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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Determinação de calor de reação e de calor de solidificação Química Geral Experimental A Profª Dra. Camila Fabiano de Freitas Marin Aluna Vitória da Motta Aluna Maria Eduarda da Silva Brocca 22102518 Engenharia Sanitária e Ambiental Florianópolis, Maio de 2022 1. RESUMO Dois processos foram executados durante a experiência de determinação de calor de reação e calor de solidificação. Na primeira parte, foi determinado o calor de combustão da vela (o calorímetro foi uma lata de c=0,10 cal/g) e na segunda parte foi determinado o calor de solidificação da cera da vela (o calorímetro foi um béquer). Usou-se a fórmula Q = m.c.∆T e definiu-se que o calor de combustão foi ∆H = - 28,4KJ/g e o calor de solidificação ∆H = - 0,22KJ/g, ambos com sinais negativos, visto que tratou-se de reações exotérmicas, nas quais a água recebeu calor através da liberação de energia, tanto da combustão quanto da transformação física (de fase), processos estes que fazem parte da calorimetria. Ao fim, foi comparado ao valor de combustão teórico da cera de parafina, ∆T = - 41,8KJ/g, a diferença foi dada devido a impossibilidade da existência de uma calorímetro perfeito. 2. INTRODUÇÃO Calorimetria é a parte da física que estuda as trocas de energia entre corpos ou sistemas quando essas trocas se dão na forma de calor. Calor significa uma transferência de energia térmica de um sistema para outro, ou seja: podemos dizer que um corpo recebe calor, mas não que ele possui calor. A Calorimetria é uma ramificação da termologia. Definições importantes: Calor - Energia térmica que flui de um corpo para outro em virtude da diferença de temperatura entre eles. Pode ser adicionado ou removido de uma substância. É medido em calorias ou joules (1 Cal=4,18 J). Capacidade térmica (C) - É a capacidade de um corpo de mudar sua temperatura ao receber ou liberar calor. Ela é dada como a razão entre a quantidade de calor e a variação de temperatura: Q = C/ΔT, onde C é a capacidade térmica do corpo (cal/ ºC). Q é quantidade de calor trocada pelo corpo e ΔT é a variação de temperatura do corpo. Calor específico (c): É a capacidade específica de uma substância de mudar sua temperatura ao receber ou liberar calor para cada massa unitária que esta vier a se incluir. Isto quer dizer que a Capacidade Térmica de um corpo é dada pelo Calor Específico da substância que o compõe e sua massa. A calor específico é definido como: c = C/m = Q/mΔT, onde C é a capacidade térmica do material, m é a massa do material, Q é o calor trocado ΔT é a variação de temperatura do corpo. A unidade usual para determinar o calor específico é cal / g 0 C. No sistema internacional usa-se J/K.kg Obs. Uma caloria (1 cal): é a quantidade de calor necessária para aquecer, sob pressão normal, 1,0 g de água de 14,5°C a 15,5°C. Equações Fundamentais na Calorimetria Quantidade de Calor Sensível : Ocorre mudança de temperatura nas substâncias. = .. ΔTcmQ Se Q > 0 (o corpo recebe calor) → ΔT > 0 (o corpo se aquece). Se Q < 0 (o corpo cede calor) → ΔT < 0 (o corpo se esfria). Quantidade de Calor Latente: Ocorre mudança de fase (ou estado) nas substâncias. = .LmQ Onde L em kJ/kg ou cal/g é o calor latente da transição de fase (Lf = calor latente de fusão; Lv = calor latente de vaporização.; Ls = calor latente de solidificação e Lc = calor latente de condensação). Obs. Durante uma mudança de fase (ou estado) não há variação na temperatura. Princípios da Calorimetria 1. Princípios de transformações inversas: a quantidade de calor que um corpo recebe é igual, em módulo, à quantidade de calor que um corpo cede ao voltar, pelo mesmo processo, à situação inicial. 2. Princípio do Equilíbrio Térmico: quando vários corpos inicialmente a temperaturas diferentes trocam calor entre si, e só entre si, observamos que alguns perdem enquanto outros recebem calor, de tal maneira que decorrido um certo tempo, todos estacionam numa mesma temperatura, chamada de equilíbrio térmico. 3. Princípio da Igualdade das Trocas de Calor: quando vários corpos trocam calor apenas entre si, a soma das quantidades de calor que alguns cedem é igual, em módulo, à soma das quantidades de calor que os restantes recebem. Entalpia As transferências de calor a pressão constante, tal como a pressão atmosférica, podem ser obtidas pela entalpia (H), que é uma função de estado e denota a quantidade de energia envolvida em um processo. A origem desta energia é obtida pela variação da entalpia (∆H), que é calculada por: ∆H = ∆U + p∆V Onde, ∆U é a variação da energia interna, ∆V é a variação do volume e p é a pressão. A partir da primeira lei da termodinâmica temos que ∆U = q + w (q é a energia fornecida na forma de calor e w é a energia fornecida como trabalho). Logo, ∆H = q + w + p∆V Se o sistema só pode executar trabalho de expansão (w = - pext ∆V) teremos, ∆H = q -pext ∆V + p∆V A maioria das reações químicas ocorre à pressão constante, em reatores abertos para a atmosfera. Nestas situações a pressão é igual à pressão atmosférica (p = pext) e o calor que elas fornecem ou utilizam pode ser igualado à variação de entalpia do sistema: ∆H = q - pext ∆V + pext ∆V ∆H = q Entalpia padrão de reação Todas as reações químicas são acompanhadas por transferência de energia, na forma de calor. O calor liberado ou absorvido depende do estado físico dos reagentes e produtos, e das condições sob as quais a reação ocorre. A variação de entalpia (∆H) obtida sob condições controladas é chamada de entalpia padrão de reação (∆Hºr), ou entalpia padrão de formação (∆Hºf), sendo os valores tabelados e disponíveis na literatura especializada (Tabela 2). Por exemplo, ao descrever a combustão do metano podemos escrever duas equações termoquímicas diferentes, com diferentes conjuntos de produtos e diferentes valores de entalpia padrão de reação: CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O (g) ∆Hº = - 802 kJ/mol CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O (l) ∆Hº = - 890 kJ/mol 3.4. Lei de Hess [1] Considerando que a entalpia é uma função de estado, o ∆H é independente do caminho entre os estados inicial e final. Neste contexto aplica-se a Lei de Hess, a qual estabelece que a variação da entalpia para uma reação pode ser escrita como a diferença entre a entalpia dos produtos e dos reagentes. O calor de reação é igual à soma dos calores de formação dos produtos menos a soma dos calores de formação dos reagentes: ΔHºreação = Σ(ΔHºf) produtos – Σ(ΔHºf) reagentes A Lei de Hess também afirma que a entalpia total da reação é a soma das entalpias de reação das etapas em que a reação pode ser dividida. Por exemplo, a oxidação do carbono na forma de grafita (C(s)) para dióxido de carbono pode ser imaginada em duas etapas. A oxidação do carbono a monóxido de carbono: C (s) + ½ O2 (g) CO (g) e posteriormente a oxidação do monóxido de carbono a dióxido de carbono: CO (g) + ½ O2 (g) CO2 (g) Este processo em duas etapas é um exemplo de uma sequência de reações, onde os produtos de uma etapa são os reagentes da etapa posterior. A equação da reação total é a soma das equações das etapas intermediárias: C (s) + ½ O2 (g) CO (g) ∆H = -110,5 kJ/mol CO (g) + ½ O2 (g) CO2 (g) ∆H = - 283,0 kJ/mol C (s) + O2 (g) CO2 (g) ∆H = - 93,5 kJ/mol OBJETIVOS Comparar o calor liberado na combustão de uma vela com o calor envolvido na mudança de estado de uma substância e também com o valor teórico de combustão da cera/parafina. 1. METODOLOGIA Materiais Utilizados - Cera de vela (C25H52) - Lata (como calorímetro) - Béquer (como calorímetro da segunda etapa) - Suporte Universal - Tubo de ensaio - Água - Termômetro gastronômico Reagentes da combustão- Cera de vela (C 25 H 52 , com fórmula geral da parafina C n H 2n+2, hidrocarboneto pesado que vem do óleo cru, coloração branca, inodora, não é tóxica e altamente inflamável; combustível) [ 2] - O 2 (comburente) Procedimentos Experimentais 3.1 Calor de combustão da Vela Primeiramente, pesou-se a vela com o suporte, a lata vazia e a lata preenchida com água até cerca ⅔ do volume. Mediu-se a temperatura da água antes do aquecimento. Logo, acendeu-se a vela e deixou-se aquecer a água do calorímetro durante 5 minutos. Após esse intervalo de tempo, apagou-se a vela. Agitou-se a água com o termômetro até que a temperatura parasse de subir. Anotou-se a maior temperatura que o termômetro marcou e pesou-se novamente a vela com o suporte para saber a massa de cera utilizada na reação de combustão. [3] 3.2 Calor de solidificação da vela O calor liberado durante a solidificação da vela foi transferido para a água do béquer aumentando a temperatura. Pesou-se o tubo de ensaio com a cera dentro de um suporte adequado acomodado num banho de água sob aquecimento, denominado banho-maria. Pesou-se um béquer que foi o calorímetro nesta parte do experimento. Colocou-se água o suficiente para cobrir a cera contida no tubo de ensaio. Mediu-se a temperatura da água e pesou-se o béquer com a água. Retirou-se o tubo de ensaio com a cera líquida do banho-maria, secou-se a parte molhada com papel toalha e esperou-se até que o primeiro sinal de solidificação aparecesse (a cera começou a apresentar manchas opacas). Quando isso aconteceu, colocou-se rapidamente no béquer o tubo com a cera, agitou-se levemente a água com o próprio tubo de ensaio até notar que a temperatura parou de subir. Anotou-se então a temperatura. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste experimento, o início se deu com anotação de informações de acordo com a parte A do experimento na tabela: Tabela 1: Valores referentes às informações reunidas ao longo dos procedimentos experimentais Massa da vela com suporte Massa da lata: Temperatura da água Antes de queimar: 11,93g vazia: 43,09g Antes do aquecimento: 20,9°C Depois de queimar: 11,42g com água: 248,77g Depois do aquecimento: 37,6°C Tal como o primeiro experimento, no segundo foram anotadas as informações para o cálculo do Calor de solidificação, e suas respectivas informações na tabela 2: Tabela 2: Massa do tubo de ensaio Massa do béquer Temperatura da água vazio: 15,422g vazio: 48,94g antes do aquecimento: 23,6°C com cera: 22,91g com água: 119,49g depois do aquecimento: 29°C RESULTADOS No primeiro processo houve uma transformação química, a combustão: (considerando algarismos significativos) Q total = Q água + Q calorímetro Q total = m.c.ΔT água + m.c.ΔT calorímetro =(248,77g - 43,09g).1. 16,7 + 43,09.0,10.16,7 = 3.506,7 cal Visto que 3.506,7 calorias foram liberadas para cada 0,51g de massa de cera, então 1g liberou 6.875,9 cal ou 6,8 kcal ou ainda 6,8 kcal.4.18J = 28,4KJ/g 3.506,7 cal —---------- 0,51g x cal —---------------- 1g x = 3506,7/0,51 = 6.877,6 cal/g = 6,8 kcal/g . 4,18J = 28,4KJ/g Ou seja, uma reação de combustão é dada pelo sinal negativo. O calor de combustão da cera é ΔH = - 28,4KJ/g Calor de transformação física de solidificação Q total = Q água + Q calorímetro Q total = m.c.ΔT água + m.c.ΔT calorímetro = (119,49g - 48,94g).1.5,4 + 48,94.0,10.5,4 = 407,9 cal Usando a relação energia/massa novamente, foi visto que: para cada 7,88 g de cera foram liberadas 407,9 cal, para uma 1g foram liberadas 54,40 cal, 0,0544 kcal ou ainda 0,22 KJ/g Portanto, ΔH = - 0,22 KJ/g DISCUSSÃO Por comparação, o valor teórico da cera de parafina ao realizar a combustão é de 10 kcal/g ou 41,8 KJ/g. [4] A diferença dos resultados se deu pelo calorímetro não perfeito que permitiu trocas de calor entre o meio externo e interno, caso o experimento se desse em um calorímetro ideal, ou seja, com paredes adiabáticas e capacidade térmica nula, os valores teóricos seriam atingidos. No entanto, não existe um calorímetro perfeito, pois nenhum material é totalmente isolante e pode estar submetido a trocas de calor e transferência de energia. CONCLUSÕES Observou-se que a transformação física de solidificação liberou menos energia do que a combustão, que liberou 129 vezes mais energia com 1 g de massa do que o calor de solidificação, mostrou-se portanto, mais eficiente. Soube-se que não é possível a existência de um calorímetro perfeito, mas quanto menos o material apresentar capacidade térmica, mais próximo do resultado teórico ele estará. 1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ATKINS, P.; LORETTA, J. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3 a ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. [2] https://brasilescola.uol.com.br/geografia/parafina.htm https://brasilescola.uol.com.br/geografia/parafina.htm [3] CONSTANTINO, M.G.; SILVA, G.V.J; DONATE, P.M. Fundamentos de Química Experimental. São Paulo: Edusp, 2004. [4] https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/ficha_completa1.asp?consul ta=CERA%20DE%20PARAFINA https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/ficha_completa1.asp?consulta=CERA%20DE%20PARAFINA https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/ficha_completa1.asp?consulta=CERA%20DE%20PARAFINA