Buscar

Recurso Ordinário

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 100ª VARA DO TRABALHO DE SALVADOR/BA
Processo nº 0000001-00.2021.5.05.0100
PÃO DE LÓ LTDA., já qualificada na presente Reclamação Trabalhista movida por RAÍSSA PINHEIRO, não se conformando com a r. sentença, vem, por seu advogado infra-assinado, perante o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, interpor, com fulcro no art. 895, a, da CLT,
RECURSO ORDINÁRIO
Satisfeitos os mandamentos legais, realizado o preparo, requer seja o recurso recebido e enviado à apreciação do Tribunal Regional.
Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região.
Termos em que pede deferimento.
Local, dia, mês e ano.
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado.
Processo nº 000000100.2021.5.05.0100 Recorrente: Pão de Ló LTDA.
Recorrido: Raíssa Pinheiro.
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
COLENDO TRIBUNAL
1 – TEMPESTIVIDADE
A R. sentença foi publicada em 08/11/2021, segunda-feira, razão ela qual o prazo para interposição do Recurso Ordinário iniciou em 09/11/2021. Nos termos do art. 775, da CLT, os prazos são contados em dias úteis, excluindo-se o dia de início.
Assim, o prazo para interpor o Recurso Ordinário finda em 19/11/2021, haja vista que dia 15/11/2021 é feriado nacional.
Não resta dúvida, portanto, acerca da tempestividade do Recurso Ordinário.
2 – DOS FATOS
A reclamante Raíssa Pinheiro ajuizou reclamação trabalhista contra Pão de Ló Ltda. alegando que foi admitida em 07/01/2019, para exercer as funções de balconista, na cidade de Salvador/BA. Auferia mensalmente a quantia bruta de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Em 15/07/2021 foi dispensada por justa causa, ao fundamento de que se recusou a ser vacinada. Aduz, ainda, que teve o seu contrato de trabalho suspenso nos termos da MP n. 1.045, mas que laborou durante o período, razão pela qual faz jus à remuneração do período de 04/05/2021 e 02/06/2021.
Foi proposta a conciliação, que não foi aceita. Foi apresentada a contestação por meio eletrônico, aduzindo que a recusa à vacinação foi injustificada e que a dispensa por justa causa foi precedida de orientação e advertência. Nega a existência de labor durante o período de suspensão contratual. Assim, requer a total improcedência dos pedidos.
Fixados os pontos controvertidos e definido o ônus da prova, consensualmente, procedeu-se à oitiva das partes e de uma testemunha de cada parte. Como declararam que não desejavam produzir outras provas, encerrou-se a instrução. Alegações finais remissivas. Renovada a tentativa de conciliação, não foi aceita.
3 – DA REFORMA DA SETENÇA
3.1 – OBRIGATORIEDADE DA VACINAÇÃO – CORREÇÃO DA JUSTA CAUSA APLICADA
No item 2.1 da R. sentença o MM. Magistrado a quo, entendeu por indeferir os pedidos contidos na inicial, referentes, a justificativa da dispensa por justa causa em virtude da recusa injustificada da vacinação da Reclamante. Argumenta em sua decisão que no caso em tela, houve abuso na dispensa da trabalhadora por justa causa, pois no atual contexto a recusa à vacinação é legítima, pois as vacinas disponíveis ainda são recentes, desenvolvidas às pressas, sendo desconhecidos os efeitos adversos que podem causar.
Entretanto, cabe ressaltar que a funcionário foi alertada sobre o risco da Covid bem como, da importância da vacinação não somente para sua segurança, mas de todos os colegas de trabalho. Foi realizada campanhas internas de conscientização acerca da importância e obrigatoriedade da vacina. A Reclamante foi advertida e mesmo assim se recusou a vacinar e não apresentou nenhuma justificativa e não entregou nenhum laudo médico que fosse suficiente para amparar a negativa de sua vacinação. Quanto a esse tema, a decisão judicial do STF, no ARE 1267879, aduz que:
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o Estado pode determinar aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei 13.979/2020. De acordo com a decisao, o Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a imunização à força. Também ficou definido que os estados, o Distrito Federal e os municípios têm autonomia para realizar campanhas locais de vacinação. (STF - ARE: 1267879 SP, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 17/12/2020, Tribunal ais Pleno, Data de Publicação: 08/04/2021).
Dessa forma, não resta dúvidas a respeito da obrigatoriedade da vacinação contra a COVID-19, pois o STF declarou a OBRIGATORIEDADE da vacinação. Neste sentido, destaca-se os seguintes julgados sobre o presente tema:
“ JUSTA CAUSA. ATOS DE INDISCIPLINA E INSUBORDINAÇÃO E DESÍDIA. MANUTENÇÃO. Comprovados os atos faltosos do reclamante no exercício de suas funções, ao não comparecer inúmeras vezes ao serviço sem qualquer justificativa e não respeitar as normas internas da empresa, culminando com sua recusa injustificada em tomar a vacina contra a covid-19, deve ser mantida a dispensa motivada por atos de indisciplina, insubordinação e desídia, todos previstos no art. 482, da CLT. (TRT-11-00001687920215110019, 1ª Turma, Relator SOLANGE MARIA SANTIAGO MORAIS, DEJT 07/12/2021).”
“ MANDADO DE SEGURANÇA. Impetração contra ato tido como coator do Governador do Estado de São Paulo em decorrência da edição do Decreto 66.421/22 que exige que os servidores públicos estaduais apresentem cópia do documento comprobatório de vacinação completa contra a COVID-19 ou apresente atestado médico que evidencie contraindicação para a imunização. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Na hipótese, a edição do decreto impugnado observa a tese fixada pelo STF na ADI n.º 6.56/86/DF e prestigia o interesse público e da sociedade sobre o interesse particular, notadamente na preservação da saúde dos servidores e empregados da Administração Pública estadual. Além disso, ao contrário do alegado pelo impetrante, o decreto impugnado não prevê expressamente nenhuma sanção para aqueles que não apresentarem o comprovante de vacinação ou atestado médico que evidencie contraindicação, constando apenas que decorrido o prazo nele previsto sem a apresentação da documentação exigida o órgão setorial de recursos humanos correspondente adotará as providências destinadas à apuração de eventual responsabilidade disciplinar, ouvido, quando necessário, o órgão jurídico respectivo. Inexistência de violação a direito líquido e certo. Ausência de interesse processual, configurado típico caso de carência de ação. Mandado de segurança não conhecido, por indeferimento da inicial. (TJ-SP-Mandado de Segurança Cível: MSCIV 2000682-52.2022.8.26.0000 SP 2000682-52.2022.8.26.0000, Relator James Siano, DEJT 12/01/2022).”
Assim sendo, o que se requer é a reforma da r. sentença no tocante ao pedido de reversão da justa causa o qual o Magistrado a quo julgou procedente o pedido, pois é evidente o equívoco do mesmo, uma vez que a decisão colide com as jurisprudências existentes a respeito do tema e houve orientação de todos os funcionários acerca da importância e da obrigatoriedade da vacina contra a COVID-19, além de aplicação de advertência à reclamante antes da dispensa por justa causa.
Sendo assim, por todo exposto pede-se que a r. sentença seja reformada, deferindo, portanto, que é válida a dispensa por justa causa.
3Disponível em: https://trt-11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1346333240/1687920215110019.2 – SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
No item 2.2 da r. sentença o ilustre Magistrado a quo condenou a reclamada ao pagamento de remuneração do período de suspensão contratual ao fundamento de que os depoimentos das testemunhas foram divergentes, o que levou à decisão a dirimir a controvérsiautilizando as regras que envolvem o ônus de prova. Contudo, ressalta-se o artigo 818, da CLT, cuja a redação é a seguinte:
Art. 818. O ônus da prova incumbe
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido
§ 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
Sendo assim, é cabível a autora o ônus de prova no caso da existência de prestação de serviços durante o período de suspensão contratual, pois é fato constitutivo de seu direito. E em relação aos depoimentos divergentes temos o entendimento do TRT da 1ª Região RJ:
“PROVA DIVIDIDA OU "EMPATADA". JULGAMENTO EM DESFAVOR DA PARTE QUE DETINHA O ÔNUS PROBATÓRIO. Em havendo prova dividida e não sendo possível, do conjunto probatório, decidir pela melhor prova produzida, julga-se contra quem tinha o ônus de provar e não provou. (TRT-RJ-RO 01002910620185010040, Relator ROBERTO NORRIS, 09/02/2021).”
Sendo assim, cabe a autora a provar o ônus da prova e como não provou, cabe a decisão da prova divida em favor da Reclamada.
3.3 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Em relação aos honorários advocatícios, ressalta-se a improcedência total dos pedidos não enseja a condenação ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. A reclamante pugna pela condenação empresarial ao pagamento de honorários advocatícios, com fundamento no disposto no art. 791-A, da CLT. Mas cabe ressaltar que tal fundamento foi considerado inconstitucional pela a Ação Direta de Inconstitucionalidade de número 5766 (ADI n. 5766), ou seja, a previsão de pagamento de honorários advocatícios inserida pela reforma trabalhista padece de vício constitucional, razão pela qual o dispositivo legal em comento não deve ser aplicado ao caso concreto.
IV – PEDIDO
Diante do exposto, requer seja conhecido e dado provimento ao Recurso Ordinário, nos termos da fundamentação supra.
Termos em que pede deferimento.
Local, 19 de novembro de 2021.
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado.

Outros materiais

Outros materiais