por 30 anos num fundo, tudo aquilo investido nos últimos dois anos será tributado com 35%; de dois a quatro, com 30%; de quatro a seis, com 25%, e assim por diante. A alternativa é realizar pequenos saques mensais, os quais recairão preferencialmente sobre os investimentos antigos. Nessa hipótese, a liquidez do investimento – fator relevantíssimo para mim - será prejudicada. Conforme será explicado no capítulo 9, a tributação me fez escolher com bastante cuidado um PGBL e não aplicar nele todo o meu saldo da diminuição da contribuição previdenciária conseguida com a migração. Capítulo 6 – A pensão por morte e aposentadoria por invalidez 6.1. A proteção do regime próprio e a do regime de previdência complementar Uma das coisas que mais me preocupavam em relação à migração foram os aspectos relacionados à pensão por morte e à aposentadoria por invalidez. Com dois filhos pequenos, precisaria garantir a segurança da minha família se eu falecesse bruscamente ou ficasse inválido. Inicialmente, imaginei que todas as minhas contribuições em nada influenciariam a pensão e a aposentadoria por invalidez, o que me obrigaria a contratar um seguro bastante caro. Enganei-me duplamente: por superestimar a proteção do regime próprio – sim, você não está tão protegido quanto pensa - e por subestimar a do regime complementar. Comecemos examinando as definições de aposentadoria por invalidez e pensão por morte dadas pela Constituição Federal. Determina seu art. 40, §1º, I, que os servidores públicos serão aposentados “por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.” Ao contrário do que comumente se diz, a aposentadoria por invalidez, ordinariamente, será proporcional ao tempo de contribuição. Excepcionalmente, nas hipóteses em que a invalidez for gerada por moléstia profissional, doença grave, contagiosa, ou incurável nos termos da lei, os proventos serão integrais. O rol das doenças geradoras da aposentadoria integral está no art. 186, da Lei 8.112/90, §1º: tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada . No Recurso Extraordinário 656.860/MT, o Supremo Tribunal Federal definiu que esse rol é taxativo, o que significa que não poderá ser ampliado por mera interpretação. Logo, deve a doença estar expressamente prevista em lei para que a invalidez por ela gerada tenha como consequência a integralidade dos proventos de aposentadoria. Passemos à pensão. O art. 40, § 7º, da CF/88 dispõe que “lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. A regra constitucional para calcular o limite máximo da pensão por morte é: teto do INSS + 70% do subsídio subtraído do teto do INSS. Em 2015, com a Lei 13.135, houve uma profunda mudança na regulamentação da pensão por morte dos servidores públicos federais regidos pela Lei 8.112/90. Criou-se carência de 18 contribuições mensais e de dois anos de casamento ou união estável para o pagamento da pensão(art. 222 da Lei 8.112/90), salvo nos casos de morte por acidente ou doença profissional. Estipularam-se prazos para cessação do benefício aos cônjuges/companheiros conforme a idade deles na data do óbito. Quanto menor essa, mais curto o período de gozo. Aquele que tiver menos de 21 anos, receberá a pensão somente por três anos, por exemplo. O recebimento será vitalício apenas para o cônjuge/companheiro que tiver mais de 44 anos na data do falecimento do servidor. Tais mudanças, estabelecidas por lei ordinária, não alteram o disposto nas leis complementares regedoras de algumas carreiras, como as do membros do Ministério Público e da magistratura. Traçados os contornos da pensão por morte e da aposentadoria por invalidez, vamos às conclusões sobre elas. O servidor não está minimamente protegido em relação à invalidez nascida de moléstias não profissionais ou doenças que não se incluam no rol legalmente estipulado. Quanto à pensão por morte, os que foram atingidos pela Lei 8.112 tiveram a proteção extremamente reduzida, em especial se seu cônjuge tiver menos de 44 anos. Os demais, desde a reforma promovida pela Emenda Constitucional 41, não deixarão seus proventos integrais para seus cônjuges ou filhos menores de 21 anos, mas pensão equivalente a, no máximo, o teto do INSS acrescido de 70% do subsídio que excedê-lo. Vê-se, pois, que mesmo os que não migrarem para o regime de previdência complementar deveriam fazer um seguro para aumentar o grau de proteção a si e à sua família. Aos que migrarem, o art. 3º, §2º, da Lei 12.618/12 esclarece que o benefício especial será pago pelo órgão competente da União, por ocasião da concessão de aposentadoria, inclusive por invalidez, ou pensão por morte pelo regime próprio de previdência da União, de que trata o art. 40 da Constituição Federal, enquanto perdurar o benefício pago por esse regime. Minhas contribuições feitas antes da migração, portanto, não serão perdidas. Além do benefício especial, a pensão por morte e a aposentadoria por invalidez serão compostas pelo teto do INSS, tendo em vista o disposto no art. 29 e 44 da Lei 8.213/91, e as normas regedoras do regime de previdência complementar. Isso porque, para os que migram, o conceito de média de salários de benefício, utilizado pela Lei 8.213/91 para fixar o valor da aposentadoria por invalidez e da pensão, é o teto do INSS. Consoante o art. 12, §2°, da Lei 12.618/12, os planos de benefícios da FUNPRESP terão também que assegurar “os benefícios decorrentes dos eventos invalidez e morte e, se for ocaso, a cobertura de outros riscos atuariais”. Segundo o regulamento do plano de benefícios do FUNPRESP- JUD(art. 23), o cálculo da pensão levará em conta o valor já aportado no fundo e, a expectativa de sobrevivência de cada beneficiário ou, no caso dos filhos, o tempo faltante para atingir a idade limite de 21 (vinte e um) anos. O valor pago pela FUNPRESP não será inferior a 5% da remuneração de participação (art. 23, §5°), a qual corresponde ao valor do subsídio menos o teto do regime geral da previdência social. 6.2. A necessidade de contratar um seguro Como ainda não estava satisfeito com a cobertura oferecida pelo benefício especial e pelo regime geral, resolvi fazer um seguro de vida e de invalidez. Veja-se, porém, que necessidade não surge da migração. Contrataria a proteção mesmo que ficasse no regime próprio, face à ausência de cobertura, no regime geral, para doenças não consideradas graves e à limitação constitucional do valor da pensão por morte já citada. Nenhuma das opções de seguro oferecidas pelos grandes bancos me agradou. Encontrei uma que considerei razoável diretamente com um corretor de seguros. Optei por um contrato com empresa renomada, aparentemente sólida, por R$ 600,00 mensais, com indenização por morte e invalidez por qualquer doença no valor de 2 milhões de reais. Em caso de morte acidental, a indenização é dobrada. Calculei o valor do prêmio levando em consideração o que receberia a título de benefício especial. Havendo mudança na legislação - que hoje me garante a percepção desse benefício – buscarei um seguro que pague uma indenização maior. Capítulo 7 – Vantagens e desvantagens de aderir a um dos planos de benefício da FUNPRESP Além da União, 17 Estados, como Pernambuco e São Paulo, criaramsuas fundações de previdência complementar a cujos planos de previdência os servidores podem aderir. Muitos servidores confundem a migração para o regime complementar com a filiação a um dos planos da FUNPRESPs ou de suas congêneres estaduais e municipais. Deixemos claro: é perfeitamente possível ingressar naquele sem se filiar nesses. Migrar e filiar-se ao FUNPRESP, portanto, são coisas absolutamente distintas. Elenquemos abaixo as vantagens e desvantagens da adesão, não antes sem abordar aspectos gerais do funcionamento da FUNPRESP-JUD e os áridos cálculos(quem avisa amigo é...) que determinam os valores de seus benefícios. Esclareço que eu poderia ter aderido à FUNPRESP-JUD, mas não o fiz. Os comentários terão como foco minha experiência, razão pela qual a FUNPRESP-JUD será o personagem principal do tópico a seguir. No entanto, o que se falar para a FUNPRESP-JUD, com algumas variações, pode se aplicar também à FUNPRESP-EXE(dos servidores do Executivo) e à FUNPRESP-LEG(do Legislativo). Vale notar que hoje a FUNPRESP-EXE gerencia também o plano de benefício do Poder Legislativo. 7.1 Noções gerais do funcionamento da FUNPRESP-JUD Saiba, desde já, leitor, que: 1) em regra, o valor dos benefícios depende do quanto foi aportado (art. 12, §2° da Lei 12.618/12; arts. 1° e 19 da LC 109/03); 2) é impossível saber com previsão o montante exato do benefício no momento da aposentadoria; 3) O plano de benefício da FUNPRESP não é instrumento para que você ganhe na aposentadoria o que ganhava na ativa; 4) Nem tudo que você pagar para a FUNPRESP comporá os seus benefícios; 5) Mesmo na FUNPRESP, você pode estar pagando benefícios para outros, exatamente como ocorre no regime próprio. Vamos às explicações dos tópicos 1, 2 e 3. O regime financeiro do plano FUNPRESP é, por força de lei(art. 18, §1°, da LC 109/01), o de capitalização. Nesse modelo o benefício a ser pago depende da reserva acrescida da capitalização que o servidor constituir. Não há dependência dos pagamentos das gerações anteriores, como acontece no regime próprio de previdência social, que usa parte das contribuições dos servidores para pagar os aposentados. Os regimes de capitalização podem ser de benefício definido(em que se sabe o valor do benefício a receber) ou de contribuição definida, em que se fixa o montante a ser pago mensalmente pelo usuário. Adota a FUNPRESP a segunda opção, o de contribuição definida(art. 31, §2°, II, da LC 109). Há duas ressalvas importantes a serem feitas quanto ao item 1. Segundo o artigo 21 da LC 109/01, eventual resultado deficitário nos planos ou nas entidades fechadas será equacionado por patrocinadores, participantes e assistidos, na proporção existente entre as suas contribuições, sem prejuízo de ação regressiva contra dirigentes ou terceiros que deram causa a dano ou prejuízo à entidade de previdência complementar. O equacionamento do déficit pode ser feito, dentre outras formas, por meio do aumento do valor das contribuições ou instituição de contribuição adicional. Logo, é possível que nos planos de contribuição definida, seja necessário, em caso de déficit, aumentá-la ou criar uma nova. Em suma: a contribuição é definida, mas não tanto. A segunda ressalva refere-se aos benefícios de pensão por morte e aposentadoria por invalidez. Se na FUNPRESP-JUD eles dependem do tamanho da reserva acumulada(art. 22 e 23 do regulamento plano de benefícios), na FUNPRESP-EXE eles variam conforme o percentual da contribuição escolhido de 6,5% e 8,5% (art.23,§1º e 23,§1º do regulamento pertinente). Assim, a proteção é maior para os usuários da FUNPRESP-EXE, no que toca de pensão por morte e aposentadoria por invalidez, uma vez que é irrelevante se no momento do concessão do benefício havia mil ou um milhão de reais na conta individual. Feitas as ressalvas, passemos às explicações dos tópicos 4 e 5. Nos termos do art. 15, §1º, do regimento da FUNPRESP-JUD, o servidor definirá a alíquota de contribuição vinculada – entre 6,5% e 8,5% - no formulário de inscrição no plano e, facultativamente, em novembro de cada ano. É possível ainda a realização contribuição facultativa, no valor máximo de 2,5%. Essa, porém, não gerará a contrapartida do patrocinador. Sobre ela também não incidirão os descontos descritos abaixo. Somente uma fração do aporte do servidor irá compor a reserva acumulada normal – RAN - , a qual servirá de lastro para seus benefícios. O restante é utilizado para custeio das despesas administrativas - taxa de carregamento de 7% - e para a formação do FCBE - Fundo de Cobertura de Benefício Extraordinário(14,61% da contribuição, desde 2017). Tal fundo é usado para pagar, dentre outras coisas, pensão por morte, aposentadoria por invalidez – as duas já bastante conhecidas – e o benefício por sobrevivência do assistido. Vamos a ele. Quando o servidor adere a um plano, espera-se que viva determinado número de anos. As reservas que fez servirão para cobrir o pagamento durante esse período. E se ele viver mais que o esperado, de modo a esgotar reservas? Ficará à míngua? Não. Receberá o benefício por sobrevivência, equivalente, na FUNPRESP-JUD, a 70% da última parcela da aposentadoria(art. 25 do regulamento do plano do FUNPRESP-JUD). Na FUNPRESP,-EXE, a 80%. Mas, se a reserva já acabou, quem pagará o benefício por sobrevivência? Todos os demais participantes da FUNPRESP que colaboraram para o Fundo de Custeio de Benefício Extraordinário. Então, como dito, um servidor pode sim pagar benefício para o outro. Ainda não está claro? Explico novamente. É essencial a todo plano de previdência prever o prazo de sobrevida de seus aposentados. Sem tal previsão é inviável estipular as contribuições que vão compor as reservas que pagarão as aposentadorias cujo valor depende da duração da vida do aposentado. A expectativa de vida é fixada segundo um tábua de mortalidade geral. A FUNPRESP utiliza a “tábua geracional RP2000”. Não se assuste: é só a denominação pomposa de uma tabela com projeção de quando você vai morrer. Não é dado a FUNPRESP adotar a tábua de mortalidade que quiser. De acordo com o a Resolução da PREVIC CGPC n. 18, de 28/03/06, a tábua utilizada para a projeção da longevidade dos participantes do plano de benefícios será sempre a mais adequada ao conjunto departicipantes e assistidos, “não se admitindo, exceto para a condição de inválidos, tábua biométrica que gere expectativas de vida completa inferiores às resultantes da aplicação da tábua AT-83”. A seguir, comparativo – elaborado a partir de dados da FUNPRESP-EXE - com as expectativas de vida ao nascer de acordo com as duas tábuas, a RP-2000 e a AT-83. A adequação da tábua biométrica deverá ser atestada por meio de estudo específico cujos resultados comprovem a aderência nos três últimos exercícios entre o comportamento demográfico da massa de participantes e assistidos e a tábua utilizada(Resolução 18, item 2.4). Em outros termos: periodicamente, é preciso checar se as previsões estão de fato dando certo. O benefício de sobrevivência está, ao lado da pensão por morte e por invalidez, no rol dos benefícios não programados pagos pelo plano. Além deles, há os programados, aqueles que ocorrem com data certa, como a aposentadoria normal. Nessa altura você não aguenta mais ler conceitos e quer saber, finalmente, quanto ganharia aderindo a FUNPRESP. Verdade seja dita: não é fácil entender como funcionam fórmulas matemáticas da FUNPRESP-JUD para calcular o valor dos benefícios. Para quem não gosta de matemática, um pesadelo. Explicarei aqui os cálculos do benefício mais comum, a aposentadoria normal, a qual “corresponderá a uma renda por prazo certo, em meses, correspondente à expectativa de sobrevivência do participante apurada, na data de sua concessão, a partir da tábua de mortalidade geral”, adotada para o PLANO, cujo valor inicial será obtido de acordo com a seguinte fórmula: (RAN+AEAN)/Fator (Exp:i%) Fácil, não? Não, nada fácil. As variáveis são o saldo da reserva do servidor - ou RAN, reserva de aposentadoria normal no FUNPRESP-JUD e RAP, reserva de aposentadoria do participante, no FUNPRESP-EXE - eventuais aportes extraordinários (AEAN) e um fator de conversão em renda. Falei grego? Traduzo. Recordemos que parte da contribuição do servidor serve para compor a remuneração de outras pessoas, via FCBE – Fundo de Custeio de Benefícios Extraordinários. Nas fórmulas, essa parte será denominada “aporte extraordinário”. Em se tratando de aposentadoria normal, o aporte é denominado AEAN: “Aporte Extraordinário da Aposentadoria Normal”. Segundo o regulamento do plano, ele corresponde a um valor destinado ao participante contemplado no art. 17, §2°, III e IV da lei 12.618/12. O dispositivo se refere a quem se aposenta com menos tempo de contribuição: mulheres, professores do ensino fundamental e médio, portadores de deficiência e quem exerce atividades de risco(art. 40, §§ 1°, 4° e 5° da CF/88). O AEAN é calculado por esta fórmula: RAN X 35 (Tempo de Contribuição – 1). Vê-se, pela fórmula, que quanto menor o tempo de contribuição maior será o AEAN. Em consequência, maior será o aporte do FCBE. Em outros termos: você que não se aposenta por tempo menor que o ordinário pagará, via contribuição ao FCBE, para quem o faz. Definido o AEAN, tornemos claros todos os elementos da fórmula da aposentadoria normal pela FUNPRESP-JUD: (RAN + (RAN x 35)/(Tempo de contribuição -1))/Fator (Exp:i%) O Fator (Exp:i%) é definido pelo regulamento como o fator financeiro de conversão de saldo em renda, detalhado em nota técnica atuarial e apurado com base na taxa mensal equivalente à taxa de juros atuarial anual i% adotada para o PLANO e no prazo, em meses, estipulado pelo plano segundo a tábua de mortalidade. Conforme nota técnica atuarial do FUNPRES-JUD de dezembro de 2016, tal fator é formado por mais de 10 variáveis. Disse antes que seria impossível saber o valor de aposentadoria normal no momento da adesão ao plano. Agora já se sabe o porquê. Primeiramente, o benefício depende da RAN, composta por pelos aportes e resultado da capitalização do investimento, o qual, obviamente, só se conhecerá ao final. Ademais, as reservas dependerão dos valores das taxas de carregamento e de cobertura do FCBE, que variarão de acordo com o que for fixado anualmente pelo Conselho Deliberativo da FUNPRESP no plano de custeio. Acrescente- se que a aposentadoria depende de fator atuarial e de tábua de mortalidade. Um será fixado no momento da concessão do benefício; a outra será, fatalmente, diversa da que vigia no instante de adesão ao plano. Agora, unamos as explicações sobre a aposentadoria normal e o benefício por sobrevivência. Imaginemos que João se aposente com 65 anos e que a tábua de mortalidade preveja uma expectativa de vida de 87. Ele receberá 13 parcelas por 22 anos do benefício da aposentadoria normal, ou 286 parcelas, calculadas nos termos da fórmula acima. Findo os 286 meses, terá direito ao benefício por sobrevivência, equivalente a 70% da última parcela da aposentadoria normal, na FUNPRESP-JUD e a 80%, na FUNPRESP-EXE. Pronto! Terminamos o tópico de mais difícil compreensão do livro. Se não conseguiu compreender tudo – o que é absolutamente natural – peço que guarde isto: a) os benefícios da FUNPRESP são, via de regra, proporcionais ao tamanho da reserva constituída ao longo da vida pelo servidor, mas nem tudo por ele pago a constituirá; b) haverá usuários do plano da FUNPRESP, os que se aposentam com menor tempo de contribuição, que serão financiados por outros em vista dos aportes extraordinários sacados do FCBE. Passemos às vantagens e desvantagens da adesão. 7.2 Vantagens de aderir Existem quatro grandes vantagem na adesão. A maior delas, sem dúvida, é a contribuição paritária do patrocinador. Nos termos do art.40, §14 e §15, e art. 202 da Constituição Federal, a União poderá, na qualidade de patrocinador, aportar recursos a entidade fechada de previdência complementar de natureza pública, como as FUNPRESPs, desde que sua contribuição não exceda a do segurado. A contribuição é fixada pelo art. 16, §2° e § 3° da Lei 12.618/12 em valor igual a do participante e não poderá exceder o percentual de 8,5%. Ao participante é dado contribuir com mais que isso; a União, não. Nos planos da FUNPRESP-JUD as contribuições possíveis são de 6,5%, 7%, 7,5%, 8,0% e 8,5% sobre o valor do subsídio que exceder o teto (art. 14, I, do Regulamento do Plano de Benefícios da FUNPRESP-JUD). Para cada real que eu aportasse, a ente da União que estivesse vinculado(o MPU, no meu caso), aportaria outro. Imaginemos que alguém com um subsídio de R$ 20.000,00 resolva migrar e contribuir para o plano da FUNPRESP com 8,5%. Sua contribuição seria equivalente a: 8,5% x (subsídio – teto do INSS) = 8,5% x ( R$ 20.000,00 - 5.645,80) = R$ 1.220,11. A União contribuiria paritariamente com os mesmos R$1.220,11. Você deve estar pensando: que maravilha, terei R$ 2.440,22 aplicados mesmo tendo gasto metade disso, ou seja, terei um rendimento de 100%!!! Sinto desiludi- lo. Sobre as contribuições de patrocinado e patrocinador incidem dois descontos: a taxa de carregamento de 7% e o FCBE – Fundo de Cobertura de Benefício Extraordinários, atualmente de 14,61% na FUNPRESP-JUD e 21,53% FUNPRESP-EXE. Os descontos podem ser alterados anualmente por decisão do Conselho Deliberativo da FUNPRESP. O valor do FCBE caiu de 15,35% para 15,02% em 2016 e de 15,02% para 14,61% em 2017, na FUNPESP-JUD. Feitos os descontos, teríamos um montante líquido, consideradas as contribuições do patrocinado e do patrocinador, de R$ 1.912,89, quantia 56,78% maior que os R$ 1.220,11. Embora menor que os 100% inicialmente esperados, 56,78% continuam sendo rendimentos extraordinários. Para os que optarem pela FUNPRESP, a alíquota que os fará aproveitar melhor a maior vantagem da adesão é a de 8,5%, já que é com ela que se obterá a maior contribuição do patrocinador. A segunda vantagem é a comodidade. Aos que aderirem, não serão necessários disciplina ou estudo para fazer investimentos em sua aposentadoria. Mensalmente, os valores serão descontados do contracheque e repassados ao plano de benefícios. Para os que não se acham suficientemente disciplinados ou consideram que não conseguirão estudar para aprender a investir, a FUNPRESP