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LEUCEMIAS E SÍNDROMES MIELOPROLIFERATIVAS HEMATOLOGIA - FUNDAMENTOS HEMATOPOESE * formação das células sanguíneas * apesar de as células sanguíneas serem diferentes entre si, todas são originadas da mesma célula (célula tronco hematopoética pluripotente) Locais de hematopoese * Período fetal: - saco vitelino (local transitório) – 0-8ª semana IG - fígado, baço – a partir da 8ª semana IG - medula óssea – a partir da 20ª semana IG - a placenta também contribui para hematopoese fetal -> Fígado e baço são os locais principais da hematopoese na vida fetal – da 8ª semana até a 28ª semana de IG –e continuam produzir células sanguíneas até a 2ª semana após o nascimento -> Contudo, após a 28ª semana de vida fetal é a medula óssea que assume o sítio de maior importância da hematopoese * Primeira infância (até 2 anos de vida): medula óssea (praticamente todos os ossos) -> nos primeiros anos de vida toda a medula óssea é hematopoiética, no entanto, com o passar dos anos ocorre a substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura. * Adultos: medula óssea no esqueleto central (vértebras, costelas, crânio, esterno, sacro e pelve) e extremidades proximais do fêmur e do úmero. * Em algumas situações a medula óssea gordurosa pode ser capaz de reverte novamente em medula hematopoética. Algumas doenças podem promover a expansão da hematopoese aos ossos longos. Além disso, o fígado e o baço podem retornar a seu papel hematopoético fetal (hematopoese extramedular). Célula tronco hematopoética * são escassas (1:20.000.000 de células nucleadas da medula óssea) * muitas são dormentes * têm capacidade de autorrenovação – divisão de uma células em duas, sendo que uma substitui a primeira e a outra inicia o processo de diferenciação. -> para a autorrenovação e formação de células progenitoras diferenciadas é necessário um ambiente adequado na medula óssea – esse meio é conhecido com estroma da medula óssea * células do estroma: células-tronco mesenquimais (multipotentes), fibroblastos, adipócitos, osteoblastos, células endoteliais e macrófagos -> essas células secretam os componentes da matriz extracelular e fatores de crescimento (necessários para a sobrevida das células tronco hematopoéticas) * matriz extracelular: colágeno, glicoproteínas (fibronectina e trombospondina) e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico) -> Células-tronco Mesenquimais: críticas na formação do estroma - fornecem fatores de crescimento, moléculas de adesão e citoquinas que dão suporte as células-tronco hematopoéticas -> Fatores de crescimento: podem estimular a proliferação de células primitivas da medula óssea, dirigir a diferenciação para um ou outro tipo de célula, estimular a maturação celular, suprimir ou afetar a função das células maduras. -> Moléculas de adesão: glicoproteínas que medeiam a ligação de células percursoras da medula, leucócitos, plaquetas e componentes da matriz extracelular ao endotélio ou outras superfícies. O ciclo celular * a desregulação do ciclo celular (proliferação celular de células percussoras) é chave no desenvolvimento de neoplasias malignas. Fase M (fase mitótica) – célula se divide fisicamente mitose (divisão núcleo) citocinese (fissão celular) interfase – cromossomos se duplicam e a célula cresces após a divisão Fase G1 (célula começa a orientar a replicação) -> fim da fase G1 (checkpoint) Fase S (duplicação do DNA) Fase G2 (cópia das organelas e há aumento do volume citoplasmático) -> fim da fase G2 (checkpoint) -> Checkpoints: são controlados pelas proteinoquinases ciclina-dependentes (Cdk) * Cdks são quinases, enzimas que fosforilam (ligam grupos fosfato a) proteínas alvo específicas. O grupo fosfato ligado age como um interruptor, tornando a proteína alvo mais ou menos ativa. Quando uma ciclina se liga a uma Cdk, isto tem dois efeitos importantes: ativa a Cdk como uma quinase, mas também direciona a Cdk para um conjunto específico de proteínas alvo, adequadas para o período do ciclo celular controlado pela ciclina. -> Fatores de transcrição: regulam a expressão gênica pelo controle da transcrição de genes específicos. * São proteínas que ajudam a transformar genes específicos em "ligados" ou "desligados" através da conexão a um DNA próximo. * Podem ser ativadores – que impulsionam a transcrição de um gene – ou repressores – que reduzem a transcrição. * Mutação, deleção ou translocação de fatores de transcrição são causas subjacentes de muitos cânceres hematológicos. Células sanguíneas -> Eritrócitos (glóbulos vermelhos): transporte de O2 e CO2 (120 dias) -> Plaquetas: envolvidas na hemostasia (10 dias) -> Leucócitos (glóbulos brancos): Fagócitos: neutrófilos (6-10 horas), eosinófilos (alguns dias), basófilos (alguns dias) e monócitos (20-24 horas) Linfócitos: - células B: produtoras de anticorpos - células T: CD4 auxiliares e CD8 supressoras * relacionadas à resposta imune e à proteção contra vírus e células estranhas * sobrevida periférica de semana a anos ERITROPOESE * produção de eritrócitos * a eritropoese é regulada pelo hormônio eritropoetina (90% é produzida nos rins e 10% no fígado) -> não há reservas pré-formadas de eritropoetina * baixa tensão de O2 nos tecidos renais (hipóxia) estimula a produção de eritropoetina * o aumento do fornecimento de O2 aos tecidos (aumento da massa eritroide ou hemoglobina mais efetiva no transporte de O2) diminui a produção de eritropoetina * A medula óssea necessita de muitos outros precursores para uma eritropoese eficaz: - ferro - cobalto - vitaminas (principalmente B12, folato, C, E, B6, tiamina e riboflavina) - hormônios (androgênios e tiroxina) SÉRIE BRANCA -> Leucócitos (glóbulos brancos): Fagócitos: pode ser dividido em granulócitos e monócitos * Granulócitos: neutrófilos (6-10 horas), eosinófilos (alguns dias), basófilos (alguns dias) * Monócitos (20-24 horas) Linfócitos: - células B: produtoras de anticorpos - células T: CD4 auxiliares e CD8 supressoras * relacionadas à resposta imune e à proteção contra vírus e células estranhas * sobrevida periférica de semana a anos FAGÓCITOS * apresentam um precursor em comum -> mieloblasto NEUTRÓFILOS * Promielócito: primeiros percursores dos neutrófilos (originados do mieloblasto) - presentes na medula óssea e geralmente estão ausentes no sangue periférico * bastonetes são neutrófilos imaturos que estão presentes no sangue periférico MONÓCITOS -> monócitos ficam circulantes, após sair da medula, por 20-40h depois deixam o sangue e adentram os tecidos (se tornando macrófagos) * Promonócito: primeiros percursores de monócitos na medula óssea (originados do mieloblasto/mielomonoblasto) NEUTROFILIA - alteração comum no hemograma - pode estar acompanhada de febre (liberação de pirogênios dos leucócitos) Neutrofilia reacional * “desvio a esquerda” -> aumento de neutrófilos bastonados * pode haver a presença ocasional sérica de células primitivas (metamielócitos e mielócitos) * presença de granulação tóxica e corpos de Doler no citoplasma de neutrófilos Reação leucemoide * leucocitose reacional excessiva * ocorrem em infecções grave ou crônicas, hemólise intensa e câncer metastático -> caracterizada pela presença de células imaturas (mieloblastos, promielócitos e mielócitos) no sangue periférico Reação leucoeritroblástica * causada por infiltração metastática da medula óssea ou por certos distúrbio sanguíneos benignos ou neoplásicos -> caracteriza-se pela presença de eritroblastos e de precursores granulocíticos no sangue. NEUTROPENIA * Limite inferior contagem neutrófilos é de 1,8x103/µL * quando a contagem de neutrófilos é < 0,5x103/µL o paciente é sujeito a infecções redicivantes* pode haver uma neutropenia seletiva (isolada) ou neutropenia como parte de uma pancitopenia global MONOCITOSE * Pouco comum, mas pode ocorrer em algumas situações - infecções bacterianas crônicas (tuberculose, endocardite) - colagenoses - infecções por protozoários - neutropenia crônica - linfoma de Hodgkin, leucemia mieloide aguda - leucemia mielomonocítica crônica EOSINOFILIA * Limite superior é 0,4 x103/µL * Muito relacionado com processos alérgicos e infecções por protozoários BASOFILIA * Pouco comum, mas pode ocorrer em algumas situações - neoplasia mieloproliferativa (leucemia mieloide crônica ou policitemia vera) - mixedema da varíola, varicela e na colite ulcerativa LINFÓCITOS * Apresentam especificidade antigênica e memória imunológica Células B - maturam na medula e circulam pelo sangue periférico até adquirirem reconhecimento de um antígeno específico. - o receptor de células B (BCR) é uma imunoglobulina ligada à membrana e que se liga a um antígeno específico - ao reconhecer um antígeno específico a célula B matura para uma célula B de memória (plasmócito) - os plasmócitos regressam e se alojam na medula óssea Células T - desenvolvem-se no timo, onde se diferenciam em células T maduras durante a passagem do córtex para a medula - durante o processo de maturação das células T no timo ocorre a seleção negativa (destruição de células T autorreativas) e a seleção positiva (seleção de células T com alguma especificidade para o HLA) * CD4 -> células T helper * CD8 -> células citotóxicas (killer) Células NK - são células CD8 que não apresentam receptor de células T (TCR) - matam células alvo que apresentem baixo nível de expressão de moléculas HLA classe I (infecção viral e células malignas) Imunoglobulinas - proteínas, produzidas por plasmócitos e células B, que reagem a antígenos - existem 5 isotipos: IgA, IgG, IgM, IgD e IgE. IgM: é a primeira produzida em resposta a um antígeno. Não passa pela placenta. IgG: é produzida um período depois da resposta a um antígeno, contudo é produzida por um período muito maior de tempo. É predominante (80% das imunoglobulinas no plasma). Passa pela placenta. IgA: principal imunoglobulina das secreções (TGI). Não passa pela placenta. IgE e IgD: envolvidas em questões de hipersensibilidade tardia. LEUCEMIAS Leucemias são um grupo de doenças que cursam com acúmulo de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue. Levando a: * insuficiência da medula óssea: anemia, neutropenia, trombocitopenia * infiltração de órgãos: fígado, baço, linfonodos, meninges, cérebro, pele e testículos Existem quatro categorias de leucemias: -> Leucemias agudas e crônicas que se subdividem em linfoide e mieloide LEUCEMIA AGUDA (LA) A doença começa assim que uma determinada célula progenitora (ao sofrer mutações genéticas) se torna incapaz de prosseguir na diferenciação hematopoiética. Esta célula não vai além da forma "jovem" (blasto) e começa a se proliferar descontroladamente, ocupando a medula óssea e impedindo o crescimento e a diferenciação das células normais. * são geralmente agressivas * a transformação maligna ocorre em células-tronco da hematopoese ou em progenitores primitivos -> levando ao acúmulo de blastos devido ao: - aumento da velocidade de produção desses blastos - diminuição da apoptose - bloqueio na diferenciação celular CLÍNICA: ocorre principalmente insuficiência da medula óssea (devido ao acúmulo de blastos -> anemia, trombocitopenia e neutropenia), embora também possam ocorrer infiltração tecidual * caso não sejam tratadas levam ao óbito de forma muito rápida * com o tratamento a maioria de pacientes jovens conseguem reverter o quadro (cura) DIAGNÓSTICO LA A LA é definida pela presença de mais de 20% de blastos na medula óssea na apresentação clínica*** * é possível diagnosticar uma LA com <20% de blastos se houver a identificação de alguma anomalia genética específica para LA Como é definida a linha dos blastos observados em um paciente com leucemia aguda? - exame microscópio -> avaliação da morfologia dos blastos * mielograma do esfregaço de aspirado da medula óssea - imunofenotipagem -> citometria de fluxo * identifica antígenos celulares de superfície citoplasmática e nucleares - análise citogenética -> avalia a presença de mutações cromossômicas - análise molecular -> avalia alterações gênicas e define a porcentagem de células neoplásticas que estão presentes * isso define se a leucemia é de origem mieloide ou linfoide LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) * forma mais comum de LA em adultos -> incidência aumenta com a idade (>65 anos) * as alterações cromossômicas mais observadas na LMA são translocações e deleções -> mais de 70-80% das LMA apresentam aberrações cromossômicas ao diagnóstico DIAGNÓSTICO DA LMA Mielograma -> avaliação morfológica dos blastos do esfregaço do aspirado da medula óssea -> avaliação preliminar de um paciente com quadro suspeito de leucemia -> a medula na LMA é: hipercelular devido ao acúmulo de blastos como: * Mieloblastos -> podem apresentar bastões de Auer e positividade para o teste negro de Sudam * Promieloblastos displásicos (leucemia promielocítica aguda) * Monoblastos e Promonócitos (leucemia monocítica) * Megacarioblastos (leucemia megacariocítica) Imunofenotipagem -> citometria de fluxo Os mieloblastos caracteristicamente NÃO expressam: marcadores linfoides ou imunoglobulina de membrana e citoplasmática A capacidade da citometria de fluxo em identificar a diferenciação mieloide se aproxima de 98%, mas para tanto deve-se usar uma múltiplos marcadores imunológicos que diferencie entre LMA e LLA-T e LLA-B. * LMA: CD13M CD33, CD117 Análise citogenética -> essencial * avalia possíveis mutações cromossômicas * amostras de células blásticas da medula (ou do sangue periférico se tiver muito aumentado) * ao coletar a amostra é necessário o uso de anticoagulante adequado (heparina) * a coleta deve ser feita antes do início da quimioterapia Tipos de LMA com prognóstico ruim -> M1, M5, M6, M7 E M0 Tipos de LMA com prognóstico bom -> M2, M3, M4 M3 -> LMA promielocítica - bom prognóstico - ocorre em qualquer faixa etária - inversão (16); gene RARA/PML - tendência a sangramento e a coagulação intravascular disseminada (CIVD) -> característica da LMA promielocítica * marcadores de coagulação intravascular disseminada (alargamento TAP e PTTa, queda das plaquetas e do fibrinogênio) - tratar com ATRA (ácido transretinoico) M4 -> LMA mielomonocítica - bom prognóstico (maior taxa de remissão completa) - caracteriza-se por infiltração mielomonocítica da medula e por eosinófilos anormais - translocação (15;17); gene CBFB/MYH11 - infiltrado de células malignas na gengiva, pele e SNC (característica da LMA mielomonocítica e monocítica) M5 -> LMA monocítica - prognóstico ruim - pode acontecer em qualquer faixa etária * principalmente em lactantes ou após uso de quimioterápicos (inibidores da topoisomerase e monocítico+mielocítico) - infiltrado de células malignas (leucêmicas) na gengiva, pele e SNC (característica da LMA mielomonocítica e monocítica) -> os core binding factor (CBF) são fatores de transcrição que têm função na ativação transcricional de genes importantes no desenvolvimento hematopoético. *CBFa (AML1), e o CBFb estão envolvidos em translocações cromossômicas associadas a leucemia como a t(8;21) a inv(16) e a t(12;21) da LLA . Análise molecular *FLT3, NPM1 e DNMT3A são os genes mais mutados na LMA 1. LMA com anormalidade genéticas recorrentes: subtipos com translocações cromossômicas ou mutações genéticas específicas. * caso sejam identificadas essas mutações definem o tumor como LMA, dispensando a necessidade de >20% de blastosna medula. -> M2, M3 (promielocítica), M4 (mielomonocítica com eosinófilos), M7 (megacarioblástica) 2. LMA com alterações relacionadas a mielodisplasia * presença de sinais de mielodisplasia em mais de 50% das células à microscopia (ao menos em duas linhagens) * pior prognóstico comparado com as LMA por anormalidades cromossômicas. 3. Neoplasias mieloides relacionadas ao tratamento * surge em pacientes que utilizaram fármacos (inibidores da topoisomerase II ou agentes alquilantes) * costuma apresentar mutação no gene MLL * resposta pobre ao tratamento 4. LMA não especificada * há ausência de anormalidades citogenéticas * 30% dos casos * mutações gênicas mais frequentes: NPM1 e FLT3 -> M0 (indiferenciada); M1 (minimamente diferenciada); M2 (mieloide diferenciada); M4 (mielomonocítica sem translocação ou inversão); M5 (monocítica); M6 (eritroleucemia aguda); 5. Sarcoma mieloide * doença rara que se semelha a um tumor sólido, mas que é composta por blastos mieloides 6. Proliferações mieloides relacionadas à síndrome de Down * crianças com síndrome de Down têm risco aumentado para leucemia -> mielopoese anormal transitória (leucocitose leucomioide autolimitada) -> LMA LABORATÓRIO LMA Hemograma * anemia normo-normo em graus variados (90% dos casos) * leucócitos normais, diminuídos ou aumentados * neutropenia * presença de mieloblastos (em pacientes com leucopenia os mieloblastos podem estar ausentes) * plaquetopenia está quase sempre presente * hiperuricemia (50% dos pacientes) -> devido a hiperproliferação celular Medula óssea é hipercelular com infiltração de blastos leucêmicos (análise morfologia do esfregaço e análise imunológica, citogenética e molecular) -> indispensáveis para o diagnóstico, prognóstico e plano de tratamento. Rotina: hemograma, função renal, função hepática, LDH, ácido úrico, ECG, ecocardio, sorologias Coagulograma: TP, TTPa, Fibrinogênio * CIVD -> LMA do tipo promielocítica CLÍNICA DA LMA Tríade da LA (relacionada com insuficiência da medula óssea) * astenia (sintoma inicial) * hemorragia * febre -> mesma tríade da anemia aplásica (diagnóstico diferencial) * hepatoesplenomegalia (manifestação frequente que pode auxiliar na diferenciação da LA de uma anemia aplásica) * dispneia *cefaleia * tontura postural * infecções frequentes (neutropenia) * tendencia a sangramento (trombocitopenia) e a coagulação intravascular disseminada (M3-> promielocítica) * infiltração tecidual por células tumorais * hiperplasia da gengiva, acometimento da pele, acometimento do SNC (M5-> mielomonocítica e M6-> monocítica) * febre (neutropenia ou febre neoplásica -> rápida proliferação clonal) - todo paciente com leucemia com febre deve ser tratado como portador de infecção grave -> insuficiência da medula óssea: anemia normo normo, neutropenia e trombocitopenia (muito acentuadas -> quase sempre) -> síndrome leucostase: leucometria grave (>50.000 ou >100.000/mm3), aumento da viscosidade sanguínea e adesão de blastos no endotélio das vênulas pulmonares e outros órgãos (ex: cérebro). O paciente apresenta: - sintomas neurológicos: cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor, coma e crise convulsiva - sintomas pulmonares: dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória com hipoxemia grave - trata condição com leucoaférese (retirada de leucócitos do sangue) + quimio TRATAMENTO -> tem por finalidade a remição completa (<5% de blastos na medula óssea, hemograma e status clínico normais) * realizar tratamento de suporte (cateter venoso central, suporte hemoterápico e prevenção da lise tumoral) * Plaquetas deve ser >10.000/ mm3 ou >20.000/mm3 em pacientes com febre ou infecção * Hb deve ser >8g/dL -> fármacos são mielotóxicos com seletividade limitada entre as células leucêmicas e as células medulares normais (destroem a medula) -> leva a insuficiência medular decorrente do tratamento *suporte intensivo e prolongado* * pacientes mais jovens o tratamento é de quimioterapia intensiva Citarabina e daunorrubicina; idarrubicina; mitoxantrona e etoposido Fármacos novos: inibidores da FLR; imunoconjugados com alvo em CD33 (Mylotarg) ou em CD45 * tratamento de manutenção -> apenas na leucemia promielocítica -> a leucemia promielocítica aguda (LPMA - M3) apresenta um protocolo de tratamento próprio Esse tipo de leucemia pode levar a uma síndrome hemorrágica grave * presente no diagnóstico ou com início nos primeiros dias de tratamento * tratada como CIVD -> múltiplas transfusões de plaquetas e reposição de fatores de coagulação com plasma fresco * utilizar ácido all-trans retinóico (ATRA) combinado com arsênio (resposta clínica melhor, com menos efeitos colaterais) ou antraciclina -> Uma complicação do tratamento com ATRA é a síndrome de diferenciação * febre, hipoxia com infiltrados pulmonares e retenção com sobrecarga de líquidos * trata com corticoide * apenas se suspende a droga em casos excepcionalmente graves PROGNÓSTICO E ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Remissão completa: com presença de <5% de blastos (sem bastões de Auer); neutrófilos > 1000/µL; fim da necessidade de reposição transfusional e ausência de sinais de doença extramedular. Grupo de risco: * citogenética favorável + remissão obtida depois de cinco ciclos de quimio (bom prognóstico) * monossomia 5 ou anormalidade de 7 + blasto com a mutação duplicação interna em FLT-3 + doença não responde ao tratamento (prognóstico ruim) -> exige tratamentos mais agressivos -> o prognóstico da LMA tem melhorado continuamente, sobretudo em pacientes < 60 anos Transplante de células-tronco * oferecidos na primeira remissão em casos de risco intermediário e de alto risco Ex: paciente idoso com >20% de blastos após o primeiro curso * o uso de transplante de CT aumenta o risco de morbidade e mortalidade -> não está indicado em pacientes com prognóstico favorável LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) Causada pelo acúmulo de linfoblastos na medula óssea. * forma mais comum de leucemia na infância (90% dos casos) - a LLA infantil responde muito bem à quimioterapia CLÍNICA -> insuficiência da medula óssea: anemia, letargia e dispneia -> neutropenia (febre, mal-estar, infecções de boca, da garganta, da pele, das vias aéreas, região perianal...) -> trombocitopenia (equimoses espontâneas, púrpuras, sangramento gengival e monorragia) -> infiltração de órgão: * dor óssea (80% dos casos) * linfonodopatia (adenomegalia cervical ou generalizada – 75% dos pacientes) * esplenomegalia modera * hepatomegalia * síndrome meníngea (cefaleia, náuseas e vômitos; visão turva e diplopia – percepção de duas imagens do mesmo objeto) * acometimento testicular (principalmente na recidiva) -> exame de fundo de olho: pode mostrar edema de papila e algumas vezes hemorragia -> a febre neoplásica é muito frequente (70% dos casos) !! a hiperplasia gengival não faz parte do quadro clínico -> ocorre na LMA mielomonocítica (M4) ou monocítica (M5) LABORATÓRIO Hemograma - anemia normo-normo e trombocitopenia - leucócitos podem estar diminuídos, normais ou aumentados (devido ao número de blastos) - blastos presentes no sangue periférico -> hiperuricemia, aumento de DHL e hipercalcemia -> realizar provas hepáticas e renais (antes e depois do tratamento) -> massas mediastinais por aumento do timo podem ser percebidas por RX (característica da LLA por linfócitos T) DIAGNÓSTICO Biopsia medula óssea medula óssea hipercelular com > 20% de blastos leucêmicos -> presença de 25% de linfoblastos na medula óssea a mais que as demais células nucleadas * é preciso caracterizar os blastos (se são de linhagem linfoide ou mieloide) - exame microscópio -> avaliação da morfologia dos blastos * mielograma do esfregaço de aspirado da medula óssea * ausência de bastonetes de Auer e coloraçãopositiva para PAS (célula B) ou positiva para fosfatase ácida (células T) -> LLA - imunofenotipagem -> citometria de fluxo * identifica antígenos celulares de superfície citoplasmática e nucleares * presença de TdT citoplasmático -> caracterizam linhagem imatura de linfócitos LLA-T: CD7; cCD3; CD2 LLA-B: CD10; CD19; CD20; Ccd22 - análise citogenética -> avalia a presença de mutações cromossômicas - análise molecular * identificação de genes de imunoglobulina e de receptor de células T (TCR) LLA-B: rearranjo clonal de genes de imunoglobulina LLA-T: rearranjo clonal de genes do TCR -> A identificação de genes de imunoglobulina ou do receptor de células T (TCR), do imunofenótipo aberrante e da genética molecular de células leucêmicas é importante para a escolha do tratamento e detecção de doença residual mínima !!evitar punção lombar para não ocorrer transferência de células leucêmicas para o SNC Doença residual mínima (DRM) Detecção de uma pequena quantidade de células leucêmicas (citometria de fluxo ou PCR) após o tratamento. -> deve-se pesquisar a presença de doença residual mínima no 29º dia de tratamento em crianças e após 3 meses em adultos (fator prognóstico) -> Tratamento da recidiva Detectada por testes de DRM ou por reaparecimento de blastos leucêmicos no sangue ou medula óssea LEUCEMIA CRÔNICA (LC) Caracterizam-se por acúmulo lento e gradativo de leucócitos neoplásicos na medula óssea e no sangue. * células acumuladas encontram-se numa fase tardia de maturação (diferente da LA) * apresentam um curso clínico insidioso LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) * síndrome mieloproliferativa crônica * distúrbio clonal de uma célula-tronco pluripotente * não há bloqueio na maturação -> progenitor segue o curso normal de maturação até as células finais (granulócitos, hemácia, plaqueta) -> incidência com pico na fase adulta (40-60 anos), mas pode ocorrer em crianças (2% dos casos de leucemia infantil) -> a principal causa de morte na LMC é a transformação blástica Objetivo da indução é destruir rapidamente a maioria das células tumorais e levar o paciente ao estágio de remissão (<5% de blastos na medula óssea) Ciclos de altas doses de quimioterápicos (próximo do limite de tolerância) com múltiplos fármacos para diminuir a carga tumoral ou até eliminá-la. Maioria dos quimioterápicos não atinge o SNC, por isso é preciso um tratamento específico para a doença no SNC. Reindução com quimioterapia combinada, incluindo novos fármacos, como clofarabia. * O clone neoplásico na LMC é uma célula-tronco anômalas (anomalia citogenética -> Cromossomo Filadélfia) -> translocação entre os braços longos do cromossomo 9 (banda 34) e 22 (banda 11) {t(9;22) (q34;q22)} -> isso aproxima o gene C-ABL (do cromossomo 9) ao gene breackpoint cluster region (BCR) – presente no cromossomo 22 -> essa translocação forma um gene híbrido BCR/ABL1 que sintetiza a proteína P210 que promove: - aumento da divisão celular - bloqueio apoptose (não há bloqueio na maturação de precursores mieloides) *95% dos pacientes com LMC apresentam Cromossomo Filadélfia (detectável no cariótipo das células do aspirado de medula óssea) -> o restante pode ter detectado o gene BCR/ABL1 por métodos moleculares (PCR e fish) -> LMC Ph- e BCR/AB1L+ * o clone neoplásico se diferencia preferencialmente para a série granulocítica (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) -> acúmulo na medula e no sangue periférico de neutrófilos, bastonetes, metamielócitos, mielócitos, mieloblastos (mais raros). Além de aumento de eosinófilos e basófilos. -> as plaquetas e monócitos podem estar aumentados -> ocorre queda no número de eritrócitos (anemia) -> ocupação neoplasia que inibe a eritropoese CLÍNICA Leucocitose neutrofilia acentuada com desvia à esquerda + esplenomegalia importante -> sintomas relativos ao hipermetabolismo (perda de peso, lassidão, anorexia, febre e suores noturnos) -> esplenomegalia importante (associado a desconforto abdominal, dor e indigestão) ->60-80% dos casos -> sintomas de anemia (cefaleia, palidez, dispneia e taquicardia) -> equimoses, epistaxe, menorragia e hemorragia (defeito funcional das plaquetas) -> gota ou insuficiência renal (hiperuricemia) -> dor óssea por expansão da medula !! Infecções frequentes não são característica da doença (não há neutropenia) -> o clone neoplásico é capaz de se diferenciar até o neutrófilo maduro A maioria dos pacientes é diagnosticado na fase crônica da doença * após 3-5 anos sem tratamento o paciente evolui para uma crise blástica mieloide (leucemia aguda rapidamente fatal) -> causa mais comum de óbito em LMC (sobrevida de 3 meses) -> paciente apresenta pelo menos um dos seguintes itens: * blastos >20% (medula ou sangue periférico) * grandes focos ou grupamentos de blastos na medula óssea * cloroma ou sarcoma mieloide (tumor extramedular) DIAGNÓSTICO E ACHADOS LABORATORIAIS anemia + hiperleucocitose + trombocitose * leucocitose intensa (principal aspecto) -> é comum valores >100.000/mm3 (hiperleucocitose), mas os valores podem chegar até 1.000.000/mm3 * intenso “desvio para esquerda” (bastões, metamielócitos, mielócitos e mieloblastos no sangue periférico) * níveis de neutrófilos e mielócitos excedem aos de blastos e promielócitos * basofilia e eosinofilia * anemia normo-normo (50% dos casos) * presença do gene BCR-ABL1 (PCR ou FISH) e/ou cromossomo Ph (Filadelfia) na análise citogenética * ácido úrico sérico elevado (hiperuricemia) -> maior risco de gota * trombocitose >400.000/mm3 (mais frequente), plaquetas normal ou trombocitopenia -> apesar da contagem alta de plaquetas pacientes com LMC são propensos a sangramentos (devido a disfunção plaquetária) -> pacientes com LMC também são propensos a eventos trombóticos (leucocitose + trombocitose) Diagnóstico geralmente é feito após achados suspeitos num hemograma de rotina * presença de leucocitose acentuada em um paciente com esplenomegalia * Diagnóstico diferencial: reação leucemoide (neutrofilia acentuada >25.000/mm3 devido a infecções e inflamações sistêmicas); e outras síndromes mieloproliferativas (P. vera, mielofibrose, trombocitopenia essencial) *Confirmação do diagnóstico é pela detecção do RNAm da mutação BCR/ABL1 (teste molecular -> PCR) no sangue periférico -> um aspirado da medula não é indispensável para o diagnóstico (contudo esse exame é sempre realizado, pois auxilia na estratificação prognóstica e no acompanhamento da resposta terapêutica) -> Análise histológica: medula apresenta hiperplasia mieloide acentuada, com reação mieloeritroide 15:1 -> Citogenética: presença de cromossomo ph+ (Filadélfia) nas células do aspirado da medula óssea ESTADIAMENTO * Escore Sokal -> idade, porcentagem de blastos, dimensões do baço e contagem de plaquetas -> medida de prognóstico mais relevante é a velocidade de resposta ao tratamento com inibidor de tirosinoquinase TRATAMENTO * Inibidores da tirosinoquinase são a base do tratamento para LMC LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LMC) Acúmulo de linfócitos maduros no sangue * acomete mais a população idosa (> 60 anos) - não acomete crianças e é muito rara em adultos de 30-40 anos A célula tumoral é um linfócito B maduro com fraca expressão de imunoglobulina de superfície (IgM ou IgD) -> o clone neoplásico é um linfócito B maduro, porém, bloqueado em uma fase de diferenciação que impede a sua transformação em plasmócito, a célula produtora de anticorpos Diferente das outras leucemias, a LLC é uma doença "cumulativa", e não "proliferativa". * células exibem diminuição da apoptose e apresentam sobrevida prolongada -> levando ao acúmulo de sangue na medula óssea que progressivamentepode também acumular no fígado, baço e linfonodos. -> o paciente vai se tornando debilitado e extremamente propenso a morrer de infecções bacterianas, pois os linfócitos neoplásicos não desenvolvem competência imunológica. CLÍNICA E ACHADOS LABORATORIAIS * maioria dos casos é diagnosticado por hemograma de rotina - linfocitose expressiva >5.000/mm3 - anemia normocítica, normocrômica e hipoproliferativa (baixo nível de reticulócitos) – 20% dos pacientes (mal prognóstico) * há aumento simétrico de linfonodos cervicais (mais comum), axilares ou inguinais * esplenomegalia e hepatomegalia (estado tardio da doença) * hipogamaglobulinemia (decorrente do bloqueio de maturação dos linfócitos B neoplásicos) -> imunossupressão -> infecções de repetição (sinusite e pneumonia) Os sintomas da LLC podem ser: febre, sudorese noturna, astenia, fadiga, perda ponderal e queda do estado geral. Esses sintomas são mais comuns nas fases mais avançadas da doença, e geralmente indicam a ocorrência de complicações, como infecção e anemia. DIAGNÓSTICO 1. Linfocitose persistente >10.000/mm3 + aspirado da medula óssea com >30% de linfócitos (normal é 10%) OU 2. Linfocitose persistente > 5.000/mm3 + aspirado da medula óssea com >30% de linfócitos + imunofenotipagem revelando marcadores de linfócitos B imaturos em conjunto com marcador CD5 - exame microscópio -> avaliação da morfologia dos blastos * mielograma do esfregaço de aspirado da medula óssea -> aspirado da medula óssea mostra invasão linfocítica que pode chegar à substituição de 95% dos componentes mieloides -> biopsia mostra infiltração linfocítica - imunofenotipagem -> citometria de fluxo * identifica antígenos celulares de superfície citoplasmática e nucleares -> mostra células B (CD19+ de superfície) com níveis baixos de imunoglobulina de superfície e expressão de apenas uma cadeia leve (restrição de cadeia leve) -> células neoplásicas são: CD5 e CD23 positivas CD79 e FMC7 negativas -> CD38 (marcador de diferenciação) e ZAP70 (proteína quinase) tem significado prognóstico! - análise citogenética -> avalia a presença de mutações cromossômicas -> anomalias cromossômicas mais comuns são deleção de 13q14 (provoca perda de microRNAs) , trissomia 12, deleções em 11q23 e 17p - análise molecular -> avalia alterações gênicas e define a porcentagem de células neoplásticas que estão presentes ATM, NOTCH1, SF3B1, BIRC3 e p53 * isso define se a leucemia é de origem mieloide ou linfoide ESTADIAMENTO - plaquetopenia é um sinal de prognóstico ruim DISTÚRBIOS MIELOPROLIFERATIVOS * Grupo de condições não leucêmicas que surgem das células- tronco da medula óssea e caracteriza-se por proliferação clona de um ou mais componentes hematopoéticos na medula óssea (e em alguns casos no fígado e no baço também) -> associados com anormalidades clonais envolvendo genes que codificam proteínas tirosinoquinases: JAK2 (janus quinase); MPL (receptor de trombocitopenia) ou CALR (calreticulina) * Quase todos os pacientes com policitemia vera (PV) apresentam mutação no gene JAK2. Essa mutação também está presente em 60% dos pacientes com trombose essencial (TE) ou mielofibrose primária (MP) -> mostrando uma etiologia comum entre essas três doenças. POLIGLOBULIA ou POLICITEMIA * Aumento na concentração de hemoglobina no sangue (considerando os valores de referência para idade e sexo) pensar em policitemia absoluta (contudo, deve-se solicitar exames radioisotópicos para confirmar o diagnóstico) -> para conter o excesso de Hb o hematócrito necessariamente também precisa estar aumentado. Poliglobulia absoluta -> aumento da massa eritroide acima de 120% do valor previsto para a massa corporal e o sexo * Hct >60% sempre haverá um aumento da massa eritroide Hb > 18,5 g/dL ou Htc >52% (homens) Hb >16,5 g/dL ou Hct >48% (mulheres) -> assim que se estabelecer a presença de poliglobulia absoluta é preciso diferenciá-la em: * poliglobulia primária: hiperatividade intrínseca da medula óssea -> Congênita: mutação no receptor de eritropoetina -> Adquirida: policitemia vera * poliglobulia secundária: há um aumento no estímulo para a medula óssea -> Congênita: defeitos mecanismo sensibilidade de O2; -> Adquirida: aumento da eritropoetina (hipóxia central, DPOC, tabagismo, apneia obstrutiva do sono, tumores); hipóxia local (estenose artéria renal, hidronefrose); androgênios Poliglobulia relativa -> O nível de hemácias aparece aumentado porque o de plasma está reduzido, seja por desidratação, hemorragia ou alguma outra perda de fluídos. POLICITEMIA VERA -> aumento da massa eritroide circulante devido a transformação maligna clonal de uma célula tronco da medula óssea * além dos valores aumentado do eritrograma muitos pacientes apresentam produção aumentada de granulócitos e de plaquetas CLÍNICA * doença de idosos com incidência igual em ambos os sexos - Cefaleia, dispneia, visão turva e sudorese noturna - Prurido após o banho quente (pode ser um problema sério) - Aparência pletórica: cianose rubra, sufusões conjuntivais (manchas nos olhos) e ingurgitamento venoso da retina - Esplenomegalia (75% dos pacientes) - Hemorragia ou trombose arterial ou venosa - Hiperuricemia -> maior propensão a gota LABORATÓRIO * aumento no eritrograma - eritrócitos; HB e Hct * leucograma mostra neutrofilia (50% dos pacientes) e basofilia (mais raro) * trombocitose (50% dos pacientes) * granulócitos da medula óssea e do sangue periférico apresentam mutação JAK2 (97% dos pacientes) * eritropoetina sérica é baixa * uricemia (sempre presente) * DHL normal ou um pouco aumentado -> biopsia da medula óssea mostra espaços gordurosos quase completamente substituídos por tecido hematopoético hiperplásico * todas as linhagens hematopoéticas estão aumentadas (com particular proeminência dos megacariócitos) TRATAMENTO -> tem como objetivo manter um hemograma próximo do normal * manter Hct próximo de 45% e plaquetas < 400.000 Sangrias terapêuticas (venessecção) - são capazes de reduzir o Hct em 45% - diminuição rápida da volemia eritroide - pacientes mais jovens e com doença leve - não controlam os alto níveis de plaquetas Hidroxicarbamina (hidroxiureia) - indicada para pacientes com baixa tolerância a sangria repetidas ou com esplenomegalia sintomática e/ou progressiva; trombocitose elevada; perda de peso e/ou sudorese noturna intensa. * efeitos colaterais: mielossupressão, náusea e toxidade à pele exposta à luz UV AAS - usado em baixas doses para redução de complicações trombóticas * usado em todos os pacientes Ruxolitinibe (inibidor JAK2) - inibe a ativadade de JAK2 - usado em pacientes com efeitos colaterais ao uso de hidroxicabamina e pode vir a ser o tratamento de primeira linha em algum tempo EVOLUÇÃO E PROGNÓSTCO -> prognóstico é bom (em geral) -> sobrevida acima de 10 anos * trombose e hemorragia são os principais problemas clínicos * pode ocorrer uma transição de PV para mielofibrose em 30% dos casos e 5% dos casos podem evoluir para LMA (o acompanhamento deve ser periódico desses pacientes) TROMBOSE ESSENCIAL * aumento sustentado da contagem de plaquetas por excesso de proliferação magacariocítica e superprodução de plaquetas * a série eritroide é normal * cromossomo ph- (Filadélfia) e mutação BCR/ABL1 -> ausentes * biopsia da medula óssea não apresenta fibrose colágena plaquetas >450.000/mm3 é a principal característica para o diagnóstico !! é preciso excluir a possibilidade de: carência de ferro, doença inflamatória ou neoplásica e mielodisplasia DIAGNÓSTICO - geralmente é feito com base na exclusão de outras causas de trombocitose crônica A1 – trombocitose persistente >450.000 A2 – presença de mutação (JAK2 ou CALR) A3 – ausência de outraneoplasia mieloide maligna (policitemia vera, mielofibrose primária ou LMC) A4 – ausência de causa de trombose reacional e reservas normais de ferro A5 – histologia da biopsia da medula óssea mostrando número aumentado de megacariócitos com proeminência de formas grandes e hiperlobuladas (reticulina não está aumentada geralmente) !! diferenciar de outras causas de trombocitose CLINCA * maioria é assintomático -> sendo diagnosticado em exames de rotina -> pode ocorrer trombose arterial ou venosa e sangramentos (devido a função plaquetária anormal) - 40% apresentam esplenomegalia palpável e outros podem apresentar atrofia esplênica (devido ao infarto esplênico) PROGNÓSTICO E TRATAMENTO -> objetivo do tratamento é reduzir o risco de trombose e hemorragia 75 mg de ASS diários para todos os pacientes Pacientes de alto risco: >60 anos, com trombose prévia ou plaquetas >1.500.000 -> devem ser tratados com hidroxicarbamina ou anegrelide Pacientes de baixo risco: <40 anos -> usar apenas AAS MIELOFIBROSE PRIMÁRIA * fibrose generalizada e progressiva da medula óssea - hematopoese no baço e fígado (locais fetais de hematopoese) *metaplasia mieloide pacientes apresentam anemia e considerável esplenomegalia
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