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Processo Civil

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Maria Teresa de Souza Barboza
Colaboradora: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante 
Teoria Geral do Processo
Professora conteudista: Maria Teresa de Souza Barboza
Doutora (2015) e mestre (1995) em Direito do Trabalho e Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC-SP) e graduada em Direito pela Universidade Mackenzie (1987).
Professora titular da Universidade Paulista (UNIP) dos cursos de graduação em Direito e pós-graduação em 
Direito do Trabalho, Processo Civil e Direito Previdenciário, e do curso de gestão de Serviços Jurídicos, Notariais e de 
Registro, de Ensino Presencial e a Distância (EaD). Atua como advogada e consultora jurídica em direito do trabalho, 
mediadora e conciliadora.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B239t Barboza, Maria Teresa de Souza.
Teoria Geral do Processo / Maria Teresa de Souza Barboza. – São 
Paulo: Editora Sol, 2021.
140 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
CDU 347.8
U511 – 07
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
Sumário
Teoria Geral do Processo
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS ................................................................................... 11
1.1 Sociedade e direito .............................................................................................................................. 11
1.2 Conflitos e sistema de solução de conflitos .............................................................................. 13
1.2.1 Autotutela (ou autodefesa) ................................................................................................................ 15
1.2.2 Autocomposição ..................................................................................................................................... 17
1.2.3 Heterocomposição .................................................................................................................................. 22
1.2.4 Meios extrajudiciais de composição de conflitos ...................................................................... 26
1.2.5 Função estatal pacificadora (jurisdição) ........................................................................................ 27
2 DIREITO PROCESSUAL ................................................................................................................................... 28
2.1 Direito Processual: noções gerais e teoria geral do processo ............................................ 28
2.2 Direito Processual: conceito, autonomia, natureza jurídica e denominação .............. 30
2.3 Direito Processual: divisão ................................................................................................................ 32
2.4 Direito Processual: relações com outras disciplinas jurídicas ............................................ 34
2.5 Direito Processual: objetivo e a legislação ................................................................................. 36
2.6 Evolução histórica do direito processual brasileiro ................................................................ 37
3 FONTES E INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL .................................................................... 38
3.1 Norma Processual ................................................................................................................................ 38
3.2 Fontes da Norma Processual ........................................................................................................... 41
3.3 Interpretação da norma processual .............................................................................................. 43
3.3.1 Métodos de Interpretação das normas processuais ................................................................. 44
3.3.2 Integração das normas processuais ................................................................................................ 46
4 EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO .................................................... 47
4.1 Eficácia da norma processual no espaço .................................................................................... 47
4.2 Eficácia da norma processual no tempo ..................................................................................... 48
4.2.1 Lei processual nova e processo em andamento ......................................................................... 49
4.2.2 Lei processual nova e a modificação ou extinção de competência ................................... 51
Unidade II
5 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL .................................................................................. 55
5.1 Tutela Constitucional do Processo ................................................................................................ 55
5.2 Princípios Constitucionais do Direito Processual .................................................................... 58
5.2.1 Princípio do acesso à Justiça ou da inafastabilidade do controle jurisdicional ............ 58
5.2.2 Princípio do juiz natural ....................................................................................................................... 59
5.2.3 Princípio do devido processo legal ou due processo of law ................................................. 61
5.2.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa............................................................................. 62
5.2.5 Princípio da igualdade .......................................................................................................................... 65
5.2.6 Princípio da imparcialidade do juiz ................................................................................................. 66
5.2.7 Princípio da vedação da prova ilícita no processo .................................................................... 68
5.2.8 Princípio da presunção de inocência .............................................................................................. 69
5.2.9 Princípio do duplo grau de jurisdição ............................................................................................ 69
5.2.10 Princípio da publicidade .................................................................................................................... 71
5.2.11 Princípio da motivação das decisões judiciais ou fundamentação das decisões .............72
5.2.12 Princípio da celeridade processual ou da duração razoável do processo ..................... 73
5.3 Princípios informativos do procedimento ..................................................................................74
5.3.1 Princípio da inércia da jurisdição e o impulso oficial .............................................................. 74
5.3.2 Princípio da disponibilidade e da indisponibilidade ................................................................. 75
5.3.3 Princípio da oralidade ........................................................................................................................... 76
5.3.4 Princípio da persuasão racional do juiz ou do livre convencimento do juiz .................. 78
5.3.5 Princípio dos meios alternativos de composição de litígios: arbitragem, 
conciliação e mediação ................................................................................................................................... 78
5.3.6 Princípio da boa-fé e da lealdade processual ............................................................................. 79
5.3.7 Princípio da cooperação ou da colaboração................................................................................ 80
5.3.8 Princípio da economia e da instrumentalidade das formas ................................................. 81
5.3.9 Princípio dispositivo e princípio da livre investigação das provas – 
verdade formal e verdade real ...................................................................................................................... 81
5.3.10 Princípio inquisitivo ............................................................................................................................. 82
5.3.11 Princípio da eventualidade ou da preclusão ............................................................................. 82
6 JURISDIÇÃO ....................................................................................................................................................... 83
6.1 Jurisdição: conceito e objetivos do Estado ao exercer a jurisdição ................................. 84
6.2 Características da jurisdição ............................................................................................................ 86
6.3 Princípios fundamentais da jurisdição ........................................................................................ 88
6.4 Espécies de jurisdição ......................................................................................................................... 90
6.5 Limites da jurisdição ........................................................................................................................... 93
6.5.1 Limites internacionais ........................................................................................................................... 94
6.5.2 Limites internos ....................................................................................................................................... 95
Unidade III
7 AÇÃO .................................................................................................................................................................... 99
7.1 Ação: generalidades, conceito e natureza jurídica ................................................................. 99
7.2 Condições da ação .............................................................................................................................101
7.2.1 Interesse de agir ....................................................................................................................................102
7.2.2 Legitimidade ...........................................................................................................................................103
7.3 Carência da ação ................................................................................................................................104
7.4 Elementos da ação .............................................................................................................................104
7.4.1 Partes .........................................................................................................................................................106
7.4.2 Pedido ........................................................................................................................................................106
7.4.3 Causa de pedir........................................................................................................................................108
7.5 Classificação das ações ....................................................................................................................109
8 COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................110
8.1 Competência: conceito e critério determinativos ................................................................110
8.2 Classificação da competência .......................................................................................................111
8.3 Critérios determinativos da competência ................................................................................113
8.3.1 Critério objetivo .....................................................................................................................................113
8.3.2 Critério territorial ..................................................................................................................................114
8.3.3 Critério funcional ..................................................................................................................................115
8.4 Cooperação internacional ...............................................................................................................115
8.5 Cooperação nacional ........................................................................................................................117
8.6 Competência interna ........................................................................................................................118
8.6.1 Classificação da competência ..........................................................................................................119
8.7 Competência absoluta e relativa .................................................................................................124
8.8 Modificação da competência ........................................................................................................125
8.9 Prevenção ..............................................................................................................................................126
8.10 Declaração de incompetência .....................................................................................................127
8.11 Conflito de competência ...............................................................................................................127
8.12 Competência de foro ......................................................................................................................128
8.12.1 Quadro esquematizado da competência de foro ................................................................. 132
9
APRESENTAÇÃO
A presente disciplina tem por objetivo o estudo e o conhecimento dos meios de solução de conflitos 
sociais – autocomposição, heterocomposição e meios extrajudiciais –, assim como a promoção 
da compreensão e da importância do direito processual e de seus institutos fundamentais, como a 
ciência do direito.
O estudo inicial do direito processual proporcionará o domínio de conceitos e de terminologia jurídica, 
argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais envolvidos, necessários 
para o estudo de outras disciplinas que tomam como base o direito processual.
A disciplina promoverá o desenvolvimento das competências e habilidades civis relativas ao estudo 
das fontes do direito processual, assim como a interpretação e a eficácia da norma processual no tempo 
e no espaço.
No tocante aos objetivos específicos,serão estudados os princípios constitucionais do processo, como 
princípios normativos de suma importância, e os princípios informativos do procedimento, específicos 
do direito processual.
A jurisdição, como um dos meios de solução de conflitos sociais, será estudada no que se refere a seu 
conceito, os objetivos do Estado no exercício dessa função, as características, os princípios fundamentais, 
as espécies e os limites.
A disciplina possibilitará o estudo e a compreensão da ação, conceito e natureza jurídica, bem 
como as condições da ação, que na ausência de uma delas resultará na carência da ação. Será feita a 
classificação das ações.
Por fim, será estudada a competência para o ajuizamento da ação, conceito e critérios determinativos 
e cooperação internacional e nacional.
A base de estudo da disciplina compreende a Constituição Federal e as principais inovações e 
institutos recentemente incorporados ao nosso ordenamento jurídico pelo Código de Processo Civil de 
2015 e pela legislação atualizada.
Assim, a disciplina busca fornecer subsídios necessários para permitir ao aluno a construção do 
conhecimento a partir de aulas teóricas do curso, estudo da legislação e da jurisprudência, leitura do material 
didático e de livros doutrinários e análise de problemas e de casos práticos, visando torná-lo apto 
a enfrentar e solucionar as dificuldades apresentadas no campo do direito processual, bem como 
proporcionar uma formação crítica a atender às necessidades do mercado profissional na atualidade. 
Contará também com a resolução dos exercícios, textos complementares, participação do aluno em 
chats e fóruns e realização de projeto integrado multidisciplinar.
10
INTRODUÇÃO
O direito processual é a base de ramos, como penal, civil, do trabalho e outros.
Esta disciplina tem por objetivo proporcionar conhecimento teórico do direito processual e a 
capacidade de utilização de raciocínio jurídico adequado, de interpretação da lei diante de sua aplicação 
ao caso concreto e de argumentação técnico-jurídica.
A jurisdição é um dos mecanismos heterônomos de solução de conflitos de interesses, que se dá por 
meio do processo, o qual nada mais é do que um instrumento disciplinado pelo direito processual.
O direito processual é disciplina importante para a compreensão de várias outras originárias dela, 
razão pela qual estudaremos o conceito, sua autonomia, denominação, divisão e relação com outras 
disciplinas jurídicas e o seu objetivo.
Para a melhor compreensão e o aprofundamento da disciplina, caberá estudar as fontes, técnicas de 
interpretação das leis, e a eficácia e aplicação da norma processual.
Os princípios constitucionais e específicos do direito processual são importantes para o 
conhecimento, atuação e formação do raciocínio jurídico capaz de provocar adequadamente a jurisdição 
como uma das três principais funções do Estado.
A ação provoca o Poder Judiciário na solução de conflitos, e para tanto, convém estudarmos o 
conceito de ação, natureza jurídica, classificação das ações, condições da ação e carência da ação, 
visando ao seu desenvolvimento válido para fins da pacificação social.
Por fim, devemos estudar onde juizar a ação, sua competência e cooperação internacional e nacional.
A disciplina proporcionará o estudo e o conhecimento do direito processual, base para estudo e 
compreensão do direito processual civil, direito processual penal e direito processual do trabalho.
11
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Unidade I
1 MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS
1.1 Sociedade e direito
O ser humano possui uma vocação para viver em grupo da mesma espécie. O crescimento e o 
desenvolvimento desse grupo de seres humanos deu origem à sociedade.
A sociedade é uma necessidade natural do homem, a qual teve importância para a sobrevivência e 
a continuidade da raça humana.
Observando-se a sociedade como um agrupamento social, verifica-se que cada homem possui as 
suas necessidades, os seus interesses, os seus bens, a sua família e as suas pretensões, podendo resultar 
em conflitos sociais de interesses contrapostos.
No que concerne a necessidade, José Eduardo Carreira Alvim explica que “se o homem é um ser 
dependente, podemos concluir que a necessidade é uma relação de dependência do homem para com 
algum elemento”1.
Esse elemento necessidade do homem é o bem da vida, que compreende bens materiais e imateriais, 
e que são capazes de satisfazer as necessidades pela sua utilidade.
Considerando a utilidade, que é a aptidão de um bem para atender a uma necessidade, podemos 
citar como bens materiais o bem casa que tem como utilidade a moradia, a água para quem tem sede, 
o alimento para quem tem fome, transporte; e como bens imateriais citamos a paz, a liberdade, a 
honra e o amor.
O interesse é juízo que o homem faz quanto à utilidade de um bem, que pode ser de duas 
espécies, interesse imediato e interesse mediato. Interesse imediato é posição ou situação que atende 
diretamente à satisfação de uma necessidade, como por exemplo, o alimento para satisfazer a fome. 
Interesse mediato é posição ou situação que se presta à satisfação indireta de uma necessidade do 
homem, como por exemplo, o dinheiro para adquirir o alimento quando necessitar.
O homem é o sujeito de interesses e o bem é o objeto de interesse. Interesse é a satisfação das 
necessidades humanas corporificadas nos bens materiais e imateriais.
1 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 1.
12
Unidade I
No tocante ao interesse, Moacyr Amaral Santos explica que
“Os bens da vida se destinam à utilização pelo homem. Sem uns, este não 
sobreviveria; sem outros, não se desenvolveria, não se aperfeiçoaria. A razão 
entre o homem e os bens, ora maior, ora menor, é o que se chama interesse. 
Assim, aquilata-se o interesse da posição do homem, em relação a um bem, 
variável conforme suas necessidades. Donde consistir o interesse na posição 
favorável à satisfação de uma necessidade. Sujeito do interesse é o homem; 
o bem é o seu objeto”2.
Com o aperfeiçoamento e o desenvolvimento das condições de vida dos membros em sociedade, 
surge o Direito como um controle social.
Assim, Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco 
entendem que “[...] não há sociedade sem direito: ubi societas ebi jus3”.
Ante o aspecto sociológico, os mesmo doutrinadores, Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini 
Grinover e Cândido Rangel Dinamarco explicam que o direito é uma das formas de controle social, “[...] 
entendido como o conjunto de instrumentos de que a sociedade dispõe na sua tendência à imposição 
dos modelos culturais, dos ideais coletivos e dos valores que persegue, para a superação das antinomias, 
das tensões e dos conflitos que lhe são próprios”4.
Qual é a função do direito na sociedade?
Os autores acima mencionados entendem que a causa dessa correlação está na função que o direito 
exerce na sociedade, e que é a função ordenadora, explicando que esta função corresponde a
 
“[...] de coordenação dos interesses que se manifestam na vida social, de 
modo a organizar a cooperação entre pessoas e compor os conflitos que se 
verificarem entre os seus membros
A tarefa da ordem jurídica é exatamente a de harmonizar as relações sociais 
intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos 
com o mínimo de sacrifício e desgaste”.5
2 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, 
p. 25-26.
3 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 27.
4 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 27.
5 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros,2012, p. 27.
13
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Qual o critério utilizado pela ordem jurídica?
O critério utilizado deve ser o do justo e do equitativo, conforme a convicção prevalente em 
determinado momento e lugar.
Quem exerce o direito?
O Estado-juiz exerce o direito, com soberania e autoridade para garantir o cumprimento do direito.
Como é exercido o direito?
O direito é exercido por meio de leis, que são normas gerais e abstratas impostas pelo Estado aos 
particulares, que regulam as relações jurídicas.
1.2 Conflitos e sistema de solução de conflitos
O Estado-juiz exerce o direito regulador, com soberania e autoridade para garantir o 
cumprimento do direito.
Entretanto, a existência de normas regulamentadoras das relações sociais entre pessoas não são 
suficientes, nem capazes de evitar ou eliminar os conflitos que podem surgir entre elas. Daí surge o 
conflito de interesses, que precisa ser solucionado com o objetivo da pacificação social e da restauração 
da paz social.
A solução de conflitos tem sua origem quando pelo menos duas pessoas têm o mesmo interesse em 
um determinado bem da vida, que a só uma pode satisfazer.
Moacyr Amaral Santos entende que conflito de interesses
 
“[...] pressupõe, ao menos, duas pessoas com interesse pelo mesmo bem. 
Existe quando à intensidade do interesse de uma pessoa ou determinado 
bem se opõe a intensidade de outra pessoa pelo mesmo bem, donde atitude 
de uma tendente à exclusão da outra quanto a este”6.
O conflito de interesses caracteriza-se pela pretensão de uma pessoa, resistida por outra, quanto a 
um determinado bem ou relação jurídica, gerando uma insatisfação.
É certo que a insatisfação é um fator antissocial, independentemente da pessoa ter ou não razão 
ao bem pretendido.
6 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 26.
14
Unidade I
Se há um conflito entre duas pessoas, há uma lide, e o Estado-juiz é chamado para dizer qual a 
vontade do ordenamento jurídico para o caso concreto (declaração) e, se for o caso, fazer com que as 
coisas se disponham conforme essa vontade (execução).
Moacyr Amaral Santos entende que lide “[...] é o conflito de interesses qualificado pela pretensão de 
um dos interessados e pela resistência do outro. Ou, mais sinteticamente, lide é o conflito de interesses 
qualificado por uma pretensão resistida”7.
Assim, para a eliminação dos conflitos ocorrentes na vida em sociedade deve ser observado o sistema 
de solução dos conflitos, que constitui um conjunto de meios e de formas de que o ordenamento 
jurídico é dotado para colocar fim às controvérsias em geral.
O sistema de solução de conflitos é composto pela:
• Autodefesa ou autotutela: impõe o sacrifício para a satisfação do interesse da parte mais forte 
sobre o outro mais fraco.
• Autocomposição: um dos sujeitos (ou cada um deles) consente no sacrifício total ou parcial do 
próprio interesse por meio de um acordo.
• Heterocomposição: impõe a participação de um terceiro suprapartes à solução do conflito, 
Estado-juiz ou árbitro.
O Código de Processo Civil, no artigo 3º e seus parágrafos, prestigia as formas alternativas de 
solução de conflitos de interesses, aqueles outros mecanismos de solução, que somados à jurisdição, 
se prestam a pacificação social. Transcreve-se o referido artigo a seguir:
“Art. 3 Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual 
dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos 
e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”8.
Os mecanismos alternativos de solução de conflitos são a autocomposição e a heterocomposição, 
que se diferenciam conforme haja ou não interferência de terceiros no meio de que se valem as partes 
para compor a lide (conflito).
7 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 31.
8 BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16.03.2015.
15
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Para aclarar a compreensão, segue quadro dos meios de solução de conflitos sociais, a seguir:
Métodos de solução 
de conflitos
Autocomposição
Conciliação
Arbitragem
Mediação
Jurisdição
Heterocomposição
Figura 1
Na autocomposição a solução é construída exclusivamente pelas partes, de forma bilateral ou 
unilateral. Enquanto que, na heterocomposição a solução é imposta por terceiro (agente público ou 
privado) às partes por meio de uma sentença (judicial ou arbitral).
Essas formas de solução de conflitos de interesses contrapostos serão analisados e estudados a seguir.
1.2.1 Autotutela (ou autodefesa)
Nas fases primitivas da civilização dos povos não existia um Estado-juiz, sendo que se alguém 
pretendesse alguma coisa que outrem o impedisse de obter, teria de utilizar da própria força, para 
conseguir a satisfação de sua pretensão.
A autotutela, ou também denominada de autodefesa, é um meio de solução de conflitos muito 
primitivo, pois não garante a justiça, mas sim a vitória do mais forte ou do mais astuto sobre o mais 
fraco ou do mais tímido.
O vocábulo “autodefesa” indica o ato pelo qual alguém faz a defesa própria, por si mesma. Supõe 
defesa pessoal, isto é, as próprias partes procedem à defesa de seus interesses.
Autotutela ou autodefesa é a chamada de “justiça pelas próprias mãos”, forma autodefensiva 
repudiada pelo direito. A prática da autodefesa pode ser definida como crime, quando praticada pelo 
particular no “exercício arbitrário das próprias razões” (CP, art. 345).
Autodefesa consiste na solução direta entre os litigantes pela imposição de um sobre o outro, isto é, 
impondo à outra parte um sacrifício não consentido por esta.
16
Unidade I
Marcus Orione Gonçalves Correia define autodefesa como solução de conflitos em que “[...] um dos 
sujeitos do conflito impõe, por meio de uma ação própria, a sua vontade sobre a do outro”9.
Para distinguir a autodefesa, José Eduardo Carreira Alvim cita o ensinamento de Niceto Alcalá-Zamora 
y Castillo, que expõe “como notas essenciais da autodefesa: a ausência de um juiz, distinto das partes 
litigantes e a imposição da decisão por uma das partes à outra”10.
Podemos destacar as características da autotutela ou autodefesa, que são as seguintes:
• Ausência de juiz distinto das partes e de normas reguladoras das relações jurídicas.
• Solução do conflito por ato unilateral de uma das partes, que é imposta à outra parte, sem a 
intervenção de terceiros (juiz ou árbitro).
• Uma das partes impõe a outra parte uma solução, sem cogitar a existência ou inexistência do 
direito, satisfazendo-se simplesmente pela força.
São notórias as deficiências dessa técnica, cuja solução provém de uma das partes interessadas, que 
é unilateral e imposta. Portanto, evoca a violência, e a sua generalização importa na quebra da ordem e 
na vitória do mais forte e não do titular do direito.
Assim, os ordenamentos jurídicos proíbem a autodefesa como o exercício arbitrário das próprias 
razões, autorizando-a apenas excepcionalmente, conforme os casos a seguir:
• No Direito do Trabalho, admite-se a greve, como manifestação autodefensiva, exercido dentro dos 
limites legais.
• No Direito Civil, admite-se a autodefesa nos casos de direito de retenção (CC, arts. 578, 644, 1.219, 
1.433, II, e 1.434 etc.), desforço imediato (CC, art. 1.210, § 1º), e o direito de cortar raízes e ramos 
de árvores limítrofes que ultrapassem a extrema do prédio (CC, art. 1.283).
• No Direito Penal, o legislador autoriza a autodefesa nos casos de atos que, embora tipificados 
como crime, sejam realizados em legítima defesa ou estado de necessidade, que são meios 
excludentes da ilicitude do ato (CP, arts. 23, 24 e 25) e o poder estatal de efetuar prisões em 
flagrante (CPP, art. 301).• No plano internacional, como ações autodefensivas tem-se a agressão bélica, ocupações, invasões, 
intervenções, etc.
9 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria Geral do Processo. 4. ed. São Paulo: Saraíva, 2007, p. 6.
10 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 10.
17
TEORIA GERAL DO PROCESSO
1.2.2 Autocomposição
Surgiu a autocomposição, a partir do momento em que o homem compreendeu que seria melhor 
um acordo, em vez que correr o risco de perder seus bens.
Autocomposição consiste na solução direta entre os litigantes através de acordo firmado entre eles, 
isto é, o conflito é solucionado por ato das próprias partes conflitantes, sem emprego de violência, sem 
a intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontades.
O vocábulo “autocomposição” é composto pelo prefixo auto, que significa “próprio”, e do 
substantivo “composição”, que equivale a solução, resolução ou decisão do litígio por obra dos 
próprios conflitantes (litigantes).
Na autocomposição, um ou ambos os litigantes consentem no sacrifício de seus próprios interesses, 
daí a sua classificação em unilateral e bilateral. A renúncia ao direito é um exemplo da unilateral e a 
transação da bilateral, quando cada uma das partes faz concessões recíprocas.
Características da autocomposição:
• Meio alternativo de solução dos conflitos autocompositivo, por meio do qual as partes conflitantes 
chegam a um acordo.
• Solução por ato das próprias partes, sem a intervenção de terceiros.
• Uma das partes em conflito, ou ambas, abrem mão do interesse ou de parte dele.
• Para a solução cogita-se a existência ou inexistência do direito.
• Solução autocompositiva admitida sempre que não se tratar de direitos indisponíveis, que são 
os direitos da personalidade, tais como: vida, incolumidade física, liberdade, honra, propriedade 
intelectual, intimidade, estado, etc.
 Lembrete
O CPC, art. 3º, §§ 2º e 3º, dispõe que a solução consensual dos conflitos 
está prevista na norma fundamental do processo civil.
1.2.2.1 Espécies de autocomposição
São espécies de autocomposição, a negociação, a conciliação e a mediação. Passamos a estudar 
todas elas.
18
Unidade I
a) Negociação
Negociação é importante método autocompositivo que antecede todos os outros de resolução de 
conflitos. É o procedimento no qual as partes, direta e consensualmente, põem fim a um conflito pela 
própria deliberação dos conflitantes (litigantes).
É, normalmente, a primeira forma de compor litígios, e caso não seja bem sucedida, é possível partir 
para outra forma alternativa solução de conflitos, como por exemplo, a jurisdição tradicional.
Para Petronio Calmon negociação
 
“é o mecanismo de solução de conflitos com vistas à obtenção da 
autocomposição caracterizado pela conversa direta entre os envolvidos sem 
qualquer intervenção de terceiro como auxiliar ou facilitador. É uma atividade 
inerente à condição humana, pois o homem tem por hábito apresentar-se 
diante da outra pessoa envolvida sempre que possui interesse a ela ligado”11.
Roberto Portugal Bacellar conceitua negociação como
 
um processo e uma técnica destinada a resolver diretamente divergências 
de interesses e percepções que tem por objetivo criar, manter ou evoluir um 
relacionamento baseado na confiança, gerando ou renovando compromissos 
múltiplos e facilitando a formulação de opções e proposições para um 
acordo ou de novos acordos”12.
A negociação é um processo bilateral e direto de resolução de impasses ou de controvérsias, no qual 
existe o objetivo de alcançar um acordo conjunto, através de concessões mútuas. Envolve a comunicação, 
o processo de tomada de decisão e a resolução extrajudicial de uma controvérsia.
Negociação é utilizada para lidar com situações de conflito, é um processo em que duas ou mais 
partes, com interesses comuns e antagônicos, que se reúnem para confrontar e discutir propostas 
explícitas com o objetivo de alcançar um acordo.
Exemplos de negociação:
• As perdas e os ganhos de cada parte são apresentados e constituem as cartas com as quais a 
negociação se desenvolve, com objetivos claramente definidos.
• No plano do direito coletivo do trabalho, as negociações coletivas são conduzidas diretamente 
entre sindicatos de categorias profissionais e econômicas ou entre sindicato de categoria 
11 CALMON, Petronio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. 3. ed. Brasília: Gazeta Jurídica, 2015, p. 105.
12 BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 168.
19
TEORIA GERAL DO PROCESSO
profissional e empresa ou empresas do mesmo seguimento econômico, resultando no acordo 
coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho.
b) Conciliação
Conciliação é uma espécie autocompositiva de solução de conflitos em que as partes conflitantes 
(litigantes), que não têm relacionamento anterior, com o apoio de um terceiro como facilitador, o 
conciliador, visam a obtenção de um acordo consensual.
Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco entendem que 
a conciliação, “tende à obtenção de um acordo e é mais indicada para conflitos que não se protraiam no 
tempo (acidente de trânsito, relações de consumo)”13.
Na conciliação, as partes chegam a um acordo pela aceitação da proposta de uma delas, pela 
convergência e acerto das duas propostas ou pela aceitação da proposta de um terceiro facilitador, o 
conciliador. A conciliação pode ser compulsória, quando o juiz impõe a realização de uma audiência 
conciliatória (a compulsoriedade não se refere à realização do acordo) (CPC, art. 334).
Há vários tipos de conciliação, extrajudicial e judicial. Extrajudicial quando realizada fora da Justiça 
e quando ainda não há processo judicial em andamento perante o Poder Judiciário.
Poderá ser judicial, quando já se encontra em andamento processo judicial perante o Poder Judiciário 
e conduzida por conciliador capacitado para atuar para atuar conforme previsto em lei.
Dispõe o artigo 334 e seus parágrafos 1º, 2º, 8º, 9º e 11º, o seguinte:
 
“Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for 
o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de 
conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, 
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na 
audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste 
Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, 
não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira 
sessão, desde que necessárias à composição das partes.
[...]
13 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 38.
20
Unidade I
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência 
de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e 
será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica 
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou 
defensores públicos.
[...]
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada 
por sentença.
[...]”14.
A conciliação das partes é possível em todo momento e fase processual. Neste caso, como se 
trata de conciliação judicial, o acordo depende da homologação judicial, que o reveste de efeito de 
irrecorribilidade. E, se não cumprido o acordo pelas partes, pode ser executado diretamente perante o 
Poder Judiciário.
Cabe ressaltar que, o acordo homologado judicialmente tem natureza de título executivo judicial 
(CPC, art. 515, III).
A conciliação pode ser extraprocessual (fora de juízo) ou judicial (ou endoprocessual, que é aquela 
que se realiza em processo jáinstaurado perante juízo competente), em ambos os casos visa a induzir as 
próprias pessoas em conflito a ditar as regras a solução do conflito de interesses.
Na conciliação extraprocessual, as partes visam obter um acordo antes da propositura de uma 
ação judicial, com o apoio do conciliador, como os exemplos abaixo:
• a transação entre as partes através de mútuas concessões, cujos termos são transcritos no acordo 
assinado pelas partes.
• a submissão de um à pretensão do outro, com a celebração do acordo, evitando o ajuizamento da 
ação judicial.
• a desistência da pretensão, em não ajuizar a ação judicial.
Na conciliação judicial (endoprocessual), a ação judicial está em curso perante o Poder Judiciário, 
não havendo impeditivo às partes para a conciliação a qualquer momento e fase processual, como os 
exemplos abaixo:
14 BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16.03.2015.
21
TEORIA GERAL DO PROCESSO
• a conciliação das partes através de mútuas concessões, cujos termos são transcritos no acordo 
assinado pelas partes, cabendo ao juiz a homologação judicial desse acordo (CPC, arts. 334, § 11º, 
e 487, III, “b”).
• a renúncia do direito sobre que se função a ação ou a reconvenção, para que o processo se extinga 
com resolução de mérito (CPC, art. 487, III, “c”).
• a desistência da ação, mediante homologação judicial, para que o processo extinga sem resolução 
de mérito (CPC, art. 485, VIII).
A autocomposição é admitida pela lei processual civil ao dispor que, o juiz dirigirá o processo 
conforme as disposições do Código de Processo Civil, competindo-lhe promover, a qualquer tempo, 
a autocomposição, preferencialmente com o auxílio de conciliadores e mediadores judiciais, e em 
audiência de instrução, independentemente se já tentado (CPC, arts. 139, V, e 359).
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sobre a obrigatoriedade da proposta conciliatória em dois 
momentos processuais: a primeira em audiência, após a qualificação das partes e seus procuradores, e 
antes da defesa; e a segunda após as razões finais (CLT, arts. 847 e 850).
Os processos de competência dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais estão voltados à autocomposição 
das partes, destacando a fase conciliatória, vez que só se passa à instrução e julgamento da causa, após 
tentativa frustrada de conciliação (CF, art. 98, I; e Lei nº 9.099/95, arts. 21 a 26).
 Observação
O Código de Processo Civil dedicou uma seção própria aos conciliares e 
mediadores, nos artigos 165 a 175.
c) Mediação
Mediação é uma espécie autocompositiva de solução de conflitos em que as partes conflitantes 
(litigantes), que têm relacionamento anterior, com o apoio de um terceiro como facilitador, o mediador, 
visam a obtenção de um acordo consensual.
Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco entendem 
que a mediação é um meio autocompositivo de solução de conflitos em que “[...] visa prioritariamente 
a trabalhar o conflito, constituindo na busca de um acordo objetivo secundário, e é mais indicada para 
conflitos que se protraiam no tempo (relações de vizinhança, de família ou entre empresas etc.)” 15.
15 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 38.
22
Unidade I
É um método de composição do conflito com a participação de um terceiro, suprapartes, sempre 
voluntária, em que o mediador, escolhido ou não pelas partes, e que tem a função de ouvi-las, intermediar 
a negociação, subsidiar as partes de informação e apoiar as partes na formulação de sugestões de 
propostas conciliatórias, para decisão das partes. As partes não são obrigadas a aceitar as propostas e 
celebrar acordo.
O mediador nada decide, apenas intermedia e interfere para proporcionar a conversa e a aproximação 
das vontades divergentes dos litigantes. Geralmente, a mediação é extrajudicial, mas também pode 
ser judicial.
A transação é o resultado da mediação e da conciliação quando as partes chegam a um consenso 
(acordo) (CPC, art. 487, III, “b”).
São exemplos de mediação:
• No plano internacional: tratados internacionais entre dois ou mais países.
• No plano do direito de família: guarda, regulamentação de visitas e pensão alimentícia de filho; 
divórcio e partilha de bens, etc.
• No plano do direito de vizinhança.
Assim como a conciliação, os tipos da mediação são judicial e extrajudicial. A mediação judicial 
ocorre quando já há processo em tramitação perante o Poder Judiciário, aplica-se o disposto no CPC, 
art. 334 e seus parágrafos 1º, 2º, 8º, 9º e 11º, acima transcrito. E, a mediação extrajudicial ocorre antes 
do ajuizamento da ação judicial.
 Observação
A Lei nº 13.140/2015, chamada de Marco Legal da Mediação, 
regulamenta a mediação judicial e extrajudicial para a solução de conflitos 
entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da 
administração pública.
1.2.3 Heterocomposição
Heterocomposição consiste na solução do conflito por uma fonte suprapartes, que decide com força 
obrigatória sobre os litigantes, que são submetidos à decisão. A decisão não é das partes, mas de uma 
pessoa ou órgão acima delas.
Há mais de um tipo de heterocomposição: a jurisdição ou tutela e a arbitragem.
23
TEORIA GERAL DO PROCESSO
A heterocomposição tem como características:
• A solução do conflito é dada por ato de terceiro que impõe a solução às partes (e não pelas 
próprias partes).
• Para a solução do conflito cogita-se a existência ou inexistência do direito.
• As partes se submetem à decisão proferida pelo terceiro, de forma a observar o cumprimento 
obrigatório da mesma.
a) Jurisdição ou Tutela
A palavra jurisdição vem do latim juris dictio, que significa dizer o direito.
Jurisdição é uma forma heterocompositiva de solução dos conflitos através de decisão judicial 
(sentença judicial), mediante a aplicação do ordenamento jurídico, proferida pelo Poder Judiciário. É 
uma espécie heterocompositiva por que um terceiro alheio às partes conflitantes soluciona o conflito, 
impondo a solução de forma definitiva e obrigatória às partes.
O fim principal da jurisdição é a satisfação do interesse público do Estado na aplicação da norma que 
disciplina o conflito e a composição dos litígios pelas pessoas ou órgãos investidos, pela lei, desses poderes.
No entender de Humberto Theodoro Júnior, jurisdição “é a função do Estado de declarar e realizar, 
de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida”.16
Petronio Calmon conceitua a jurisdição como “o meio heterocompositivo de solução dos conflitos, 
em que a solução do conflito é imposta por um terceiro imparcial. O terceiro substitui as partes em 
litígio, aplicando coercitivamente a solução, pondo fim ao conflito que lhe é apresentado por elas”17.
A jurisdição ou tutela é a forma de solucionar os conflitos por meio da interveniência do Estado, 
gerando o processo judicial. O Estado diz o direito no caso concreto submetido ao judiciário, impondo 
às partes a solução do litígio.
As características da jurisdição são:
• A solução dos conflitos é imposta pelo Estado-juiz, que examina as pretensões e resolve os 
conflitos de interesses das partes.
• Os juízes agem em substituição às partes, que não podem fazer justiça com as próprias mãos.
16 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 60. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2019, p. 110.
17 CALMON, Petronio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. 3. ed. Brasília: Gazeta Jurídica, 2015, p. 33.
24
Unidade I
• O conflito de interesses é deduzido em juízo, proferindo o Estado-juiz decisão substitutiva da 
vontade das partes.
• A jurisdição é exercida através do processo, que pode ser conceituado como, o instrumento por 
meio do qual os órgãos jurisdicionais atuam para pacificar as pessoas conflitantes, eliminando os 
conflitos e fazendo cumprir o preceito jurídico pertinente a cada caso que lhes é apresentado em 
buscade solução. O processo é um meio efetivo para a realização da justiça.
• A jurisdição é exercida por meio do processo, uma vez que as partes do conflito o transformam 
em lide, entregando ao Estado-juiz a missão de solucionar a controvérsia.
A partir da jurisdição decorre o estudo da teoria geral do processo, do direito processual, princípios, 
competência, dos poderes do juiz no processo, da exigência de fundamentação das decisões e do duplo 
grau de jurisdição.
b) Arbitragem
Arbitragem é um mecanismo heterocompositivo de solução dos conflitos de interesse, em que as 
partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de 
arbitragem (Lei n. 9.307/96, art. 3º). É uma forma de decisão extrajudicial dos conflitos.
A Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), no artigo 1º, dispõe que: “As pessoas capazes de contratar 
poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”18.
Na arbitragem quem julga não é um juiz investido de jurisdição pelo Estado, mas um árbitro escolhido 
pelas partes, que profere uma decisão chamada sentença arbitral.
A Lei de Arbitragem (Lei n. 9.307/96), no seu art. 18, dispõe que: “O árbitro é juiz de fato e de direito, 
e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário”.
As características da arbitragem são:
• A solução do conflito é dada por árbitro, que é uma terceira pessoa que irá solucionar por meio 
de uma decisão, a sentença arbitral.
• A arbitragem é admitida somente em matéria civil e em litígios relativos a direitos patrimoniais 
disponíveis. Não é admitida em matéria penal.
• O(s) árbitro(s) é(são) pessoa(s) de confiança de ambas as partes, escolhido(s) pelas mesmas.
18 Lei de Arbitragem. Lei nº 9.307/96, atualizada pela Lei nº 13.129, de 2015. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em: 21 fev. 2021.
25
TEORIA GERAL DO PROCESSO
• O(s) árbitro(s) não é(são) investido(s) do poder jurisdicional, não podendo realizar a execução de 
suas próprias sentenças, nem impor medidas coercitivas.
• A sentença arbitral contém os termos da solução do conflito imposta às partes e com força 
obrigatória no seu cumprimento.
• Desnecessidade de homologação judicial da sentença arbitral, que uma vez proferida pelo árbitro 
deve ser obrigatoriamente cumprida pelas partes.
• Sentença arbitral tem natureza jurídica de título executivo judicial (Lei n. 9.307/1996, art. 31; CPC, 
art. 515, VII).
• A arbitragem pode se dar por compromisso arbitral (contrato firmado entre as partes, para a 
solução de um eventual conflito futuro) ou por cláusula arbitral (decidem pela arbitragem em 
cláusula de contrato que celebram, para a solução de conflitos existente).
O árbitro deve ser pessoa capaz, terceiro escolhido pelas partes, que deve atuar de forma imparcial 
na solução do conflito.
Cabe ressaltar que, o árbitro é pessoa de confiança das partes, que decidirá de modo a solucionar 
o conflito impondo tal solução para cumprimento obrigatório para as partes. Trata-se de decisão que 
impede o acesso ao juízo natural, para questionar seu mérito, porquanto opção das partes.
Pode ser formado um Juízo Arbitral, composto por um árbitro, ou um Tribunal Arbitral, composto por 
mais de um árbitro, sempre em número ímpar, mas todos escolhidos pelas partes.
Arbitragem tem natureza jurídica de justiça privada, pois o árbitro não é funcionário do Estado, nem 
está investido por este de jurisdição, como acontece com o juiz. É uma forma de heterocomposição, pois 
não são as próprias partes que resolvem o conflito, como ocorre na autocomposição, mas um terceiro 
que é chamado para decidir o litígio.
A sentença arbitral difere da decisão judicial pelos fundamentos, por que a sentença arbitral não 
aponta, obrigatoriamente, fundamentos jurídicos, podendo se apoiar em aspectos econômicos, de bom 
senso ou de conveniência no caso concreto. O árbitro não está investido do poder jurisdicional, por que 
sua autoridade para decidir é atribuída pela vontade dos particulares cujos interesses são apreciados.
A sentença arbitral tem natureza jurídica de título executivo judicial (Lei n. 9.307/1996, art. 31; CPC, 
art. 515, VII), que se não cumprida, pode ser executada perante o Poder Judiciário.
Para aclarar a compreensão, segue a diferença entre jurisdição e arbitragem:
26
Unidade I
Quadro 1 
Jurisdição Arbitragem
Juiz, órgão do Estado, diz o direito no caso concreto 
a ele submetido, pois está investido da função 
jurisdicional. 
Árbitro é um particular, maior e capaz, de confiança 
e escolhido pelas partes conflitantes, para atuar na 
solução do conflito que lhe é apresentado para decidir, 
de quem é o direito.
O juiz soluciona o conflito por meio da sentença judicial. O árbitro soluciona o conflito por meio da sentença arbitral.
Juiz determina às partes o cumprimento forçado da 
sentença.
O árbitro não impõe o cumprimento da sentença arbitral 
às partes, que deve ser executada perante o Poder 
Judiciário.
 Saiba mais
A Lei n. 9.307/96, com alteração da Lei n. 13.129/2015, chamada de Lei 
da Arbitragem, regulamenta a arbitragem como mecanismo alternativo de 
solução de conflitos.
1.2.4 Meios extrajudiciais de composição de conflitos
O atual Código de Processo Civil prestigia os meios alternativos de solução de conflitos, isto é, 
incentiva a utilização pelas partes conflitantes de outros meios que se servem à pacificação social, 
de forma a não depender da jurisdição e até mesmo evitar a provocação da prestação jurisdicional 
para a solução dos conflitos, eis que o Poder Judiciário se apresenta abarrotado de processos (CPC, 
art. 3º e parágrafos).
Esses meios alternativos ou substitutivos da jurisdição de solução de conflitos são chamados de 
formas extrajudiciais de composição de litígios, eis que solucionados fora do Poder Judiciário, com a 
participação ou não de um agente privado (sem a participação de agente público, como o Estado-juiz).
Todas as formas extrajudiciais de composição de conflitos só podem ocorrer entre pessoas maiores e 
capazes e quando a controvérsia se referir a bens patrimoniais ou direitos disponíveis.
A solução extrajudicial autocompositiva poderá ser obtida por meio de transação ou de 
conciliação, com a utilização dos mecanismos da negociação, conciliação ou mediação. Na conciliação 
e na mediação haverá a participação de um terceiro que atuará como facilitador e intermediador à 
solução do conflito pelas próprias partes.
Na conciliação ou mediação extraprocessual, as partes visam obter um acordo antes da propositura 
de uma ação judicial, com o apoio do conciliador ou mediador, como os exemplos abaixo:
• a transação entre as partes através de mútuas concessões, cujos termos são transcritos no acordo 
assinado pelas partes.
27
TEORIA GERAL DO PROCESSO
• a submissão de um à pretensão do outro, com a celebração do acordo, evitando o ajuizamento da 
ação judicial.
• a desistência da pretensão, em não ajuizar a ação judicial.
Recomenda-se que, os termos do acordo sejam transcritos e que sejam assinados pelas partes e duas 
testemunhas, para fins de execução perante o Poder Judiciário no caso de não cumprimento dos termos 
do acordo (CPC, art. 784, III).
 Observação
O Código de Processo Civil, art. 165, §§ 2º e 3º, dispõe sobre o método 
consensual mais adequado, se conciliação ou mediação.
A solução extrajudicial heterocompositiva será obtida por meio da arbitragem, com a participação 
do árbitro ou árbitros (agente privado), que tem por função proferir uma sentença arbitral solucionando 
o conflito que lhe foi posto à decisão.
A decisão das partes pela solução do conflito por meio do juízo arbitral ou tribunal arbitral importa 
na renúncia à via judiciária. Porém, a sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores os 
mesmos efeitos da sentença judicial (Lei nº 9.307/1996, art. 31).
1.2.5 Função estatal pacificadora (jurisdição)
O Estado no exercício do Poder Judiciário,com imparcialidade, é o mais apto a solucionar uma 
situação conflitiva, passando o conflito à apreciação da jurisdição.
Logo, o conflito, em si, seria um dado sociológico, que antecede a lide ou litígio. Essa constatação é 
importante, na medida em que nem todo conflito é deduzido em juízo. Para Carnelutti, lide é “conflito 
de interesses deduzido em juízo”19.
Lide é o conflito de interesses, qualificado pela existência de uma pretensão resistida. Se uma pessoa 
pretende o bem da vida (material ou imaterial) e encontra resistência relevante em outra pessoa, somente 
o Poder Judiciário, como regra quase absoluta, pode, pela atuação do processo, solucionar a questão.
A função jurídica do Estado regula as relações intersubjetivas através de duas ordens de atividades:
• Legislação: estabelece as normas de caráter genérico e abstrato, sem destinação particular a 
nenhuma pessoa e a nenhuma situação concreta, que devem reger as mais variadas relações, 
dizendo o que é lícito e o que é ilícito, atribuindo direitos, poderes, faculdades e obrigações.
19 CARNELUTTI apud CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria Geral do Processo. 5. ed. São Paulo: Saraíva, 
2010, p. 20.
28
Unidade I
• Jurisdição: o Estado busca a realização prática daquelas normas em caso de conflito entre 
pessoas, declarando qual é o preceito pertinente ao caso concreto (processo de conhecimento) e 
desenvolvendo medidas para que esse preceito seja realmente efetivado (processo de execução).
A jurisdição é atividade do Estado de solucionar conflitos interindividuais na medida em que é 
provocado mediante a aplicação do ordenamento jurídico, a promoção dos valores humanos e o 
bem-comum, visando a pacificação social com justiça.
2 DIREITO PROCESSUAL
2.1 Direito Processual: noções gerais e teoria geral do processo
A vida em sociedade depende da normatização do comportamento das pessoas, disciplinando a vida 
social e as diversas relações sociais, cabendo ao Estado estabelecer os direitos de cada um, no campo 
material, como na área de direito civil, direito do trabalho, direito penal e outros ramos do direito. Para 
essa normatização das relação jurídicas interpessoais damos o nome de direito material ou, 
também chamado de, direito substancial.
Marcus Orione Gonçalves Correia explica que “As normas de direito material disciplinam as relações 
jurídicas entre pessoas, estabelecendo seus direitos e obrigações”20.
Muitas vezes a existência de normas imperativas e obrigatórias elaboradas pelo Estado, por meio 
do Poder Legislativo, que regulamentam as relações sociais nas mais diversas áreas do direito material, 
como direito civil e direito do trabalho, e outros, não são suficientes para manter o bom, correto e 
adequado comportamento dos cidadãos e da relação entre eles, ou fazer cumprir as regras sociais, daí 
surge o conflito de interesses.
Assim, há a necessidade do direito processual, ramo do direito público, também elaborado pelo 
Estado e por meio do qual este exerce uma das suas principais funções soberanas, a Jurisdição, para 
fazer valer o direito material eventualmente desrespeitado.
Nessa linha de raciocínio, Cassio Scarpinella Bueno ensina que o direito processual civil é um ramo 
do direito público, voltado ao estudo da atividade-fim do Poder Judiciário, e que deve ser estudado a 
partir da Constituição Federal.21.
O objetivo do exercício da função jurisdicional pelo Estado, com aplicação do direito 
processual, é a paz social. A pacificação dos conflitos de interesses surgidos entre os cidadãos, que 
instrumentalizado pelo direito processual, é possível aplicar as normas de direito material ao caso 
concreto, concedendo o direito à quem o tem. Não se admite a justiça feita com as próprias mãos.
20 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria Geral do Processo. 5. ed. São Paulo: Saraíva, 2010, p. 26.
21 BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil – Volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 
2019, p. 47.
29
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Humberto Theodoro Júnior explica que a jurisdição,
 
“que incumbe ao Poder Judiciário, e que vem a ser a missão pacificadora 
do Estado, exercida diante das situações litigiosas. Por meio dela, o 
Estado dá solução às lides ou litígios, que são os conflitos de interesse, 
caracterizados por pretensões resistidas, tendo como objetivo imediato 
a aplicação da lei ao caso concreto, e como missão mediata ‘restabelecer a 
paz entre os particulares e, como isso, manter a da sociedade”22.
Para cumprir essa importante missão, o Estado utiliza do processo, que pode ser civil, trabalhista, 
penal, etc., de acordo com o ramo do direito material objeto do conflito de interesse.
O processo é regulamentado pelo direito processual, também denominado de instrumental, que 
compreende a aplicação do direito material (ou substancial), que indica quais os direitos de cada um 
para fins da composição dos conflitos, tendo em vista o caso concreto levado pelas partes à solução pelo 
Poder Judiciário.
Marcus Vinicius Rios Gonçalves distingue o direito material e o direito processual, explicando 
que as normas do direito processual “tratam do processo, que não é um fim em si mesmo, mas apenas 
um instrumento para tornar efetivo o direito material” 23.
O direito processual como ramo da ciência jurídica que estuda as normas pertinentes à relação 
jurídico-processual, é um só, visto que também é uma só a função jurisdicional, e desses princípios 
fundamentais se originam normas processuais especializadas de acordo com a natureza dos conflitos 
a solucionar, como o direito processual civil, direito processual do trabalho, direito processual penal, 
direito processual tributário e outros ramos do direito processual.
Como é una a jurisdição, função exercida pelo Estado, é uno também o direito processual, sendo um 
sistema de princípios e normas que se aplicam a todos os demais ramos do direito processual.
Conforme a corrente unitarista, que é o entendimento doutrinário dominante, o direito processual 
é um só, que corresponde a um instrumento para fazer valer o direito material, e serve de base para 
vários outros ramos, todos originários do direito processual e com correlação aos diversos ramos do 
direito material (direito civil, direito penal, direito do trabalho), se dividindo em direito processual 
civil, direito processual penal e direito processual do trabalho.
No que concerne a essa correlação do direito processual com outros ramos do direito processual, 
é que nos cabe destacar a importância do estudo da nossa disciplina Teoria Geral do Processo, 
como pilar do ordenamento processual naquilo que é comum aos diversos tipos de processo, como os 
princípios e institutos fundamentais da ciência processual, aplicáveis a todos os demais processos, como 
por exemplo, princípios fundamentais, conceitos de jurisdição, ação e processo, e aos muitos outros 
institutos como a citação, a intimação, a sentença, a coisa julgada etc.
22 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 60. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 3.
23 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual. Vol. I. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 26.
30
Unidade I
A doutrina moderna desenvolveu uma teoria geral do processo cujos conceitos são aplicados a todos 
os seus ramos indistintamente.
Para melhor explicar, José Eduardo Carreira Alvim define a teoria geral do processo como “o 
conjunto de conceitos sistematizados que retratam os princípios fundamentais do direito processual 
(nos seus distintos ramos), enquanto ramo do direito público que contém o repositório de princípios e 
normas que disciplinam os diversos tipos de processo e seus respectivos procedimentos”24.
Logo, a teoria geral do processo estuda elementos comuns a todos os ramos da ciência do processo, 
como base para o estudo de outros ramos do direito processual, como o direito processual civil, o direito 
processual penal e o direito processual do trabalho, disciplinas estas que serão estudadas futuramenteno correr do nosso Curso de Direito.
2.2 Direito Processual: conceito, autonomia, natureza jurídica e denominação
Como já explicado anteriormente, lide se estabelece entre dois sujeitos, titulares de interesses 
contrários, e necessita ser solucionado.
Lide perturba a paz social, e no entender de Moacyr Amaral Santos, “é o conflito de interesses 
qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro”25.
O Estado, no exercício da função jurisdicional, cumpre essa importante missão, se utilizando do 
processo para a composição das lides surgidas nas relações sociais.
É por meio do processo que o Estado compõe a lide, concedendo o direito à quem o tem no caso 
concreto que lhe foi apresentado à solução pelas partes conflitantes.
Feita esta introdução, o que é processo?
Processo é um complexo de atos coordenados, instrumento por meio do qual o Poder Judiciário 
aplica a lei ao caso concreto, que lhe é posto à solução de um conflito de interesses.
O processo é regido por princípios e leis, constituindo o fenônemo que se situa no campo do direito.
E, seguindo esse raciocínio, é que Misael Montenegro Filho explica que processo “é o instrumento 
utilizado pela pessoa que exercitou o direito de ação para obter resposta jurisdicional que ponha fim ao 
conflito de interesses instaurado ou em vias de sê-lo”26.
24 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 41.
25 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 31.
26 MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2019, p. 131.
31
TEORIA GERAL DO PROCESSO
O processo é regulamentado pelo direito processual, também denominado de direito instrumental 
ou de direito formal, que prevê o direito de o interessado apresentar uma petição inicial com uma 
pretensão contra outrem e os demais atos processuais necessários para a prolação da sentença (de 
mérito ou terminativa), que confere a solução do conflito de interesses, tendo em vista o caso concreto 
levado pelas partes à solução pelo Poder Judiciário.
Cabe conceituar o direito processual, que para Moacyr Amaral Santos é um “sistema de princípios 
e normas legais que regulam o processo, disciplinando as atividades dos sujeitos interessados, do órgão 
jurisdicional e seus auxiliares”27. Melhor explicando, o mesmo autor entende que o direito processual 
“constitui o sistema de princípios e normas legais regulamentadoras do exercício da função jurisdicional”28.
O direito processual é uma ciência autônoma no campo da dogmática jurídica, cuja natureza é de 
direito público, constituída de princípios próprios, que regula a atividade jurisdicional do Estado, e que 
tem como base a Constituição Federal.
Para Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco o
 
“[...] direito constitucional estabelece as bases do direito processual ao 
instituir o Poder Judiciário, criar os órgãos (jurisdicionais) que o compõem, 
assegurar as garantias da Magistratura e fixar aqueles princípios de ordem 
política e ética que consubstanciam o acesso à justiça (acesso à ordem 
jurídica justa) e a garantia do devido processo legal (due process of law).
O direito processual, por sua vez, inclusive por meios de disposições contidas 
no próprio texto constitucional, cria e regula o exercício dos remédios 
jurídicos que tornam efetivo todo o ordenamento jurídico, em todos os 
seus ramos, com o objetivo precípuo de dirimir conflitos interindividuais, 
pacificando e fazendo justiça em casos concretos”29.
Assim, a autonomia do direito processual se evidencia pelo sistema de princípios que o regem e 
que lhe são próprios, como também das leis que o constituem, com características próprias.
No tocante à natureza jurídica, o direito processual é ramo de direito público, que regula o exercício 
de parte de uma das funções soberanas do Estado, que é a jurisdição. Na relação jurídica processual, se 
encontra o Estado em posição de superioridade em face dos particulares, fazendo uso do seu poder de 
império (ius imperii).
27 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 35.
28 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, 
p. 35.
29 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do 
Processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 56.
32
Unidade I
Ademais, deve-se considerar que, mesmo quando o conflito de interesses é eminentemente privado 
(entre dois particulares), há no processo sempre um interesse público, que é o da pacificação social e o 
da manutenção do império da ordem jurídica, mediante a realização da vontade concreta da lei.
As normas de direito processual são, em sua maioria, cogentes, eis que não se encontram à disposição 
das partes a possibilidade de alterá-las.
2.3 Direito Processual: divisão
Apesar de o direito processual ser uno e indivisível, a ciência processual o desdobra em vários outros 
ramos, todos com autonomia e independência, como o direito processual civil, direito processual penal, 
o direito processual do trabalho e direito processual tributário, dente outros, se diferenciando entre eles 
pela pretensão posta em juízo.
No que concerne ao direito processual como regulador do exercício da função jurisdicional, em 
face de conflitos de interesses concretos e que devem ser compostos segundo a vontade da lei, Moacyr 
Amaral Santos explica que
 
“[...] no exercício da função jurisdicional, o Estado terá que considerar a 
natureza da lide, e, portanto, a pretensão, que a caracteriza, para, conforme 
o seja, dar atuação à lei reguladora da espécie, aplicando a medida jurídica 
que desta resultar”30.
Alguns doutrinadores entendem que, conforme a natureza da lide, o direito processual se divide em 
dois, o direito processual civil e o direito processual penal. E, assim justifica Vicente Greco Filho dizendo 
que “[...] direito processual civil e o direito processual penal são comuns em relação aos outros que são 
especiais, porque regem a atuação da jurisdição toda vez que não se aplicam as jurisdições especiais”31.
Humberto Theodoro Júnior define o direito processual civil “como o ramo da ciência jurídica que 
trata do complexo das normas reguladoras do exercício da jurisdição civil”32.
Para Guilherme de Souza Nucci direito processual penal é
 
[...] o corpo de normas jurídicas com a finalidade de regular o modo, os meios 
e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio 
do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso 
concreto. É o ramo das ciências criminais cuja meta é permitir a aplicação de 
30 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol. I. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 36.
31 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro: teoria geral do processo a auxiliares da justiça. Vol. 1. 
23. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 87.
32 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 60. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2019, p. 4.
33
TEORIA GERAL DO PROCESSO
vários dos princípios constitucionais, consagradores de garantias humanas 
fundamentais, servindo de anteparo entre a pretensão punitiva estatal, 
advinda do direito penal, e a liberdade do acusado, direito individual”33.
As lides que não sejam de natureza penal, se compõem conforme as normas do direito processual 
civil, vez que na maioria das vezes são interesses tutelados pelo direito privado, direito civil, direito 
comercial etc.
Há lides cujos interesses são tutelados pelo direito público, como direito constitucional, direito 
administrativo, direito tributário etc., que também se aplica o direito processual civil.
Assim, o direito processual civil tem ligação com todos os demais ramos do direito, muitas vezes com 
aplicaçãosubsidiária no processo penal, no processo do trabalho, no processo tributário e outros.
Cabe ressaltar que, a maior parte dos princípios que regem o direito processual civil está previsto na 
Constituição Federal e alguns deles reproduzidos no Código de Processo Civil.
A jurisdição comum é disciplina pelo direito processual civil e o direito processual penal, e a jurisdição 
especial disciplinada por leis especiais para as quais é dado tratamento especial, como para o direito 
processual do trabalho, o direito processual eleitoral e o direito processual militar.
Considerando a jurisdição especial, citamos do conceito de direito processual do trabalho na visão 
de Amauri Mascaro Nascimento o direito processual do trabalho
 
“[...] é ramo do direito processual destinado à solução judicial dos conflitos 
trabalhistas. As normas jurídicas nem sempre são cumpridas espontaneamente, 
daí a necessidade de se pretender, perante os tribunais, o seu cumprimento, 
sem o que a ordem jurídica tornar-se-ia um caos. A atuação dos tribunais 
também é ordenada pelo direito, mediante lei coordenadas num sistema, 
destinadas a determinar a estrutura e o funcionamento dos órgãos do 
Estado, aos quais é conferida a função de resolver os litígios ocorridos na 
sociedade, bem como os atos que podem ser praticados não só por esses 
órgãos mas também pelas partes do litígio. O direito processual tem por 
finalidade principal evitar, portanto, a desordem e garantir aos litigantes um 
pronunciamento do Estado para resolver a pendência e impor a decisão”34.
A distinção entre os vários ramos do direito processual respeita a natureza da lide, como instrumento 
para fazer valer o direito material.
33 Nucci, Guilherme de Souza. Curso de Direito Processual Penal. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. .
34 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 
2009, p. 59.
34
Unidade I
O sistema jurídico deve se organizar com coerência a Constituição Federal, o que decorre dos 
princípios gerais e fundamentais sobre os quais se baseiam o direito processual civil, o direito processual 
penal, o direito processual do trabalho e outros, em harmonia com princípios específicos de cada ramo 
do direito processual.
2.4 Direito Processual: relações com outras disciplinas jurídicas
O direito processual estabelece uma conexão com todos os outros ramos do direito processual, 
e que pela sua instrumentalidade atua como correspondente dos ramos do direito material ou 
direito substancial.
Convém diferenciar o direito material do direito processual, para a compreensão da nossa matéria e 
da sua autonomia como ramo do direito.
O direito material, também chamado de direito substantivo, é o corpo de normas que disciplinam 
as relações jurídicas entre as pessoas relacionadas a bens e utilidades da vida, estabelecendo direitos e 
obrigações, como por exemplo direito civil, direito penal, direito administrativo, direito comercial, direito 
tributário, direito do trabalho, direito do consumidor, e outros.
O direito formal (em oposição ao direito material) ou direito adjetivo (em oposição ao direito 
substantivo) ou direito processual regula as relações jurídicas no âmbito do processo, instituindo 
regras de como as partes devem comportar-se em juízo a fim de fazerem valer suas pretensões de 
direito material.
Assim, podemos denominar direito processual como ramo da ciência jurídica que se ocupa dos 
procedimentos judiciais através do complexo de normas e princípios que regem tal método de trabalho, 
bem como da relação que se estabelece entre os sujeitos do processo, ou melhor, o exercício conjugado 
da jurisdição pelo Estado-juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado.
A distinção fundamental entre direito material e direito processual é que este último cuida as 
relações dos sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da forma de se proceder 
aos atos deste.
Aos diversos ramos do direito material correspondem correlatamente ramos do direito processual, 
como abaixo demonstra-se:
• Direito material civil = direito processual civil;
• Direito material penal = direito processual penal;
• Direito material do trabalho = direito processual do trabalho.
• Direito material tributário = direito processual tributário.
35
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Logo, o direito processual é um instrumento a serviço do direito material.
Por sua instrumentalidade, o direito processual deve muitas vezes plasmar-se às exigências do direito 
material, criando procedimentos específicos para atender ao direito material. Por exemplo: ação de 
consignação em pagamento ajuizado por existir dúvida por parte do devedor sobre à quem deva pagar 
a dívida e liquidá-la, para este processo a lei processual prevê a possibilidade de serem citados todos os 
potenciais credores, que passarão a integrar o polo passivo desta ação.
O Direito Processual é uno e a unidade entre os diversos ramos do direito processual é clara, como 
se depreende dos seguintes elementos:
• A maior parte são princípios fundamentais previstos na Constituição Federal e que são comuns 
a todos os ramos do direito processual, como: princípio do devido processo legal, princípio do 
contraditório e da ampla defesa, o princípio do acesso à justiça, dentre outros.
• As noções básicas da teoria geral do processo são comuns a todos os ramos, como conceitos 
de jurisdição, ação, defesa e processo, bem como os princípios estruturais, da forma como são 
utilizados no processo civil, processo penal e processo do trabalho.
• Em casos de omissões no processo do trabalho e penal, há aplicação subsidiária do processo civil.
• Direito penal se enlaça com o direito processual civil, como por exemplo falso testemunho, falsa 
perícia, fraude processual e outros, sendo que certos ilícitos processuais são também delitos 
punidos pela lei penal.
• A restauração de um direito violado terá de ser feita pela jurisdição civil, sob pena de incorrer em 
crime de exercício arbitrário das próprias razões, salvo nos casos em que se permite a autotutela.
Quanto à natureza jurídica dos direitos processuais civil, penal e trabalhista, pertencem ao 
ramo de direito público, visto que interessa ao Estado a solução dos conflitos por meio do processo, 
para a busca da harmonia social a partir da decisão soberana tomada pelo poder estatal, nas relações de 
direito processual esse mesmo Estado aparece em posição de superioridade (“jus imperii”). Devedor da 
prestação de decidir, o Estado, mediante a atuação do juiz, submete os particulares a essa mesma decisão, 
tendo estes de acatá-la. A vontade do Estado substitui a dos particulares a partir da decisão judicial.
 Lembrete
O direito a um processo justo é um direito fundamental e a sua 
concretização está na elaboração de códigos processuais e de leis em 
observância a esse direito.
36
Unidade I
2.5 Direito Processual: objetivo e a legislação
As normas de direito material disciplinam as relações jurídicas interpessoais, estabelecendo direitos 
e obrigações.
As normas de direito processual regulam as relações jurídicas no âmbito do processo, como regras 
sobre os sujeitos legitimados a participarem do processo e as práticas de atos processuais a fim de fazer 
valer suas pretensões de direito material.
A função jurisdicional consiste na aplicação da lei, que é norma geral e abstrata de tutela de interesses 
e reguladora da composição de conflitos de interesses nos casos concretos que são postos à solução.
Há uma correlação entre o legislativo e o judiciário, vez que aquele elabora leis de modo a regulamentar 
as relações jurídicas, que se não observadas cabe ao órgão jurisdicional a composição dos conflitos por 
meio do proferimento da sentença pelo juiz, impondo às partes o direito objetivo, ao conceder o direito 
à quem o tem. O processo tem função pública
Assim, considerando que o processo tem por finalidade a atuação do direito objetivo, vez que se 
destina a satisfazer o interesse

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