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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife U ni ve rs id ad e de P er na m bu co - U PE N EA D - N Ú CL EO D E ED U CA ÇÃ O A D IS TÂ N CI A REITOR Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado VICE-REITOR Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque PRó-REITOR ADMINISTRATIVO Prof. José Thomaz Medeiros Correia PRó-REITOR DE PLANEJAMENTO Prof. Béda Barkokébas Jr. PRó-REITOR DE GRADUAÇÃO Profa. Izabel Christina de Avelar Silva PRó-REITORA DE PóS-GRADUAÇÃO E PESqUISA Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim PRó-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ExTENSÃO Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque COORDENADOR GERAL Prof. Renato Medeiros de Moraes COORDENADOR ADJUNTO Prof. Walmir Soares da Silva Júnior ASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERAL Profa. Waldete Arantes COORDENAÇÃO DE CURSO Profa. Giovanna Josefa de Miranda Coelho COORDENAÇÃO PEDAGóGICA Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes Profa. Geruza Viana da Silva GERENTE DE PROJETOS Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTE Igor Souza Lopes de Almeida COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃO Prof. Marcos Leite EqUIPE DE DESIGN Anita Sousa Gabriela Castro Rafael Efrem Renata Moraes Rodrigo Sotero COORDENAÇÃO DE SUPORTE Afonso Bione Prof. Jáuvaro Carneiro Leão EDIÇÃO 2013 Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife / PE - CEP. 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664 PRÁTICA PEDAGÓGICA VI Profa. Maria Aparecida Conceição Nunes Carga Horária | 30 horas Objetivo geral Apresentação da disciplina Ementa Conhecer a dinamicidade do fazer pedagógico, sua aplicabilidade no processo de ensino-aprendi- zagem e suas relações com a construção do conhe- cimento em sala de aula. A prática pedagógica deve priorizar a “tecnologia da interação humana, colocando em evidência, ao mesmo tempo, a questão das dimensões epistemológicas e éticas”, apoiada necessariamente em uma visão de mundo, de homem e sociedade. Neste sentido, uma prática pedagógica precisa ter dinâmica própria, que lhe permita o exercício do pensamento reflexivo, conduza a uma visão política de cidadania e que seja capaz de integrar a arte, a cultura, os valores e a interação, propiciando, assim, a recuperação da autonomia dos sujeitos e de sua ocupação no mundo de forma significativa. Tardif (2002, p.128) O contexto escolar, hoje, abrange preocupações que vão desde a valorização do tempo/espaço de que o professor dispõe para trabalhar na sala de aula até a relação de mediação entre o educando e a construção do conhecimento, considerando o aproveitamento de seus alunos. Transformar velhos conceitos em novas realidades, recriar, renovar. Eis um grande desafio... Nesse sentido, é essencial que a prática pedagógica seja adequada a cada contexto social. A proposta dessa abordagem complementa a tentativa de responder aos desafios que se ex- pressam no universo do ensino-aprendizagem, no qual a prática pedagógica constitui uma das categorias fundamentais da atividade humana, rica em valores e em significados, pois a questão metodológica se torna, muitas vezes, tão essencial quanto o conhecimento. A construção do conhecimento torna-se uma ocasião de alargamento ativo do aprendizado do aluno, de sua prática, que pode ser predominantemente perceptiva, motora ou reflexiva. Isso poderá ser organizado mediante ações, tais como estudo de textos, vídeos, pesquisas, estudo O cotidiano do ensino-aprendizagem em Matemá- tica na prática do professor. O cotidiano de ensino- -aprendizagem em Língua Portuguesa. A prática de Ciência como parte integrante do universo respon- sável pela qualidade de vida do planeta. A Geogra- fia numa perspectiva de atendimento à diversidade de contextualização das questões ambientais. individual, debates, grupos de trabalhos, seminários, práticas, nas quais se exercitam as relações que possibilitam identificar, pela avaliação, como se elabora o objeto de conhecimento. Daí, então, a necessidade da escolha de estratégias com várias e expressivas práticas sugeridas ao aluno, objetivando ultrapassar seus dados iniciais sobre o objeto do conhecimento. Sobre a importância dessa atuação participativa mais abrangente do aluno no decurso do ensino, é imprescindível que o professor faça uso de um conjunto de processos que combinem “o ensino de ciência aplicada com instrução, no talento artístico da reflexão-ação” (TARDIF, 2002), mobili- zando, além da lógica, manifestação de talento, intuição e sensibilidade artística. capítulo 1 7 Profa. Maria Aparecida Conceição Nunes Carga Horária | 15 horas IntrOduçãO O sucesso da prática docente está vinculado à conquista do ensino-aprendizagem. Neste capítulo, abordam-se os desafios postos frente à formação do educador, uma reflexão em relação a uma formação continuada, focando, na teoria e na prática contextualizada, e na realidade em que a comunidade está inserida. O texto traz, nesse aspecto, que a formação dos professores pode levar ao êxito da aprendizagem sob uma visão crítica, refletindo o seu fazer pedagógico, articulando-o com o contexto social em que está inserida de forma mais ampla, tomando consciência de que a educação não é neutra. Logo o ato de educar é um ato político e transformador. No que se refere à prática do ensino da Língua Portuguesa e da Matemática, o texto sugere que estes devem ser trabalhados dentro de um contexto social, baseado nas experiências do público objetivo de cada comunidade escolar, por meio de recursos lúdicos e temáticas que estejam con- textualizados a realidade. 1. A prátICA dOCEntE nA COnquIstA dO EnsInO-AprEndIzAgEm No Brasil, de acordo com o Educacenso 2007, “cerca de 600 mil professores em exercício na edu- cação básica pública não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram” Brasil (2012). OBJEtIVOs EspECífICOs • Compreender a prática docente no intuito da conquista da aprendizagem; • Caracterizar a prática docente do ensino da Matemática e da Língua Portuguesa no cotidiano do ensino-aprendizagem. A PRÁTICA DoCEnTE Do EnsIno DE mATEmÁTICA E DA línGuA PoRTuGuEsA no CoTIDIAno Do EnsIno- APREnDIzAGEm capítulo 18 Diante desse dado, podemos analisar que a falta de uma adequada formação faz com que os docentes não desenvolvam a sua prática, de forma a contribuir efetivamente para o sucesso da aprendizagem e a superação dos fantasmas educacionais: repetência, evasão e o baixo ren- dimento. Estes últimos atrelados a fatores so- ciais, econômicos e institucionais. Diversos são os fatores que levam ao insu- cesso na aprendizagem, mas considerando a formação dos professores, constatamos a ne- cessidade da formação inicial e da manuten- ção da formação continuada. Sendo esta, com acompanhamentos nos seus estabelecimentos de ensino, mantendo uma dinâmica de ges- tão educacional focada na teoria e prática, sob uma visão crítica. Nesse sentido, o fazer pedagógico deve ser desenvolvido de forma contextualizada à rea- lidade de cada escola e à abordagem dos con- teúdos, dimensionando os aspectos: social, político, econômico, ambiental e cultural com a intenção de formar cidadãos críticos, tornan- do-os sujeitos sociais. Professores e educandos serão, então, esses sujeitos sociais, formados num processo cons- tante de ensino-aprendizagem, sob a ação da teoria e prática, demonstrando que a educa- ção não é neutra, sendo o ato de educar um ato político e transformador. Esse profissional que venha a adquirir essa lei- tura crítica do mundo, articulando o contexto social com o seu fazer pedagógico e as rela- ções sociais existentes, oportuniza para que o êxito na aprendizagem seja uma constância. Não devemos deixar de considerar que a práti- ca do docente não se restringe apenas aos co- nhecimentos adquiridos nas instituições de en- sino. As experiências trazidas do seu cotidiano, também contribuem para a formação do edu- cador, que tem como função mediar e refletir a prática da sala de aula na busca da apren- dizagem, em que ele também está inserido. Figura 01 - http://assessoriacaritas.blogspot.com.br/2009/02/ escolinha-algodao-doce.html Figura 02 - http://gestar.jaciara.zip.net/ Figura 03 - http://www.portaldasideias.org/pratica-docente- -na-lingua-portuguesa-parte-02/ Sob esta análise podemos aferir que o cotidia- no, tem papel importante na construção do saber, contribuindo à transformação social, num processo de construção coletiva, respei- tando a diversidade cultural e social de todos os envolvidos. A escola com que sonhamos é aquela que asse- gura a todos a formação cultural e científica para capítulo 1 9 a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitan- do uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações: a cultura provida pela ciência, pela técnica...e pela cultura cotidiana (Libâneo, 2002 p. 03). Diante da dimensão do sonho e da realidade em que vivemos, podemos aferir que inúmeras conquistas foram alcançadas, porém muito há o que conquistarmos: formação inicial; forma- ção continuada e contextualizada, sendo de- senvolvida sob a práxis da teoria e prática no ensino-aprendizagem e a garantia de incenti- vos financeiros oficiais para a educação. Para Freire (1996), o professor deve ter cons- ciência do tempo e espaço em que se encon- tra, para provocar, a partir das suas práticas, as mudanças necessárias no campo social e político. No que tange a prática atual em sala de aula, constatamos ainda traços da prática tradicio- nal, sem explorar o potencial dos educandos, por meio da participação, envolvimento com temáticas contextualizadas a sua realidade e utilização de recursos didáticos inovadores. Isso se deve, ora por receios ao novo, ora por acomodação à velha prática de ensino por meio dos antigos questionários. Devemos sempre considerar a vivência que os educandos trazem de sua história pessoal, sua identidade, sua cultura, seus valores e costu- mes. Utilizando essas experiências no dia-a-dia da sala de aula, poderemos subsidiar a nossa prática educacional com mais criticidade, en- xergando os nossos educandos como sujeitos sociais ativos, mesmo que em transformação. 2. COntrIBuIçãO dA prátICA dOCEntE dO EnsInO dA mAtEmátICA E dA LínguA pOrtuguEsA nO COtIdIAnO dO EnsInO-AprEndIzAgEm O ensino de matemática e língua portuguesa nas nossas instituições educacionais merecem uma atenção constante, pois são eles, muitas vezes, os causadores das repetências na educa- ção básica, causando o desestímulo e a evasão. Para muitos discentes, aprender a ler e inter- pretar textos, como também vencer a mate- mática da educação básica, são considerados grandes desafios, fazendo com que, ocorra um grande número de reprovação. Postos como intransponíveis e devido à sensação de serem incapazes de superá-los, muitos abandonam os bancos escolares. Diante desse fato, devemos fazer o seguinte questionamento: que prática está sendo exer- cida no cotidiano da sala de aula sob a ótica dessas disciplinas? Figura 04 - http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/recem-formados- -sem-experiencia-podem-participar-de-programa-do-cap Uma certeza é que para o sucesso do ensino- -aprendizagem, faz-se necessário comprome- timento de todos, governantes, professores, gestores, educandos, pais e responsáveis. Pois, o processo de ensino-aprendizagem necessita de investimentos na formação e na gestão, com participação da coletividade para obter êxito na qualificação tanto dos professores quanto dos educandos. capítulo 110 Para formarmos cidadãos críticos, temos que ter profissionais críticos, conscientes do mundo no qual está inserido. Ser agente de mudança requer não apenas se apropriar do conteúdo da sua disciplina, mas também conseguir fazer relações entre os conteúdos e o dia-a-dia que envolve o fazer pedagógico, conhecer os edu- candos, o perfil da comunidade escolar e As potencialidades que possuem. O sucesso da prática docente se dá de forma coletiva. Não existe mudança social exercida de forma isolada. O coletivo é essencial para o êxito de qualquer objetivo. Trabalhar o ensino da Língua Portuguesa e da Matemática dentro de um contexto social, lúdi- co, por meios de jogos educativos e interativos, faz com que os bloqueios apresentados pelos educandos, sejam superados. Para tanto, é pos- sível utilizar-se das experiências do cotidiano, contextualizando com as práticas pedagógicas. A introdução de jogos com temática que le- vem ao senso critico para as aulas de mate- mática, veem na condição de contribuir para a superação às interpretações dos enunciados matemáticos, desenvolvendo potencialidades, habilidades e estímulo de raciocínio, evitando as aulas cansativas e monótonas. O ensino de matemática, apesar de permear todas as áreas do conhecimento que serão uti- lizadas na vida prática, apresenta-se nas nossas escolas, como uma disciplina isolada, muitas vezes, separada dos seus principais objetivos. Entre eles podemos citar: o direcionamento de ensino-aprendizagem para a construção da ci- dadania e a participação ativa do educando na sociedade. Nesse intuito, o ensino da matemática requer o ensinar à matemática viva, que possa pro- vocar no ambiente educacional ruptura no modelo posto de uma matemática tradicional, voltada apenas a resoluções de equações. Para uma matemática crítica que desperte nos edu- candos e educadores a coragem para enfren- tarem os desafios, sendo motivados a atingir o êxito no ensino-aprendizagem, e que venha a contribuir para a formação de sujeitos sociais. Nesses mesmos aspectos de motivação e supe- ração de desafios, deve-se amparar também o ensino de Língua Portuguesa. A motivação é um importante recurso peda- gógico, mas apesar de sua contribuição na aprendizagem, ela nem sempre recebe a de- vida atenção do educador. Providenciar mate- rial e transmiti-lo e depois cobrar nas provas é muito mais fácil do que instigar nos alunos à vontade de questionar e atuar. O educando deve apropriar-se da língua por meio da sua vivência em ouvir, falar, ler, escre- ver e, com base nisso, compreender o ensino a partir da língua-objeto. Figura 05 - http://blogeducafeliz.blogspot.com.br/2010/04/o- -desenvolvimento-do-raciocinio-logico.html capítulo 1 11 Halliday (1974, p. 259) assegura que a apren- dizagem, é um processo que não exclui o co- metimento de erros de algum tipo, mas não é correto considerar que o processo de aprendi- zagem em si mesmo seja constituído apenas da correção de erros. A adição de novos pa- drões linguísticos desempenha um papel mui- to mais importante que a correção de erros no uso de padrões já adquiridos. de formar educadores e educandos em sujei- tos sociais críticos e transformadores de sua realidade e da sua prática. rEsumO A busca da prática docente ideal leva-nos a pensar a nossa prática pedagógica focada em resultados reais, refletindo qual é o papel dos órgãos governamentais e da gestão escolar na realização de projetos que levem o sucesso na aprendizagem e na formação do sujeito social. Para tanto, o êxito passa pela necessidade da formação dos docentes críticos, questiona- dores, transformadores, e com exercício da docência sob uma lógica da teoria e prática focada na qualidade do ensino para todos os níveis e disciplinas, sendo trabalhadas de for- ma interdisciplinar. Para essas conquistas, como mencionado no texto, faz-se necessária à garantia de incen- tivos financeiros oficiais, gerando mudanças efetivas na lógica do ensino-aprendizagem. Trabalhou-se no texto, a prática docente do ensino da Matemática e da Língua Portuguesa, ressaltando os seus desafios, mas apresentan- do alternativas para o êxito no ensino-aprendi- zagem, refletindo a sua prática e desenvolven- do o seu fazer pedagógico a partir de prática lúdica e prazerosa. Figura 06 - http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportugue- sa/gramatica-ortografia/32/artigo235676-2.asp Figura 07 - http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/ gramatica-ortografia/32/artigo235676-1.asp Cabe ao educador conhecer a gramática e não ao educando. Diante desse fato, o ensino da Língua Portuguesa tem que ser uma conquista prazerosa. De modo a compreender o fenô- meno da variação linguística numa perspectiva histórica e social, considerando que a diversi- dade humana possui reflexo da heterogenei- dade dos grupos sociais, em que carrega uma identidade cultural e conjunto dos valores de uma comunidade. Diante desse contexto, o sucesso esperado será uma conquista certa no âmbito do ensi- no-aprendizagem, tanto da Língua Portuguesa quanto da Matemática, na intenção, é claro, capítulo 112 rEfErÊnCIAs LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educativas e profissão docente/José Carlos Libâneo. – 6. ed.- São Paulo: Cortez, 2002. BRASIL. Ministério da Educação. http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_content& view=article&id=13583&Itemid=970. Acesso em: julho de 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e terra, 1996. SILVA, Tadeu de. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:1997. FAZENDA, I. C. A. Didática e interdisciplinaridade. São Paulo: Papirus, 1998. ZóBULI, G. B. Prática de ensino: subsídios para atividade docente. São Paulo: Ática. 1995. 1. De que maneira a prática docente contribui para a formação do sujeito social? 2. Em que aspectos podem se amparar o edu- cador e o educando para a conquista do ensino-aprendizagem da Matemática e da Língua Portuguesa? saiba mais: Atividades: capítulo 2 13 ConTExTuAlIzAção DAs quEsTõEs AmbIEnTAIs VolTADAs A quAlIDADE DE VIDA no PlAnETA, sob A PERsPECTIVA Do EnsIno DE CIênCIA E GEoGRAfIA IntrOduçãO O ensino de ciências e geografia estão intrinsecamente relacionado, principalmente no ensino fundamental do 1º ano ao 9º. Porém, lamentavelmente muitos professores não desenvolvem sua prática de forma interdisciplinar, caso desenvolvessem, a contribuição para aprendizagem teria resultados muito mais rápido. Isso se deve ao receio pelo novo faz com que a interdisciplinaridade não seja uma constância nas nossas escolas públicas. A prática do ensino de ciências e geografia contextualizada a realidade em que vivem os nossos educandos, são apresentadas no texto numa perspectiva globalizante, balizada por questões am- bientais tornando o fazer pedagógico, prazeroso e de sucesso. Tais práticas com elementos con- cretos, com temáticas que levam a questionamentos e inquietações na sala de aula, possibilitam que a sala de aula seja um ambiente de aprendizagem inovadora. 1. A prátICA dE CIÊnCIA COntExtuALIzAdA As quEstõEs AmBIEntAIs VOLtAdAs A quALIdAdE dE VIdA dO pLAnEtA A problemática ambiental assume um papel de relevância social em proporções cada vez mais alarmantes e nocivas à qualidade de vida de uma população, surgem às discussões, mobilizações para atuar, de forma participativa e comprometida em defesa do ambiente natural e do meio so- cial, bem como, e fundamentalmente, da relação do ser humano com o ser humano. Profa. Maria Aparecida Conceição Nunes Carga Horária | 15 horas OBJEtIVOs EspECífICOs • Analisar as questões ambientais como contribuição ao ensino-aprendizagem; • Contextualizar o ensino de ciência e geo- grafia numa perspectiva ambiental. capítulo 214 Partindo do entendimento que, somos sujeitos de nossa própria história, vivendo num país tropical, e independentemente da região que estamos inseridos, o ambiente está presente com seus diversos problemas ambientais, con- vidativo para uma prática, seja no campo ou na cidade. questões ambientais como: qualidade da água, poluição sonora e composição florística, podem ser desenvolvidas sem grandes dificul- dades. Alguns temas podem ser desenvolvidos na própria sala de aula, podendo iniciar apre- sentando à temática, debatendo, problemati- zando, construindo mapas conceituais. O educador ainda pode levar os alunos para a própria área interna da escola, e numa cami- nhada, previamente planejada poderá solicitar que os alunos construam um inventário das plantas existentes. Com a possibilidade de sair para além dos muros da escola, poderá levar os alunos a uma praça e ampliar esta prática, incluindo outros elementos na percepção da análise do meio ou até mesmo levá-los a uma área natural no próprio município. Prática como esta não requer de grandes re- cursos financeiros, mas para realizá-la o edu- cador-responsável precisará do apoio de ou- tros profissionais para acompanhar os alunos na área externa, caso fosse uma atividade in- terdisciplinar, esse problema seria solucionado com o envolvimento de outras disciplinas e consequentemente teria a presença de outros colegas. Porém nas práticas interdisciplinares, podem surgir outros desafios, como: a falta de projetos contextualizados, o não envolvimento de todos os colegas, ocasionando a falta do entendimento do coletivo. Figura 01 - http://racismoambiental.net.br/2012/05/belem-encabe- ca-ranking-de-esgoto-a-ceu-aberto-e-lixo-acumulado-das-grandes- -cidades-brasileiras/ Diante desta circunstância, podemos desen- volver práticas ambientais, problematizando e instigando os nossos educandos a refletir e visualizar possíveis soluções dos problemas do dia-a-dia. Porém desenvolver a prática de ciências nas es- colas públicas, ainda é um grande desafio para qualquer educador nos dias atuais. Muitas das nossas escolas possuem apenas o livro didático como ferramenta pedagógica, levando o pro- fessor a criar e improvisar, mas quando a práti- ca permeia-se na temática ambiental há condi- ções de planejar algo diferente e estimulante. Figura 02 - http://www.educacaoadventista.org.br/esperanca- -planeta/esperanca-para-o-planeta Diante deste fato, podemos aferir que para de- senvolver uma simples prática interdisciplinar temos que pensar numa prática pedagógica, por meio de projetos, apoio da gestão, e en- volvimento de toda a comunidade escolar para que efetivamente tenha êxito. capítulo 2 15 O envolvimento dos educandos, educadores e comunidade local para obtenção de resultados significativos, onde todos sejam protagonistas na conquista da qualidade de vida e cidadania planetária, bem como o respeito e compro- metimento ao ambiente em que se vive num todo, perpassa numa lógica em que: A educação ambiental não consiste simplesmen- te em dar um trato mais adequado às questões ambientais que já estão presentes (muitas vezes de maneira implícita que explícita) nos conte- údos curriculares de várias disciplinas, ou intro- duzir componentes ambientais à certas discipli- nas, dando prioridade às ciências naturais e em particular à ecologia ou à geografia como cam- pos interdisciplinares por natureza... se trata de construir um saber ambiental que se defina em relação a cada uma das disciplinas já constituída, através de um processo social de produção do co- nhecimento. (Leff, 1996) Para se construir este saber ambiental, faz ne- cessário, sentir-se parte integrante do meio natural, necessitando viver em equilíbrio e respeito com o mesmo, e ao mesmo tempo ser social, atuante, sujeito de sua própria his- tória, necessário à prática e a construção da cidadania solidária e globalizada, para assumir o direcionamento de sua própria vida e suas escolhas. A prática da temática ambiental nas escolas deve ser trabalhada como processo educa- cional em todas as instâncias de formação e disciplina do currículo, para tanto a educação ambiental é o processo que visa: Formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os proble- mas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se re- pitam (UNESCO, 1978). Diante desta constatação a educação ambien- tal deverá permear como tema transversal nos diferentes conteúdos disciplinares, em que a ciências e as demais disciplinas estarão presen- tes. Contribuindo assim, com a apropriação de saberes, competências e na construção do sujeito transformador do seu meio, agente de mudança e compreensão crítica das questões ambientais. Fazendo com que os educandos desenvolvam interesse pelas questões socioambientais e que venham a adquirir conhecimentos necessários para analisar e tornar-se parte integrante nas resoluções de problemas ambientais, numa visão local, nacional e global. Orientação re- forçada pela Conferência Intergovernamental sobre Educação ambiental de Tbilisi, realizada na Georgia em 1977. A temática deve, portanto ser trabalhada a partir da problemática, que atinge direta- mente o público objetivo, fazendo diagnose, dimensionando os problemas, visualizando e trabalhando também questões ambientais de ordem planetária. Para tanto se deve trabalhar a sensibilização e o envolvimento dos alunos levando conhecimentos para tomada de cons- ciência e a compreensão crítica da complexida- de do mundo atual. Figura 03 - http://www.aquarelladesentupidora.com.br/ blog/10-dicas-educacao-ambiental-desentupidoras/ capítulo 216 2. A gEOgrAfIA numA pErspECtIVA dE AtEndImEntO A dIVErsIdAdE E COntExtuALIzAçãO dAs quEstõEs AmBIEntAIs Vivemos numa diversidade ambiental, conse- guimos ser diferentes em tudo, socialmente, culturalmente, na personalidade, na forma fí- sica, na atitude, e neste contexto conseguimos nos diferenciar de outros animais, outros seres vivos, mas não são mais do que eles, nesta di- versidade, todos tem seu papel, sua importân- cia, sendo essenciais ao equilíbrio do Planeta. Para estudarmos geografia numa perspectiva ao atendimento da diversidade e contextuali- zação das questões ambientais entre os indiví- duos e o meio natural, nos deparamos, com o seu conceito, que segundo Aurélio, 1997, nos apresenta que a geografia está definida como a ciência que tem por objeto a descrição da su- perfície da Terra, o estudo dos seus acidentes físicos, climas, solos e vegetação, e das rela- ções entre o meio natural e os grupos. Partindo da discussão da relação do ser huma- no com o meio ambiente, vimos que o am- biente vem sofrendo constantes mutações, passando pelas mais diversas transformações naturais ou antrópicas. Em que o ser huma- no, visando atender interesses econômicos e sociais provocam modificações no meio am- biente, intervindo diretamente nos diferentes biomas, sem levar em conta o caráter frágil dos mesmos. Nesta lógica muitas dessas mudanças no am- biente natural estão se tornando irreversíveis, tornando a vida na Terra ameaçada, mas gra- ças aos mecanismos normais de adaptação, a natureza se recompõe compensando estas in- terferências e mantendo o equilíbrio dinâmico (ODUM, 1959), mas até quando? As modificações da camada de ozônio, já afe- tam a saúde humana e o meio ambiente, tais modificações provocadas, sendo boa parte delas, pela ação humana, requerem coopera- ção e ação intergovernamental para minimizar suas consequências. A necessidade de prote- ger a saúde humana e o meio ambiente contra efeitos adversos, se faz urgente. Diante deste fato, surge à necessidade de prá- ticas sustentáveis, para reversão de tantos pre- juízos socioambientais, e neste contexto o foco na temática ambiental nas aulas das diversas disciplinas, irá contribuir para uma sociedade mais justa e ambientalmente saudável, porém sem o envolvimento das estruturas institucio- nais privadas e públicas, não surtirão os efeitos pretendidos. Devemos dimensionar os problemas sociais, econômicos e políticos levando em conside- ração à crise ambiental. Como também apro- priar-se do exercício da educação ambiental para balizar a reconstrução de valores, cons- cientização e trabalho da coletividade para melhorar qualidade de vida de todos, em que visa a Lei 9795/99: Art. 1º - (...) processos por meio dos quais o indi- víduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e compe- tências voltadas para a conservação do meio am- biente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Figura 04 - http://povosecomunidadestradicionais.zip.net/arch2007-07- 01_2007-07-07.html capítulo 2 17 Com está análise fica claro, que temos a obri- gação de contemplar a educação ambiental em nossas ações diárias, na escola, na nossa vida pessoal, nos diversos níveis etários e so- ciais, no intuito de formar cidadãos conscien- tes, engajados e capazes de correlacionar fatos e criticar o mundo em que vivemos. fundamentais para ensiná-los a observar a paisa- gem. A observação permite explicações sem ne- cessidade de longos discursos. Além disso, estar diante do objeto é muito mais cativante e prazero- so no processo de aprendizagem (PCN, p 34 1998) Ao sair além dos muros da escola, ver o mun- do, o seu território com o olhar de sujeito so- cial, fazendo diagnose, refletindo, correlacio- nando, executando conexões a partir daquilo que está efetivamente observando. A educação vem neste contexto, refletir, trazer os questionamentos, fazer com que o enten- dimento do espaço-tempo, em que estão in- seridos os educandos, é o mesmo que vimos de longe, sem querer nos envolver com os problemas existentes, os quais são problemas ambientais de todos e, portanto devemos no coletivo buscar soluções possíveis. rEsumO O texto apresenta uma reflexão sobre a temá- tica ambiental, localizando no tempo-espaço, relacionados com o campo educacional espe- cificamente com as disciplinas de ciências e geografia, mas sempre deixando claro que a interdisciplinaridade não se faz unilateralmen- te, mas sim com envolvimento de todos os su- jeitos, de todas as disciplinas. Ao trazer questões ambientais atuais, deixa claro que o fazer pedagógico tem que partir de projetos contextualizados, envolvimento do coletivo de educadores, da gestão escolar e re- ferendados pela comunidade escolar. A prática do ensino de ciências e geografia é apresentada no texto sob o enfoque a pers- pectiva globalizante, contextualizada com a realidade, e balizada por questões ambientais. Contribuindo, assim para a construção do su- jeito critico e conhecedor do seu ambiente, possibilitando que a sala de aula seja um am- biente de aprendizagem inovadora. Confirma-se a urgência de uma prática educa- cional com caráter interdisciplinar, asseguran- do que a questão ambiental será discutida em todas as disciplinas, com suas especificidades, de maneira transversal e associada aos conte- údos propostos. E neste cenário o ensino de geografia vem como peça importante nas conexões do espa- ço, dos problemas com as possíveis soluções que possam ser trabalhadas a educação am- biental com o público em geral, envolvendo todas as idades e todos os níveis da educação formal. Trazendo no seu bojo as premissas es- tabelecidas pelo Ministério da educação, des- tacando o processo dinâmico, transformador, participativo, abrangente, globalizante, per- manentes e contextualizador considerando o local e o global. Portanto, a geografia vem no intuito de dialo- gar com outras disciplinas e contextualizando com as questões ambientais, sempre com o enfoque amplo, participativo, reflexivo, apre- sentando possíveis articulações com as demais disciplinas, frente aos debates ambientais e com percepção sobre o mundo que nos en- contramos. É relevante lembrar que grande parte da compre- ensão da Geografia passa pelo olhar. Saídas com os alunos em excursões ou passeios didáticos são Figura 05 - http://olharsobreaterra.spaceblog.com.br/119908/ Educacao-Ambiental/ capítulo 218 rEfErÊnCIAs FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda e J.E.M.M, Editores, Ltda. São Paulo, 2001 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas trans- versais. Brasília: MEC/SEF, 1998. LEFF, E. Ciências Sociales y Formación Ambien- tal. Gedisa. Espanha, 1996. UNESCO. Conferência Intergovernamental so- bre Educação ambiental. Tbilisi (URSS). Infor- me Final, 1978. ODUM, E. Fundamentos de ecologia. Lisboa, Portugal: Fundação Calouste-Gulbenkian, 1959. BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:1997. BRUNDTLAND, G. H. Our Common future. The World Commission on Enviroment and Develop- ment. Oxford University Press, 1987. FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinariedade: um pro- jeto em parceria. São Paulo: Edições Loyola – Co- leção Educar nº 13, 1995. qUINTAS, J. S. Seminário sobre a formação da Educação para atuar na gestão ambiental. Anais, 2003. MEDINA, N. Educação ambiental: Uma nova perspectiva. Série Cadernos, 2002. 1. Como a prática interdisciplinar poderá con- tribuir nas aulas de ciências e geografia? 2. Devemos desenvolver a prática da educa- ção ambiental voltada somente às ques- tões relacionadas aos componentes natu- rais? Explique. saiba mais: Atividades:
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