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DESCRIÇÃO O Poder Constituinte e os Princípios Fundamentais da Constituição como bases do Direito Constitucional. PROPÓSITO Compreender os conceitos e as características do Poder Constituinte Originário e do Poder Constituinte Derivado, bem como os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil e a separação dos poderes. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos a Constituição Federal de 1988, atualizada, para consulta durante seus estudos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as caraterísticas do Poder Constituinte Originário e do Poder Constituinte Derivado MÓDULO 2 Identificar os Princípios Fundamentais da Constituição, suas aplicabilidades e diferenças INTRODUÇÃO Aprenderemos sobre as características do Poder Constituinte e os Princípios Fundamentais da Constituição. Vamos diferenciar e apontar as principais características do Poder Constituinte Originário e Derivado (decorrente, reformador e revisor), assim como os principais pontos teóricos dos Princípios Fundamentais da República. Fonte: Rafapress, Tatoh / Shutterstock MÓDULO 1 Descrever as caraterísticas do Poder Constituinte Originário e do Poder Constituinte Derivado CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE O Poder Constituinte é o poder de criar ou de mudar uma Constituição. Anterior a qualquer regulamentação jurídica, é conhecido por ser a autoridade suprema de um ordenamento jurídico. De acordo com a doutrina, o poder constituinte é dividido em: PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS O Poder Constituinte Originário (PCO) inova na ordem jurídica por meio de um diploma supremo: a Constituição. De acordo com Marcelo Novelino (2016), o Poder Constituinte Originário pode ser definido, portanto, como um poder político, supremo e originário, responsável por estabelecer a Constituição de um Estado. Nesse sentido, o Poder Constituinte Originário concebe todos os outros poderes ao criar um Estado por meio da apresentação de uma nova Constituição. Define-se como “originário” por inovar na ordem jurídica e estabelecer modelos para a alteração de seu texto (Poder Constituinte Reformador e Revisor) ou na elaboração das Constituições dos Estados-membros (Poder Constituinte Decorrente). De acordo com a doutrina, o Poder Constituinte Originário manifesta-se por meio de: DELIBERAÇÃO MANIFESTAÇÃO ELABORAÇÃO DELIBERAÇÃO O “nascimento” da Constituição é o resultado da deliberação formal de um grupo (Poder Constituinte Concentrado) ou por meio de um processo informal, como o modo de vida da sociedade de um país (Poder Constituinte Difuso). MANIFESTAÇÃO Quando há a primeira manifestação do poder constituinte em uma Constituição (Poder Constituinte Histórico) ou quando ela é fruto de uma revolução (Poder Constituinte Revolucionário). ELABORAÇÃO Quando definem o conteúdo da Constituição (Poder Constituinte Material), e logo em seguida a https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps1 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps1 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps1 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps2 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps2 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps2 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps3 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps3 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps3 concretizam (Poder Constituinte Formal). A natureza jurídica do Poder Constituinte Originário enfrenta duas correntes que analisam a sua relação precedente ou posterior à existência do Estado: CONCEPÇÃO JUSNATURALISTA Considera o PCO uma autonomia de direito. Para tal concepção, mesmo que o poder anteceda à formação do Estado, existe uma base normativa que dá a ele uma fundamentação (direito natural). ATENÇÃO O Direito Natural é caracterizado pelos princípios morais e éticos que advêm da natureza humana e dos ideais de justiça, como o direito à vida, liberdade e isonomia. O Poder Constituinte é anterior ao Estado e tem a função de organizá-lo por meio da Constituição. CONCEPÇÃO JUSPOSITIVISTA Defende que não há como existir a possibilidade de se pensar o direito antes de uma preexistência do Estado. Portanto, o Poder Constituinte é tido como poder político. Importante destacar que esse é o pensamento que predomina. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Joa Souza / Shutterstock A titularidade de Poder Constituinte é da população. O povo é quem obtém o poder de elaborar os contornos normativos de um Estado, conforme previsto no art. 1º, parágrafo único, CF/88: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. A legitimidade do Poder Constituinte é dividida do ponto de vista: SUBJETIVO Relaciona-se à titularidade (povo) e ao exercício do poder (Assembleia Nacional Constituinte). OBJETIVO Relaciona-se ao equilíbrio entre o conteúdo da Constituição e os anseios dos seus titulares. Acerca do exercício do Poder Constituinte, é importante destacar as formas como ele poderá ser expresso. Existem duas possibilidades: EXERCÍCIO DEMOCRÁTICO INDIRETO O povo escolhe seus representantes, os quais serão responsáveis por elaborar o novo documento constitucional. Essa representação acontecerá mediante uma Assembleia Nacional Constituinte. A Constituição Federal de 1988 é um exemplo desse exercício democrático. EXERCÍCIO AUTOCRÁTICO A Constituição será estabelecida por meio de um indivíduo ou por um grupo de indivíduos que alcança o poder sem qualquer tipo de participação popular. Fonte: DenisProduction.com / Shutterstock O real entendimento de povo e nação é diverso. Povo é um conceito jurídico relacionado ao agrupamento humano e que mais se aproxima da nacionalidade; nação é um conceito sociológico que relaciona também o agrupamento humano, mas pela associação a laços culturais, históricos etc. A doutrina elenca como características do Poder Constituinte Originário: INICIAL Inaugura a ordem jurídica, sendo o documento base de toda a construção da ordem. ILIMITADO Não há limitação do seu poder em virtude da ordem jurídica precedente. INCONDICIONADO Não se submete a procedimentos formais. AUTÔNOMO Não se submete a procedimentos formais. PERMANENTE Não se esgota na Constituição, podendo vir a ser exercido posteriormente em virtude de novas condições políticas. Embora o Poder Constituinte Originário tenha liberdade para definir o conteúdo da Constituição, de acordo com Jorge Miranda (2000), existem limitações materiais fora do direito positivo interno, sendo elas: LIMITAÇÕES MATERIAIS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO Transcendentes Valores da sociedade se impõem à vontade do Estado (princípio da proibição do retrocesso). Imanentes Limitações referentes à soberania ou à forma do Estado. LIMITAÇÕES MATERIAIS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO Heterônomos Provenientes de outros ordenamentos jurídicos, como as obrigações estabelecidas por meio de tratados internacionais. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO Uma corrente argumenta que, por mais que a autonomia Constituinte originária não precise respeitar normas da Constituição anterior, ela deve respeitar normas precedentes, ou seja, os princípios, inclusive o princípio da vedação ao retrocesso. Na relação da Constituição com direitos precedentes, a doutrinamenciona dois itens polêmicos: DIREITO ADQUIRIDO FRENTE AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (PCO) Entende-se que não há direito adquirido mediante uma Constituição nova, visto que ela é fruto de um Poder Constituinte considerado inicial e completamente ilimitado, sob o aspecto jurídico, não se subordinando às normas determinadas pelo ordenamento anterior. A Constituição de 1988, todavia, assegura o direito adquirido com status de direito fundamental (Art. 5º, XXXVI) por opção expressa em relação às normas futuras. PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL A doutrina moderna cita a existência de um poder de legitimação acima de um Estado único, envolvendo a integração entre Estados, o pluralismo, a universalidade, como um acontecimento da globalização. No sistema brasileiro, contudo, não se admite um Poder Constituinte Supranacional. PODER CONSTITUINTE DERIVADO – CONCEITO E LIMITAÇÕES O Poder Constituinte Originário constitui outros poderes dele advindos que são limitados e observam condicionamentos. Por isso, ganha a nomenclatura de Poder Constituinte Originário ou também chamado de poderes constituídos. O Poder Constituinte Derivado (PCD) é considerado um poder de direito. Possui particularidades que limitam e condicionam sua atuação. As características desse poder constituído são: DERIVADO (2º GRAU) Deriva do originário e possui sua fundamentação na validade da Constituição originária. CONDICIONADO Condiciona-se às atribuições descritas expressa ou implicitamente no texto constitucional. SUBORDINADO (OU LIMITADO) Suas ações devem observar estritamente as limitações inseridas na Constituição, podendo sofrer controle de constitucionalidade (ex.: o controle de constitucionalidade contra emenda constitucional). javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Quando se fala em Poder Constituinte Derivado, parte-se do pressuposto de que as atribuições desse poder serão realizadas por poderes constituídos pelo originário. É importante ressaltar que esse poder se divide em três espécies: Fonte: Vanessa Volk / Shutterstock Tem o poder de alterar formalmente a Constituição, por meio de emendas, para atualizar o seu sentido e as suas disposições a novas vivências da sociedade. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Vanessa Volk / Shutterstock Revisão da Constituição depois de 5 anos de sua promulgação, conforme o Art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Já passou e não existe mais na atualidade. Fonte: Vanessa Volk / Shutterstock javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Poder originário dos Estados membros de produzirem suas próprias Constituições. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR O Poder Constituinte Derivado Reformador (PCR) advém da aprovação constante da própria Constituição para alterar o seu texto, a fim de ajustá-lo e atualizá-lo à nova dinâmica social por meio de processo legislativo legítimo (emenda constitucional). O PCR dá mutabilidade à Constituição, ou seja, não permite que seja considerada imutável, pois, se assim fosse, perderia sua harmonia com a realidade. Embora uma parte da doutrina brasileira acredite que a Constituição Federal de 1988 seja super- rígida, por conta das cláusulas pétreas, ela é considerada rígida e, dessa forma, o processo de alteração constitucional exige o cumprimento de requisitos e limites mais robustos do que a aprovação da legislação ordinária. Essa rigidez faz com que surjam limitações ao poder reformador, sendo elas: LIMITAÇÕES EXPLÍCITAS São aquelas que constam na própria Constituição de forma clara e objetiva, e que traçam as regras às quais o poder reformador deve obediência. Essas limitações se dividem em quatro categorias: Formais; Materiais; Circunstanciais; Temporais. LIMITAÇÕES FORMAIS São marcos previstos na redação constitucional, exigindo um processo legislativo formal e com quesitos bem definidos para aprovação das emendas. Podem ser classificadas em: Limitações formais subjetivas: Relacionam-se à competência para propositura de emendas constitucionais (Art. 60, caput, da CF/88). A Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Presidente da República e as Assembleias Legislativas, estas com algumas condições, possuem legitimidade para a propositura de emenda constitucional. Limitações formais objetivas: Relacionam-se à discussão, votação, aprovação e promulgação das emendas constitucionais (Art. 60, §2º). Conforme já mencionado, a CF/88 é considerada uma Constituição rígida, logo, o processo para aprovação de uma emenda constitucional é mais rigoroso do que outras normas legais. As limitações materiais constam das cláusulas pétreas (Art. 60, §4º, CF/88), que impedem o conteúdo da emenda constitucional em determinados assuntos. Quando a emenda é considerada inconstitucional nesse âmbito, deve-se buscar abolir o núcleo essencial das cláusulas pétreas. De acordo com o referido artigo, são consideradas cláusulas pétreas: CLÁUSULAS PÉTREAS (ART. 60, §4º, CF/88) Forma federativa de Estado Preservação da autonomia de organização, da legislação, do governo e da administração conferida pela CF/88 para os entes políticos da federação brasileira. Voto direto, secreto, universal e periódico Preservação da participação e do exercício do cidadão brasileiro na política de seu país. Lembre-se de que o voto obrigatório não é uma cláusula pétrea, ou seja, é capaz de ser um objeto de alteração em emendas constitucionais. Separação dos poderes Preservação dos limites impostos pela CF/88. Esta cláusula pétrea não busca uma separação rígida dos poderes, mas sim uma repartição equilibrada de competências das funções típicas e atípicas dos poderes. Direitos e garantias Preservação de direitos e de garantias tanto do Art. 5º, da CF/88, quanto de outras normas consideradas, como o princípio da CLÁUSULAS PÉTREAS (ART. 60, §4º, CF/88) individuais legalidade da administração pública e da anterioridade eleitoral. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Importante destacar que a expressão “tendentes a abolir”, do Art. 60, § 4º, não é uma proibição do constituinte à simples reformulação linguística das cláusulas ou às reformulações superficiais. É proibido apenas aquilo que pretende abolir o núcleo central do tema. Pode-se, inclusive, ampliar tais direitos. A violação a uma cláusula pétrea é considerada grave, permitindo, inclusive, a fiscalização prévia de constitucionalidade de maneira excepcional por intermédio do mandado de segurança impetrado pelo parlamentar, visando à proteção do devido processo legislativo (STF, MS 20.257- DF). ATENÇÃO Apenas as emendas Constitucionais podem sofrer controle de constitucionalidade, em razão de as normas Constitucionais originárias terem sido criadas pelo Poder Constituinte Originário. Assim entendeu o Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 815-DF. Há discussões quanto à superioridade hierárquica das cláusulas pétreas em relação aos demais dispositivos da Constituição. Ocorre que não há hierarquia em normas constitucionais originárias, porque todas foram elaboradas pelo mesmo poder Constituinte. O que acontece é uma proteção superior dentro dos assuntos considerados cláusulas pétreas, pois a um é ofertada uma “imunidade”, mas sem que haja um status hierárquico superior destes em relação às outras normas constitucionais. As limitações circunstanciais são barreiras que impedem a alteração do texto constitucional, emalgumas situações vivenciadas dentro do Estado, como o caso do Art. 60, § 1º, da CF/88, que dispõe: “a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de Estado de sítio”. Mesmo citadas pela doutrina, as limitações temporais não existem na Constituição Federal de 1988. Elas dizem respeito a momentos previamente determinados em que não é permitida a mudança do texto constitucional. Além dos limites expressamente colocados no texto constitucional, a doutrina traz uma série de limitações implícitas advindas da interpretação sistemática constitucional, sendo elas: LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS AO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR Titularidade do Poder Constituinte Não existe possiblidade de modificar a titularidade dos Poderes Constituintes Originários e Reformador, pois eles foram instituídos pela ordem inicial. O povo é o titular! Imutabilidade do Art. 60, da CF/88 Dado que o processo de reforma da Constituição foi estabelecido pelo Poder Constituinte Originário, não cabe ao derivado modificar a sua decisão. É vedado, no Direito brasileiro, a teoria da dupla revisão; a qual (proibida no Brasil) permitiria, em um primeiro momento, que a cláusula protetora fosse suprida ou modificada para que, em um segundo momento, fosse modificada a cláusula protegida. Preservação do mínimo existencial O Art. 60, § 4º, da CF/88, ao expressar como cláusula pétrea os direitos e as garantias individuais, deixa margem de dúvida quanto aos direitos sociais. Por esse motivo, a doutrina majoritária entende que, mesmo não havendo enquadramento no sobredito dispositivo, o “mínimo existencial” deva ser preservado como cláusula pétrea implícita. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre os limites ao Poder Constituinte Derivado Reformador. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR O Poder Constituinte Derivado Revisor (PCR) refere-se ao procedimento de revisão do texto constitucional. Esse poder, limitado e condicionado, foi instituído pelo Art. 3º, do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) , para ser exercitado uma única vez, após cinco anos da promulgação do Texto Constitucional, com o voto da maioria absoluta do Congresso Nacional e em sessão unicameral. De acordo com Marcelo Novelino (2016): Fonte: Shutterstock Via ordinária e permanente de modificação da Constituição (Art.60, CF/88). javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Shutterstock Consiste em uma via extraordinária e transitória de alteração do texto constitucional (Art.3º, ADCT). O Poder Constituinte Decorrente Revisor possuía algumas limitações, sendo elas: LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS AO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR Limitação temporal A revisão possuía limitação temporal de cinco anos, com base no Art. 3º da ADCT. É importante lembrar que essa é uma norma de eficácia exaurida, sendo assim não há possibilidade de ocorrer um novo procedimento revisional Limitação formal Diferentemente do Poder Reformador, o procedimento de revisão da Constituição Federal era menos rígido, já que bastava a aprovação por maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral Limitação material De acordo com a doutrina, mesmo que não previstas javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS AO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR e circunstancial expressamente, as limitações materiais e circunstanciais eram as mesmas do Poder Reformador (Art. 60, §§1º e 4º, da CF/88) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE O Poder Constituinte Derivado Decorrente (PCD) é um poder de direito, institucionalizado pela Constituição Federal de 1988, atribuído aos Estados-membros para criarem suas próprias Constituições, sendo limitado (ou subordinado), condicionado e secundário (ou de 2º grau). Os Estados possuem, mediante instituição de suas próprias Constituições, uma autonomia para se organizarem. Essa autonomia não é completamente absoluta uma vez que devem obediência à Constituição Federal de 1988. Há controvérsia na doutrina quanto à natureza do Poder Constituinte Decorrente, mais especificamente quanto à elaboração. Alguns consideram que a elaboração das Constituições estaduais se manifesta de forma inicial e inaugural nos Estados-membros, e outros que ela é uma decorrência do comando do Poder Originário. Acerca desse tema, existem três correntes na doutrina Poder Constituinte Decorrente: PRIMEIRA CORRENTE SEGUNDA CORRENTE https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps4 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps4 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps4 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps5 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps5 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps5 TERCEIRA CORRENTE PRIMEIRA CORRENTE Considera que esse poder se manifesta de forma “constituinte”. SEGUNDA CORRENTE Considera que, embora diferente do Poder Originário, ambos se assemelham quanto ao fato da elaboração de uma Constituição. TERCEIRA CORRENTE Considera que esse poder possui dupla natureza (Poder Originário e Derivado). De acordo com a doutrina, o Poder Constituinte Derivado Decorrente é dividido em: PODER CONSTITUINTE DECORRENTE INICIAL PODER CONSTITUINTE https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps6 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps6 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps6 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps7 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps7 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps7 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps7 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps7 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 DECORRENTE DE REVISÃO ESTADUAL PODER CONSTITUINTE DECORRENTE INICIAL Poder de elaboração da Constituição dos Estados-membros. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE DE REVISÃO ESTADUAL Modificação do texto da Constituição dos Estados-membros, com base nos limites das Constituições estaduais e federal. Por ter capacidade de auto-organização, a Constituição de um Estado-membro não é uma mera “cópia” da Constituição Federal de 1988, uma vez que há certa margem de liberdade “legislativa”. Entretanto, deve-se respeitar o princípio da simetria, que exige a observância de alguns parâmetros, sendo eles: PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE Princípios constitucionais sensíveis Correspondem aos elementos elencadosno Art. 34, inciso VII, da Constituição de 1988, os quais dão justificativa à ADI- Interventiva, que, julgada procedente pelo STF, permite a abertura da intervenção federal com a competência do Presidente da República (Art. 36, inciso III). https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps8 PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE Princípios constitucionais extensíveis São normas de organização da federação que, aplicáveis à União, estendem-se também aos estados, ao DF e aos municípios (ex.: regras do processo legislativo). Exemplos: Disciplina relativa à competência e organização do Tribunal de Contas (ADI 916-MT); Requisitos para criação de CPI (ADI 3.619-SP); Princípios do processo legislativo federal (ADI 3.555-MA); Quinto constitucional (ADI 4.150-SP). Princípios constitucionais estabelecidos Regras expressas no texto constitucional que incidem especificamente sobre a autonomia estadual (ex.: repartição de competências, sistema tributário nacional etc.) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Embora o PCD esteja ligado à capacidade de os Estados-membros elaborarem suas próprias constituições, é importante destacar que o Distrito Federal, apesar de editar Lei Orgânica, exerce competências de ente estadual e municipal. Por isso, entende-se que ele possui Poder Constituinte Decorrente (STF, Reclamação 3.436-STF). Quanto aos municípios, a doutrina majoritária narra que eles não podem exercer o Poder Constituinte Decorrente, pois estão sujeitos a uma dupla vinculação, ou seja, são condicionados simultaneamente à Constituição Estadual e à Constituição Federal. ATENÇÃO Os municípios editam Lei Orgânica que, em caso de incompatibilidade com uma lei ordinária, constituirá uma hipótese de crise de legalidade e não uma hipótese de inconstitucionalidade. O Poder Constituinte Decorrente é um poder que deve extrair sua legitimidade diretamente do texto da Constituição Federal, e isso não ocorreria caso tivéssemos um Poder Decorrente municipal, uma vez que está sujeito a uma dupla vinculação. Quanto aos territórios federais, a doutrina destaca que, caso venham a ser criados, eles não podem exercer o Poder Constituinte Decorrente, pois são autarquias da União e não um ente federativo, com base no Art. 2º e 18º, §2º, da Constituição Federal de 1988. DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL A nova Constituição, por ser consequência do Poder Constituinte Originário, detém superioridade hierárquica devendo todo o ordenamento jurídico ser com ela compatível, pois a Constituição Federal é o seu argumento de validez. O Direito Constitucional Intertemporal estuda os efeitos de normas jurídicas constitucionais novas, diante do ordenamento jurídico precedente. Ou seja, é o estudo das consequências jurídicas trazidas pelo Poder Constituinte Originário ao ordenamento jurídico. A edição de uma nova Constituição acarreta alguns efeitos, sendo eles: REVOGAÇÃO TOTAL DA CONSTITUIÇÃO ANTERIOR (REVOGAÇÃO POR NORMAÇÃO GERAL) A revogação é fenômeno que resulta na perda de vigência de um diploma normativo precedente. A revogação se divide quanto à forma ou quanto à extensão, podendo ser expressa ou tácita, bem como total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Na possibilidade de a nova Constituição ser editada, a revogação de todo o texto constitucional anterior será integral, não permanecendo qualquer dispositivo seu, a não ser por expressa disposição do novo ordenamento jurídico constitucional. O fenômeno da desconstitucionalização (rebaixamento das normas constitucionais anteriores ao nível infraconstitucional) não é admitido no ordenamento jurídico brasileiro por ausência de disposição nesse sentido. RECEPÇÃO DOS DIPLOMAS INFRACONSTITUCIONAIS QUE SÃO COMPATÍVEIS A nova Constituição é o fundamento único de validade de todos os outros atos normativos existentes no ordenamento jurídico. Apesar de a nova Constituição ser iniciadora do novo regramento jurídico, seria impossível haver regulação da conduta social sem um conjunto de normas. A teoria da recepção admite que toda norma infraconstitucional antecedente, que for materialmente compatível com a nova Constituição, será recepcionada e terá, portanto, aplicabilidade. Já as normas infraconstitucionais que apresentarem incompatibilidade com o texto constitucional não serão recepcionadas, ocorrendo assim o fenômeno da não recepção. Para que uma lei seja recepcionada pela nova Constituição, é necessário que ela esteja em vigor antes da edição da nova Carta Magna, não tenha sido declarada inconstitucional e tenha compatibilidade formal e material como o novo texto constitucional. Em nosso país, o vício formal não atinge a norma por incidência da regra do tempus regit actum (O tempo rege o ato) , de sorte que, quando a norma fora editada, havia compatibilidade com o processo legislativo. Caso uma norma seja materialmente compatível e formalmente incompatível, ela ainda assim será recepcionada, considerando o nível legal exigido pelo novo ordenamento (ex.: Lei Ordinária que versa sobre normas gerais de matéria tributária foi recepcionada como Lei Complementar – CTN). A doutrina, no entanto, coloca uma hipótese em que a incompatibilidade formal inviabiliza a recepção da norma: trata-se de norma que anteriormente seria de competência de um ente federativo menor (ex.: município) e passa a ser de competência de um ente federativo maior (ex.: União). Nesse caso, não haverá recepção. Caso a norma anterior à nova Constituição seja com ela incompatível, não teremos crise de constitucionalidade, mas sim o fenômeno da não recepção, inviabilizando, por exemplo, a propositura de eventual ADI ou ADC. A norma infraconstitucional deve ser analisada sob o prisma da Constituição vigente no momento de sua inserção no ordenamento jurídico. Assim entendeu o Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI 02-DF. O nosso ordenamento jurídico apenas reconhece a inconstitucionalidade quando ela for originária, ou seja, quando houver alguma edição na norma posterior ao texto constitucional, jamais quando a norma é anterior a ele. Da mesma maneira ocorre no caso de norma editada posteriormente à Constituição, porém que passa a ser incompatível com o texto de uma emenda constitucional. Não teremos, nesse caso, a hipótese de inconstitucionalidade e sim hipótese de revogação da norma antecedente, sendo incabível o uso de ADI ou de ADC. ATENÇÃO Também não existe a possibilidade de tornar supervenientemente uma norma constitucional (constitucionalidade superveniente). Sendo uma norma incompatível com o ordenamento jurídico, eventual emenda não poderá torná-la constitucional. Nesse contexto, surge um questionamento: Se a lei produzida entra em desconformidade com a Constituição vigente desde a sua edição, ela será inconstitucional. Essa inconstitucionalidade nunca fora arguida; sendo ela compatível com o novo texto constitucional, ocorrerá a recepção? Apesar de existir controvérsia, o fenômeno da recepção não é capaz de corrigir o vício que a lei possui, pois a referida lei é nula desde o seu nascimento, não produzindo, assim, efeitos. Outro aspecto também abordado é a repristinação, que corresponde à volta de uma norma revogada à sua posição em virtude da revogação da norma que a havia revogado. Para melhor entendimento: EXEMPLO Norma A é revogada pela Norma B, porém a Norma B é revogada. Logo, a Norma A poderá voltar a viger caso hajaprevisão no ordenamento jurídico. O ordenamento jurídico brasileiro apenas admite a repristinação nas hipóteses de previsão expressa (LINDB, Art. 2, §1º). Dessa forma, a Norma A só voltaria a vigorar caso fosse expresso na norma que revogou a Norma Revogadora (B). MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL A mutação constitucional, introduzida por Paul Laband (1838-1918) e desenvolvida por Georg Jellinek (1851-1911), é um procedimento informal de mudança do sentido de disposições da Constituição. Enquanto na emenda constitucional (Art. 60, da CF/88), Poder Constituinte Derivado Reformador, há uma mudança formal, a mutação se manifesta sem alteração do texto. Logo, o texto constitucional continuará o mesmo, mudando apenas a sua interpretação. Ou seja, é o mesmo texto, mas com evolução de sentidos. Fonte: Wikipédia Georg Jellinek O texto passará a ser interpretado conforme a realidade atual na qual ele está inserido. A mutação constitucional surge como fruto da dinâmica social, das construções judiciais, de novos costumes constitucionais etc. Logo, caracteriza-se como uma mudança de sentido lenta e gradual. Não há declaração de inconstitucionalidade, mas apenas mudança de interpretação. Fonte: Daniel Jedzura / Shutterstock EXEMPLO Um dos recentes exemplos que configura a mutação constitucional foi a interpretação originária do Art. 226, § 3º, da Constituição Federal de 1988, alegando que o casamento só poderia ocorrer mediante conjunção do homem e da mulher. A partir de mutação constitucional, passou-se a entender que o dispositivo constitucional também permite a união homoafetiva. Quanto à legitimidade da mutação, ela está relacionada aos limites textuais contidos no dispositivo que está sendo interpretado. Não é possível mudanças que alterem ou extrapolem o sentido do texto (ex.: outra hipótese de pena de morte). Caso ocorra essa mudança, ela será ilegítima por afrontar o núcleo da norma constitucional. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO É AQUELE QUE INSTAURA UMA NOVA ORDEM JURÍDICA POR MEIO DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Inicial, por inaugurar uma nova ordem jurídica. Porém, ele deverá respeitar os direitos adquiridos pela antiga Constituição. B) Ilimitado, por não haver nenhum tipo de limitação do seu poder. Esta qualidade não obriga o novo constituinte de respeitar os direitos adquiridos pela antiga Constituição. C) Condicionado, por ter que respeitar as atribuições descritas de forma expressa pela última Constituição. D) Permanente, mas poderá ser proibido de atuar novamente, caso haja uma norma constitucional proibitiva nesse sentido. E) Limitado aos atos jurídicos perfeitos anteriormente constituídos. 2. O PODER CONSTITUINTE DERIVADO, POR DERIVAR DO ORIGINÁRIO, POSSUI PODERES CONDICIONADOS E SUBORDINADOS AO TEXTO CONSTITUCIONAL. ELE SE MANIFESTA POR MEIO DOS PODERES REFORMADOR, REVISOR E DECORRENTE. QUANTO A ESSES PODERES, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) O Poder Constituinte Reformador é exercido pelo Poder Legislativo, pelas emendas constitucionais. Por ser derivado, ele deve respeito ao texto constitucional. Assim, deverá respeitar apenas as limitações explícitas, uma vez que a Constituição brasileira de 1988 é imutável e rígida. B) O Poder Constituinte Revisor estipulava que a Constituição fosse revisada cinco anos após a sua promulgação. De acordo com a doutrina, essa característica se refere a uma limitação formal uma vez que esse prazo está fixado na ADCT. C) O Poder Constituinte Decorrente garante aos Estados-membros a elaboração de suas próprias Constituições. Porém, para que a Constituição seja elaborada, ela deverá respeitar os princípios sensíveis, extensíveis e estabelecidos da CF/88. D) O Poder Constituinte Decorrente garante aos munícipios a edição de uma Constituição municipal, devendo respeitar os mesmos princípios fixados aos Estados-membros. E) O Poder Constituinte Reformador não precisa respeitar o mínimo existencial. GABARITO 1. O Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica por meio de uma nova Constituição. Sobre as características do Poder Constituinte Originário, assinale a alternativa correta: A alternativa "B " está correta. Uma das características do Poder Constituinte Originário (PCO) é ele ser “ilimitado”. Isso se refere à independência de limites previamente definidos. Por não estar “preso” a normas anteriores, o PCO não é obrigado a respeitar os direitos adquiridos advindos da última Constituição. 2. O Poder Constituinte Derivado, por derivar do Originário, possui poderes condicionados e subordinados ao texto constitucional. Ele se manifesta por meio dos poderes Reformador, Revisor e Decorrente. Quanto a esses poderes, é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. O Poder Constituinte Derivado Decorrente possibilita a edição de Constituições estaduais aos Estados-membros. Esse poder não é inicial, ilimitado, autônomo, incondicionado e permanente. Sendo assim, deverá respeitar alguns parâmetros da Constituição Federal, como os princípios sensíveis, extensíveis e estabelecidos. MÓDULO 2 Princípios Fundamentais da Constituição PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES (ART. 1º, CAPUT, DA CF/88) Os princípios estruturantes são normas que criam e indicam as diretrizes básicas de toda a ordem constitucional. Eles representam a vontade do Poder Constituinte Originário quanto à forma e organização do Estado brasileiro. As diretrizes fundamentais informadoras da ordem constitucional brasileira, de acordo com o Art. 1º, da Constituição Federal de 1988, são: TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Princípios estruturantes (Art. 1º, caput, da CF/88) I – Princípio republicano II – Princípio federativo III – Princípio do Estado democrático de direito Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO REPUBLICANO O princípio republicano é a forma de governo que transfere o poder para o povo. Historicamente, a república “nasceu” com o advento da Revolução Francesa. No Brasil, ela foi proclamada em 15 de novembro de 1889 com o afastamento da dinastia Bragança, sendo incorporada na Constituição de 1891. Embora a república tenha sido considerada como cláusula pétrea na Constituição de 1891, a Constituição Federal de 1988 não adota esse entendimento. Lembrando que ela integra o texto constitucional como um princípio sensível (Art. 34, VII, “a”). Por muito tempo, a forma de governo mais utilizada pelos países foi a monarquia. Ela tinha como características a hereditariedade do poder, a vitaliciedade e a irresponsabilidade jurídica do governante. O poder era atribuído ao rei, sendo que ele não tinha a obrigação de prestar contas de seu governo à sociedade. A república foi a resposta da sociedade em face ao governo monárquico. Ela foi o contragolpe da burguesia contra a monarquia, tendo em vista que os governantes buscavam o benefício de um pequeno grupo e não da sociedade em geral. Entre os movimentos que inspiraram o “surgimento” e a adoção dessa forma de governo, pode-se citar a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Americana (1776). Importante destacar a Constituição norte-americana de 1776, que além de integrar a forma federativa em seu texto, foi a primeira Constituição escrita da história. Esses marcos foram usados, como exemplo, para outros países que buscavam a emancipação da monarquia. Podemos citar como características da república: Representatividade: É a representação do povo por um governante (chefe de Estado). Temporariedade: É o lapso temporal que o governante terá no poder, assim como também a sua alternância com outros. Responsabilidade: É a responsabilidade que o chefe de Estado tem para com o seu governo, podendo, inclusive, ser responsabilizado politicamente, civilmente e penalmente pelos atos praticados. A república garante a presença da população na política, tanto de forma direta(eleição do governante) como indireta (prestação de contas). Na república, o governante não precisa ter “sangue real” porque o governo tem caráter temporário ou transitório. PRINCÍPIO FEDERATIVO O princípio federativo é uma forma de Estado que institui um governo central aliado aos governos regionais, tendo a população mais de uma esfera de poder em seu território. Historicamente, o federalismo surgiu com um pacto entre os estados que cederam sua soberania, mas não sua autonomia, para o governo central. No Brasil, a federação surgiu após o rompimento (desagregação) do Estado unitário. De acordo com o Art. 60, § 4, I, da Constituição Federal de 1988, a forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea. Importante lembrar que a república não é considerada como cláusula pétrea. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o princípio da indissolubilidade do pacto federativo. De acordo com Marcelo Novelino (2016), esse princípio tem por finalidade conciliar a descentralização do poder político com a preservação da unidade nacional. Esse princípio é consubstanciado no texto constitucional ao destacar que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Esse princípio veda o direito de secessão dos Estados-membros, uma vez que o Estado é formado pela união indissolúvel de todos os entes federativos. O direito de secessão é o ato de separação do Estado-membro do país. Esse fenômeno é vedado pela Constituição Federal de 1988, sendo até mesmo uma causa de intervenção federal (Art. 34, I, da CF/88). PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO O princípio do Estado democrático de direito é um modelo de Estado que busca a democracia, a garantia e a efetividade dos direitos fundamentais. Historicamente, o Estado democrático de direito surgiu após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na Constituição Federal de 1988, esse modelo de Estado é garantido pelo princípio democrático exposto no caput do Art. 1º ao determinar que o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos. O Estado democrático de direito também é garantido por outros instrumentos democráticos, como o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular e a ação popular. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (ART. 1º, I, II, III, IV, V E VI, DA CF/88) Fonte: Rocharibeiro / Shutterstock Os fundamentos da República Federativa do Brasil são considerados valores essenciais que compõem a estrutura do país. Eles atuam de forma direta, como quando fundamentados em um caso concreto, e de forma indireta, como um guia de diretrizes para outras normas, sendo eles: TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Fundamentos da República (Art. 1º, I, II, III e IV, da CF/88) I – A soberania II – A cidadania III – A dignidade da pessoa humana IV – Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal SOBERANIA Descrita no Art. 1º, I, da Constituição Federal de 1988, refere-se à soberania do conjunto formado pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. Antigamente, esse termo se referia ao poder do governante para com o seu povo (âmbito interno) e não à independência do Estado perante os outros países, internacionalmente (âmbito externo). Ao longo dos anos, a soberania passou a ter um novo conceito, dividido em supremo (ilimitado, não devendo obediência a outro poder interno) e independente (independência internacional, não tendo de obedecer a regras de outros países). De acordo com a doutrina, esse conceito ainda pode ser dividido em soberania externa (independência externa) e soberania interna (supremacia em seu território). ATENÇÃO A doutrina destaca uma nova visão desse princípio, sendo pautada entre a soberania do Estado e as ideias formadas pelo constitucionalismo globalizado. Essa ideia é pressuposta do Poder Constituinte Supranacional. CIDADANIA A cidadania, descrita no Art. 1º, II, da Constituição Federal de 1988, refere-se à participação política dos cidadãos no país. Ela está ligada à capacidade eleitoral ativa, passiva e em outras formas de participação na área política (ex.: plebiscito e referendo). ATENÇÃO A cidadania exposta, nesse artigo, abrange tanto os direitos políticos quanto os direitos e deveres fundamentais. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Descrita no Art. 1º, III, da Constituição Federal de 1988, designa-se como um valor constitucional supremo e uma diretriz para todas as outras normas (em âmbito federal, estadual, distrital e municipal). Esse princípio foi uma resposta aos eventos da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente quanto às ações cruéis, banais e desumanas do fascismo e do nazismo. Esses acontecimentos trouxeram em voga, à população mundial, o debate de proteção de todas as pessoas, independentemente do sexo, do gênero, da cor, da classe social etc. Por ter caráter jurídico, Marcelo Novelino (2016) aduz que esse princípio reforça, ainda, o reconhecimento de que a pessoa não é simplesmente um reflexo da ordem jurídica, mas, ao contrário, deve constituir o seu objetivo supremo. Ele é considerado uma qualidade intrínseca do ser humano, independentemente de estar previsto ou não no ordenamento jurídico. A dignidade da pessoa humana atribui ao Poder Público a sua prestação com base nos deveres de respeito, proteção e promoção: DEVER DE RESPEITO https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps9 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps9 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps9 DEVER DE PROTEÇÃO DEVER DE PROMOÇÃO DEVER DE RESPEITO Proibição de ações atentatórias à dignidade da pessoa humana. A prática que atenta contra a vida digna é caracterizada como um instrumento para se atingir um objetivo, como os campos de concentração da Alemanha nazista que tinham, como escopo a morte de pessoas que não fossem de linhagem ariana. Esse dever preconiza que tanto o Poder Público quanto os particulares respeitem as pessoas, independentemente das diferenças entre elas. DEVER DE PROTEÇÃO Defesa contra atos que atentem à dignidade da pessoa humana. Essa defesa deverá estar consubstanciada em normas editadas pelo Poder Legislativo, como leis que criminalizam determinadas atitudes que atentam contra uma pessoa por razão de sexo, cor, idade etc. (ex.: crime de racismo e feminicídio). DEVER DE PROMOÇÃO Adoção de medidas que viabilizem o acesso à vida digna, por meio de bens e utilidades. Importante destacar a atuação positiva do Estado para a concretização dessas medidas, por meio de saúde, educação, trabalho, lazer, moradia, transporte, previdência social, elaboração de leis, https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps10 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps10 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps10 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps11 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps11 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps11 segurança pública etc. Com base no entendimento doutrinário, o princípio da dignidade da pessoa humana possui uma tripla dimensão normativa: DIMENSÃO NORMATIVA (ART. 1º, III, DA CF/88) METANORMA Princípio como uma diretriz hermenêutica, ou seja, ele deverá ser observado e consubstanciado na criação de outras normas de qualquer tipo, como trabalhista (vedação do trabalho escravo) e penal (crimecontra o racismo). PRINCÍPIO Ligado ao sentido de imposição ao Poder Público de garantir todos os meios necessários de uma vida digna à população em todo o seu território. REGRA Ligado ao sentido de imposição, tanto ao Poder Público quanto os particulares, em impedir ações atentatórias à dignidade da pessoa humana. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre o conteúdo da dignidade da pessoa humana. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA O Art. 1º, IV, da Constituição Federal de 1988, reconheceu tanto os valores sociais do trabalho e a livre iniciativa como fundamento da República Federativa do Brasil. Para melhor compreensão, é necessário estudar cada um isoladamente. Fonte: Photographee.eu / Shutterstock Os valores sociais do trabalho impedem a concessão de privilégios econômicos indevidos, uma vez que o trabalho é imprescindível à promoção da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, os valores sociais do trabalho defendem o trabalho humano com base na vida digna e no mínimo existencial. EXEMPLO O empregador deverá prover um ambiente de trabalho com condições dignas de laboração e com uma justa remuneração para o empregado. Esse princípio é observado e reconhecido, na Constituição Federal de 1988, nos seguintes artigos: ARTIGO 6º javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps12 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps12 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps12 ARTIGOS 7º, 8º, 9º E 11 ARTIGO 6º Reconhecimento do trabalho como um direito social; o Estado deverá agir de forma positiva em sua concretização para com a população em todo o seu território. ARTIGOS 7º, 8º, 9º E 11 Reconhecimento dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, do sindicato, direito de greve, participação dos trabalhadores e empregados nos colegiados dos órgãos públicos e representantes dos trabalhadores. Os valores sociais do trabalho protegem as relações trabalhistas contra a exploração ou trabalho forçado, dos maiores e menores de idade. A liberdade de iniciativa consubstancia o ideal do liberalismo econômico. Ele respeita a liberdade de empresa e de contrato ao privilegiar o modelo capitalista. Contudo, deverá prezar a existência digna do trabalhador, considerando o local de trabalho, a remuneração e o horário laboral conforme os valores sociais do trabalho. Esse princípio é observado e reconhecido, na Constituição Federal de 1988, no seguinte artigo: ARTIGO 170 Reconhecimento como princípio informativo e fundante da Ordem Econômica do Brasil. Nesse artigo, é assegurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização dos órgãos públicos, salvo casos dispostos em lei. Para que a liberdade de iniciativa seja considerada como legítima, é necessário que ela esteja atenta aos meios para esse fim, ou seja, o equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores fixados pela Constituição Federal de 1988, e por lei, assim como também os lucros e sua própria https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps13 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps13 https://stecine.azureedge.net/repositorio/poder_const_e_principios_fundamentais_da_const/index.html#collapse-steps13 realização pessoal e profissional. O equilíbrio exposto na Constituição entre livre iniciativa e os valores sociais do trabalho destaca o afastamento de um estado absenteísta, como no modelo do liberalismo, já que o Estado não pode simplesmente se abster de proteger os valores do trabalho. PLURALISMO POLÍTICO O pluralismo político não está ligado apenas à ideia dos direitos políticos, mas sim à pluralidade da sociedade brasileira. Assim, o pluralismo determina que a sociedade seja um ambiente em que a diversidade e as liberdades sejam respeitadas de forma ampla. Logo, ele se consubstancia no respeito à pessoa humana e à sua liberdade. Fonte: alexmak7 / Shutterstock Essa pluralidade é vista na Constituição Federal de 1988, em alguns artigos, como: PLURALISMO PARTIDÁRIO (Art. 17, da CF/88) PLURALISMO RELIGIOSO (Art. 19, da CF/88) PLURALISMO ECONÔMICO (Art. 170, da CF/88) PLURALISMO CULTURAL (Art. 215 e 216, da CF/88) PLURALISMO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO (Art. 206, III, da CF/88) O pressuposto de uma sociedade plural nasce da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, é garantido a todos a construção de uma identidade própria, ou de um grupo, com base na liberdade e na igualdade, sendo vedada a exclusão ou intolerância contra eles. Fonte: Prostock-studio / Shutterstock A construção da pluralidade de pensamentos, ideais ou crenças de uma pessoa ou de um grupo não é um princípio absoluto. Ele poderá ser ponderado com outros princípios caso ocorra algum conflito de normas em um caso concreto. De acordo com a doutrina, o pluralismo político possui um sentido amplo formado por: SENTIDO AMPLO DO PLURALISMO POLÍTICO Pluralismo econômico Economia de mercado e de concorrência entre as empresas. SENTIDO AMPLO DO PLURALISMO POLÍTICO Pluralismo político- partidário Existência dos diversos partidos ou movimentos políticos. Pluralismo ideológico Diversidade de orientações de pensamento e de opinião pública. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES (ART. 2º, DA CF/88) Fonte: Diego Grandi / Shutterstock O princípio da separação dos poderes, descrito no Art. 2º, da Constituição Federal de 1988, celebra o “sistema de freios e contrapesos”. Esse princípio preconiza que nenhum dos poderes ultrapasse os limites estabelecidos pela Constituição sem que seja contido pelos outros. Não se trata propriamente de uma separação estanque de poderes, mas de que as funções estatais estão divididas entre eles. De acordo com Montesquieu, com base nos estudos de John Locke (1632-1704), quem está no poder, geralmente, tende a abusar de suas prerrogativas. Logo, seria necessário que outros poderes limitassem qualquer ato que exorbitasse a sua esfera de competência para impedir abusos. Os estudos desse filósofo inspiraram Constituições de países da Europa e da América. Fonte: Wikipedia Montesquieu – Criador da teoria de separação dos poderes. A Constituição Brasileira de 1988 celebra a separação dos poderes, ao destacar que eles são independentes e harmônicos entre si. A independência da qual se trata esse artigo se refere à garantia de que nenhum poder exorbitará suas competências em face do outro, evitando assim supostos abusos. A harmonia refere-se ao respeito às prerrogativas atribuídas a cada um dos poderes. ATENÇÃO A Constituição Federal de 1988 consagrou esse princípio em seu texto, além de protegê-lo de eventuais modificações à Constituição ao torná-lo uma cláusula pétrea. DIVISÃO DE PODERES NA CONSTITUIÇÃO A República Federativa do Brasil adota o modelo de três poderes: PODER LEGISLATIVO É o órgão responsável por legislar e exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo (função típica). Cada ente da federação possui um órgão específico para legislar, como o Congresso Nacional (União), Assembleias Legislativas (Estados), Câmara Distrital (Distrito Federal) e Câmara Municipal (municípios). A atuação desse poder na União é feita pelo sistema bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal), e pelo sistema unicameral nos estados (Assembleia Legislativa), Distrito Federal (Câmara Distrital) e municípios (Câmara Municipal). Além dessas funções, o Poder Legislativo desempenha funções administrativas pela Câmara dos Deputados e peloSenado Federal (Art. 51, IV e 52, III, da CF/88) ao desfrutar sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias e licenças a servidores, e funções jurisdicionais, quando o Senado Federal julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (Art. 52, I, da CF/88). PODER EXECUTIVO É exercido por meio do Chefe de Estado e Chefe do Governo. Atualmente, no Brasil, o sistema de governo adotado é o presidencialismo. De acordo com esse sistema, é o presidente que exerce os atos de chefia do Estado e do governo. Portanto, compete ao Presidente da República representar o Brasil nas relações internacionais, liderar e formular políticas públicas, econômicas e sociais para a população. No âmbito dos estados, quem representa o Poder Executivo é o governador do estado, no Distrito Federal, o governador distrital, e nos municípios, o prefeito. Além dessas funções, o Poder Executivo desempenha funções de natureza legislativa, quando o Presidente da República adota medida provisória, com força de lei (Art. 62, da CF/88), e natureza jurisdicional ao julgar e apreciar defesas e recursos administrativos. PODER JUDICIÁRIO É o órgão responsável por julgar (função jurisdicional), manifestando o direito no caso concreto e acabando com os enfrentamentos levados até ele. Diferentemente dos outros poderes, o Judiciário é uno e indivisível. Logo, sua atuação não se restringe apenas no âmbito federal, estadual e municipal. Os tribunais de Estado fazem parte da repartição de competência dos órgãos jurisdicionais (Art. 92, da CF/88). Além dessa função, o Poder Judiciário desempenha função legislativa ao elaborar regimento interno de seus tribunais (Art. 96, I, “a”, da CF/88), e executiva ao administrar, atribuir licenças e férias aos magistrados e serventuários (Art. 96, I, “f”, da CF/88). Entre as funções atípicas realizadas pelo Judiciário, a doutrina destaca o controle de políticas públicas elaboradas pelo Poder Executivo. Quanto a essa possibilidade, há um dissenso entre os doutrinadores. Alguns alegam que é possível, segundo o princípio da inafastabilidade da jurisdição (ex.: indivíduo que não consegue acesso a remédios de diabetes e pleiteia o medicamento no Poder Judiciário por ter seu direito à vida e saúde lesados); outros alegam não ser possível, segundo o princípio da separação dos poderes (ex.: a fixação e execução das Políticas Públicas são competências do Poder Executivo. Logo, caso o Poder Judiciário execute de modo distinto daquilo que foi elaborado, por meio de decisões judiciais como a de medicamentos, ele usurpará competências fixadas na CF/88 e dará fins distintos aos recursos previamente alocados pelo Poder Público). Congresso Nacional do Brasil, sede do Poder Legislativo Fonte: Cacio Murilo / Shutterstock Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo Fonte: Cacio Murilo / Shutterstock Palácio do Supremo Tribunal Federal, sede do Poder Judiciário Fonte: Cacio Murilo / Shutterstock ATENÇÃO De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, esses poderes possuem funções típicas e atípicas. Cada um possui uma função regular para a qual foi criado, porém a Constituição lhes outorga o exercício de funções extraordinárias. Além disso, os poderes exercem controle entre si a fim de impedir eventuais excessos. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS (ART. 3º, DA CF/88) Os objetivos fundamentais, expostos no Art. 3º, da Constituição Federal de 1988, buscam a efetivação dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Considerados como valores estruturantes do Estado brasileiro, os objetivos são metas a serem perseguidas pelo país, são eles: TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Objetivos fundamentais (Art. 2º, I, II, III e IV, da CF/88) I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – Garantir o desenvolvimento nacional; III – Erradicar a pobreza e a marginalização; IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA Legitimidade do Estado em adotar políticas afirmativas que visem o equilíbrio social. GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL Dever do Estado que se concretiza por meio de programas governamentais relacionados à indústria privada e a empregos. ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS Acesso da população a níveis considerados mínimos e dignos para a subsistência humana. PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO Proteção e respeito às diferenças, seja por origem, raça, sexo, cor, idade ou outras formas. PRINCÍPIOS REGENTES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (ART. 4º DA CF/88) Os princípios que regem o país nas relações internacionais, expostos no Art. 4º da Constituição Federal de 1988, servem como parâmetro e diretrizes a serem observados pelo Brasil em relações com outros países ou organismos internacionais. TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Princípios internacionais (Art. 3º, da CF/88) I – Independência nacional; II – Prevalência dos direitos humanos; III – Autodeterminação dos povos; IV – Não intervenção; V – Igualdade entre os estados; VI – Defesa da paz; VII – Solução pacífica dos conflitos; VIII – Repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX – Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X – Concessão de asilo político. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL Consagra o Brasil como um país independente e soberano no plano externo. Juntamente com o princípio fundamental da soberania (Art. 1º, I, da CF/88), esse princípio reafirma a soberania interna do país em governar e legislar de acordo com seus interesses. Embora parecidos, o princípio fundamental da soberania se difere da independência nacional. Enquanto o primeiro se refere à soberania interna e externa do país, o segundo se refere ao dever do país de se guiar nas relações internacionais conforme seus próprios interesses e ao respeito para com os outros Estados soberanos. PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS Reafirma o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana ao se guiar, tanto no plano interno quanto no externo, na defesa de uma vida digna e sem discriminação. Esse princípio impõe dois deveres ao Brasil. Um relacionado à integração de documentos internacionais – como, por exemplo, tratados e convenções – referentes aos direitos humanos no ordenamento jurídico do país, e o outro relacionado a uma posição ativa e militante na promoção dos direitos humanos em qualquer relação internacional, seja na promoção de tratados, convenções, reuniões ou eventos. PRINCÍPIO DA AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS Impõe ao país o dever de respeitar o sistema político, econômico, social e cultural de outros países. Ele garante às nações, e ao próprio Brasil, o direito de se autogovernar e realizar suas próprias escolhas sem o consentimento ou a intervenção de outros. A autodeterminação dos povos está materializada como um princípio e um objetivo no Art. 1º, da Carta das Nações Unidas (1945). PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO Impõe ao país o dever de se abster em assuntos políticos, econômicos, sociais e culturais de outros países. Essa abstenção deve ser tanto de forma direta quanto interna. Em algumas situações, com a autorização do Conselho de Segurança da ONU, as nações admitem a “intervenção humanitária”, que visa à proteção e garantia dos direitos humanos em um país, mesmo sem sua autorização. PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS ESTADOS Impõe ao Brasil o dever de buscar a igualdade de tratamento jurídico a todos os outros países. De acordo com doutrina, ela pode ocorrer de três formas: por meio da igualdade formal (dever igualitário dos países perante os órgãos judiciais internacionais), legislativa (relacionadoao vínculo de responsabilidade do Estado com as obrigações internacionais por ele consentida) e existencial (reconhecimento da existência do país, tanto em suas escolhas internas quanto externas). PRINCÍPIO DA DEFESA DA PAZ Visa ao convívio equilibrado do Brasil com as nações. Para que isso ocorra, o Brasil deverá se abster de conflitos armados e promover medidas que viabilizem a paz mundial. Caso ocorra algum conflito armado, o país deverá acionar os sistemas de segurança pública ao invés de uma intervenção direta ou indireta. A defesa da paz está materializada como um princípio e um objetivo no Art. 1º da Carta das Nações Unidas (1945). PRINCÍPIO DA SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS Estabelece que o Brasil, se possível, resolva seus conflitos externos sem o uso de conflitos armados, por meio de medidas pacíficas para a resolução de suas contendas. Essas medidas são especificadas pela ONU, como negociação, inquérito, solução judicial, arbitragem etc. PRINCÍPIO DO REPÚDIO AO TERRORISMO E AO RACISMO Impõe ao Brasil uma postura militante voltada à promoção da dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos nas relações internacionais. O terrorismo e o racismo são dois exemplos de intolerância motivada por um tipo de ideal que promove a dominação de um povo por razões políticas ou raciais. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS PARA O PROGRESSO DA HUMANIDADE Serve como diretriz nas relações internacionais do Brasil e os outros países ao firmarem um acordo de cooperação de desenvolvimento mútuo. Logo, a cooperação objetivará, além do desenvolvimento dos países, o progresso da humanidade. PRINCÍPIO DA CONCESSÃO DE ASILO POLÍTICO Garante a proteção de estrangeiros, em território brasileiro, perseguidos pelo seu país de origem por questões políticas. Embora seja um princípio fundamental, o Estado brasileiro, com base na soberania, não é obrigado a conceder asilo político. Um exemplo de concessão de asilo político em território brasileiro é o caso do italiano Cesare Battisti. O então presidente Luís Inácio Lula da Silva havia deferido asilo político para ele sob o fundamento de soberania nacional. Entretanto, em 2018, o então presidente Michel Temer revogou a sua condição de refugiado e expediu um decreto de extradição. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DE ACORDO COM A DOUTRINA, A REPÚBLICA, A FEDERAÇÃO E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, DISPOSTOS NO ART. 1º, CAPUT, DA CF/88, SÃO CONSIDERADOS COMO PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES. ESTES, SÃO CONSIDERADOS COMO DIRETRIZES FUNDAMENTAIS INFORMADORAS DE TODA A ORDEM CONSTITUCIONAL. SOBRE O ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) O princípio federativo, considerado como forma de governo, é o vínculo entre os Estados- membros e o ente central. B) O princípio republicano, forma de governo, além de ter previsão no Art. 1º, da CF/88, também é considerado como uma cláusula pétrea. C) O Estado democrático de direito surgiu após os eventos tiranos da Segunda Guerra Mundial como forma de garantir a soberania popular, a supremacia da Constituição e a efetivação dos direitos fundamentais e da democracia. D) O princípio federativo, considerado como forma de governo, além de ter previsão no Art. 1º, da CF/88, também é considerado como uma cláusula pétrea. E) O princípio republicano, forma de Estado, coloca o poder nas mãos do povo. 2. ENTRE OS PRINCÍPIOS REGENTES DA RELAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA: A) O princípio da prevalência dos direitos humanos impõe ao país o dever de respeito aos outros países, sendo vinculado ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. B) O princípio da não intervenção impõe o dever de abstenção total em conflitos internacionais, mesmo nos casos de violação aos direitos humanos. C) O princípio da erradicação da pobreza e da marginalização impõe ao Brasil o dever de colaborar para a subsistência digna da população mundial. D) O princípio da concessão de asilo político não é absoluto, podendo o país negar o pedido de asilo do estrangeiro. E) O princípio da preservação da paz permite que um governo intervenha diretamente em outro país, visando assegurar a paz. GABARITO 1. De acordo com a doutrina, a República, a Federação e o Estado democrático de direito, dispostos no Art. 1º, caput, da CF/88, são considerados como princípios estruturantes. Estes, são considerados como diretrizes fundamentais informadoras de toda a ordem constitucional. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta: A alternativa "C " está correta. Considerado como um princípio estruturante, o Estado democrático de direito surgiu após a Segunda Guerra Mundial, tendo como características o retorno do poder ao povo e a garantia tanto dos direitos fundamentais quanto da democracia. Atualmente, esse princípio está disposto no Art. 1º, caput, da CF/88. 2. Entre os princípios regentes da relação internacional do Brasil, assinale a afirmativa correta: A alternativa "D " está correta. De acordo com o Art. 4º, X, da Constituição Federal de 1988, a concessão de asilo político é considerada um princípio regente das relações internacionais. Como nenhum princípio é absoluto, o Brasil poderá negar o pedido de concessão de asilo político de estrangeiro. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, aprendemos sobre o Poder Constituinte Originário, Derivado, os Princípios Fundamentais e o Princípio da Separação dos Poderes. Como vimos, a criação da Constituição Brasileira de 1988 foi o resultado do Poder Constituinte Originário e a sua manutenção, atualmente, está a cargo do Poder Constituinte Derivado. Por meio dele, as normas constitucionais foram revisadas (Poder Constituinte Revisor), são respeitadas pelos Estados-membros (Poder Constituinte Derivado Decorrente) e reformadas pelas Emendas Constitucionais (Poder Constituinte Reformador). Além disso, compreendemos as nuances dos princípios fundamentais elencados nos primeiros artigos da Constituição Federal, como os princípios estruturantes (Art. 1º, caput, da CF/88), que são diretrizes fundamentais informadoras da ordem constitucional brasileira; os fundamentos da república (Art. 1º, I, II, III e IV, da CF/88), que são considerados como valores essenciais do Brasil; os objetivos da república (Art. 3º, da CF/88), que são considerados valores estruturantes do Estado brasileiro; e os princípios que regem as relações internacionais do Brasil (Art. 4º, da CF/88). Compreendemos, também dentro do tema de princípios fundamentais, a separação dos poderes, disposta no Art. 2º, da CF/88, que são limites estabelecidos pela Constituição Brasileira de 1988 ao Poder Legislativo, Executivo e Judiciário, e as funções típicas e atípicas de cada um deles. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. BONAVIDES, P. Do estado liberal ao estado social. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MIRANDA, J. Manual de direito constitucional. 2. ed. Coimbra: Editora Coimbra, 2000. NOVELINO, M. Curso de direito constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. TEMER, M. Elementos de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. EXPLORE+ Sobre o princípio federativo e o Poder Constituinte, confira o texto Federalismo e poder constituinte: a situação dos municípios e do Distrito Federal, de Rafael de Lazari. Assista ao debate Dignidade da pessoa humana e constitucionalismo global, realizado por Debates Virtuais com a presença do ministro do STF, Luís Roberto Barroso. CONTEUDISTA Marcílio da Silva Ferreira Filho CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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