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Resumo - QUIJANO, A Colonialidade, poder, globalização e democracia

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia e Relações Internacionais
Graduação em Relações Internacionais
Curso de Política II
Aluna: Beatriz Guilherme Carvalho
Matrícula: 11711RIT006
Referência Bibliográfica: QUIJANO, A. Colonialidade, poder, globalização e democracia. (2002)
Introdução
	O autor, logo no início, assinala o objetivo de seu texto em tratar das questões centrais do processo de globalização e sua relação com as instituições de dominação (o Estado-nação). Dessa forma, ele caracteriza o poder “como um tipo de relação social constituído pela co-presença permanente de três elementos - dominação, exploração e conflito”, que busca controlar áreas básicas da existência social que são o trabalho, o sexo, a autoridade coletiva e a subjetividade/intersubjetividade. Tais âmbitos da vida social coexistem em torno de um determinado padrão histórico de poder, variável no tempo.
	Atualmente, o padrão de poder mundial é articulado entre a colonialidade do poder ou classificação social e de dominação com base na “raça”, o capitalismo, o Estado e o eurocentrismo que são as formas universais de exploração, controle da autoridade e da subjetividade/intersubjetividade, respectivamente. Essa categorização social básica e universal da população de caráter racista foi imposta há 500 anos, em vista da expansão do colonialismo europeu. Desde então, mantém-se a mesma forma de dominação social, material e intersubjetiva.
	O capitalismo refere-se ao conjunto de estruturas articuladas que controlam o trabalho ou exploração, em torno do capital que mercantiliza a força a ser explorada. Já o Estado como instrumento de controle da autoridade e forma de dominação coletiva se expressa na sua figura moderna (do Estado-nação), composta por cidadania e representatividade política. Ele foi considerado hegemônico no século XX, quando, ao fim, o processo de globalização ampliou seus processos, sobretudo no que tange a igualdade, a liberdade e a solidariedade. E por eurocentrismo entende-se o processo de centralização da perspectiva de conhecimento elaborada na Europa a partir do século XVII, focado nas experiências capitalistas de colonialismo e colonialidade do poder.
As questões centrais da “globalização”
Popularmente, “globalização” denomina-se uma integração econômica, política e cultural contínua e crescente no mundo. Nesse sentido, entende-se que todo o mundo é afetado similarmente pelos mesmos fenômenos e processos. E a esta ideia é associada a “revolução científico-tecnológica” como determinante histórica.
“Globalidade” era, a princípio, uma mudança nas relações entre espaço e tempo, em decorrência do aumento da velocidade de informações produzidas pelos novos recursos tecnológicos. Essa imagem que interrelaciona a população mundial	foi aprimorada em torno de um hábitat mediático que abrange a realidade, a sociedade e a economia virtuais. Estas propõem um espaço de ocorrência das relações sociais que se naturaliza e se confunde com o mundo real. Neste espaço também se dão as trocas comerciais. E, diante disso, o termo “globalização” adquiriu um sentido de “vasto e sistêmico maquinário impessoal que existe e se desenvolve de modo independente das decisões humanas”.
Capitalismo e globalização
Observa-se a co-constituição do sistema capitalista e do processo de globalização, tendo em vista a geografia política de distribuição da produção e do capital. A partir dessa relação constatam-se tendências à concentração da produção e da renda nos países “centrais” (ainda que não possuam as maiores populações). Além disso, nota-se um aumento nos índices de pobreza, de desemprego e de trabalho compulsório. 
Essas informações permitem inferências de processos de concentração de recursos na minoria, de polarização social com base nas desigualdades econômicas, de superexploração do trabalho, de expansão de formas compulsórias de controle do trabalho, de possibilidade de transição do sistema capitalista e de ressignificação da relação capital-trabalho.
A aceleração dessa tendência se deve à interação entre capitalismo e globalização, impulsionada pelas instituições de dominação do atual padrão de poder. Sabendo-se que para exercer tal pressão são necessárias força e violência, a sociedade moderna encobre esses fatores em estruturas institucionalizadas e legitimadas por ideologias de grupos de interesse.
Capitalismo e Estado
O autor não afirma seu ponto de vista em relação à continuidade do capitalismo e do Estado como estruturas de organização e de controle do trabalho e da autoridade, respectivamente. No entanto, ele concorda com a história que demonstra a associação do sistema econômico a diversos tipos de Estado em diversos tipos de espaço de dominação (o moderno Estado absolutista/imperial, o moderno Estado-nação/imperial, o moderno Estado colonial, o moderno Estado-despótico/burocrático, o moderno Estado-nação democrático, os modernos Estados oligárquico-dependentes, os modernos Estados nacional-dependentes e os modernos Estados neocoloniais). Esta perspectiva histórica e sociológica reflete um caráter eurocentrista que inferioriza quaisquer outras sociedades que não correspondem ao capitalismo.
Capitalismo, globalização e Estado-nação moderno
	É visível o fato de que o capitalismo moderno, na maior parte do mundo, tem sido associado a outras formas de Estado e de autoridade política. Isso decorre da hegemonia do capital financeiro e da ação predatória dos mecanismos especulativos de acumulação. Mas também da tendência de formação de um bloco imperial composto pelos países “centrais”, a qual provoca tentativas hegemônicas regionais que se opõem, de certa forma, à central. Contudo, esse grupo de Estados no centro do sistema mundial oferece uma categorização que permite inferiorizar e dominar quaisquer outros Estados onde a forma moderna ainda não se consolidou.
O bloco imperial mundial e os Estados locais
	Os países membros do bloco imperial mundial eram as antigas sedes dos impérios coloniais e imperiais-capitalistas do século XX. Essa formação impõe suas decisões aos demais países, embora não tenham sido designados pelos demais. 
	Entretanto, o autor ressalta o fenômeno de “reconcentração mundial do controle da autoridade pública em escala global”, envolvendo além do próprio Estado, as entidades intergovernamentais de controle e exercício da violência, as entidades intergovernamentais e privadas de controle do fluxo mundial de capital e as grandes corporações globais, criando uma espécie de governo mundial invisível. Este afirma suas políticas e suas decisões ao converter os Estados locais em estruturas institucionais de administração local dos interesses mundiais.
A reprivatização do controle da autoridade coletiva
	O controle da autoridade coletiva se transfere a instituições privadas, nesse processo de reprivatização. Dessa forma, ainda que o Estado assuma esse cargo simbolicamente, isso significa um declínio da própria instituição do Estado-nação moderno. O autor, porém, mostra-se descontente em relação à uniformidade das formas de organização e dominação, submetidas à supremacia do Estado-nação, da família burguesa, da empresa capitalista e do eurocentrismo.
Colonialidade do poder e Estado-nação
	A colonialidade do poder participa do contexto global em que se situam os espaços concretos de dominação. Isto é, por um lado, analisa-se a formação dos Estados-nação modernos nos atuais países “centrais” e, por outro, obstaculiza os processos de democratização e expressão nacional na sociedade. Este segundo pode ser relacionado aos países colonizados, tendo como base a classificação social básica da população mundial em torno da ideia de raça.
A globalização capitalista: uma contra-revolução global
	Historicamente, a queda do muro de Berlim marcou a distinção da organização do controle de poder no período anterior e posterior. Isso, pois até 1973, os movimentos de descolonização e independência, de intervencionismo estatal e de liberalização das relações étnicas e de gênero, produziram um cenário revolucionário.No entanto, sua derrota permitiu a reconcentração e reprivatização do controle da autoridade pública em muitos casos.
O que é a globalização?
	A partir da observação das tendências a: a reconcentração da autoridade pública mundial, a reconfiguração do sistema de dominação política com base na exploração capitalista do trabalho, a configuração de um bloco imperial mundial tramado com as instituições de controle e administração do capital financeiro mundial, a operação de um governo mundial invisível, a desnacionalização e desdemocratização dos Estados de tendência nacional; conclui-se que a globalização não é um fenômeno natural e inevitável, mas sim “resultado de um vasto e prolongado conflito pelo controle do poder, do qual saíram vitoriosas as força que representam a colonialidade e o capitalismo.”
Da perspectiva nacional à global?
	A perspectiva nacional fora adotada frente à crise do capitalismo na década de 1970. Para tanto, observa-se as desigualdades impostas pelo modelo “global”, as quais deveriam ser consertadas através de um olhar interno, do Estado-nação. Ou seja, o processo de modernização que tornaria as sociedades mais “avançadas” deveria acontecer pelo acerto nas medidas de política econômica de cada Estado.
Colonialidade e Estado-nação na América Latina
	As sociedades latino-americanas tiveram sua identidade estabelecida com base na colonialidade do poder. Por isso, o desenvolvimento do capitalismo nesses países só é possível mediante uma revolução que perpassa pela desconstrução dos interesses dos colonizadores europeus.
A questão da democracia
De acordo com o padrão mundial de poder, a democracia é “um sistema de negociação institucionalizada dos limites, das condições e das modalidades de exploração e de dominação, cuja figura institucional emblemática é a cidadania e cujo marco institutcional é o moderno Estado-nação.” 
Esse sistema se sustenta nas ideias de igualdade jurídica e política dos desiguais e na confluência das ideias de igualdade social, de liberdade individual e de solidariedade social, buscando promover a possibilidade de participação no controle do trabalho e da autoridade coletiva a todos.
Entretanto, além da modernidade e da racionalidade, constitui-se de desigualdade social, exploração e dominação, observáveis na figura do mercado e na discriminação dos agentes políticos e suas influências nos processos decisórios. Ainda, há uma distinção entre a intitucionalização e o estabalecimento do regime com base no passado de colonialismo; isto é, os países europeus foram capazes de consolidar a democracia, enquanto que nos países colonizados, essa experiência se deu tardiamente e de forma limitada.
Globalização e democracia
	A afirmação de que a democracia se instala de maneira uniforme no mundo inteiro desconsidera a marginalização da vontade dos eleitores sobretudo nas sociedade não-nacionais que se tornam cada vez mais tecnoburocracias. Isso se dá pela necessidade de redução dos espaços de participação política dos cidadãos para a plena realização do capitalismo e seu caráter especulativo financeiro, visto que a democracia permite uma distribuição igualitária do acesso e do controle do trabalho e dos recursos. Portanto, o capitalismo como eixo central do padrão atual de poder mundial, limita os esforços políticos e tecnológicos à diposição da população através do capitalismo, em nome da concentração do controle e do conhecimento.
A perspectiva: conflitividade e violência
	A noção de naturalidade e inevitabilidade dos processo de globalização permite indagar sobre a existência de tal frente às conjunturas temporalmente diversas. Além disso, há o questionamento acerca da sua naturalidade devido ao seu caráter essencialmente político que coloca em conflito as intenções e decisões individuais. Mesmo porque, esse ambiente conflituoso se mostra inerente à estrutura de poder da globalização, seja em relação aos processos de exploração material ou dominação social.
As opções alternativas
	Por fim, o autor dissocia o processo de integração decorrente da globalização do exercício de dominação e exploração. Ele busca incentivar a liberação em relação às tendências capitalistas e do bloco imperial mundial, distorcendo a noção de democracia eurocêntrica qu institucionaliza a desigualdade entre vencedores e vencidos, propondo a reconfiguração e redistribuição do acesso e do controle ao recursos e à autoridade política.

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