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Coqueira 58 - MDIP – Francine Criptosporídiase, amebíase e giardíase GIARDÍASE - O agente etiológico que causa giardíase é a Giardia lamblea, também chamada de intestinalis e duodenalis. - É um parasito de distribuição mundial, que tem uma intima relação com problemas de saneamento básico, mas isso não é fundamental, visto que a incidência de giárdia em países em desenvolvimento é prevalente. - A giardíase está entre os patógenos, que causam a diarreia do viajante, juntamente com vírus e bactérias, que tem como resposta causar essa diarreia. - A giárdia ela se caracteriza por ser um parasito de transmissão fecal oral que tem a agua como veículo de transporte, e uma vez o solo contaminado com o cisto desse parasito pode haver a sua ingestão e consequente instalação da doença. - A agua é considerado a principal via de transmissão, podendo ela ser agua de consumo próprio, de carreamento, de alimentos contaminados in natura, por vetores mecânicos (mosca, barata e formiga). Vale lembrar que a giárdia é uma zoonose também, e tem uma prevalência em acometer cães, sendo o cão uma fonte de transmissão para nós também, uma vez que a giárdia da zoonose é da mesma espécie que acomete nós humanos. - Segundo a OMS temos cerca de 500 mil novos casos por ano de giárdia, sendo criança de 8 meses a 1 ano de idade as mais acometidas, por conta principalmente de creche devido a alguns surtos de giardíase. Como já dito, o principal meio de veiculação dela é a veiculação hídrica, tendo uma prevalência nos países em desenvolvimento por conta das condições sanitárias, uma vez que esses países têm problema de sanitarísmo básico, e nos países desenvolvidos ela é bem mais baixa. Indivíduos turistas que vem para os países desenvolvidos adquirem diarreia do viajante. - Morfologia da giárdia durante o ciclo de desenvolvimento aparecem duas formas evolutivas da giárdia: uma forma de resistência (cisto) e uma forma reprodutiva (trofozoíto). Trofozoíto: O trofozoíto tem formato de pera (piriforme), com 12 a 15 micrometros de comprimento, e quando ele está corado, tem 2 núcleos aparentes e ativos. Contém um disco adesivo pelo qual se fixa na mucosa do intestino, sendo uma das formas onde é encontrado ou ele fica na luz intestinal se movimentando, uma vez que é flagelado com 4 pares de flagelos. Possui corpos medianos ou corpos parabasais, que tem relação com esses flagelos. O trofozoíto é a forma reprodutiva do parasita, e ele quem hospeda o intestino delgado que é o habitat natural da giárdia. No intestino delgado o trofozoíto se reproduz por divisão binaria simples, e essa forma evolutiva não resiste a condições ambientais, permanecendo em um período no máximo de 30 minutos. Os trofozoitos podem ser eliminados em fezes diarreicas, porém ele não é infectante, pela baixa viabilidade no ambiente, e ele não consegue terminar o ciclo. TAXONOMIA: - Pode ser chamada de Giardia Lamblea, Giardia duodenalis ou Giardia intestinalis. - REINO: Protista. - SUB-REINO: Protozoa. - FILO: Sarcomastigophora (organismos flagelados e que emitem pseudópodes). - SUB-FILO: Mastigophora (flagelado). - CLASSE: Zoomastigophorea. - FAMILIA: Hexamitidae. - GÊNERO: Giardia. Coqueira 58 - MDIP – Francine Cistos: os cistos são as formas infectantes da giárdia, adaptados para permanecer no ambiente em até dois meses na agua. É o cisto que faz a contaminação da agua sendo carreado por via hídrica, para assim então infectar os seus hospedeiros. O trofozoíto em determinado momento do seu ciclo reprodutivo, produz quitina e envolve todo o seu corpo, formando uma membrana de proteção que é a camada cística, e no interior dessa camada se encontra o núcleo (de 2 a 4) e o axonema. O cisto deixa o corpo do hospedeiro pois ele não tem flagelo e não tem disco adesivo para se fixar nas mucosas intestinais, e por isso ele segue o transito intestinal, se mistura nas fezes formadas, e é eliminado. O cisto é a forma de resistência infectante para os humanos e os cães, sendo eliminados em fezes formadas, uma vez que o paciente com a clínica de diarreia elimina na forma de trofozoíto. - OBS: Na figura temos: N (núcleo), A (Axonema), CM (corpos medianos) e PC (parede cística). - HABITAT e ciclo de vida O parasito habita o duodeno e é necessário uma quantidade mínima de 10 cistos que precisam ser ingeridos para que o parasita se desenvolva e instale a infecção no seu hospedeiro. O ciclo de vida se passa apenas em um hospedeiro, é um ciclo monóxeno, ou seja, ele se fecha no humano e se fecha no cão. O ciclo é monóxeno, o parasito obrigatório, do tipo estenoxeno (não admite variedade de hospedeiro), sendo o intestino delgado o habitat natural que vai ser colonizado por trofozoítos por conta de sucessivas fissões binarias, até que em um determinado momento o trofozoíto começa a secretar quitina, se transforma em cisto e é eliminado. Essa alteração de trofozoíto para cisto pode acontecer por conta de uma resposta imunológica do hospedeiro, ou para que o parasito evite uma superpopulação. Os cistos serão eliminados em fezes formadas, e uma vez eliminados, ele permanece em até 2 meses no ambiente, e ele pode infectar tanto frutas, agua, alimentos. O homem ao ingerir o cisto, esse cisto segue para o estomago, e o suco gástrico amolece a parede cística de quitina, e quando o cisto chega no duodeno e entra em contato com a bile, ele é estimulado e desencista na primeira região do duodeno, se transformando em trofozoíto, que se reproduz por divisão binaria simples, e dependendo da carga parasitaria que irá se instalar, o indivíduo desenvolve diarreia, eliminando trofozoitos e uma pequena quantidade de cisto mas não tão expressiva, e com as fezes firmes e já formadas há eliminação de cistos apenas. Não existe uma autocura com a giardíase, apenas com medicamentos. - Mecanismo de transmissão Uma vez o cisto fora do corpo do hospedeiro, existem inúmeras possibilidades de transmissão, sendo elas: Ingestão de agua e alimentos contaminados com cisto. Transmissão direta do cisto via oral fecal (contato dos cistos direto das fezes para boca, e isso pode acontecer por conta da má higiene, essa condição é muito mais frequente em creches. Transmissão indireta, quando o cisto entra em contato com algum outro meio. Transmissão por veiculação mecânica, por moscas, baratas e formigas Transmissão de pessoa a pessoa com relação oral anal. Por contato com animais, principalmente cães, uma vez que a giardíase é uma zoonose. O período de incubação da giárdia é de 7 a 10 dias, de 2 a 4 semanas, e a forma infectante sempre é o CISTO. - Manifestações clinicas na imagem dos slides são fezes de cão. As fezes humanas vão apresentar gordura, mas menos que nas dos cães, sendo chamadas de fezes esteatorreicas (fezes ricas em gordura), é uma diarreia do tipo Trofozoíto de giárdia: - Forma reprodutiva, se reproduz por fissão binária. - Possui 4 pares de flagelos. - Possui disco adesivo e corpos medianos. - De 2 núcleos ativos e de DNA. - Pouca viabilidade no ambiente (cerca de 30 min). - Encontrado preso as mucosas intestinais ou livres na luz intestinal. -Encontrado em fezes diarrecias. Cisto de giárdia. - Forma infectante para homens e cães. - Possui de 2 a 4 núcleos. - Possui uma camada cística de quitina e axonema. - É viável no ambiente (cerca de 2 meses ativo e infectante na agua). - Encontrado em fezes formadas. Coqueira 58 - MDIP – Francine aquosa, explosiva, de odor fétido, com gases, com distensão e dores abdominais. Quase 50% dos infectados podem desenvolver uma diarreia crônica, o que significa que estabeleceu um certo equilíbrio com o hospedeiro em relação a manifestações diarreicas, e as fezes deixam de estar aquosas e se tornam pastosas. Quando há o equilíbrio entre o parasitoe hospedeiro os sinais e sintomas não são tão aparentes. - Eu vou ter um grupo ASSINTOMÁTICO então que vão manifestar a diarreia explosiva, aquosa, esteatorreica, porém os sintomas não são muito aparentes, e a diarreia vai e vem, é uma vez ou outra na vida que ocorre a diarreia e os indivíduos assintomáticos continuam eliminado cistos por até 6 meses, podendo provocar outras infecções por giárdia em pessoas do próprio ambiente de convívio. Por esse motivo a realização do exame de fezes de rotina é importante. - Os indivíduos SINTOMATICOS AGUDOS, manifestam com as fezes esteatorreica, com muita dor abdominal, sendo que essa gordura nas fezes ela acontece por conta do mecanismo de patogenicidade do parasito, que está relacionado com o tipo de fixação que ele tem no intestino do hospedeiro. Os indivíduos que são SINTOMATICOS CRONICOS, eles vão desenvolver um quadro de anorexia, fadiga, fezes esteatorreicas amolecidas, má absorção de nutrientes e agua, flatulência, perda de peso e anemia – SINDROME DA MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL. - OBS: Em Cryptosporidium a doença tem autocura, mas em giardíase, o indivíduo não consegue se livrar sozinho do protozoário, é uma doença autolimitada, no sentido de reduzir o quadro aquoso da diarreia, e passar para o quadro pastoso, crônico. - Patogenicidade da giárdia A giárdia pode permanecer livre na luz intestinal por conta dos seus 4 pares de flagelos ou se fixar através do disco adesivo nas mucosas, e isso pode levar o ATAPETAMENTO do duodeno, que nada mais é do que, uma camada de trofozoítos na região da mucosa duodenal, esses parasitos estarão em grande quantidade, se aderindo e recobrindo a camada intestinal. Isso irá impedir a absorção intestinal por conta da obstrução de trofozoítos, e por isso que a diarreia se apresenta rica em gordura, por conta da má absorção de gordura e nutriente. Nas fezes diarreicas, portanto, há eliminação de trofozoítos. Esse atapetamento pode levar a uma SINDROME DA MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL (o Cryptosporidium causa também), que juntos fazem com que o hospedeiro venha a desenvolver problemas relacionados a anorexia, fadiga, perda de peso, anemia por conta da má absorção dos nutrientes. Além do atapetamento de trofozoitos, o trofozoíto em função da força do seu disco adesivo, pode causar deformação da mucosa, deixando marcas, chamadas de “Impression prints”, que modifica a anatomia da parede intestinal, perdendo também a função de absorção adequada. O disco adesivo também por conta da sua força, em um quadro diarreico pode vir a arrancar pedaços do tecido intestinal, perdendo também superfície de absorção. No atapetamento a perda de absorção é por ação mecânica por conta dos trofozoitos que criam a barreira, nas outras duas situações é por uma ação traumática (“Impression prints” e retirada do tecido intestinal, ambas por conta da força do disco adesivo). - Diagnóstico O parasito no intestino elimina tanto cisto quanto trofozoito nas fezes, e para o diagnostico o método mais utilizado, é o diagnostico coproparasitológico (analise das fezes). É importante ressaltar que no ciclo de desenvolvimento da giárdia existe um período negativo, onde não há eliminação nem formação de cisto, então é como se o parasita permanecesse em um período de latência. Nessa latência, o trofozoíto está no intestino, mas está se reproduzindo devagar, sem síntese de quitina e de cistos, o parasita não está fazendo o atapetamento, e nesse período ele fica mais na luz intestinal, sendo um período de estabilidade, não havendo eliminação de nenhuma forma evolutiva nas fezes. Por esse motivo, se o exame de fezes for realizado nesse período negativo de latência, o resultado não será efetivo, e o paciente tem um resultado falso negativo. Acredita-se que esse período negativo dure cerce de 10 dias. - E com isso para evitar, esses falsos negativos, foi criado a coleta das 3 amostras (não é exame de rotina). A coleta de 3 amostras é necessária quando existe suspeita de giárdia, sendo as fezes coletadas em dias alternados e com isso existe a possibilidade de reduzir o período de falsos negativos e você ter um teste parasitológico com sucesso. São 3 princípios, sendo 1 por ação mecânica e 2 por ação traumática: - Ação mecânica: ATAPETAMENTO de trofozoítos sobre a parede intestinal, que impede a absorção adequada. - Ação traumática: ambas envolvem os discos adesivos e sua força de adesão. Essa força pode causar deformações na parede intestinal, “impression prints”. E a outra situação é que, em quadros de diarreia, o trofozoíto com o disco adesivo, pode retirar um pedaço tecidual do intestino, reduzindo assim superfície de Coqueira 58 - MDIP – Francine - Quando se tem fezes diarreicas, há a possibilidade de eliminação de trofozoitos e cistos, porém na pesquisa, o material deve ser coletado com conservantes, pois o trofozoito não é resistente ao ambiente e ele se desintegra em torno de 30 min, então, imediatamente após a coleta colocar as fezes em soluções conservantes (MERCURIO, IODO E FORMOL OU FORMALINA TAMPONADA, QUE É FORMOL A 10% DILUIDO EM SOLUÇÃO TAMPÃO). - Quando consideramos os exames de fezes, existem técnicas que são de rotinas. Se meu paciente não tem sintomas, e não há suspeitas de giárdia, mas eu quero pedir o exame parasitológico, eu peço uma técnica qualitativa (Técnica de HIT), sendo que nessa técnica a preocupação é com a variedade de parasitos que podem ser diagnosticados, ou, caso o meu paciente esteja com suspeita de giardíase, uma tem técnica especifica (Técnica de FAUST), que aborda alguma característica biológica do parasito. No caso da giardíase pode ser realizado uma técnica qualitativa com a técnica de HIT, e uma técnica especifica se já há suspeita de giárdia, pela técnica de FAUST pois essa técnica foi toda delineada a texturas leves, e o cisto das giárdias nas fezes formadas, ele tem a facilidade de flutuar, e com isso usa-se solução de sulfato de zinco, aumentando a chance de encontrar cistos de giárdia. A TECNICA DE ESCOLHA PARA O DIAGNOSTICO DA GIARDIASE É A TECNICA DE FAUST. SEM SUSPEITA, PEDE-SE HIT, COM SUSPEITA DE GIARDIA PEDE-SE FAUST. - Alguns indivíduos com giardíase crônica, o período negativo de latência se estende um pouco mais, então nesses pacientes, eles apresentam a sintomatologia, porem ao realizar o teste específico de FAUST não aparece nada, não é encontrado cistos e nem trofozoitos, e para esses indivíduos crônicos é aplicado um outro método possível para detecção da giardíase, que é fazendo a biopsia do jejuno ou um teste que apanha o fluido dudondenal, chamado de ENTERO TESTE, onde o paciente engole uma capsula com uma gelatina atrativa para o trofozoito, e um fio fica preso no seu rosto por um período de 1 hora, sendo que ao puxar esse fio observa-se a cápsula para busca de trofozoito, não é rotina, mas existe. - Profilaxia A giardíase se ocorrer em creche eu vou ter um número expressivo de crianças com diarreia, porém a giardíase não é uma doença de notificação compulsória, então se tem o surto em uma creche, é importante que a medida preventiva adotada, evolva campanhas educativas de higiene e exames parasitológicos. OS SURTOS DEVEM SER INVESTIGADOS. O isolamento dos infectados, significa ter um cuidado maior, em relação ao contato das crianças parasitadas com crianças sadias para evitar os surtos em creches. Dar atenção aos animais domésticos, realizando com uma frequência maior os exames parasitológicos, pois eles são mais expostos. Medidas de saneamento básico, de filtração da agua, higienizar bem as mãos e os alimentos. - Tratamento Secnidasol é o mais utilizado, porém todos eles apresentam efeitos colaterais, principalmente em crianças que ficam com o intestino mais solto e podem apresentar queimação, vômitos, além do gosto metálico que o medicamento deixa na boca por alguns dias. É importante durante o tratamentonão usar bebidas alcoólicas, durante até 4 dias após o tratamento, não sendo indicado para gravidez. Na gravidez a gestante tem que levar a giardíase por toda a gestação, mas existem pro bióticos, que podem minimizar o quadro diarreico. As crianças têm maiores manifestações da síndrome de má absorção. AMEBÍASE - Diversas amebas já foram relatadas no homem, sendo que a única patogênica é Entamoeba histolytica, e as outras são comensais. Então se durante um exame de fezes for detectado qualquer uma dessas comensais não precisa de medicamento o próprio corpo se cura. Quando detectado a E. histolytica precisa de intervenção medicamentosa. TAXONOMIA - Reino: Protista. - Sub-reino: Protozoa. - Filo: Sarcomastigophora. - Classe: Lobosea. - Ordem: Amoebida. - Família: Entamoebidae. - Gênero: Entamoeba. Coqueira 58 - MDIP – Francine - Porém a Entamoeba díspar e a Entamoeba histolytica, elas são idênticas tanto em relação ao trofozoíto quanto ao cisto e por microscopia ótica não é possível ter certeza se a forma observada de disto ou trofozoito é de E. histolytica ou E. díspar, e só é possível identificar então, por técnicas moleculares. - Dentre as Entamoebas, eu tenho o cisto e trofozoito, seguindo um padrão morfológico de cada espécie para diagnostico nos exames de fezes: o pretinho em forma de bastão são corpos medianos, contendo de 2 a 4 núcleos, tanto a E. histolyica quanto a E. díspar. A E. coli tem de 4 a 8 núcleos, a E. nana tem vários núcleos, na última da imagem eu tenho um núcleo e um vacúolo de glicogênio. Os trofozoitos também são diferentes com o cariossoma central ou periférico, que é usando para diferenciação entre E. histolytica e E. coli, e quando vem trofozoito geralmente vem de Entamoeba coli. - Quando se considera Entamoeba hystolistica x díspar, é importante ressaltar que a histolytica é patogênica com grande potencial invasivo, que vai depender da cepa se é mais agressiva ou não e da resposta imunológica do hospedeiro. A díspar é comensal, sendo 10x mais frequente do que a histolytica, e raramente causa erosão na mucosa intestinal, mas em função da gravidade por infecções por ameba, se faz necessária o tratamento medicamentoso mesmo se achando que é díspar (ambas são iguais em morfologia). - A amebíase é a terceira maior causa de morte entre os parasitos, perdendo apenas para malária e esquistossomose. Isso ocorre, pois, a amebíase pode levar a uma colite severa com abcessos intestinais. Está relacionada com a contaminação da agua, e os cistos são veiculados de forma hídrica, com certa resistência ao ambiente, cerca de 30 dias sendo viáveis, ele chega no ambiente pelas fezes de pessoas infectadas, e são patógenos que causam também a diarreia do viajante (como a giárdia). - Morfologia da Entamoeba. Também se encontra na forma de trofozoíto e cisto, sendo a forma reprodutiva e a forma infectante, respectivamente: Cisto: tem um vacúolo de glicogênio, com os corpos cromátoides, apresenta de 2 a 4 núcleos na E. histolytica e na díspar, e na coli esse núcleo é de 4 a 8. Possui uma camada cística de quitina, é a forma infectante, viável no ambiente por um período de 30 dias, e é eliminado em fezes formadas. Trofozoíto: tem o movimento ameboide com emissão de pseudópodes, e a E. histolytica possui um citoplasma dividido em dois, sendo uma parte que adquire coloração, que é o endoplasma, e a parte que não cora e permanece transparente é o ectoplasma. Isso vai ser uma característica importante para a diferenciação com a E. coli, que possui apenas o endoplasma. Possui vacúolo digestivo importante para a captação de hemácias para o seu metabolismo, quando a amebíase evolui para a forma extraintestinal. O trofozoíto possui 1 núcleo apenas. É eliminado em fezes diarreicas, se divide por divisão binaria simples, e é a forma reprodutiva, não tendo caráter infectante. - Mecanismo de transmissão Os mecanismos de transmissão são os mesmos para giárdia, eu tenho ingestão direta com o ciclo oral- fecal, ou seja, a infecção ocorre do anus para a boca, pelos cistos. A amebíase não é Coqueira 58 - MDIP – Francine zoonose e tem menor resistência que a giárdia (enquanto na giárdia são 2 meses, aqui são 30 dias). A ingestão do cisto por agua e alimento contaminados, a transmissão ocorre por veiculação mecânica por insetos (moscas, baratas e formigas), e por manipulação de alimentos. - HABITAT e ciclo de vida O ciclo é monóxeno, o parasito obrigatório e estenoxeno (não admite muita variedade de espécies). O ciclo intestinal, acontece com os indivíduos que não tem problemas no sistema imunológico, e com isso o ciclo se restringe ao intestino grosso que é o habitat natural da ameba. Ao ingerir o cisto o suco gástrico amolece a camada de quitina que o envolve, e ao chegar no duodeno, o contato com a bile, estimula o desencistamento, e o trofozoíto acaba sendo liberado no intestino delgado, segue para o intestino grosso e ali o trofozoíto vai se multiplicar por divisão binaria simples, colonizando essa região. Em um determinado momento o torofozoíto secreta quitina e vira um cisto novamente, seguindo o transito intestinal, se mistura com o bolo fecal e é eliminada nas fezes formadas no ambiente. - Indivíduos que tem problemas no sistema imunológico desencadeiam a forma mais agressiva, que é amebíase com o ciclo extraintestinal e nessa condição o parasito não entende que deve parar de se multiplicar, e a reprodução por divisão binária acaba ocorrendo de forma acelerada. Com isso os trofozoitos começam a migrar para a parede do intestino, se aderindo a mucosa intestinal, e após essa adesão começam a sintetizar a proteína amebapore, que tem a ação de produzir poros na mucosa intestinal, e isso cria uma passagem para a luz intestinal por onde esses trofozoítos vão passar. Ao cair na circulação, esses trofozoítos se espalham para todo o corpo, cérebro, fígado, rim pulmão, baço, tecido, no períneo, e onde ele parar ele continua dividindo- se. Nesse ciclo extraintestinal, também chamado de CICLO PATOGÊNICO, não há mais formação de cistos, apenas de trofozoitos uma vez que não tem defesa do organismo, e ele se divide em suas áreas fora do seu habitat, podendo levar o hospedeiro a óbito. - Patogenicidade A patogenicidade por sua vez, é dada pelo mecanismo de adesão dos trofozoitos na mucosa intestinal, que uma vez aderidos, passam a sintetizar a proteína amebapore, que tem a função de abrir poros nessa mucosa, criando caminhos entre a luz intestinal até a circulação, com a seguinte dispersão para outros órgãos. A ulceração inicial ocorre no intestino grosso que é o local inicial onde vai haver a adesão dos trofozoitos, e a produção da amebapore, que ao abrir os poros, há o desenvolvimento da lesão em forma de botão de camisa que nada mais é do que a ulceração. A partir da dispersão ameboide, eu tenho as localizações secundarias das ulcerações, com trofozoitos se alimentando de hemácias por exemplo, ulcerações nos rins, cérebro, fígado. - Manifestações clínicas As formas clinicas eu encontro indivíduos ASSINTOMÁTICOS, relacionados as manifestações restritas a área intestinal (trofozoíto apenas no intestino grosso), com diarreias. Quando tem comprometimento imunológico, eu tenho indivíduos com a manifestação de: FORMA INTESTINAL NÃO INVASIVA, com dores abdominais e diarreias que podem ficar crônica. Na FORMA INTESTINAL INVASIVA tem colite amebiana aguda, disenteria grave com fezes liquidas com sangue e ulceras intestinais com abcessos. E a FORMA EXTRAINTESTINAL que se manifesta nos outros órgãos. - Diagnóstico O diagnóstico das formas extraintestinais pode ser realizado por sorologia e dependendo da região acometida você tem uma manifestação diferente, por exemplo, no cérebro o indivíduo pode ter ataque epiléptico, Coqueira 58 - MDIP – Francine dores de cabeça, ea partir do diagnóstico de imagem tem como saber os locais dessas lesões, e para confirmar você faz sorologia realizado com testes com kits comerciais. - O diagnóstico das formas intestinais, restritas ao intestino grosso, realiza-se o exame coproparasitológico como na giardíase. Usa-se a mesma técnica específica, o método de FAUST, que está relacionado as estruturas leves do cisto, apenas para se houver suspeita de amebíase. Se não houver suspeita e for uma técnica de rotina, são os métodos de sedimentação, com a técnica de HIT (qualitativa) e de Hoffiman. Tanto o FAUST quanto os métodos de sedimentação, são para fezes formadas, e você deseja então encontrar cistos. Para fezes diarreicas, na busca de trofozoítos, você realiza um esfregaço corado ou um exame direto. - Diagnóstico diferencial Com relação ao diagnostico diferencial, deve-se ficar atento as amebas comensais, principalmente entre a díspar e a coli. Ao considerar a histolytica com a díspar tem que realizar o tratamento medicamentoso, pois independente de qual for, elas são iguais em morfologia de cistos e trofozoítos então é para prevenção também. Ao considerar histolytica com a coli, se o técnico do laboratório não for bem treinado pode confundir as duas. Porém elas apresentam diferenças entre si que são importantes: em relação ao cisto da coli, a quantidade de núcleos é maior, sendo de 4- 8 núcleos, enquanto cistos e histolytica tem de 2-4 núcleos, e os trofozoítos de coli não possuem ectoplasma e endoplasma como a histolytica, apenas endoplasma. Em Entamoeba histolytica, o cariossoma do núcleo é central enquanto o cariossoma do núcleo da coli é periférico, e os grânulos de cromatina na histolytica eles são delicados e na coli são grosseiros. - Profilaxia A prevenção é feita com o tratamento dos parasitários, saneamento básico, medidas de higiene, usa- se HIPOCLROITO solução a 2,5% para fazer higienização de folhas, e tabletes de dióxido de cloro, porém as gotas colocadas em agua não eliminam os cistos, e a limpeza tem que ser eficiente com agua de qualidade e manual. O tratamento é feito com os mesmos medicamentos da giárdia também. ANNITA é o vermífugo bastante indicado e consumido, e serve para helminto e protozoário, metronidazol é liberado para venda. CRIPTOSPORIDÍASE - Pertence ao filo apicomplexa (igual na malária), e significa que ele te estruturas do complexo apical especializadas na localização, adesão e penetração na célula do hospedeiro. Essas estruturas são: conóide, micronema e roptrías. - Existem várias espécies com capacidade de causar patologias. Existe uma espécie exclusiva para humanos, e as espécies de camundongos já foram observadas em humanos também. Foi observado pela primeira vez em 1907 nas glândulas gástricas de camundongos, e as mesmas estruturas arredondadas foi observado nas paredes intestinais, e descobriu que era a mesma espécie capaz de hospedar diversas áreas do corpo. No humano foi relatado pela primeira vez em 1976. - A importância desse protozoário é que ele foi observado com ao advento da AIDS, e que indivíduos portadores de HIV, manifestavam de forma bastante agressiva episódios de diarreia. O Cryptosporidium, é um agente oportunista que pode levar a óbito indivíduos com HIV. Em indivíduos imunocompetentes, a infecção por cryptosporidium é autolimitada, permanecendo de 10 a 15 dias, com perda líquido, sendo uma diarreia intermitente, e o corpo com problema no sistema imune essa doença pode se tronar fatal. No caso do Crypstoporidium, o corpo tem autocura e até desenvolve resposta imunológica. TAXONOMIA - Filo: Apicomplexa. -Classe: Sporozoea. -Ordem: Eucoccidiia. - Família: Crypstoporidae. - Gênero: Cryptosporidium. Coqueira 58 - MDIP – Francine - Aspectos gerais e morfologia A agua tratada por métodos convencionais se for contaminada não se isenta das formas infectantes, pois os métodos convencionais de tratamento não consegue eliminar o OOCISTO, que é a forma infectante do parasito. Os oocistos, além de resistir aos tratamentos de agua convencionais, ele consegue permanecer viável na agua do mar por 36 dias e em agua doce por até 176 dias. A partir da contaminação da agua do mar, por conta do descarrego de esgoto, o Cryptosporidium pode contaminar alimentos que são consumidos crus, como por exemplo ostras e mexilhões, uma vez que são filtradores e acabam adquirindo o parasito (não tem relação com carne de peixe). A resistência aos processos convencionais de tratamento de agua, se dá por conta do oocisto, ter um tamanho reduzido, que entre 5 a 4,5 micras. O oocisto se difere do cisto em relação ao núcleo, que é livre e envolto na camada cística no cisto, e no oocisto os núcleos não são livres. No interior da camada cística dos OOCISTOS, é encontrado 4 esporozoítos (formato de banana), sendo que cada esporozoíto possui as estruturas do complexo apical, que vão localizar, aderir e penetrar na célula. Com a penetração, ocorre a formação de um vacúolo dentro da célula, chamado de vacúolo parasitofaro (intracelular e extracitoplasmatico), sendo uma condição especial desse parasito. O oocisto é formado a partir de um processo sexuado de reprodução, se a reprodução fosse assexuada, eu teria a formação de cistos. O oocisto desenvolve-se nas microvilosidades do trato gastrointestinal. - HABITAT e ciclo de vida O ciclo é monóxeno, e é muito rápido, e quanto maior a incapacidade do sistema imunológico, mais rápido o parasito consegue fechar o ciclo, levando cerda de 2 a 7 dias para se completar. Eu tenho duas fases durante o ciclo: uma fase sexuada, com a formação de oocisto e uma assexuada. Oque garante a infecção eterna de indivíduos de HIV, é a formação de oocistos de parede delgada, que acabam por estabelecer a autoinfecção. - O início do ciclo evolutivo, envolve a ingestão do oocisto, que vai eclodir, e liberar os 4 esporozoitos no seu interior ao chegar no intestino. Quando os esporozoítos são liberados, cada esporozoíto, contém o complexo apical (com os conóides, micronemas e roptrias), e isso vai localizar, aderir e penetrar nas células. Ao entrar na célula, o esporozoito vai formar o vacúolo parasitoforo, e quando ele é produzido tem o início de uma reprodução assexuada por MEROGONIA (divisão dos núcleos em várias partes), e o esporozoito evolui para a forma de trofozoito, que realiza inumeras merogonias dentro do vacúolo parasitóforo. O MERONTE (é o vacúolo parasitóforo com os trofozoitos se reproduzindo por merogonia dentro?), se arrebenta e com isso a célula arrebenta junto, e com isso, esse processo é necessário para a liberação de novas formas evolutivas. O meronte tipo 1 ao arrebentar, libera os merozoitos, que penetram dentro da célula, forma o meronte novamente, libera o merozoito, e o ciclo completo pode levar a cada 2 dias para se completar, e a célula é rompida sempre, havendo um dano intestinal que diminui a superfície de absorção. Depois de diversos ciclos assexuados, forma um meronte diferenciado tipo 2, que irá realizar o ciclo sexuado e ele tem uma quantidade menor no ciclo do meronte do tipo 1. O meronte do tipo 2 ao arrebentar e liberar merozoítos, ele formará gametas, sendo o gameta masculino (micorgameta), e o gameta feminimo (macrogameta) e há fecundação com formação do zigoto, que ao amadurecer arrebenta a célula e libera o OOCISTO, o oocisto pode ter a parede grossa (de parede espessa e se isso acontecer ele se mistura nas fezes e vai para o ambiente, ou ele produz o oocisto de parede delgada responsável pela autoinfecção, ele não sai do corpo do hospedeiro, ele vai rompendo as células, libera esporozoítos, dando início a ciclos de novo, frequente em indivíduos imunocompetentes). - Pelo próprio ciclo do parasito, existe um rompimento da célula intestinal, com a diminuição de superfície de absorção e aqui pode causar SINDROME DA MA ABSROÇAO POR AÇAO TRAUMATICA. - Transmissão A transmissão ocorre pela ingestão de OOCISTO. Agua de piscina sem tratamento adequado pode estar contaminada com oocistos, agua do mar, ostras e mexilhão contaminados. A transmissão pode ocorrer também de pessoa a pessoa, em creches e hospitais, por contato sexual. - Manifestação clínica A diarreia liquida é o sintoma mais comum tanto nos sintomático quanto nos assintomáticos. Nos imunocompetentes a infecção é auolimitada, durando cerca de 10 dias, e nos imunodeprimidos, eles Coqueira 58 - MDIP – Francine adquirem a forma mais grave da doença que além da diarreia liquida, há perda de peso, e a desidratação tem que ser observada pois o que você trata são os sinais decorrentes da presença do parasito, pois nesses hospedeiros ainda não existe medicamento com capacidade de eliminar o parasito. - Profilaxia A profilaxia é muito difícil, por conta da quantidade da variedade de espécies. Tratamento de agua convencional não funciona, sendo que o adequado é o saneamento básico, e a higiene é importante pois os oocisto são infectantes no momento em que saem das fezes. Alimentos devem ser bem lavados e cozidos. - Diagnóstico é feito exame coproparasitológico, mas não é simples, tem algumas técnicas de flutuação que são utilizadas, como XITER?, que é uma flutuação em açúcar. Na coloração de Neelsen, um monte de leveduras cora também e com isso fica muito parecido com o cryptosporiidum. Ao usar o kit de imunflorescencia com microscópio você consegue ver o criptosporidum piscando, e ele é muito bom pois você pode localiza-lo em agua, em alimentos. - Tratamento O tratamento em imunodeficientes não tem tratamento eficaz, o que tem sido feito é a correção para evitar a desidratação e alguns protocolos indicam o uso da ANITTA, que diminuem a carga parasitária mas não curam. Os imunocompetentes tem cura espontânea, e é indicado a observação da diarreia apenas.
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