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TCC dimensionamento de cortina atirantada pelo método ascendente. Estudo de caso.

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 
 
 
 
1º TEN MARIO RITTER 
 1º TEN RODRIGO DOS SANTOS MORGADO 
 
 
 
 
 
 
ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES COM CORTINA ATIRANTADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2017
Relatório de Projeto de Final de Curso apresentado ao 
Curso de Graduação em Engenharia de Fortificação e 
Construção do Instituto Militar de Engenharia, como 
requisito parcial para a aprovação na referida disciplina. 
Orientadora: 
Profª. Maria Esther Soares Marques, D.Sc. 
 
2 
 
c2017 
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha 
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270 
 
 
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-
lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer 
forma de arquivamento. 
 
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre 
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que 
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, 
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica 
completa. 
 
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e 
do(s) orientador(es). 
 
 
 
624.1 
 
Ritter, Mario 
R614e Estabilização de taludes com cortina atirantada / Mario Ritter 
e Rodrigo dos Santos Morgado; orientados por Maria Esther 
Soares Marques – Rio de Janeiro: Instituto Militar de 
Engenharia, 2017. 
 
 167p. : il. 
 
 Projeto de Fim de Curso (PROFIC) – Instituto Militar de 
Engenharia, Rio de Janeiro, 2017. 
 
 
 1. Curso de Engenharia de Fortificação e Construção – 
Projeto de Fim de Curso. 2. Contenção. I. Morgado, Rodrigo dos 
Santos. II. Marques, Maria Esther Soares. III. Título. IV. Instituto 
Militar de Engenharia. 
 
 
 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Primeiramente a Deus, por toda a paciência nos momentos de dificuldades. 
 Às nossas famílias, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. 
 À professora Esther, pela dedicação, orientação e ensino em todas as etapas 
deste trabalho. 
 A todos os demais que direta ou indiretamente contribuíram para a construção 
deste Projeto Final de Curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ 8 
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 12 
LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................. 13 
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................... 16 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19 
 
2. MOVIMENTOS DE MASSA ................................................................................ 22 
2.1. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES .................................................. 22 
 2.1.1. TIPOS DE RUPTURA …...... ................................................................. 22 
 2.1.2. MECANISMOS DE RUPTURA ............................................................. 23 
 2.1.3. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE ............................................... 23 
2.2. CONTENÇÕES ................................................................................................. 28 
 2.2.1. FASES DO PROJETO .......................................................................... 28 
 2.2.2. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ........................................................ 29 
 
3. CORTINAS ATIRANTADAS ............................................................................... 34 
3.1. CONCEITUAÇÃO ............................................................................................. 34 
3.2. ETAPAS DE DIMENSIONAMENTO ................................................................. 37 
3.3. ETAPAS DE EXECUÇÃO ................................................................................ 38 
3.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE ........................................................................... 51 
 3.4.1. MÉTODO DE COULOMB ADAPTADO ................................................ 53 
 3.4.2. MÉTODO DE RODIO ........................................................................... 56 
 
6 
 
 3.4.3. MÉTODO BRASILEIRO (NUNES; VELLOSO, 1963) ............................ 57 
 3.4.4. MÉTODO DE RAKE-OSTERMAYER ................................................... 61 
3.5. TÉCNICAS DE DETALHAMENTO ................................................................... 64 
 3.5.1. PAINEL ................................................................................................. 64 
 3.5.1.1 AÇÕES SOLICITANTES .......................................................... 66 
 3.5.1.2 ARMAÇÃO ................................................................................ 70 
 3.5.1.3 VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO ................................................... 76 
 3.5.2. TIRANTE ............................................................................................... 78 
 3.5.2.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES .............................................. 79 
 3.5.2.2 PERFURAÇÃO ......................................................................... 83 
 3.5.2.3 INSTALAÇÃO ........................................................................... 84 
 3.5.2.4 INJEÇÃO .................................................................................. 85 
 3.5.2.5 PROTENSÃO ........................................................................... 87 
 3.5.2.6 INCORPORAÇÃO .................................................................... 88 
 3.5.2.7 CORROSÃO ............................................................................. 88 
 3.5.3. CAPACIDADE DE CARGA ................................................................... 90 
3.6. DRENAGEM ...................................................................................................... 91 
 3.6.1 DRENAGEM SUPERFICIAL ................................................................. 92 
 3.6.2 DRENAGEM SUBSUPERFICIAL .......................................................... 97 
3.7. MANUTENÇÃO ................................................................................................ 99 
 
4. DETALHAMENTO DO PROJETO .................................................................... 101 
4.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ......................................................... 101 
4.2. AVALIAÇÃO TOPOGRÁFICA DO TERRENO ............................................... 106 
4.3. AVALIAÇÃO GEOMÉTRICA DOS PAINÉIS .................................................. 109 
4.4. PARÂMETROS ADOTADOS .......................................................................... 111 
 
7 
 
4.5. MEMORIAL DE CÁLCULO .............................................................................. 112 
 4.5.1. MÉTODO BRASILEIRO DE ATIRANTAMENTO ................................ 112 
 4.5.2. ARMADURAS LONGITUDINAIS ........................................................ 117 
 4.5.2.1 VIGAS HORIZONTAIS CARREGADAS ................................. 122 
 4.5.2.2 VIGAS VERTICAIS CARREGADAS ....................................... 126 
 4.5.3. VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO ............................................................. 128 
 4.5.4. BULBO DE ANCORAGEM................................................................. 132 
 4.5.5. CAPACIDADE DE CARGA DA BASE ................................................ 133 
 4.5.6. GEOMETRIA FINAL DE PROJETO ................................................... 138 
 4.5.7. DRENAGEM ....................................................................................... 142 
4.6. ANÁLISE GLOBAL DO TALUDE ..................................................................... 146 
 
5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 154 
 
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................ 157 
 
7. ANEXOS .......................................................................................................... 162 
7.1. ANCORAGEM ................................................................................................ 162 
7.2. FRETAGEM/ ARMADURA DA BASE ............................................................. 163 
7.3. JUNTAS DE CONCRETAGEM ...................................................................... 164 
7.4. VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS CENTRAIS) .................................... 165 
7.5. VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS LATERAIS) .................................... 166 
7.6. ARMADURA DE PUNÇÃO .............................................................................. 167 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
FIG.2.1 - Parâmetros de Pico, de Volume Constante e Residuais (Manual da 
GeoRio, 2014) .......................................................................................................... 25 
FIG.3.1 - Cortina Atirantada (Adaptado de EIP, 20?) ............................................... 35 
FIG.3.2 - Cortina Atirantada (A), Estroncada (B) e em Balanço (C) (GERSCOVICH, 
DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ........................................................................ 36 
FIG.3.3 - Cortina Atirantada em Seção Transversal (GERSCOVICH, DANZINGER E 
SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 36 
FIG.3.4 - Método Descendente (Hunt e Nunes, 1978) ............................................ 39 
FIG.3.5 - Manuseio dos Tirantes (NARESI, 2009) .................................................... 42 
FIG.3.6 - Inserção dos Tirantes (NARESI, 2009) ..................................................... 43 
FIG.3.7 - Vista dos Tirantes no Furo (NARESI, 2009) .............................................. 43 
FIG.3.8 - Tubo de Injeção (NARESI, 2009) .............................................................. 44 
FIG.3.9 – Armação do Painel (NARESI, 2009) ......................................................... 46 
FIG.3.10 – Dobras (NARESI, 2009) ........................................................................ 47 
FIG.3.11 - Primeira Linha de Tirantes (NARESI, 2009) ............................................ 47 
FIG.3.12 - Escoramento Tubular Metálico (NARESI, 2009) ..................................... 48 
FIG.3.13 - Desforma do Primeiro Nível (NARESI, 2009) .......................................... 48 
FIG.3.14 - Armação em Nicho Alternado (NARESI, 2009) ...................................... 49 
FIG.3.15 - Macaco de Protensão de Cordoalhas (NARESI, 2009) ........................... 50 
FIG.3.16 - Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas (GERSCOVICH, 
DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ....................................................................... 51 
FIG.3.17 - Método de Coulomb (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 
 ................................................................................................................................. 54 
FIG.3.18 - Superfície de Ruptura no Pé do Talude (GERSCOVICH, DANZINGER E 
SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 58 
FIG.3.19 - Diagrama de Esforços (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 
2016) ........................................................................................................................ 59 
 
9 
 
FIG.3.20 - Diagrama de Ângulos (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 
2016) ....................................................................................................................... 61 
FIG.3.21 - Método de Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, DANZINGER E 
SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 63 
FIG.3.22 – Polígono de Forças do Método Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, 
DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ........................................................................ 63 
FIG.3.23 - Junta Entre Painéis (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 
....................................................................................................................................65 
FIG.3.24 - Vista Superior: Junta e Vértice (GERSCOVICH, DANZINGER E 
SARAMAGO, 2016) ................................................................................................. 65 
FIG.3.25 - Unidade Estrutural Modelada (THOMAZ, 19-) ......................................... 69 
FIG.3.26 - Aplicação de Cargas e DMF .................................................................... 70 
FIG.3.27 - Distribuição de Momentos por Faixas (NBR 6118 : 2014) ....................... 72 
FIG.3.28 – Perímetro Crítico C’ (NBR 6118 : 2014) ................................................. 77 
FIG.3.29 – Cabeça do Tirante (Adaptado da NBR 5629 : 1996) .............................. 80 
FIG.3.30 – Componentes do Tirante (Téchne, 2007) ............................................... 83 
FIG.3.31 – Válvulas Manchetes nos Tirantes .......................................................... 85 
FIG.3.32 – Processo de Obtenção (NARESI, 2009) ................................................ 86 
FIG.3.33 – Centralizador e Tubo Corrugado de Proteção (Manual GeoRio, 2014) 89 
FIG.3.34 – Proteção Anticorrosiva (Dwidag, 20?) .................................................... 90 
FIG.3.35 – Canaleta com Proteção Lateral (Manual GeoRio, 2014) ........................ 93 
FIG.3.36 – Características Construtivas dos Degraus (Manual GeoRio, 2014)........ 94 
FIG.3.37 – Caixa de Passagem (Manual GeoRio, 2014) ......................................... 96 
FIG.3.38 – Bacia de Amortecimento (Manual GeoRio, 2014)................................... 97 
FIG.3.39 – Canaletas e Diâmetro de Perfuração (Manual GeoRio, 2014) ............... 98 
FIG.4.1 – Deslizamento do Talude (Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo) ..... 101 
FIG.4.2 – Vista do Prédio (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ...................... 102 
FIG.4.3 – Vista Superior da Cortina (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ..... 103 
 
10 
 
FIG.4.4 – Vista Superior da Cortina (Visita à Obra) ............................................... 103 
FIG.4.5 – Vista Frontal da Cortina (Visita à Obra) .................................................. 104 
FIG.4.6 – Vista do talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ........................ 104 
FIG.4.7 – Vista do Topo do Talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ........ 105 
FIG.4.8 – Mapa Geológico Local (CPRM, 2004) .................................................... 106 
FIG.4.9 – Levantamento Topográfico Fornecido ................................................... 107 
FIG.4.10 – Aferição de Distâncias (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) .......... 108 
FIG.4.11 - Estimativa de Distâncias Superiores .................................................... 108 
FIG.4.12 – Vista Frontal do Painel Central ............................................................ 109 
FIG.4.13 – Vista Frontal do Painel Lateral Esquerdo ............................................ 110 
FIG.4.14– Vista Frontal do Painel Lateral Direito ................................................. 110 
FIG.4.15 – Cunha de Solo para θ = θcr = 60° ......................................................... 112 
FIG.4.16 – Cunha de Solo para θ = θcr = 35,3° ..................................................... 115 
FIG.4.17 – Faixa Vertical ....................................................................................... 119 
FIG.4.18 – Faixa Horizontal .................................................................................... 119 
FIG.4.19 – Faixas Verticais (Expandidas) ............................................................. 121 
FIG.4.20 – Faixas Horizontais (Expandidas) ......................................................... 121 
FIG.4.21 – Viga Horizontal: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) ..................... 122 
FIG.4.22 – Redistribuição dos Momentos na Viga Horizontal ................................ 123 
FIG.4.23 – Viga Vertical: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) ........................ 126 
FIG.4.24 – Redistribuição dos Momentos na Viga Vertical ................................... 128 
FIG.4.25 – Armação Longitudinal ........................................................................... 129 
FIG.4.26 – Verificação da Punção .......................................................................... 129 
FIG.4.27 – Análise da Capacidade de Carga ......................................................... 134 
FIG.4.28 – Solicitações na Base do Painel ............................................................ 136 
FIG.4.29 – Esquema dos Tirantes ......................................................................... 138 
 
11 
 
FIG.4.30 – Vista Superior do Talude ...................................................................... 140 
FIG.4.31 – Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Centrais ................. 141 
FIG.4.32 – Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Extremos ............... 141 
FIG.4.33 – Vista Superior Proposta do Talude ...................................................... 142 
FIG.4.34 – Barbacãs no Painel Central .................................................................. 143 
FIG.4.35 – Barbacãs no Painel Lateral Esquerdo .................................................. 144 
FIG.4.36 – Canaleta com Degrau no Estudo de Caso ........................................... 145 
FIG.4.37 – Emprego de Drenos ............................................................................. 146 
FIG.4.38 – Forças normais e de corte em uma fatia (FERRÁS, 2012) ................... 147 
FIG.4.39 – Perfil do talude no SLIDE .................................................................... 148 
FIG.4.40 – Pefil sem Tirante com Grid Automático para Janbu Simplificado ........ 149 
FIG.4.41 – Pefil sem tirante com Grid Automático para Janbu Corrigido .............. 149 
FIG.4.42 – Grid automático com ruptura circular e Janbu Simplificado .................. 150 
FIG.4.43 – Grid automático com ruptura circular e Janbu Corrigido ....................... 150 
FIG.4.44 – Grid manual e Janbu Simplificado ........................................................ 151 
FIG.4.45 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado .......................... 152 
FIG.4.46 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido .............................. 152 
FIG.4.47 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado Otimizado ......... 153 
FIG.4.48 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido Otimizado ............. 153 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TAB.2.1 - Fatores de Segurança Mínimos (Manual da GeoRio, 2014) .................. 26 
TAB.2.2 - Escolha de Parâmetros (Manual da GeoRio, 2014) ............................... 26 
TAB.2.3 - Parâmetros Analisados Para Cada Tipo de Solo (Manual da GeoRio, 
2014) ....................................................................................................................... 27 
TAB.2.4 - Soluções Comuns na Estabilização de Taludes (Manual da GeoRio, 2014) 
 .................................................................................................................................. 29 
TAB.3.1 - Correlações Entre Kmd, Kx, Kz e As (Adaptado da NBR 6118: 2003) ........ 74 
TAB.3.2 - Coeficientes de Ancoragem (NBR 5629 : 1996) ....................................... 81 
TAB.3.3 - Cargas de Ancoragem (Manual da GeoRio, 2014)................................... 82 
TAB.3.4 - Classificação de Agressividade (NBR 5629 : 1996) ................................. 88 
TAB.3.5 - Dimensionamento de Canaleta Longitudinal (Manual da GeoRio, 2014) . 95 
TAB.4.1 - Aplicação do Método Brasileiro de Atirantamento .................................. 114 
TAB.4.2 - Extrato da Tabela TAB.3.3 (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) ..... 116 
TAB.4.3 - Classes de Agressividade e do Concreto (NBR 6118 : 2014) ................ 118 
TAB.4.4 - Cobrimentos Nominais para ∆c = 10mm (NBR 6118 : 2014) ................ 118 
TAB.4.5 - Tipos de Armações Longitudinais Adotados .......................................... 128 
TAB.4.6 - Tensões de Aderência Nata Maciço ....................................................... 133 
TAB.4.7 - Pressões Básicas de Classes de Solo Distintas (NBR 6122 : 1996) ...... 135 
TAB.4.8 - Especificação de Cores e Comprimentos ............................................... 140 
TAB.4.9 - Características dos métodos (Adaptado de FERRÁS, 2012) ................ 147 
 
 
 
 
 
 
13 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
γnat - Peso Específico Natural; 
γsat - Peso Específico Saturado; 
c - Coesão do Solo; 
C - Força de Coesão da Cunha de Solo; 
 - Ângulo de Atrito do Solo; 
δ - Ângulo entre a Horizontal e a Superfície do Solo acima da Cortina Atirantada; 
i - Ângulo entre a Horizontal e a Cortina Atirantada; 
q - Sobrecarga; 
α - Ângulo entre as Ancoragens; 
θ - Ângulo entre a Horizontal e um Plano qualquer de Possível Deslizamento; 
Nh - Quantidade de Camadas Horizontais de Tirantes por Painel; 
Nv - Quantidade de Camadas Verticais de Tirantes por Painel; 
Nt - Quantidade Total de Tirantes por Painel; 
eh - Distância Horizontal entre Eixos Consecutivos de Tirantes; 
ev - Distância Vertical entre Eixos Consecutivos de Tirantes; 
θcr - Ângulo Crítico de Deslizamento; 
β - Ângulo entre a Ancoragem e o Plano Crítico de Ruptura ; 
La - Comprimento de Ancoragem dos Tirantes; 
W - Peso; 
 
14 
 
FS - Fator de Segurança; 
θac - Ângulo do Plano de Ancoragem; 
qs - Carga Superficial; 
qh - Carga Horizontal Linear; 
qv - Carga Vertical Linear; 
Ea - Empuxo Ativo por Metro; 
fck - Resistência Característica do Concreto à Compressão; 
fcd - Resistência de Cálculo do Concreto; 
fyk - Resistência Característica ao Escoamento do Aço; 
fyd - Resistência de Cálculo do Aço; 
M - Momento Fletor de Cálculo; 
Md - Momento Fletor Solicitante de Cálculo; 
kmd - Parâmetro de Dimensionamento de Armaduras Longitudinais em Vigas; 
kz - Parâmetro de Dimensionamento de Armaduras Longitudinais em Vigas; 
d - Altura Útil da Viga 
b - Largura da Viga 
 - Diâmetro da Armadura; 
C - Cobrimento de Viga; 
uo - Perímetro do Contorno da Superfície de Análise; 
 - Força Concentrada de Cálculo; 
αv2 - Parâmetro de Dimensionamento, Função da Resistência do Concreto; 
 
15 
 
ρ - Taxa de Armadura; 
γconc - Peso Específico do Concreto; 
As - Área da Seção Transversal de Aço na Armadura Longitudinal; 
 rd2 - Tensão de Resistência à Compressão Diagonal; 
 - Tensão Cisalhante Solicitante de Cálculo na Superfície Crítica; 
Asw - Área da Seção Transversal de Aço da Armadura Transversal; e 
s - Espaçamento entre Estribos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
LISTA DE SIGLAS 
PMZS - Prefeitura Militar da Zona Sul; 
CEDAE - Companhia Estadual de Águas e Esgotos; 
CPRM - Serviço Geológico doBrasil; 
CRO - Comissão Regional de Obras; 
PNR - Próprio Nacional Residencial; 
SOPE - Sociedade de Obras e Projetos de Engenharia; 
GEORIO - Fundação Instituto de Geotécnica; 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas 
NBR - Norma Brasileira 
EB - Exército Brasileiro 
 
17 
 
RESUMO 
O crescimento de cidades brasileiras em regiões de encostas suscetíveis a 
deslizamentos tem contribuído de modo significativo para um crescimento do 
mercado geotécnico. Isto torna o setor cada vez mais competitivo, em meio à 
execução de obras com processos, variáveis e riscos de análise complexos. 
Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo estudar o emprego de 
cortinas atirantadas em projetos de estabilização de taludes para aplicação em um 
projeto real, com ênfase na avaliação das especificidades técnicas de seus 
elementos e do modo pelo qual eles interagem na estrutura para a garantia de 
segurança e vida útil à obra de contenção. 
Iniciou-se o estudo a partir de uma abordagem geral da avaliação dos 
movimentos de massa, com destaque para os principais métodos de análise de 
estabilidade de taludes e a conceituação dos principais tipos de estruturas de 
contenções existentes. A seguir, procedeu-se à descrição detalhada do emprego de 
cortinas atirantadas para fins de aplicação no redimensionamento de um projeto de 
mesma modalidade, recentemente executado pela Comissão Regional de Obras – 
CRO/1. 
 Tal obra consistiu no projeto de contenção de um talude em cujo topo se 
encontra um conjunto de Próprios Nacionais Residenciais - PNRs, executado nos 
fundos de um condomínio residencial no bairro de Copacabana/RJ. Esta região 
havia sido afetada por um desmoronamento sem vítimas fatais ocorrido em 2010, 
conforme noticiado na época, tendo sido este um fator decisivo para a construção. 
Nesta abordagem, contou-se em especial com o auxílio do "Método Brasileiro 
de Atirantamento para Análise de Estabilidade"; da NBR 5629:2006, intitulada 
"Execução dos Tirantes Ancorados no Terreno"; e da NBR 6118:2014, intitulada 
"Projeto de Estruturas de Concreto". Outras fontes relevantes de consulta estão 
referenciadas ao fim do trabalho. 
Palavras-chave: Cortinas Atirantadas, Contenção, Tirantes. 
 
18 
 
ABSTRACT 
 The growth of Brazilian cities in landslide susceptible regions has 
significantly contributed to the growth of the geotechnical market. It makes the sector 
increasingly competitive, amid the execution of works with complex processes, 
variables and risk analysis. 
 In this context, the present task had the desire to study the use of anchored 
walls in slope stabilization projects for further application in a real project, with 
emphasis on the specificities evaluation of its elements and the way they interact in 
the structure in order to guarantee safety and maintain the construction lifespan. 
 The study began with a general evaluation of the soil mass movements, with 
emphasis on the main methods of slope stability analysis and the conception of the 
main types of existing containment structures. Afterwards, a detailed description was 
given about the use of anchored walls for further application in the re-dimensioning 
project concerning the same kind of project, which was recently executed by the 
"Comissão Regional de Obras – CRO/1". 
 This work consisted in the containment project of a slope on whose top is a 
set of Próprios Nacionais Residenciais - PNRs, executed in the back of a residential 
condominium in the neighborhood of Copacabana/RJ. This region had been affected 
by a collapse without fatalities occurred in 2010, as reported that time, which was a 
decisive factor for the project construction. 
 In this approach, we especially counted with the aid of the "Brazilian Method 
of Stability Analysis for Stability Analysis"; of the NBR 5629: 2006, entitled "Execution 
of the anchored ties on the ground"; and the NBR 6118: 2014, entitled "Concrete 
Structural Design". Other relevant sources of research are referenced at the end of 
the work. 
 Keywords: Ground Anchored Walls, Containment, Rods. 
 
 
 
19 
 
1. INTRODUÇÃO 
 As contenções são obras executadas com o objetivo de garantirem 
estabilidade contra a ruptura de maciços, evitando-se escorregamentos devido ao 
peso próprio ou a carregamentos externos. 
 Nesta categoria, a cortina atirantada é uma estrutura de contenção composta 
de tirantes, elementos lineares resistentes à tração dispostos entre um talude e um 
muro de concreto ou cortina. Em sua execução, introduzem-se armaduras ou 
elementos estruturais compostos com valores de rigidezes distintos em relação ao 
terreno de atuação. Isto gera uma interação entre os deslocamentos e os 
carregamentos na estrutura, de modo a se consolidar um projeto condicionado por 
cargas que dependem de deslocamentos. 
 Na sua fase de dimensionamento, alia-se o trabalho conjunto dos tirantes 
protendidos com as propriedades de resistência do concreto armado, sob auxílio da 
atuação do solo na função de base para a ancoragem dos tirantes. Adicionalmente, 
consideram-se as propriedades geológicas do maciço, além de conceitos referentes 
a fundações, concreto armado e estruturas protendidas. 
 Ou seja, justamente por integrar amplas áreas da Engenharia Civil, tal tipo de 
projeto de construção é em geral complexo e por isso pouco explorado em muitos 
dos cursos de graduação. Este fato limita o número de profissionais realmente 
capacitados para atuarem em projetos no ramo, sendo esta interdisciplinaridade o 
motivo principal para a escolha do tema deste Projeto de Fim de Curso. 
 Dentre o leque de aplicações de cortinas atirantadas, mencionam-se seus 
amplos empregos em obras rodoviárias e ferroviárias, constituindo um tipo de 
solução recomendável frente à necessidade de grandes volumes de cortes com 
erguimento de muros de alturas elevadas. Elas permitem ainda que o terreno inferior 
seja melhor aproveitado, visto que se apresentam com ângulos de inclinação dos 
taludes em geral próximos a 90º. 
 Neste contexto, destaca-se que muitos dos parâmetros importantes em obras 
de reforço e contenção, como qualidade e atendimento às normas técnicas, estão 
 
20 
 
sendo subvalorizados frente à busca pelo custo mais baixo das empresas. Ainda, os 
obstáculos crescentes nas grandes cidades em meio às dificuldades encontradas ao 
se escavar mais subsolos e executar contenções em espaços reduzidos têm gerado 
aumento no custo geral das obras de contenção e na pressão atuante sobre os 
construtores. 
 Deste modo, torna-se fundamental o estabelecimento das regras a serem 
obedecidas para a execução destes projetos, capazes de regularem os estudos 
prévios e o adequado monitoramento a ser executado durante e após os trabalhos 
de execução. Para tal, no âmbito do dimensionamento de projetos de cortinas 
atirantadas, orienta-se em especial a partir das seguintes normas: 
 ABNT NBR 5629:2006 - Requisitos de execução de tirantes ancorados no 
terreno, podendo eles serem provisórios ou permanentes; 
 ABNT NBR 6118:2007 - Projeto de estruturas de concreto e requisitos de 
fabricação, encomenda e fornecimento de barras e fios de aço com uso em 
estruturas de concreto armado, usando-se ou não de revestimento superficial; 
 ABNT NBR 7482:2008 - Requisitos de fabricação, encomenda e 
fornecimento de fios de aço com elevada resistência, em seção circular, encruados a 
frio por trefilação, de superfície lisa ou entalhada, destinados a armaduras de 
protensão; 
 ABNT NBR 7483:2008 - Requisitos de fabricação, encomenda e fornecimento 
de cordoalhas de aço com elevada resistência, a três e sete fios, para armaduras de 
protensão; 
 ABNT NBR 7681-1:2013 - Requisitos da calda e seus constituintes e técnicas 
de preparação da calda para uso em ensaios; e 
 ABNT NBR 7681-2:2013 - Modo de determinação do índice de fluidez e da 
vida útil da calda de cimento para finsde injeção através do funil de Marsh. 
 
21 
 
 Assim, esse relatório de pesquisa teve por função abordar aspectos 
relevantes a serem verificados no projeto de dimensionamento de estruturas de 
cortinas atirantadas, sob fins de aplicação em um projeto real. 
 Para se atingir tal objetivo geral, buscaram-se os seguintes objetivos 
específicos: 
 Revisão bibliográfica; 
 Abordagem de técnicas de análise de estabilidade de taludes em solo, com 
foco no levantamento dos tipos mais importantes de estruturas de contenção e dos 
fatores determinantes para a escolha das possíveis soluções; 
 Estudo das cortinas atirantadas em termos da inter-relação entre seus 
elementos constituintes, tendo por base a consulta às normas relevantes vigentes 
com foco na produção de um roteiro de procedimentos a serem conduzidos nos 
projetos de dimensionamento desta categoria; 
 Elaboração de guias de execução e projeto para a construção de cortinas 
atirantadas; 
 Recepção e análise de dados referentes a um projeto real de cortina 
atirantada executada pela CRO/1; 
 Projeto de dimensionamento e execução de uma cortina atirantada, tendo por 
base os arquivos supracitados no item anterior; e 
 Prescrição de cuidados especiais relativos à execução da obra, à proteção 
contra fatores destrutivos, drenagem e à manutenção da estrutura durante e após o 
processo de execução da obra. 
 
 
22 
 
2. MOVIMENTOS DE MASSA 
2.1. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES 
 A execução inadequada de aterros e os processos de corte em maciços 
podem ocasionar movimentos de massa com acréscimo de carga e escorregamento 
de taludes, na situação em que as tensões cisalhantes venham a ultrapassar as 
resistências de cisalhamento dos materiais ao longo de eventuais superfícies de 
ruptura. 
Nem sempre é possível prever a forma da superfície sobre a qual ocorrerá a 
ruptura de uma massa de solo, mas muitas vezes seu movimento se dá sobre uma 
superfície de geometria previsível e bem definida. Assim, as informações que devem 
ser levantadas antes do início das análises de estabilidade de taludes são a 
topografia, a geologia/estratigrafia local, os parâmetros de solo e rochas, as 
condições de fluxo e infiltração e os carregamentos externos. 
Neste contexto, usa-se o fator de segurança - FS como um método 
determinístico que representa a razão entre as resistências disponível e mínima 
necessária para manter o equilíbrio. Considera-se ainda superfície crítica aquela 
com menor fator de segurança e superfície de ruptura aquela onde já houve 
escorregamento. 
2.1.1. TIPOS DE RUPTURA 
A ruptura do talude pode ocorrer das formas: (Manual da GeoRio, 2014). 
 Planar – Mecanismo de escorregamento sobre uma superfície 
aproximadamente plana, que ocorre em especial quando há finas camadas de solo 
envolvendo materiais mais resistentes, ou camadas de solos anisotrópicos espessas 
com planos de fraqueza reliquiares e orientações desfavoráveis à estabilidade. 
 
 Circular – Mecanismo de escorregamento sobre uma superfície de formato 
aproximadamente em arco de circunferência, que ocorre em especial quando há 
camadas de solo relativamente homogêneas. A respeito do pé do talude, sua 
ocorrência pode ser a partir de uma ruptura passando abaixo dele, no geral em 
taludes com inclinação menor que 53° e camada resistente profunda em 
 
23 
 
comportamento não drenado; acima dele, no geral em taludes com inclinação menor 
que 53° e camada resistente rasa em comportamento não drenado; ou passando por 
ele, no comportamento drenado e nos demais casos de comportamento não 
drenado. 
 
 Complexa – Mecanismo de escorregamento em parte circular e planar, que 
ocorre por exemplo em casos de camadas de solo fraco em uma matriz mais 
resistente. 
2.1.2. MECANISMOS DE RUPTURA 
Consideram-se os seguintes mecanismos de ruptura de blocos de solo: 
 Planar - Ruptura na qual uma descontinuidade principal mergulha na direção 
do talude, estando a primeira sob um ângulo com a horizontal inferior ao do 
segundo; 
 
 Em cunha - Ruptura na qual duas descontinuidades planares têm linhas de 
interseção que mergulham na direção do talude, estando ambas sob um ângulo com 
a horizontal inferior ao deste; 
 
 Por tombamento - Ruptura na qual lajes verticais ou colunas mergulham para 
“dentro”, quase verticalmente e próximas à face do talude; 
 
 Circular - Ruptura com superfície de deslizamento em forma de concha, 
semelhante à ruptura em solos, a ocorrer em massas muito fraturadas; e 
 
 Por queda de blocos soltos - Ruptura que consiste no deslizamento e/ou 
tombamento de blocos que se projetam ou deslizam no talude. 
2.1.3. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE 
Considera-se para fins de escolha do método de análise de estabilidade que 
o solo é um material rígido perfeitamente plástico submetido ao equilíbrio limite, a 
escorregar sobre uma superfície de geometria desconhecida com a ausência de 
deformações e comportamento de corpo rígido. Sendo esta análise determinística, 
 
24 
 
despreza-se a variabilidade natural dos parâmetros pela adoção de valores médios e 
os métodos de análise de estabilidade normalmente aplicados são: 
 Método das fatias - Abordagem recomendada para superfícies 
aproximadamente circulares ou complexas. Consiste em dividir a massa em fatias 
verticais, de modo que as tensões normais nas bases dependam principalmente dos 
pesos próprios das partes em análise. Ainda que se determine as forças relativas a 
cada fatia, o sistema é estaticamente indeterminado por ter mais incógnitas que 
equações. O método da fatia resultante será considerado simplificado quando não 
atender a todas as três condições de equilíbrio estático, com variação de até 60% a 
favor da segurança; ou rigoroso, quando atender às três condições de equilíbrio, 
com variação de até 6% neste sentido. 
 Método do talude infinito com fluxo paralelo - Abordagem normalmente 
aplicada para camadas de solo sobre materiais mais resistentes em taludes de 
alturas dez vezes maiores e inclinações supostas constantes. Nesse caso, o 
comprimento do talude não influi na segurança. A superfície do terreno, a interface 
entre os dois materiais e o fluxo de água normalmente são paralelos nestas análises. 
 Método de Mohr-Coulomb para ruptura planar - Tem por base o diagrama de 
forças do corpo livre em casos de rupturas planares, nas quais um bloco de solo 
escorrega sobre uma superfície plana. 
Na análise de estabilidade de taludes, aplica-se em geral o método das fatias, 
tanto para superfícies críticas aproximadamente circulares (com uma comparação 
entre os métodos simplificado e rigoroso); quanto para as compostas (com o uso do 
método rigoroso). 
A análise de estabilidade pode ser feita em termos de tensões efetivas ou 
tensões totais. No primeiro caso, sabe-se o valor da tensão normal efetiva atuante 
na superfície crítica e os parâmetros de resistência efetivos, considerando conhecida 
a poro pressão na superfície crítica. No segundo, sabe-se o valor da tensão normal 
total na superfície crítica e os parâmetros de resistência totais, de tal modo que a 
poro pressão não é explicitamente considerada. 
 
25 
 
Assim, emprega-se em geral as análises em tensões efetivas quando é 
possível prever a poro pressão na ruptura, e as análises em tensões totais ao se 
assumir umidade constante no solo, como em casos de carregamentos rápidos em 
solos argilosos e siltosos. 
Vale ressaltar que por sucção os solos finos podem assumir valores 
expressivos de coesão aparente com acréscimo na resistência, sendo tais valores 
passíveis de redução a partir do aumento do teor de umidade do solo em situações 
de chuva com escorregamentos. Para solos estratificados de camadas distintas, em 
análises de curto prazo, é comum analisar em conjunto os solos grosseiros em 
termos de tensões efetivas e os finos em termos de tensões totais. Para os efeitos a 
longo prazo, avaliam-seem geral todos os tipos de solos por tensões efetivas. 
Em relação ao nível de deformação a qual está submetido o solo, adotam-se 
as tensões do pico da curva tensão ( ) x deformação (ɛ) ou mesmo o valor no 
patamar de resistência após o pico, na situação de não haver mais variação de 
volume no solo. A figura FIG.2.1 ilustra estas faixas. 
 
FIG.2.1 Parâmetros de Pico, de Volume Constante e Residuais (Manual da GeoRio, 
2014) 
 
Paralelamente, em algumas situações, pode haver alinhamento das partículas 
argilosas paralelamente à superfície de ruptura, o que leva a resistência a valores 
inferiores aos do patamar de volume constante, configurando resistência residual. 
Há também situações de ruptura progressiva seguida de perda apreciável de 
resistência pós-pico, as quais levam a fatores de segurança superestimados. 
Recomenda-se aplicar os procedimentos até então descritos de acordo com 
as tabelas TAB.2.1, TAB.2.2, TAB.2.3, que relacionam os fatores de segurança 
mínimos a serem adotados em projeto, os métodos de análise e as condições de 
deformação da massa de solo. 
 
26 
 
TAB.2.1 Fatores de Segurança Mínimos (Manual da GeoRio, 2014) 
Fatores de Segurança 
Mínimos - NBR 11682 
Nível de segurança contra danos às vidas humanas 
Alto Médio Baixo 
Nível de 
segurança 
Alto 1,5 1,5 1,4 
Médio 1,5 1,4 1,3 
Baixo 1,4 1,3 1,2 
 
Ressalta-se que os fatores de segurança da TAB.2.1 devem ser majorados 
em 10% em casos de grande variabilidade dos resultados, enquanto que em casos 
de estabilidade de placas e blocos rochosos pode-se usar fatores de segurança 
parciais com um método de cálculo que considere fator de segurança mínimo de 1,1. 
Os dados não se aplicam a casos de rastejo, voçorocas ou ravinas. 
TAB.2.2 Escolha de Parâmetros (Manual da GeoRio, 2014) 
Escolha de Parâmetros Pelas Condições de Deformação 
Condição Parâmetros 
Taludes sem escorregamento prévio, solos 
sem perda considerável da resistência pós 
pico 
Parâmetros de pico 
Taludes sem escorregamento prévio, solos 
com perda considerável da resistência pós 
pico 
Parâmetros de pico para obras onde 
se permitem deformações 
significativas; caso contrário, 
parâmetros pós-pico de volume 
constante 
Taludes rompidos em solos grosseiros ou 
solos finos de precedência tropical 
Parâmetros pós-pico de volume 
constante 
Taludes rompidos em solos argilosos de 
origem sedimentar 
Parâmetros residuais 
 
 
 
27 
 
TAB.2.3 Parâmetros Analisados Para Cada Tipo de Solo (Manual da GeoRio, 2014) 
 
Tipo de 
Solo 
Tipo de Problema Análise de Parâmetros 
Sedimentar 
Solos grosseiros sem fração argilosa 
significativa 
Método das tensões 
efetivas 
Parâmetros: c' e ' 
Condições 
especiais de 
solos 
argilosos 
saturados 
À longo prazo 
Em fluxo permanente, com 
carregamentos lentos sem 
excesso de poro pressão 
Carregamentos rápidos, sob 
análise de curto prazo 
Método das tensões totais 
Parâmetros: 
c = Su, = 0° 
Tropical 
residual, 
coluvionar 
ou laterítico 
Condições 
especiais de 
solos 
tropicais 
saturados 
Em fluxo permanente, com 
carregamentos lentos sem 
excesso de poro pressão Método das tensões 
efetivas 
Parâmetros: c' e ' 
De aspecto laterítico, com 
coeficiente de adensamento 
típico de material arenoso 
Com coeficiente de 
adensamento típico de 
material argiloso em fluxo 
transiente, ou carregamentos 
rápidos com excesso de poro 
pressão 
Método das tensões 
efetivas com estimativa de 
excessos de poro pressão 
por ensaios triaxiais, ou 
tensões totais com 
parâmetros c = Su e = 
0° de ensaios não 
drenados 
Solos tropicais não saturados 
Método das tensões 
efetivas para a análise de 
solos não saturados com 
curva umidade x sucção, 
ou tensões totais com 
parâmetros totais de 
ensaios não drenados sob 
umidade natural 
Argiloso 
Compactado 
Condições 
especiais de 
solos argilosos 
compactados 
À longo prazo, com fluxo em 
regime permanente 
Método das tensões 
efetivas 
Parâmetros: c' e ' 
À curto prazo, sem fluxo e 
sob carregamento rápido 
Método das tensões totais 
com ensaios CU na 
umidade de compactação, 
ou método das tensões 
efetivas com excesso de 
poro pressão 
 
28 
 
É também comum o uso de ábacos para a análise de estabilidade, os quais 
podem ser adotados na análise de taludes homogêneos com inclinações superficiais 
constantes. Neste emprego, estima-se o ângulo de atrito e a coesão em taludes 
estratificados a partir da média ponderada entre os parâmetros dos solos 
atravessados pela superfície crítica, usando como pesos os comprimentos de 
contato com a mesma em cada camada de solo. Estima-se também o peso 
específico por uma média ponderada, considerando-se a espessura de cada 
camada acima da superfície crítica. 
2.2. CONTENÇÕES 
2.2.1. FASES DO PROJETO 
Em suma, as etapas do projeto de estabilidade de encosta são vistoria, 
diagnóstico, análise de estabilidade, escolha da solução, detalhamento do projeto, 
implantação da obra, monitoramento e manutenção. 
Ao longo da execução da obra, o engenheiro civil geotécnico ou geólogo deve 
efetuar uma visita de inspeção detalhada, com emissão de laudo de vistoria e se 
possível de um diagnóstico preliminar a ser confirmado por investigações mais 
detalhadas. Tendo à disposição todas as informações para efetuar a análise de 
estabilidade, ele decide pela melhor solução e passa então a acompanhar a 
implantação da obra, a fim de verificar se a situação idealizada se confirma em 
campo e realizar eventuais ajustes caso necessário. 
No estágio de manutenção ao término da obra, o executor deve elaborar o 
Manual do Usuário, encaminhado ao proprietário. Assim, recomenda-se a realização 
de visitas periódicas para a verificação de situações anômalas, limpezas semestrais 
no sistema de drenagem, medição de vazão dos drenos profundos sub-horizontais, 
verificação de cargas em ancoragens e inspeção da integridade de cabeças de 
ancoragens. 
Destacam-se alguns fatores a serem considerados na escolha da solução, os 
quais são economia, prazo, segurança, manutenção, aspectos ambientais, 
interferências, acesso e meios de transporte, estabilidade durante a construção, 
materiais disponíveis, vandalismo, degradação ambiental, impactos visuais, 
 
29 
 
disposição de materiais removidos e impedimento da utilização da área subjacente 
ao talude durante a obra. 
O projeto deve ainda conter, de acordo com a NBR 11682, a descrição e a 
caracterização do local, informações sobre a forma de obtenção dos dados usados 
no projeto, análise de estabilidade, plano de monitoramento, especificações dos 
materiais e procedimentos, desenhos, quantitativo de materiais e serviços e plano de 
manutenção. 
2.2.2. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO 
Aplicam-se as técnicas de contenção de taludes conforme a tabela TAB.2.4. 
TAB.2.4 Soluções Comuns na Estabilização de Taludes (Manual da GeoRio, 2014) 
Soluções de Estabilização de Taludes 
Retaludamento 
Drenagem e proteção superficial 
Drenagem profunda 
Estruturas de 
contenção 
Muro e talude de solo reforçado 
Solo grampeado 
Estruturas ancoradas ou 
chumbadas 
Cortinas, grelhas, placas e muros 
chumbados 
Muros de peso, em diversas 
modalidades componentes 
Gabião, sacos de solo cimento, 
concreto ciclópico, concreto armado e 
pedra 
Taludes 
rochosos, 
blocos soltos 
Remoção 
Remoção e desmonte de blocos, 
reconformação 
Contenção 
Chumbadores, ancoragens, 
contrafortes (ancorados) 
Proteção 
Barreiras de impacto, trincheira de 
retenção, falso túnel 
 
 
30 
 
 Para esta análise, é importante mencionar que as soluções para estabilização 
são divididas em três categorias: remoção, proteção e contenção. As técnicas de 
proteção, por sua vez, não são métodos de estabilização propriamente ditos, pois 
não evitam movimentação das massas rochosas. Destaca-se que as drenagens são 
normalmente complementares às técnicas apresentadas, embora as drenagens 
profundasaumentem a estabilidade. 
 Ao longo dos parágrafos a seguir, apresenta-se de modo superficial os tipos 
de estruturas de contenção mais empregados, de acordo com a ordem em que 
foram citados na tabela TAB.2.4. Afinal, sendo o objetivo desta pesquisa proceder 
ao desenvolvimento de estruturas de cortinas atirantadas na contenção de taludes, 
julga-se útil mencionar as diversas outras soluções, com a intenção de induzir 
comparações a partir de um olhar crítico sobre a adequação de cada uma delas às 
suas melhores situações de uso. 
 No retaludamento, estabiliza-se por corte ou aterro o talude originalmente 
existente no local, sendo esta uma solução que depende da disponibilidade de área 
livre para corte e exige a avaliação do eventual impacto gerado por remoção de 
vegetação. 
 Ao se executar uma proteção superficial pela aplicação de concreto projetado, 
é possível minimizar a infiltração de água no terreno para garantir a estabilidade do 
talude. A drenagem superficial, por sua vez, minimiza a entrada de água de chuva 
no terreno, mostrando-se indispensável em todas as obras e taludes de solo a 
jusante de escarpas rochosas. Em sua execução em rocha, usam-se canaletas 
chumbadas na rocha imediatamente acima do contato com o solo. 
 Paralelamente, há na drenagem profunda uma alteração da direção do fluxo 
subterrâneo, com redução das poropressões atuantes no solo. Adota-se esta 
solução na estabilização de solos coluvionares de grande comprimento. 
 Os muros ou taludes de solos reforçados constituem uma das soluções mais 
baratas para aterros com alturas acima de 3 metros e extensões maiores que 20 
metros (Manual da GeoRio, 2014), constituindo uma categoria de obras flexíveis 
com boa tolerância às deformações da fundação. Entretanto, na implantação 
solidária ao solo, podem apresentar problemas estéticos no faceamento quando 
submetidas a recalques significativos. 
 
31 
 
 A técnica de execução de solos grampeados tem por base a aplicação de 
revestimento, o qual representa uma solução mais cara e solicita a mobilização de 
esforços muito maiores que os métodos convencionais de execução de túneis com 
suporte rígido. Usam-se grampos, os quais se diferem das ancoragens por não 
apresentarem trecho livre e por serem elementos passivos ou levemente pré-
tensionados, solicitados apenas quando o solo se deforma. Eles são projetados 
considerando-se a resistência à tração e em algumas situações ao cisalhamento, 
sendo normalmente constituídos por barras de aço instaladas em pré-furos 
preenchidos por calda de cimento. As etapas deste tipo de execução são a 
escavação, a instalação do grampo, a execução da face e a escavação final. 
 Os grampos possuem menor complexidade e comprimento que em obras com 
estruturas ancoradas, apresentando-se como uma solução de menor custo, 
normalmente aplicável a encostas naturais, escavações e taludes inclinados sem 
cortes verticais, também usado para promover a estabilidade de rupturas pouco 
profundas. 
 Por outro lado, as estruturas ancoradas são tradicionalmente aplicadas em 
cortes e aterros conforme os métodos descendente e ascendente, respectivamente, 
limitando-se os deslocamentos do terreno pela rigidez da estrutura. As ancoragens 
são elementos de inclusões semirrígidas empregadas para resistência à tração, com 
a contenção de uma massa de solo ou rocha. Seu principal elemento é o tirante, 
transmissor dos esforços de tração, o qual deve ser introduzido num furo realizado 
no terreno com posterior inserção de um material aglutinante, em geral calda de 
cimento, a fim de garantir aderência. Seus elementos constituintes são basicamente: 
a cabeça, extremidade exterior ao terreno; o trecho ancorado ou injetado, 
extremidade oposta à cabeça transmissora da carga de tração ao terreno; e o trecho 
livre, intermediário entre a cabeça e o trecho enterrado, o qual transmite as cargas 
de tração entre a cabeça e o trecho ancorado. 
 Nesta categoria, ressaltam-se as cortinas ancoradas, formadas por paredes 
de concreto armado normalmente verticais com tirantes ancorados no terreno; as 
grelhas ancoradas, que atuam de modo semelhante, apesar de terem como 
característica distinta o paramento da estrutura, constituído por peças estruturais em 
 
32 
 
duas direções com conformação à superfície do terreno; as placas ancoradas, que 
consistem em pequenas lajes ou blocos de concreto armado sobre o qual se apoia a 
cabeça da ancoragem; os contrafortes ancorados ou chumbados, que servem de 
apoio para a fixação de um bloco de rocha; e os ancoragens isoladas, casos nos 
quais a cabeça do tirante é apoiada diretamente no bloco ou lasca de rocha. 
 Destaca-se que as grelhas e placas de concreto armado e telas metálicas 
ancoradas adaptam-se bem a terrenos irregulares ou inclinados, sendo também 
indicadas para reforço de estruturas de contenção. 
 Por sua vez, os chumbadores são elementos passivos por não serem pré-
tensionados, não apresentando trechos livres. Neste método, faz-se uma perfuração 
no terreno, preenche-se o furo com calda de cimento e introduz-se uma barra de 
aço. Em suma, os chumbadores podem contribuir com suas resistências à tração e 
ao cisalhamento. As cargas são transmitidas por meio de todo o comprimento, de 
modo que a mobilização dependa das deformações verificadas no material contido. 
 No conjunto dos muros de peso, encontram-se os muros de peso 
propriamente ditos, os muros de flexão em concreto armado (com ou sem 
contrafortes e chumbadores), os muros de alvenaria de pedras, os muros de 
concreto ciclópico, os muros de gabião, os muros de sacos de solo-cimento, os 
muros de solo reforçado e os muros de flexão em concreto armado. Alguns fatores 
que influenciam na escolha deste grupo são a altura, o espaço disponível, as 
deformações esperadas e tensões internas, as exigências estéticas e vandalismo, o 
solo disponível para reaterro e os custos - sendo que cada um dos tipos de muros de 
peso supracitados tem peculiaridades relativas a cada um desses aspectos. 
 Nesta categoria, destacam-se os muros de concreto armado ou ciclópico e os 
de alvenaria de pedras. Eles possuem baixa tolerância a recalques e podem 
apresentar rachaduras em terrenos compressíveis, exigindo fundações adequadas. 
Em geral, são feitos com alturas inferiores a 3m, mas em casos de grandes alturas 
requerem elevadas tensões de tração nas armaduras e de compressão na seção de 
concreto, com aumento significativo do custo. Todavia, esta não é a solução 
preferida em locais com restrição de espaço, visto que em geral demanda larguras 
de base relativamente grandes, e por vezes escavações para implantação da base. 
 
33 
 
 As técnicas de remoção e desmonte de blocos não fixam os blocos 
individualmente junto ao maciço de rocha, mas conduzem à remoção, ao desmonte 
ou ao uso de telas especiais limitadoras de seu deslocamento. Pode-se remover 
blocos soltos de pequenos portes da superfície rochosa, fragmentar blocos maiores 
antes da remoção por explosivos ou desmonte a frio ou pregar telas de aço em 
taludes rochosos, com fins de orientação de queda ou contenção. 
 No âmbito dos taludes rochosos e blocos soltos, a técnica de proteção pela 
execução de falsos túneis não impede a ocorrência dos movimentos de massa, mas 
evita que os materiais atinjam a via. Tal estrutura suporta os esforços dinâmicos e 
estáticos provocados pelo movimento de massa, atuando como uma estrutura de 
impacto. 
 As barreiras de impacto objetivam conter ou desacelerar massas de solo ou 
rochas em movimento, podendo ser classificadas dentre as modalidades de 
barreiras flexíveis e barreiras rígidas ou semi-rígidas. Elas são indicadas em casos 
de dificuldade de acesso na execução de obras convencionais de contenção, e 
também quando a estabilização da massa potencialmente instável no seu próprio 
local é economicamente inviável. A ruptura não é evitada, mas pode ser controladade modo a reduzir os riscos. 
 Recomenda-se o uso de falsos túneis ou barreiras de impacto quando em 
função da grande extensão da massa instável avalia-se que estabilizar no local é 
inviável. Afinal, é preciso prever espaço para a deposição do material deslizado. 
 
 
34 
 
3. CORTINAS ATIRANTADAS 
3.1. CONCEITUAÇÃO 
Os muros de arrimo representam a solução estrutural mais antiga para a 
contenção de taludes, em função de serem relativamente baratos e não exigirem 
mão de obra especializada. Em geral, é empregado na contenção de desníveis de 
dimensões pequenas ou médias. Contudo, o uso se torna limitado, uma vez que sua 
estabilidade é basicamente garantida a partir do peso próprio. 
Indo de encontro a esta restrição, as cortinas atirantadas constituem uma 
categoria de obra de infraestrutura amplamente adotada na contenção de desníveis 
superiores a 5m ou na eventual ausência de área para comportar toda a base do 
muro. Sua execução é também recomendada para cortes em terrenos com elevada 
quantidade de carga, além da contenção de aterros de solos que apresentem pouca 
resistência à estabilidade. 
Ao contrário dos muros de arrimo, as cortinas atirantadas constituem o 
método mais seguro e de maior vida útil, apresentando como vantagem a 
capacidade de serem projetadas independentemente da altura do talude. Em sua 
maioria, não exigem fundações cravadas na parte inferior e podem por isso ser 
construídas em qualquer altura, inclusive somente nas faixas mais instáveis do 
terreno, concomitantemente com partes estáveis do talude sem proteção. 
Em suma, esta técnica de contenção tem caráter provisório ou definitivo, com 
a execução de uma “cortina” de contenção. Ela consiste em um muro delgado com 
espessuras da ordem de 20 a 30 cm (Manual da GeoRio, 2014), cujo material 
constitutivo pode ser concreto armado, projetado, parede diafragma, estacas-
pranchas, estacas-raiz e perfis metálicos intercalados por vigotas de madeira ou por 
concreto armado pré-moldado. No processo de construção, executa-se 
paralelamente as etapas de perfuração, aplicação, injeção e protensão de tirantes. 
Eles se distribuem de modo aproximadamente uniforme, sob espaçamentos de 
valores variáveis, em função dos esforços atuantes e da altura da contenção de 
projeto. 
https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/muro-de-arrimo-projeto-exige-estudo-do-solo_9687_10_0
 
35 
 
 A figura FIG.3.1 exemplifica a aplicação de cortinas atirantadas pela vista 
parcial do KM-83 da obra de duplicação da rodovia federal BR 040, que interliga 
Brasília e Rio de Janeiro. 
 
FIG.3.1 Cortina Atirantada (Adaptado de EIP, 20?) 
 Adicionalmente, as cortinas atirantadas diferem-se das estruturas 
grampeadas por desempenharem um processo de estabilização com aplicação de 
tensões induzidas no contato solo-face. Para isto, protendem-se os tirantes, tanto a 
partir de seus trechos livres na parte externa do talude, quanto no trecho injetado, 
via injeção de calda de cimento. 
 A face em solos grampeados, por outro lado, desempenha uma importância 
secundária, sendo que o processo de estabilização é garantido pelo emprego de 
grampos que conseguem associar pelo atrito as zonas potencialmente instáveis às 
zonas resistentes. Os reforços, por sua vez, não são protendidos, de modo que a 
mobilização é alcançada a partir de deslocamentos da massa de solo. 
 Contudo, a execução da técnica de cortinas atirantadas é um processo 
normalmente caro e demorado, que requer mão de obra especializada, 
 
36 
 
equipamentos sofisticados de perfuração, dispositivos específicos de fixação dos 
cabos na cabeça da estrutura e cuidados especiais quanto à protensão apropriada 
para cada tipo de tirante. 
 Questões legais e construções adjacentes também podem ser fatores 
limitantes para o projeto, como restrições contra a invasão do subsolo de vizinhos ou 
obstáculos estruturais intransponíveis, representados por túneis e metrôs. 
 Um ponto crítico das estruturas de cortina atirantada é a barra de aço, que 
deve ser protegida com argamassa ou nata de cimento para que não sofra corrosão 
com rompimento do tirante. A carga de protensão, por sua vez, aumenta de acordo 
com a profundidade, sendo que cargas muito altas podem gerar rupturas, e ainda 
que exijam menores cuidados, os tirantes devem ser avaliados. Precisa-se observar 
também eventuais movimentações do maciço dadas as variações de temperatura e 
infiltração de água pela parte traseira, o que pode vir a gerar fissuras no concreto 
pela propagação de infiltrações e vazamentos. 
A cortina atirantada pode então ser basicamente dividida em duas partes: os 
painéis, normalmente constituídos de concreto armado e dispostos na vertical; e os 
tirantes, ancorados em profundidades que garantam a estabilidade, sem que 
possibilitem movimentações indesejadas ou rupturas. As figuras FIG.3.2 e FIG.3.3 
retratam o exposto. 
 
FIG.3.2 Cortina Atirantada (A), Estroncada (B) e em Balanço (C) (GERSCOVICH, 
DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 
 
 
37 
 
 
FIG.3.3 Cortina Atirantada em Seção Transversal (GERSCOVICH, DANZINGER E 
SARAMAGO, 2016) 
3.2. ETAPAS DE DIMENSIONAMENTO 
 O dimensionamento de cortinas atirantadas em geral abrange estas etapas: 
 Avaliação dos parâmetros do solo: Tendo sido efetuadas as visitas ao local da 
obra com a realização dos ensaios pertinentes, busca-se um conhecimento prévio 
do perfil geológico-geotécnico local para adaptar o projeto às condições da geologia 
local. Tem-se: 
 a) Levantamento topográfico com representação das curvas de nível e 
aferição de parâmetros espaciais, como a extensão e a cota da elevação da crista 
do talude em relação ao nível do mar. Dado o projeto arquitetônico, avalia-se a 
garantia de viabilidade do empreendimento pelas condições de contorno do local da 
contenção. 
 b) Verificação de boletins de sondagens à percussão realizadas no local, com 
indicação dos locais dos furos de sondagem na planta topográfica. Aferem-se os 
dados em trechos verticais, desde o topo do talude de deslizamento até as 
proximidades do pé da encosta. Para tal, a norma NBR 6484 prescreve o método de 
 
38 
 
execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos, trazendo em seu 
anexo A uma classificação quanto aos estados de compacidade dos solos 
granulares e a consistência de solos finos; 
 Definição da geometria da cortina em termos de parâmetros como dimensão, 
altura, espessura, cota de assentamento, disposição espacial das estruturas 
principais no terreno, disposição de balanços laterais e recursos auxiliares de 
fechamento e apoio da estrutura principal; 
 Dimensionamento dos tirantes em termos de parâmetros como disposição 
espacial, inclinações com a horizontal, cargas de trabalho, comprimentos de 
ancoragem, tensões de escoamento, diâmetros, espaçamentos relativos; 
 Dimensionamento da armadura para a resistência aos momentos fletores 
atuantes na cortina e verificação da resistência do concreto à punção pelos esforços 
cortantes; e 
 Dimensionamento da fundação da cortina por estimativas da resistência do 
solo e cargas aplicadas na fundação. 
3.3. ETAPAS DE EXECUÇÃO 
 Orienta-se o processo executivo das cortinas atirantadas de modo 
descendente, em casos de cortes, ou ascendentes, no caso de aterros. Por linhas 
gerais, tem-se a seguinte sequência de atividades a serem efetuadas: 
 Execução de ancoragens; 
 Escavação ou reaterro, caso haja processo descendente ou ascendente; 
 Execução da parede em termos de forma, armadura e drenagem; e 
 Protensão para realização de ensaios e incorporação das cargas nas 
ancoragens. 
 Na execução descendente, é possível escavar o talude a ser processado de 
acordo com nichos alternados, sob o objetivo de aumentar a estabilidade provisória. 
 
39 
 
Através desta técnica, a instalação e a protensão prévia dos tirantes ocorre com 
minimização de deformações à medida que a escavação vai sendo realizada.A figura FIG.3.4 ilustra a técnica descrita. De modo geral, define-se 
iterativamente uma faixa longitudinal de corte, na qual os trabalhos da etapa 
correspondente serão executados. O equipamento de terraplenagem remove a fatia 
externa, sob a restrição de haver uma fatia de segurança interna a ser removida 
manualmente. Esta última é processada de maneira a facilitar a execução de um 
acerto manual de solo, com a formação de uma região vertical aproximadamente 
retilínea na qual são efetuadas as perfurações com posterior inserção dos tirantes 
correspondentes. 
 
FIG.3.4 Método Descendente (Hunt e Nunes, 1978) 
 
 
 
40 
 
 Cada tirante, por sua vez, é chumbado no fundo do orifício e sofre uma 
pintura com tinta epóxi anticorrosiva, sendo envolvido em tubo de borracha 
individual. A seguir, o conjunto de tirantes é inserido em um tubo coletivo, dentro do 
qual é revestido com calda de cimento, sendo também oportuno aprofundar os 
tirantes até que os mesmos fiquem fora da zona de movimentação do terreno. 
 Por fim, executa-se a cortina de concreto e protende-se os tirantes. 
Terminado o trabalho na faixa original, executa-se os mesmos procedimentos sob a 
faixa inferior. Assim, manipula-se as faixa de solo do talude recursivamente até que 
esta etapa de execução da obra se conclua. 
 Em perfis metálicos, a inserção de tirantes ocorre após as etapas de 
cravamento e escoramento, sendo o atirantamento dividido em quatro etapas: 
perfuração, instalação dos tirantes, injeção da nata de cimento e protensão. 
 Para fins ilustrativos, retrata-se em uma abordagem mais detalhada a 
execução de projetos de cortinas atirantadas orientadas em sentido descendente, 
tendo por referência um conjunto de imagens de uma obra desta modalidade 
concluída pela empresa Progeo Engenharia Ltda e executada em Juíz de Fora (MG) 
em 2010, estando a base do talude entre o hospital Monte Sinai e a Universidade 
Federal de Juíz de Fora, no estado de Minas Gerais. 
 Destaca-se que o projeto consistiu na inserção de várias cordoalhas nos furos 
tendo em vista o fato de ser provisório, porém a orientação geral é o uso de apenas 
um tirante. 
 Em suma, as etapas constituem-se na ordem a seguir: 
 Estabelecimento de caminhos de acesso à obra para o início dos serviços: 
 Quando se elaboram caminhos de acesso em serviço de baixo para cima 
para o início de um processo descendente de execução, é aconselhável a adoção 
de rampas que sigam as curvas de nível, facilitando o acesso de escavadeiras e 
equipamentos de perfuração ao topo do talude para o início da montagem de 
andaimes. 
 
41 
 
 Preparo, roçada e limpeza: 
 Caso necessário, executa-se desmatamento com limpeza do lixo pré-
existente. Para tal, inicia-se a remoção da vegetação rasteira associada à 
regularização do talude com o auxílio de enxadas, atentando-se para o reforço na 
proteção dos operários em casos de trabalhos de rapel. 
 Início das escavações dos eixos e aplicação da primeira linha de tirantes: 
 Em geral, perfura-se o solo com sonda rotativa de revestimento contínuo, em 
cuja ponta há uma coroa com pastilha de vídia ou haste contínua com tricone. Se 
houver matacões, pode-se perfurar o material tanto por broca de vídea, cujas 
dimensões giram solidárias ao tubo, sob desempenho especialmente eficaz em 
matacões de rocha alterada; quanto por rotopercussão, processo este que usa ar 
comprimido e é limitado por um valor máximo de diâmetro da perfuração, o qual 
depende das características dos equipamentos disponíveis. Terminada a perfuração, 
injeta-se água até limpar o furo. 
 Locação dos furos, montagem e inserção dos tirantes da primeira linha: 
 É possível que não haja espaço suficiente na obra para a montagem de 
tirantes, pois eles em geral têm mais de 10m. Aconselha-se então o uso de rampas 
de acesso para a montagem de cavaletes que permitam o início da manipulação. 
Sobre a bancada improvisada, a cordoalha deve ser cortada conforme o 
comprimento definido em projeto, para então se executar o tratamento anticorrosivo. 
Caso haja pontos de ferrugem, eles devem ser lixados ou removidos com escovas 
de aço, para aplicar-se então a pintura anticorrosiva capaz de preencher todo o 
comprimento sem deixar pontos ralos, com pouca tinta, ou então escorridos, com 
excesso de tinta. Aplica-se até duas demãos do material, sendo oportuno frisar que 
o aço já possui uma pintura de fábrica anticorrosiva. Ele é então fixado na estrutura 
por espaçadores definidos, ligados por arame. 
 Usa-se na estrutura do tirante um tubo de PVC, cujo trecho ancorado é 
geralmente coberto por anéis de borracha ou válvulas a cada 0,50 m. Nele, injeta-se 
calda de cimento para a formação de bulbos sob pressão controlada. Já no trecho 
 
42 
 
livre, usa-se uma envoltória com graxa anticorrosiva a ser embutido em tubos 
plásticos ou espaguetes para propiciar o deslocamento elástico na protensão. 
 Dentre as modalidades de aço normalmente usadas na execução dos 
tirantes, estão: CA-50, CP-150 RB, CP-190 RB, ROCSOLO ST 75/85, Dywidag ST 
85/105 e Gewi 50/55. 
 A instalação dos tirantes deve ser feita manualmente e de modo lento e 
cauteloso, sob supervisão direta do encarregado da atividade para evitar danos 
devidos a flexões excessivas ou atritos na interface entre as paredes do 
revestimento e o furo. Nesta etapa, evita-se ferir a proteção anticorrosiva ou mesmo 
deslocar as válvulas e os espaçadores, devendo-se atentar para o adequado 
posicionamento da cabeça na posição prevista em projeto. Aplicado o tirante no furo 
perfurado, deve haver um trecho livre de cerca de um metro para a posterior 
protensão dos cabos. 
 
FIG.3.5 Manuseio dos Tirantes (NARESI, 2009) 
 
 
43 
 
 
FIG.3.6 Inserção dos Tirantes (NARESI, 2009) 
 
 
FIG.3.7 Vista dos Tirantes no Furo (NARESI, 2009) 
 
 
 
44 
 
 Injeção da primeira fase de bainha, logo após a instalação dos tirantes: 
 Esta etapa consiste em descer o obturador até a primeira manchete, 
localizada na parte mais inferior do furo. Através do aparelho, devidamente 
conectado a uma central de injeção, insere-se a calda de cimento sem que haja 
desenvolvimento considerável de pressão. A substância percorre então todo o furo, 
desde a base até a boca, sendo útil para proteger o tirante e evitar afrouxamento de 
tensões na superfície da parede interna. Ou seja, evita-se que o furo relaxe e se 
feche, a fim de que não haja contaminações nas injeções posteriores. 
 Na prática, preenche-se o espaço anelar entre o corpo do tirante e a parede 
do furo ao longo de todo o comprimento da barra, impedindo que a calda de cimento 
correspondente às injeções consecutivas flua para a parte externa do maciço pelo 
espaço anelar. 
 Contudo, o embainhamento pode ser necessário antes da retirada do 
revestimento. Em outros casos, ele é recomendado ainda antes da instalação do 
tirante no furo. 
 
FIG.3.8 Tubo de Injeção (NARESI, 2009) 
 
45 
 
 Findada esta etapa, deve-se adotar um período de no mínimo dez a doze 
horas após a primeira execução da bainha para a injeção de fases, conhecida como 
injeção primária. Na prática, espera-se até o dia seguinte. Ao contrário da fase 
anterior, a aplicação do material neste procedimento ocorre sob pressão controlada 
e consiste na inserção de uma coluna de hastes dotadas de obturador duplo no 
interior do tubo de injeção, com o início da injeção a ocorrer a partir da válvula mais 
profunda. 
 Deve haver no processo uma ruptura inicial da bainha, a qual pode inclusive 
requerer mais de uma fase de injeção de formação do bulbo em função das 
pressões de injeção aferidas. Isto é, caso a pressão de injeção da primeira fase seja 
insuficiente para fins de ancoramento do tirante, deve-se realizar preferencialmente 
no dia consecutivo uma segunda fase, e assim por diante, desde que sejam 
respeitadas a espera de dez a doze horas entre etapas consecutivas e a adequada 
limpezados tubos de injeção dos tirantes ao fim de cada fase. 
 O processo ocorre até que as pressões finalmente sejam consideradas 
adequadas para a ancoragem, valores estes previstos em projeto e obtidos em 
função da resistência à compressão simples de cada bainha e da espessura 
correspondente. 
 Quando o anel se rompe, há uma queda da pressão manométrica até 
determinado valor, dependente da resistência ou compacidade do solo ao redor. 
Assim, os volumes e pressões de injeção conseguem ancorar o trecho fixo do tirante 
ao terreno. 
 Montagem da armação da cortina do primeiro nível de tirantes: 
 Colocam-se barras de aço conforme o projeto de armação, com a aplicação 
de carga pelo conjunto macaco e bomba de protensão após a concretagem. O 
tirante então estabiliza a carga, conforme ele empurra a estrutura de concreto 
armado contra o talude e a parede de concreto reage ativamente contra o maciço. 
 
 
 
46 
 
 
FIG.3.9 Armação do Painel (NARESI, 2009) 
 Inicia-se então a montagem das fôrmas metálicas planejadas e estruturadas, 
tendo em vista a busca por alta eficiência, reutilização e manutenção da qualidade 
do concreto armado aparente. Neste aspecto, recomenda-se a aplicação de fôrmas 
plastificadas e adaptadas de madeira nos pontos de passagem dos tirantes, além da 
instalação de tubos de PVC com folga para a garantia do funcionamento e da 
trabalhabilidade dos trechos livres na futura protensão, evitando-se a entrada do 
concreto a ser aplicado na fôrma. 
 Uma prática comum na execução de cortinas atirantadas segundo o método 
descendente é o cuidado em relação às dobras necessárias, permitindo-se 
aproveitar melhor as partes inferiores das barras até então executadas nas etapas 
consecutivas. Para isso, executam-se dobras dos pés das barras no chão, de modo 
que as próximas concretagens possam ser restituídas para a posição vertical inicial. 
Isto evita a perda de aço e a utilização desnecessária do transpasse da barra, 
conforme preconizado na NBR 6118. 
 A figura FIG.3.10 mostra o exposto no parágrafo anterior. 
 
47 
 
 
FIG.3.10 Dobras (NARESI, 2009) 
 
 
FIG.3.11 Primeira Linha de Tirantes (NARESI, 2009) 
 
 
 
 
48 
 
 Escoramento das fôrmas do primeiro nível dos tirantes: 
 Entre as etapas do fechamento das fôrmas metálicas e da concretagem, 
escora-se a fôrma a favor da segurança, sem o risco dela se abrir dado o peso 
próprio do concreto. 
 
FIG.3.12 Escoramento Tubular Metálico (NARESI, 2009) 
 Concretagem da cortina no primeiro nível original de tirantes, com desforma 
após 2 dias 
 
FIG.3.13 Desforma do Primeiro Nível (NARESI, 2009) 
 
 
 
49 
 
 Início da perfuração dos tirantes na parte inferior: 
 Tendo em vista a necessidade de mudança do nível vertical para a 
continuidade de execução do projeto, conduz-se a plataforma de trabalho a níveis 
inferiores, a fim de tornar possível a entrada da perfuratriz sobre esteira. Ela é 
normalmente usada nas obras cujos projetos adotam o método descendente. 
 Deste modo, pode-se dar início à perfuração com instalação dos tirantes e 
assim repetir o ciclo na parte inferior. É oportuno lembrar que os locais de aplicação 
dos tirantes devem receber um gabarito de PVC para montagem das formas, o que 
pode ser feito de modo concomitante ou não com a etapa de montagem da 
armação. Deste modo, o procedimento torna mais fácil alinhar os tirantes a serem 
instalados na perfuração. 
 Instalação e injeção do tirante: 
 Repetem-se os passos anteriores com a execução de nichos alternados, os 
quais devem ser armados. Ou seja, deve-se escavar manualmente o nicho, executar 
a perfuração e por fim instalar e injetar o tirante. 
 
FIG.3.14 Armação em Nicho Alternado (NARESI, 2009) 
 
 
50 
 
 Fechamento das formas, escoramento e concretagem do nicho alternado: 
Como a concretagem ocorre no mesmo nível vertical da estrutura de contenção, 
deve-se deixar uma janela de concretagem para a aplicação do concreto. Afinal, 
após a concretagem e o início da cura, o vão é demolido para que a parede fique 
posicionada a prumo. 
 Protensão da primeira linha de tirantes: A fim de que a escavação prossiga, é 
preciso protender a primeira linha de tirantes para que a carga de trabalho colocada 
contenha as paredes de concreto armado sem que haja o risco de rotação ou 
recalque devido ao peso próprio do material. 
 Após as etapas de injeções e da cura do cimento, de três dias para o cimento 
de alta resistência inicial e sete dias para o cimento comum, pode-se instalar as 
cabeças das ancoragens acopladas junto aos paramentos de contenção para as 
protensões. 
 Para fins de tensionamento e cravação dos tirantes, usam-se conjuntos de 
protensão com bomba e macaco de acionamento hidráulico cujas capacidades 
atingem com folga as cargas limites de ensaio. Assim, a protensão dos tirantes deve 
respeitar um período mínimo de cura da última fase de injeção, com compatibilidade 
entre as cargas de testes dos tirantes e suas composições estruturais. 
 
FIG.3.15 Macaco de Protensão de Cordoalhas (NARESI, 2009) 
 
51 
 
 
 A NBR 5629 estabelece que todos os tirantes devem ser submetidos a 
ensaios de protensão na obra, devendo seguir procedimentos específicos para as 
etapas de protensão e aceitação no campo. 
 Havendo um tirante definitivo, protege-se sua cabeça com acabamento de 
concreto, normalmente em formato de bloco trapezoidal. Outros cuidados especiais 
devem ser observados em relação à manutenção do tirante, pois caso ele seja 
submetido ininterruptamente a cargas de tração plenas sofrerá desgaste maior. Já 
os tirantes provisórios, por sua vez, podem ser desativados após a conclusão dos 
serviços da obra. 
 Ressalta-se que as regras mais importantes relativas a ensaios, 
dimensionamentos e execuções estão preconizadas em norma e serão abordadas 
de modo mais aprofundado adiante. Afinal, o objetivo deste item foi apenas 
apresentar um panorama geral das etapas de execução de cortinas atirantadas. 
 Por último, mas não menos importante, o projeto também precisa contemplar 
adequadamente a inserção de canaletas, não apenas na crista da cortina atirantada, 
mas também na base. Senão, seria difícil esgotar os drenos sub-horizontais e 
simples. Elas drenam as águas superficiais e evitam erosões nos terrenos 
adjacentes. Deve haver também caixas de passagem, bueiros, escadas de 
dissipação e outros elementos que conduzam as águas superficiais até a descarga. 
3.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE 
Para a análise de estabilidade, destacam-se os seguintes modos de ruptura 
de cortinas atirantadas, os quais devem ser checados em projeto: 
 
FIG.3.16 Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas 
 
52 
 
 
FIG.3.16 Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas (cont.) (GERSCOVICH, 
DANZIGER E SARAMAGO, 2016) 
Os itens da figuras FIG.3.16 acima referem-se às seguintes situações: 
a) Ruptura da fundação da estrutura: Modelo mais propenso a ocorrer abaixo 
da fundação do painel para materiais de baixos valores de resistência, sendo 
adotadas então fundações profundas como medida preventiva. 
b) Ruptura entre o trecho ancorado e o painel: Modelo normalmente evitado 
ao se atentar para as adequadas execuções da etapa de dimensionamento e das 
ancoragens. 
c) Ruptura na região após o trecho ancorado: Idem ao item anterior. 
d) Deformação excessiva na implantação da estrutura: Apesar de não ser 
comum pelo fato das cortinas atirantadas serem consideravelmente rígidas, pode 
ocorrer em casos anteriores à incorporação das cargas no nível das ancoragens. 
e) Ruptura dos tirantes: Ocorre em tirantes submetidos a cargas maiores ou 
iguais à tensão de escoamento. 
f) Ruptura do painel: Tende a ocorrer por problemas no dimensionamento 
estrutural do painel, o qual deve ser projetado para ser capaz de resistir aos 
momentos em ambas as direções e à punção junto à cabeça do tirante. 
No projeto geotécnico, deve-se determinar,

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