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1 UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO MODALIDADE PRESENCIAL SÃO PAULO 2021 2 Pamela Pereira da Silva – D77HIE-4 ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: TRANSPARÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS NO TERCEIRO SETOR Estágio Curricular Supervisionado, apresentado como exigência do curso de Ciências Contábeis da UNIP - Universidade Paulista, sob orientação da professora Cristiane Nagai. SÃO PAULO 2021 3 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ................................................. 5 1.1. Razão Social ....................................................................................... 5 1.2. Origem ................................................................................................ 5 1.3. Evolução ............................................................................................. 5 1.4. Endereço ............................................................................................. 5 1.5. Ramo de Atividade .............................................................................. 6 1.6. Filiais ................................................................................................... 6 1.7. Missão e objetivo da empresa ............................................................. 6 1.8. Principais Concorrentes ...................................................................... 6 1.9. Principais produtos .............................................................................. 6 1.10. Organograma geral da organização .................................................... 7 2. APRESENTAÇÃO DA ÁREA ONDE SERÃO REALIZADAS AS ATIVIDADES (ÁREA ESTAGIADA) ........................................................................... 8 2.1 Nome do Departamento / Setor .............................................................. 8 2.2 Organograma ......................................................................................... 8 2.2.1 Organograma específico do departamento/setor ................................. 8 2.3 Descrição sucinta das funções contidas no organograma do departamento/setor .................................................................................................... 8 3. DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATIVIDADES REALIZADAS NA FUNÇÃO EXERCIDA ................................................................................................ 9 4. CONTEXTUALIZAÇÃO PRÁTICA E TEÓRICA ...................................... 9 4.1 Identificação de problemas na área estagiária ........................................ 9 4.2 Fundamentação Teórica ......................................................................... 9 4.2.1 Terceiro Setor...................................................................................... 9 4.2.2 Contabilidade no Terceiro Setor e sua Importância ........................... 10 4.2.3 Tributação ......................................................................................... 12 4.2.4 Prestação de Contas ......................................................................... 14 4 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 18 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ..................................................... 19 7. ANEXO ................................................................................................. 20 5 1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO 1.1.Razão Social Núcleo de Apoio ao Pequeno Cidadão. 1.2.Origem Em 2001 durante a graduação no curso de Psicologia e em período de entrega de estágio, a fundadora Valquíria Moraes viu se realizar um dos seus antigos desejos: colaborar para que crianças pudessem ter seu potencial desenvolvidos. Através de atividades elaboradas dentro de uma escola diversas crianças tiveram seus sentimentos, talentos, descobrimento e um novo olhar sobre si despertados. Mesmo após a conclusão do estágio, percebeu se que o envolvimento com as crianças estava apenas começando. 1.3.Evolução Em 2002 com a ajuda de grupo de pessoas, na garagem do seu consultório de psicologia, um trabalho de muito afeto, sorrisos, abraços e oportunidades de transformação da vida de crianças e suas famílias foi se desenvolvendo e claro, sempre acompanhados de um delicioso prato de sopa ao final de cada atividade. Após sua fundação o local ficou pequeno para a realização de oficinas e em 2003 com ajuda de doações de móveis, materiais a ONG ganhou um novo endereço: Rua 13 de Maio, 180 - Vila Mariza. Sempre apresentando notórias ações pela comunidade e sendo reconhecidos por tamanhos resultados, surgiu-se a parceria com a Prefeitura de São Bernardo do Campo onde foi cedido à organização um terreno que foi totalmente mobiliado pelo Consulado Japonês e hoje é atual sede da instituição. 1.4.Endereço Rua Tietê, 1285, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo – SP 6 1.5.Ramo de Atividade Desenvolvimento de ações sócio-educativas com crianças, adolescentes e adultos moradores de bairros de maior vulnerabilidade social da cidade de São Bernardo do Campo - SP através de suas instalações e projetos junto às escolas municipais. 1.6.Filiais Rádio Comunitária localizada no bairro Cafezal também no município de São Bernardo do Campo. 1.7.Missão e objetivo da empresa Sua missão é potencializar competências e habilidades de crianças, adolescentes e famílias por meio de vivências sociais, educacionais e culturais. Ser referencia nacional em ações inovadoras no atendimento socio assistencial de crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social é a sua visão. 1.8.Principais Concorrentes Não existe concorrência entre ONGs, existem outras instituições que tem o mesmo objetivo social, porém, exercem suas atividades em territórios diferentes. Como por exemplo: Camp, Instituto Jesuê e Instituto Cativar. 1.9.Principais produtos Ações sociais e oficinas para desenvolvimento de crianças e adolescentes de 6 a 15 anos no período contrário da escola, além de jovens de 16 a 18 para inserção no mercado de trabalho. 7 1.10. Organograma geral da organização Fonte: Pamela Pereira da Silva. Fonte: Pamela Pereira da Silva. 8 2. APRESENTAÇÃO DA ÁREA ONDE SERÃO REALIZADAS AS ATIVIDADES (ÁREA ESTAGIADA) 2.1 Nome do Departamento / Setor Recepção e Coordenação. 2.2 Organograma 2.2.1 Organograma específico do departamento/setor Fonte: Pamela Pereira da Silva. 2.3 Descrição sucinta das funções contidas no organograma do departamento/setor O setor da coordenação é responsável pela conferência do planejamento financeiro mensal, bem como controle de contas a pagar, prestação de contas, controle de fluxo de caixa, levantamento de orçamentos e documentação a ser destinada à contabilidade para demais relatórios obrigatórios. Sua responsabilidade se faz necessária pois a instituição não tem contabilidade própria, apenas externa que realiza a entrega das obrigações. Todos os resultados são repassados diretamente a Diretoria Executiva para aprovação e revisão pela Tesoureira e notificação da Presidente da instituição. Coordenação Diretoria Executiva 9 3. DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATIVIDADES REALIZADAS NA FUNÇÃO EXERCIDA Atividades rotineiras na área de recepção, como atendimento telefônico, atendimento ao públicoe apresentação da instituição. Prestação de auxílio a coordenação com foco na área contábil-financeira desenvolvendo atividades como: recebimento de valores em espécie e cartão oriundos de vendas do bazar, pagamentos a fornecedores, reembolso a funcionários, pequenos reparos. Além disso, houve acompanhamento da prestação de contas quadrimestral vivenciando na prática o dia a dia da organização 4. CONTEXTUALIZAÇÃO PRÁTICA E TEÓRICA 4.1 Identificação de problemas na área estagiária Nas rotinas vivenciadas dentro da instituição, observou-se que os integrantes da equipe, no desempenhar de suas atividades, demonstraram certo grau de insegurança na aplicação de técnicas contábeis básicas. Um exemplo observado foi na contabilização de entrada e saída de valores onde se constatou que a organização estava realizando o lançamento no livro diário de forma incorreta e inclusive com erros básicos de cálculos comprometendo a fidelidade das informações. Dado este fato, faz-se o seguinte questionamento: De que forma é possível melhorar o controle contábil da organização evitando prejuízos econômicos e financeiros a instituição e que também venha resultar em transparência em sua prestação de contas? 4.2 Fundamentação Teórica 4.2.1 Terceiro Setor Muito se fala sobre o Terceiro Setor, mas suas características são pouco difundidas na sociedade atual. Para isso, precisamos entender seu conceito e objetivo. 10 Conforme o Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, define pessoas jurídicas de direito privado: Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) Segundo Paes (2004) “o Terceiro Setor é composto por organizações de natureza “privada” (sem o objetivo do lucro) dedicadas à consecução de objetivos sociais ou públicos, embora não seja integrante do governo (Administração Estatal)”. Seu objetivo é proporcionar benefícios a sociedade e promover a melhoria na qualidade de vida através de ações sociais às comunidades onde existe um alto índice de voluntariado e participação da sociedade envolvida e os objetivos e atividades são decididas pelos membros. Dessa forma o Terceiro Setor é tido como um agente de transformação do ser humano, trabalhando para o desenvolvimento de ações sociais e possui duas importantes características que a difere do primeiro e segundo setor: não distribuem lucro, como fazem as organizações pertencentes ao setor privado, nem estão sujeitas ao controle estatal, como as organizações do setor público. (ARAÚJO, 2009). Portanto, podemos compreender o Terceiro Setor como instrumento auxiliador da divisão das responsabilidades que o Primeiro e Segundo Setor, Estado e Mercado respetivamente não consegue exercer, possuindo ainda a conjunção de característica de ambos. 4.2.2 Contabilidade no Terceiro Setor e sua Importância De acordo com Marion (2009), a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de relatórios com informações úteis que explicam causas e efeitos de suas mutações, e auxiliam na tomada de decisão. 11 Niyama e Silva (2009, p. 30) relatam que: Por ser uma ciência social, a contabilidade é fortemente influenciada pelo ambiente em que se atua. Assim, as diferenças históricas, os valores culturais e as estruturas políticas, legais e econômicas de cada país acabam refletindo nas práticas contábeis em vigor. A Contabilidade define normas e leis que regulamenta a análise de transações e auxilia no cumprimento de exigências legais inclusive ao Terceiro Setor. Sua presença se faz necessária para garantir transparência e fidedignidade nas operações realizadas nas organizações não governamentais fiscalizando para os atuais e possíveis doadores, Estado ou qualquer pessoa interessada na veracidade do caminho das doações realizadas, seja por meio de doações especificas ou em espécie. A estrutura patrimonial definida pela Lei das Sociedades por Ações (Lei 6404/1976) é a base da contabilidade do terceiro setor. Porém, é necessário algumas adaptações, principalmente em relação a nomenclatura de contas utilizadas, sendo necessário a edição de normas de contabilidade para o Terceiro Setor. Temos como exemplo a NBC T 10 Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas: Para as organizações do terceiro setor, o CFC, ao editar a Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica nº 10, NBC T – 10, DOS ASPECTOS CONTÁBEIS ESPECÍFICOS EM ENTIDADES DIVERSAS, dedicou 5 (cinco) itens dos 20 (vinte) que a compõem, para evidenciar os aspectos relacionados ao registro de operações e ao formato das demonstrações contábeis que se lhes aplicam. (ARAÚJO, 2009, p. 53-54). É importante ressaltar que o patrimônio dessas entidades é constituído, conservado e dilatado a partir de contribuições, doações e subvenções e que, de modo algum, se reverte para seus membros ou diretores. Essa principal característica, a de não distribuir lucro, é definida por Petri (1981 apud OLAK, NASCIMENTO, 2010, p. 4) da seguinte forma: Entidades sem fins lucrativos não são aquelas que não têm rentabilidade. Elas podem gerar recursos através de: atividades de compra e venda; de industrialização e venda de produtos elaborados; e de prestação de serviços, obtendo preço ou 12 retribuição superior aos recursos sacrificados para sua obtenção, sem por isso perderem a característica de sem-fins lucrativos. O que lhe dá essa característica é o fato de não remunerarem seus proprietários (acionista, sócios ou associados) pelos recursos por eles investidos em caráter permanente (capital social, fundo social ou patrimônio), com base nos recursos próprio por elas gerados (ganhos ou lucros), a eles não revertem o patrimônio (incluindo os resultados) dessa mesma maneira no caso de descontinuidade 4.2.3 Tributação O Artigo 150 da Constituição Federal de 1988, narra a respeito da imunidade tributária para organizações não governamentais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei O parágrafo 2º do Art. 12 da Lei 9.532/1997 exige o cumprimento de requisitos mínimo para garantia e utilização da imunidade fiscal. Sendo elas: ➢ De forma alguma é permitido remunerar membros da diretoria pelos serviços prestados, exceto no caso de associações, fundações ou organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, cujos diretores poderão ser remunerados desde que atuem expressamente na área de gestão executiva e tenham salário compatível com a área de atuação praticados pelo mercado. ➢ Aplicação integral dos recursos recebidos em manutenção e desenvolvimento dos projetos sociais. ➢ Escrituração correta e completa de receitas e despesas. ➢ Conservação de documentos pelo prazo de 5 anos contado a partir da data de emissão ➢ Apresentar anualmente, Declaração de Rendimentos junto a Receita Federal 13 ➢ Recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados ➢ Garantir a distribuição de seu património para outra instituição que atenda aos mesmo requisitos citados em caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de suas atividades. É necessário ressaltar que imunidade e isenção são“benefícios” diferentes. A imunidade tributária é a vedação à cobrança de impostos, ou seja, não existe a obrigação tributária para entidades que atuam oferecendo serviços sociais no Terceiro Setor e só poderá ser concedida pelo ente federativo que institui e regulamenta o tributo, que pode ser a União, os Estados ou Municípios além de só poder ser mudada com alteração da Constituição Federal. Para Machado (2004, p. 218): Imunidade é o obstáculo decorrente de regra da Constituição à incidência de regra jurídica de tributação. O que é imune não pode ser tributado. A imunidade impede que a lei defina como hipótese de incidência tributária aquilo que é imune. É limitação de competência tributária. Tabela 1 – Impostos imunes às entidades. Sobre Patrimônio IPTU, ITR, ITCMD, ITBI, IPVA Sobre Renda IR Sobre Serviços ISS e ICMS incidente sobre serviços de transporte e comunicação Fonte: Pamela Pereira da Silva. Diferente da imunidade, na isenção existe a obrigação tributária, ou seja, há incidência do tributo, porém por determinação da lei é possível a dispensa da obrigatoriedade do pagamento do imposto. Conforme o Art. 15 da Lei 9.532/1997 há isenção do pagamento em relação ao imposto de renda de pessoa jurídica e a contribuição social sobre o lucro líquido a entidades de caráter filantrópico, recreativo, culturas e científico a e as associações civis sem fins lucrativos. Lembrando que não estão abrangidos pela lei, a isenção de 14 imposto de renda sobre os rendimentos e ganhos em aplicações financeiras de renda fixa ou variável. De acordo com a Lei 12.101/2009, para que haja isenção de contribuições para a seguridade social, se faz necessário a emissão da certificação das entidades CEBAS (Certificação de entidades beneficentes de assistência social). O § 7º do Art. 195 da Constituição Federal de 1988 confirma o poder das entidades de usufruir da isenção do pagamento das contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos seus empregados e trabalhadores avulsos, e também receber transferências de recursos governamentais a título de subvenções sociais, ou seja, há isenção de INSS Patronal, COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) inclusive de importação. As entidades portadoras do CEBAS também são isentas das contribuições do PIS/PASEP incidentes apenas sobre as receitas ou faturamento de acordo com o Art. 7º da Instrução Normativa RFB nº 1.911/2019. Entretanto, deverão apurar normalmente o PIS/PASEP com base na folha de salários. 4.2.4 Prestação de Contas Nos últimos anos, a prestação de contas, por parte das entidades de terceiro setor, à sociedade e aos doadores de recursos vem se desenvolvendo de forma mais aprimorada e profissional com objetivo de possibilitar um aumento da transparência de suas ações e da confiança perante a sociedade. Essa transparência é o elo que evidencia a fidedignidade das informações contábeis divulgadas possibilitando o usuário a visualizar toda a estrutura patrimonial da instituição. O autor lista o Estado como um dos principais interessados na prestação de contas das entidades do terceiro setor, uma vez que é a ele que a prestação de contas é direcionada em conformidade com a lei, com os contratos e convênios. Carneiro (2011) afirma que os interessados nas informações da accountability podem estar tanto dentro quanto fora da organização, portanto essas informações podem interessar a toda comunidade. A partir do convênio denominado Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos com a Prefeitura de São Bernardo do Campo tendo a Secretaria de Assistência Social como intermediadora, após a aprovação do plano de trabalho 15 contendo todas as atividades, ações inclusive com valores que serão utilizados para pagamento de colaboradores da instituição, é disponibilizado uma verba liberada por meio de um edital divulgado em meados de novembro, com intuito de auxiliar o funcionamento da organização. O valor total do recurso é dividido em 12 meses e controlado pela Coordenadora Geral mensalmente, apresentando à Prefeitura através da Prestação de contas, todas as obrigações, gastos e justificativas listadas no plano de trabalho não podendo exceder os valores estipulados, sendo a ONG sujeita a obrigação de restituição do valor excedido. Devido a pandemia do COVID-19, por não ter atividade com as crianças e pela falta de educadores, houve sobra de parte do recurso disponibilizado para uso em 2020. Atualmente, a instituição está solicitando à prefeitura do município o remanejamento da verba para pequenos reparos e pagamento de contas básicas como luz, água e telefone. Sua principal fonte de renda são doações e vendas realizadas através do bazar localizado na própria instituição, onde o valor arrecadado é destinado à compra de alimentação e pagamento dos insumos. Infelizmente, às vezes, por falta de dinheiro disponível em caixa e para não haver corte no fornecimento de insumos básicos, a Presidente intervém pagando as contas básicas com seus meios próprios como forma de “empréstimo” e posteriormente lhe é ressarcido assim que os recursos vão entrando. Segundo Rezende, 2007, as ONGs devem prestar contas ao Ministério Público e ao Ministério da Justiça, para estreitar o uso de seus recursos, devendo transparecer de seus feitos e atos, para que não haja desvio de verba, referindo-se a captação de recursos públicos, e de acordo com o artigo 5º da lei 9.790/99, em que: Art. 5º A ONG prestará contas anualmente dos recursos recebidos por intermédio de convênios ou subvenções de origem pública ou privada, inclusive doações, através de relatório a ser enviado ao Ministério Público e ao Ministério da Justiça, independente da prestação de contas aos respectivos doadores. (REZENDE, 2007, p.130) Segundo Slomski et al. (2017): “As políticas contábeis adotadas devem proporcionar informação relevante, confiável, comparável e compreensível. As entidades do terceiro setor devem realizar evidenciações de informações adicionais, 16 quando as julgarem insuficientes para permitir que os usuários compreendam o impacto de determinadas transações e outros eventos”. Em 27 de setembro de 2012, foi aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade a Interpretação Técnica Geral (ITG) 2002 – Entidade sem finalidade de lucros (CFC, 2012), sendo alterada em 2014, com finalidade de regulamentar e estabelecer critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade, independente da natureza e do porte, para a escrituração contábil de seus fatos patrimoniais bem como guarda e a manutenção da documentação e de arquivos contábeis e a responsabilidade do profissional da contabilidade. De acordo com a ITG 2002 (CFC, 2012): No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronológica, com individualização, clareza e referência ao documento probante, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que provoquem variações patrimoniais. […] Os registros auxiliares, quando adotados, devem obedecer aos preceitos gerais da escrituração contábil. Em uma visita à ONG Pequeno Cidadão foi observado que não existe escrituração contábil e sua contabilidade no dia a dia se resume ao uso de um livro caixa comum. Seus lançamentos eram realizados de forma extremamente sucinta, sem histórico compratório, contrariando o que precede a ITG 2002 mencionada anteriormente transmitindo de certa forma, dúvida quanto a real destinação e ou origem do recurso. Após uma conferência minuciosa dos lançamentos e numerário disponível em caixa, foi identificado uma diferença na contabilização de R$ 123,00 a mais que não tem justificativa aparente. Outro ponto observado é o excesso de pessoas que tinham contato direto com o numerário, sendo possivelmente a principal causa dos desvios identificados. Com o objetivo de solucionar os errosde escrituração e lançamentos, foi sugerido a eleição de colaboradores que serão exclusivamente responsáveis por toda a movimentação de caixa, bem como registro de entradas e saídas para que haja minimização de erros e aumento da fidedignidade das informações. Pra que a conformidade com as normas e regulamentações exigidas pelo Conselho Federal de Contabilidade sejam cumpridas, houve orientação total a esses profissionais de forma didática utilizando-se de exemplos e acompanhamento em tempo real de como as informações devem ser adicionadas e como o controle deve ser realizado 17 atendendo assim, aos critérios e procedimentos listados na ITG 2002 (R1). Em conversa com o Assistente Social Antônio Carlos Firmino, cerca de 90% dos voluntários e estudantes que procuram a instituição são do curso de Psicologia e Pedagogia, ou seja, nitidamente se percebe a escassez de voluntários da área contábil. Uma forma de mudar esses números não deixando de atender a principal missão social da ONG, é a criação de uma parceria com universidades locais implementando um projeto com tema Auditoria Interna, destinado aos alunos de Ciências Contábeis com objetivo de trazer experiência aos estudantes e auxílio aos profissionais atuantes na Área de Tesouraria da instituição, assim beneficiando ambas as partes. 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio das organizações e das pessoas com objetivo de registrar, informar, analisar e interpretar ocorrência no patrimônio de um indivíduo ou de uma empresa. Os dados extraídos permitem a mensuração e o controle do patrimônio de uma entidade podendo ser utilizada como ferramenta de transparência e gestão para as organizações Nos últimos anos o Terceiro Setor tem apresentado grandes avanços e crescimento econômico proporcionando mudança na vida de muitas pessoas, através de serviços que tem como resultado benefícios à sociedade, e ao longo do tempo contribuindo com a diminuição da desigualdade se tornando responsável pela demanda não atendida pelo Estado. O presente trabalho teve como objetivo analisar a importância da contabilidade para entidades do Terceiro Setor utilizando-se como instrumento para transparência para que não existam dúvidas quanto à gestão de seus recursos e o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Apoio ao Pequeno Cidadão. A entidade analisada possui algumas incongruências de acordo com as novas normas contábeis, especificamente com Interpretação Técnica Geral (ITG) 2002 – Entidade sem finalidade de lucros, responsável pela adequação correta de sua escrituração contábil de seus fatos patrimoniais. Os registros incorretos tiveram sua atualização de acordo com os critérios exigidos e os profissionais orientados sobre a maneira correta que deve ser realizado os lançamentos evidenciando assim, a importância da correta contabilização das demonstrações contábeis, bem como a importância de um profissional capacitado para este tipo de trabalho. Por fim, sugere-se novas pesquisas voltadas a contabilidade no Terceiro Setor a fim de verificar o correto desenvolvimento e aplicação das normas contábeis assim mitigando possíveis erros e aumentando a visão dos demais profissionais de contabilidade. 19 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARAÚJO, Osório Cavalcante. Contabilidade para Organizações do Terceiro Setor.ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo. Contabilidade para Entidades sem Fins Lucrativos (Terceiro Setor). 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2007. REZENDE, Denis Alcides; PROCOPIUCK, Mario; MACHADO, Evanio Tavares; BESSA, Fabiane Lopes Bueno Netto. O Plano Plurianual Municipal no sistema de planejamento orçamentário brasileiro. 2007. Disponível em: https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/181 acesso em 16/09/2021. NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria da contabilidade. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 24 ed. São Paulo: Malheiros, 2004. SLOMSKI, Valmor. et. al. Contabilidade do Terceiro Setor: Uma Abordagem Operacional Aplicável Às Associações, Fundações Partidos Políticos e Organizações Religiosas. São Paulo: Atlas, 2017. CARNEIRO, Wanderley. et al. Terceiro Setor: Estudo Diagnóstico Voltado para o Planejamento Estratégico e Gestão de Projetos em 100 ONGs na Cidade de São Paulo. São Paulo: 2006. Acesso em 06 de outubro de 2021 20 7. ANEXO 21
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