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– Avaliação Geriátrica e Atendimento ao Idoso • Doença oculta • Coexistência de múltiplas doenças • Polifarmácia • Incapacidade e perda funcional • Síndromes geriátricas • Fragilidade • Apresentações atípicas • Maior probabilidade de morte/final da vida/doença sem expectativa de cura As Síndromes Geriátricas são mais frequentes em adultos mais velhos, especialmente os mais fragilizados. Por definição, as síndromes são um conjunto de sintomas geralmente originados pela conjunção de doenças com alta prevalência em idosos e que frequentemente supõe a origem da incapacidade funcional ou social na população. Trata-se da manifestação (sintomas) de muitas doenças, mas elas também podem ser a origem de muitos outros problemas que se deve levar em conta desde sua detecção, a fim de estabelecer uma boa prevenção dos mesmos. As síndromes geriátricas são conhecidas como os 7 “Is”: 1. Incapacidade cognitiva; 2. Incapacidade comunicativa; 3. Instabilidade postural; 4. Incontinência esfincteriana; 5. Iatrogenia; 6. Imobilidade; 7. Insuficiência familiar; Incapacidade cognitiva: É quando ocorre o comprometimento das funções cognitivas em grau variável, sendo reversível ou não. As capacidades cognitivas envolvem a memória, percepção, linguagem, atenção, a capacidade de julgamento e seu comportamento social. Incapacidade comunicativa: A comunicação é fundamental para o ser humano, pois com ela é possível se estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, ideias e sentimentos. A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou restrição da funcionalidade, levando ao comprometimento da capacidade de execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do indivíduo. Instabilidade postural: A falta de estabilidade postural pode levar a quedas, podendo impactar diretamente na independência do idoso. Uma queda pode provocar graves consequências, como lesões, fraturas, dor de difícil controle e até mesmo a morte. – Incontinência esfincteriana: É a perda involuntária de urina. Geralmente, a incontinência urinária ocorre mais em mulheres e tem diversas causas, como fraqueza da musculatura pélvica, diabetes, doenças neurológicas, dentre outras. Iatrogenia: São intervenções realizadas por profissionais da saúde. Costumam estar relacionadas à reação adversa a medicamentos. Trata-se de uma resposta nociva e não intencional ao uso de um medicamento que ocorre em associação a doses normalmente empregadas para profilaxia, diagnóstico e tratamento. Imobilidade: A imobilidade acontece quando há limitação de movimento, com perda funcional progressiva. A imobilidade representa causa importante de comprometimento da qualidade de vida. Insuficiência familiar: Envolve as relações sociais existentes na vida dos idosos, familiares e sociedade em geral. Caracteriza-se como um processo de interação psicossocial de estrutura complexa, fundado especialmente no baixo apoio social da pessoa idosa e no vínculo familiar prejudicado. As consequências da insuficiência familiar incluem a vulnerabilidade social da pessoa idosa, o declínio da saúde psicológica e funcional, a menor qualidade de vida e o envelhecimento malsucedido. • No manejo de idosos deve-se sempre tentar desprescrever medicamentos que não tem eficácia comprovada. • Sempre questionar aspecto da urina, fazer ausculta cardíaca e FR/FC independente da queixa do paciente. • Não atribuir doença ao idoso sem constatação prévia. • Idoso não é adulto velho e não deve ser infantilizado ou “santificado” Durante o atendimento, alguns pontos são relevantes para ter uma consulta satisfatória como: • Estabelecer vínculos com o paciente • Comunicação adequada – considerar déficits sensoriais • Acessibilidade – identificar limitações • Identificar relação com cuidador/acompanhante • Escuta qualificada com seus multifatores envolvidos A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio. A funcionalidade do idoso é determinada pelo seu grau de autonomia e independência, sendo avaliada por instrumentos específicos. As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja, – são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de alimentar-se e deambular. A incapacidade de executar estas atividades identifica alto grau de dependência e exige uma complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior. As escalas utilizadas baseiam-se em informações dos pacientes e dos cuidadores e devem ser simples e de rápida avaliação, podendo ser utilizadas por todos os membros da equipe interdisciplinar. A Escala de Katz está incluída na maioria das avaliações multidimensionais. Sua elaboração é baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de declínio, isto é, primeiro se perde a capacidade de banhar-se, seguida pela incapacidade de vestir-se, transferir-se e alimentar-se e, quando há recuperação, ela ocorre em ordem inversa. – Para uma vida independente e ativa na comunidade, executando as atividades rotineiras do dia a dia, o idoso deve usar os recursos disponíveis no meio ambiente. O conjunto dessas atividades foi denominado atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Estão relacionadas com a realização de tarefas mais complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, controlar e tomar os remédios e administrar as finanças. De acordo com a capacidade de realizar essas atividades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão. A pontuação máxima é de 27 pontos, correspondendo à maior independência, enquanto a pontuação mínima de 9 pontos relaciona-se à maior dependência. Em algumas circunstâncias, deve ser relevada a incapacidade de uma pessoa realizar tarefas para as quais não tenha habilidade, como cozinhar, por exemplo, prejudicando a análise de sua independência. – Indivíduos com multimorbidade tendem a apresentar grande complexidade e vulnerabilidade, pois sofrem de mais problemas cognitivos, funcionais e psicossociais; têm maiores riscos de que as suas doenças, especialmente as complicações agudas, manifestem-se de forma obscura ou atípica, retardando o diagnóstico e o início do tratamento; e são muito mais propensos a iatrogenia, fragilização, síndromes geriátricas, admissões e readmissões hospitalares e institucionalização. Portanto, requerem acompanhamento constante no sistema de saúde. A avaliação geriátrica ampla (AGA) é a resposta a essa complexidade e geralmente inclui a avaliação do paciente em vários domínios, sendo mais comumente incluídos o físico (médico), o mental, o social, o funcional e o ambiental. A condição funcional do paciente com idade avançada é um dos parâmetros mais importantes da avaliação geriátrica. O termo funcional é usado em seu sentido estrito, cujo significado é a habilidade do idoso de funcionar na arena da vida diária. Os seus objetivos principais são realizar um diagnóstico global e desenvolver um plano de tratamento e reabilitação, gerenciando os recursos necessários para as intervenções terapêuticas e reabilitatórias. Ela é capaz de identificar diminuições da capacidade, limitações das atividades e mesmo restrições à participação (desvantagens) do paciente idoso, mas se utilizada isoladamente da avaliação clínica tradicional não identifica as condições de saúde (distúrbios ou doenças) responsáveis por elas. Por outro lado, se uma avaliação médica padrão obtém bons resultados em uma população de não idosos, os resultadostendem a falhar na detecção dos problemas prevalentes na população idosa. Esses desafios referem-se, principalmente, às síndromes geriátricas e às doenças inaparentes com manifestações atípicas, cuja identificação é fundamental para a adequação terapêutica e para a prevenção da incapacidade nessa população. Ela faz parte do exame clínico do idoso, sendo fundamental nos pacientes portadores de multimorbidades e em uso de vários medicamentos. A avaliação clínica detalhada faz parte desse processo, devendo ser fundamentada em uma anamnese criteriosa e com peculiaridades que são indispensáveis à boa comunicação entre o médico e o paciente. Existem evidências suficientes que justificam a aplicação da AGA em pacientes idosos e dentre elas destaca-se: • Complementa a avaliação clínica tradicional e melhora a precisão diagnóstica • Define se há diminuições da capacidade e limitações das atividades, sejam elas de causa motora mental ou psíquica • Detecta problemas médicos inaparentes • Identifica o risco de declínio funcional • Avalia os riscos nutricionais • Identifica riscos de iatrogenia • Prediz desfechos desfavoráveis, como mortalidade, perda funcional e fragilização • Orienta para as medidas de preservação e restauração da saúde • Define os parâmetros de acompanhamento do paciente • Direciona para as modificações e adaptações ambientais • Define critérios para hospitalização e institucionalização. Os parâmetros avaliados pela AGA são: • Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas • Função cognitiva • Condições emocionais • Deficiências sensoriais • Capacidade funcional • Estado e risco nutricional • Condições socioambientais • Polifarmácia e medicações inapropriadas • Comorbidades e multimorbidade • Outros Os domínios cognitivos avaliados são as habilidades visuoespaciais, construtiva e a função executiva. Para a realização do teste, ofereça ao idoso um impresso com o desenho de um círculo de 11 cm de diâmetro, dando-lhe a seguinte instrução: “Aqui, temos o mostrador de um relógio. Gostaria – que o(a) Sr(a). colocasse os números dentro dele. Por favor, agora indique o horário 08 h 20 min (oito horas e vinte minutos). Será dado um ponto para o posicionamento correto dos seguintes números: 1, 2, 4, 5, 7, 8, 10 e 11 (será pontuado o número que estiver até a sua metade incluída no oitavo correspondente). Um ponto será dado para o ponteiro pequeno indicando o 11 e um ponto será dado para o ponteiro grande indicando o 10. O total máximo de pontos é 10. É o teste mais utilizado para avaliar a função cognitiva por ser rápido (em torno de 10 minutos), de fácil aplicação, não requerendo material específico. Deve ser utilizado como instrumento de rastreamento não substituindo uma avaliação mais detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação espacial, temporal, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem- nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho), não serve como teste diagnóstico, mas sim pra indicar funções que precisam ser investigadas. É um dos poucos testes validados e adaptados para a população brasileira. O teste avalia oito domínios cognitivos: memória de curto prazo; habilidade visuoespacial; função executiva; atenção, concentração e memória de trabalho; linguagem; orientação (temporal e espacial). Teste de rastreamento cognitivo que avalia os domínios: linguagem, funções executivas e memória semântica. Sofre influência da escolaridade e tem pontos de corte diferenciados para minimizar essa influência. Pontos de corte: 13 Para iniciar o teste, pede-se ao idoso que fale nomes de animais durante um minuto; controla-se o tempo e registra-se em impresso apropriado todos os nomes fornecidos pelo indivíduo. Na pontuação final serão contados todos os nomes de animais produzidos, exceto as repetições, as oposições regulares de gênero e sexo (p. ex., gato/gata conta-se 1 ponto; boi/vaca contam-se 2 pontos). Quando o sujeito recorda uma categoria e depois espécies da mesma (p. ex., pássaro – gaivota, sabiá, pardal etc.), contam-se os pontos correspondente ao número de espécies, excluindo o ponto da categoria “pássaro”. É uma escala desenvolvida especialmente para o rastreamento de sintomas depressivos em idosos. Suas vantagens incluem ser composta de perguntas de fácil entendimento, poucas opções de resposta, pode ser autoaplicada ou aplicada por um entrevistador treinado de qualquer área da saúde. Sua principal limitação é ser de difícil entendimento para os idosos com declínio cognitivo significativo. Sempre informar no inicio que são perguntas objetivas para serem respondidas com sim ou não. A MAN é um questionário breve, composto por 18 questões, que foi desenvolvido para aferir o estado nutricional de idosos frágeis com o intuito de facilitar a intervenção. É dividido em dois módulos; o primeiro se concentra nas questões de A a F, podendo ser considerado como uma triagem. Ao final deste primeiro módulo, se o escore for igual ou maior que 12 pontos, não será necessário prosseguir. Caso a pontuação seja menor ou igual a 11 pontos, faz-se necessário dar continuidade. O segundo módulo – denominado avaliação global – é composto por 12 questões (G a R), sendo 16 a pontuação máxima. O escore final da avaliação será o somatório do escore da triagem e da avaliação global, podendo totalizar o máximo de 30 pontos. O resultado permite estratificar o indivíduo na seguinte condição: ≥ 24 pontos = normal; de 17 a 23,5 pontos = risco de desnutrição; e < 17 pontos = desnutrido. A entrevista é uma estratégia de avaliação que pode revelar as influências físicas e sociais do ambiente no desempenho funcional da pessoa idosa. Esta e seus familiares e/ou cuidadores – devem ser ouvidos no momento inicial da avaliação, uma vez que a casa tem significados pessoais, e a complexidade desse ambiente muitas vezes impacta, posteriormente, no processo de adaptação ambiental. As modificações propostas pelo terapeuta ocupacional podem parecer uma solução simples para aumentar a segurança e melhorar o desempenho funcional do idoso, entretanto, muitas vezes, elas são rejeitadas ou geram insatisfação para o idoso e/ou familiares. Cabe ressaltar que a entrevista com o familiar possibilita investigar a existência ou não de suporte social, e conhecer as possíveis demandas de assistência e/ou orientação dos cuidadores em relação à utilização do contexto domiciliar. Avaliar: • Rede social • Suporte social: formal ou informal • Com quem a pessoa pode contar quando necessita de ajuda? Com qual periodicidade o paciente mantém contato com seus parentes mais próximos? • Como é a convivência com os amigos? Qual condição socioeconômica?
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