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Curso de Pós-graduação a Distância Auditoria Contábil Autores: Fortunato Lopes Bennett Lucélia da Costa Nogueira Tashima Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Objetivo Geral Conhecer os campos de atuação da Auditoria e da Auditoria contábil e tributária, suas normas e procedimentos, assim como suas aplicações, os objetivos dos exames auditoriais e o resultado do trabalho. SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA AUDITORIA .................................. 05 1.1 Origem da Auditoria ............................................................................................ 05 1.2 Conceito de Auditoria .......................................................................................... 07 1.3 Auditoria Interna .................................................................................................. 15 1.4 Auditoria Externa ................................................................................................ 22 UNIDADE 2 – MODALIDADES, TIPOS E INDEPENDÊNCIA DO AUDITOR .......... 26 2.1 Modalidades de Auditoria ................................................................................... 26 2.2 Auditoria Governamental .................................................................................... 30 2.3 Independência da Auditoria ................................................................................ 32 UNIDADE 3 – CONTROLE INTERNO ..................................................................... 36 UNIDADE 4 - PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA ................................................. 44 4.1 As afirmações nos Procedimentos de Auditoria.................................................. 46 UNIDADE 5 – PLANEJAMENTO ............................................................................. 51 5.1 Conceito de Planejamento .................................................................................. 51 5.2 Definição de Campo, Âmbito e Subáreas para a Auditoria e Subáreas para a Auditoria .................................................................................................................... 56 UNIDADE 6 – PAPÉIS DE TRABALHO .................................................................. 59 6.1 Conceitos ........................................................................................................... 59 6.2 Forma e conteúdo dos Papéis de Trabalho ........................................................ 60 6.3 Classificação dos Papéis de Trabalho ................................................................ 61 6.4 Tipos de Papéis de Trabalho .............................................................................. 63 6.5 Codificação dos Papéis de Trabalho .................................................................. 64 UNIDADE 7 – AUDITORIA TRIBUTÁRIA ................................................................ 70 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 7.1 Prestadores de Serviços ..................................................................................... 70 7.2 Comércio de Mercadorias ................................................................................... 84 7.3 Indústria .............................................................................................................. 97 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 109 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 INTRODUÇÃO Algumas entidades, por determinação legal, têm o dever de prestar contas de sua gestão administrativa e financeira à sociedade. A forma pela qual essas organizações se comunicam com o público, em geral, ocorre por meio das Demonstrações Financeiras ou Contábeis. O reflexo do trabalho desenvolvido pelo administrador será evidenciado nesses demonstrativos, que serão postos à disposição dos usuários envolvidos ou não, no processo decisório. É evidente que cada usuário possui interesse direto na regular aplicação do capital, e esses interesses podem coincidir ou divergir em relação às decisões tomadas e aos consequentes dados apresentados. Valendo-se de normas e padrões de natureza técnica e ética, claramente determinados, a auditoria independente torna-se elemento fundamental no sistema de informações, medição de desempenho e prestação de contas da administração. Nesse contexto, o auditor desenvolve o seu trabalho por meio do estudo e da avaliação sistemática de transações, procedimentos, operações e das demonstrações financeiras resultantes, tendo por finalidade determinar o grau de observância dos critérios estabelecidos e emitir um parecer sobre o assunto. 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA AUDITORIA 1.1 Origem da Auditoria O surgimento da Auditoria está ligado à Contabilidade. Essa surgiu para controlar o patrimônio das empresas mediante os registros, interpretando os fatos ocorridos, com a finalidade de fornecer informações sobre a gestão patrimonial. A Auditoria surgiu como consequência da necessidade de confirmação dos registros contábeis devido ao aparecimento das grandes empresas e da taxação do imposto de renda, em resultados apurados em balanços (CREPALDI, 2019) Na antiguidade, exatamente, na Civilização Suméria, já existiam relatos da atividade auditorial (MOTTA, 2010 p. 17). Em 1285, na Inglaterra, no reinado de Eduardo I, evidenciou-se esta prática como também o uso, pela primeira vez, do termo auditor para designar aquele que realiza o exame de contas públicas e servia como testemunha para levar a punição aos possíveis infratores. A evolução da auditoria se deu com o desenvolvimento econômico dos países, devido ao crescimento das empresas e da expansão das atividades produtoras, ocasionando crescente complexidade na administração dos negócios e de práticas financeiras. A aplicação do capital investido de forma correta e o retorno do investimento foram uma das preocupações que exigiram a opinião de alguém para confirmar de forma independente a qualidade e necessidade das informações prestadas, dando ensejo ao aparecimento do auditor. A auditoria chegou ao Brasil quando empresas multinacionais aqui se instalaram (ATTIE, 2018, p.29). Várias empresas decidiram investir capitais no país, expandindo os negócios, consequentemente, as empresas de auditoria foram abrindo escritórios no Brasil, divulgando técnicas e a cultura da Auditoria. O poder público foi de fundamental participação na difusão da Auditoria no Brasil através das diversas leis que obrigaram a existência da Auditoria e da figura do Auditor Independente, conforme trata a NBC TA 200, cujo texto legal trata e torna obrigatória esta prática. Foi de grande importância para a profissão de auditor o poder público, pois, foi este quem criou normas que regulamentam o termo Auditor. Dispõe sobre o registro e exercícios da atividade de Auditoria Independente, definindo os deveres e 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes. O Conselho Federal de Contabilidade em regime aberto com o Instituto Brasileiro de Contadores, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil e a Superintendência de Seguros Privados aprovaram várias normas que aprimoram a evolução e a crescente importância da auditoria, tais como: a NBC Independência, Sigilo Auditor Independente; NBC TA 200 - Objetivos Gerais do Auditor Independente. No Brasil, a legislação é muito presente no desenvolvimento de todas as áreas de atividade, não sendo diferente com a Auditoria. A Lei 4.728/65 em seu artigo 20, constitui a primeira norma legal dotermo Auditoria e a pessoa do auditor. A nossa história é rica em exemplos, citamos alguns (Jornal do CRC-MS Edição 37): • Banco Central do Brasil, Resolução 39/1966, estabelece a obrigatoriedade da Auditoria nas Bolsas de Valores e do uso de serviços de Auditoria pelos Bancos de Investimentos e Desenvolvimento; • Decreto nº 199/1967, estabelece a obrigatoriedade da Auditoria Externa nas contas das entidades de administração indireta; • Decreto nº 67.090/1970 estabelece normas e fixa procedimentos de Auditoria a serem aplicados na administração Direta Federal; • Resolução 220/1972 cria a obrigatoriedade de Auditoria Externa para as empresas obrigadas ao Registro no BACEN; • Lei 6.385/1976 cria a Comissão de Valores Mobiliários e determina que esta proceda ao registro, à fiscalização e à responsabilidade Civil dos Auditores, que irão atuar em companhias abertas e demais sociedades do mercado acionário; • Lei 6.404/76 estabelece a obrigatoriedade da Auditoria Independente para as Companhias Abertas e para os grupos de sociedades compostas por uma ou mais companhias abertas; • Decreto Lei 2536/1998 que traz exigência legal visando Auditoria Externa do Terceiro Setor, as entidades sem fins lucrativos, visando normas de desenvolvimentos das políticas sociais. 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 1.2 Conceito de Auditoria De acordo com Longo (2014), a separação entre a propriedade e a gestão levou a exigências de prestação de contas por parte dos gestores. Os acionistas pretendem informação sobre o desempenho do seu investimento, mas a informação financeira disponível e básica apresenta-se insuficiente na sua preparação. Brealey (2013) e Damodaran (2012), embora reconheçam que a separação da propriedade da gestão traz vantagens claras, dizem também que gera conflitos entre o principal (acionistas) e o agente (gestor) quando os objetivos são diferentes e, como consequência, cria custos para a governança. Estes conflitos seriam fáceis de resolver se todos tivessem a mesma informação, mas consideram que isso é raro pois gestores, acionistas e credores podem ter informação diferente sobre o valor real dos ativos e essa sensação de custo x investimento pode perdurar por anos. Damodaran (2012), argumenta que os administradores frequentemente falham no seu papel, que é proteger os interesses dos acionistas, pois se apropriam de direitos dos investidores externos em troca de ativos para direcionar a empresa por caminhos que nem sempre a prática da governança isenta a empresa de grandes riscos operacionais. Para Brealey (2013), o gestor financeiro precisa reconhecer as assimetrias de informação e encontrar caminhos para que os investidores entendam que não existem surpresas desagradáveis pela frente, ou melhor, que o risco seja razoável para as condições contratadas inicialmente. Neste quadro (risco x investimento), o auditor externo desempenha um papel preponderante na credibilização e viabilização dessa informação, agindo de modo independente aos interesses das partes, sem influências de qualquer que seja o tipo e natureza. Segundo Gramling (2012), o mercado de capitais depende da precisão, confiança e realidade dos dados que retratam a natureza econômica dos negócios da empresa que, por sua vez, fornecem uma base para avaliar o progresso atual numa perspectiva de longo prazo. Se o mercado não receber dados corretos, os investidores perdem a confiança do sistema, tomam decisões erradas e podem perder dinheiro. A governança entende que os auditores são chamados a fazer julgamentos profissionais que melhor refletem a situação real das operações e dos resultados das sociedades. Além disso, referem que as empresas de auditoria 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 precisam cada vez mais de profissionais que fazem julgamentos profissionais consistentes sobre uma larga variedade de empresas, países e tipo de negócios. Segundo a ISA 200 a finalidade do trabalho do auditor é aumentar o grau de confiança dos destinatários das DF, conseguida pela expressão de uma opinião do auditor sobre se as DF´s estão preparadas, em todos os aspectos materiais, de acordo com um referencial de relato financeiro aplicável. Contudo, vários escândalos financeiros confrontaram algumas empresas dos membros da IFAC, incluindo os EUA e alguns países da UE, com destaque para os casos da Enron, WorldCom, Parmalat e Petrobrás, abrindo questionamentos pela literatura diversa sobre a independência e o papel do auditor à luz das normas internacionais sobre a profissão, embora com menor profundidade relativamente às especificidades de cada país. Estes escândalos, nos EUA, em 2002, e aqui no Brasíl em 2009 por meio da Investigação “Lava-Jato1”, deram origem à revisão profunda e importante das normas sobre a profissão, designadas por Sarbanes-Oxley Act, IBRACON, Conselhos Federais e órgãos Reguladores. O silêncio dos auditores quanto aos eventos anteriores à recente crise financeira também deu origem a questionamentos sobre o valor real das empresas de auditoria, a qualidade do trabalho de auditoria, os incentivos econômicos para uma boa auditoria e conhecimentos básicos dos auditores (SIKKA, 2012). A preocupação de que a gestão de resultados está corroendo a qualidade da informação financeira levou também a AFAC e outros a questionarem o papel do auditor externo (HENINGER, 2012). No exercício das suas funções, “o auditor está sujeito a requisitos éticos relevantes, incluindo os que dizem respeito à independência, em relação aos trabalhos de auditoria às DF” (IFAC, 2010, p. 95). Boynton e Johnson (2006) referem-se à existência de 10 General Accepted Auditing Standard (GAAS) que devem orientar o auditor no exercício da sua profissão, que incluem a independência da mente. Referem-se, ainda, a seis princípios éticos mantidos nos códigos de conduta, nomeadamente responsabilidade, interesse público, integridade, objetividade e independência, zelo e âmbito e natureza do serviço. 1 Operação que iniciou em 2009 com a investigação de crimes de lavagem de recursos relacionados ao ex-deputado federal José Janene, Alberto Youssef e Carlos Habib. Disponível em: <http://lavajato.mpf.mp.br/atuacao-na-1a-instancia/investigacao/historico/por-onde-comecou>. Acesso em: 05 out. 2021. http://lavajato.mpf.mp.br/atuacao-na-1a-instancia/investigacao/historico/por-onde-comecou 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A independência dos auditores está associada à liberdade no julgamento sobre os fatos em análise e na sua capacidade de formular uma opinião justa e isenta. A opinião emitida resulta de decisões do auditor sobre a adequação e suficiência da prova e das interpretações dos resultados obtidos dos seus procedimentos. Essas decisões podem ser influenciadas negativamente por fatores que estão relacionados com ameaças à sua independência. Gramling (2012) considera que a independência é o estado da mente que pode ser afetado por potenciais ameaças relacionadas com: (1) regime de compensações, (2) quem é o cliente; (3) laços familiares com o cliente, (4) pressão do tempo para acabar os trabalhos de forma lucrativa; (5) racionalização do comportamento em termos de tempo de resposta e avaliação de erros materiais e (6) prestação de serviços extra-auditoria. Já o autor Corless (2012), apresenta nove potenciais fatores que podem influenciar a independência de fato, tais como: quem paga os honorários da auditoria; regime de progressão; filosofia do serviço ao cliente; a relutância em transmitir más notícias aos outros; laços especiais e/ou de amizade com o cliente; expectativas criadas por experiências passadas com o cliente; relação de dependência com o cliente no exercício da auditoria; partilha de aspectos pessoais com o pessoal do cliente e; contratação do auditor pelo cliente para algum cargo ou vaga. A últimadécada foi marcada pela reformulação do Código de Ética do IFAC (IFAC, 2006) e a criação de sistemas de salvaguardas que atenuem ou eliminem as ameaças à independência dos auditores com consequência na legislação de diversos países, incluindo em muitos membros da União Europeia. Em 2003, a Comissão Europeia reconhecia a divergência das normas dos países sobre o conceito e alcance da independência, fato que tem repercussões no nível da confiança transmitida aos investidores e restantes stakeholders. A revisão da Diretiva 84/253/CEE pela Diretiva 2006/43/CE (conhecida como Oitava Diretiva) permitiu estabelecer alguns princípios comuns aos países da União Europeia sobre os requisitos da revisão legal de contas, nomeadamente, em matérias de independência. Devido à ausência de um órgão de supervisão da profissão em Moçambique, estas obrigações surgem por remissão geral às normas internacionais e de outros países com associações de revisores já estabelecidos, embora o país não seja membro das organizações internacionais de regulamentação da profissão. 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 As normas de ética e conduta profissional, inseridas no quadro da independência de aparência, fornecem aconselhamento abrangente que promove uma maior integridade no mundo das respectivas profissões e, ao fazê-las, melhoram a reputação dos seus membros. Apesar da tendência para a uniformização de metodologias e procedimentos de auditoria fruto da importância crescente das Normais Internacionais de Auditoria do IFAC e do crescimento das redes internacionais de empresas de auditoria, as auditorias são executadas por pessoas que vivem num determinado país ou organização, com contextos culturais variados ou específicos daquele país. Para Cohen (2013), as diferenças culturais são importantes para a compreensão das diferenças dos valores éticos, pois identificam, de maneira geral, as crenças e normas de comportamento mantidas num país. 1.2.1 Aplicações da Auditoria nas Demonstrações Financeiras A auditoria das demonstrações financeiras destina-se ao exame e à avaliação dos componentes patrimoniais descritos nos relatórios, no que concerne à adequação dos registros e procedimentos contábeis, sistemática dos controles internos, observância de normas, regulamentos e padrões aplicáveis, bem como à aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade fundamentados nas Resoluções Estrutura Conceitual e Objetivos Gerais do Auditor. Os usuários das demonstrações contábeis esperam que o auditor forme sua opinião em um período de tempo razoável e a um custo razoável. Consequentemente, é impraticável abordar todas as informações eventualmente existentes, ou investigar todos os assuntos exaustivamente partindo do pressuposto de que as informações são erradas ou fraudulentas até prova em contrário. O alcance do trabalho do auditor e a opinião fornecida restringem-se a se as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Dessa forma, um relatório do auditor não modificado não fornece nenhuma segurança sobre a viabilidade futura da entidade, nem sobre a eficiência ou eficácia com a qual a administração conduziu os negócios da entidade. Qualquer extensão dessa responsabilidade de auditoria básica, como a exigida por leis locais ou regulamentos do mercado de capitais, exigiria que o 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 auditor executasse trabalho adicional, consequentemente modificando ou expandindo o seu relatório Segundo Dias (2015), a auditoria oferece proteção ao patrimônio dando mais segurança e garantia aos administradores, proprietários, fisco e financiadores do patrimônio, abrangendo os seguintes aspectos: • Sob o aspecto administrativo: contribui para a redução de ineficiência, negligência, incapacidade de empregados e administradores; • Sob o aspecto patrimonial: possibilita melhor controle dos bens, direitos que constituem o patrimônio; • Sob o aspecto fiscal: é fator de maior cumprimento das obrigações fiscais, resguardando: o patrimônio, contra multas; o proprietário, contra penalidades decorrentes da lei de sonegação fiscal; e o fisco, contra sonegação de impostos; • Sob o aspecto técnico: contribui a adequada utilização das contas, mais eficiência dos serviços contábeis, maior precisão das informações e a garantia de que a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os princípios e normas da Contabilidade; • Sob o aspecto financeiro: resguarda créditos de terceiros – fornecedores e financiadores – contra possíveis fraudes e dilapidações do patrimônio, permitindo maior controle dos recursos para fazer face a esses compromissos; • Sob aspecto econômico: assegura maior exatidão dos custos e veracidade dos resultados, na defesa do interesse dos investidores e titulares do patrimônio; • Sob o aspecto ético: examina a moralidade do ato praticado, pois o registro poderá estar tecnicamente elaborado e o fato legalmente comprovado, porém o ato da administração poderá ser moralmente indefensável, cabendo à auditoria apontá-lo para julgamento dos titulares do patrimônio ou de seus credores. Os exames de auditoria obedecem às normas de auditoria e incluem procedimentos de comprovação dos dados em estudo, caracterizados por uma atitude de reflexão competente e independente dentro dos padrões éticos da legislação: 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Figura 1 – Atitude do Auditor Fonte: CFC (2012) O principal objetivo da auditoria das demonstrações financeiras “é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários” (NBC TA 200). Ainda conforme a mesma norma, tal objetivo é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre tais demonstrações e como foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes. Segundo a NBC TA 200, item 11, ao conduzir seus trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis, os objetivos gerais de tal auditor são: […] obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante, independentemente se causadas por fraude ou erro, possibilitando, assim, que o auditor expresse sua opinião sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável; e (b) apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e comunicar-se como exigido pelas NBC TAs, em conformidade com as constatações do auditor. De modo geral, as demonstrações financeiras devem ser preparadas de forma clara e precisa aos fatos decorrentes de sua operação. Os termos em que foram adquiridos seus direitos, obrigações e resultados das operações realizadas no período exato, incluindo ainda os critérios e procedimentos contábeis adotados em sua elaboração e segundo os princípios de contabilidade. Os procedimentos aplicados no exame das demonstrações financeiras são descritos por Longo (2014, p. 66): A juízo do auditor, permite uma conclusão quanto à razoabilidade das operações e aos seus reflexos nas demonstrações financeiras. 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os procedimentos aplicados em uma auditoria e a extensão de sua aplicação são determinados pelo julgamento do auditor que deve considerar a natureza e os problemas da empresa e observar a qualidade e eficiência de seus procedimentos contábeis e seus controles internos. Todos esses assuntos tratados no sistema de controle de qualidade dos trabalhos do auditor refletem nas DFs com o objetivo de assegurar o cumprimento das exigências éticas e as NBC TAs: NBC PA 01.11 NBC PA 220.6 O objetivo da firma é estabelecer e manter um sistema de controle de qualidade para obter segurança razoável que: (a) a firmae seu pessoal cumprem as normas técnicas e as exigências regulatórias e legais aplicáveis; e (b) os relatórios sobre demonstrações contábeis e demais relatórios emitidos pela firma e pelos sócios encarregados do trabalho são apropriados nas circunstâncias. O objetivo do auditor é implementar procedimentos de controle de qualidade no nível do trabalho que forneçam ao auditor segurança razoável de que: (a) a auditoria está de acordo com as normas profissionais e técnicas e exigências legais e regulatórias aplicáveis; e (b) os relatórios emitidos pelo auditor são apropriados nas circunstâncias. Portanto, a análise do trabalho de auditoria é objetiva e técnica, visto que a própria norma emite os parâmetros de mensuração e julgamento necessários para realização do trabalho final dos profissionais. NBC TAs exigem que o auditor obtenha segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante, independentemente se causadas por fraude ou erro. É importante destacar que a profissão exige, além das normas de auditoria, a obediência aos princípios profissionais que fundamentalmente se apoiam em: • Independência: condição primordial ao trabalho do auditor para o julgamento necessário e emissão de sua opinião, inclusive os descritos segundo os Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com as Normas de Auditoria NBC TA 200 item 51. 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 • Integridade em todos os compromissos que envolvam a empresa auditada, o público em geral, a entidade de classe à qual pertença, respeitando a ética e a moral que coloque em risco os objetivos do trabalho. • Eficiência na emissão de seu parecer sendo redigido com objetividade e clareza, em qualquer circunstância, em condições favoráveis ou não, apresentando as razões que motivaram a sua conclusão. • Confidencialidade é indispensável à atividade da auditoria em razão das informações fornecidas pela entidade em decorrência do trabalho realizado. As informações decorrentes do trabalho realizado pelo auditor somente poderão ser dadas a terceiros em razão de determinação legal ou autorização judicial, ou ainda, por determinação formalmente expressa pela entidade auditada. Além dos pressupostos acima apresentados, a elaboração das D.F envolve o julgamento da administração na aplicação da estrutura de relatório financeiro aplicável, e decisões ou avaliações subjetivas (tais como estimativas) da administração envolvendo uma gama de interpretações ou julgamentos aceitáveis. O auditor tem a descrição de suas responsabilidades bem pontuadas na NBC TA 240 – “Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude, no Contexto da Auditoria de Demonstrações Contábeis”, elaborada de acordo com a sua equivalente internacional ISA 240. Quanto ao nível de dependência do profissional que atua como Auditor e a empresa na qual ele irá desenvolver tais serviços, existem duas classes fundamentais de auditoria que descreveremos a seguir: Auditoria Interna e Auditoria Externa. Exercício 1 1. Analise os enunciados a seguir. I. A auditoria chegou ao Brasil quando empresas multinacionais aqui se instalaram decidiram investir capitais no país, expandindo os negócios. II. O poder público foi de fundamental participação na difusão da Auditoria no Brasil através das diversas leis que obrigaram a existência da Auditoria e da figura do Auditor Independente. a) Apenas o enunciado I está correto. b) Apenas o enunciado II está correto. 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 c) Os dois enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. 2. Auditoria é conceituada em: a) Separação entre a propriedade e a gestão levou a exigências de prestação de contas por parte dos gestores. b) Conflito de informação entre acionistas e gestores. c) Grau de confiabilidade por meio de relato financeiro. 3. A independência do auditor está associada à: a) pressão do tempo para acabar os trabalhos de forma lucrativa. b) racionalização do comportamento em termos de tempo de resposta e avaliação de erros materiais. c) imparcialidade nas análises e interpretações dos resultados obtidos. 4. Os exames de auditoria obedecem às normas de auditoria e incluem procedimentos de comprovação dos dados em estudo, caracterizados por uma atitude de reflexão competente e independente dentro dos padrões éticos da legislação, entre eles: a) Ética e dependência. b) Documentação e monitoramento contínuo. c) Execução do trabalho de acordo com o pedido do cliente. 1.3 Auditoria Interna Auditoria interna pode ser conceituada como um controle gerencial ou ainda, vinculada ao controle interno, que funciona por meio de medição e avaliação da eficiência de outros controles. Sendo entendida como uma atividade de assessoramento à administração quanto ao desempenho das atribuições definidas para a área da empresa, mediante as diretrizes políticas e objetivos por aquela determinada. As atividades de controle são planejadas para assegurar o cumprimento das políticas e dos procedimentos da firma. Uma maneira possível de desenhar, implementar e monitorar o controle de qualidade é seguir o processo PIVA (Planejar-Implementar-Verificar-Agir), conforme orientação do IFAC (2010). Cada um dos elementos está descrito a seguir: 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 1 - Processo de Controle e Monitoramento Etapas Descrição PLANEJAR Estabelecer os objetivos e os processos de controle de qualidade necessários para obter os resultados requeridos. IMPLEMENTAR Implementar os novos processos, frequentemente em pequena escala, se possível. VERIFICAR Mensurar os efeitos dos novos processos, e comparar os resultados com os resultados esperados para apurar quaisquer diferenças. AGIR Analisar as diferenças para determinar sua causa. Cada uma será parte de uma ou mais etapas do PIVA. Determinar onde aplicar mudanças que incluem melhoria. Fonte: Adaptado de IFAC (2010) Por exemplo, um objetivo da firma pode ser não liberar o relatório de auditoria até que todas as indagações e todos os itens pendentes tenham sido esclarecidos. A política requerida é que o relatório do trabalho final não pode ser liberado, arquivado ou de outra forma distribuído até que certas aprovações especificadas tenham sido obtidas. A implementação da política pode ser controlada por meio de um processo de liberação final em que uma pessoa verifica que todas as aprovações foram realmente obtidas e documentadas. A eficácia da política pode ser verificada por inspeções periódicas das ratificações das aprovações. No caso de serem identificados desvios, seriam investigadas as razões e consideradas as medidas apropriadas, como medida disciplinar, treinamento ou mudanças na política. Atividades de controle para tratar todas as políticas e todos os procedimentos não seriam possíveis ou eficazes em termos de custo. As firmas devem usar julgamento profissional e sua avaliação de riscos para determinar que controles precisam ser implementados. Segundo IFAC (2010), as atividades de controle podem ser consideradas para: • todas as políticas e todos os procedimentos documentados no guia de controle de qualidade da firma; • políticas de fluxo de trabalho do escritório; • políticas e procedimentos operacionais; e 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 • outras políticas e procedimentos relacionados com pessoal. O alcance do planejamento de atividades de controle abordaria todos os requisitos de controle de qualidade, éticos e de independência e o cumprimento das NBC TAs de auditoria relevantes para a auditoria. Figura 2 - Alcance das possíveis atividades de Controle Fonte: IFAC (2010, p. 57) Um elemento importante do sistema de controle é o monitoramentode sua adequação e efetividade operacional. Isso pode ser feito por meio de uma revisão independente da efetividade operacional das políticas/dos procedimentos em nível de firma e em nível de trabalho e da inspeção de arquivos de trabalho concluídos. Um processo de monitoramento eficaz ajuda a desenvolver uma cultura de aperfeiçoamento contínuo, em que sócios e equipe estão comprometidos com trabalho de qualidade e são recompensados por melhorar o desempenho. O processo de monitoramento de uma firma pode ser dividido em duas partes, como segue: • Monitoramento contínuo (que não as inspeções de arquivo cíclicas). A contínua (sugerir anual) consideração e avaliação do sistema de controle de qualidade da firma ajudam a assegurar que as políticas e os procedimentos existentes sejam relevantes, adequados e operem de maneira eficaz. Quando realizado e documentado anualmente, esse monitoramento suportará o requisito de 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 comunicação com a equipe a cada ano sobre os planos da firma para melhorar a qualidade do trabalho. Esse alcance de monitoramento contínuo trata cada um dos elementos do controle de qualidade, e inclui uma avaliação de: – se o guia de controle de qualidade da firma foi atualizado em decorrência de novos requisitos e acontecimentos; – se aqueles aos quais foram atribuídas responsabilidades de controle de qualidade na firma (se houver) realmente desempenharam seus papéis; – se foram obtidas confirmações por escrito (por sócios e pela equipe) para assegurar o cumprimento de cada pessoa das políticas e dos procedimentos da firma relacionados com independência e ética; – se existe desenvolvimento profissional contínuo para sócios e equipe; – se as decisões relacionadas com aceitação e continuação de clientes e trabalhos específicos estão em conformidade com as políticas e os procedimentos da firma; – se o código de ética foi seguido; – se pessoas adequadamente qualificadas foram designadas como revisores do controle de qualidade dos trabalhos e essas revisões foram concluídas antes de o relatório de auditoria ser datado; – se as deficiências identificadas foram comunicadas ao pessoal adequado; e – se foi feito acompanhamento apropriado para assegurar que as deficiências de qualidade identificadas foram tratadas tempestivamente. • Inspeções cíclicas de arquivos concluídos. A contínua consideração e avaliação do sistema de controle de qualidade da firma inclui uma inspeção cíclica de, pelo menos, um arquivo de trabalho concluído para cada sócio. Isso é necessário para assegurar o cumprimento dos requisitos profissionais/legais e que os relatórios de asseguração que estão sendo emitidos são apropriados nas circunstâncias. Inspeções cíclicas ajudam a identificar deficiências e necessidades de treinamento e permitem à firma fazer as mudanças necessárias tempestivamente. 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Depois de concluir a revisão, o monitor prepararia um relatório que, após discussão com os sócios, seria comunicado a todos os gerentes e integrantes da equipe em conjunto com as medidas a serem tomadas. Os auditores internos são responsáveis por fornecer à administração da empresa dados sobre a adequação e efetividade do sistema de controle interno e a qualidade do desempenho da organização. Através de suas atividades de trabalho, a auditoria interna serve à administração como meio de verificação de que todos os processos internos definidos pela companhia, como os sistemas contábeis e de controle interno, estão sendo efetivamente seguidos e se as transações estão contabilmente em concordância com os critérios previamente definidos. A causa do surgimento da auditoria interna se deu devido à expansão dos negócios da empresa, sentindo necessidade de dar mais vida às normas internas, devido ao fato de que o administrador ou proprietário da empresa não poderia supervisionar todas as atividades. Entretanto de nada valeria a implantação de procedimentos internos sem que houvesse um acompanhamento, no sentido de verificar se esses estavam sendo seguidos pelos empregados. Portanto, o auditor interno surgiu como uma extensão profissional da auditoria externa. O auditor interno é um empregado da empresa e, dentro de uma organização, ele não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho examina. A figura a seguir mostra exatamente a posição do auditor interno dentro da organização. Figura 3 - Posição do Auditor na Organização Fonte: Adaptado de Almeida, 2003. Vale ressaltar que o Controle Interno é algo que pode ser confundido com a Auditoria Interna. O Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados - AICPA afirma: Presidência Diretoria Técnica Diretoria Financeira Diretoria Administrativa Assessoria de Auditoria Interna 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 O controle interno compreende o plano de organização e o conjunto coordenado dos métodos e medidas, adotadas pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração (2009). O controle tem relevância somente quando é concedido para garantir o cumprimento de um objetivo definido. Podendo ser observada a existência de vários fatores que necessitam ser claros e objetivamente expostos, segundo (ATTIE, 2018, p.111), é necessário que se tenha: Figura 4 – Auditoria Interna Fonte: Elaboração própria A avaliação do sistema de Controle Interno é realizada através das normas de auditoria geralmente aceitas, referentes ao trabalho no campo, que estabelecem que o auditor deve avaliar o sistema de controle interno da empresa auditada, a fim de determinar a natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria, o próprio IFAC (2010) faz a indicação das normas relevantes para o desenvolvimento do trabalho profissional: Eficiência Operacional Exatidão e Fidedignidade Proteção do Patrimônio Métodos e Medidas Plano de Organização CONTROLE INTERNO 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 2 - Cumprimento das NBC TAs Relevantes Item Trechos Relevantes das NBC TAs NBC TA 200.18 O auditor deve observar todas as NBC TAs relevantes para a auditoria. Uma NBC TA é relevante para a auditoria quando ela está em vigor e as circunstâncias tratadas nela existem na situação específica (ver itens A53 a A57). NBC TA 200.22 Observado o disposto no item 23, o auditor deve cumprir com cada exigência de uma NBC TA, a menos que, nas circunstâncias da auditoria: (a) a NBC TA inteira não seja relevante; ou (b) a exigência não seja relevante por ser condicional e a condição não existir (ver itens A74 e A75). NBA TA 200.23 Em circunstâncias excepcionais, o auditor pode julgar necessário não considerar uma exigência relevante em uma NBC TA. Em tais circunstâncias, o auditor deve executar procedimentos de auditoria alternativos para cumprir o objetivo dessa exigência. Espera-se que a necessidade de o auditor não considerar uma exigência relevante surja apenas quando a exigência for a execução de um procedimento específico, e, nas circunstâncias específicas da auditoria, esse procedimento seria ineficaz no cumprimento do objetivo da exigência (ver item A74). NBC TA 230.12 Se, em circunstâncias excepcionais, o auditor julgar necessário não atender a um requisito relevante de uma norma, ele deve documentar como os procedimentos alternativos de auditoria executados cumprem com a finalidade desse requisito e as razões para o não atendimento (ver itens A18 e A19). Fonte: NBC TAs 200 e 230. A NBC TA 315, item 12 observa que o auditor deve obter entendimento do controle interno relevantepara a auditoria, embora, seja mais provável que a maioria dos controles relevantes para a auditoria esteja relacionada com demonstrações contábeis, nem todos os controles que se relacionam com as demonstrações contábeis são relevantes para a auditoria. É uma questão de julgamento profissional do auditor determinar se um controle, individualmente ou em combinação com outros, é relevante para a auditoria. Exercício 2 1. Marque a alternativa correta: a) Planejar é realizar os novos processos, frequentemente em pequena escala, se possível. b) Implementar é estabelecer os objetivos e os processos de controle de qualidade 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 necessários para obter os resultados requeridos. c) Agir é analisar as diferenças para determinar sua causa. Cada uma será parte de uma ou mais etapas do PIVA. Determinar onde aplicar mudanças que incluem melhoria. 2. São exemplos de atividades de controle, segundo IFAC 2010, EXCETO: a) Ausência de procedimentos específicos. b) Políticas de fluxo de trabalho do escritório. c) Políticas e procedimentos operacionais. 3. São procedimentos relevantes para a auditoria, EXCETO: a) Aceitação do cliente. b) Implantação do controle interno. c) Consulta de uso de especialistas. 1.4 Auditoria Externa O Conselho Federal de Contabilidade, através da resolução CFC nº 1.203/2009, que aprovou a NBC TA 200, trata dos procedimentos necessários para a realização desse trabalho, que serão tratados com mais detalhe na Unidade 2. A auditoria externa é feita por um profissional totalmente independente da empresa auditada. O objetivo do auditor externo é emitir uma opinião (chamada parecer) sobre as demonstrações financeiras. Conclui-se que a auditoria externa não é realizada para detectar fraudes, erros ou para interferir na administração da empresa, ou ainda, reorganizar o processo produtivo ou demitir pessoas ineficientes. Naturalmente, no decorrer do processo de auditoria, o auditor pode encontrar fraudes ou erros, mas o seu objetivo não é este. Os principais motivos que levam uma empresa a contratar o auditor externo ou independente são, conforme as normas de contabilidade e a IN CVM 12/09: • Obrigação legal: As companhias abertas são obrigadas por lei (Lei 6.404/76); • Imposição de bancos para ceder empréstimo (IN CVM 12/09); • Imposição estatutária; • Imposição dos acionistas minoritários; 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 • Para efeito de fusão, incorporação, cisão ou consolidação, conforme regulamentação das Leis 6.404/76 e Lei 6.385/76. Observe-se que o parecer deve ser emitido por um profissional, o mais independente possível, pontos importantes que são ressaltados na NBC PA 2. Um banco, por exemplo, para conceder um empréstimo a uma sociedade, quer ter segurança de que as demonstrações financeiras apresentadas são confiáveis. O banco teria dúvidas caso a opinião fosse emitida por um profissional que tivesse vínculos com a empresa. Quadro 3 – Diferenças entre a Auditoria Externa e a Interna AUDITORIA EXTERNA* AUDITORIA INTERNA OBJETIVO Opinar sobre as demonstrações Financeiras. Assessorar a Administração da Empresa no efetivo desempenho de sua função. PROFISSIONAL Independente, com responsabilidade civil, e contratação por período pré- determinado. Relação de dependência com responsabilidade Trabalhista. EXISTÊNCIA Obrigatória em determinadas empresas. Facultativa. A QUEM INTERESSA Empresas, órgãos governamentais, credores e investidores em geral. Empresas. PRODUTO FINAL Parecer sobre demonstrações Financeiras. Relatório de recomendações e sugestões à administração. (*) Obrigatória para entidades reguladas pelo decreto nº 93216/86 Fonte: Adaptação de Florentino (1998, p. 242/3). Exercício 3 1. Marque a alternativa INCORRETA: a) A Auditoria Interna em nível gestão desempenha atividades participando de reuniões de diretoria, comitês operacionais-financeiros, grupos envolvidos com projetos de qualidade total. b) O objetivo da auditoria contábil é identificar a adequação dos registros e procedimentos feitos na empresa, a qualidade dos controles internos existentes, a observação das normas pertinentes. c) A Auditoria da Qualidade é uma avaliação planejada, programada e documentada, executada por pessoas independentes da empresa auditada, visando a verificar a eficácia de um sistema implantado. d) Auditoria Ambiental que examina e analisa os prováveis impactos que as 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 empresas possam causar ao meio ambiente. 2. Escolha a alternativa correta segundo os enunciados façam referência à auditoria interna ou externa: 2.1 Subordinado apenas à administração da empresa. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.2 Não tem vínculo empregatício com a entidade. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.3 Executa auditoria contábil e operacional. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.4 Verifica a necessidade de novas normas internas. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.5 Executa apenas a auditoria contábil. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.6 Maior grau de Independência. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.7 Seu objetivo é apenas emitir parecer sobre as demonstrações, a uniformidade dos dados e posição financeira e patrimonial. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 2.8 Verificar se as normas internas estão sendo seguidas. a) Auditoria Interna 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 b) Auditoria Externa 2.9 Verificar a necessidade de novas normas internas. a) Auditoria Interna b) Auditoria Externa 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 – MODALIDADES, TIPOS E INDEPENDÊNCIA DO AUDITOR 2.1 Modalidades de Auditoria Partindo do ponto de vista da capacitação do auditor, seu perfil profissional e o treinamento necessário, deverá realizar um trabalho sobre todas as áreas de atuação da empresa e dentre elas, as seguintes modalidades de auditoria: 2.1.1 Auditoria Contábil A administração autoriza a realização da auditoria junto à área contábil com o objetivo de identificar a adequação dos registros e procedimentos feitos na empresa, a qualidade dos controles internos existentes, a observação das normas e regulamentos traçados pela administração, bem como a avaliação da correta aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade 750/93. Dentro desta área, cabem as seguintes avaliações e exames: • Exatidão, fidedignidade, justeza, completabilidade, tempestividade da apresentação e da publicação das Demonstrações Contábeis, de qualquer relatório formal ou institucional, de natureza orçamentária, financeira, contábil ou tributária, conforme a IN 01/2001 da Secretaria de Receita e Controle; • Fidedignidade, integridade, adequação, confiabilidade e utilidade dos registros orçamentários, financeiros, econômicos e contábeis; • Correção, eficácia e adequação dos controles da guarda, da divulgação, do arquivo, dos meios de consulta e da informatização da documentação pertinente à área contábil, bem como das formas de identificação, classificação, comunicação e divulgação das respectivas informações; • Adequação e eficácia dos controles, registros e meios de proteção dos ativos e da comprovação de sua existência real, utilidade, ociosidade e economicidade, bem como a comprovação da autenticidade e completabilidade dos passivos; • Eficiência, eficácia e economicidade na utilização de recursos e na administração contábil-financeira e tributária de fundos e programas, conforme NBC TA 200; 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 • Cumprimento das políticas, procedimentos, normas legais e regulamentos, metas e objetivos compreendidos na área auditada,de acordo com os procedimentos internos; • Exame e avaliação das aplicações de recursos, observando o cumprimento de normas legais, institucionais e aspectos contratuais pertinentes; • Avaliação do alcance dos objetivos das operações financeiras, investimentos, imobilizações, obrigações, despesas, receitas, fundos e programas, etc.; • Exame e avaliação das fontes de recursos, observando os aspectos econômicos acerca da tempestividade de sua aplicação; • Exame e avaliação da rentabilidade das aplicações e sua contribuição na formação do resultado da empresa; • Transparência, adequação e tempestividade das informações, particularmente em relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade (750/93); • Emissão de opinião sobre as Demonstrações Contábeis, fundos e programas e planos de natureza financeira, instituídos ou administrados pela empresa; • Assessoramento ao Conselho Fiscal, em matéria compreendida no âmbito de sua competência específica e; • Acompanhamento dos trabalhos de auditoria independente. 2.1.2 Auditoria Fiscal Objetiva o exame e a avaliação de planejamento tributário e a eficiência dos procedimentos e controles adotados para a operação, pagamento e recuperação de impostos, taxas, e quaisquer outros ônus de natureza fisco-tributária que incidam nas operações, e documentos da empresa (SILVA, 2009). 2.1.3 Auditoria Operacional O objetivo é assessorar a administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, avaliando se a organização, departamento, sistemas, funções, operações e programas auditados estão atingindo os objetivos propostos com identificação de falhas e irregularidades no sistema operacional. Em 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 decorrência desses objetivos, um dos procedimentos utilizados é a elaboração de fluxogramas e organogramas para facilitar rápida visualização da distribuição de funções e circularização de documentos que possam afetar o controle da organização. 2.1.4 Auditoria de Gestão É a Auditoria Interna em nível de gestão que desempenha atividades participando de reuniões de diretoria, comitês operacionais e financeiros, grupos envolvidos com projetos de qualidade total, controles internos, reestruturação de funções, etc. Trabalho em nível de planejamento estratégico, tático e no processo decisório decorrente da aplicação de sistemas, políticas, critérios e procedimentos. 2.1.5 Auditoria de Sistemas Informatizados Sua aplicação está sendo ampliada com o passar dos anos, hoje é quase impossível imaginarmos uma entidade sem um banco com sistema de informações. Instituições financeiras, indústrias, comércio, serviços, pequenas e médias empresas, estatais, órgãos públicos, tudo está estruturado em nível de controles sobre os sistemas informatizados. Dessa forma, o auditor interno não pode furtar-se à possibilidade de examinar, avaliar e ter conhecimento sobre esses sistemas. O auditor interno envolve-se no processo de planejamento, desenvolvimento, testes e aplicação dos sistemas propostos, preocupando-se com a estrutura lógica, física, ambiental, organizacional de controle interno, segurança e proteção de dados. Cabe-lhe informar a administração sobre: adequação, eficácia, eficiência e desempenho dos sistemas e respectivos procedimentos de segurança em processamento de dados. 2.1.6 Auditoria de Qualidade Em decorrência do aumento da competitividade, em função da globalização da economia e das exigências de novos mercados, passou-se a conviver diariamente com novo conceito em produtos e serviços, chamado de qualidade. As normas ISO 9000 definem claramente as exigências que devem ser perseguidas a fim de obter a qualidade. O auditor interno, mais uma vez, é chamado a dar sua contribuição, assessorando a alta administração. 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A Auditoria da Qualidade é uma avaliação planejada, programada e documentada, executada por pessoas independentes da área auditada, visando a verificar a eficácia de um sistema implantado, que aliás, são ações que sempre foram cobradas pela Administração Pública e que somente agora, seu foco também está voltado ao setor privado. Os objetivos e padrões preestabelecidos desta atividade servem como mecanismos de retroalimentação e aperfeiçoamento do próprio sistema e podem ser classificadas em internas e externas. Por exemplo: • Auditoria Interna da Qualidade: quando ocorre avaliação do plano de desenvolvimento do produto, bastante aplicada nas indústrias, para verificar o atendimento dos requisitos do cliente. • Auditoria Externa da Qualidade: avaliação de fornecedores de matérias-primas. Um exemplo bem claro disso é a aplicação de pedido de amostras de produtos nos processos de licitação em órgãos públicos. Quanto ao objeto tratado na NBC T 11, a Auditoria de Qualidade classifica- se em: Auditoria de Sistemas, Auditoria de Processos e Auditoria de Produtos. 2.1.7 Auditoria Ambiental Talvez o ramo mais recente da Auditoria Interna seja a Auditoria Ambiental – NBC T 15: É o ramo da Auditoria Interna que examina e analisa os prováveis impactos que as empresas possam causar ao meio ambiente, com reflexo direto sobre a imagem delas no mercado e, consequentemente, sobre a captação de recursos, sob a forma de financiamentos ou lançamento de ações no mercado financeiro. O trabalho da Auditoria Interna é encaminhar opiniões consistentes, não apenas em relação aos custos dos empreendimentos, como também aos riscos ambientais previstos com sua implantação e às medidas compensatórias e reparadoras a serem tomadas. Um exame de auditoria em atividades que podem afetar o meio ambiente deverá considerar a existência de relatório de impacto ambiental realizado por profissional competente. É preciso saber como e em que medida a utilização predatória dos recursos naturais degrada a qualidade do meio ambiente, afeta a vida de uma população ou mesmo o valor de uma propriedade próxima às instalações da empresa. 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os procedimentos da auditoria interna são os exames, incluindo testes de observância e testes substantivos - NBC TA 520 – “que permitem ao auditor interno obter provas suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações”. Os testes de observância visam a obtenção de uma razoável segurança de que os controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários da entidade. E os testes substantivos, conforme a referida norma2, “visam a obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informações da entidade”. As informações que fundamentam os resultados da auditoria interna são denominadas de “evidências – NBC T 12”, que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecerem base sólida para as conclusões e as recomendações. 2.2 Auditoria Governamental 2.2.1 Conceito De acordo com a Instrução Normativa n° 1/2001, da Secretaria Federal de Controle, a auditoria governamental consiste: No conjunto de técnicas que visa avaliar a gestão pública, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicação de recursos por entidade de direito público e privado, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou legal. A técnica utilizada é uma importante ferramenta de controle do Estado na busca da melhor alocação de seus recursos – princípios da economicidade e eficiência, não só atuando para corrigir os desperdícios, a “improbidade”, a negligência e a omissão, mas também e, “principalmente, antecipando-se a essas ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e benefícios sociais advindos” (ARAÚJO, 2001). A auditoria tem porobjetivo garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública que será exercida por servidores do quadro administrativo dos servidores públicos em todas as unidades e entidades públicas federais, 2 NBCTA 520 – Procedimentos Analíticos. 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 observando os aspectos relacionados à avaliação dos programas de governo e da gestão pública, segundo Carvalho (2007). No território brasileiro, a auditoria governamental encontra seu amparo legal na Lei n° 4.728 de julho de 1965, que veio “normatizar o funcionamento do mercado financeiro e criou a obrigatoriedade” da prática da Auditoria Governamental no Brasil, estabelecendo a “comprovação da legalidade das ações pelos órgãos e entidades que compõem a administração pública direta e indireta, abrangendo tanto a esfera Federal, quanto a Estadual e Municipal”. Considera a auditoria governamental uma especialização dentro do campo da auditoria, pois apesar de seguir princípios e normas técnicas, apresenta peculiaridades na aplicação e sistemática específica (SÁ, 2009, p.44). Para Jund (2006, p.648), a finalidade básica da auditoria na gestão pública é: Comprovar a legalidade e legitimidade dos atos e fatos administrativos e avaliar os resultados alcançados, quanto aos aspectos de eficiência, eficácia e economicamente da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional, contábil e finalista das unidades e das entidades da administração pública, em todas as esferas de governo e níveis de poder, bem como a aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado, quando legalmente autorizadas nesse sentido. 2.2.2 Formas de Execução da Auditoria Governamental De acordo com o previsto na IN nº 01/2001, da Secretaria Federal de Controle, as auditorias na área governamental são executadas das seguintes formas: • Direta: para as atividades de auditoria executadas diretamente por servidores em exercício nos órgãos e unidades que fazem parte do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, sendo subdivididas em: ➢ Centralizada: desempenhada exclusivamente por servidores em exercício nos órgãos centrais ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. ➢ Descentralizada: desempenhada exclusivamente por servidores em exercício nas unidades regionais ou setoriais de Controle Interno do Poder Executivo Federal. ➢ Integrada: realizada em conjunto por servidores do quadro ou temporários, e/ou empregados públicos em exercício não lotados nos órgãos, mas que direta ou indiretamente estão ligados às unidades do 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, no desempenho das atividades de auditoria em quaisquer instituições da Administração Pública Federal ou entidades privadas. • Indireta: se relaciona às atividades de auditoria executadas com a participação de servidores não lotados nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, no desempenho de atividades de auditoria em quaisquer instituições da Administração. Compartilhada, é quando é coordenada pelo Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal com o auxílio de órgãos/instituições públicas ou privadas. Terceirizada, quando executada por instituições privadas, ou seja, pelas denominadas empresas de auditoria externa. A administração pública tem sua estrutura político-administrativa em qualquer das esferas, ou seja, União, estados, municípios e Distrito Federal, e é composta de órgãos como: “administração direta ou centralizada e administração indireta ou descentralizada. Orienta-se pelos princípios constitucionais da moralidade, publicidade, legalidade, impessoalidade e eficiência”, conforme Artigo 37 da CF/88. Conforme previsto na IN nº 1/2001, a auditoria governamental, classifica-se em: • Auditoria de Avaliação da Gestão • Auditoria de Acompanhamento da Gestão • Auditoria Contábil • Auditoria Operacional • Auditoria Especial 2.3 Independência da Auditoria 2.3.1 Interna Ibraim Lisb (2006), em conceitos e práticas de auditoria, discute que o objetivo geral da Auditoria Interna é avaliar e prestar ajuda à alta Administração e desenvolver adequadamente suas atribuições, proporcionando-lhes análises, recomendações e comentários objetivos, acerca das atividades examinadas. Segundo o autor, o auditor interno deve, portanto, preocupar-se com qualquer fase das atividades da empresa na qual possa ser de utilidade à 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Administração. Para conseguir o cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração, é necessário desempenhar atividades, tais como: • Revisar e avaliar suficiência dos fatos e aplicabilidade dos controles contábeis, financeiros e operacionais. • Determinar a extensão do cumprimento das normas e princípios geralmente aceitos, dos planos e procedimentos vigentes. • Determinar a extensão dos controles internos sobre a existência dos ativos da entidade e sua proteção contra todo tipo de perda, desgaste desnecessário. • Determinar o grau de confiança das informações e dados contábeis realizados e publicados e de outra natureza, preparados dentro da empresa. • Avaliar o desempenho da qualidade na execução de tarefas determinantes ao processo de controle interno. • Avaliar os riscos estratégicos e operacionais do negócio. Independência é condição essencial e absoluta para se obter resultados positivos nos trabalhos desenvolvidos pela Auditoria Interna, exigindo do profissional grande preparo cultural bem como sólida formação moral. Esta independência tem dois aspectos principais: • A categoria de Auditor Interno é aquela exercida por funcionário da empresa em caráter permanente, entretanto esse vínculo não deve limitar a independência profissional, pois sua subordinação à administração da empresa deve ser apenas sob o aspecto funcional. Por conseguinte, o Gerente da área de Auditoria Interna deverá atuar sob as ordens de um administrador de grau suficiente dentro da empresa que lhe assegure um amplo campo de ação para cumprimento das normas legais e atenção adequada aos resultados de suas investigações com julgamento imparcial sem tendenciosidade, que é essencial à realização de uma adequada auditoria. • Nessa função, os Auditores têm por obrigação a avaliação dos controles e normas internas, não devem planejar nem implantar e nem revisar e avaliar conforme NBC P 3 – Normas Profissionais do Auditor Interno. 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.3.2 Externa Realizada por profissional liberal, auditor independente, sem vínculo de emprego com a entidade auditada, que poderá ser contratado a qualquer tempo para auditoria permanente ou eventual. Para Attie (2018), a independência é condição primordial do trabalho de auditoria, para a obtenção dos elementos de prova e exercício de seu julgamento e o condicionamento de seus atos. Para o exercício de sua função constitui-se elemento restritivo e, portanto, impeditivo de executar o que de fato é necessário. Attie (2018), menciona que o auditor deve ser absolutamente independente e imparcial na interpretação de tudo que lhe for apresentado, atestando a cada dado um pronunciamento conclusivo. A independência necessita orientar o trabalho do auditor no sentido da verdade evitando interesses conflitos, vantagens, sendo factual em suas afirmações. Attie (2018), afirma que o trabalho do auditor externo precisa ser encaminhado com observância às normas de auditoria e aos padrões e técnicas aplicáveis ao exercício de sua função, valendo-se, se for o caso, de opiniões de outras profissões técnicas quando o momento assim o exigir. Exercício 4 1. Qual a alternativa que contém formas de Auditoria Governamental, conforme previsto na IN 1/2001 da Secretaria Federal de Controle?a) Diretas, Indiretas e simplificada. b) Integradas, fiscais e indiretas. c) Diretas, descentralizadas e indiretas. d) Integrais, parciais e específicas. 2. Indique se a afirmação a seguir é correta ou incorreta: “A auditoria de gestão tem por objetivo primordial o de garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública que será exercida por servidor do quadro administrativo em todas as unidades e entidades públicas federais, observando os aspectos relacionados à avaliação dos programas de governo e da gestão pública.” a) Correta b) Incorreta 3. Indique se a afirmação a seguir é correta ou incorreta: “Cabe à auditoria Contábil identificar a adequação dos registros e procedimentos, a qualidade dos controles internos, a observância das Normas Contábeis e seus regulamentos”. 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 a) Correta b) Incorreta 4. Cabe ao Auditor desempenhar as seguintes atividades, EXCETO: a) Revisar e avaliar a aplicação dos controles contábeis. b) Determinar a extensão dos procedimentos vigentes. c) Executar os controles sobre a existência dos ativos da empresa e da sua proteção contra todo tipo de perda. d) Determinar o grau de confiança das informações e dados contábeis. 5. Analise os enunciados a seguir: I. Conceitua-se auditoria como uma ciência que controla e administra o patrimônio das empresas, por meio de profissionais especializados, salvaguardando o patrimônio da empresa ou entidade pública, por meio de exames realizados. II. A auditoria tem como objetivo colaborar na elaboração das demonstrações contábeis da empresa auditada, emitindo opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis em relação aos princípios fundamentais de contabilidade. III. A finalidade da auditoria governamental é comprovar a legalidade e legitimidade dos atos e fatos administrativos quanto aos aspectos referentes à eficácia, eficiência e economicidade das unidades e das entidades da administração pública, mas exclui as entidades de direito privado, ainda que elas tenham se beneficiado de repasse de recursos públicos. a) Apenas o enunciado I está correto. b) Apenas os enunciados I e II corretos. c) Todos os enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 3 - CONTROLE INTERNO Em termos técnicos, controle é a função administrativa destinada à fiscalização e verificação administrativa que mede e avalia o desempenho, a adoção imediata de ação corretiva quando é identificada alguma falha no processo controlado. As atividades de controle são políticas e procedimentos que direcionam as ações individuais, no âmbito organizacional, implementando políticas de gestão de riscos, diretamente ou mediante a aplicação de tecnologia, a fim de assegurar que as respostas aos riscos sejam executadas. Essas atividades podem ser classificadas com base na natureza dos objetivos da administração: riscos de estratégia, operação, comunicação e cumprimento de diretrizes. Observem na figura abaixo como todas essas atividades de gestão estão interligadas e ainda, como é importante o conhecimento da estrutura da empresa para a implementação das ações de controle no ambiente organizacional. Figura 5 – Ambiente Organizacional Fonte: Price Water House Coopers (2007, p. 7) Os sistemas de controle são órgãos que fiscalizam as ações da administração e o seu funcionamento, sendo classificados em Controle Interno e Controle Externo em qualquer ambiente organizacional. A NBC TA 315.4 (C) Controle interno é o processo planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros empregados para fornecer segurança razoável quanto à realização dos objetivos da entidade no que se refere à confiabilidade dos relatórios financeiros, efetividade e eficiência das operações e conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. O termo “controles” 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 refere-se a quaisquer aspectos de um ou mais dos componentes do controle interno. O controle interno é planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros empregados para tratar os riscos identificados de negócio e de fraude que ameaçam a concretização de objetivos especificados, como a confiabilidade dos relatórios financeiros. Attie (2018), identifica que o primeiro passo na avaliação do desempenho do controle é identificar os riscos que devem ser reduzidos por meio do controle, e o segundo passo é identificar quais controles estão sendo utilizados para tratar esses riscos. O mesmo autor descreve que o controle interno é uma resposta da administração que tem a finalidade de reduzir um fator de risco identificado ou atingir um objetivo do controle. Existe uma relação direta entre os objetivos de uma entidade e o controle interno que ela implementa para assegurar sua concretização. Uma vez estabelecidos os objetivos, é possível identificar e avaliar os eventos (riscos) em potencial que impediriam a concretização dos objetivos. Com base nessas informações, a administração pode desenvolver respostas apropriadas, que incluirão o desempenho do controle interno. Portanto, os objetivos do controle interno podem ser agrupados em quatro categorias amplas, pensamento unânime entre os Autores Attie (2011) e Batista (2011): • Metas estratégicas de alto nível que sustentam a missão da entidade. • Relatórios financeiros (controle interno sobre relatórios financeiros). • Operações (controles operacionais). • Conformidade com leis e regulamentos. Ainda segundo os autores acima citados, controles operacionais, como programação de produção e de pessoal, controle de qualidade e cumprimento pelos ATENÇÃO Um controle sempre é planejado para responder a (reduzir) um risco possível. Um controle que não trata um risco é obviamente redundante. 38 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 empregados de requisitos de saúde e segurança, normalmente não seriam relevantes para a auditoria, exceto quando: • as informações produzidas são usadas para desenvolver um procedimento analítico; ou • as informações são requeridas para divulgação nas demonstrações contábeis. Por exemplo, se fossem usadas estatísticas de produção como base para um procedimento analítico, os controles para assegurar a precisão desses dados seriam relevantes. Se a não conformidade com certas leis e regulamentos tem efeito direto e relevante sobre as demonstrações contábeis, os controles para detectar e comunicar essa não conformidade seriam relevantes. O termo “controle interno”, conforme usado na NBC TA 315, abrange mais do que atividades de controle, como segregação de funções, autorizações e conciliações contábeis, etc. Segundo a norma, o controle interno compreende cinco componentes-chave: • O ambiente de controle. • O processo de avaliação de riscos da entidade. • O sistema de informações, incluindo as relativas aos processos de negócio, relevantes para relatórios financeiros e comunicação. • Atividades de controle relevantes para a auditoria. • Monitoramento do controle interno. Esses componentes, na extensão que se refiram aos objetivos da entidade com relação a relatório financeiro, estão apresentados a seguir: Figura 6 - Cinco componentes do controle interno Fonte: Adaptado de Attie (2018) e Batista (2011) Objetivos da entidade em relação ao relatório financeiro 39 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A divisão do controle interno nesses cinco componentes fornece uma estrutura útil para os auditores entenderem os diferentes aspectos do sistema de controle interno de uma entidade. Entretanto, cabe ressaltar que o desenho e a implementação do sistema de controle interno irão variar com base no porte e na complexidade daentidade. As entidades de pequeno porte frequentemente usam meios menos formais e processos mais simples para atingirem seus objetivos. Os cinco componentes do controle interno podem não ser tão claramente distintos; entretanto, seus objetivos subjacentes são igualmente válidos. Por exemplo, um gerente-proprietário pode (e, na ausência de pessoal adicional, deve) desempenhar funções que pertencem a vários dos componentes do controle interno. A terminologia ou as estruturas diferentes das usadas na NBC TA 315 podem ser usadas para descrever os diversos aspectos do controle interno e seu efeito sobre a auditoria, mas todos os cinco componentes devem ser considerados na auditoria. A consideração básica do auditor é se, e como, um controle específico evita, ou detecta e corrige, distorções relevantes em classes de transações, saldos contábeis ou divulgações, e suas afirmações relacionadas. Vejamos o que diz a NBC TA 315, item 14 sobre essas questões: O auditor deve obter entendimento do ambiente de controle. Como parte da obtenção desse entendimento, o auditor deve avaliar se: (a) a administração, com a supervisão geral dos responsáveis da governança, criou e manteve uma cultura de honestidade e conduta ética; e (b) os pontos fortes no ambiente de controle fornecem coletivamente fundamento apropriado para os outros componentes do controle interno, e se os outros componentes não são prejudicados por deficiências no ambiente de controle. Segundo Batista (2011, p. 59), “o ambiente de controle é o fundamento para o controle interno eficaz, que proporciona disciplina e estrutura para a entidade”. Ele determina o tom da organização, influenciando a consciência e o conhecimento do seu pessoal sobre controle. O ambiente de controle objetiva abordar as funções de governança e administração, além disso, ele descreve as atitudes, a consciência e as ações dos responsáveis pela governança e da administração em relação ao controle interno da entidade e sua importância na entidade. 40 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os controles do ambiente interno influenciarão a avaliação pelo auditor da eficácia de outras atividades de controle que podem abordar áreas específicas, como transações de compra e venda. Por exemplo, se a administração tem uma atitude negativa em relação a controle em geral, isso prejudicará a eficácia de outros controles (como vendas, por exemplo) independentemente de terem sido bem desenhados. Os pontos fortes do ambiente de controle podem compensar ou até mesmo substituir controles de transações fracos em algumas situações. Entretanto, as deficiências do ambiente de controle podem prejudicar e até anular o bom desenho de outros componentes do controle interno. Por exemplo, se não existe uma cultura de honestidade e conduta ética, o auditor teria de considerar cuidadosamente que tipos de procedimentos de auditoria (adicionais) seriam eficazes para descobrir distorções relevantes nas demonstrações contábeis. Em alguns casos, o auditor pode concluir que o controle interno está tão enfraquecido que a única opção é renunciar ao trabalho. Objetivos do Controle Interno: • Garantir informações adequadas e confiáveis, visando a tomada de decisões, NBC TA 720; • Estimular o respeito e a obediência às políticas de gestão que é parte integrante de cada segmento da organização; • Proteger os ativos de possíveis falhas na interpretação dos dados e perdas indesejáveis; • Promover a eficiência e eficácia operacional nos procedimentos de controle. ATENÇÃO • Os controles do ambiente interno são geralmente de natureza abrangente. • Eles não evitam, nem detectam e corrigem, diretamente uma distorção relevante. Em vez disso, eles formam um pilar importante sobre o qual todos os outros controles serão desenvolvidos. 41 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Finalidades: estabelecer os padrões, medindo o desempenho e agindo preventivamente, assegurando que não ocorram erros potenciais, através do controle de suas causas. Segundo Cruz (2014), os princípios básicos de Controles Internos são: • Relação de Custos versus Benefícios: minimização da probabilidade de falhas e desvios quanto ao atendimento dos objetivos e metas. • Qualidade adequada, treinamento e rodízio de funcionários: adotar procedimentos que garantam a contratação de pessoal qualificado, capacitação e treinamento constante para manter a motivação e avaliação de desempenho, rodízio periódico e adequada política de remuneração. • Delegação de poderes e Determinação de Responsabilidades: existência de regimento interno, manuais de rotinas claramente definidos e que considerem as funções de todos os setores do órgão/entidade. • Segregação de Funções: estrutura interna entre funções de autorização/aprovação, de operações, execução, controle e contabilização das mesmas, de tal forma que nenhuma pessoa detenha competências e atribuições em desacordo com este princípio, minimizando assim as falhas e desvios quanto ao atendimento dos objetivos e metas em função do gasto para sua implantação. • Instruções Devidamente Formalizadas. • Controle sobre Transações: acompanhamento dos fatos contábeis mediante atos legítimos e autorizados por quem de direito. • Aderência às Diretrizes e Normas Legais: observância às Leis, diretrizes, regulamentos e procedimentos administrativos internos. • Limites de Alçadas: principais decisões canalizadas nas administrações e órgão de planejamento estratégico. • Auditoria Interna: favorecimento no sistema de controle interno. A figura a seguir mostra os objetivos do controle contábil e administrativo ou operacional: 42 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Figura 7 – Controle Interno Fonte: Adaptado de Cruz (2009). Portanto, podemos concluir que a finalidade do controle interno é assegurar que os resultados estratégicos, táticos e operacionais de uma organização sejam alcançados, salvaguardando os bens, direitos e obrigações e a fidedignidade dos registros contábeis. Exercício 5 1. Controle interno é: a) Processo planejado, implementado pela auditoria e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros empregados. CONTROLE INTERNO Controle Contábil Controle Administrativo Compreende: - Salvaguarda dos ativos - Idoneidade dos registros Compreende Plano Organizacional Procedimentos e métodos Objetiva: Auxilia o processo decisório A eficiência operacional O exame da conveniência e da oportunidade dos programas e projetos Composição do Sistema Administrativo Pontos de Controle: - Estatuto/contrato social - Regimento Interno - Manual da organização (atribuições e competências) - Controle de qualidade - Treinamento pessoal - Análise de lucratividade - Análise das variações entre valores orçados e incorridos - Estudos dos tempos e movimentos - Controle dos compromissos assumidos Objetiva: Veracidade dos registros A legalidade dos atos A fidelidade funciona Composição do Sistema Contábil Pontos de Controle: - Plano de Contas; - Plano de livros/registros; - Plano de formulários; Plano de rotinas de trabalho: - Controle físico dos ativos; - Sistema de conferencia aprovação e autorização de gastos; - Segregação de funções; - Auditoria Interna. 43 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 b) É planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros empregados para tratar os riscos identificados de negócio. 2. Analise os enunciados a seguir: I. Na avaliação do desempenho do controle são identificados os riscos que devem ser reduzidos por meio do controle. II. Controle interno é uma resposta da administração que tem a finalidade de reduzir um fator de risco identificado ou atingir um objetivo do controle. a) Apenas o enunciado
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