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Ciclo laboratorial

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Ciclo laboratorial
O laboratório
O laboratório exerce papel fundamental no serviço
de saúde. Segundo estimativas, 70% de todas as
decisões médicas baseiam-se em resultados
laboratoriais, embora os gastos com testes
laboratoriais respondam apenas por 3,5% do total
de dólares direcionados ao serviço de saúde. O
laboratório é uma indústria que movimenta 30 a 35
bilhões de dólares e oferece bens clínicos de alto
valor a custos relativamente baixos.
O objetivo do laboratório é fornecer a médicos e
demais profissionais da saúde informações para:
- Detectar doenças ou predisposição a
doenças;
- Confirmar ou rejeitar diagnósticos;
- Estabelecer prognósticos;
- Orientar a supervisão do paciente;
- Monitorar a eficácia da terapia.
O laboratório também exerce papel de liderança
na educação e na pesquisa, no planejamento e na
implementação de tecnologia da informação e
no aprimoramento da qualidade.
O papel do médico
Um estudo realizado em 1999 pelo Institute of
Medicine (IM), constatou que dentre 98 mil
americanos, 44 mil indivíduos morrem todo ano
vitimados por erros médicos (Silverstein, 2003;
Kohn, 1999). Entre esses erros, 50% consistem em
falha na utilização de testes laboratoriais
apropriados, e destes, 32% foram devidos à
incapacidade de agir em resposta aos achados dos
testes, e 55% decorreram da demora (evitável) em
estabelecer um diagnóstico.
A solicitação de exame laboratorial deve ser
pautada na hipótese diagnóstica retirada da história
clínica do paciente, pois devemos direcionar nossa
pesquisa laboratorial evitando a realização de
exames desnecessários, os quais custam caros para
o sistema de saúde e/ou paciente e aumentam o
risco de iatrogenia.
O termo iatrogenia significa qualquer alteração
patológica provocada no paciente pela má
prática médica.
O ciclo do exame laboratorial
O laboratório clínico é uma operação complexa que
deve integrar facilmente as três fases do processo
de realização de testes: pré-analítica, analítica e
pós-analítica.
- A fase pré-analítica refere-se a todas as
atividades que são realizadas antes do
exame (exemplo: solicitação do exame e
coleta de amostra).
- A fase analítica inclui as atividades
laboratoriais que de fato produzem um
resultado (exemplo: processar uma
amostra em um analisador automatizado).
- A fase pós-analítica inclui a liberação do
laudo ao paciente e a interpretação do
resultado.
Os erros pré-analíticos incluem amostras
hemolisadas, insuficientes ou coaguladas, amostras
com identificação errada ou sem identificação,
coleta realizada com tubo coletor errado e
armazenamento inadequado da amostra; os erros
analíticos incluem erros de calibração e mal
funcionamento de equipamentos; os erros
pós-analíticos consistem em relatórios enviados ao
médico errado, tempo de ida e volta longo e
extravio de relatórios. Assim, fica claro que há
oportunidades para aprimorar a qualidade dos
serviços laboratoriais.
Fase pré-analítica
A fase pré-analítica refere-se a todas as etapas que
devem ser realizadas antes que uma amostra possa
ser analisada, ou seja, essa fase engloba os
processos da solicitação médica até todos os
procedimentos realizados com a amostra antes que
ela seja submetida ao procedimento da fase
analítica.
- Indicação/solicitação dos exames;
- Orientações ao paciente;
- Coleta de amostras;
- Transporte/armazenamento.
A fase pré-analítica consiste na preparação do
paciente, coleta, manipulação e armazenamento
do espécime diagnóstico, antes da determinação
analítica. Ou seja, engloba todas as atividades
que precedem o ensaio laboratorial, dentro ou
fora do laboratório de análises clínicas
Os fatores pré-analíticos incluem variáveis
relacionadas ao paciente (dieta, idade, sexo etc.),
técnicas de coleta de amostra, preservativos de
amostra e anticoagulantes, transporte,
processamento e armazenamento de amostra. As
fontes potenciais de erro, ou falhas nesse processo,
incluem identificação errônea da amostra, momento
inadequado de coleta, jejum inadequado, relação
anticoagulante/sangue inadequada, mistura
inadequada, solicitação ou coleta incorreta e
amostras hemolisadas ou lipêmicas.
As questões pré-analíticas causam um impacto
sobre os recursos laboratoriais, os custos
hospitalares e a qualidade global. Segundo
algumas estimativas, erros de coleta de amostras
custam aproximadamente US$ 200.000 por ano
em custos de nova coleta para um hospital com
cerca de 400 leitos.
Indicação/solicitação dos exames
- Os dados demográficos do paciente
incluem nome, sexo, idade, data de
nascimento, data de admissão, data de
solicitação de exames, número de registro
hospitalar, número do quarto, médico e
número de código de farmácia do médico.
- Questões médico-legais incluem
identificação adequada do paciente (nome
do paciente, idade e sexo), descrição dos
exames (tipo do exame e horário
específico de coleta), detalhes do que se
investiga (especificar o tipo de analítico a
ser determinado), identificação adequada
da amostra e hipótese diagnóstica.
Preparo do paciente
- No período que antecede a coleta, o
médico e/ou laboratório deve orientar o
paciente dando todas as informações
necessárias para a efetuação do exame.
Assim, essas orientações, em linguagem
acessível, devem ser referentes ao tempo
de jejum, à prática de exercícios físicos,
ao consumo de bebidas alcoólicas etc.
- Os laboratórios clínicos devem cadastrar
os clientes, cujos dados pessoais devem
estar corretos para reduzir qualquer
eventual erro.
Coleta
- Nessa etapa da obtenção da amostra, os
profissionais devem agir com cuidado e
atenção seguindo o regulamento
específico de coleta (diminuindo os erros)
- Outros fatores que merecem atenção são o
preparo e a organização dos equipamentos
a serem utilizados, sendo necessário
cuidar do envio das amostras nos prazos
adequados, assegurando a qualidade do
material.
- As amostras devem ser coletadas em tubos
adequados para cada tipo de análise. A
escolha errada do tubo ou do
anticoagulante pode acarretar muitas
alterações e interferências nos resultados
dos exames. A separação das células
sanguíneas do soro deve ser feita o mais
rápido possível, pois o contato prolongado
entre as duas partes pode modificar a
concentração de vários analitos. O gel
separador minimiza estes efeitos, pois cria
uma barreira entre estes componentes. O
material empregado na fabricação dos
tubos também pode provocar interferência
em alguns analitos. O anticoagulante deve
ser escolhido adequadamente para cada
tipo de exame e a relação entre volume de
amostra colhido e quantidade de
anticoagulante deve ser respeitada.
Transporte
- É de suma importância o bom
armazenamento da amostra coletada,
identificando-a corretamente, além da
utilização de maletas adequadas (tudo para
que o material tenha segurança e seja
preservado em boas condições para
análise.
As consequências de um preparo mal feito e um
transporte inadequado variam desde a perda da
amostra por vazamento até alterações na
concentração dos seus constituintes. Portanto, os
cuidados com o preparo, o acondicionamento da
amostra e o controle da temperatura durante o
transporte são importantíssimos para a
preservação dos componentes da amostra.
Conclui-se que todas as fases devem ser
realizadas com rigorosa atenção e cuidados
técnicos, porém, na fase pré-analítica, esse rigor
e o cuidado devem ser maiores.
Variáveis biológicas
Na fase pré-analítica, ocorre um grande número de
variáveis que devem ser evitadas para não
comprometerem o resultado final destas análises.
Devido a estas ocorrências, muitas vezes, pode ser
necessário uma nova coleta de amostra para fazer
uma avaliação correta dos resultados.
Idade
- A idade dos pacientes tem um efeito sobre
os constituintes do soro.
- No recém-nascido, grande parte da
hemoglobina é tipo F, e não A, como é
observado no adulto.
- Lactentes apresentam uma glicemia mais
baixa que os adultos por causa de sua
baixa reserva de glicogênio.
- Com o crescimento esquelético e o
desenvolvimento muscular, os níveis de
fosfatase alcalina sérica e creatinina
tambémaumentam respectivamente.
- A maioria dos constituintes séricos
permanece constante durante a vida adulta
até o início da menopausa nas mulheres e
a idade média nos homens.
- O idoso secreta menos tri-iodotironina,
paratormônio, aldosterona e cortisol.
Sexo
- Após a puberdade, em geral os homens
apresentam níveis mais elevados de
fosfatase alcalina, aminotransferase,
creatina quinase e aldolase que as
mulheres. Isso se deve à maior massa
muscular dos homens.
- As mulheres apresentam níveis séricos
mais baixos de magnésio, cálcio,
albumina, hemoglobina, ferro e ferritina.
A perda sanguínea menstrual contribui
para o valor mais baixo de ferro.
Ritmo circadiano
- O efeito do ritmo circadiano na
interpretação dos exames é de grande
importância. Além das variações
individuais, muitos hormônios sofrem
variações ao longo das 24 horas.
- O cortisol apresenta valores mais elevados
pela manhã, sendo que à tarde e à noite
seus valores são mais baixos.
- O TSH apresenta níveis mais elevados no
meio da noite e níveis mais baixos no
meio do dia.
- O potássio, a fosfatase ácida e a
transferrina estão mais elevados pela
manhã. Além da variação individual, o
ferro sérico pode sofrer variações de 30 a
50% em seus valores.
- À tarde, os triglicerídeos e a uréia estão
mais altos.
- Leucócito e linfócitos apresentam valores
máximos pela manhã, já os eosinófilos
apresentam-se mais baixos à tarde.
- A vitamina D, que sofre interferência da
luz solar, no inverno sofre redução dos
seus níveis.
- Devido a estes fatos, os valores para as
provas funcionais foram padronizados
pela manhã, por isto os exames devem ser
realizados neste período.
Drogas terapêuticas e recreativas
- Vários medicamentos podem interferir, “in
vivo” ou “in vitro”, nas dosagens
laboratoriais.
- O paciente deve informar ao laboratório se
está usando algum tipo de medicamento
ou suplementos vitamínicos e o médico
deve ficar atento se ele está usando, sem
receita, alguma substância que possa
causar interferências nos exames
- A vitamina C pode elevar resultados do
ácido úrico, provocar possíveis alterações
na creatinina e produzir resultados
“falso-negativos”, na pesquisa de sangue
oculto nas fezes.
- Contraceptivos orais podem elevar os
níveis de T3 e T4, ferro sérico,
triglicérides e diminuir os níveis de
albumina.
- O monitoramento das drogas terapêuticas
deve ser feito no intervalo entre as doses,
mas em alguns casos, a coleta deve ser
feita no pico de concentração da droga.
Jejum
- O jejum é obrigatório para uma grande
parte dos exames laboratoriais. No
entanto, alguns exames não necessitam de
jejum obrigatório. Mesmo assim, é
recomendado um intervalo de mínimo de
4 horas após a refeição, para evitar
interferências. Jejuns prolongados,
superiores a 14 horas, também não são
recomendados, pois podem interferir em
alguns exames.
- A dieta de um indivíduo pode afetar muito
os resultados de exames laboratoriais. O
efeito é transitório e facilmente
controlado.
- A glicose e os triglicerídeos, absorvidos
do alimento, aumentam após a refeição.
- Após 48 horas de jejum, a concentração
sérica de bilirrubinas pode aumentar. O
jejum de 72 horas diminui a concentração
plasmática de glicose em mulheres
saudáveis para 45 mg/dL (2,5 mmol/L),
enquanto os homens apresentam um
aumento da concentração plasmática de
triglicerídeos, glicerol e ácidos graxos
livres,sem alteração significativa na
concentração plasmática de colesterol.
- Ao determinarem-se constituintes
sanguíneos (p. ex., glicose, triglicerídeos,
colesterol e eletrólitos), a coleta deve ser
realizada no estado basal (Garza, 1989). A
ingestão de um alimento, dependendo de
seu conteúdo de gordura, pode elevar a
concentração plasmática de potássio,
triglicerídeos, fosfatase alcalina e ácido
indolacético (5-HIAA).
- A pesquisa de sangue oculto nas fezes,
que detecta o heme, é afetada pela
ingestão de carne vermelha, peixe, ferro e
raiz-forte, uma fonte de peroxidase que
causa um resultado falso-positivo na
reação de sangue oculto. Alterações
fisiológicas podem incluir a
hiperquilomicronemia, aumentando a
opacidade do soro ou do plasma e
podendo interferir na leitura do
equipamento.
- Certos alimentos ou regimes dietéticos
podem afetar os constituintes do soro ou
da urina. Foi relatado que dietas
vegetarianas prolongadas provocam
diminuição de lipoproteínas de baixa
densidade (LDL), lipoproteínas de
densidade muito baixa (VLDL), lipídeos
totais, fosfolipídeos, colesterol e
triglicerídeos; a deficiência de vitamina
B12 também pode ocorrer, exceto se
forem utilizados suplementos. Uma dieta
rica em carne vermelha ou rica em outras
fontes proteicas pode aumentar a
concentração sérica de ureia, amônia e
urato. Dietas ricas em proteínas e pobres
em carboidratos aumentam a concentração
de cetonas na urina e a concentração
sérica de nitrogênio ureico sanguíneo.
Alimentos com uma alta relação ácidos
graxos insaturados/ácidos graxos
saturados podem causar diminuição do
colesterol sérico, enquanto uma dieta rica
em purinas causará aumento da
concentração de urato. Alimentos como
banana, abacaxi, tomate e abacate são
ricos em serotonina, quando ingeridos,
pode ser observado um aumento da
excreção urinária de ácido
hidróxi-indolacético. Bebidas ricas em
cafeína causam o aumento da
concentração plasmática de ácidos graxos
livres e a liberação de catecolaminas da
medula suprarrenal e do tecido encefálico.
- Aumentos da concentração sérica de
colesterol, triglicerídeos e
apolipoproteínas B estão correlacionados
com a obesidade. A atividade da lactato
desidrogenase sérica, a produção de
colesterol e a glicose aumentam na
obesidade. A concentração plasmática de
insulina também aumenta, mas a
tolerância à glicose diminui. Em homens
obesos, a concentração de testosterona
diminui.
Atividade física
- A atividade física tem efeitos transitórios e
de longa duração sobre determinações
laboratoriais. As alterações transitórias
podem incluir uma diminuição inicial
seguida por um aumento de ácidos graxos
livres. A alanina pode aumentar até 180%
e o lactato, até 300%.
- O exercício pode elevar a creatina
fosfoquinase (CPK), a transaminase
glutâmico oxalacética (TGO) e a lactato
desidrogenase (LDH) e pode ativar a
coagulação, a fibrinólise e as plaquetas,
essas alterações estão relacionadas ao
aumento das atividades metabólicas com
objetivo energético e, em geral, retornam
aos níveis pré-exercício assim que o
exercício é interrompido.
- Os efeitos de longa duração do exercício
podem aumentar os valores de CPK,
aldolase, TGO e LDH.
- O exercício aeróbio crônico está associado
à diminuição da concentração plasmática
de enzimas musculares como CPK, TGO,
ALT e LDH.
- Diminuição da concentração sérica de
gonadotrofina e de hormônios esteróides
sexuais são observadas em corredores de
longa distância, e o nível de prolactina
encontra-se aumentado.
Postura
- A postura do paciente durante a
flebotomia (fazer uma incisão num vaso
sanguíneo para extrair sangue) pode ter
efeito sobre vários resultados
laboratoriais.
- A posição ortostática aumenta a pressão
hidrostática, provocando redução do
volume plasmático e aumento da
concentração de proteínas.
- As concentrações séricas de albumina e
cálcio podem aumentar quando um
indivíduo passa da posição deitada para a
posição em pé.
- Os elementos que são afetados por
alterações posturais são albumina,
proteínas totais, enzimas, cálcio,
bilirrubina, colesterol, triglicerídeos e
fármacos ligados a proteínas.
- A aplicação incorreta do garrote e do
exercício de punho pode resultar em
resultados errôneos de exames. O uso de
garrote na coleta de sangue para
determinar a concentração de lactato pode
resultar em um valor falsamente elevado.
A aplicação prolongada do garrote
também pode aumentar a concentração
sérica de enzimas, proteínas e substâncias
ligadas a proteínas, incluindo colesterol,
cálcio e triglicerídeos, em razão da
hemoconcentração.
- Após o repouso ao leito no hospital, o
nível de hemoglobina de um paciente pode
ser inferior ao valor obtido no momentoda admissão, o suficiente para levar
falsamente um médico a suspeitar de
hemorragia interna ou hemólise.
Os pacientes devem ser orientados a evitar
modificações na dieta, consumo de álcool e
realização de exercícios extenuantes 24 horas
antes de submeterem-se a uma coleta de sangue
para a realização de exames laboratoriais.
Tabagismo
- Tabagistas apresentam níveis séricos
elevados de carboxihemoglobina,
catecolaminas e cortisol. Alterações
desses hormônios geralmente acarretam
diminuição do número de eosinófilos,
enquanto neutrófilos, monócitos e ácidos
graxos livres plasmáticos aumentam.
- Efeitos crônicos do tabagismo causam
aumentos da concentração de
hemoglobina, da contagem eritrocitária,
do VCM e da contagem leucocitária.
Também são observados aumentos da
concentração plasmática de lactato,
insulina, adrenalina, hormônio do
crescimento e secreção urinária de ácido
5-hidróxi indolacético. O nível de
vitamina B12 pode diminuir de modo
substancial, e foi relatado que ele é
inversamente proporcional à concentração
sérica de tiocianato.
- O tabagismo também afeta a resposta
imune do organismo. Tabagistas
apresentam diminuição das
imunoglobulinas A, G e M e aumento da
imunoglobulina G.
- Existem relatos de diminuição da
contagem e da motilidade espermática e
aumento de espermatozóides com
morfologia anormal em tabagistas em
comparação com não tabagistas.
Álcool
- A ingestão de álcool aumenta a
concentração plasmática de lactato, urato e
triglicerídeos.
- Elevação da lipoproteína de alta densidade
(HDL), colesterol, Á-glutamil transferase
(Á-GT), urato e volume corpuscular
médio (VCM) foram associadas ao
alcoolismo crônico.
- O álcool pode provocar modificações no
metabolismo, alterando vários
componentes sanguíneos. O uso do álcool
até quatro horas antes do exame pode
diminuir a glicose sérica. A ingestão do
álcool leva também ao aumento da
concentração sérica dos triglicérides e do
ácido úrico. Seu uso constante pode irritar
a mucosa gástrica e causar sangramentos,
interferindo na pesquisa de sangue oculto
nas fezes.
Estresse
- O estresse mental e físico induz a
produção de hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH), cortisol e
catecolaminas.
- Foi relatado que a concentração sérica de
colesterol total aumenta com o estresse
leve, enquanto o HDL-colesterol diminui
em até 15%.
- A hiperventilação afeta o equilíbrio ácido
básico e aumenta a contagem leucocitária,
a concentração sérica de lactato ou de
ácidos graxos livres.
A gravidez provoca mudanças metabólicas
importantes e diversos exames têm seus valores
modificados de acordo com o período
gestacional. Concentrações de estrogênios e
progesterona levam ao aumento da secreção de
prolactina, da globulina ligadora da tiroxina,
causando aumento do T3 e T4 totais, podendo
ocorrer diminuição do LH e do FSH. Mudanças
na função renal, com elevação dos níveis de
filtração glomerular podem levar ao aumento da
excreção de glicose, proteínas, uréia e creatinina,
observando-se diminuições dos níveis séricos
destes analitos. Pode ocorrer um aumento nos
níveis de lipídios, colesterol e triglicerídeos. O
hematócrito e a hemoglobina podem diminuir e
as plaquetas podem ter seus níveis reduzidos
gradualmente. Os fatores de coagulação podem
elevar-se ligeiramente.
Hemólise
- A palavra hemólise é definida na literatura
como um rompimento da membrana da
hemácia, causando a liberação da
hemoglobina e outros componentes
internos no líquido circundante (plasma).
Ela pode ser originada in vivo e/ou in
vitro. Enquanto a hemólise in vivo sugere
uma condição clínico-patológica, a in vitro
demonstra erros no procedimento de
coleta, processamento, transporte ou
armazenamento da amostra afetando
diretamente o resultado do teste.
- A questão da hemólise sempre atormentou
laboratórios clínicos e continua sendo uma
preocupação crescente. Na verdade, muito
conhecimento, habilidade e experiência
são necessários para coletar uma amostra
de sangue de qualidade e que produza os
resultados desejados. O alto grau de
variabilidade dos treinamentos, habilidade
e frequência da prática de flebotomia das
equipes não-laboratoriais é um grande
fator no aumento das taxas de hemólise
em muitos estabelecimentos.
Fase analítica
Na fase analítica, o material coletado é analisado.
São diversos os processos envolvidos nessa fase, na
dependência do método analítico empregado,
envolvimento de pessoas e, sobretudo, o emprego
de métodos de controle para garantia de resultados
mais acertados.
Depois de coletados e transportados, o laboratório
inicia o processo de análise do material biológico.
Atualmente existe um grande emprego de
automação nessa fase, porém ainda é necessário
que o profissional supervisione os instrumentos,
reagentes, estabilidade da amostra, além da
monitoração de todos os processos.
Os profissionais da saúde devem ficar atentos e
conhecer em profundidade os sistemas analíticos
que empregam, os Procedimentos Operacionais
Padrão (POP) do equipamento e do método, além
do método de controle adotado, como o controle
estatístico dos processos. Apesar de a análise se
basear muitas vezes em um sistema automatizado e
que possui alta tecnologia, há necessidade da
atuação do profissional, de fundamental
importância para a garantia da qualidade dos
resultados. Fazem parte do seu trabalho nessa fase:
- Verificação de instrumentos e reagentes;
- Verificação do estado de controle dos
sistemas;
- Monitorização dos processos de análises;
- Manutenção de soroteca.
Os profissionais de saúde devem identificar os
pontos críticos que requerem mais atenção na fase
analítica, com protocolos estabelecidos de
checagem para atuação de modo preventivo. Além
disso, o profissional fará a monitorização regular
dos testes por meio de métodos de Controle Interno
da Qualidade (CIQ), porque todos os
procedimentos de medidas estão sujeitos a
variações; o propósito do CIQ, que é um controle
estatístico de processos, é buscar assegurar que o
desempenho dos métodos seja mantido dentro dos
limites esperados de variação. É importante poder
contar com instrumentos, insumos (reagentes,
calibradores, água reagente) e ferramentas de
avaliação, adequados para executar com eficiência
a fase analítica.
Ainda hoje, com equipamentos e métodos
modernos, existem 14% de chances de
ocorrerem erros nas análises, na fase analítica.
No Brasil, foram criadas normas e
determinações para assegurar que os laboratórios
se dediquem a cuidar da qualidade, sendo
obrigatória a realização do Controle Interno da
Qualidade, para monitorar a imprecisão e
também a participação em ensaios de
proficiência, que é o Controle Externo da
Qualidade, para verificação da exatidão. É como
está definido na RDC 302/2005 da Anvisa. É
necessário também que os laboratórios de
análises clínicas disponibilizem conteúdos de
qualificação e formação profissional, para
aperfeiçoamento do seu pessoal.
A fase analítica envolve a preparação de reagentes
para analisar amostra coletada (aspecto
fundamental do processo analítico), a manutenção e
calibração dos equipamentos para ajustar a precisão
dos resultados que serão obtidos, e a validação do
método e controle de processos laboratorial para
identificar a veracidade do teste.
Métodos de validação do processo
laboratorial
- Limites de referência: Intervalo de
valores onde situa-se a maioria dos
indivíduos sadios e exclui-se os
doentes;
- Acurácia: Avalia o desempenho de um
novo método;
- Precisão: reprodutibilidade;
- Sensibilidade analítica: Valor mínimo
que um analito é detectado;
- Especificidade analítica: Detecta
interferência (hemólise, icterícia,
lipemia)
Fase pós-analítica
Após a coleta do material e a análise dos dados, o
exame laboratorial passa pela última etapa, a fase
pós-analítica; na qual há envio e interpretação dos
resultados e consequentemente o diagnóstico e
tratamento.
A fase pós-analítica se inicia após a obtenção de
resultados válidos das análises laboratoriais, sendo
emitido um laudo para interpretação do solicitante.
Porém, muitos consideram essa fase numaextensão
até o processo de utilização da informação para
tomada de decisão médica.
A fase pós-analítica se materializa no laudo do
exame. Sua qualidade como mídia e conteúdo
para a informação laboratorial devem merecer
grande cuidado.
As etapas da fase pós-analítica:
- Preparo do laudo dos exames;
- Impressão, ou transmissão do laudo;
- Recebimento do laudo;
- Tomada de decisão.
Laudo do exame
- Uma vez que os resultados são aprovados
e liberados, os dados são utilizados para a
confecção do laudo. Esse processo é feito
pelo Sistema de Informações
Laboratoriais, que deve seguir a legislação
vigente.
- Os resultados obtidos das amostras de
pacientes serão cuidadosamente
transportados para o computador, ou
através da interface de SOFTWARE entre
o analisador e o Sistema de Informática
Laboratorial (SIL). Os resultados dos
exames devem ser verificados e liberados
por pessoal de nível superior: médicos,
bioquímicos, biomédicos, antes de
liberados para a fase seguinte. Se o
programa de interface permite, ou o SIL, a
liberação pode muitas vezes ser feita de
forma eletrônica, de especial valor para o
caso de processamento de grande número
de amostras.
- O laudo deve indicar as situações nas
quais a análise foi feita apesar das
restrições da amostra, e eventualmente se
a amostra foi submetida a um
pré-tratamento.
A comunicação eletrônica dos laudos promove a
redução de custos para as partes envolvidas:
- Para o laboratório, há menor gasto com
impressão, papel, tinta e impressora,
com pessoal para cuidar deste processo
e locais de guarda etc;
- Para o paciente, principalmente por
dispensar o deslocamento até o
laboratório, mesmo que ele tenha os
gastos com impressão em sua
residência. Se o laudo for analisado
pelo médico em seu computador, esse
custo não haveria, poupando ainda os
recursos naturais.
Interpretação do laudo
- Com o laudo laboratorial em mãos, o
médico interpreta os dados do exame e
toma uma decisão clínica pautada nos
resultados e história clínica do paciente.
- Acredita-se que os laudos laboratoriais
orientem cerca de 70% das decisões
médicas.
A fase pós-analítica é uma fase de aprovação e
liberação do resultado gerado na fase analítica,
inclui ainda a interpretação do resultado.
Quais cuidados devem ser tomados na
prescrição de exames laboratoriais?
O potencial impacto dos exames laboratoriais no
desfecho clínico pode ser resumido em uma
sequência de três perguntas:
- “Um teste de laboratório muda o que o
médico está pensando sobre o paciente?”
Pode contribuir/interferir no diagnóstico
inicial? Se sim, deve-se descrever o exame
laboratorial.
- “Essa mudança de pensamento altera a
maneira como o médico gerencia o
paciente?” Pode contribuir/interferir para
definir o projeto terapêutico individual?
Se sim, deve-se descrever o exame
laboratorial.
- “Essa mudança no manejo do paciente
afeta os resultados (ou seja, mortalidade /
morbilidade)”?
Excesso de diagnósticos e tratamentos de
alterações de saúde incipientes (às vezes, apenas
resultados laboratoriais anormais) que nunca
acarretariam problemas clinicamente relevantes
para as pessoas, caso não fossem diagnosticadas.
As consequências podem ser deletérias: riscos
inerentes a tratamentos, transtornos
psicológicos, efeitos colaterais de
medicamentos, riscos relacionados à realização
do próprio exame, piora da qualidade de vida,
entre outros.
Letícia Terruel

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