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FACULDADE ESTACIO DE SÁ CARLOS ANTONIO MAUES JUNIOR 202204204231 NATALIA CARVALHO DO NASCIMENTO 202204313766 TRIBUNAL DO JÚRI CASTANHAL 2022 OBEJTIVO O presente trabalho busca apresentar respostas aos quesitos mencionados em sala, quais sejam: O objetivo do Júri; Fundamentação do Júri na lei Brasileira; Diferença entre o Júri Brasileiro e o Norte Americano. OBJETIVO DO JÚRI Há uma grande imprecisão doutrinária sobre a origem do Tribunal do Júri, entretanto a maior parte da doutrina afirma que a origem do instituto se deu no século XIII na Inglaterra. Nas civilizações antigas como Grécia, Roma e França, já se observavam instituições que muito se assemelhavam ao que se conhece como o júri atualmente. Do mesmo modo, historiadores acreditam na existência dessas instituições em povos primitivos como chineses e hebreus. A palavra “júri” deriva do latim "jurare" que significa fazer juramento. Desde a sua criação, vigora o entendimento de que os jurados decidem sobre a condenação ou absolvição do réu, e o juiz, presidente do júri é que intermedeia essa decisão. Assim, o magistrado declara o réu absolvido ou condenado sempre de acordo com a vontade dos jurados. Desta forma, cada país adaptou o procedimento do júri conforme suas leis e costumes. O júri inicialmente surge como ferramenta de combate às arbitrariedades inerentes ao antigo regime, trata-se de uma garantia fundamental e representa o estado democrático, em razão da participação popular, ou seja, reflete a real manifestação do povo na tomada de decisões. O instituto é, pois, a expressão da cultura de um povo, o que implica dizer que o legislador constituinte reconheceu no Júri a consagração do direito de liberdade do cidadão, bem como o exercício da democracia. O júri é um tribunal especial sendo denominado tribunal do júri em razão da sua composição que contém os juízes de fato ou jurados, o presidente que é o juiz togado, e seus auxiliares de justiça. Daí pode-se afirmar que o tribunal do júri é órgão complexo da jurisdição, um verdadeiro juízo. Sua competência na lei brasileira encontra-se delineada de forma expressa, para os crimes dolosos contra a vida previstos no Código Penal na Parte Especial, Titulo I, Capitulo I, artigos 121 a 127, quais sejam homicídio, induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio ou a automutilação, infanticídio e aborto, consumados ou tentados. FUNDAMENTAÇÃO DO JÚRI NA LEI BRASILEIRA O Tribunal do Júri foi introduzido no Brasil em 1822, por Dom Pedro I, seguindo uma tendência mundial, já que visou compartilhar com os demais cidadãos a administração da Justiça. Sofreu diversas alterações até alcançar a organização prevista no Código de Processo Penal e na Constituição Federal. A atual Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, denominada constituição-cidadã, alocou em definitivo a instituição do Tribunal do Júri nas denominadas cláusulas pétreas, consagrando o Tribunal do Júri como elenca seu art. 5°, XXXVIII: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a)a plenitude de defesa, b)o sigilo das votações; c)a soberania dos vereditos; d)a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Denota-se que a Carta de 1988 passou a prever, expressamente, a soberania dos vereditos do Tribunal do Júri, a plenitude de defesa, o sigilo das votações e competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, rompendo a tradição das constituições que a antecederam. No que se refere à plenitude de defesa, a Constituição Federal nada mais faz do que reforçar o princípio da ampla defesa, previsto no art. 5º, LV, eis que a interpretação constitucional deve ser sistemática, por conta do princípio da unidade. Por fim, em relação à organização do Tribunal do Júri, atualmente, é presidido por um juiz togado e constituído por 21 juízes de fato (jurados), sorteados dentre os cidadãos regularmente alistados. Destes 21 jurados, 07 serão selecionados para compor o Conselho de Sentença. A organização, o procedimento, o julgamento e a função do jurado se encontram previstas dentre os artigos 406 e 497 do CPP, que disciplinam o processo dos crimes de competência do júri. DIFERENÇA ENTRE JÚRI BRASILEIRO E NORTE AMERICANO Na América do Norte o Júri se consolidou por volta do século XVII, ainda que não houvesse sido constituída uma nação independente, abrangendo o julgamento de diversas causas. Nos Estados Unidos, ex- colônia britânica, as feições do júri muito se assemelham as da antiga metrópole, guardando características da primeira versão do instituto. A pluralidade dos estados federados e consequentemente os inúmeros sistemas que regem o instituto torna o estudo sobre o tribunal do júri norte americano dificultoso, contudo, as decisões devem ser unânimes, sendo fomentado o amplo debate entre o corpo de jurados. Dentre as principais diferenças entre os sistemas, destaca-se ao analisar as famílias do civil law (romano-germânica) e as famílias do common law. Podemos afirmar que o Brasil é país que integra a família civil law, enquanto que os Estados Unidos fazem parte da common law. Em que pesem as inúmeras diferenças entre as duas famílias, ambas remontam, historicamente, a uma base comum: a origem europeia. Enquanto o sistema Civil Law adota a lei como fonte principal do direito; o modelo do Common Law adota a jurisprudência como fonte primordial. Outra diferença diz respeito aos crimes que podem ser objeto de julgamento de cada país. Enquanto no Brasil os crimes dolosos contra a vida que estão previstos no Código Penal na Parte Especial, Título I dos Crimes Contra as Pessoas, Capítulo I dos Crimes contra a Vida poderão ser julgados pelo Tribunal do Júri, nos Estados Unidos é possível que se tenha um julgamento pelo Júri tanto em causas cíveis quanto em causas penais. Isto ocorre em face do Tribunal do Júri americano estar previsto na Constituição Americana afirmando que todos os acusados têm direito a um julgamento público e rápido Embora nos Estados Unidos o direito ao julgamento pelo Júri tenha caráter de direito fundamental, o acusado tem a faculdade de abrir mão deste julgamento, optando por ser julgado por um juiz togado, desde que, receba a acusação por um crime mais brando, esse fenômeno é denominado “guilty plea” que é a “possibilidade de o acusado se declarar culpado”. Outro fenômeno realizado no júri norte-americano é a chamada “plea bargaining”, ou “plea bargain”, que é a possibilidade de realização de acordo entre o réu e a acusação, que viabiliza a utilização da guilty plea. Outra diferença é prevista com relação a comunicabilidade entre os jurados. No Brasil é adotado o princípio da incomunicabilidade dos jurados que significa a proibição que os mesmos possuem de falar entre si durante o julgamento, tal princípio é previsto no artigo 466, § 1º do Código de Processo Penal: O Juiz Presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem se manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho e multa. Desta forma, a incomunicabilidade é considerada uma cautela para assegurar livre manifestação de pensamentos e não deixar que um jurado seja influenciado pela opinião do outro. Já nos Estados Unidos adota-se o princípio da comunicabilidade entre os jurados, sendo, portanto, o oposto em relação ao adotado pelo Brasil. A última diferença é em relação a condenação ou absolvição do réu, isto é, no Brasil quando o réu é condenado ou absolvido é cabível para tal decisão o recurso de apelação, conforme artigo 593, III, alíneas, do Código de Processo Penal, nas seguintes situaçõesOcorrer nulidade posterior à pronuncia; for a sentença do juiz presidente contrária à lei expressa ou a decisão dos jurados; houver erro ou injustiça no tocante a aplicação da pena ou da medida de segurança (ver inimputabilidade, com a extinção do sistema do duplo binário, a partir da Lei 7.209/84); for a decisão dos jurados manifestadamente contrária aos autos. Quanto ao recurso cabível nos Estados Unidos estamos diante do “appel” que será cabível quando houver uma sentença condenatória e, no caso de o tribunal acolhê-lo, pode modificar a decisão recorrida e ordenar novo julgamento. Mas, nos casos de absolvição, em razão da proibição constitucional da dupla incriminação, não é admitido nenhum recurso quando há sentença de absolvição. REFERÊNCIAS BRASIL, Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 05 maio 2022. BRASIL, Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 05 maio 2022. NOGUEIRA, J. A. B. O Tribunal do Júri: Brasil x Estados Unidos – As grandes diferenças e poucas similaridades. Disponível em: https://www.eduvaleavare.com.br/wp-content/uploads/2015/10/tribunal.pdf. SOAREAS, E. H. T. O tribunal do Júri e a Sociedade Contemporânea. 2011. 39p. Tese (Monografia) - Curso de Direito, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2011. SILVA, F. R. A. Historia do Tribunal do Júri- Origem e Evolução no Sistema Penal Brasileiro. 2005. 33p. Tese (Concurso de Monografia) – Museu da Justiça, 2005. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm https://www.eduvaleavare.com.br/wp-content/uploads/2015/10/tribunal.pdf
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