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Prática Jurídica IV

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PRÁTICA JURÍDICA IV
2005
1º Semestre
EXPEDIENTE
CURSO DE DIREITO – CADERNOS DE EXERCÍCIOS
Coordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá
Prof. Sérgio Cavalieri Filho
Prof. André Cleofas Uchôa Cavalcanti
Coordenação Executiva: Márcia Sleiman
COORDENAÇÃO DO PROJETO
Comissão de Qualificação e Apoio Didático-pedagógico
Presidência: Prof. Laerson Mauro
Coordenação: Prof.ª Tereza Moura
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
Prof.ª Solange Ferreira de Moura
COLABORAÇÃO
Professores Iver Lessa, Lilian Coelho e Luíza Amim
APRESENTAÇÃO
A metodologia de ensino do Curso de Direito é centrada na articulação
entre teoria e prática. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinar
dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesqui-
sa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. O
objetivo é tornar as aulas mais interativas e melhorar a qualidade do
ensino da prática jurídica.
Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto de
pesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a dou-
trina e a jurisprudência, de forma a prepará-los para as discussões em
sala de aula.
Ao final de cada semestre, o aluno disporá de uma pasta completa e
personalizada, contendo peças processuais de qualidade, que servirão
de base para o exercício profissional.
Coordenação Geral do Curso de Direito
SUMÁRIO
Procedimentos de estágio de prática jurídica ............................. 7
AULA 1
Articulação – teoria e prática. Petição inicial. Contestação e
recursos. ..................................................................................... 10
AULA 2
Ação declaratória de nulidade de título de crédito com pedido de
antecipação de tutela. ................................................................ 21
AULA 3
Ação de obrigação de fazer. Antecipação de tutela. Preceito
cominatório. ............................................................................... 22
AULA 4
Ação indenizatória. Rito ordinário. Responsabilidade objetiva do
Estado. Direito do Consumidor. ................................................. 23
AULA 5
Ação indenizatória, responsabilidade civil subjetiva.
Contestação. .............................................................................. 24
AULA 6
Ação revisional de aluguéis. Rito sumário. Aluguéis
provisórios. ............................................................................... 26
AULA 7
Prisão civil. Medida preventiva. Devedor em ação de busca e
apreensão. .................................................................................. 27
6
AULA 8
Juizado Especial Cível. Decisão que indefere tutela antecipada.
Direito líquido e certo. ................................................................ 28
AULA 9
Decisão interlocutória. Indeferimento de tutela antecipada. Direito
Tributário. .................................................................................. 29
AULA 10
Decisão por maioria em julgamento de apelação que reforma
sentença. Direito Constitucional. Direito de família. ................... 30
AULA 11
Recurso Especial. ....................................................................... 31
AULA 12
Recurso Extraordinário. ............................................................... 32
7
PROCEDIMENTOS DE
PRÁTICA JURÍDICA
Compete ao aluno
1. Ler, antecipadamente, o caso concreto que será objeto da aula seguin-
te, revisando a base conceitual necessária.
2. Levar para a aula os apontamentos e o material de consulta necessári-
os à solução do caso (código, doutrina e jurisprudência) e o esboço da
estrutura da peça processual cabível.
3. Elaborar, individualmente, a peça processual, após a discussão do
caso com o grupo, e entregá-la ao professor para correção.
4. Observar os seguintes critérios na elaboração da peça:
Forma
• Estrutura da petição
• Presença de todos os elementos necessários
• Coesão e coerência no discurso
• Observância da modalidade culta da língua
• Uso competente do repertório vocabular
Conteúdo
• Direito material em questão
• Rito
• Competência
• Legitimidade ativa e passiva
• Narrativa lógica dos fatos
• Expressão jurídica escrita
8
• Fundamentação jurídica
• Pedido
• Requerimento de provas
• Valor da causa
5) Ao receber a peça corrigida, o aluno deverá proceder às modificações
sugeridas pelo professor, aprofundando sua fundamentação com doutri-
na e jurisprudência pertinentes.
Obs: Esta peça refeita deverá ser entregue ao professor na aula seguinte,
juntamente com a original, para avaliação.
6) Arquivar as peças numa pasta própria identificada com nome, turma,
turno, para ser entregue ao professor no dia da prova, para atribuição de
grau.
Critérios de avaliação:
As provas de prática jurídica (PR1, PR2 e segunda chamada) serão com-
postas de uma peça processual. O grau obtido na prova será somado aos
pontos atribuídos com base na avaliação progressiva do aluno por meio
dos trabalhos semanais que constarão da pasta, entregue obrigatoria-
mente na data da prova.
Atenção:
As PR1, PR2 e segunda chamada serão compostas de um caso concreto
para avaliação e elaboração da peça processual cabível, valendo sete
pontos. A correção pelo professor será baseada na subtração dos pon-
tos relativos aos erros, conforme indicadores abaixo.
Roteiro da peça processual para avaliação:
• Competência ......................................................................... 1 ponto
• Rito ....................................................................................... 1 ponto
• Legitimidade ativa ................................................................. 1 ponto
• Legitimidade passiva ............................................................ 1 ponto
9
• Narrativa lógica dos fatos ..................................................... 1 ponto
• Fundamentação jurídica ........................................................ 1 ponto
• Pedido ................................................................................... 2 pontos
• Requerimento de provas ....................................................... 1 ponto
• Valor da causa ....................................................................... 1 ponto
• A participação do aluno na discussão dos casos, em aula, a apresenta-
ção oral dos casos, a expressão jurídica escrita, a reapresentação de
todas as peças já corrigidas, com a inclusão de citações doutrinárias e
jurisprudenciais, bem como, o zelo e a boa apresentação da pasta com os
trabalhos, valerão até 3 pontos.
• A prova final será composta de uma peça processual valendo até 10
pontos.
10
AULA 1
Articulação – teoria e prática
A PETIÇÃO INICIAL
1. Conceito
A petição inicial, instrumento de demanda, é a peça escrita na qual o
autor formula o pedido de tutela jurisdicional ao Estado-juiz, para que
diga o direito no caso concreto.
2. Elementos
Ela deve indicar (art. 282 do Código de Processo Civil – CPC):
I – O juiz ou tribunal a que é dirigida (em letra maiúscula).
II – As partes – autor e réu (nomes em letra maiúscula) e a sua
qualificação (nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e resi-
dência).
Obs.: Em razão do Provimento 20/1999 da Corregedoria de Justiça do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ), deve constar da quali-
ficação o número do RG e do CPF das partes.
III – O fato e os fundamentos jurídicos do pedido, isto é, a causa de
pedir e o nexo que, segundo o autor, existe entre ela e o efeito jurídico
afirmado ou, em outras palavras, o porquê do pedido, não sendo
indispensável a indicação da norma jurídica que supostamente atri-
bui o efeito ao fato (iura novit curia).
IV – O pedido, com as suas especificações, identificando-se clara-
mente:
• os respectivos objetos imediato (natureza da tutela jurisdicional
pretendida) e mediato (objeto da pretensão de direito material);
• objeto certo e determinado, ressalvadas as hipóteses de admissi-
bilidade de pedido mediato genérico arroladas no art. 286 do CPC;
• a cominação pecuniária para o caso de descumprimento da senten-ça, se o autor pedir que o réu seja condenado a abster-se da prática
de algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que não
possa ser realizado por terceiro (art. 287);
11
• da mesma forma, atenção nas hipóteses do art. 461 e seus parágra-
fos e do art. 461-A, ambos do CPC;
• em caso de pedido de antecipação de tutela, este será o primeiro
item do pedido, sendo necessária a prévia fundamentação, na causa
de pedir, dos motivos de sua necessidade, com ênfase na prova
inequívoca que convença o juiz da verossimilhança das alegações,
com base no disposto no art. 273, caput, I ou II, observados os §§ 1°
a 7° do CPC.
V – O valor da causa do ponto de vista processual (art. 259 do CPC).
VI – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados. Elas devem ser requeridas na inicial, que deverá ser
instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação
(art. 283).
VII – O requerimento de citação do réu (arts. 213, 219, 222, 224 e 231).
Obs.: A inicial deverá ser acompanhada de uma cópia extra da peti-
ção para servir de contrafé, no ato da citação, instruindo o mandado.
VIII – A declaração do endereço em que o advogado receberá
intimações (art. 39, I).
3. Aspectos formais da petição inicial
A petição inicial tem por finalidade precípua veicular, com absoluta clare-
za, a pretensão do autor à tutela jurisdicional. Tal objetivo requer alguns
cuidados formais que garantam a eficácia da peça como veículo informa-
tivo e formador do livre conhecimento motivado do julgador. Seguem
alguns parâmetros formais para a elaboração da petição inicial:
• margem direita – 3 cm;
• margem esquerda – 4 cm;
• fonte, no mínimo, 12;
• espaço duplo;
• órgão jurisdicional a que é dirigida em letra maiúscula;
• 10 cm de espaço entre o endereçamento e o preâmbulo;
• nomes das partes em letra maiúscula;
• nomes dos representantes legais em letras maiúsculas e minúsculas;
• nome da ação em letra maiúscula;
• discurso indireto (narrativa com os verbos na terceira pessoa);
• fatos narrados em ordem cronológica;
12
• parágrafos curtos;
• coesão e coerência no discurso;
• nas citações deverá ser esclarecida a fonte do texto, sendo citação
doutrinária (o nome do autor, obra citada, editora, ano e página), e em
citação jurisprudencial (tribunal, câmara ou turma, espécie de recur-
so, número do processo, data da publicação do acórdão);
• quanto à forma, o texto de citação deve vir entre aspas, devendo
haver um recuo da margem direita de 4 cm, o tamanho da letra deve
diminuir um ponto e o espaço entrelinhas deve ser reduzido a 1,5;
• a conclusão da causa de pedir é muito importante, devendo ser um
fecho adequado para a pretensão do autor;
• não se termina a causa de pedir com citação de texto alheio;
• o pedido segue a ordem dos atos processuais que serão realizados,
devendo ser claro, conciso e, preferencialmente, dividido em itens;
• prova não é item do pedido;
• os meios de prova que serão produzidos devem ser indicados, no rito
ordinário, ou requeridos, no rito sumário e no rito da Lei 9.099/1995;
• o valor da causa deve ser expresso em reais (R$ xxxx).
13
4. Estrutura da petição inicial
EX.mo SR. DR. JUIZ DE DIREITO... (observar art. 282, I do CPC e o
Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro
– Codjerj)
(NOME DA PARTE AUTORA), nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx, expedida pelo xxxx, inscrita
no CPF/MF sob o nº xxxxxxxxxx, residente na rua (endereço completo),
por seu advogado, com endereço profissional na rua (endereço comple-
to), vem a V. Ex.ª propor
AÇÃO _______,
pelo rito _______, em face de (NOME DA PARTE RÉ), nacionalidade,
estado civil, profissão, portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx,
inscrito no CPF sob o nº xxxxxx, residente na rua (endereço completo),
pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
DOS FATOS
DOS FUNDAMENTOS
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a V. Ex.ª:
a) a citação do réu;
14
b) a procedência do pedido (imediato e mediato);
c) a condenação do réu aos ônus da sucumbência.
DAS PROVAS
Requer a produção de prova documental, pericial, testemunhal e o
depoimento pessoal do réu.
DO VALOR DA CAUSA
Dá à causa o valor de R$...........
P. Deferimento.
Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.
________________________________
Nome do(a) advogado(a)
OAB/RJ nº xxxx
15
A Contestação
1. Conceito
Modalidade de resposta do réu na qual devem ser oferecidas todas as
defesas (art. 300 – princípio da concentração, do qual decorre o princípio
da eventualidade), sob pena de preclusão.
2. Elementos da defesa
No plano processual – art. 301 do CPC – preliminares peremptórias (ex.:
ausência de pressupostos processuais, falta de condições para o legíti-
mo exercício do direito de agir etc.) que, acolhidas, resultam na extinção
do processo sem julgamento do mérito, ou preliminares dilatórias (in-
competência absoluta, conexão), que acolhidas resultam na remessa dos
autos do processo ao juízo considerado competente ou prevento, res-
pectivamente, no plano do direito material, defesas de natureza direta,
negando o fato constitutivo do direito do autor, alegado na petição inici-
al, e/ou indiretas, alegando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor, postulando a improcedência do pedido autoral.
Obs.: Na contestação os fatos deverão ser narrados, em ordem cro-
nológica, do ponto de vista do réu, com especial atenção ao ônus da
impugnação especificada dos fatos alegados pelo autor (art. 302 do
CPC), sob pena de confissão ficta.
16
3. Estrutura de contestação
EX.mo SR. DR. JUIZ DE DIREITO... (colocar o nº da Vara para a qual a
ação foi distribuída)
Processo n°................
(NOME DA PARTE RÉ), já qualificada, por seu advogado, com endereço
profissional na rua (endereço completo), nos autos da
AÇÃO _______,
pelo rito _______, movida por (NOME DA PARTE AUTORA), vem a V.
Ex.ª, em
CONTESTAÇÃO,
expor e requerer o que segue:
PRELIMINARMENTE (art. 301 do CPC; defesas processuais)
NO MÉRITO (arts. 300, 302 e 303 do CPC)
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a V. Ex.ª:
a) a remessa dos autos ao juízo competente ou prevento (preliminares
dilatórias do art. 301, II ou VII do CPC);
17
b) a extinção do processo sem julgamento do mérito (preliminares pe-
remptórias do art. 267 do CPC);
c) a improcedência do pedido autoral (art. 269 do CPC);
d) a condenação do autor aos ônus da sucumbência (art. 20 do CPC).
DAS PROVAS
Requer a produção de prova documental, pericial, testemunhal, bem
como o depoimento pessoal do autor (arts. 332 e segs. do CPC)
P. Deferimento.
Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.
________________________________
Nome do(a) advogado(a)
OAB/RJ nº xxxx
18
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1. Recursos
São assim chamados porque podem se exercitar dentro do processo em
que surgiu a decisão impugnada; diferem das ações impugnativas autô-
nomas, cujo exercício, em regra, pressupõe a irrecorribilidade da decisão,
ou seja, o seu trânsito em julgado (ex.: ação rescisória).
2. Admissibilidade
2.1. Juízo de admissibilidade
Verificação das condições impostas pela lei para que se possa apre-
ciar o conteúdo da postulação. Com o resultado positivo, o recurso
é admissível. Quando o órgão a que compete julgar o recurso o de-
clara inadmissível, diz-se que ele não conhece do recurso. O juízo de
admissibilidade é preliminar ao de mérito.
2.2. Requisitos de admissibilidade
Intrínsecos: cabimento, legitimação para recorrer, interesse em recorrer e
inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.
Extrínsecos: tempestividade, regularidade formal e preparo.
3. Juízo de mérito
Após a preliminar da admissibilidade, cumpre apreciar a matéria impug-
nada, para acolhê-la, caso fundada, ou rejeitá-la, caso infundada. O obje-
to do juízo de mérito é o próprio conteúdo da impugnação à decisão
recorrida. Pode ocorrer error in iudicando – reforma da decisão em razão
da má apreciação da questão de direito, ou da questãode fato, ou de
ambas. Pode ocorrer error in procedendo – invalidação da decisão por
vício de atividade.
4. Teoria da causa madura
Art. 515, § 3o do CPC, alterado pela Lei 10.352/2001 – objetiva atender ao
princípio da efetividade da prestação jurisdicional, além da celeridade e
economia processual. Possibilita que, sendo o processo extinto no pri-
meiro grau sem exame do mérito e o Tribunal, em grau de recurso, enten-
19
dendo descabida a extinção, possa decidir o mérito. Só é cabível a aplica-
ção da causa madura se a matéria for unicamente de direito ou, sendo
também de fato, em relação a este não houver controvérsia.
5. Efeitos da interposição
Impedimento ao trânsito em julgado, efeito suspensivo e efeito
devolutivo.
6. Espécies. Disposições legais. Reforma
Leis 10.352, de 26.12.2001, 10.358, de 27.12.2001, e 10.444, de 7.5.2002.
6.1. Apelação
Arts. 513 ao 521 – sentença, com ou sem julgamento de mérito.
6.1.1. O novo inc. VII do art. 520 do CPC inclui, entre os casos de apela-
ção sem efeito suspensivo, aquela que for interposta contra “sentença
que confirmar a antecipação de tutela”. Entende-se por essa expressão a
sentença que, decidindo o mérito a favor do beneficiado da antecipação,
implícita ou explicitamente, reafirma a decisão antecipatória.
6.1.2. O art. 296 prevê o juízo de retratação em apelação de sentença que
indefere a petição inicial.
6.2. Agravo
Arts. 522 ao 529 – decisão interlocutória. Não pode o recurso prejudicar
o andamento do feito.
6.2.1. Agravo retido
A reforma introduziu no CPC um dispositivo de abrangência geral, desti-
nado a demarcar divisas entre o agravo de instrumento e o agravo retido,
dizendo: “Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência de
instrução e julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos casos de
dano difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão da apelação e nos
relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.” (art. 523, § 4o, reda-
ção dada pela Lei 10.352/2001).
6.2.2. O novo § 4o do art. 523 do CPC associa-se ao inc. II de seu art. 527,
também trazido pela Lei 10.352/2001, segundo o qual é da competência
20
do relator do agravo de instrumento convertê-lo em retido, nos casos em
que o veto se imponha e, portanto, seja admissível este agravo e não
aquele. Prazo: o prazo de resposta ao agravo retido antigo, de cinco dias,
foi dilatado para dez dias, nos termos do art. 523, § 2o da Lei 10.352/2001.
6.2.3. Agravo de instrumento
A reforma do CPC trouxe inúmeras mudanças na disciplina legal do agra-
vo de instrumento, objetivando maior celeridade de sua tramitação.
6.2.4. Comunicação ao juízo de origem
Art. 526 – o legislador criou a norma no sentido de condicionar à inicia-
tiva do agravado a possibilidade de extinção do agravo por falta de
cumprimento do ônus instituído pelo art. 526. Dessa forma, criou uma
argüição em sentido estrito, ou seja, aquela que só pode ser apreciada
pelo juiz se for levantada pelo interessado. Entende-se que tal alegação
deva ser feita logo nas contra-razões recursais, muito embora a lei não
aponte o prazo.
Art. 527, I – negar seguimento ao agravo. No entendimento do legislador,
negar seguimento ao recurso abrangeria hipóteses de recursos desmere-
cedores de conhecimento, por lhes faltar algum dos pressupostos de
admissibilidade, e recursos desmerecedores de provimento, porque de-
samparados pelo Direito, pela jurisprudência ou pela prova. Negando
provimento ao recurso, o relator impede que o mesmo siga para câmara
ou turma.
6.2.5. Converter o agravo de instrumento em retido
Arts. 527, II, e 523, § 4o – trata-se de uma inovação ao Direito vigente
antes da reforma.
6.2.6. Suspensão da medida e efeito ativo
Arts. 527, I, III, e 557, § 1o, a – admite que o relator tem não só o poder
de suspender os efeitos da decisão agravada, como ainda de conceder,
ele próprio, a medida urgente que o juiz inferior haja negado. O que
significa dizer que efeito ativo seria o poder do relator de reverter uma
decisão inferior negativa, agregando à situação processual do agra-
vante efeito ativo.
21
Obs.: Quando houver pedido de liminar no agravo, para conceder
efeito suspensivo, deverá ser destacado e fundamentado no art. 558
do CPC, na peça de interposição.
6.3. Embargos de declaração
Arts. 535 a 538 – quando na sentença ou no acórdão existe obscuridade,
contradição; quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se
o juiz ou o tribunal.
6.4. Embargos infringentes
Art. 530 – cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime
houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver
julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embar-
gos serão restritos à matéria objeto da divergência (redação dada pela
Lei 10.352, de 26.12.2001).
6.5. Agravo regimental
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – CPC.
6.6. Recurso ordinário
Seu cabimento está disciplinado nos arts. 102, II, a, e 105, II, b, c da CF, e
arts. 539 e 540 do CPC.
6.7. Recurso extraordinário
Art. 102, III, a, b, c da CF e arts. 541 a 546 do CPC.
6.8. Recurso especial
Art. 105, III, a, b, c da CF e arts. 541 a 546 do CPC.
6.9. Embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário
Art. 496, VIII do CPC.
AULA 2
CASO CONCRETO
Luiz de Amoedo, representante legal da sociedade denominada TKT
Comércio de Roupas Ltda., CNPJ 00.152.587/0001-24, estabelecida na
22
avenida das Américas, 4.666, loja 237 A, Barra da Tijuca, nesta cidade,
comparece ao seu escritório. Diz que a referida sociedade atua no ramo
de confecção, e exerce seu comércio de forma idônea e transparente há
vários anos, sem jamais ter tido qualquer mácula em seu nome; pauta
sempre sua conduta com lisura e correção, honra seus compromissos,
seja com os clientes ou com seus fornecedores.
 No dia X.X.XXXX, Luiz foi surpreendido ao receber intimações de
aponte para pagamento, sob pena de protesto, de duas duplicatas mer-
cantis levadas a cartório pelo banco Quero Seu Dinheiro S/A, com sede
na rua Primeiro de Março, 33, Centro, nesta cidade, no valor total de R$
300 mil.
Ocorre que a TKT jamais manteve relações negociais com a emitente
das duplicatas sem aceite, XPTO Ltda., com sede na rua Bonfim, 372/378,
São Cristóvão, nesta cidade.
Luiz disse que, ao tomar conhecimento das cobranças bancárias,
enviou, imediatamente, correspondência à instituição financeira, comu-
nicando o ocorrido, a fim de evitar que as cobranças fossem levadas
indevidamente a protesto, o que lhe causaria prejuízos irreparáveis.
No entanto, ignorando as suas explicações, os títulos, embora sem
origem que os legitimasse, foram efetivamente protestados, causando
prejuízos à reputação da empresa TKT, além de comprometer seriamente
sua linha de crédito no mercado financeiro em momento tão difícil e
recessivo pelo qual passa o País.
Elabore a peça processual cabível.
AULA 3
CASO CONCRETO
Amilton Buarque, brasileiro, viúvo, aposentado, 68 anos, residente na
rua das Maracás, 789/607, Del Castilho, procura você, advogado(a), em
busca de auxílio. Descobriu ser portador do vírus da hepatite C e não tem
condições financeiras de arcar com os custos do tratamento. Ele vive da
aposentadoria, no valor de R$ 420,00, e para manter-se vivo precisa con-
sumir por mês duas caixas do medicamento Interferon – uma caixa custa
23
R$ 300. A doença, além de ser crônica, pode evoluir para cirrose ou até
mesmo câncer de fígado.
Seu cliente disse ainda que procurou as Secretarias de Saúde do
estado e do município, e os funcionários informaram que não há remédio
e que ele, cidadão, tem o dever de cuidar da própria saúde.
Você, na qualidade de advogado(a), deve propor a medida judicial cabí-
vel para amparar o direito de Amilton.
AULA 4
CASO CONCRETO
Pedro da Silva, brasileiro, solteiro, operário da construção civil, com 21
anos de idade, residente, no Rio de Janeiro, na rua dos Ipês, lote 43, casa
5, São João de Meriti, foi atropelado na avenida Brasil, próximo ao n°
6.776, no dia 6.8.2004. No Hospital Estadual da Misericórdia,foi consta-
tada fratura exposta do fêmur direito, prestado o primeiro atendimento e
providenciada a sua internação.
No dia seguinte, Pedro foi operado e encaminhado à sala da enferma-
ria com a perna engessada por cima da ferida costurada com 18 pontos.
Após o término do efeito da anestesia Pedro sentiu o gesso incomodan-
do, tendo sido aberto e cuidada a ferida.
Pedro recebeu alta no dia 23 de agosto de 2004, apesar de sua perna
já estar infeccionada, com receita de medicamentos, tendo sido marcado
seu retorno ao hospital para o dia 30, uma semana depois.
Pedro retornou na data marcada, alegando fortes dores e febre, sen-
do trocada a medicação e marcado novo retorno para o dia 7 de setembro.
No dia 5 de setembro, ainda com muitas dores e febril, Pedro retornou
ao hospital estadual, já em estado crítico, tendo sido levado ao centro
cirúrgico para a amputação de sua perna, por gangrena.
Ressalte-se que a cada comparecimento ao hospital, Pedro foi aten-
dido por médicos e enfermeiros diferentes, recebendo prescrições de
medicamentos diversos. Sua avó, Neide, que sempre o acompanhava,
possui todas as receitas e as notas de farmácia.
24
Como era arrimo de família, por não ter pais vivos, ajudando na cria-
ção de dois irmãos menores, todos vêm sobrevivendo com extrema difi-
culdade, às custas de sua avó de 65 anos, que trabalha como lavadeira.
Promova a medida judicial cabível.
AULA 5
CASO CONCRETO
Ricardo Martins, Sérgio de Almeida e Carlos Braga, brasileiros, solteiros,
médicos, procuram você, advogado(a), porque foram citados para con-
testar ação de responsabilidade civil por danos morais e materiais, pelo
rito ordinário, movida por Amilcar Dantas, representado por sua curadora
Vanda Dantas, em curso perante a 17a Vara Cível da comarca da capital,
processo 2005.001.098765-9.
O autor alega que os réus o atenderam no ambulatório do Hospital
de São Francisco, estabelecimento particular situado na rua Paraíso, 999,
na Tijuca. Figura no pólo passivo da ação o diagnóstico de um quadro de
“coxartrose bilateral”, mais acentuada à esquerda, com indicação para
tratamento cirúrgico.
O autor alega que na cirurgia houve erro por parte dos médicos réus,
que operaram a perna direita em vez da esquerda. Passados 15 dias, a
mesma equipe médica, no mesmo hospital, operou a outra perna. Mas,
em virtude do erro, teve uma permanência muito mais longa no hospital,
sentiu dores horríveis e precisou de acompanhantes, em caráter perma-
nente, após a alta hospitalar.
O pedido é de condenação dos réus solidariamente, ao pagamento
de R$ 15 mil de danos materiais e o equivalente a 4.200 salários mínimos
a título de danos morais, bem como nas custas judiciais e honorários
advocatícios calculados em 20% sobre o valor da condenação, atribuin-
do à causa o valor de R$ 15 mil.
Seus clientes informam que os fatos não ocorreram como alegado na
inicial. Na verdade, no dia 18 de setembro de 2003 o autor compareceu ao
ambulatório de ortopedia do Hospital de São Francisco, conduzido por
sua esposa Vanda, ora curadora, que ingressou inicialmente sozinha no
consultório, por sua própria escolha, porque o autor apresentava quadro
25
de desorientação e agitação decorrentes do Mal de Alzheimer, segundo
ela, diagnosticado em 1999.
A curadora do autor foi atendida pelo segundo réu, Dr. Sérgio. Nessa
ocasião, a curadora do autor apresentou exames radiográficos que evi-
denciavam quadro de “coxartrose bilateral”, mais acentuada à esquerda.
Ressalte-se que os exames apresentados por ocasião da consulta, de
propriedade do autor, não foram trazidos aos autos. Apenas foi juntado,
às fls. 26, um único laudo de exame radiográfico. Os demais, que eviden-
ciam a bilateralidade da patologia, foram omitidos. O segundo réu ava-
liou o paciente e, diante dos exames apresentados, em poder da curadora
do autor, indicou tratamento cirúrgico consistente em “artroplastia total
de quadril”. Encaminhou-o, então, para o ambulatório de clínica médica
para avaliação pré-operatória para as cirurgias dos dois quadris.
Na manhã do dia 5 de outubro de 2003, sábado, o autor foi conduzido
ao centro cirúrgico para a realização da primeira cirurgia em um dos qua-
dris. O anestesista, Dr. Jairo Pereira, constatando que o autor estava
extremamente agitado e após contato telefônico com o neurologista do
autor, optou pela realização de anestesia geral. Em razão da opção pela
anestesia geral, para diminuir o tempo da cirurgia, reduzindo, conse-
qüentemente os riscos neurológicos para o paciente, debilitado pelo Mal
de Alzheimer, a equipe de ortopedia, composta pelos réus, optou por
realizar primeiro a cirurgia do lado menos afetado, o direito, posto que,
obrigatoriamente, a solução para a patologia do autor seria cirúrgica para
ambos os quadris. O autor teve boa evolução no pós-operatório imedia-
to da cirurgia.
A segunda cirurgia, no quadril mais afetado, o esquerdo, foi agendada
com a mesma equipe médica e no mesmo hospital, evidenciando a confi-
ança da família do autor no trabalho realizado pelos réus. No dia 20 de
outubro de 2003, domingo, o autor foi submetido à segunda etapa do
tratamento, com a realização da “artroplastia total do quadril esquerdo”,
desta vez sob anestesia raquidiana, porque o paciente não apresentava
o quadro de agitação psicomotora ocorrido na primeira cirurgia. O
anestesista que atendia a equipe de ortopedia, aos domingos, era o Dr.
Daniel Cruz. A cirurgia transcorreu bem. Durante todo o período de sua
internação, o autor foi submetido a tratamento fisioterápico – respirató-
rio e motor.
26
Por ocasião da alta hospitalar, em 21 de novembro de 2003, o autor já
andava, com auxílio. Na última consulta ambulatorial, no dia 28, uma
semana depois, já andava por seus próprios meios e não apresentava
mais dores nos quadris operados. O tratamento cirúrgico ministrado ao
autor pelos réus obteve completo êxito na solução da patologia ortopé-
dica apresentada. Os procedimentos necessários ao tratamento do autor
são, de fato, dolorosos e requerem certo tempo de hospitalização. O
estado avançado de demência decorrente do Mal de Alzheimer em que se
encontrava o autor, com crises intermitentes de agitação psicomotora,
dificultaram sobremaneira a sua reabilitação. Ocorre que esses fatos não
podem ser imputados aos réus; são exclusivos do autor. Quanto aos
alegados gastos com as próteses, cabe esclarecer que os pagamentos
foram feitos pela ora curadora do autor, diretamente ao fornecedor das
próteses que foram utilizadas nas duas cirurgias. Certo é que não houve
o alegado erro médico! Os médicos, ora réus, agiram com precisão técni-
ca, visando o melhor interesse do paciente.
Os prontuários médicos do ambulatório e do período da internação, ane-
xos por cópia, evidenciam a correção e o zelo da equipe médica. Elabore
a defesa dos réus.
AULA 6
CASO CONCRETO
Giovani Verzoni é o legítimo proprietário de uma área de 450 metros qua-
drados, nesta cidade, na rua Maria Macedo, quadra 61, gleba B, lote 14
do PA 17.906, Recreio dos Bandeirantes, descrita e caracterizada na ma-
trícula nº 123. 456 do 9ª RGI. O imóvel está localizado na quadra da praia,
junto ao calçadão do Recreio dos Bandeirantes.
Em 1º de fevereiro de 2002, Giovani locou o terreno para Sol do
Recreio Restaurante Ltda., conforme prova o anexo instrumento de con-
trato de locação. Passados três anos de vigência do contrato, Giovani
procurou o representante legal do locatário, Jorge Gurgel para, nos ter-
mos do art. 18 da Lei 8.245/1991, reajustar o aluguel mensal de R$ 500,00.
27
Não obstante as tentativas de acordo, não lograram êxito. O locatá-
rio alegou que usa o terreno como estacionamento gratuito para os clien-
tes do restaurante e não pode pagar mais.
O valor mensal do aluguel atual está completamente defasado em
relação à realidade de mercado; gera desequilíbrio contratual que neces-
sita ser corrigido. A área teve grande valorização. Atualmente o valor
locatício é de R$ 9 mil.
Giovani procura você, advogado(a), munido de três laudos de avaliação
do terreno em cercade R$ 900 mil. Promova a medida judicial cabível.
AULA 7
CASO CONCRETO
César Santos, brasileiro, solteiro, biólogo, domiciliado na cidade do Rio
de Janeiro, onde reside na rua Barata Ribeiro, 300/901, Copacabana, em
abril de 2002 firmou contrato com a financeira Só Débito S/A, para aqui-
sição do automóvel marca Fiat, modelo Tempra, ano 2000. O carro foi
alienado fiduciariamente à financiadora, em garantia real do fiel cumpri-
mento do contrato. O valor do contrato foi de R$ 27.200,00, a ser pago em
36 parcelas.
Em junho de 2004, em dificuldade financeira, César vendeu o veículo
para José Carlos Pereira, que se comprometeu a efetuar, pontualmente, o
pagamento das parcelas faltantes. Todavia, a partir da 29ª parcela, José
deixou de efetuar os pagamentos.
A financeira ajuizou em face de César, ação de busca e apreensão,
com fulcro no Decreto-lei 911/1969, que tramita perante o juízo da 17ª
Vara Cível da comarca da capital. Deferida a liminar de busca e apreensão,
não pôde ser cumprida pelo fato de o veículo não estar com César.
O não cumprimento da liminar motivou o requerimento de conversão
em ação de depósito, que foi julgado procedente, determinando que
César entregue o bem ou o seu equivalente em dinheiro, em 24 horas, sob
pena de prisão.
Você, advogado(a), é procurado por César. Ele diz que, na ocasião da
assinatura do contrato, em virtude das informações prestadas pelo fun-
28
cionário da concessionária, pensava estar fazendo um financiamento
como qualquer outro, e desconhecia a possibilidade de prisão, e não
sabe onde está o automóvel. Por fim, em desespero, afirma que não pos-
sui a importância cobrada em juízo.
Diante dessas informações, elabore a peça processual cabível, a fim de
evitar a prisão de César.
AULA 8
CASO CONCRETO
Isadora Mendes, brasileira, solteira, estudante universitária, 18 anos,
residente na rua da Ajuda 37/906, Campo Grande, Rio de Janeiro, dirige-
se ao Núcleo de Primeiro Atendimento dos Juizados Especiais Cíveis, no
Centro da cidade. Diz que sua mãe, Aparecida Mendes, brasileira, soltei-
ra, comerciante, foi atropelada há 29 dias, e está na UTI do Hospital Vida,
estabelecimento particular localizado na Tijuca, para o qual foi levada e
admitida por ter na bolsa, na ocasião do acidente, a carteira de associada
ao plano de saúde Dodói, com sede na avenida Rio Branco, 10, 10° andar.
Está vinculada ao plano há dez anos, sem jamais ter atrasado uma mensa-
lidade.
Aparecida necessitou de uma cirurgia no cérebro, realizada com êxi-
to esta semana. Para sua recuperação é essencial a permanência na UTI,
por tempo indeterminado, segundo laudos médicos apresentados.
Ocorre que o plano de saúde informou ao hospital que só cobrirá as
despesas de UTI até o trigésimo dia, porque o plano de Aparecida, por
ser anterior à Lei 9.656/1998 não lhe confere direito a período maior de
internação em UTI. O hospital, por sua vez, notificou Isadora de que,
caso ela não providencie depósito relativo às diárias na UTI, que são de
R$ 2 mil, sua mãe será removida para a enfermaria, cujo pagamento será
custeado pelo plano de saúde.
Ciente do risco de vida que tal remoção pode acarretar à sua mãe,
Isadora está desesperada. Não tem outros parentes no Rio de Janeiro
nem dinheiro sequer para despesas mínimas. É totalmente dependente
da mãe.
29
Você, estagiário(a) do JEC, considerando o princípio contido no inciso
III do art. 1° da Constituição Federal, as disposições do Código de Defe-
sa do Consumidor, assim como a urgência do caso, elaborou a peça
processual necessária requerendo a antecipação de tutela que determi-
nasse a manutenção da paciente internada na UTI do hospital réu, às
expensas do plano de saúde réu, pelo tempo necessário ao seu completo
restabelecimento, sob pena de multa diária de R$ 2 mil.
A ação foi distribuída para o XXI Juizado Especial Cível e o magistra-
do indeferiu a tutela antecipada por considerar a impossibilidade de vis-
lumbrar em Isadora legitimação para postular em face do plano de saúde
e do hospital. Por fim, afirmou que a Lei 9.556/1998 somente se aplica aos
contratos firmados após a sua entrada em vigor.
Promova a medida judicial cabível para salvaguardar o direito à vida de
Aparecida.
AULA 9
CASO CONCRETO
O juiz da 15º Vara de Fazenda Pública da comarca do Rio de Janeiro, nos
autos da anulatória de débito fiscal, com pedido de antecipação de tute-
la, processo nº 2004.000.00001-1, proposta por ALB Construções Ltda.,
contra o município do Rio de Janeiro proferiu a seguinte decisão:
“Trata-se de pedido de antecipação de tutela para suspender a
exigibilidade de crédito tributário formulado no bojo de ação que tem por
objeto a anulação do lançamento de diferença do IPTU incidente sobre o
imóvel de propriedade da autora. A diferença é relativa ao exercício de
1998. Para demonstrar a verossimilhança do seu direito, a autora alega
que, em janeiro de 2004, quando foi notificada do lançamento da diferen-
ça, o crédito tributário já estava extinto pela decadência, uma vez que
decorridos mais de 5 (cinco) anos do primeiro dia do exercício civil se-
guinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetivado. Além
disso, a autora alega que em face da atividade que exerce participa roti-
neiramente de licitações, razão pela qual a concessão liminar da antecipa-
ção de tutela é medida necessária para impedir a consumação de dano
30
grave e de difícil reparação, uma vez que sem a medida ela ficará impedida
de participar de licitações. Não vislumbro a presença dos requisitos que
autorizam a concessão de antecipação de tutela.
Há nos autos prova de que: (I) a diferença foi apurada em processo
administrativo instaurado de ofício pela Prefeitura em dezembro de 1999;
e (II) a guia relativa ao lançamento da diferença foi emitida em 20 de
dezembro de 2003. É certo que a autora não foi notificada do início da
ação fiscal e, além disso, só foi notificada do lançamento da diferença em
20 de janeiro de 2004. Mas isso é irrelevante, uma vez que a diferença é
relativa ao exercício de 1998 e a constituição do crédito tributário teve
início em dezembro de 1999, com a instauração do processo administrati-
vo. Além disso, reporto-me à decisão administrativa de 30 de maio de
2004 ( fls. 80 destes autos ), a qual julgou improcedente a impugnação
oferecida pela autora, uma vez que a guia correspondente à diferença foi
emitida em dezembro de 2003, antes, portanto, de consumada a decadên-
cia, vez que o prazo começou a correr em 1º de janeiro de 1999. Além
disso, de acordo com o art. 38 da Lei 6.830/1980 e com a Súmula nº 112 do
STJ, só o depósito em dinheiro e integral do crédito tributário suspende
a sua exigibilidade, do que decorre a impossibilidade de concessão de
antecipação de tutela. Nessas condições, indefiro o pedido de antecipa-
ção de tutela. Intime-se e cite-se o Município.”
A decisão foi publicada no Diário Oficial. Redija a peça processual a ser
apresentada pela autora em face da decisão. Assine: Luiz Gustavo Vieira,
advogado inscrito na OAB/RJ sob o nº 20.002, com escritório na avenida.
Marechal Câmara, 10/5º andar, Rio de Janeiro.
AULA 10
CASO CONCRETO
Você, advogado(a), atua no processo abaixo relatado, desde o início. Sua
cliente, Maria Pia Abrantes, viveu em união estável com Wagner Penedo
durante oito anos, mais precisamente, de abril de 1992 até o seu faleci-
mento, em abril de 2000.
31
Maria Pia moveu ação de reconhecimento de união estável c/c parti-
lha perante a 1a Vara de Família Regional da Barra da Tijuca (processo
2001.209.999999-5), cujo pedido foi julgado procedente. Eis um trecho da
sentença: “(...) a existência da união estável, no período de abril de 1993
a abril de 2000 e o direito da suplicante à metade dos bens adquiridos
onerosamente no curso da mesma, nos termos da fundamentação supra,
consoante apurado em liquidação por artigos. (...)”
Em sede recursal, a 13a. Câmara Cível do Tribunal de Justiça, nos
autos da Apelação n° 2003.001.12345, modificou a decisão por maioria de
votos. Eis a transcrição parcial da decisão: “(...)deu-se provimento par-
cial ao recurso para, reformando em parte a sentença, restringir o direito
da autora/apelada à metade dos bens adquiridos onerosamente pelo fa-
lecido a partir da vigência da Lei n° 9.278, de 10 de maio de 1996. (...)”
Considerando que grande parte do patrimônio objeto da discussão foi
adquirido entre 1992 e 1996, promova a medida judicial cabível para a
defesa dos interesses de sua cliente.
AULA 11
CASO CONCRETO
João dos Reis, de seis anos, por ser portador da Síndrome de Werding
Hoffman (atrofia muscular espinhal – SMA), necessita de medicamentos
caríssimos, além de aparelhos para conseguir respirar e sobreviver. Sem
medicação adequada, está exposto a risco de morte permanente.
Seu pai e sua mãe não dispõem mais de recursos para custear o
tratamento. Somente lhes resta a alternativa judicial. Deste modo, o me-
nor, representado por seu pai, Manoel dos Reis, ajuizou Ação Ordinária
de Obrigação de Fazer, com pedido de tutela antecipada, a fim de obter o
fornecimento da medicação e de aparelhos necessários para o tratamen-
to da doença. A ação foi ajuizada em face do município de Nova Friburgo,
domicílio do autor.
O pedido de tutela antecipada foi integralmente atendido na primeira
instância. O juiz da 2ª Vara Cível da comarca de Nova Friburgo determi-
nou que o município réu fornecesse os medicamentos e os aparelhos. O
município réu, porém, recorreu da decisão e o Agravo de Instrumento
interposto foi provido por maioria pela 14ª Câmara Cível do TJ, cassando
a tutela antecipada.
Inconformado com a decisão proferida nos autos do Agravo de Instru-
mento, elabore o recurso cabível para o STJ, ciente do que dispõe o art.
542 parágrafo 3° do CPC.
AULA 12
CASO CONCRETO
Tomando por base o caso concreto da aula anterior, elabore o recurso
cabível para o STF.

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