Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NARA NUNES FONSECA 1 ENXERTO DE SEIO MAXILAR A região súpero-posterior desdentada apresenta muitas condições únicas e desafiadoras em implantodontia. Métodos cirúrgicos mais notáveis incluem enxertos de seio para aumentar a altura de osso disponível, enxerto aposicional em bloco (onlay) para aumentar a largura de osso e abordagens cirúrgicas modificadas para instalar implantes em áreas com densidade óssea mais pobre. A enxertia do seio do maxilar, para superar o problema da redução de osso vertical disponível, tornou-se um procedimento muito popular e previsível durante as últimas décadas. Em 1983, Misch observou que a região intraoral mais previsível para ganho de altura óssea é o assoalho do seio do maxilar, uma vez que a mucosa do seio tenha sido elevada. Esta afirmação ainda é verdadeira até hoje. ➢ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA POSTERIOR A maxila tem uma lâmina cortical mais fina na vestibular, se comparada com qualquer outra região da mandíbula. Além disso, o osso trabecular na maxila posterior é mais delicado do que em outras regiões. A perda de dentes súpero-posteriores resulta em uma diminuição inicial da largura óssea à custa da lâmina óssea vestibular. A largura da maxila posterior diminui a uma taxa mais rápida que em qualquer outra região dos maxilares. O fenômeno de reabsorção é acelerado pela perda de vascularização do osso alveolar e a existência de um osso trabecular delicado. Porém, devido ao rebordo residual inicial ser tão largo na região posterior da maxila, até mesmo com uma diminuição de 60% na largura do rebordo, implantes com forma radicular de diâmetro adequado normalmente podem ser instalados. A maxila posterior continua remodelando-se progressivamente para a linha média enquanto o processo de reabsorção do osso continua. Isto resulta nas cúspides vestibulares da restauração final geralmente estando vestibularizadas e desapoiadas para satisfazer às necessidades estéticas às custas da biomecânica em rebordos atróficos de moderados a severos. ➢ CONTRAINDICAÇÕES DENTÁRIAS PARA TRATAMENTO COM IMPLANTES DA MAXILAR POSTERIOR: Condições intraorais anormais podem comprometer o resultado final do procedimento de enxerto de seio e/ou a taxa de sobrevida de implantes dentais instalados nos seios enxertados. Essas contraindicações são semelhantes àquelas informadas para tratamento de implante padrão de pacientes desdentados e podem ser resumidas como se segue: • Higiene oral inadequada; • Doença periodontal não tratada da dentição remanescente; • Má oclusão severa; • Bruxismo severo com perda da guia incisal; • Infecção ativa. ➢ DESENVOLVIMENTO DO SEIO MAXILAR: A anatomia dos seios maxilares foi ilustrada e descrita primeiramente por Leonardo da Vinci em 1489, e posteriormente documentada pelo anatomista inglês Nathaniel Highmore, em 1651.45 O seio maxilar (ou antro de Highmore) fica dentro do corpo do osso maxilar e é o maior dos seios paranasais, como também o primeiro a se desenvolver: Os seios maxilares (1) são os maiores de todos os seios paranasais, seguidos pelos seios frontais (2), etmoidais (3) e esfenoidais (4). NARA NUNES FONSECA 2 Durante o primeiro ano da criança, o seio maxilar se expande lateralmente abaixo do canal infraorbitário, que é protegido por um rebordo ósseo fino. O antro cresce apicalmente, e progressivamente substitui o espaço anteriormente ocupado pela dentição em desenvolvimento. O crescimento em altura é mais bem refletido pela posição relativa do assoalho do seio. Aos 12 anos de idade, a pneumatização se estende ao plano da parede orbital lateral e o assoalho do seio está nivelado com a base do nariz. O desenvolvimento principal do antro acontece quando a dentição permanente erupciona e a pneumatização se estende ao longo do corpo da maxila e do processo maxilar do osso zigomático. A extensão em direção ao processo alveolar abaixa o assoalho do seio em aproximadamente 5 mm. A expansão de seio, ântero-posteriormente, corresponde ao crescimento da face média e só é completada com a erupção dos terceiros molares permanentes, quando a pessoa jovem tiver aproximadamente entre 16 e 18 anos de idade. Surtos de crescimento: 0-3 anos 7-13 anos No adulto, o seio se parece com uma pirâmide de cinco paredes ósseas finas. A base desta pirâmide relaciona-se com a parede nasal lateral, e frequentemente mede 33 × 33 mm; seu ápice estende-se aproximadamente 23 mm para o osso zigomático. O seio maxilar de um adulto dentado tem um volume médio de 15 mL, embora possa variar de 9,5 a 20 Ml. O assoalho da cavidade do seio maxilar é reforçado por um septo ósseo ou membranoso unindo oblíqua ou transversalmente as paredes medial e/ou lateral com teias de reforço. Dimensões: Larg: 25-35mm Alt: 36-45mm Comp: 38-45mm Vol: 12-15 cm³ Embora os seios maxilares de um adulto mantenham seu tamanho médio enquanto os dentes estão presentes, um fenômeno de rápida expansão dos seios maxilares ocorre com a perda dos dentes posteriores. Na realidade, até mesmo com a perda de um único molar, o seio se expande entre as raízes dos dentes adjacentes. Na maxila desdentada, o antro se expande em dimensões inferiores e laterais e pode invadir a região de eminência canina e seguir até a borda lateral piriforme do nariz. Isto resulta em uma falta de osso disponível na maxila posterior e em uma altura extremamente diminuída, tanto pela expansão do seio quanto pela reabsorção da crista. Frequentemente, menos de 10 mm permanece entre a crista do rebordo alveolar e o assoalho do seio maxilar na maxila desdentada posterior. Esta dimensão limitada é gerada pela combinação do problema de osso de qualidade reduzida e da posição posterior medial resultante do rebordo após a reabsorção de largura óssea. Como resultado, são relatados comprometimentos de prognóstico a longo prazo dos muitos sistemas de implantes endósseos. OBS: Apesar dos surtos de crescimento, o seio maxilar continua crescendo durante toda a vida, pois, durante a inspiração o ar circula dentro do seio e o expande, como o osso é passível de remodelagem na presença de um estímulo. OBS: O óstio de abertura do seio maxilar é localizado em sua parte mais alta, além disso as raízes dentárias se encontram bem próximas do seu assoalho NARA NUNES FONSECA 3 OBS: Na ausência das raízes dentárias vai ocorrer uma pneumatização do seio maxilar, pois o equilíbrio de forças que existia com a presença da raiz não existirá mais, assim, a pressão que ocorre com a entrada do ar durante a respiração irá estimular a reabsorção óssea do assoalho. OBS: Na região posterior da maxila, quando ocorre uma perda dentária, há dois tipos de reabsorção do processo alveolar: 1. Reabsorção centrífuga (de cima para baixo) -> pneumatização do seio; 2. Reabsorção centrípeta (de fora para dentro) -> perda de altura do rebordo devido a reabsorção causada pela ausência dentária. Portanto, a perda óssea na região posterior da maxila se torna muita mais rápida do que em qualquer outra região da maxila e da mandíbula, devido a esta pneumatização do seio maxilar agregada a reabsorção centrípeta “normal”. ➢ ANATOMIA DO SEIO MAXILAR: Enxertos de seio maxilar se tornaram um procedimento previsível antes ou em conjunto com instalação de implante. Porém, infecções do seio maxilar são comuns e não só podem causar perda do implante, mas também podem ser potencialmente letais ao paciente. Como resultado, o dentista deve ser cuidadoso tanto na anatomia macroscópica e microscópica, como também nas condições patológicas que podem acontecer antes ou após o procedimento de enxerto do seio. Seis paredes ósseas que contêm muitas estruturas que exigem atenção durante a cirurgiade enxerto de seio circundam o seio maxilar. O conhecimento destas estruturas é crucial para avaliação pré-operatória e complicações pós-cirúrgicas. Parede Anterior: Consiste em um fino e compacto osso estendendo-se desde a borda orbital até bem acima do ápice do canino. Com a perda do dente canino, a parede anterior do antro pode aproximar-se da crista do rebordo residual. Dentro da parede anterior e aproximadamente a 6 a 7 mm abaixo da borda orbital, com variações anatômicas que vão até 14 mm desta borda, está o forame infraorbtial. O nervo infraorbitário corre ao longo do teto do seio e sai pelo forame. Os nervos e vasos sanguíneos infraorbitais estão diretamente sobre a parede superior do interior e dentro da mucosa de seio. Sensibilidade ao pressionar sobre do forame infraorbital ou vermelhidão da pele sobrejacente pode indicar inflamação da membrana do seio por infecção ou trauma. Parede Superior: A parede superior do seio maxilar é compartilhada com o fino assoalho orbital. O assoalho orbital se inclina inferiormente em uma direção médio-lateral e é convexo na cavidade do seio. Uma crista óssea normalmente está presente nesta parede que abriga o canal infraorbitário, o qual contém o nervo infraorbitário e vasos sanguíneos associados. Parede Posterior: Corresponde à região pterigomaxilar que separa o antro da fossa infratemporal. A parede posterior normalmente tem várias estruturas vitais na região da fossa pterigomaxilar, incluindo a artéria maxilar interna, plexo pterigoideo, gânglio esfenopalatino e nervo palatino maior. A parede posterior sempre deve ser identificada na radiografia. Quando a ausência de uma parede posterior for observada, há uma suspeita de condição patológica (inclusive neoplasma). Deve ser notado que implantes pterigoideos instalados através da parede posterior do seio e dentro desta região podem aproximar-se de estruturas vitais, inclusive da artéria maxilar. Portanto, uma técnica cirúrgica cega para instalar um implante pterigoideo através da parede posterior pode aumentar o risco cirúrgico NARA NUNES FONSECA 4 Parede Medial: A parede medial do antro coincide com a parede lateral da cavidade nasal e é a mais complexa das várias paredes do seio. Na porção nasal, o compartimento inferior da parede medial corresponde ao meato inferior e ao assoalho da fossa nasal; a porção superior corresponde ao meato médio. A parede medial é vertical e lisa no lado antral. Localizado na porção superior da parede medial está o óstio primário ou maxilar. Esta estrutura é a abertura principal pela qual o seio maxilar escoa suas secreções pelo infundíbulo do etmoide através do hiato semilunar no meato médio da cavidade nasal. A média do diâmetro do óstio é 2,4 mm no indivíduo saudável; porém, condições patológicas podem fazê-la variar de 1 a 17 mm. Óstios menores, acessórios e secundários podem estar presentes e normalmente ficam situados no meato médio posterior ao óstio principal. Estes óstios adicionais normalmente são resultado de uma inflamação do seio crônica e colapso da membrana mucosa. Parede Lateral: A parede lateral do seio maxilar forma a maxila posterior e o processo zigomático. Esta parede geralmente varia em espessura de vários milímetros em um paciente com dentes para menos de 1 mm em um paciente desdentado. A parede lateral guarda uma anastomose endóssea da artéria alveolar póstero- superior e da artéria infraorbitária. O procedimento de enxerto no seio com abordagem de Tatum da parede lateral utiliza esta área para acesso ao seio maxilar. Parede Inferior: A parede inferior ou assoalho do seio maxilar está em relação íntima com os ápices dos molares e pré-molares superiores. Os dentes normalmente estão separados pela mucosa do seio e por uma camada fina de osso; porém, ocasionalmente, os dentes podem perfurar o assoalho do seio e entrar em contato direto com a membrana do seio. Estudos mostraram que o primeiro molar tem a raiz dentária deiscente mais comum, ocorrendo em cerca 2,2% dos casos, aproximadamente. Em pacientes dentados, o assoalho está aproximadamente ao nível do assoalho nasal. Em pacientes desdentados na região súpero-posterior, o assoalho do seio está frequentemente 1 cm abaixo do nível do assoalho nasal. Um septo ósseo completo ou incompleto pode existir no assoalho em um plano vertical ou horizontal. Quase 30% dos maxilares dentados têm septos, com três quartos ocorrendo na região de pré-molar. Septos completos que separam o seio em compartimentos são muito raros, ocorrendo em apenas 1% a 2,5% dos seios maxilares. MEMBRANA DO SEIO MAXILAR = MEMBRANA DE SCHNEIDER ✓ ESPESSURA MÉDIA: 0,2-1,5mm ✓ ESPESSURA DA PAREDE LATERAL DO SEIO (óssea): 1,1-1,89mm Uma imagem de TC de seios paranasais saudáveis e normais revela um seio maxilar completamente radiotransparente (escuro). Qualquer área radiopaca (clara) dentro da cavidade de seio é anormal, e uma condição patológica é suspeitada. A membrana de seio normal é radiograficamente invisível, ao passo que qualquer inflamação ou complicação desta estrutura será radiopaca. A densidade do tecido doente ou do acúmulo de fluido será proporcional aos graus variados de tons de cinza. PERFURAÇÃO DA MEMBRANA DE SCHNEIDER ✓ MÉDIA: 17,28 A 58% ✓ CAUSAS DE ORIGEM ANATÔMICA: 1. Angulação de paredes internas (quanto mais agudo for o ângulo mais difícil será descolar a membrana sem rompê-la); NARA NUNES FONSECA 5 2. Septos sinusais (prevalência de 13 a 35%); 3. Rugosidades no assoalho do seio; 4. Espessura da membrana sinusal; CLASSIFICAÇÃO DE JENSEN (Corresponde a altura óssea alveolar remanescente) ✓ CLASSE A: ≥ 10mm/ Implantes curtos/ Summers- para ganho de altura óssea/ Fixação implantes ✓ CLASSE B: 7 a 9mm/ Implantes curtos/ Summers/ Fixação de implantes/ pode requerer janela lateral ✓ CLASSE C: 4 a 6mm/ Janela lateral/ inserção implantes ✓ CLASSE D: 1 a 3mm/ Janela lateral sem instalação simultânea de implantes ACESSO AO SEIO MAXILAR A fossa canina é o local de acesso cirúrgico para o seio maxilar quando a intensão é explorá-lo, quando for fazer uma cirurgia de levantamento de seio, a região a ser trabalhada vai variar de acordo com a área que se deseja ganhar altura. ELEVAÇÃO DO SEIO MAXILAR Extensão da janela: área de trabalho x visualização x suprimento sanguíneo ➢ TIPOS DE ENXERTO ✓ ORIGEM HUMANA: 1. Autógeno: do próprio paciente (pode ser retirado da crista ilíaca, mandíbula, mento); requer um segundo sítio cirúrgico 2. Alógeno: de outra pessoa (banco de ossos); possibilidade de infecção cruzada ✓ ORIGEM ANIMAL: 1. Xenógenos: de origem bovina 2. Aloplásticos: sintéticos Além dos determinantes necessários para realizar um enxerto ósseo previsível, existem materiais necessários para aumentar o local. Os materiais de enxerto ósseo e seus mecanismos de ação não são os mesmos. Os materiais usados na implantodontia para auxiliar o enxerto ósseo incluem: (1) colágeno, (2) DFDB humano, (3) enxerto alógeno humano congelado e seco (FDB), (4) osso xenógeno e (5) osso autógeno COLÁGENO: A fonte mais comum de colágeno na implantodontia é o colágeno bovino do tendão de Aquiles. Uma outra fonte de colágeno tipo I é o DFDB, que pode fornecer o espaço necessário para o crescimento de vaso sanguíneo no enxerto e pode contribuir para o processo de formação óssea. Entretanto, o DFDB sozinho não provou ser um material de enxerto efetivo e deve ser combinado com outras categorias de materiais de enxerto ósseo. O colágeno também é uma parte integral dos tecidos moles com propriedades quimiotáticas e hemostáticas. Ele pode se ligar a e ativar plaquetas e formar um tampão plaquetário dentro do vaso. Ele também pode agir como uma armaçãopara as células migratórias do epitélio. Na indicação da regeneração óssea, o colágeno pode ser usado no nível de tecido mole para acelerar a cicatrização no sítio de exodontia ou para promover a coagulação do sangramento do sítio cirúrgico. NARA NUNES FONSECA 6 Nas últimas décadas, várias membranas de colágeno foram introduzidas para a regeneração óssea guiada. Membranas de colágeno tipo I bovino processado (de tendões e derme) têm produzido resultados favoráveis para diminuir invasão das células epiteliais ou fibroblastos dentro da região do enxerto. As taxas de reabsorção das membranas de colágeno são variáveis, com médias de poucos meses a 1 ano, e é esperado que elas sejam mantidas por todo o ciclo da regeneração óssea. ENXERTO AUTÓGENO: Um determinante importante para a previsibilidade do enxerto ósseo é a presença de osso autógeno como um componente do enxerto. O osso autógeno é o único material de enxerto que forma osso a partir de células transplantadas do osso esponjoso. O enxerto autógeno também contribui para o crescimento do osso com vários fatores de crescimento (p. ex., BMPs) que são liberados dentro do ambiente durante a incorporação do enxerto e formam osso por meio de indução. O enxerto autógeno, que se torna um osso não-viável, age como uma matriz osteoindutora de fosfato de cálcio para crescimento do osso por substituição. A osteogênese refere-se ao crescimento de osso a partir de células viáveis transferidas para dentro do enxerto. O osso autógeno é o único material de enxerto disponível com propriedades osteogênicas. Existem mais osteoblastos no osso esponjoso do que no osso cortical. Novo osso pode ser regenerado a partir de osteoblastos endosteais e células-tronco da medula óssea transferidos com o enxerto. Isso não significa que o osso cortical não é um material de enxerto efetivo. Na verdade, o autor observou que os enxertos de osso cortical de ramo e sínfise mandibulares e os enxertos de osso cortical de crista ilíaca formam mais volume de osso do que enxertos de osso esponjoso a partir dessas regiões. Aparentemente, o osso cortical, embora menos rico em osteoblastos, tem grandes propriedades osteocondutoras e fatores de crescimento ósseo. O mecanismo de crescimento ósseo no interior dos enxertos ósseos autógenos inclui três fases. Algumas células osteoblásticas transplantadas sobrevivem nos primeiros 3 a 4 dias através da nutrição pelo tecido vascular circundante. Os osteoblastos e células-tronco na superfície do enxerto ósseo esponjoso ou cortical que sobrevivem ao processo de transplante são responsáveis pela proliferação e formação de novo produto osteoide. Esse processo osteogênico, conhecido como osso da fase I, está relacionado ao número de células transplantadas e inicialmente dita a quantidade de novo osso que será formado diretamente a partir da dimensão original. A maior parte dos osteócitos dentro do osso cortical mineralizado morre porque eles não conseguem acessar diretamente os nutrientes. Os vasos sanguíneos podem crescer para dentro do enxerto com quase a mesma velocidade do que o tecido fibroso, cerca de 1 mm por dia. O sucesso do enxerto, portanto, depende da vascularização inicial. O osso autógeno esponjoso fresco que propicia a sobrevivência do osso e células indiferenciadas transplantados nos grandes enxertos geralmente é removido do osso ilíaco. Entretanto, apenas os osteoblastos a 300 mícrons do suprimento sanguíneo nas primeiras 1 a 2 semanas irão sobreviver, ao passo que todos os outros morrem antes de a nutrição adequada poder alcançá-los por difusão. Como os vasos sanguíneos podem crescer 1 mm por dia, somente os enxertos autógenos menores do que 7 a 10 mm de espessura irão sobreviver ao transplante. ENXERTO ALÓGENO: O osso alógeno é um tecido ósseo transplantado a partir da mesma espécie receptora, mas de genótipo diferente. Portanto, ao se realizar enxertos em humanos, o osso de cadáver deve ser usado. A principal vantagem dos alógenos é que eles eliminam a necessidade de região doadora. Além disso, a sua disponibilidade ilimitada permite seu uso em grandes quantidades, se necessário. Entretanto, enxertos maiores frequentemente NARA NUNES FONSECA 7 necessitam de outro material para tornar o aumento ósseo previsível. Materiais osteoindutores contribuem mais para a formação de osso durante o processo de remodelação. O tecido é processado e depois estocado em vários formatos e tamanhos em bancos de osso, para uso futuro. Existem três tipos principais de osso alógenos: congelado, congelado e seco, e desmineralizado, congelado e seco. Ele também pode ser irradiado para diminuir a resposta imune quando usado em um receptor diferente. Osso alógeno congelado é raramente usado em implantodontia por causa dos riscos de rejeição e transmissão de doença. Ele tem sido usado em análises biomecânicas para determinar as propriedades físicas do osso encontrado nos maxilares. ENXERTO XENÓGENO: Os enxertos xenógenos são fabricados a partir da porção inorgânica do osso de outros animais e também são osteocondutores. O enxerto de osso xenógeno é descrito como um bom banco de material, desde que ele seja completamente desproteinado e colocado sobre osso esponjoso ou usado com medula óssea vermelha autógena. Ele também pode ser usado para aumentar tecido mole. Os criadores dos enxertos xenógenos acreditam que o osso inorgânico do animal se assemelha ao osso mineral humano natural. ENXERTO ALOPLÁSTICO: Materiais aloplásticos são produtos exclusivamente sintéticos e biocompatíveis desenvolvidos para cobrir uma ampla variedade de indicações. Eles existem em uma grande variedade de texturas, tamanhos de partículas e formas (Tabela 36-2). Eles podem ser separados em cerâmicos, polímeros e compósitos. Os materiais usados com mais frequência são cerâmicos, que podem ser caracterizados como bioinertes (p. ex., óxido de alumínio e óxido de titânio) ou bioativos (p. ex., fosfato de cálcio). As cerâmicas bioinertes exibem adesão direta ao osso do hospedeiro (a nível microscópico) e são mecanicamente mantidas em contato com o osso. A cicatrização do osso ao redor de um implante osseointegrado bioinerte é um processo de osteocondução, que segue as fases típicas de remodelação na interface implante-osso. As cerâmicas bioativas são a maior família de materiais aloplásticos usados para enxerto ósseo e incluem produtos de fosfato de cálcio, tais como uma HA sintética e matriz óssea inorgânica bovina, fosfatos tricálcicos e carbonatos de cálcio. Os materiais de fosfato de cálcio exibem uma completa falta de toxicidade. A capacidade deles de agirem como substrato para o crescimento ósseo os torna um material popular com propriedades osteocondutoras, mas eles não são osteogênicos ou osteoindutores. MEMBRANAS NATURAIS: A presença de uma parede cortical espessa no enxerto pode agir de modo similar à membrana na regeneração óssea guiada e prevenir a infiltração de epitélio e tecido conjuntivo para dentro da região enxertada. Misch denominou essa de fase IV de enxerto ósseo, a qual permite que, com o bloqueio cortical, sejam obtidos grandes volumes de osso, mesmo quando a superfície do bloco tem tecido mole cobrindo a região. O osso autógeno ainda é o padrão-ouro entre os materiais de enxerto porque ele pode formar osso por todos os quatro mecanismos (osteogênese, osteoindução, osteocondução e membrana) e, com frequência, está prontamente disponível. NARA NUNES FONSECA 8 ➢ ENXERTO DO SEIO MAXILAR (TÉCNICA DA JANELA LATERAL) • Procedimento indicado quando se tem menos de 5 mm de osso alveolar entre o assoalho do seio e a crista. Temcomo finalidade um ganho irrestrito de altura de osso; • Elaborar plano de tratamento após exame completo do paciente e do local a ser operado. Avaliar detalhadamente a TC do seio a ser operado. O seio deve ser avaliado quanto a patologias e septos; • Prescrever medicação: antibiótico, anti-inflamatório, analgésico e bochechos com antisséptico oral; • Administrar anestesia (apenas local ou local com sedação intravenosa); • Fazer incisão horizontal ligeiramente deslocada para o lado palatino. Fazer duas incisões verticais localizadas a 15 mm mesial e distalmente da borda da janela planejada. Rebater um retalho total expondo toda a porção vestibular do seio maxilar, permitindo uma base bem ampla do retalho; • Delimitar os bordos da janela com broca esférica no 6, a janela deve ter 15 mm de altura e 20 mm de comprimento. O bordo inferior da janela deve estar 2 a 3 mm acima do assoalho do seio. Uma vez delimitada a janela, aumentar a profundidade da osteotomia com broca esférica de tungstênio, até perceber coloração azulada do seio. Trocar a broca de osteotomia por broca esférica diamantada nos 6 a 8 e completar a osteotomia. Isso é extremamente importante para evitar a perfuração da mucosa do seio; • Promover a elevação da membrana do seio. Iniciar a elevação pelo assoalho em direção medial, depois para mesial, distal e oclusal. Antes de promover a elevação, remover a janela óssea ou deslocá-la para dentro do seio, para servir como novo assoalho do seio; • Verificar a integridade da membrana do seio por meio de exame clínico e da manobra de Valsalva; • Colocar o material de enxerto ósseo – autógeno, alógeno ou xenógeno –, compactando com leve pressão e ocupando todo o espaço levantado. ➢ ENXERTO DO SEIO MAXILAR E INSTALAÇÃO CONCOMITANTE DE IMPLANTE • Antes de colocar o enxerto dentro do seio e após verificar a integridade da membrana sinusal, fazer as osteotomias para a instalação de implantes; • Fazer as osteotomias progressivas com velocidade de 400 a 700 rpm, a profundidade da perfuração não se dá pelo tamanho do implante e sim pela perfuração do assoalho do seio. O tamanho da profundidade é a extensão do osso remanescente; • Começar instalação do implante em baixa velocidade (50 rpm) sem irrigação, com torque de inserção no motor de apenas 30 Ncm2, até o limite do assoalho do seio. Quando a ponta do implante começar a penetrar o seio, colocar o material de enxerto na parte mais profunda da janela e acabar a instalação do implante até a sua posição final, procurando obter boa estabilidade (20 a 30 Ncm2); • Preencher toda a janela do seio com enxerto, cobrindo todo o corpo do implante; • Colocar membrana reabsorvível de colágeno sobre a janela óssea; • Suturar o retalho sem tensão, promovendo, se necessário, liberação do periósteo; • Fazer radiografia periapical para verificar a extensão do aumento conseguido dentro do seio maxilar; • Instruir o paciente acerca das medidas relacionadas com higiene, dieta, medicação e fonação. Instruí-lo a evitar o máximo possível a movimentação dos lábios na fonação; • Em caso de provisório, fazê-lo dentossuportado, preferir pôntico com formato ovoide, sem exercer qualquer pressão sobre o retalho; • Marcar próxima consulta após 7 dias, para avaliação e remoção de suturas. NARA NUNES FONSECA 9 REFERÊNCIAS 1- Misch, C. Implantes dentais contemporâneos. Elsevier Brasil, 2011. 2- GUIMARÃES, M. Checklist em implantodontia diagnóstico, planejamento, cirurgia, prótese e complicações. Editora Guanabara, 2015.
Compartilhar