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Descolonização Afro-Asiática

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A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA
 O que é: Conquista da independência por diversos países africanos e asiáticos
 Motivo: Crescimento das ideias nacionalistas, enfraquecimento da França e Inglaterra, até então as principais potências coloniais e apoio da URSS, a qual via nesses países independentes uma oportunidade de crescimento internacional
 Data: Entre 1950 e 1960
 Negritude: consciência do "eu" negro, afirmação de si
 Pan-africanismo: promoveu uma campanha pela unidade e pela autonomia da África, a qual, apesar de muito criticada, preparou o terreno para a eclosão do nacionalismo negro.
 Independência conduzida pela elite, a qual não representava as ideias do povo. Foi conquistada por meio de negociações, guerras (com o apoio da URSS, o que determinou a instalação de regimes socialistas). Os vários países independentes, muitas vezes não buscavam apoio nas superpotências e eram resistentes a qualquer forma de colonialismo e de dependência internacional, fato que ameaçava a supremacia dos EUA e da URSS.
 Conferência de Bandung: Indonésia, 1955. 29 nações recém-independentes se reuniram e, pautadas nas ideias de anticolonialismo e de combate ao racismo e ao Imperialismo Econômico, firmaram um novo conceito na geopolítica mundial: o Terceiro Mundo, composto de nações pobres que não se alinhavam ao lado soviético ou aos EUA. Nessa conferência estiveram ausentes as superpotências, as nações europeias e nações da América Latina, que, apesar de ser uma região pobre, estava sob direta influência do capitalismo norte-americano.
 
ÍNDIA
 Desde o século XIX, a Índia era um palco de reações contra o domínio colonial inglês. Entretanto, já nesse momento, as divergências étnicas e religiosas entre a população indiana, que iriam impedir a unidade do país após a independência, já se faziam presentes.
 Partido do Congresso, criado em 1885, representava a maioria hindu e em 1906, foi inaugurada a Liga Muçulmana que representava a população islâmica.
 Mahatma Gandhi: Direcionou sua luta para a não violência e desobediência civil. Liderou um boicote aos manufaturados ingleses, defendendo o uso, pela população, de tecidos rústicos fabricados na Índia, como forma de atingir os interesses britânicos. Preso várias vezes, Gandhi teve sua liderança reforçada a partir da década de 1920, quando passou a comandar o boicote ao sal, produto monopolizado por campanhas inglesas.
 Após a 2GM, a Inglaterra adotou a prática de conceder a independência gradual à Índia, culminando na formalização definitiva em 1947. Contudo, as rivalidades étnicas e religiosas já presentes ampliaram-se com a edificação do novo estado independente. Assim, a população muçulmana passou a se concentrar no norte do país, dando origem ao Paquistão; A maioria hindu criou a União Indiana; A população budista recusou a supremacia hindu e concentrou-se na ilha do Ceilão, onde, em 1948, surgiu o terceiro Estado autônomo da região, o Sri Lanka.
 Essa divisão atestou uma das maiores chagas que enfrentariam as novas nações independentes. Os conflitos étnico-religiosos, até então ocultos sob o mando da violenta dominação internacional, vieram à tona quando da edificação dos novos Estados, ainda frágeis e sem condições de acomodar a gama de diversidades interna. Na Índia, os conflitos ampliaram-se, gerando cerca de um milhão de mortes. Foi inclusive em uma manifestação desse conflito que Gandhi foi assassinado, em 1948, por um fanático hindu, descontente com sua política conciliatória em relação aos muçulmanos.
 O país é hoje um polo de desenvolvimento tecnológico em áreas como a informática e a indústria aeroespacial. Por outro lado, conta com uma das populações mais miseráveis do mundo. Embora não consiga lidar com as contradições internas, a Índia desenvolve, desde 1974, um programa nuclear que possibilitou a fabricação da bomba atômica. Os conflitos étnicos e religiosos ainda ameaçam a unidade do país e a estabilidade política.
 
SUDESTE ASIÁTICO
 Região de interesse fundamental das superpotências pela proximidade com a China, especialmente a Indonésia e a Indochina (que hoje compreende o Vietnã, o Camboja e o Laos).
 Indonésia: Estava sob domínio da Holanda desde o século XVII e a independência foi finalizada em 1949. O primeiro governo do país tinha uma proximidade com a china e era autoritário. Em 1965, com apoio ocidental, outro governante tomou o poder, criando um regime de aproximação com o ocidente e de abertura aos investimentos de países capitalistas, ao mesmo tempo que impunha uma violenta repressão interna e adotava uma política expansionista, cristalizada na anexação do Timor Leste, antiga colônia portuguesa.
 Indochina: Região sob domínio francês desde o século XIX e era palco, desde a década de 1930, de uma luta anticolonialista. Passou para domínio japonês em 1941, que instalou um governo de fachada até 1945, quando o Japão se rendeu ao final da Segunda Guerra Mundial e a região voltou ao domínio francês. A região também atraiu a atenção dos EUA pela proximidade com governos comunistas e foram inúmeras as propostas de intervenção militar norte-americana na região, até mesmo com a possibilidade de utilização de ima bomba atômica para vencer a luta do Viet Minh (frente de luta anticolonialista de libertação do Vietnã). Entretanto, em 1953, os franceses acabaram sendo derrotados, confirmando sua saída da Indochina. Para negociar a paz, o governo francês convocou a Conferência de Genebra, em 1954. Formalmente, o objetivo dessa conferência era reconhecer a independência do Vietnã e também do Laos e do Camboja, além de formalizar a instalação de novos governos naqueles países.
 Entretanto, a posição dos EUA, que viam o risco representado pelo crescimento do Comunismo na região, foi decisiva para que se frustrasse a independência definitiva desses países. Assim, os americanos dividiram o Vietnã em duas partes; A porção Norte, onde o Viet Minh era mais forte, ficaria sob o controle do líder vietnamita e a porção sul permaneceria com o governo pró-ocidente. O acordo previa eleições em 1956, com um candidato indicado pelo governo do norte e outro pelo governo do sul, de modo que quem ganhasse a eleição unificaria o país. Tal eleição, entretanto, jamais foi realizada, motivando a reação do governo do Vietnã do norte, o que provocou a Guerra do Vietnã.
 No Camboja, a Conferência de Genebra reconheceu a independência do país como um regime monárquico. Sua aproximação com a China comunista provocou um golpe, apoiado pelo governo dos EUA em 1970 e que teve no Khmer Vermelho, grupo de guerrilheiros comunistas apoiado pela China, sua principal expressão. Em 1975 o Khmer Vermelho tomou o país e instalou uma ditadura sanguinária, caracterizada pela violentíssima repressão a todos os focos de oposição ao regime, gerando uma mudança sem precedentes em toda a região. Em cerca de 5 anos, a violência do regime reduziu a população do país à metade, ao mesmo tempo em que o governo impunha um processo de socialização forçada e de adoção de uma política de ruralização, priorizando a agricultura como praticamente a única atividade econômica do país. Com a transferência forçada da população para o campo, a capital do país passou a contas com cerca de 20 mil habitantes apenas.
 No Laos, após a Conferência de Genebra, o grupo de esquerda Pathet Lao chegou ao poder. A reação norte-americana, entretanto, não tardou, com o governo dos EUA apoiando um golpe direitista, em 1958. A partir daí, o país conheceu um movimento de guerrilha liderado pelo Pathet Lao, que chegou ao poder em 1975, com a retirada das tropas norte-americanas da região após a derrota no Vietnã. Com isso, instalou-se a República Democrática Popular do Laos, de orientação socialista.
 
ARGÉLIA
 A luta argelina pela independência em relação à França foi fortemente estimulada pela derrota francesa na Indochina. Em 1954, em meio a um movimento terrorista contra a presença francesa, foi fundada a Frente de Libertação Nacional. Esta passou, então, a atacar astropas francesas do país. A repressão francesa enviou cerca de 500 mil soldados e conseguiu, ao menos temporariamente, deter a ação do movimento pela independência.
 Todavia, a economia francesa, arrasada após a Segunda Guerra, inviabiliza uma ação mais eficiente na repressão ao movimento. Com isso, o governo francês oscilava entre a repressão e o entendimento com os revoltosos. Contra essa atitude, setores das tropas coloniais francesas chegaram a se revoltar contra o governo de Paris.
 O risco de uma guerra civil fez cair o governo francês, levando ao poder o general Charles de Gaulle. Figura mítica da história francesa, responsável pelo governo do país contra os nazistas, embora estivesse exilado, de Gaulle representava a possibilidade de aplacar o nacionalismo do exército francês, que via na entrega da Argélia uma capitulação e uma desmoralização nacional.
 Entretanto, o velho general via-se às voltas com uma situação impossível. A luta contra o movimento de libertação na Argélia consumia recursos que a economia do país não era capaz de prescindir. Assim, contrariando o setor radical do exército, de Gaulle decidiu pela negociação com os nacionalistas argelinos e convocou, em 1961, um plebiscito, no qual obteve carta branca para iniciar as conversações com a Frente de Libertação Nacional. Contra isso se voltou a ala radical do exército, que, fundando a Organização do Exército Secreto, tentou sucessivos golpes e atentados contra o presidente.
 Em 1962, a França reconheceu a independência da Argélia, pondo fim a 10 anos de conflitos, nos quais morreram aproximadamente 1 milhão de argelinos e franceses. A nova República Democrática Argelina teve como presidente o líder da Frente de Libertação Nacional.
 A exemplo de outros movimentos anticoloniais. A independência não foi capaz de resolver as graves contradições internas do país. Em 1965, o presidente foi deposto por um golpe militar pró soviético e foi instaurado um regime ditatorial que conseguiu sufocar as reivindicações dos vários grupos étnicos e religiosos do país. Mas, com a morte do ditador, em 1978, em meio a um clima de declínio do bloco soviético, o novo governo argelino reformulou sua política interna, com uma maior liberalização, e externa, com a aproximação com os EUA e com a França.
 A abertura política acabou por dar força ao fundamentalismo islâmico representado pela Frente Islâmica de Salvação (FIS), a qual passou a promover uma série de atos de terrorismo, visando à ruptura do país com o Ocidente. O golpe de estado de 1992, com a instalação de uma ditadura militar que colocou a FIS na ilegalidade, provocou a reação islâmica, mergulhando o país em uma guerra civil que se estendeu até 1995.
 
CONGO
 Até 1960 era uma colônia belga na qual a mineração, nas mãos de companhias internacionais, era a principal atividade econômica. A região fora, desde o século XIX, devastada pelo domínio imperialista, tendo inclusive simbolizado o caráter criminoso da exploração capitalista sobre a África. Em 1959, as lutas pela independência na região atingiram seu ponto crítico, inclusive com o incêndio da capital Leopoldville. Incapaz de conter a luta, a Bélgica foi obrigada a conceder a independência, dando origem ao Estado Livre do Congo, em 1960.
 As companhias belgas opuseram-se à independência e passaram a financiar soldados belgas e mercenários na luta contra o novo governo. Declararam independente a região mineradora de Katanga, deflagrando a guerra civil no país. Para deter o separatismo na região, o primeiro-ministro do Congo buscou o apoio da URSS, motivando a reação do presidente do Congo que, com apoio dos EUA e da Bélgica, depôs o primeiro-ministro. Este acabou sendo entregue aos separatistas e enforcado.
 Em 1965, o coronel Joseph Mobutu, que havia assumido como primeiro-ministro após a deposição do antigo, tomou o poder e implantou uma ditadura pessoal. Em 1971, o Congo adotou o nome de República de Zaire (hoje, República Democrática do Congo) cumprindo um destino semelhante ao da maioria dos países egressos do Colonialismo: governos ditatoriais incapazes de fazer frente à miséria e ao subdesenvolvimento.
 
AS ANTIGAS COLÔNIAS PORTUGUESAS NA ÁFRICA
 O caráter tardio das independências das antigas colônias portuguesas pode ser explicado pelo fato de Portugal ter mantido um regime ditatorial, nas mãos de Antônio Salazar, regime que se manteve totalmente à margem das mudanças sociais e políticas que se seguiram ao final da guerra. Assim, a natureza da dominação portuguesa, militarista, com um nível mínimo de exploração econômica em suas colônias, não se alterou, mantendo-se rigidamente sob o controle da metrópole. A queda do regime salazarista na década de 1970, acompanhada pelo colapso da economia portuguesa, incapaz, portanto, de manter o domínio sobre suas possessões além-mar, possibilitou a independência dessas últimas.
 Angola: inicialmente a luta contra o domínio português foi predomínio do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), sob o comando de Agostinho Neto e apoiado pela URSS. Contudo, durante o período de luta contra o colonialismo português, outras organizações surgiram, como a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita).
 Em 1974, o novo governo português, assumindo o poder por meio da Revolução dos Cravos, que derruba o salazarismo, estabeleceu com o MPLA o Acordo de Alvor, que previa a independência de Angola em 1975. Aproveitando-se da retirada das tropas portuguesas, o FNLA, com o apoio do Zaire, ocupou o norte do país. A Unita, contando com a África do Sul e com os EUA como aliados, estabeleceu-se no sul. Com o auxílio da URSS e de Cuba, o MPLA manteve-se no poder e derrotou os demais movimentos. Entretanto, a reação, notadamente da FNLA, à qual igualmente não faltou apoio internacional de países capitalistas (entre eles África do Sul e EUA), gerou uma guerra civil que se estende até os dias de hoje no país. Mesmo com o final da Guerra Fria e a consequente redução da presença ostensiva do apoio internacional aos vários grupos em luta pelo poder, a guerra abriu espaço para a eclosão de lutas étnicas que continuam devastando o país. Os anos de enfrentamento levaram a ONU, em uma avaliação recente, a classificar Angola como o pior lugar para uma criança nascer, com índices gigantescos de mortalidade infantil, subnutrição e mutilação física.
 Moçambique: O governo Socialista de Samora Machel, líder da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que obteve a independência em 1975, foi alvo de ações de guerrilheiros apoiados pela África do Sul, provocando uma guerra civil que durou até a década de 1990.
 Em outras colônias portuguesas como Guiné Bissau e Cabo Verde, o processo de independência assumiu características semelhantes, iniciando-se com a queda do salazarismo, mas caminhando em direção à normalidade e à democracia somente a partir de 1990.
 Percebe-se pela análise dos vários processos de independência, a herança terrível deixada pelo Colonialismo e agravada pela Guerra Fria. Essa herança foi responsável por flagelos como o apartheid na África do Sul e na Rodésia (atual Zimbábue), onde uma minoria subjugava a população nativa por meio de um regime de rígida segregação racial. Há também o conflito em Ruanda, no qual o fim da dominação inglesa abriu espaço a um violento choque entre os grupos étnicos tutsi e hutu, que já deixou um saldo de mais de um milhão de mortos e dois milhões de refugiados.

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