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Teoria Geral do Direito Constitucional - Estudar

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Teoria Geral do Direito Constitucional
Aluno: Giêr Monteiro Memória
A ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO CONSTITUCIONAL
            O Direito Constitucional surge no final do século XVIII momento em que o Estado estava firmemente consolidado como forma de organização típica da comunidade política, tanto na Europa Ocidental como na América do Norte. Como conseqüência deste fato, a realidade estatal é configurada, desde o princípio, como o marco do Direito Constitucional. 
            O Estado deve ser considerado, deste modo, como uma realidade concreta na base de formação do Direito Constitucional e assim está colocado até este momento.
            O conceito de Estado e categorias afins – como o Estado Nacional ou Soberania Estatal – são conceitos anteriores ao Direito Constitucional.
Na antiguidade a característica predominante era o governo único para governar as cidades-estados, como no Império Grego e Império Persa até o Império Romano onde tem início uma nova ordem, a ordem estatal.
            A característica da Idade Média era o Regime feudal marcado pela concentração de riquezas e pelo predomínio do Direito Romano.
            Na Idade Moderna há a predominância do Estado Absolutista caracterizado pelo Poder ilimitado do Rei.
            Após a Idade Moderna verifica-se a predominância do Estado Liberal, onde o Estado se encontra sujeito ao império da lei; predomínio da economia privada, do Direito Privado. É com o Estado Intervencionista, em face das múltiplas atividades que o Estado passa a exercer. 
É no artigo 16, da DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO de 26 DE AGOSTO DE 1789 (surgida com a Revolução Francesa), que aparece o indicativo do que se passaria a entender como Constituição dali para frente: Toda sociedade na qual a garantia dos direitos não for assegurada, nem a repartição dos poderes determinada, não tem constituição. Ou seja, constituição passaria a ser um documento que assegurava a garantia dos direitos e determinava a repartição dos poderes. 
Nesta mesma linha seguiu a primeira Constituição Brasileira, a de 1824, na qual se vislumbra já a idéia de norma materialmente constitucional:
 Art. 178. E' só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinarias. (grifo nosso).
            Na França a Assembléia Constituinte Francesa determinou em 26 de setembro de 1791, que as faculdades de Direito que ministrassem aulas sobre a Constituição, com o objetivo de propagar na juventude o sentimento de liberdade, igualdade e fraternidade. Tomando a iniciativa a Faculdade de Paris inserindo a cadeira de Direito Constitucional na sua grade curricular somente em 1834.
Direito Constitucional:
CONCEITO:
Para Uadi Lammego Bulos (2007, p. 2) Direito Constitucional:
É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados. (noção resumida)
É a parcela da ordem jurídica que compreende a ordenação sistemática e racional de um conjunto de normas supremas encarregas de organizar a estrutura do Estado e delimitar as relações de Poder.
# ambos se completam            
João Ribeiro Jr. (2002, p.60) conceitua:
Direito Constitucional é o ramo do Direito público que estuda os fundamentos da organização jurídica do Estado, a delimitação de suas funções e poderes, e estabelece a maneira pela qual não se realizar as relações entre o Estado e o cidadão , aos quais atribui uma série de direitos e prerrogativas.
 
José Afonso da Silva (1995, p. 38) define Direito Constitucional “como o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”.
O Direito Constitucional estuda os princípios e normas constitucionais de um Estado, em seus liames formais e concretos. E, ainda, interpreta criticamente, de forma sistemática, as partes estruturais de determinada Constituição aplicada especificamente á sociedade, interagindo no plano cultural-valorativo.
Em síntese, o Direito Constitucional, além de interpretar sistematicamente a Constituição de um país, também tece comparações entre diversos institutos jurídicos de múltiplas nações, não apenas em tempos presentes, mas, também, em épocas passadas ou ainda confrontando “fatos, valores e normas” contemporâneos, com pensamentos sócio-jurídicos produzidos em estágios humanos anteriores.
OBJETO
O objeto do Direito Constitucional, segundo José Afonso da Silva 1995, p. 38):
É o estudo sistemático das normas que integram a constituição do Estado.
Este objeto é constituído pelas normas relativas à estrutura do Estado, forma de governo, modo de aquisição e exercício do Poder, estabelecimento de seus órgãos, limites de sua atuação, direitos fundamentais do homem e respectivas garantias e regras básicas da ordem econômica e social.
Assim, como também, a investigação de seu valor, sua eficácia, o que envolve critérios estimativos de interpretação, sempre correlacionados os esquemas normativos escritos, ou costumeiros, com a dinâmica sócio cultural que os informa.
MÉTODO (caminhar)
José Afonso da Silva (1995, p. 39) diz que o conteúdo científico do Direito Constitucional abrange três aspectos:
1º) Direito Constitucional positivo ou particular = tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado (ex.: Direito Constitucional brasileiro; francês; inglês, mexicano, etc, de acordo com as respectivas constituições).
2º) Direito Constitucional Comparado = tem por missão o estudo teórico das normas jurídico-constitucionais positivas (vigentes ou não) de vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrastes entre eles ou entre grupo deles.
A medida em que o método comparativo permite a formação de leis ou relações gerais e a verificação de estruturas governamentais semelhantes, ele concorre para as conclusões do Direito Constitucional Geral, levando, ainda para o aprimoramento do Direito Constitucional interno ou particular.
3º) Direito Constitucional Geral = É a disciplina que descreve sucintamente uma série de princípios, de conceitos e de instituições que se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles para classificá-los e sistematizá-los numa visão unitária.
O autor conclui dizendo que o Direito Constitucional Geral é uma ciência, que visa generalizar os princípios teóricos do Direito Constitucional Particular e, ao mesmo tempo, constatar pontos de contato e interdependência do Direito Constitucional Positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes de governo.
Para Bulos (2007, p. 4-9) o conteúdo do Direito constitucional abrange aspectos multifacetários que podem ser examinados didaticamente sob as denominações:
1º) Direito Constitucional Positivo = denominado também como Particular ou Interno.
2º) Direito Constitucional comparado
3º) Direito Constitucional Geral
4º) Direito Constitucional Material e Formal
5º) Direito Constitucional Internacional
6º) Direito Constitucional Comunitário
Direito Constitucional Material e Formal
Dir. Const. Material:
 Conjunto de normas jurídicas que traçam a estrutura, as atribuições e as competências dos órgãos do Estado. Ele se reporta ao conteúdo das disposições constitucionais, traçando-lhes a substancia, a estrutura profunda, a competência, os direitos dos cidadãos, os fins essenciais da organização política.
Ex.: 
Artigos 1º ao 5º da CR/1988 interagem o Direito material da República Brasileira – regulam as relações de Poder, os princípios gerais que nutrem a ordem constituída nacional e a garantia das liberdades públicas.
Constituição que tem noção material = Constituição Inglesa – predomina usos e costumes.
Dir. Const. Formal:
É o conjunto de normas e princípios inseridos em um documento solene, que só pode ser elaborado e modificado mediante observância de um procedimento técnico e cerimonioso,instituído especificamente para esse fim.
Ex.:
A Constituição Brasileira - Art. 60 CR/1988 (procedimento para modificação)
Direito Constitucional Internacional
É o conjunto de normas e princípios que disciplinam as relações entre preceitos de Estados estrangeiros e as normas constitucionais de determinado país. Trata-se da fusão de dois ramos do fenômeno jurídico: o constitucional e o internacional.
Ex.:
Art. 7º dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da CR/1988.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Pacto de San Jose da Costa Rica
Direito Constitucional Comunitário
Lida com um conjunto de normas supranacionais, as quais conseguiram disposições comuns aos Estados Membros da Associação.
Ele ganhou impulso com a aprovação da Carta de Direitos Fundamentais da União Européia, em 7 de dezembro de 2000.
Em 2003 foi elaborado um esboço de uma Constituição Européia, mas seu projeto não foi aprovado, foi rejeitada em 2005.
DIREITO CONSTITUCIONAL E OS DEMAIS DIREITOS
O Direito Constitucional é considerado o alicerce do Direito Público interno, por ter como objetivo a organização básica do Estado e, também, o alicerce sobre o qual se ergue o Direito Privado.
Para André Tavares Ramos (2009, p. 23):
Direito Constitucional costuma ser inserido como ramos do Direito Público, juntamente com o Direito Administrativo, Internacional, Criminal, Tributário e Processual. Essa idéia, contudo, não pode mais prosperar, na medida exata em que a Constituição passou a ocupar um papel central para todos os chamados ”ramos” do Direito, sejam “materiais” públicas ou privadas. Assim, por exemplo, o Código Civil, classicamente compreendido dentro do Direito Privado, não deixa de sofrer o influxo constante dos preceitos constitucionais.
O Direito Constitucional determina o rumo a ser seguido pelo Direito Administrativo e pelo Direito Judiciário, sendo estes direitos ramos do Direito Público que regem a estrutura e a ação da administração pública (Poder Executivo) e da justiça (Poder Judiciário).
Os demais ramos do Direito Público também encontram na Constituição suas normas basilares. No Direito Penal encontramos preceitos registrados nas declarações de direitos e garantias.
O Direito tributário está preso as regras constitucionais sobre o poder de tributar.
O Direito Civil, ramo do Direito Privado, recebe da Constituição as normas fundamentais sobre propriedade e sobre família.
O Direito do Trabalho encontra no texto constitucional a substancia de suas leis básicas.
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO:
É a Lei Magna, lei fundamental de um país, código político que traz os princípios e as normas que definem e organizam os poderes do Estado soberano. 
É o Conjunto sistemático de dispositivos jurídicos que determinam a forma de governo institui os poderes públicos, regulando suas funções, assegurando seus direitos e deveres essenciais, a liberdade individual dos cidadãos e estabelecendo relações de natureza política entre governantes e governados.
Conceito de alguns doutrinadores brasileiro:
 Constituição – “É o corpo de lei que rege o Estado, limitando o poder de governo e determinando a sua realização” e ou “É a lei suprema e básica de uma associação humana politicamente organizada” (Pedro Calmon); 
Constituição – “É um complexo de normas jurídicas fundamentais, escrita ou não, capaz de traçar as linhas mestras de um dado ordenamento jurídico” (Celso Seixas Ribeiro Bastos) 
Pinto Ferreira (1998, p.9) diz que:
Ela é a lei fundamental do Estado, a ordem jurídica fundamental do Estado. Essa ordem jurídica fundamental se baseia no ambiente histórico-social, econômico e cultural onde a Constituição mergulha as suas raízes. As Constituições são, assim, documentos que retratam a vida orgânica da sociedade, e nenhuma delas foge ao impacto das forças sociais e históricas que agem sobre a organização dos Estados.
Para Darcy Azambuja: 
É o conjunto de preceitos jurídicos, geralmente reunidos em um código, que discrimina os órgãos do poder público, fixa-lhes a competência, declara a forma de governo, proclama e assegura os direitos individuais.
TAVARES (2002, p. 86) considera que:
 O conjunto de normas constitucionais forma um sistema, que no caso é, necessariamente, harmônico, ordenado, coeso, por força da supremacia constitucional, que impede o intérprete de admitir qualquer contradição interna.
SILVA (1998, p. 47) afirma que:
A rigidez constitucional destina-se da maior dificuldade para sua modificação do que para a alteração das demais normas jurídicas da ordenação estatal. Da rigidez emana, como primordial conseqüência, o princípio da supremacia da constituição. Significa que a constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere validade, e que todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção por ela distribuídos.
Doutrinadores estrangeiros conceituam constituição:
Jurista austríaco
Para Hans Kelsen (1881-1973) “Constituição – É a norma positiva, ou as normas positivas que regulam a criação das normas jurídicas gerais”;
Juristas americanos: 
COOLEY: “é o corpo de regras e máximas segundo as quais os poderes da soberania são habitualmente exercidos”. 
WATSON: “um instrumento escrito que discrimina os poderes e suas limitações, separa as funções e define a autoridade de cada ramo de governo”.
 BLACK: 
Para ele a Constituição de um Estado é a lei fundamental do Estado, contendo os princípios sobre os quais se fundamenta o governo, regulando as divisões dos poderes soberanos, ordenando as pessoas às quais cada um deles deve ser confiado e a maneira pela qual deve ser exercido. 
Jurista Francês:
MAURICE HAURIOU: 
Vê a Constituição de um Estado como um conjunto de regras relativas ao governo e à vida da comunidade estatal, considerada desde o ponto de vista da existência fundamental desta. 
Diz que “A Constituição de um Estado é o conjunto de regras relativas ao governo e à vida da comunidade estatal, considerada desde o ponto de vista da existência fundamental desta”.
Jurista Húngaro
 JELLINECK:
 A Constituição dos Estados, abraça, por conseguinte, os princípios jurídicos que designam os órgãos supremos do Estado, os modos de sua criação, suas relações mútuas, fixam o círculo de ação e, por último, a situação de cada um deles com respeito ao poder do Estado.
 Jurista Português:
José Joaquim Gomes Canotilho:
 Constituição é uma ordenação sistemática e racional da comunidade política, registrada num documento escrito, mediante o qual se garante os direitos fundamentais e organizam-se, de acordo com o princípio da divisão de poderes, o poder político.
Podemos concluir que: 
Constituição é a norma fundamental de organização do Estado e de seu povo, que tem como objetivo primordial - estruturar e delimitar o poder político do Estado e garantir direitos fundamentais ao povo. 
Constituição é a lei maior ou a norma de ordem superior que, normalmente, dispõe sobre a organização do Estado e as garantias e direitos individuais do cidadão, dentre outros temas considerados de maior relevância pelo contexto da sociedade em que é elaborada. 
Todo país politicamente organizado possui uma constituição que estabelece direitos fundamentais do ser humano, além de fundamentos e objetivos do Estado, forma e regime de governo, sistema político e eleitoral, estrutura e organização dos poderes.
Nos tempos atuais, os Estados democráticos possuem constituições democráticas, assim consideradas as promulgadas pelo poder constituinte, que se origina e emana tão somente do povo, que é a única fonte legítima da soberania.
Constituição é entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, onde suas normas se referem à estruturação do próprio ordenamento jurídico, sendo este regido pelos princípios e fundamentos contidos em suas normas. Ela é fundamento de validade de toda a ordem jurídica que conferindo unidade ao sistema, é o ponto comum ao qual se reconduzem todas as normas vigentes no âmbito do Estado. De tal supremacia decorre o fato de quenenhuma norma pode subsistir validamente no âmbito de um Estado se não for compatível com a Constituição. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas.
A Constituição pode ser definida em sentido jurídico, político e sociológico. 
Sentido jurídico 
Percussor Hans Kelsen – Nessa concepção, a Constituição pode ser entendida como o conjunto de normas fundamentais que exterioriza os elementos essenciais de um Estado. Para Kelsen, com base no sentido lógico-jurídico, a Constituição é norma hipotética fundamental. 
Sentido Político 
Percussor Carl Schimitt – para ele a Constituição é a decisão política fundamental, não se confunde com leis constitucionais. Complementa que, a Constituição deveria cuidar apenas da estrutura do Estado e direito fundamentais. 
Sentido sociológico 
Percussor Ferdinand Lassale – para ele, a Constituição é uma soma dos fatores reais de poder presentes em um determinado Estado. 
UNIDADE II – FORMAÇÃO E PROCESSO DE MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO
= PODER CONSTITUINTE: 
# PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
# PODER CONSTITUINTE DERIVADO
# MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
# PODER CONSTITUINTE:
A Doutrina aponta a contemporaneidade da idéia de Poder Constituinte com a do surgimento das Constituições escritas, visando a limitação do poder estatal e a preservação dos direitos e garantias individuais.
· CONCEITO:
Para Alexandre de Moraes (2000, p. 52-55) Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado.
Para Uadi Lammego Bulos (2007, p. 278) Poder Constituinte e a potência que faz a Constituição, e, ao mesmo tempo, a competência que a modifica. Trata-se da força propulsora que, ao elaborar a Carta Magna, fornece as diretrizes fundamentais do Estado por isso, é a energia vital das constituições.
Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2000, p.20-22) A Supremacia da Constituição provém de um poder que institui a todos os outros e não é instituído por qualquer outro, de um poder que constitui os demais e é por isso denominado Poder Constituinte.
Pedro Lenza (2009, p. 111) Conceitua Poder Constituinte como o poder de elaborar (e neste caso será originário), ou atualizar uma Constituição, mediante supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais (sendo nesta última situação derivado do originário).
· TITULARIDADE:
Segundo Emmanuel Joseph Sieyès (autor da obra: O que é o terceiro Estado: verdadeiro manifesto da Revolução Francesa, onde expõe as reivindicações da burguesia, definindo-a como NAÇÃO e Consequentemente, titular do Poder Constituinte):
Para Sieyès o titular do Poder Constituinte é a NAÇÃO, pois a titularidade do Poder liga-se à idéia de soberania do Estado, visto que o exercício do Poder Constituinte Originário se estabelecerá sua organização fundamental pela Constituição, que é sempre superior aos poderes constituídos, de maneira que toda manifestação dos poderes constituintes somente alcança plena validade se sujeitar a Carta Magna.
O entendimento atual é predominante que a titularidade do Poder Constituinte pertence ao POVO, pois o Estado decorre da Soberania Popular, cujo conceito é mais abrangente do que o de NAÇÃO. Assim, a vontade Constituinte é a vontade do POVO, expressão por meio de seus representantes.
Para José Celso de Melo Filho, a Assembleia Constituinte não titulariza o Poder Constituinte, elas são apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação popular, o exercício dessa Magna prerrogativa.
· AGENTE DO PODER CONSTITUINTE:
Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2006, p.24): Não se confunde o titular do Poder Constituinte com o seu agente. O agente é o homem Ditador, ou grupo de homens, Deputados que em nome do Titular do Poder Constituinte estabelece a Constituição do Estado. Pode-se dizer que o Ente Coletivo, Assembléia Constituinte, costuma ser o agente do Poder Constituinte do Povo (DEMOCRACIA).
Da distinção entre titular e agente resultam duas conseqüências importantes: 
UMA, de que o Poder Constituinte do TITULAR permanece, não se exaurindo depois de sua manifestação, enquanto o do AGENTE se esgota concluída a sua obra.
OUTRA, de que a obra do agente está sempre sujeita a uma condição de eficácia. Com efeito, antes disso não é uma verdadeira Constituição, mas um ato com a pretensão de ser uma Constituição para seguir as lições de Kelsen.
· ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE - SEGUNDO ALEXANDRE DE MORAIS (2000, P.53):
O Poder Constituinte classifica-se: Poder Constituinte Originário, ou de 1º grau e Poder Constituinte Derivado, constituído ou de 2º grau.
· PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO:
· CONCEITO:
O Poder Constituinte Originário estabelece a Constituição de um Novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade.
Tanto haverá Poder Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quando na elaboração de qualquer constituição posterior.
A idéia da existência de um Poder Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição superior ao restante do ordenamento jurídico e que, em regra, não poderá ser modificada pelos poderes constituídos
É, pois, esse Poder Constituinte, distinto, anterior e fonte da autoridade dos poderes constituídos, com eles não se confundindo.
· Veiculo do Poder Constituinte Originário:
Para Manoel Gonçalves F. Filho (2006, p.25): O veiculo do Poder Constituinte Originário é a REVOLUÇÃO, pois ele não se manifesta sem uma revolução.
Portanto, a perda de eficácia traduz um evento revolucionário.
Ou melhor, a revolução “quebra” a Constituição então em vigor (pois revolução, juridicamente falando é sempre rompimento da constituição) e assim abre caminho para a nova Constituição.
Alexandre de Moraes (2000, p.53) diz que existem duas formas de expressão do Poder Constituinte Originário: Através da Assembléia Nacional Constituinte (convenção) e/ou Movimento Revolucionário (outorga).
- Convenção – também denominada Assembléia Nacional Constituinte.
- Outorga – é o estabelecimento da constituição por declaração unilateral do agente revolucionário, que autolimita seu Poder (ex.: Constituição: 1824, 1937,) *1967(existe controvérsia se é outorgada = estabelecida por Convenção Constituinte, mas limitada pelo ato de outorga =Ato Institucional n.4 de 7.12.1967).
· CARACTERES DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (FERREIRA FILHO, 2006, P.26-7):
O Poder Constituinte Originário apresenta três caracteres fundamentais:
1) Inicial – porque não se funda noutro, mas é dele que deveriam os demais poderes.
2) ilimitado ou autônomo – não sendo limitado pelo Direito Positivo.
3) Incondicionado – não tem formula prefixada nem forma estabelecida para a sua manifestação.
· PODER CONSTITUINTE DERIVADO:
Caracteriza-se o Poder Constituinte instituído por ser derivado (provém de outro), subordinado (está abaixo do originário, de modo que é limitado por este) e condicionado (só pode agir nas condições postas, pelas formas fixadas) pelo originário.
· ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO:
São duas as espécies:
1) Poder de Revisão/Reformador: 
Trata-se do Poder previsto pela Constituição, para alterá-la, adaptando-a a novos tempos e novas exigências.
2) Poder Constituinte Decorrente: 
Poder Constituinte dos Estados-Membros de um Estado Federal. Destina-se a institucionalizar coletividades, com caráter de Estados, que a Constituição preveja. Cria e reformula as Cartas Estaduais.
 O Poder Decorrente é subordinado, secundário e condicionado. Ele só pode agir validamente no âmbito fixado pelo Poder Constituinte Originário.
Ex: art. 11 – ADCT da CF/1998 – se aplicando aos municípios DF; art.32; art.29 CF/1998.
· Características do Poder Constituinte Derivado (Luiz Roberto David Araújo, 2006, p. 10-11)
a) Limitação => a constituição impõe limites a sua alteração, criando determinadas áreas imutáveis. São as Cláusulas Pétrias, que, em nosso sistema, encontram-se indicadas no art. 60, §4º, da Constituição Federal;
b) Condicionalidade => Amodificação da Constituição deve obedecer ao processo determinado para sua alteração (processo de emendas).
Assim, para que se possa modificar a Constituição, algumas formalidades devem ser cumpridas, condicionando o procedimento. No processo legislativo brasileiro (CF/1988) a regra consiste na dificuldade maior da iniciativa (art. 60, I, II e III) no quorum elevado em relação à lei ordinária (§2º do art. 60) e na impossibilidade de reapresentação de Projeto de Emenda na mesma sessão legislativa ( art. 57 e § 5º do art. 60) quando a lei ordinária pode ser reapresentada, desde que por pedido da maioria absoluta (metade mais 1) de qualquer das Casas (art. 67).
Bulos (p. 292-3) destaca como característica do Poder Constituinte Derivado ou Reformador:
1) Secundariedade – não existe por si próprio. É preciso que haja uma Constituição para prevê-la. Retira sua força, portanto do Poder Constituinte Originário.
2) Subordinação – tem sua força na obra do Poder Constituinte Originário. Por isso é uma competência prevista na Carta Magna, sujeitando-se, completamente, aos seus desígnios.
3) Condicionamento – para alterar a Constituição, condiciona-se aos limites nela previstos. Portanto, se o Poder Constituinte Reformador é um dado do mundo jurídico, os parâmetros para o seu exercício vêm expresso na Carta Magna.
4) Continuidade – ao manifestar-se na etapa da reforma constitucional, prossegue a obra do constituinte, adaptando ao preceito supremo do Estado a realidade dos fatos, sem corromper a espinha dorsal da Constituição.
· Limites do Poder Reformador:
- Limites Expressos – explícitos, taxativos ou diretos: vem textualmente previstos no texto da Constituição . Na CF/1988 existem três tipos de limites expressos:
1) Formais – art. 60 I, II e III, §§2º,3º e 5º;
2) Circunstanciais – art. 60,§ 1º;
3) Materiais – art. 60, § 4º - Cláusulas Pétrias.
- Limites Implícitos - tácitos, indiretos ou inerentes: são aqueles que não vem prescritos pela linguagem do Constituinte, embora sejam tão contundentes quanto os expressos.
 Ex = Limites implícitos aos direitos e garantias fundamentais – emendas constitucionais não podem alterar, ampliar, restringir, e muito menos abolir os direitos e garantias fundamentais dos arts. 5º, 6º e 7º da CF/1988.
 = Limites implícitos à titularidade do Poder Constituinte Originário – Emendas à Constituição de 1988 não tem a competência de alterar a titularidade do Poder Originário que as regulamentou. 
 = Limites implícitos à titularidade do Poder Reformador – Emendas Constitucionais também não podem mudar o titular do Poder Reformador, que representa uma delegação do Constituinte Originário, insuscetível de transferência. Seria inconstitucional o legislador ultrapassar o disposto no § 2º do art. 60 da CF/1988 – impedindo a discussão e votação de propostas e emendas constitucionais no Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
 = Limites implícitos ao Processo Legislativo especial de reforma – Emendas Constitucionais não podem simplificar ou dificultar o Processo Legislativo especial de reforma, previsto na Carta de 1988.
· MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS – PODER CONSTITUINTE DIFUSO:
Para Bulos (p. 316-323):
O Poder Constituinte Difuso é aquele que atua na época da mutação constitucional.
É chamado Difuso porque não vem formalizado nas Constituições. Mesmo assim, está presente na vida dos ordenamentos jurídicos.
Cabe ao Poder Constituinte Difuso alterar os preceitos constitucionais informalmente, ou seja, sem revisões nem emendas.
Fazendo uma comparação: enquanto o Poder Constituinte Ordinário é a POTENCIA, que faz a Constituição, e o Poder Constituinte Derivado, a COMPETENCIA, que a reformula, o Poder Constituinte Difuso é a FORÇA INVISÍVEL que a altera, mas sem mudar-lhe uma vírgula sequer.
· Natureza:
O Poder Constituinte Difuso – é um Poder de Fato, em virtude do estado de latência em que se encontra. Possui, pois natureza fática, brotando do fato social, político e econômico. Surge espontaneamente na vida constitucional dos Estados.
· Características:
Os atributos do Poder Constituinte Difuso:
1. Latência – O Poder Difuso apresenta-se em estado de latência, daí ser um PODER INVISÍVEL, apenas aparecendo quando necessário, para ser exercido pelos órgãos constitucionais, aos quais compete aplicar a Constituição, interpretando-a a fim de dar-lhe efetividade.
2. Permanência – O Poder Difuso não menos real do que aquele que atua na etapa de criação e mudança formal das Constituições Federal e Estadual. Sua ação é permanente e o seu procedimento não vem consagrado de modo expresso, embora atribua feições novas às Constituições, outrora não contempladas quando da feitura dos seus preceptivos.
3. Informalidade – O Poder Difuso não é inicial, autônomos, nem incondicionados. As praxes constitucionais advêm desse contexto, usos e costumes. 
4. Continuidade – O Poder Difuso emerge, nos casos de lacunas constitucionais, em que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário têm a missão, senão o dever, sacrossanto, de fazer valer a Constituição. Daí o caráter de continuidade do Poder Difuso. Nos casos de vazios normativos, ele permite que a obra do Constituinte inicial e do reformador será complementada, por meio da interpretação e até dos usos e costumes.
· Manifestação:
O Poder Constituinte Difuso manifesta-se por intermédio das mutações Constitucionais.
· Mutações Constitucionais:
O fenômeno pelo qual os textos constitucionais são alterados sem revisões ou emendas denomina-se MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS.
Conceito de Mutação Constitucional:
 É o processo informal de mudança das constituições que atribui novo sentido aos seus preceitos significativos e conteúdos antes não contemplados.
 Vale observar que as mutações constitucionais possuem as mesmas características do Poder Constituinte Difuso, portanto dele derivam. Logo, são latentes, permanentes, informais e continuas.
- QUAL A JUSTIFICATIVA PARA A MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL?
As Constituições podem sofrer mudanças que não decorrem da atuação formal do Poder Constituinte Derivado. A Mutação Constitucional é a aplicação de normas que se alteram lenta e imperceptivelmente, quando as palavras do texto Maior que permanecem modificadas recebem um sentido distinto do originário.
 Uadi Lammêgo Bulos define a mutação constitucional como:
 O fenômeno, mediante o qual os textos constitucionais são modificados sem revisões ou emendas […] mutações constitucionais como uma constante na vida dos Estados, e as constituições, como organismos vivos que são, acompanham a evolução das circunstâncias sociais, políticas, econômicas, que, se não alteram o texto na letra e na forma, modificam-no em substância, significado, alcance e sentido dos dispositivos. Assim, denomina-se mutação constitucional o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da Lex Legum, quer através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction), bem como dos usos e costumes constitucionais.
E, ainda entendimento do Prof. Uadi, ressalta que: 
De fato, as mudanças informais são difusas e inorganizadas, porque nascem da necessidade de adaptação dos preceitos constitucionais aos fatos concretos, de um modo implícito, espontâneo, quase imperceptível, sem seguir formalidades legais. Atuam modificando o significado das normalizações depositadas na Constituição, sem vulnerar-lhes o contudo expresso; são apenas perceptíveis quando comparamos o entendimento dado às cláusulas constitucionais em momentos afastados no tempo.
TEXTOS COMPLEMENTARES
Mutação Constitucional e STF. Limites
Roberto Wagner Lima Nogueira
22.01.2008
http://www.rwnogueira.blog.uol.com.br/
1. Precisamos o conceito de mutação constitucional  mutação constitucional  através de duas fontes doutrinárias. A primeira é Uadi Lammêgo Bulos, citado por Pedro Lenza, o qual disse:
Mutação constitucional  é o processo informal de mudança da constituição,por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da constituição, quer através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction), bem como dos usos e dos costumes constitucionais. (Apud Lenza. 2007, p. 110).
2. Também fomos ouvir J.J. Gomes Canotilho ( 2003, p. 1228) que sobre o tema transição constitucional  ou mutação constitucional  , assim se posiciona: "Considerar-se-á como transição constitucional  ou mutação constitucional  a revisão informal do compromisso político formalmente plasmado na constituição sem alteração do texto constitucional  . Em termos incisivos: muda o sentido sem mudar o texto." 
3. O tema mutação constitucional  cresce de importância no Brasil, máxime para o estudo do controle de constitucionalidade difuso ou incidental, quando se discute no seio da Reclamação 4335-5/AC (Relator Ministro Gilmar Mendes), ainda em trâmite no Supremo Tribunal Federal – STF, qual o sentido jurídico da norma a ser extraída do art. 52 X da Constituição Federal. 
Assim prescreve o art. 52, X:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal.
(...)
 X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
4. Para o Min. Eros Grau, que, em voto-vista, acompanhou o Min. Rel. Gilmar Mendes, o sentido normativo do art. 52, X, seria este:
passamos em verdade de um texto [pelo qual] compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a outro texto: "compete privativamente ao Senado Federal dar publicidade à suspensão da execução, operada pelo Supremo Tribunal Federal, de lei declarada inconstitucional, no todo ou em parte, por decisão definitiva do Supremo". (Cf. Lenio Luiz Streck e outros, in A nova Perspectiva do Supremo Tribunal Federal sobre o Controle Difuso: Mutação constitucional  e Limites da Legitimidade da Jurisdição Constitucional  . Artigo acessado em 21/01/2008, e disponível no endereço: http://www.anamatra.org.br/
5. Em outras palavras, o Senado Federal, segundo esta construção normativa, passaria a ser um mero órgão chancelador das decisões do STF, ou no dizer de Lenio Streck, "significa reduzir as atribuições do Senado Federal à de uma secretaria de divulgação intra-legislativa das decisões do Supremo Tribunal Federal; significa por fim, retirar do processo de controle difuso qualquer possibilidade de chancela dos representantes do povo deste referido processo, o que não parece ser sequer sugerido pela Constituição da República de 1988" (cf. artigo já citado, p. 7). Neste sentido, a decisão do STF no controle difuso, em sede de recurso extraordinário, teria os mesmos efeitos de uma decisão proferida no controle concentrado. Seria isto possível à luz dos preceitos estampados nos arts. 5º, LIV e LV, da Constituição Federal?
6. O que está por trás desta alcunhada " mutação constitucional  ", assim denominada pelo Min. Eros Grau, é saber "quais os limites da interpretação conferida ao Direito em sede de Jurisdição Constitucional  ? Pode o STF extrair novas normas a partir de base textual inexistente, ou até mesmo criar o texto e a norma como se quer no caso em tela? Não estaremos aí frente a mais um exagero interpretativo perpetrado pelo Poder Judiciário nesta quadra de nossa história jurídica recente?".
7. Para o Min. Eros Grau, não. O STF pode não apenas mudar a norma como também mudar o texto. De fato, segundo a interpretação do Min. Gilmar Mendes, o texto do art. 52, X, foi efetivamente alterado. Vejamos o que diz Eros Grau, citado por Lenio Streck:
O Ministro Eros Grau se pergunta se o Ministro Gilmar Mendes, ao proceder a "mutação constitucional  ", não teria ‘excedido a moldura do texto, de sorte a exercer a criatividade própria à interpretação para além do que ao intérprete incumbe. Até que ponto o intérprete pode caminhar, para além do texto que o vincula? Onde termina o legítimo desdobramento do texto e passa ele, o texto, a ser subvertido?’. E ele mesmo responde: ‘não houve qualquer anomalia de cunho interpretativo, pois o Ministro Gilmar teria apenas feito uma ‘autêntica mutação constitucional  : ‘Note-se bem que S. Exa. não se limita a interpretar um texto, a partir dele produzindo a norma que lhe corresponde, porém avança até o ponto de propor a substituição de um texto normativo por outro. Por isso, aqui mencionamos a mutação da Constituição.
8. Note, caro leitor, que a mutação constitucional  de que está a falar o Min. Eros Grau vai de encontro frontal ao que nos ensinou Canotiho linhas atrás, ou seja, entende-se por mutação constitucional  a mudança de sentido da norma sem mudança de texto. Ora, o que o Min. Gilmar Mendes está a fazer é mudando o próprio texto do art. 52, X, de maneira que está agindo na verdade como um legislador positivo, o que é constitucionalmente vedado ao STF.
9. Cabe ao Supremo Tribunal Federal "corrigir" a Constituição Federal via aplicação do conceito de " mutação constitucional  "? Não. Parece-nos, sensibilizados pela leitura do texto de Lenio Streck, que se isto fosse permitido, estaríamos frente a um poder judiciário que teria as características de um poder constituinte permanente e ilegítimo. A questão posta neste breve artigo bem revela a atrofia dos demais poderes (executivo e legislativo) frente ao judiciário, e nos mostra que a atuação "contra-majoritária" da jurisdição constitucional  deve ser repensada urgentemente por toda comunidade jurídica brasileira.
http://www.profpito.com/MutacaoConstitucionaleSTF.html
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Habeas Corpus nº. 74.051-3, cuja relatoria do processo pertenceu ao Ministro Marco Aurélio de Mello, procedeu à mutação constitucional da norma prevista no art. 5º, caput. O mencionado artigo afirma que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Merece atenção o fato de que a Constituição assegura expressamente como destinatários desta proteção apenas os brasileiros e os estrangeiros residentes no país. Deste modo, será correto afirmar que os estrangeiros não residentes no Brasil, mas que aqui se encontrem em trânsito, estarão impedidos de reivindicar a proteção aos direitos e garantias individuais expressos no art. 5º da carta constitucional? Será que esta interpretação se coaduna com os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, especialmente com o nobre principio da dignidade da pessoa humana, que serve de baliza para a aplicação da justiça social?
O caso julgado pelo Supremo Tribunal Federal refere-se ao pedido de Habeas Corpus impetrado em favor de um estrangeiro que não possuía residência em nosso país. Nesta ação, o autor alegava excesso de prazo no cumprimento de prisão preventiva. Cabe observar que o Habeas Corpus, ação constitucional que possui a finalidade de preservar a liberdade de locomoção, está prevista no art. 5º, LXVIII, ou seja, se interpretarmos literalmente a disposição constitucional, no que tange aos destinatários dos direitos e garantias individuais, teremos como conseqüência sistemática a impossibilidade de impetração desta ação pelos estrangeiros que não possuam residência no Brasil. 
Entretanto, não foi este o entendimento defendido pelo insigne Ministro Marco Aurélio de Mello. No voto deste relator, houve o surgimento do processo de reforma constitucional através de mutação constitucional, cuja conseqüência foi a modificação semântica do enunciado constitucional referente aos destinatários da proteção assegurada no art. 5º (não houve alteração do texto constitucional escrito, ocorreu apenas a modificação de interpretação, ampliou-se o significado da norma).
Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o citado artigo deve ser interpretado de modo a assegurara proteção aos brasileiros, aos estrangeiros residentes no país e inclusive aos estrangeiros não residentes, mas que aqui se encontrem.

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